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Fundamentos de Tecnologia

Nuclear

Prof. Susana Lalic


Aula 2

Massa e energia
Ementa da disciplina

Disciplina: Fundamentos de Tecnologia Nuclear

Créditos: 4 Carga Horária: 60 horas

Ementa: A constituição do núcleo. Diferença de massa, relação entre


massa e energia, energia de ligação. Isótopos Nucleares. Decaimento
radioativo, radioatividade natural, radioatividade artificial, cinética
radioativa, equilíbrio radioativo. Decaimento alfa, beta e gama,
esquemas de desintegração. Interação da radiação com a matéria.
Detectores de radiação. Modelos nucleares. Reações nucleares:
balanço de energia em reações nucleares, energia limiar, secção de
choque para reações nucleares. Análise por ativação com nêutrons.
Aplicações de radioisótopos na engenharia, na indústria e na
medicina.

2
No. da aula data Assunto
1 28/08 O átomo e o núcleo
Planejamento 2 04/09
18 semanas 3 11/09
36 aulas 4 18/09
5 25/09 Diferença de massa e Energia de ligação
6 02/10 Radioatividade e equilíbrio radioativo
7 09/10 Reações Nucleares e Modelos Nucleares
8 16/10 Interação da radiação e Detectores
9 23/10
10 30/10 Efeitos biológicos das radiações
11 06/11 SEMAC
12 13/11 seção de choque e ativação com nêutrons
13 20/11 Aplicações de radioisótopos
14 27/11 Aplicações de radioisótopos
15 04/12 Seminários
16 11/12 Seminários
17 18/12 Seminários
18 19/11 Seminários
Convertendo massa em energia
Einstein: Matéria é energia condensada
E=mc2
c = módulo da velocidade da luz no vácuo

O rendimento da conversão de um quilograma de massa em


energia será de:

E= 1 kg x (3 x 108 m/s)2 = 9 x 1016 joules

E minha conta de energia elétrica?


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Sua conta de luz vem em qual
unidade?
Energia
Conta de luz Relembrando que

Em física nuclear usamos muito o eV


1 eV = 1,6 x 10-19 J
1 J = 6,2415 x 1012 MeV
7
Massa e energia
Se
E=mc2
Então
1u = 1,6605 x 10-27kg
Será, em energia:

1 uc2 = 931,4815 MeV

m(e)c2 = 0,5110 MeV


m(p)c2 = 938,7471 MeV
m(n)c2 = 939,5854 MeV
Dimensões do átomo
O tamanho de um átomo é
normalmente medido em
angstrons (Å).
1 Å = 10-10 m
• O diâmetro médio da
eletrosfera de um átomo

• Diâmetro médio do núcleo de
um átomo
~ 10-5 e 10-4 Å
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Tamanho do núcleo
Volume vazio?
Uma vez que praticamente toda a massa do
átomo está contida no núcleo (devido aos
prótons e aos nêutrons) e que essa enorme
região chamada eletrosfera (que contém os
elétrons) praticamente não tem massa:
99,999999999999% do volume de
um átomo é apenas espaço vazio!
Comparando escalas
Se fossemos desenhar o átomo em escala e fizéssemos
os prótons e nêutrons com um centímetro de diâmetro,
então os elétrons e quarks deveriam ter um diâmetro
menor do que o de um fio de cabelo e o diâmetro do átomo
inteiro deveria ser maior que o comprimento de trinta
campos de futebol!
30
1
1 cm

Elétrons átomo
Comparando os tamanhos
:
(diâmetro da eletrosfera) = 105 Ao mesmo tempo que um
(diâmetro do núcleo) átomo é pequeno, o núcleo
é dez mil vezes menor que
o átomo.

Os quarks e elétrons são pelo


menos dez vezes menores que
os núcleos.

Não sabemos exatamente quão


menores os quarks e elétrons
são.
Eles são definitivamente
menores que 10-18 m, e podem
ser literalmente pontos, mas
nós não sabemos com certeza.
Elétrons são fundamentais?
Também é possível que os quarks e os elétrons
não sejam fundamentais de fato, e eventualmente
acabem sendo constituídos de outras partículas
mais fundamentais.

