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Universidade de Coimbra/Ceis2o
Outubro de 1943, 2.
2 Sobre o tema ver, entre outros, Maurizio Degl'Inoccenti, ed., L'exilio nella storia dei
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2000).
4 João Sarmento Pimentel nasceu em 1888, falece em 1987. Oficial do Exército e
membro do grupo Seara Nova, Pimentel participa no movimento de 1927, indo para
o Brasil nos anos trinta. Reside no Rio de Janeiro e depois em São Paulo, onde está a
frente do Centro Republicano. Vinculado ao grupo dos Budas, é uma das principais
figuras da oposição portuguesa no Brasil. Sobre o tema, ver Noberto Lopes, org.,
Sarmento Pimentel ou uma geração traída (Lisboa: Editora Aster, 1976).
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9 Ainda é escassa a bibliografia sobre a oposição. Ver, entre outros, Linda Dawn
Raby, A resistência antifascista em Portugal (Lisboa: Edições Salamandra, 1980); A.H. de
Oliveira Marques, A unidade da oposição à ditadura, 1928-1931 (Lisboa: Europa-América,
1973); A. H. de Oliveira Marques, A Liga de Paris e a ditadura militar, 1927/1928 (Lisboa:
Europa-América, 1976); A. H. de Oliveira Marques, A literatura clandestina em Portugal,
1926-1932, 2 vols. (Lisboa: Fragmentos, 1990); Oliveira Marques, O General Sousa Dias;
Campinos, A ditadura militar; Farinha, O Reviralho.
IO Ver, entre outros, Luís Farinha, "António Germano de Carvalho," em Fernando
Rosas e J. M. Brandão de Brito, eds., Dicionário do Estado Novo (Lisboa: Círculo dos
Leitores, 1996), 1: 128.
II Jaime Alberto de Castro Moraes. Nasceu em Chacim, Trás-os-Montes, no dia 13 de
deportado para o Brasil. Trabalha como professor no Ministério das Relações Exteriores
brasileiro, para além de leccionar em universidades. Volta a Portugal em 1955, ali se
fixando em definitivo. Em 1958, é lançado pelo Directório Democrático como candidato
à Presidência da República, o que não aceita, apoiando o candidato da oposição, Hum
berto Delgado, sendo preso logo a seguir. Protestos de intelectuais de todo o mundo
contribuem para que seja solto. Debilitado e doente, vem a falecer em 1960. Ver
Alfredo Ribeiro dos Santos, Jaime Cortesão, um dos grandes de Portugal (Porto: Fundação
Engenheiro de Almeida, 1993).
13 Alberto Moura Pinto nasceu no dia 5 de Abril de 1883 na cidade de Coimbra.
Formado em Direito, participa nas movimentações para a implantação da República,
tendo entrado nas Constituintes de 19II, como deputado. Com a ascensão de Sidónio
Pais, Moura Pinto passa a exercer o cargo de Ministro da Justiça, entre II de Fevereiro
de 1917 e 7 de Março de 1918. Em desacordo com a ditadura militar, participa de na
revolta de Junho de 1930, sendo preso e deportado para os Açores no dia 20 de Julho
de 1930. No ano seguinte, no entanto, já está em Espanha, actuando na oposição. Logo
se aproxima de Jaime de Morais e Jaime Cortesão, dando origem ao grupo conhecido
como os Budas, sendo o contacto do grupo com o Estado Espanhol, transitando entre
Barcelona, Madrid, Marselha e Paris. Em 1939, está em Marselha, donde segue para o
Brasil, participando activamente nas manifestações da oposição. Retoma definitivamente
a Portugal em 1957, já muito adoentado e sem condições económicas. Falece em 1960.
Dados recolhidos na documentação existente no Arquivo Moura Pinto, em posse da
família.
14 Ver Leonel Ferro Alves, Os Budas e o contrabando de armas (Lisboa: s.e., 1934), 30.
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Francisco Oliveira Pio estão na frente de batalha, coordenando as acções
militares e diplomáticas. Outros elementos, vinculados ao movimento comu~
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nista, como Francisco Cachapuz/ ou ao anarquismo, como Inocêncio
Câmara Pires,I8 também participam no esforço de guerra contra os rebeldes
franq uistas.
