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Arvore Do Conhecimento Maturana e Varela PDF
Arvore Do Conhecimento Maturana e Varela PDF
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do ·conhecimento
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I
AÁRVORE DO CONHECIMENTO
As bases biológicas do
entendimento humano
Tradução
Jonas Pereita dos Santos
,Editorial .Psy II
1995
, ,.
Título original
Der Baum der Erkenntnis
Die Biologischen Wurzeln des menschlichen Erkennens
Copyright © 1987 by Scherz Verlag, Bemà, Munique e Viena
Conselho editorial
José Carlos Vitor Gomes
Maria Aparecida Lovo
Tradução
Jonas Pereira dos Santos
Revisão técnica
José Carlos Vitor Gomes
Diagramação
Micro Laser Comercial Ltda - ME
Coordenação editorial
Lucélia Caravieri Temple
ISBN: 85.85.480-21-1
Glossário.......................................................................... 267
Prefácio
por
Rolf Behncke C.
"A guerra ... a guerra ... Sempre somos
contra a guerra, mas, depois de tê-la
feito, não podemos viver sem ela. A
todo momento queremos voltar à
guerra."
Che Guevara a Pablo Neruda em Con-
fesso que vivi.
e\Jo\ução cultural
reflexão ética
Mas o caso é que tal percepção (de reflexão ética) nos afetará
sempre de uma maneira convergente para o ser humano ' uni-
versal, que é, em última instáncia, nossa verdadeira condição,
já que a humanidade Constitui atualmente, como resultado da
ampliação das interaçôes humanas, um só sistema unitário in-
tegrado, pelo que a responsabilidade primeira dos governantes
de ' todo o mundo deve ser compreender que a realização de
toda vida individual dependerá sempre da organização do sis-
tema social total a que se pertence (posto. qu~ se é componente
dele), estejamos ou não conscientes desse fato.
Entendido isso, segue-se que, doravante (queiramos ou
náo), Lar, Pátria, Humanidade passam a ser termos sinónimos,
visto que em última análise significam a mesma coisa: o meio
formador de nOSsa própria vida e da vida dos nossos filhos. O
fato de que até agora a vida cultural dos diferentes povOs da
Terra esteja' centrad.a na defesa das fronteiras de suas certezas
particulares não é mais que um signo de que nossa humànida.:.
de ainda não se ,encontrou consigo mesma nem assumimos
plenamente, ex toto corpus et toto corde (de todo. o corpo e de
todo o coração), o que significa ser humano. E à ausência des-
se encontro, dessa reflexão profunda sobre nossa condição hu-
mana, está nos custando muito caro e nos custará cada vez
mais caro, enquanto o eixo do nosso entendimento social girar
em torno da defesa de fronteiras culturais particulares, já que
continuaremos girando excentricamente ao que é a natureza
última do ser humano: seu ser social, que é seu ser em lingua-
gem, isto é, em coordenaçáo consensual (comunicação); numa
palavra, em cooperaçáo mútua.
Apesar disso, se realmente qUlsessemos reverter eSse
processo e gerar um formidável reencontro humano com sua
natureza profunda, poderíamos fazê-lo. O desafio nietzschiano
da necessidade de revelar as bases operacionais que cimentam
as culturas humanas foi cumprido, e isso confere um fUnda-
mento científico comum a todas as ciências sociais, o que pos-
sibilita iluminar o ser humano a partir do próprio ser humano
e, portanto, compreender' o humano com conceitos igu.alrriente
válidos para toda a escala do sistema social, desde a vida pes-
soal individual até a Humanidade como um todo.
46 Hwnberto Maturana. R./Francisco Varela G.
ção ética que nos faz refletir na condição humana como uma
natureza cuja evolução e realização está no encontro do ser in-
dividual com sua natureza última, que é o ser social. Portanto,
se o desenvolvimento individual depende da interação social, a
própria formação, o próprio mundo de significados em que se
existe, é função do viver com os outros. A aceitação do outro é
então o fUndamento para que o ser observador ou autoconscien-
te possa aceitar-se plenamente a si mesmo. Só então se redes-
ro~e~~~~~~~~~a~~~~~
dessa trama interdependente de relações que conforma nossa
natureza existencial de seres sociais, já que, ao reconhecer nos
outros a legitimidade de sua existência (mesmo quando não a
achemos desejável em sua atual expressão), o individuo se en-
contrará livre também para aceitar legitimamente em si mesmo
todas as dimensões que atualmente possam ocorrer em seu
ser e que têm sua origem precisamente no todo social. Isso li-
berta nossas relações (e convenções) sociais de um imenso e
pesado fardo "original", reconciliando-nos de passagem com a
própria vida, por ser essa reflexiva viragem um retorno a si
mesmo, por meio de um reencontro com o restante'da própria
humanidade.