As técnicas mais importantes para a


determinação do raio nuclear são aquelas que
incluem o espalhamento de nêutrons e elétrons.
Raios dos núcleos

1 femtômetro = 1 fermi = 1 fm = 10-15 m


Experimento de Rutherford
Como os Físicos Experimentam?
As mesmas técnicas experimentais que Rutherford usou na realização
de sua experiência clássica para pesquisar a estrutura atômica, são
usadas até hoje:
• Um feixe (as partículas alfa)
• Um alvo (os átomos da folha de ouro)
• Um detector (uma tela de sulfeto de zinco)

Ninguém pode realmente "ver" átomos ou partículas subatômicas


porque elas são pequenas demais.
Contudo, os físicos podem disparar um feixe de partículas em direção a
coisas pequenas como átomos, e registrar o que acontece com esse
feixe usando um detector.
Apoiados nesse conhecimento, os físicos podem determinar a natureza
das partículas e das interações.
Como Podemos Detectar o que Está
Acontecendo?
Exemplo mais familiar do esquema fonte/alvo/detector: como percebemos o mundo.
A "luz" é algo feito de bilhões e bilhões de fótons.
" Fótons, como todas as partículas, também possuem características de onda. Por essa
razão, um fóton carrega informação sobre o mundo físico porque interage com o que
ele entra em contato.

Os fótons viajam do bulbo de luz (fonte), são devolvidos pela bola de tênis (alvo) e,
quando esses fótons atingem o seu olho (detector), você conclui, pela direção de onde
os fótons vieram, que há um objeto redondo à sua frente. Além disso, você pode dizer,
pelos diferentes comprimentos de onda dos fótons, que o objeto é verde e laranja.
Nosso cérebro analisa a informação e cria o sentido de uma "bola de tênis" em nossa
mente. Nosso modelo mental de uma bola de tênis ajuda a descrever a realidade que
nos rodeia.
Como Podemos Detectar o que Está
Acontecendo?

• Usamos a informação de retorno das ondas de


luz para perceber nosso mundo. Outros
animais, como os golfinhos e os morcegos,
emitem e detectam ondas sonoras.
• De fato, qualquer espécie de onda pode ser
usada para obter informações sobre os
arredores.
Comprimento de onda

O problema em utilizar ondas para detectar o


mundo físico é que a qualidade da imagem é
limitada pelo comprimento de onda usado.
• Nossos olhos estão "sintonizados" para a luz
visível, que tem l = ~0,0000005 m.
Isso é suficientemente pequeno para que não
precisemos nos preocupar com o problema da
resolução de comprimento de onda, desde que só
examinemos coisas maiores que 0,0000005 m.
Um Microscópio Melhor
Contudo, o l da luz visível é grande demais para
analisar coisas menores do que uma célula.
Para observarmos essas coisas devemos usar l
menores.
Esse é o porquê das pessoas procurarem os
microscópios eletrônicos de varredura quando
estão estudando objetos sub-microscópicos como
vírus.
Contudo, mesmo o melhor microscópio eletrônico
de varredura mostra apenas uma figura indistinta
de um átomo.
O comprimento de onda limita a qualidade da
imagem
Para obter o máximo de informações sobre um objeto, use o
menor instrumento de pesquisa possível.
Quanto menor é o comprimento de onda
do corpo de prova, mais informações você
pode obter sobre o alvo.
Resolução
• Com a diminuição do tamanho do instrumento de
sondagem, a imagem tornou-se mais "definida"
aumentando à certeza a respeito da forma do
urso. Essa qualidade de "definição" é chamada
de resolução de uma imagem.
• As grandes bolas de basquete não nos dão
informações suficientes à respeito do contorno
do urso, por isso nós chamamos essa imagem de
"indistinta".
• O contorno do urso está bastante claro, por isso
essa imagem é mais "definida".
Partículas e ondas
• Os físicos não podem usar luz para explorar estruturas atômicas e subatômicas
porque o comprimento de onda é muito longo.
• Porém, uma vez que TODAS as partículas têm propriedades de onda, podemos
usá-las como instrumento de pesquisa.
• Para ver coisas menores precisamos de uma partícula com o menor comprimento
de onda possível.
• Mas, a maioria das partículas da natureza ao nosso redor tem comprimento de
onda muito longo.
• Como diminuir o comprimento de onda de uma partícula para que ela possa ser
usada como sonda?
l e energia
• Começando com a fórmula Einstein:

