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1ª AULA – 02/08/2011

Terça-feira

Professor: André Barros

LEI DE INTRODUÇÃO AS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO (Dec-


4.567/42)

1. Conceito

Lei de introdução é um conjunto de normas jurídicas que tem por objetivo disciplinar a
atuação da ordem jurídica brasileira no tempo e espaço. É uma lei sobre leis (Lex legum).
Norma de sobredireito / superdireito – é uma norma jurídica destinada a regular outras leis.
Consistem num conjunto de normas cujo objetivo é disciplinar as próprias normas jurídicas.
De fato, norma de sobredireito é a que disciplina a emissão e aplicação de outras normas
jurídicas. Na verdade, como salienta Maria Helena Diniz, é uma lei de introdução às leis, por
conter princípios gerais sobre as normas sem qualquer discriminação. É, pois, aplicável a
todos os ramos do Direito.

LICC X LINDB: Alteração do nome da lei. Tal mudança foi necessária, pois a LINDB
tem aplicabilidade sobre todo o ordenamento jurídico e não apenas no Código Civil: normas
de Direito Privado e normas de Direito Público, salvo disposição em sentido contrário. A
princípio a LINDB aplica-se a todo ordenamento jurídico, mas existem restrições em relação
a tal aplicabilidade previstas em determinadas leis.
OBS.: Este sempre foi o amplo de aplicação da LICC. A alteração do nome apenas
adequou o título da norma a sua aplicabilidade.

2. Interpretação das normas jurídicas (hermenêutica)

Interpretar é descobrir o sentido (significado dos vocábulos) e o alcance (âmbito de


aplicação) da norma jurídica.

Hermenêutica é a ciência que estuda os meios de interpretação das normas jurídicas.

Toda norma jurídica precisa interpretada? Atualmente o entendimento doutrinário é no


sentido que toda jurídica precisa ser interpretada. As parêmias latinas in claris non fit
interpretatio OU in claris cessat interpretatio não tem mais aplicabilidade. Até pra se afirmar
que uma norma é clara foi preciso realizar uma interpretação.

Formas de interpretação devem ser estudadas. Exemplo: Interpretação sociológica /


teleológica: telos: é aquela que busca o sentido e o alcance da norma nos fins sociais a que ela
se dirige (art. 5º, LINDB). Busca a ratio legis (a razão da norma).

LEI DE INTRODUÇÃO AS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO

Art. 5o Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem
comum.
3. Aplicação da norma jurídica

Subsunção clássica: é o enquadramento do fato concreto ao conceito abstrato contido


na norma. No passado acreditava-se que o Direito era igual a norma jurídica (Escola
Positivista – Hans Kelsen – Teoria Pura do Direito). Para os positivistas, Direito era o que
estava na lei, devendo o operador do Direito se restringir ao conteúdo da norma jurídica. Para
Kelsen as normas jurídicas não podiam ser contaminadas por outras ciências e pelo valor. Só
após a 2ª Guerra Mundial que as constituições começaram a prevê o Princípio da Dignidade
da Pessoa Humana, como resposta às atrocidades cometidas no holocausto.

Subsunção moderna: acrescenta mais um elemento na concepção de Direito, ou seja, o


Direito passa a ser visto como fato, norma e valor, (escola científica ou moderna), MIGUEL
REALE (Teoria Tridimensional do Direito). Além de analisar o fato e a norma, o operador do
Direito deve analisar também os valores envolvidos. A dignidade da pessoa humana é o
principal valor previsto na nossa Carta Magna. Miguel Reale definiu três subsistemas
isomórficos: fato, valor e norma, os quais são independentes entre si, mas são inter-
relacionados. O Direito está em constante evolução.

Qual é a diferença entre Teoria Pura do Direito e a Teoria Tridimensional do Direito? A


Teoria Pura do Direito não admite a interferência de valores na definição do Direito. Na
Teoria Tridimensional a definição do Direito depende dos valores. Eventualmente, os valores
podem prevalecer sobre a norma escrita e alterar o Direito (decisão do STF sobre união
estável homoafetiva).

4. Lacuna ou meios de integração do ordenamento jurídico.


Lacuna é um problema enfrentado quando da aplicação da norma jurídica. Lacuna
(também denominada de lacuna propriamente dita ou de lacuna de omissão) é a ausência de
norma jurídica que regule determinado fato concreto. É resolvida (suprida/colmatada) pelo
artigo 4º da LINDB.