A colaboração entre espanhóis e portugueses está na base da elaboração
de um grande plano a ser levado a cabo contra o regime de Salazar, o Plano
Lusitânia. Este projecto de invasão e de derrube do salazarismo em Portugal
seria encabeçado pelos republicanos, chefiados por Jaime de Morais, e
apoiados pelo governo republicano de Espanha, que, em troca, obteria do
país vizinho mais um apoio no combate contra as forças de Franco. O
rápido avanço das tropas revoltosas e a falta de respostas vindas dos pontos
de apoio dos portugueses no seu país, levam ao fracasso da empreitada e
a busca do refúgio em França, seguindo os passos de milhares de espanhóis
refugiados.
Da desconfiança à condenação
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em Ponugal, sob o comando de Getúlio Vargas. Não sendo um Estado
Fascista, a sua censura proíbe manifestações contrárias aos países com os
quais mantém relação, extinguindo as associações de emigrantes que
possuem algum carácter político. No entanto, a chegado dos exilados ponu
gueses, sobretudo após 1940, despena mais cuidados entre os membros mais
antigos da colónia, do que o alerta do governo brasileiro. Na verdade, as
autoridades brasileiras não demonstram um cuidado especial para com os
que chegam com os passaportes carimbados pela Polícia de Vigilância e
21
Defesa do Estado. Mas, ao contrário dos agentes brasileiros de segurança,
os representantes consulares demonstram um interesse constante com rela~
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ção às actividades dos seus emigrados políticos. As suas "influências
políticas deletérias",2 3 como afirmam os porta~vozes oficiais do regime, são
alvo de muitos ataques, apoiados pelos membros mais conservadores da
colónia.
Em finais de 1941, com o alinhamento gradativo das autoridades brasi~
leiras ao lado dos aliados, inicia-se naquele país um período de afastamento
e contestação aos modelos totalitários. Os exilados portugueses aproveitam
se do clima de relativa liberdade para dar início a uma discreta "campanha"
contra o regime de Salazar. Alguns nomes de relevo, como Jaime de
4
Morais, passam a escrever para os jornais brasileiros,2 aproveitando o
espaço das suas crónicas para dar a conhecer a realidade da ditadura por
tuguesa e o cenário de terror ditatorial vivido pela Península Ibérica após
a vitória de Franco. Só ele escreve cerca de ISO artigos, entre 18 de N ovem
bro de 1941 e 14 de Agosto de 1944, muitos deles atacando e criticando a
25
política de Salazar, e também a de Franco.
20 Sobre o tema, ver, entre outros, Thomas Skidmore, De Getúlio a Castelo, I930-I964
(Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979); e Bóris Fausto, org., I-!istória geral da civilização
brasileira, tomo 3, vols. 1-4 (São Paulo: Difel, 1984).
21 Sobre o tema, ver Maria da Conceição Ribeiro, A polícia política no Estado Novo,
armário II, maço 441, Ministério dos Nogócios Estrangeiros, Lisboa (M.N.E.).
23 Ofício da Embaixada de Portugal no Rio de Janeiro, de 30 de Dezembro de 1933,
3·° piso, armário I, maço 743, M.N.E.
24 Os jornais brasileiros passam a poder contar com a colaboração de nomes que não
fazem parte do círculo de intelectuais ligados ao regime, como os exilados políticos ou
até elementos "à esquerda" do Estado Novo. Sobre o tema ver, entre outros, Skidmore,
De Getúlio a Castelo.
25 Na série de três artigos intitulada "Problemas da Europa futura," o grande tema
é a incapacidade de uma Europa unida no após guerra incorporar regimes como o de
Portugal e Espanha. Ver "Problemas de Europa futura: Portugal e Espanha," Diário Cari
oca, 2 de Maio de 1943, 3; "Problemas de Europa futura: Desencontro de economias,"
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Foi tentado sem êxito impedir reeleição actual Presidente Clube Português em
São Paulo. Golpe Assembleia Geral não teve consequências. Comendador
Santos Costa foi reeleito. Presidente da Casa de Portugal e Câmara Portuguesa
Diário Carioca, 9 de Maio de 1943, 3; "Problemas de Europa Futura: Para onde caminha
a Península," Diário Carioca, 23 de Maio de 1943, 3·
26 Ofício reservado da Embaixada no Rio de Janeiro, datado de 20 de Fevereiro de
1942, dirigido a António de Oliveira Salazar. 2.° piso, armário 50, maço 68, M.N.E.
27 Cópia do Memoradum do Ministério das Relações Exteriores do Brasil ao
Embaixador de Portugal no Rio de Janeiro, datado de II de Fevereiro de 1942, anexa
ao Ofício citado na nota 26.