o amor ao próximo começa a aflorar então no entendi-,
mento dos processos que geram o fenômeno existencial da
consciência de si, numa expansão dos impulsos naturais de
altruísmo comunitário, precisamente como a condição necessá-
ria do social, e não como uma imposição de uma supranature-
za diferente da nossa.
Tal compreensão é um corolário inescapável do enten-
dimento dos processos que constituem o ser humano. Se a
ação de cooperação social mútua surge na condição primária
do social, o compartilhar tal conhecimento não pode senão ex-
pandir nossos espaços de cooperação e realização mútua. Por
isso, o desenvolvimento socioeconômico da comunidade huma-
na encontra-se então no mesmo eixo (ético e operacional) do
processo de desenvolvimento de toda vida individual e, portan-
to, não pode o primeiro se realizar a expensas deste último,
sem se transformar num mecanismo constitutivamente anti-
sociaL.. mas qual político sabe disso? "
A ároore do conhecimento 51
R.B.C.
Santiago do Chile, janeiro de 1984
Post-scriptum
AARVORE DO CONHECIMENTO
As bases biológicas do
entendimento humano
10
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ConheceI" o
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SolipsIsmo 1 ('strutunil
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Figura 1. Cristo coroado com espinhos.
60 Hwnberto Maturana R./Francisco Varela G.
A grande tentação
As surpresas do olho
Toda vez em· que aparecer este símbolo 1IlO'. o leitor poderá se remeter ao
glossário que se encontra ao final do livro (página 267).
7
A árvore do conhecimento 63
",
o grande escândalo
No zoológico do Bronx, em Nova Iorque, há um grande
pavilhão especialmente dedicado aos primatas. Lá pod,emos ver
de perto chipanzés, gorilas, gibões e muitos macacos do Ve~ho e
Novo Mundos. No entanto, nossa atenção é atraída para uma
cela separada, nos fundos do pavilhão, cercada por fortes grades.
Quando nos aproximamos, lemos a seguinte placa: "O primata
mais perigoso do planeta". Ao olhar por entre as grades, vemos,
com surpresa, nosso próprio rosto.
Esclarece o letreiro que o homem já
destruiu mais espécies sobre o pla-
neta do que todas as outras espé-
cies conhecidas. De observadores,
passamos a observados (por nós
mesmos). Mas o que vemos?
Ver nosso reflexo no espelho
é sempre um momento muito pecu-
liar, pois é quando tomamos cons-
ciência daquele nosso aspecto que
não podemos conhecer de nenhu-
A árvore do conhecimento 67
Explicação
EXPLICAÇÃO DO CONHECER
científica
I I
vador
V
AçãO -----H'-' 3
Domin ios Fenómenos históricos
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Lmguagem
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Atos cognoscitivos -.!.LJ (ilogenia T'"----f-I
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Ampliação do
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Deriva_ História de
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Ccnservaça~ -
interaçóes <::J da adaptação estrutural
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Contabilidade lógica
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Detenninação
estrutural
Representaçao-
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Solipsismo "
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A ORGANIZAÇÃO DOS
2 SERES VIVOS
+10
+5
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. .
