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Erick Alves
Curso Gratuito de Direito Administrativo para Concursos
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Sumário
SUMÁRIO................................................................................................................................................................3

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................................... 4

ATOS ADMINISTRATIVOS ...................................................................................................................................... 4

CONCEITO ............................................................................................................................................................................ 6

ATRIBUTOS ........................................................................................................................................................... 9

PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE ................................................................................................................................................. 9


IMPERATIVIDADE ................................................................................................................................................................. 11
AUTOEXECUTORIEDADE ....................................................................................................................................................... 12
TIPICIDADE ......................................................................................................................................................................... 14

ELEMENTOS ......................................................................................................................................................... 15

COMPETÊNCIA .................................................................................................................................................................... 16
FINALIDADE ........................................................................................................................................................................ 18
FORMA .............................................................................................................................................................................. 18
MOTIVO ............................................................................................................................................................................ 20
OBJETO ............................................................................................................................................................................. 23

ANULAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS........................................................................................................... 24

REVOGAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS ........................................................................................................ 25

CONVALIDAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS ...................................................................................................28

VINCULAÇÃO E DISCRICIONARIEDADE ................................................................................................................. 31

MÉRITO ADMINISTRATIVO ..................................................................................................................................................... 32

QUESTÕES DE CONCURSO COMENTADAS............................................................................................................ 34

LISTA DE QUESTÕES ............................................................................................................................................ 41

GABARITO ............................................................................................................................................................44

RESUMÃO DIRECIONADO ..................................................................................................................................... 45

REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................................49

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Apresentação
Nesta aula, vamos estudar os seguintes assuntos geralmente cobrados em provas de Direito Administrativo:

DIREITO ADMINISTRATIVO: Atos Administrativos

Este livro digital em PDF está organizado da seguinte forma:


1) Teoria permeada com questões, para fixação do conteúdo– estudo obrigatório, págs. 4 a 30;
2) Bateria de questões comentadas da banca organizadora do concurso, para conhecer a banca e o seu
nível de cobrança– estudo obrigatório, págs. 31 a 37;
3) Lista de questões da banca sem comentários seguida de gabarito, para quem quiser tentar resolver
antes de ler os comentários–estudo facultativo, págs. 38 a 41;
4) Resumo Direcionado, para auxiliar na revisão– estudo facultativo, págs. 42 a 45.

Você pode ouvir o meu curso completo de Direito Administrativo narrado no


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Além disso, neste número, eu e a Prof. Érica Porfírio disponibilizamos


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“Direito Administrativo”.

Atos administrativos
No Direito, quando a manifestação da vontade humana produz efeitos jurídicos, é dito que se formou um
ato jurídico. Se este ato resulta de manifestações da Administração Pública, o que se tem é um

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ato administrativo. Portanto, logo de cara, pode-se dizer que o ato administrativo é uma espécie do gênero ato
jurídico.
Os atos administrativos constituem a forma básica pela qual a Administração Pública manifesta sua
vontade. Tais atos materializam o exercício da função administrativa, a qual é típica do Poder Executivo, mas
que também pode ser exercida pelos demais Poderes. Em outras palavras, os Poderes Legislativo e Judiciário
também editam atos administrativos.

Todavia, os atos administrativos, por sua natureza, conteúdo e forma, não se confundem com os atos
emanados do Legislativo e do Judiciário quando desempenham suas atribuições específicas de legislação
(elaboração de normas primárias) e de jurisdição(decisões judiciais). Assim, na atividade pública geral, podem
ser reconhecidas três categorias de atos inconfundíveis entre si: atos legislativos, atos judiciais e atos
administrativos1.