• Ou

• Portanto, para uma partícula de massa de repouso nula,


como um fóton E = pc
• O momento de uma partícula e seu
comprimento de onda são inversamente
proporcionais
A Ferramenta:
o Acelerador
Os físicos de altas energias aplicam esse princípio quando usam
aceleradores de partículas para aumentar o momento de uma
partícula usada como sonda, diminuindo assim seu comprimento de
onda.
Passos:
• Coloque sua partícula sonda em um acelerador.
• Dê à sua partícula muito momento, aumentando sua velocidade até
atingir um valor próximo ao da velocidade da luz.
• Assim a partícula com muito momento terá seu comprimento de
onda curto.
• Atire essa partícula sonda em direção ao alvo e registre o que
aconteceu.
Outras partículas: Massa e Energia
Frequentemente, queremos estudar partículas pesadas, instáveis que
têm apenas uma existência passageira (tais como os quarks top).
Contudo, tudo que temos à mão no dia-a-dia são partículas de massas
muito pequenas.
Como podemos realizar uma façanha como a de obter partículas de
massas maiores a partir de partículas de massas pequenas?
• Novamente da equação de Einstein:
E = mc2
onde E é a energia, m é a massa e c é a velocidade da luz. Portanto:

Precisamos de
energia!!!
Conversão Energia-Massa
• Quando se quer usar partículas com
massas pequenas para produzir
partículas com massas maiores, tudo
que se deve fazer é colocar as
partículas de massa pequena num
acelerador, dar a elas muita energia
cinética (velocidade) e, então, fazê-las
colidir.
• Durante essa colisão, a energia É como se você encenasse
cinética das partículas se converte na
formação de novas partículas de uma colisão de frente entre
maior massa. É durante esse processo dois morangos e obtivesse
que podemos criar partículas pesadas novos morangos, várias
instáveis e estudar suas propriedades. pequenas porções de bolotas,
uma banana, algumas peras,
uma maçã, uma noz e uma
ameixa.
Como Fazemos Experimentos com
Partículas Minúsculas?
Os aceleradores resolvem dois problemas:
• Como todas as partículas se comportam como
ondas, os aceleradores aumentam o momento
das partículas, diminuindo assim seu
comprimento de onda o suficiente para utilizá-las
como sondas nos átomos.
• A energia das partículas rápidas é utilizada para
criar as partículas pesadas que queremos estudar.
Como funcionam os aceleradores?
Basicamente, um acelerador pega uma
partícula, aumenta sua velocidade usando
campos eletromagnéticos e atira a partícula
contra um alvo.
Em torno do alvo existem detectores, que
registram as várias fases do evento.
• Como obter as partículas que queremos
estudar?
Como Obter Partículas para Acelerar
• Elétrons: O aquecimento de um metal resulta
na expulsão de elétrons. Uma televisão, assim
como um tubo de raios catódicos, usa esse
mecanismo.
• Prótons: Eles podem ser facilmente obtidos
pela ionização do hidrogênio.
• Antipartículas: Para obter antipartículas,
primeiro faça com que as partículas a altas
energias colidam com um alvo. Então, pares
de partículas e antipartículas serão criadas
através da troca de fótons ou glúons virtuais.
Para separá-las podemos usar campos
magnéticos.
Acelerando Partículas
• Elétrons são obtidos
aquecendo metais
• Prótons são obtidos
retirando os elétrons
do hidrogênio
Os aceleradores
aumentam a velocidade
das partículas
carregadas, criando
campos elétricos que
atraem ou repelem as
partículas. Esses campos
ficam posicionados em
toda a extensão do
acelerador,
"empurrando" as
partículas ao longo do
mesmo.
Projeto de um Acelerador
Existem muitas maneiras diferentes de se
projetar um acelerador, cada uma com suas
vantagens e desvantagens.
Os aceleradores podem ser utilizados para
realizar dois tipos de colisão:
Projeto de um Acelerador
• Os aceleradores são projetados de duas
formas:
Experimentos de Feixes de Colisão
• Em um experimento de anel de colisão, dois feixes de partículas de
alta energia são posicionados para se cruzarem.
• A vantagem dessa disposição é que ambos os feixes têm energia
cinética alta; então, a colisão entre eles tem maior probabilidade de
produzir partículas de maior massa do que teria uma colisão de alvo
fixo à mesma energia.
• Como estamos lidando com partículas com grandes momentos,
essas partículas têm comprimentos de onda curtos e são excelentes
instrumentos de pesquisa.
Um Acelerador Linear ou Circular?
Todos os aceleradores são lineares ou circulares;
a diferença consiste na maneira como as partículas
são disparadas:
• se como balas de revólver (acelerador linear)
• ou como partículas que giram rapidamente em
círculos, recebendo uma série de pequenos
impulsos a cada volta (acelerador circular).
Ambos os tipos aceleram partículas empurrando-as
com uma onda de campo elétrico.
Ciclotron
Partículas carregadas são aceleradas
para fora a partir do centro ao longo
de um percurso em espiral.
As partículas são mantidas em uma
trajetória espiral por um campo
magnético estático e acelerado por
um campo elétrico (radiofrequência)
variando rapidamente.