-10
DISTINÇÕES
Para que eu julgue este objeto como uma cadeira, preciso reco-
nhecer uma certa relação entre as partes que chamo de per-
nas, encosto e assento, de forma que torne o sentar-se possí-
vel. Se é feita de madeira e pregos, ou de plástico e parafusos,
é totalmente irrelevante para que eu a qualifique ou classifique
como uma cadeira. Essa situação, em que reconhecemôs im-
plícita ou explicitamente a organização de um objeto, quando o
indicamos ou distinguimos, é universal por ser algo que faze-
mos constantemente: um ato cognitivo básico, que consiste em
simplesmente gerar nada mais, nada menos do que classes de
qualquer tipo. Assim, a classe de cadeiras é definida pelas re-
lações que devem ser cumpridas para que eu classifique algo
como cadeira. A classe de "boas ações" é definida pelos crité-
84 Hwnberto Maturana R./Francisco Varela G.
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Fronteira
Dinâmica
(metabolismo) (membrana)
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86 Humberto Maturana R. / Francisco Varela G.
ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA
Autonomia e autopoiese
Figura 14a
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Conhecer o
con hecer - ---:----I
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Atos cognoscitivos - l u
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6 natural interações
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dominio de nervoso
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Conservaça~ - _
interaçôes <:] I da adaptação estrutural
Contabilidade lógica- I I
LPlasticidade Detenninação
estrutural estrutural
RepreJntação-
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SoIIpslsmo
HISTÓRIA: REPRODUÇÃO
3 E HEREDITARIEDADE
FENÔMENOS HISTÓRICOS
ORGANIZAÇÃO E HISTÓRIA
A dinâmica de qualquer siste- nos casos atuals das máquinas
ma no presente pode ser expli- criadas pelo homem, pois te-
cada se mostrarmos as rela- mos acesso a todos os deta-
ções entre suas partes e as re- lhes de sua produção. No en-
gularidades de suas intera- tanto, a situação não é tão fácil
ções, de forma a revelar sua no caso dos seres vivos, por-
organização. Mas, para o en- que sua gênese e sua história
tendermos plenamente, não nunca são diretamente visí-
basta vê-lo como uma unidade veis, e só podem ser reconsti-
operando em sua dinâmica In- tuídas em fragmentos.
terna, mas também em suas
circunstâncias, no contorno ou
contexto a que seu operar o
une. Tal compreensão requer
sempre um certo distancia-
mento de observação, uma
perspectiva que, no caso dos
sistemas históricos, Implica re-
ferência a uma origem. Isso
pode ser fácil, por exemplo,
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Figura 18. Um caso de reprodução por fratura.
A reprodução celular
\ I
Hereditariedade reprodutiva
I
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\
HEREDITARIEDADE
\
Entendemos por hereditariedade a
conservação transgeracional de
qualquer aspecto estrutural de uma
linhagem de unidades historicamen-
te ligadas.
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10 2
Conhecer o
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I Experiência cotidiana L AutOPOieseJ \I
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Fenômeno do conhecer
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Fenômenos histôricos
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Fenômenos Perturbações'_ _ !-l-...
rr-- culturais I
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estrutural
Solipsismo
4 A VIDA DOS METACELULARES
Acoplamento estrutural
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Autopoiese
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Representaçao-
Solipsismo 1 estrutural
A DERIVA NATURAL
5 DOS SERES VIVOS
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Ontogenia e seleção
I
nador" contínuo das mudanças estruturais que o organismo
sofre em sua ontogenia.
Estritamente falando, com o meio ocorre exatamente o
mesmo. Em sua história, são as interações com os seres vivos i
que atuam como seletores de sua mudança estrutural. Por
exemplo, o fato de ter sido o oxigênio, dentre todos os gases
possíveis, aquele que as células dissiparam durante os primei-
ros milhões de anos após a origem dos seres vivos, teria deter-
minado ' mudanças fundamentais na atmosfera terrestre, de
modo que hoje, como resultado dessa história, esse gás existe
numa porcentagem significativa. Por sua vez, a presença de oxi-
\
A árvore do conhecimento 137
I
tural da unidade com o meio, e portanto não deveria surpreen-
der. Em outras palavras, a ontogenia de um indivíduo é uma
deriva de mudanças estruturais com conservação de organiza-
ção e adaptação.