28 Voz de Portugal, 18 de Maio de 1947, 2.
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como "Professor do 6.° Grupo, com data de admissão em 18-10-919". A panir de 1923,
ele rege o curso de Lógica e Moral. É apontado como "deputado da Nação". Em
Fevereiro do mesmo ano, não recebe nenhum abono, já que uma nota da Direccção
Geral do Ensino Superior, datada de 15 de Janeiro de 1923, informa ter sido ele nome
ado para exercer o cargo de Director dos Serviços de Instrução do Estado da Índia,
"para onde deveria seguir (sic) partir até 31 de Janeiro de 1923'~ Arquivo da Uni
versidade do Porto. Pelo depoimento de Luís Leite de Vasconcelos, que o conheceu,
Lúcio Pinheiro dos Santos teria morrido no final dos anos cinquenta no Rio de Janeiro,
sem deixar herdeiros.
34 Novais Teixeira, "O enigma do Homem sem lábios," Diário Carioca, 15 de Maio de
1944, 2.
35 Ver "Manifesto de 1941," Arquivo Jaime de Morais, Fundação Mário Soares, Lisboa.
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fortalecer os ideais democráticos na colónia portuguesa do Brasil".4 No dia
da sua primeira reunião pública, realizada a 15 de Setembro de 1945, a
iniciativa é saudada com uma moção de solidariedade do grupo republi
cano, 47 como vemos aCIma.
. M as, a presença no evento d e um representante
8
do Partido Comunista do Brasil,4 na figura de Álvaro Ventura, marca uma
outra força oposicionista exilada, a dos comunistas portugueses, que, man
tendo uma forte ligação aos seus "camaradas" do Brasil, representa um
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"outro lado" da oposição portuguesa no exílio.
Assim sendo, temos numa mesma associação duas forças distintas. Os
comunistas portugueses, que, aproveitando a legalização do Partido Comu
nista do Brasil, entre 1945 e Janeiro de 1948, buscam o apoio dos comu
nistas brasileiros. Tal aproximação favorece o patrocínio de iniciativas
singulares, gerando momento de confraternização entre os defensores do
comunismo em ambos os países, como na inauguração da "Exposição da
Imprensa Clandestina Portuguesa", realizada na Associação Brasileira de
Imprensa, em 25 de Janeiro de 1947, com a presença do líder comunista
brasileiro Luís Carlos Prestes,sO figura carismática da oposição em toda a
,. L . SI
A menca atma.
Universidade do Brasil, Escreve para diversos jornais e entra para a vida política em
1925, como deputado Estadual. Em 1946, é deputado do Partido da Esquerda
Democrática, criado em 1946, o embrião do Partido Socialista No governo de João
Goulart, nos anos sessenta, ocupa o cargo de Ministro do Trabalho e Previdência Social,
de Presidente do Conselho de Ministros e de Ministro das Relações Exteriores. Durante
os anos quarenta e cinquenta, Hermes de Lima mantém um contacto intenso com
Jaime de Morais, Moura Pinto e Cortesão, sendo inúmera a correspondência trocada
entre eles. Sobre o tema, ver, entre outros, Leandro Konder, História das idéias socialistas
no Brasil (São Paulo: Expressão Popular, 2003).
46 Estatutos da SBADP citados no artigo "Atividades da SBADP," Libertação, 1 de
Maio de 1947, 14.
47 Moção enviada a Hermes de Lima, datada de 15 de Setembro de 1945, pela União
dos Democratas Portugueses.
48 Sobre o Partido Comunista do Brasil, ver, entre outros, Edgard Carone, O PCB,
I922-I943 (São Paulo: Difel, 1982); Edgard Carone, O PCB, I943-I964 (São Paulo: Difel,
1982).
49 A partir de 1945, e após a deposição do ditador, o Partido Comunista Brasileiro,
no seu curto período de legalização, vai se aproximar dos elementos comunistas do
exílio português. Sobre o tema ver, Paulo, Aqui também é Portugall, capo 5.
50 Depoimento de Luís Leite de Vasconcelos, 8 de Abril de 2004. Rio de Janeiro. Há
uma fotografia de Prestes na ocasião no arquivo pessoal do Professor Leite de
Vasconcelos.
51 Político, nasceu em 1898 e faleceu em 1990, no Rio de Janeiro. Líder do Partido
Comunista Brasileiro (PCB) por mais de 50 anos, Luís Carlos Prestes é uma das figuras
mais carismáticas do cenário político brasileiro. Em 1945, quando retoma do exílio
imposto pela ditadura de Getúlio Vargas, é eleito senador pelo Partido Comunista
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