Muito usado ainda em medicina nuclear para


produzir radioisótopos.
A maior ciclotron tem 17,1 m e está Univ. de British
Columbia, em Vancouver.
Pode produzir prótons de 500 MeV.
Um Acelerador Linear ou Circular?

Um princípio importante para aceleradores circulares e feixes de


partículas é que a curvatura da trajetória das partículas é
proporcional à sua carga e ao campo magnético, mas inversamente
proporcional ao momento.
Um Acelerador Linear ou Circular?
Os feixes de partículas do acelerador
circular (síncrotron) podem ser usados para
experimentos no anel colisor ou extraídos
do anel (luz síncrotron – raios X) para
experimentos de alvo fixo.

Extração para colidir contra um alvo fixo: As partículas num acelerador circular andam
em círculos porque um grande número de ímãs curva a trajetória das partículas o
suficiente para mantê-las no acelerador.
Como os ímãs fazem as partículas andarem em
círculos num acelerador circular?
Para manter qualquer objeto se movendo em círculos, é necessária
uma força constante agindo no objeto em direção do centro do círculo.
• Em um acelerador circular, um campo elétrico mantém a partícula
carregada acelerada, enquanto grandes ímãs fornecem a força
necessária para curvar a trajetória das partículas numa órbita
circular.
A presença do campo magnético não
adiciona nem subtrai energia às
partículas.
O campo magnético apenas curva a
trajetória das partículas ao longo do arco
do acelerador.
Ímãs são também utilizados para
Na imagem, a velocidade da partícula direcionar feixes de partículas carregadas
está representada pela seta branca, em direção aos alvos e para "focalizar"
enquanto que a força interna fornecida estes feixes, da mesma forma que as
pelo ímã é representada pela seta lentes ópticas focalizam um feixe
amarela). luminoso.
Pergunta
Se um campo magnético faz os elétrons se
moverem no sentido horário, em que sentido se
moverão os pósitrons?
Anti-horário! O mesmo campo magnético faz
com que pósitrons circulando no sentido oposto
permaneçam no mesmo círculo.
Vantagens do Projeto de um
Acelerador
A vantagem de um acelerador
circular sobre um linear é que as
partículas síncrotrons dão muitas
voltas, recebendo múltiplos
impulsos a cada volta.
Portanto, os síncrotrons podem
fornecer partículas de alta energia
sem ter um enorme comprimento.
Além disso, o fato das partículas
darem muitas voltas significa que
há muitas chances de ocorrer
colisão nos lugares onde os feixes
de partículas se cruzam.
LINAC VS. SÍNCROTRON

• Por outro lado, os LINACs são muito mais fáceis de se construir


do que os síncrotrons, pois não precisam dos enormes ímãs,
necessários para forçar as partículas a se moverem em círculos.