É bom repetir: a conservação da autopoiese e a conser-
vação da adaptação são condições necessárias à existência dos
seres vivos. A mudança estrutural ontogênica de um ser vivo
no seu meio será sempre uma deriva estrutural congruente en-
tre o ser vivo e o meio. Ao observador, essa deriva parecerá "se-
lecionada" pelo meio ao longo da história de interações do ser
vivo, enquanto estiver vivo.
t
Filogenia e evolução
\
I Neste ponto já dispomos de todos os elementos para
entender, em seu conjunto, a grande série de transformações
dos seres vivos durante sua história, e para responder às per-
guntas com que abrimos o capítulo. O leitor atento deve ter
notado que, para nos aprofundarmos nesse fenômeno, o que
fIzemos foi examinar sob um microscópio conceitual o que
ocorre na história das interações individuais. Ao entender
como isso acontece em cada caso, e sabendo que haverá varia-
138 Hwnberto Maturana R. / Francisco Varela G.
,
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A árvore do conhecimento 139
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Ammoni)ida
Cre)áceo
Jurássico
Cerátilida
. Triásico
Goniatitida
Permiano
Carbonífero
Oevoniano
\
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A árvore do conhecimento 141
Deriva natural
I,
Figura 29. A deriva natural dos seres vivos segundo a metáfora
da água. .
\
A árvore do conhecimento 143
Conhecer o
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Organização-Estrutura
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1---:-_ __ Ética
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I
Fenômeno do conhecer
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Atos cognoscitivos ---ll..u rFilogenia
co~mll
Ampliação do
Deriva
natural
História de
interaçôes
dominio de I - SeIIeçao
ConservaçaL -
interaçôes da adaptação estrutural
I I
L I'Iruoticid'd' Jl Determinação
estrutural
,.'nu""" I
Figura 32 . Um orangotàngo roubando um rato de um gato.
154 Humberto Maturana R. / Francisco Varela G.
Sapos e crianças-lobo
c
Figura 34. a) e b): Comparação mostrando o andar lupino da
menina bengali algum tempo depois de encontrada; c) meni-
na-lobo comendo como aprendera.
A árvore do conhecimento 161
CONDUTA
Conhecer o
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1
I Lf- ExperiênciaI cotidiana L AutoPOiese J
I - - + - --lttica C> I
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culturais rr Acopbento-6nto-- ) I
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Unidades de
segunda ordem
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I "
1
estrutural estrutural
RepreJntação-
Solipsismo
o SISTEMA NERVOSO
7 EACOGNIÇÃO
°
da matriz e membrana celular. Como resultado, protoplasma
flui em certos pontos e empurra o animal numa ou noutra di-
reção, produzindo os movimentos amebóides. Ao contrário do
que ocorre com a sagitária, ninguém hesita em descrever tal
situação como conduta.
De nossa perspectiva, é claro que há uma continuidade
entre ambos os casos. Ambos são instâncias de conduta. Ten-
de-se a caracterizar como conduta a situação da ameba e não
a da sagitária porque na primeira se pode detectar movimento.
Ou seja, há uma continuidade entre o movimento da ameba e
174 Humberto Maturana R.I Francisco Varela G.
tO"
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10-' 10-' 10-' 1 10' 10' II}' 10' 10' 10' lO' lG" 10' 10"
V_de (com/mllfrOS por segundo)
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I
Estrutura neuronial
A rede intemeural
SINAPSE
A sinapse é o ponto de cantata distintos. Cada uma das termi-
estreito que existe entre um nações faz uma contribuição
neurónio e outro, ou entre neu- pequena à permuta total de ati-
rónios e outras células, como na vldade elétrlca do neurónio a
sinapse neuromuscular. Nesses que se conecta. Além disso,
pontos, as membranas de am- cada neurónio é capaz d~ in-
bas as células se aderem estrei- fluenciar quimicamente a estru-
tamente. Neles, as membranas tura de todos os neurónios que
são especializadas para a se- a ele se conectam (Figura 46),
creção de moléculas especiais, por meio da difusão de metabó-
llE os neurotransmissores. Um im- litos · que saem e penetram as
pulso nervoso percorre o neu- superfícies sinápticas e se ele-
rónio e chega finalmente a uma vam pelos axónios até os res-
terminação sináptica, produzin- pectivos corpos celulares. Des-
do a secreção do np.urotrans- se duplo tráfego elétrico meta-
missar que cruza o espaço en- bólico depende, a cada momen-
tre as membranas desenca- to, o estado de atividade e o es-
deando uma permuta elétrica na tado estrutural de cada neuró-
célula receptora. Somente espe- nio do sistema nervoso.
cializações como essas possi-
bilitam aos neurónios, bem
como a outras células, uma in-
fluência mútua e localizada, e
não difusa - ou generalizada,
como ocorreria se as Interações
se dessem por permutas de
concentração entre algumas
moléculas na corrente sangüí-
nea.