De acordo com o princípio da indeclinabilidade da jurisdição, o juiz é obrigado a


decidir, ainda que não haja lei disciplinando o caso concreto.

Diante da lacuna, isto é, ausência de lei regulando determinada situação jurídica,


torna-se necessário ao magistrado valer-se dos mecanismos de integração do ordenamento
jurídico, que são a analogia, os costumes, os princípios gerais do direito e a equidade. É certo,
pois, que o art. 4º da LINDB não se refere à equidade.

Todavia, caso os outros mecanismos de integração sejam insuficientes, outra saída não
há a não ser solucionar a lide pela equidade.

O legislador não poderia prever, de antemão, todas as hipóteses passíveis de


ocorrência na vida real. É, pois, natural que a lei contenha lacunas. Na ausência ou lacuna da
lei, surgem os mecanismos de interpretação do ordenamento jurídico: analogia, costumes,
princípios gerais do direito e equidade.

O Direito não tem lacunas porque ele não se expressa apenas através da lei. Esta, sim,
pode ser lacunosa e até ausente na disciplina do caso concreto.
A integração da lei penal, porém, só acontece no campo das normas não
incriminadoras, que beneficiam o réu. O nullum crimen, nulla poena sine lege impede que, na
ausência ou lacuna da lei, o delito seja criado pela analogia, costumes ou princípios gerais do
direito.

Atenção: lacuna não deve ser confundida com a antinomia (também denominada de
lacuna de conflito ou de colisão) que é o conflito entre duas normas, dois princípios ou entre
uma norma e um princípio aplicáveis a uma mesma situação, porém com situações
divergentes. Temos não ausência de normas, mas sim excesso de normas. A solução das
antinomias está presente em alguns dispositivos legais, mas é essencialmente ditada pela
doutrina.

LEI DE INTRODUÇÃO AS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO

Art. 4o Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os
costumes e os princípios gerais de direito.

O juiz pode deixar de julgar alegando lacuna? Em nosso país o juiz não pode deixar de
julgar alegando qualquer forma de lacuna ou obscuridade da lei. É o que se denomina de
vedação ao non liquet. (art. 4 º da LINDB; art. 126 CPC; art. 8º da CLT; art. 7º do CDC, art.
107 do CTN). O Princípio do non liquet é fundamentado no Princípio da inafastabilidade da
jurisdição (previsto no art. 5º, inciso XXXV, da CF).

CONSTITUIÇÃO FEDERAL

XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;

4.1. Meios de suprir a lacuna


Art. 4º da LINDB = art. 126 CPC.

Doutrina clássica – aponta que o art. 4º da LINDB representa uma ordem a ser seguida
pelo juiz. A princípio essa é a melhor posição a ser gabaritada num concurso.

Doutrina moderna – aponta que a ordem do art. 4º da LINDB não precisa ser seguida,
pois representa uma inversão de valores. As normas devem está de acordo com os princípios e
nunca o inverso. Os princípios são tratados como a última fonte, mas deveria ser a primeira.

a) Analogia – consiste na aplicação de uma norma prevista para hipótese distinta,


porém semelhante. A analogia está fundamentada na idéia de que “onde” existe a mesma
razão, deve existir o mesmo direito.
Ex.: art. 12, parágrafo único do CC – aplicação aos companheiros.

Qual a diferença entre analogia e interpretação extensiva? Na analogia a norma


prevista para hipótese distinta é aplicada a situação semelhante que não estava contemplada
em seu espírito. A analogia é meio de integração da norma jurídica. Na interpretação
extensiva o alcance da norma é ampliado sobre o fundamento embora o fato não esteja
expressamente previsto na lei (no dispositivo) está contemplado no seu espírito (é um meio de
interpretação). Interpretação extensiva: art. 422 do CC (trata da boa-fé objetiva), que permite
a aplicação do princípio da boa-fé objetiva a fase pós-contratual.

CÓDIGO CIVIL
Art. 422 - Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em
sua execução, os princípios de probidade e boa-fé

b) Os costumes – é a prática longa, reiterada e pública de um determinado ato com a


convicção de sua obrigatoriedade jurídica.