• Quando uma partícula carregada é acelerada, ela irradia energia.


A altas energias, a radiação perdida é maior para a aceleração
circular do que para a aceleração linear.
• Então, os síncrotrons também necessitam de um enorme raio
para obter partículas de energias suficientemente altas e, por
isso, são de construção cara.

• A radiação perdida é ainda pior acelerando elétrons (mais leves


do que prótons). Os elétrons e pósitrons podem adquirir altas
energias apenas em aceleradores lineares ou então em
aceleradores circulares com grandes raios.
Os Principais Aceleradores
Convidamos você a explorar os projetos dos principais aceleradores:
• SLAC: O Acelerador Linear de Stanford, na Califórnia. O SLAC descobriu o
quark charmoso (também descoberto em Brookhaven) e o lépton tau.
• Fermilab: Acelerador do Laboratório Nacional Fermi, em Illinois. Esse é o
acelerador no qual os quarks bottom e top foram descobertos.
• CERN: Laboratório Europeu para Física de Partículas. Esse laboratório
atravessa a Suíça e a França. Nele foram descobertas as partículas W e Z.
• BNL: Laboratório Nacional de Brookhaven, em Nova York. Esse laboratório
descobriu o quark charmoso simultaneamente ao SLAC.
• CESR: Anel de Armazenamento Elétron-Pósitron de Cornell, em Nova York.
O CESR realizou estudos detalhados sobre o quark bottom.
• DESY: na Alemanha. Esse é o laboratório no qual os glúons foram
descobertos.
• KEK: no Japão, onde está sendo construída uma fábrica de mésons B.
• IHEP: Instituto de Física de Altas Energias, na República Popular da China,
realiza estudos detalhados do lépton tau e do quark charmoso.
O CERN
• CERN (Laboratório Europeu
para Física de Partículas) é
o laboratório internacional
onde os bósons W e Z
foram descobertos.
• O CERN foi também o lugar
do nascimento da WWW
(World-Wide Web).
• O Grande Anel de Colisão
Hadrônico – LHC pesquisa
os bósons de Higgs, novas
partículas fundamentais e
forças.
O CERN
• LHC : Grande Colisor de Hádrons – ocupa o mesmo túnel
que o LEP. Acelera feixe de prótons a 7000 GeV em
direções opostas e que colidem frontalmente. Em outro
experimento acelera núcleos inteiros até 600 TeV.
• LEP: Grande colisor de pósitrons – tem 27 km de
circunferência. Foi construído para estudar partículas Z.
Atualmente a energia no centro de massa chega a 100
GeV, mas isso será duplicado no futuro.
• SpS: Super Síncrotron de Pósitrons – acelerador de
prótons e antiprótons a 450 GeV. Nele foram descobertos
o W+, W- e o Z em 1983.
• PS: Síncrotron de Pósitrons – acelera prótons a 26 GeV
Usando sondas
• Os elétrons não são influenciados
pela interação nuclear nem com os
nêutrons nem com os prótons do
núcleo. Mas, como têm carga
elétrica não nula, são influenciados
pela interação coulombiana com os
prótons do núcleo e sondam,
assim, a distribuição de carga do
núcleo.
Usando sondas

Como os nêutrons não têm carga


elétrica, não são influenciados pela
interação coulombiana nem com os
nêutrons nem com os prótons do núcleo.
Mas como são influenciados pela
interação nuclear tanto com os nêutrons
quanto com os prótons do núcleo, os
nêutrons espalhados sondam a
distribuição de massa do núcleo.
Usando sondas
Raio Nuclear
O raio de um núcleo com número de massa A, suposto esférico, é
dado, com precisão considerável, por:

R = r0A1/3
onde A é o número de massa (ou o número de núcleons);
r0 é um coeficiente empírico, o mesmo para todos os núcleos,
r0 = 1,4 fm para a distribuição de massa
r0 = 1,2 fm para a distribuição de carga.