Sobre cada neurónio, em sua
árvore dendrítlca, há muitos mi-
lhares de terminações sinápti-
cas de centenas de neurónios
Figura 46 . Reconstrução
t ridimensional de todos
os con tatos sinápticos
que o cor po celular re-
cebe de um neurônio
m otor da m edula espi-
n hal.
A áruore do conhecimento 187
córtex occipital
~ 7U10 superior
núcleo reticular
D----+ LGN +--+ do tálamo
retina
hipotálamo
/, locus cerúleo
.
Figura 50. Tamanho relativo da porção cefálica do sistema ner-
voso em vários animais .
Plasticidade
o CÉREBRO E O COMPUTADOR
É interessante: a clausura ope- ou seja, tais entradas e saídas
racional do sistema nervoso fariam parte da definição do
não permite que seu operar sistema, como ocorre com o
caia em nenhum dos dois ex- computador e outras máquinas
tremos, representacionista ou criadas pela engenharia. Isso é
solipsista. totalmente razoável na criação
Não é solipsista porque, como de uma máquina com a qual se
parte do organismo, o sistema deseja interagir. Mas o sistema
nervoso participa das intera- nervoso (e o organismo) não
ções deste com o meio. Tais foi projetado por ninguém. É o
mudanças desencadeiam cons- resultado de uma deriva filogê-
tantemente mudanças estrutu- nica de unidades centradas em
rais que modulam a dinâmica sua própria dinâmica de esta-
de estados do sistema nervo~ dos. Adequado é, portanto, re-
soo Com efeito, é basicamente conhecer o slstemá nervoso
por isso que nós, como obser- como uma unidade definida
vadores, vemos as condutas por suas relações internas, cu-
animais em geral como ade- jas Interações só modulam sua
quadas às suas circunstâncias. dinâmica estrutural, dentro de
Eles não se comportam como sua clausura operacional. Dito
se estivessem seguindo sua de outra forma, ao contrário do
própria programação, inde- que se costuma pensar, o sis-
pendentemente do meio. É as- tema nervoso não "capta infor-
sim apesar do fato de que, para mações" do meio, e sim pro-
o operar do sistema nervoso, duz um mundo ao especificar
não existe fora nem dentro, e que configurações do melo são
sim apenas a manutenção das perturbações e que mudanças
correlações próprias que estão estas desencadeiam no orga-
em contínua mutação (como os nismo. A metáfora tão em voga
instrumentos indicadores do do cérebro como um computa-
submarino do nosso exemplo). dor é não só ambígua como
Tampouco é representacionis- francamente equivocada.
ta, já que em cada "interação é
o estado estrutural do sistema
nervoso que especifica quais
perturbações são possíveis e
quais mudanças podem desen-
cadear em sua dinâmica de es-
tados. Seria um erro, portanto,
definir o sistema nervoso co-
mo dotado de entradas ou saf-
das no sentido tradicional -
196 Humberto Maturana R./Francisco Varela G.
CONHECIMENTO
a~
o ~I
devemos agora acrescentar a presença de um sistema nervoso,
que também funciona com clausura operacional, mas como
parte integrante do organismo. Podemos ilustrá-lo sucinta-
mente assim:
Conhecer o r--;::===::::=====::;-i I
I,- """ organização-Estrutura
.--f-- - conhecer --~!--l 1
1---+-- - Ética
I
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L .- Experiência cotidiana
I
L Autopoiese J
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biológica
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Domínios
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Conservação-Variação
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Consliência
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natural interaçôes
I - Se'Ieçao
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Contabilidade lógica
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Determinação
estrutural
Solipsismo
~ OSFENÔMENOSSOCUUS
Insetos sociais
<.~
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,." ".,' .