No Brasil, há o predomínio da lei escrita sobre a norma consuetudinária. E, no aspecto


penal, o costume nunca pode servir para criar delitos ou aumentar penas. Sua intromissão
nesse campo, que é restrito à lei, é barrada pelo princípio da reserva legal.

Elementos do costume:
Objetivo: repetição do comportamento ou da conduta
Subjetivos ou psicológico: convicção de sua obrigatoriedade/necessidade jurídica.

Classificação dos costumes em relação à lei:

Secundum legem – é aquele que está de acordo com a lei. É a hipótese em que a lei
determina observância do costume. É o que auxilia a esclarecer o conteúdo de certos
elementos da lei. Art. 113 do CC

CÓDIGO CIVIL

Art. 113 - Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar
de sua celebração

Praeter legem – é o costume que regula uma situação não disciplinada pela lei. É o
que supre a ausência ou lacuna da lei. É o chamado costuma integrativo. Ex.: o cheque pré-
datado. Ex.: Súmula 370 do STJ.

SÚMULA 370 DO STJ

Caracteriza dano moral a apresentação antecipada do cheque pré-datado

Contra legem ou negativo – é aquele contrário a lei escrita. O costume contra legem
não é aceito no nosso país por ferir o princípio da supremacia da lei (uma lei válida só pode
ser revogada por outra lei válida, nunca por um costume).
OBS.: Para a Escola Científica (Escola Moderna) é possível em caráter excepcional a
adoção de um costume contra legis. Esta posição não é recomendável em provas.

Civil Law Commo Law


Normas jurídicas escritas, normas ordenamento jurídico não positivado,
positivadas. A fonte primária é a lei. O pautado nos costumes, especialmente, os
ordenamento sustenta-se no Princípio da costumes jurídicos, baseados nas decisões
Supremacia da Lei – Ex.: Brasil) dos tribunais – Ex.: Inglaterra e Estados
Unidos da América)
c) Princípios Gerais do Direito - São regras norteadores do ordenamento jurídico
universalmente aceitas, mas não necessariamente escritas. Ex.: Princípio da Legalidade,
Princípio da Dignidade da Pessoa Humana etc.
Princípios gerais do Direito Romano:
1) Neminen laedere – não causar dano a outrem.
2) Honeste vivere – viver honestamente.
3) Suum cuique tribuere – dar a cada um o que é seu.

4.2. Breve estudo das antinomias


Antinomias é a presença de duas normas ou princípios conflitantes.
Na análise das antinomias, três critérios devem ser levados em conta para a solução de
conflitos:
a) critério cronológico: norma posterior prevalece sobre norma anterior;
b) critério da especialidade: norma especial prevalece sobre norma geral;
c) critério hierárquico: norma superior prevalece sobre norma inferior.

Dos três critérios acima, o cronológico, constante do art. 1º da LINDB, é o mais fraco
de todos, sucumbindo aos demais. O critério da especialidade é o intermediário e o da
hierarquia o mais forte de todos, tendo em vista a importância do texto constitucional, em
ambos os casos.

LEI DE INTRODUÇÃO AS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO

Art. 1o Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias
depois de oficialmente publicada.

4.3. Equidade
O Direito não se restringe ao complexo de leis, e sim ao complexo de normas jurídicas
que disciplinam a vida em sociedade. A lei é a forma escrita da expressão do Direito. Na sua
falta, o Direito se projeta através de outras formas de expressão, quais sejam, a analogia, os
costumes, os princípios gerais do direito e a equidade.

Equidade é a busca do ideal de justiça. De acordo com a posição de Maria Helena


Diniz a equidade não é um meio de integração, mas exerce função integrativa uma vez
esgotados os meios previstos no art. 4º da LINDB.

Na sua essência, como salienta Miguel Reale, a equidade é a justiça bem aplicada, ou
seja, prudentemente aplicada ao caso concreto.

Não obstante a sua relevante importância em face do Direito, a LINDB, ao referir-se


aos mecanismos de integração do ordenamento jurídico, não fez menção expressa à
equidade.

A equidade está prevista no art. 5º da LINDB.

Art. 5º da LINDB - Meio de interpretação – interesse sociológico.


Meio de integração – equidade
Qual a diferença entre julgar com equidade ou por equidade? Julgar com equidade
significa decidir de acordo com o direito/justiça. Todo o juiz deve julgar com equidade. Julgar
por equidade significa que o juiz está livre para decidir sem parâmetros definidos pela lei.

