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Diferente situação ocorre com a figura 3 que mesmo antes de De acordo com Pedro Lago a palavra charge vem da palavra
nomear e sem nem ao menos mostrar uma fotografia torna-se claro que francesa que significa carga32, tendo significado semelhante à caricatura,
se trata da presidente da república Dilma Rousseff, pois o observador, entretanto se a caricatura apresenta um indivíduo satirizando sua
já conhecendo a fisionomia e até mesmo um pouco da personalidade aparência física, a charge satiriza não só a fisionomia como também o
da pessoa caricaturada, consegue reconhece-lá através dos traços acontecimento, seja ele político, social, econômico etc.
exagerados da caricatura. Portanto, podemos interpretar as charges como ações caricaturadas
Vale aqui ressaltar que a caricatura segundo Teixeira busca a de um fato temporal ocorrido em âmbito público. Desta forma temos
imagem na pessoa real para recriá-la em um sujeito fictício, porem que considerar as observações feitas por Liebel, que enquanto a
exagerando nas características marcantes, e, além disso, a caricatura é caricatura refere-se a apenas a um indivíduo, a charge se utiliza da
despolitizada, ao contrário da charge, na caricatura não há narrativa e caricatura para melhor representar seu real foco de humor ao tratar
não há ação há apenas ilustração.30 de uma situação política, ou social. Segundo o autor isso ainda nos
Já a charge é mais complexa, segundo Riani é um “desenho leva a outra discussão: o observador da charge deve ter conhecimento
humorístico sobre fato real ocorrido recentemente na política, economia, da conjuntura na qual a charge foi produzida, do fato que ela está
sociedade, esportes etc. Caracteriza-se pelo aspecto temporal (atual) e satirizando e criticando e até mesmo dos personagens retratados nos
crítico”31 desenhos, para que essa possa ter sentido33.
30 RAMOS, Paulo Eduardo apud TEIXEIRA, Luiz Guilherme Sodré. Sentidos do humor, 32 LAGO, Pedro Corrêa do. Caricaturistas brasileiros: 1836-1999. Rio de Janeiro:
trapaças da razão: a charge. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 2005 p.92 Sextante Artes, 1999. p. 10
31 RIANI. op. cit. p.26 33 LIEBEL, Vinícius. Humor gráfico: Apontamentos sobre a análise das charges
FIGURA 4 - CHARGE MANIFESTAÇÕES 34 LIEBEL, Vinícius. Humor gráfico: Apontamentos sobre a análise das charges
Disponível em:<http// fotos.noticias.bol.uol.com.br > Acesso em:10 fev. 2014. na História. In: Simpósio nacional de história, 23, 2005, Londrina. Anais do XXIII
Simpósio Nacional de História – História: guerra e paz. Londrina: ANPUH, 2005.
na História. In: Simpósio nacional de história, 23, 2005, Londrina. Anais do XXIII Disponível em: < http://anpuh.org/anais.> Acesso em: 01 mar. 2014. p. irreg.
Simpósio Nacional de História – História: guerra e paz. Londrina: ANPUH, 2005. 35 FONSECA, J. op. cit. p.26
Disponível em: < http://anpuh.org/anais.> Acesso em: 01 mar. 2014. p. irreg. 36 RIANI, Camilo. op. cit. p.26
FONTE: LOREDANO. Cássio, (org.) J. Carlos contra a Guerra. As grandes tragédias do século XX na visão de um caricaturista brasileiro. 2000. p.72, 73, 80
ver o turco, o búlgaro, o russo, o sérvio, o italiano, o austro-húngaro, entre os mortos de cada nação, passando a ideia de que após a morte
o Frances, o inglês e o alemão entre outros, todos com feições tristes pouco importa a que nação o soldado servia, pois seus destinos serão
pela mesma causa: a morte. Na legenda se diz: “paz aos mortos – o o mesmo: A terra.
maior dia de finados”. Reparem na expressão fácil que J. Carlos utiliza, Essa sensibilidade pela morte de soldados, que traz com ela a
assim como também a preparação do plano de fundo que nada lembra repulsa pela violência da guerra, está presente em outras charges.
um cenário de guerra e sim um lugar mais sereno, tudo isso para criar Na Figura 13 vemos o Kaiser e um dos seus oficiais, observando
uma sensibilidade em torno desse fato. Outro detalhe que pode ser o cadáver de um soldado, então o Kaiser comenta: “é preciso inventar
discutido é o fato da sepultura ser coletiva, ou seja, não se faz distinção uma pena para punir esses desertores que abandonam a pátria antes
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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BURKE, Peter. O que é história cultural? RJ: Zahar, 2008. Apud LANGER,
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FIGURA 19 INDOMESTICÁVEL
LEGENDA: A Alma germânica – Dentro de quinze annos teremos a revanche! BURKE, Peter. Testemunha ocular: história e imagem. Bauru: EDUSC. 2004.
FONTE: LOREDANO. Cássio, (org.) J. Carlos contra a Guerra. As grandes tragédias do p.17-18.
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BUSO, Mariane Cristina; BAHLS, Aparecida Vaz da Silva. Boletim casa Romário
declama: “Dentro de quinze anos teremos a revanche!”. J. Carlos Martins, Factos da Actualidade charges e caricaturas em Curitiba, 1900-1950.
v.33, n.142. Curitiba: Fundação cultural de Curitiba. 2009 p. 11-13.
errou por pouco a revanche viria dentro de 21 anos, entretanto 14
CHARTIER, Roger. O mundo como representação In: Estudos avançados
anos depois, Adolf Hitler estaria começando sua ascensão no governo vol.5 n.11 Jan./Abr. São Paulo: FGV,1991 p.173
alemão.
ENCICLOPÉDIA Itaú cultural. Disponível em: < http:// www.itaucultural.
J. Carlos realmente estava na vanguarda, e representou os fatos org.br.> Acesso em: 05 mar. 2014. p. irreg.
de seu tempo, especialmente a Primeira Guerra Mundial, como nem FONSECA, J. Caricatura. A Imagem Gráfica do Humor. Porto Alegre: Artes
um outro fez. e. Ofícios, 1999. p.17