Vertebrados sociais
FENÔMENOS SOCIAIS
COMUNICAÇÃO
o cultural
Um belo caso de comunicação ontogênica nos é acessí-
vel diariamente no canto de certos pássaros - entre outros, do
papagaio e de' seus parentes próximos. Esses animais habi-
tualmente vivem numa selva densa, onde não podem manter
contato visual. Em tais condições, é o canto que permite que
218 Hwnberto Maturana R. / Francisco Varela G.
Espectograma
25 m 10m 40 cm
~~ \,CJ ~
Freqüência 4
1
(Khz) 2
1
0 " - - - -........- -
O 0.5 O 0.5 O 0.5
Tempo (segundos)
ALTRUrSMO E EGOrSMO
o estudo dos acoplamentos on- do, de que a natureza tem "den-
togênlcos entre os organismos e tes e garras sangrentos", como
a avaliação de sua universalida- disse um contemporâneo de
de e variedade apontam para um Darwin. Muitas vezes ouvimos
fenômeno próprio do social. que a teoria de Darwin implica
Pode-se dizer que, quando o antí- que vivemos sob a lei da selva
lope fica para trás .e se arrisca - cada um cuida egoistamente
mais do que os outros, é o grupo de seus próprios interesses à
que se beneficia, e não o animal custa dos demais, numa impla-
diretamente. Também se pode di- cável competição.
zer que, quando uma formiga Essa visão do animal como
operária não se reproduz e em egofsta é duplamente falsa. Em
vez disso se dedica a conseguir primeiro lugar, porque a histó-
alimento para todas as crias do ria da natureza nos diz que não
formigueiro, é o grupo que se be- é assim, seja por onde for que a
neficia, e não a formiga direta- examinemos. Os exemplos de
mente. condutas que podem ser des-
Tudo acontece como se hou- critos como altruístas são qua-
vesse um equilíbrio entre a ma- se universais. Em segundo lu-
nutenção e subsistência indivi- gar, porque os mecanismos que
duai e a manutenção e subsis- se podem postular para enten-
tência do grupo como unidade der a deriva animal não reque-
mais ampla, que engloba o Indi- rem absolutamente a noção in-
víduo. De fato, na deriva natural dividualista, em que o benefício
se estabelece um equilíbrio en- de um indivíduá requer o prejuí-
tre o individual e o coletivo, zo de outro. Ao contrário, seria
pois os organismos, ao acopla- uma incoerência.
rem-se estruturalmente em uni- Com efeito, ao longo deste livro
dades de ordem superior (com vimos que a existência do vivo
seu próprio domínio de existên- na deriva natural, tanto onto
cia), incluem a manutenção como filogenética, não depende
dessas estruturas na dinâmica da competição, e sim da con-
de sua própria manutenção. servação da adaptação. O en-
Os etólogos chamam de "al- contro individual com o meio
truístas" as ações que podem resulta na sobrevivência do ca-
ser descritas como tendo efei- paz. Pois bem, podemos mudar
tos benéficos para.a coletivida- de nível de referência em nossa
de, escolhendo um termo que observação e considerar tam-
evoca uma conduta humana bém a unidade grupal, compos-
carregada de conotações éti- ta pelos indlvrduos, para a qual
cas. O motivo talvez seja a vi- a conservação é considerar
são, herdada do século passa- também a unidade grupal, com-
A árvore do conhecimento 221
ORGANISMOS E SOCIEDADES
Organismos e sociedades per- agora as diferenças entre os or-
tencem a uma mesma classe de ganismos e sistemas sociais
metassistemas, membros for- humanos.
mados pela agregação de uni- Os organismos, como sistemas
dades autônomas, tanto celula- metacelulares, possuem clausu-
res como metacelulares. O ob- ra operacional graças ao acopla-
servador pode distinguir os di- mento estrutural das células
ferentes metassistemas que que os compõem. O central , na
participam dessa classe pelos organização dos organismos é
diferentes graus de autonomia sua maneira de ser unidade num
que considera possíveis para meio em que precisam operar
seus componentes. Assim, se com propriedades estáveis que
ele os ordena em série segundo lhes permitam conservar sua
o grau em que seus componen- adaptação, quaisquer que sejam
tes dependem, para sua realiza- as propriedades de seus com-
ção como unidades autônomas, ponentes. A conseqüência evo-
da participação no metassiste- lutiva fundamental disso é que a
ma que integram, os organis- conservação da ' adaptação dos
mos e sistemas sociais huma- organismos de uma determina-
nos ocuparão os extremos da linhagem seleciona, recor-
opostos da série. Os organis- rentemente, a estabilização das
mos seriam metasslstemas com propriedades das células que os
componentes de mínima auto- compõem. A estabilidade gené-
nomia, ou seja, cuja dimensão tica e ontogenétlca dos proces-
de existência Independente é
sos celulares que constituem os
muito pouca ou Inexistente, en-
organismos de cada espécie,
quanto as sociedades humanas
bem como a existência de pro-
seriam metassistemas com
cessos orgânicos que podem
componentes de máxima auto-
eliminar células que fogem da
nomia, ou seja, com amplas di-
norma, revela esse traço.