No plano jurídico, a equidade tem três funções:


a) na elaboração das leis – essa função de equidade é dirigida ao legislador. Este, na
elaboração das leis, deve inspirar-se no senso de justiça, atento às necessidades sociais e ao
equilíbrio dos interesses.

b) na aplicação do direito – Na função de aplicação do Direito, equidade significa a


norma elaborada pelo magistrado para o caso concreto como se fosse o legislador.

Não se pense, porém, que o magistrado possa elaborar uma norma específica para o
caso concreto em colidência com a norma legal. A lei, não obstante suas deficiências, deve ser
observada e respeitada, porque é ela que dá sentido às instituições, representando um papel
essencial à segurança jurídica. Não se deve, portanto, admitir a equidade contra legem, a
menos que a própria lei a autorize expressamente.

Por outro lado, na hipótese de lacuna da lei, a equidade como aplicação do direito,
consistente na norma elaborada pelo magistrado para solucionar o caso concreto, é
perfeitamente admissível na área penal, desde que em benefício do réu. Assim, o juiz pode
elaborar a norma de equidade, desde que presentes os seguintes requisitos: 1) que o fato não
esteja previsto em lei, isto é, que haja uma lacuna na lei; 2) que não seja possível suprir a
lacuna pela analogia, costumes e princípios gerais do direito.

Ao elaborar a dita norma não há qualquer violação ao princípio da separação de


poderes, pois o magistrado não está exercendo a função de legislador. Norma legal e norma de
equidade distinguem-se nitidamente. A norma legal, isto é, a lei, é genérica e obrigatória para
todos os casos. A norma de equidade é individual, específica para o caso concreto. Como se
vê, não se trata de lei, de modo que não há afronta ao princípio da separação de poderes.

c) na interpretação das leis – a equidade como elemento interpretativo da lei é


perfeitamente admissível.

A equidade, na sua função de interpretar as leis, tem o significado de amenização do


rigor excessivo das leis, dulcificando-as, adaptando-as ao caso concreto. Não se trata de
elaboração de uma norma, mas de mera interpretação da lei, suavizando-a com o fito de
desvendar a ratio legis (a razão da lei). O fim da lei, como adverte Serpa Lopes, “não é
buscado nela mesma ou no legislador, mas em função da sua adaptação aos fins sociais.

4.3.1 Justiça alternativa


A justiça alternativa é o movimento que preconiza a aplicação do direito, valendo-se
de duas premissas:
1ª. O juiz deve deixar de aplicar uma lei inconstitucional;
2ª. A interpretação da lei deve atender aos fins sociais e às exigências do bem comum.

A primeira premissa nada mais é do que o controle difuso ou aberto de


constitucionalidade das leis. Qualquer magistrado, para decidir o caso concreto, pode declarar,
incidentalmente, a inconstitucionalidade de uma lei, de modo que nenhuma novidade, nesse
aspecto, apresenta a justiça alternativa.

A segunda premissa encontra-se prevista no art. 5º da LINDB. Portanto, o próprio


ordenamento jurídico recomenda que a lei seja interpretada de acordo com os fins sociais e as
exigências do bem comum. Por conseqüência, não se trata de uma inovação da justiça
alternativa.

O aludido movimento ganhou corpo no Poder Judiciário do Rio Grande do Sul. O


mérito da escola gaúcha não consiste propriamente na fixação das duas premissas acima, mas
no questionamento do modelo tradicional de interpretação do direito. Com efeito, no modelo
tradicional o julgamento é feito pelo processo de subsunção da norma ao fato concreto. A
justiça alternativa inverte a relação entre a norma e o fato, tornando o fato como objeto
principal do conhecimento. Noutras palavras, a justiça alternativa parte do pressuposto de que
a norma regula uma situação padrão de fato, escusando-a de aplicá-la em relação a certos
fatos que destoam da situação normal para a qual a lei foi criada.

5. Vigência da lei no tempo


Promulgação é o ato do chefe do Poder Executivo que autentica a lei, determina a sua
publicação e marca a sua existência.

Publicação – a norma é divulgada mediante a inserção no diário oficial. A publicação é


requisito para vigência da norma jurídica.