1 fm = 10-15 m

Esses números indicam que a distribuição de massa nuclear avança


um pouco além da distribuição de carga.
Volume Nuclear
• Como o volume de uma esfera é dado por

o volume do núcleo pode ser escrito por:

volume nuclear é proporcional ao número de


núcleons.
Assim, o número de núcleons por unidade de
volume é constante.
Densidade Nuclear
• A densidade da matéria nuclear fica:

• Portanto, a densidade de núcleons é


constante para todos os núcleos.
Densidade Nuclear
• A massa de um próton é muito próxima da
massa de um nêutron.
• Então, a densidade de massa também é
constante para todos os núcleos.
• Como a interação nuclear forte é
independente da carga elétrica, os prótons
e os nêutrons estão distribuídos mais ou
menos uniformemente no núcleo.
Portanto, a densidade de carga também é
constante.
Densidade Nuclear

• Nos núcleos com número de massa A


grande, a densidade de carga na região
central aparece diminuída devido à
repulsão coulombiana entre os prótons.
Cuidado!
• Um núcleo não tem, evidentemente, um
raio exatamente definido nem uma
densidade constante no interior da esfera
definida por esse raio.

• Na verdade, a densidade nuclear diminui até


zero dentro de um intervalo radial
Forma do núcleo
Exercícios

Um núcleo de ouro tem um raio de 6,23 fm e uma


partícula alfa tem um raio de 1,80 fm. Que energia
deve ter uma partícula alfa incidente para “encostar”
na superfície do núcleo de ouro?

A energia potencial elétrica do sistema é dada por


U=q1q2/4pe0r
Exercícios
• O tipo mais comum de núcleo de ferro tem
número de massa igual a 56. Calcule o raio, a
massa aproximada e a densidade aproximada
desse núcleo.
solução
• Utilizaremos duas ideias principais: o raio
e a massa de um núcleo dependem do
número de massa A e a densidade é
massa dividida pelo volume.
• Usando a eq.
R = r0 A1/3
R = (1,2 x 10-15 m) (56)1/3
R = 4,6 x 10-15 m = 4,6 fm
solução
• Como A = 56,
a massa do núcleo é aproximadamente 56 u
m @ (56 x 1,6605 x 10-27 kg ) @ 9,3 x 10-26 kg
• O volume é
V = 4/3 pR3 = 4/3 p(4,6 x 10-15 m)3= 4,1 x 10-43 m3

E a densidade é aproximadamente
Avaliação
A densidade do ferro condensado é cerca de
7000 kg/m3
Logo, verificamos que a densidade do núcleo é
mais que 1013 vezes maior do que a densidade
da matéria comum.
Um cubo com 1 cm de aresta com essa densidade
teria a massa de
2,3 x 1011 kg (230 milhões de toneladas!).
Densidades dessa ordem ocorrem no interior de
uma estrela de nêutrons.
1 cm 230 x 106 ton
Elementos químicos
Dos 118 elementos químicos conhecidos, 28 são
artificiais:
• o tecnécio (Tc) Z= 43;
• o promécio (Pm) Z= 61;
• todos os elementos com número
atômico maior que 92, isto é:
do neptúnio (Np) Z= 93 em diante.
Nuclídeos
• A tabela periódica é pouco útil quando se
trata de núcleos.
Um nuclídeo é um determinado núcleo com
valores definidos de Z e N
• Usamos a carta de nuclídeos, que mostra
todos núcleos estáveis e instáveis
(radioativos).
Nela podemos facilmente visualizar os isótopos,
isóbaros e isótonos.
Carta de Nuclídeos
http://www.phy.ornl.gov/hribf/science/abc/