mensões de existência inde-
pendente. As sociedades for-
madas por outros metacelula-
res, como as dos insetos, fica-
riam situadas em diferentes
pontos intermediários. No en-
tanto, as diferenças entre esses
metassistemas são operacio-
nais. Dadas algumas transfor-
mações nas respectivas dinâmi-
cas internas e relacionais, eles
podem se deslocar para uma ou
outra dlreção da série. Vejamos
224 Humberto Maturana R. / Francisco Varela G.
Mlnlma Máxima
autonomia Organls- Insetos Sociedades autonomia
Esparta
de mos sociais humanas de
componentes componentes
CONDUTA CULTURAL
Conhecer o r-~::::::::::::::==~~ \
~~-- ----~ 1
conh,ecer L ,- Experiência cotidiana
I . L AutoPoiese J
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I I
9
Explicação Obser-__
científica vador
I I
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Domínios Fenômenos his tóricos-
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Conservação-Variação
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reflexiva
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culturais
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I I
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Unidades de _ _+-,:-:-,
terceira ordem
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Atos cognoscitivos ~
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rFiIOgenia.----::--...;,...J
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I L natural interaçôes
~Ampliação do C d ta S ' t l- I I
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nervloso -
interaçôes <::] I da adartação eSjtural
LPlasticidade Contabilidade lógica Determinação
estrutural I estrutural
I Representação-
Solipsismo
I
DOMÍNIO~ LINoüisTICOS
9 E CONSCIÊNCIA HUMANA
\
Descrições semânticas
DOMíNIO LlNGüíSTICO
condutas condutas
ontogênicas comunicativas
condutas
lingüfsticas
. I I
A árvore do conhecímento 235
A LINGUAGEM
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Figura 65. Capacidade de generalização segundo histórias dife-
rentes de aprendizado lingüístico.
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1850 -
1650
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650
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450
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~I
População
mundial:
10 milhões
Porcentagem de
colheiteiros-
caçadores: 100%
População
mundial:
3 bilhões
Porcentagem de
colheiteiros-
caçadores: 0,01%
CA!i!Y1BQ~~
,
rie de estudos de um grande
II DI ' /( ,
II
II ft 'ir
I
,
número de pessoas que so-
frem
drome
de epilepsia - uma sín-
que, em sua pior ma-
nifestação, produz epicentros
de .atividades elétricas que se
expandem por todo o córtex,
sem nenhuma regulação (Fi-
gura 70). Como conseqüên-
cia, a pessoa sofre convulsões
e perda de consciência, além
de toda uma série de outros
sintomas bastante incapaci-
tadores. Tentou-se há alguns
Figura 70. Ataque de epilepsia
do rei inca, segundo gravu- anos, em casos extremos de
ra da época (século XVII) . epilepsia, evitar a invasão m
\
A árvore do conhecimento 249
o mental e a consciência
Todos esses experimentos nos dizem algo fundamental
sobre a maneira como diariamente organizamos e damos coerên-
cia à continua concatenação de reflexões que chamamos cons-
ciência e que associamos à nossa identidade. Por um lado, nos
mostram que o operar recursivo da linguagem é condição sine
qua non para a experiência que associamos ao mental. Por outro,
essas experiências, fundadas no lingüístico, se organizam com
base numa variedade de estados de nosso sistema nervoso.