Vacatio legis – é o intervalo existente entre o momento da publicação e o momento da


vigência de uma lei. A vacatio é necessária para que as pessoas possam adequar a conduta ao
comportamento prescrito pela lei. Tem a finalidade com que os futuros destinatários da lei a
conheçam e se preparem para cumpri-la.

Hipóteses da vacatio legis: 3 situações distintas


1ª) O legislador pode determinar a observância de um prazo específico de vacatio
legis. É o que se denomina cláusula de vigência. Ex.: C.C./2002 – prazo de 1 ano.

2ª) O legislador pode determinar a vigência imediata da lei. “Esta lei entra em vigor
na data de sua publicação”. É ausência de vacatio legis.

3ª) Se o legislador for omisso. Se o legislador for omisso deve ser aplicada a regra
presente no art. 1º da LINDB: A lei começa a vigorar em todo o país em 45 (quarenta e
cinco) dias depois de oficialmente publicada. Nos Estados estrangeiros três meses depois de
oficialmente publicada no90 (noventa dias).

A obrigatoriedade da lei nos países estrangeiros é para os juízes, embaixadas,


consulados, brasileiros residentes no estrangeiro e para todos os que fora do Brasil tenham
interesses regulados pela lei brasileira. Saliente-se, contudo, que o alto mar não é território
estrangeiro, logo, no silencio, a lei entra em vigor 45 dias depois da publicação (Oscar
Tenório).
LEI DE INTRODUÇÃO AS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO

Art. 1o Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de
oficialmente publicada.

§ 1o Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses
depois de oficialmente publicada. (Vide Lei 2.145, de 1953).

Aplica-se o prazo de vacatio legis previsto na LINDB aos atos administrativos


normativos? Aos atos administrativos normativos (portarias, decretos, resolução, circulares
etc) não são aplicáveis os prazos do art. 1º da LINDB. Para estes, em caso de omissão da
autoridade responsável pelo ato a vigência é imediata (Decreto 572/1890).

Espécies de vacatio legis:


Prazo progressivo ou sucessivo: é a hipótese em que a lei entra em vigor em diferentes
momentos, em todo o território nacional. É o que ocorria na antiga lei de introdução (ano de
1916). Justificado pela grande extensão territorial do Brasil e a dificuldade de divulgação da
lei em todo o país.

Prazo único ou simultâneo: é a hipótese em que a lei entra em vigor simultaneamente


em todo o país. É a regra na atual lei de introdução (1942). Essa regra é também conhecida
como princípio da vigência sincrônica.

Contagem do prazo de vacatio legis:


A contagem do prazo inicia na data da publicação e a lei entra em vigor no dia
subseqüente ao último dia do prazo, não importando se é dia útil ou não (ver art. 8º, § 1º, da
LC nº 95/1998). Conta-se o prazo dia a dia, inclusive domingos e feriados. O aludido prazo
não se suspende e nem se interrompe, entrando em vigor no dia seguinte ao último dia, ainda
que se trate de domingo e feriado.

LEI DE INTRODUÇÃO AS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO

Art. 8o A vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo a contemplar prazo
razoável para que dela se tenha amplo conhecimento, reservada a cláusula "entra em vigor na data
de sua publicação" para as leis de pequena repercussão.

§ 1o A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de
vacância far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em
vigor no dia subseqüente à sua consumação integral. (Parágrafo incluído pela Lei Complementar nº
107, de 26.4.2001)

§ 2o As leis que estabeleçam período de vacância deverão utilizar a cláusula ‘esta lei entra
em vigor após decorridos (o número de) dias de sua publicação oficial’ .(Parágrafo incluído pela Lei
Complementar nº 107, de 26.4.2001).

Publicação de uma lei em 1º de agosto com um vacatio legis de 5 dias. Quando essa lei
entrou em vigor? A lei entra em vigor no dia 06, independente de ser dia útil ou não.

OBS.: Cuidado não confundir a data da publicação (no final da lei) com a data da
promulgação (no início da lei). O prazo inicia-se a partir da data da publicação.

Fórmula: data da publicação + prazo de vacatio = dia do início da vigência.


Convém esclarecer que se a execução da lei depender de um regulamento, o prazo de
45 dias, em relação a essa parte da lei, conta-se a partir da publicação do regulamento (Serpa
Lopes).

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