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Marcos Corbari
Marcelo Ferreira
- Foi uma vitória da democracia, sabemos que a repercussão que essa exposição
tomou foi por conta dos atos ilegais que foram tomados contra ela, mas o mais
importante é que temos no final o reestabelecimento da liberdade e da democracia –
cometou o vereador Marcelo Sgarbossa (PT), cujo gabinete foi o responsável pela
organização da exposição juntamente com a Grafar. “Assim como muitos se
manifestaram contrários à censura, também existiram muitos que deram razão para a
arbitrariedade e exatamente por isso é muito importante que aconteça dessa forma,
com o pronunciamento da justiça colocando as coisas em seus devidos lugares e
demonstrando que no final a democracia prevalece”, emendou.
- O que aconteceu aqui é uma receita, sabemos que tem havido movimentos de
opinião plebiscitários de pessoas que se organizam de forma miliciana, ao arrepio da
lei, se dando direito de exercer a censura -, ponderou o cartunista Edgar Vázquez. “Nós
fomos pela lei e a lei se manifestou, isso nos lembra que temos que respeitar a
constituição do Brasil, que garante a todos a liberdade expressão”, acrescentou. Pra ele
é preciso se dar destaque exatamente para o viés que o limite de tudo o que está
acontecendo não é o plebiscito das redes sociais, e sim a lei. “Colocar esses painéis de
volta aqui, dá para se dizer metaforicamente que as coisas foram colocadas em seus
lugares”, concluiu.
Paralelos com SP e RJ
- É um momento de celebração, de uma vitória importante, mas também que
agreguemos forças para muitas outras lutas que estão pela frente -, refletiu Manuela
D’Ávila, ex-deputada e candidata a vice-presidenta da República na última eleição. “A
dirigente do PCdoB fez questão de relembrar outros dois momentos de conquistas
garantidas pelo meio judicial na mesma semana, em São Paulo e no Rio de Janeiro, que
garantiram a devolução às escolas de material pedagógico recolhido e, também, a livre
circulação de uma história em quadrinhos que foi alvo de tentativa de censura em um
evento voltado à literatura. “É fundamental que a gente compreenda a necessidade de
fortalecer as nossas instituições e principalmente de defender a democracia”, explicou.
Manuela lembrou que em tempos passados os mesmo que hoje tentam censurar as
manifestações de artistas que estão contrários ao governo federal, puderam
manifestar-se livremente com críticas em relação a líderes do campo da esquerda,
como Lula e Dilma. “Muitas vezes foram grosseiros, vulgares e violentos, e nós sempre
buscamos contrapor pelo debate, não pela censura”.
Ebook lançado
Concomitantemente à reabertura da exposição, foi lançado oficialmente o
ebook homônimo, que trouxe a veiculação de todos os desenhos censurados em
formato pdf free. Katia Marko, jornalista e editora do Brasil de Fato, comentou: “Logo
após a Censura que as Charges sofreram aqui, mobilizamos o Brasil de Fato, o Instituto
Cultural Padre Josimo e a Rede Soberania, juntamente com o SINDIJORS, a FENAJ e
FNDC, com autorização da Grafar e o apoio do Gabinete do Vereador Sgarbossa, para
publicar os desenhos integrantes da exposição em um ebook que já está disponível
para download gratuito”. Conforme relatou, a ideia de todos é que se possa “mandar
essa exposição para o mundo, pode compartilhar, utilizar como quiser, para que nunca
mais aconteça o que aconteceu aqui”.
Nova exposição
Empoderados pela vitória obtida via judicial e ressignificados pelo retorno dos
desenhos ao espaço de exposição pública da Câmara de Vereadores, os cartunistas
integrantes da Grafar aproveitaram para chamar o público para outra exposição cujo
tema será centrado na Censura. Conforme explicou Marques ao Sul21, a ideia da nova
exposição a ser aberta nessa terça-feira, 17, é “reunir charges recentes, incluindo as
que haviam sido censuradas na Câmara, mas também uma retrospectiva de desenhos
desde a época do final da ditadura militar”. Conforme explicou o artista, a mostra
estará aberta ao público na sede do Clube de Cultura a partir das 19h30.