Como observadores, não temos necessariamente um acesso dire-
to a tais estados, mas estes ocorrem sempre de maneira a man-
ter a coerência de nossa deriva ontogênica. No domínio lingüísti-
co de Paul, não é possível que este ria sem uma explicação coe-
rente de tal ação. Portanto, sua vivência lhe imputa alguma cau-
sa, tal como: "É que vocês são gozados", conservando com essa
reflexão a coerência descritiva de sua história.
O caso de Paul revela, até certo ponto, como consciên-
cias desconexas operam dentro de um mesmo organismo, e as-
A árvore do conhecimento 251
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Representaçao-
I
Contabilidade lôgicai-
da adaptação estrutural
I
Determinação
estrutural
I
Solipsismo -----:
A ÁRVORE DO
10 CONHECIMENTO
o conhecer e o conhecedor
I
Como as mãos da gravura de Escher (Figura 7), este li-
vro também seguiu um itinerário circular. Partimos das quali-
!
I
I
dades de nossa experiência, comuns a nossa vida social con-
junta, e desse ponto de partida flzemos um longo percurso
pela autopoiese celular, a organização dos metacelulares e
seus domínios condutuais, a clausura operacional do sistema
I
nervoso, os domínios lingüísticos e a linguagem. Aos poucos }
fomos armando com peças simples um sistema explicativo ca-
I
paz de mostrar como surgem os fenômenos próprios dos seres
vivos. Assim, acabamos por mostrar como os fenômenos so- !
ciais, fundados num acoplamento lingüístico, dão origem à lin-
guagem, e como a linguagem, a partir de nossa experiência co-
tidiana do conhecer, nos permite gerar a explicação de sua ori-
gem. O começo é o flnal.
Cumprimos assim a tarefa que nos propusemos no iní-
cio, qual seja, que a teoria do conhecimento deveria mostrar
como o fenômeno do conhecer gera a explicação do conhecer.
É uma situação muito diferente das que normalmente encon-
tramos, em que o fenômeno do explicar e o fenômeno explicado
pertencem a domínios djstintos.
Pois bem, se o leitor seguiu com seriedade o que foi 'I
(
~
uma tradição biológica que começou com a origem da vida e
que se estende até hoje, nas variadas histórias dos seres hu-
manos deste planeta. É devido a nossa herança biológica co-
mum que temos os fundamentos de um mundo comum e não I
I
\
preensão do fenômeno do conhecer, já que funda o ponto de
partida que permite sua explicação cientifica.
ÉTICA
I
I
so lado na convivência. Esse é o fundamento biológico do fenô-
meno social: sem amor, sem a aceitação do outro ao nosso
lado, não hâ socialização, e sem socialização não hâ humanida-
\
de. Tudo o que limite a aceitação do outro - seja a competição,
a posse da verdade ou a certeza ideológica - destrói ou restrin-
\
ge a ocorrência do fenômeno social e, portanto, também o hu-
mano, porque destrói o processo biológico que o gera. Não se
trata de moralizar - não estamos pregando o amor, mas apenas
264 Humberto Maturana R./Francisco Varela G.
m I Shah, The sufis, Anchor Books, Nova Iorque, 1964, PIl. 2-15.
266 Humberto MaturanaR.jFrancisco Varela G.
'r1
I
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I
I
I
I
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GLOSSÁRIO
f
)
Plasmódio: unidade multinuclear resultante da fusão de vários indiví-
\
I duos unicelulares.
!
Procariontes: células sem compartimento nuclear.
Proteínas: moléculas orgânicas formadas pela união em cadeia de
numerosos aminoácidos. Essa cadeia se dobra em formas tridi-
mensionais dependendo da composição dos aminoácidos.
Protozoários: células eucariontes vivas e livres.
Quiloparsec: unidade de distância astronõmica, que corresponde
aproximadamente a 3.260 anos-luz.
Pseudópodes: extensões protoplásmicas de células amebóides.
270 Hwnberto Maturana R. / Francisco Varela G.
I
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J
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~1
'I
_. i
-}
I
(
Fontes das ilustrações
Figura 23: Extraído de J.T. Bonner, Size and cyc/e, Princeton Univer-
sity Press, 1965, láminas 6, 18, 25, 26.
Figura 24: Adaptado de J.T. Bonner, Size and cyc/e, op. cit., p. 17.