Nuclídeos: quadrados pretos representam núcleos estáveis e os quadrados amarelos indicam


núcleos instáveis que foram produzidos e estudados em laboratório.
Milhares destes núcleos instáveis, ainda a serem explorados, são indicados em verde.
As linhas verticais e horizontais vermelhas mostram os números mágicos, refletindo as regiões
onde se espera que os núcleos sejam mais ligados e tenham meia-vida mais longa.
Estabilidade vs instabilidade
Aos 118 elementos conhecidos estão associados uns 270
isótopos estáveis e mais de 2.000 instáveis.
A tabela periódica só mostra dados de um dos isótopos
mais abundantes de cada elemento químico
Massa do átomo
Energia de Ligação Nuclear
• Da relação E = mc2
sabemos que se um dado sistema perde certa quantidade
de energia E, sua massa fica diminuída de uma
quantidade dada por
m = E/c2.
Medidas experimentais comprovam que a massa total de
repouso do núcleos é menor que a massa dos seus
núcleons separados.
• A diferença de massa é chamada
perda de massa (Dm )
ou defeito de massa
• Considere o dêuteron,
o núcleo do

formado por 1 próton e


1 nêutron.

• A energia total das partículas separadas (em repouso) será


dada pela energia de suas massas:
E = mp . c2 + mn . c2 = (mp + mn) c2

Mas se as partículas se aproximam suficientemente para


formar o dêuteron, qual será sua massa?
Seja Ep a energia potencial nuclear.
Os núcleons se movem ao redor de seu centro
de massa, portanto têm energia cinética Ek
• A energia total do sistema formado é:
E´= (mp + mn) c2 + Ep + Ek
As forças nucleares são atrativas e, portanto, o
zero da Ep está no infinito.
Assim, Ep na equação tem sinal negativo.

Portanto (Ep + Ek) < 0


Assim, a energia do núcleo ligado (E’) é menor do que a energia
das partículas separadas (E)
E’ < E
Portanto, para separarmos o nêutron e o próton do núcleo de
dêuteron, deve-se aplicar a energia correspondente a
(E-E’) = Eb
A energia liberada na formação de um núcleo a partir dos seus
prótons e nêutrons separados de uma distância infinita, ou a
energia que deve ser fornecida a esse núcleo para separar seus
prótons e nêutrons a uma distância infinita, é o que se chama
de
energia de ligação (Eb)
de tal núcleo.
• Eb é liberada quando o sistema se forma
• Eb é energia necessária para separar todos os
núcleons
Então, sendo Eb a energia de ligação de um núcleo de
massa M(Z,A), com Z prótons e (A - Z) nêutrons, pode-
se escrever:

mn massas do nêutron

mp massa do próton (ou massa do átomo de H-1, se M(Z,A) for a massa do


átomo neutro formado (ou seja, levando-se em conta os elétrons)
A energia de ligação fica:
• Se as massas são dadas em kg e c em m/s

• Se as massas são dadas em u e sabendo que


1uc2 = 931,4815 MeV

Como as massas são determinadas


experimentalmente, a energia de ligação de
qualquer núcleo pode ser determinada.
Exemplo: Calcule a energia de ligação do
dêuteron, cuja massa é md = 2,0141 u
mp = 1,0078 u mn = 1,0087 u
• Para as partículas separadas:
Z mp + ( A - Z ) mn = 1 . 1,0078 + 1 . 1,0087 = 2,0165 u
• A perda de massa é:
Dm= 2,0165 u - 2,0141 u = 0,0024 u
• Ou seja, a
[mp + mn] > md
A massa perdida está na energia de ligação do
sistema
Eb = 931,4815 . Dm = 931,4815 . 0,0024 u = 2,2356 MeV

• Comparando Eb (=2,2356 MeV) com a energia de


ligação do átomo 1H (=13,6 eV),
(2,2356 x 106 eV/13,6 eV)

concluímos que a interação nuclear é ~106 vezes


mais intensa do que a interação eletromagnética!

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