Questões para fixar


1) A edição de atos administrativos é exclusiva dos órgãos do Poder Executivo, não tendo as autoridades
dos demais poderes competência para editá-los.
Comentário:
O quesito está errado. Os órgãos administrativos de todos os Poderes, e não apenas do Poder Executivo,
exercem atividades administrativas e, portanto, editam atos administrativos. É o caso, por exemplo, de
quando a Mesa do Senado promove concurso público para a seleção de novos servidores; de quando a
Secretaria do STF realiza licitação para adquirir uma nova frota de veículos para o Tribunal; ou de quando o
Presidente do TCU demite servidor do órgão.
Gabarito: Errado

2) Quando o juiz de direito prolata uma sentença, nada mais faz do que praticar um ato administrativo.

Comentário:

O quesito está errado. O juiz quando prolata sentença está no exercício da função jurisdicional, típica do
Poder Judiciário; portanto, trata-se de um ato judicial, e não de um ato administrativo. De forma
semelhante, quando os parlamentares votam um projeto de lei, estão praticando um ato legislativo, no
exercício da função típica do Poder Legislativo, e não um ato administrativo. Com efeito, os Poderes
Judiciário e Legislativo só editam atos administrativos quando estiverem no exercício da função
administrativa (atípica para eles), como quando ordenam despesas próprias e concedem licenças aos seus
servidores.

Gabarito: Errado

Enfim, qual é então o conceito de ato administrativo? Quais as peculiaridades que o distinguem dos atos
legislativos e judiciais? É isso que veremos emseguida.

1
Hely Lopes Meirelles (2009, p. 152)

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Conceito
Para conceituar ato administrativo, vamos nos valer da definição proposta por Maria Sylvia Di Pietro, a
qual é bastante similar à da maioria dos grandes administrativistas:

Ato administrativo -declaração unilateral do Estado ou de quem o represente que produzefeitos jurídicos
imediatos, com observância da lei, sob o regime jurídico de Direito Público e sujeita a controle pelo Poder
Judiciário.

Vamos destrinchar esse conceito.

Primeiramente, vale observar que a autora conceitua o ato administrativo como uma “declaração” da
vontade do Estado. Ao usar a palavra “declaração”, ela deixa claro que deve haver uma exteriorização de
pensamento para que exista um ato administrativo. Assim, o silêncio ou omissão da Administraçãonão pode ser
considerado um ato administrativo, ainda que possa gerar efeitos jurídicos (como no caso da decadência e da
prescrição).
O conceito apresentado é restrito ao ato administrativo “unilateral”, ou seja, àquele que se forma com a
vontade única da Administração, independente da concordância daqueles que serão atingidos por ele; o ato
unilateral, segundo Hely Lopes Meirelles, é o ato administrativo típico. De outra parte, os atos bilaterais, que se
aperfeiçoam com mais de uma declaração de vontade, constituem os contratos administrativos (ex: contrato
de aquisição de bens celebrado pela Administração com um fornecedor particular), que serão estudados em aula
específica do curso2.

O ato administrativo é uma declaração unilateral do “Estado”. Estado, aqui, deve ser compreendido como
todas as pessoas que, de alguma forma, exercem funções públicas. Abrange tanto os órgãos do Poder Executivo
como os dos demais Poderes, que também podem editar atos administrativos. Além disso, compreende os
dirigentes de autarquias e fundações e os administradores de empresas estatais.

Detalhe, porém, é que o surgimento do ato administrativo pressupõe que a Administração atue nessa
qualidade, ou seja, “sob o regime jurídico de Direito Público”,usando de sua supremacia de Poder Público, com
as prerrogativas e restrições próprias do regime jurídico-administrativo. Assim, não seria ato administrativo,
por exemplo, a abertura de conta corrente por um banco estatal, pois, nesse caso, ele estaria praticando um ato
privado, em igualdade de condições com o particular. Por outro lado, o edital de licitação ou de concurso público
lançado por esse mesmo banco estatal seria um ato administrativo, eis que sujeito às normas de direito público.

O ato administrativo também é uma declaração unilateral de quem faça as vezes do Estado (“ou de quem
o represente”). Significa, assim, que os particulares também podem praticar atos administrativos, desde que
estejam investidos de prerrogativas estatais (agentes honoríficos, delegados e credenciados). Seria o caso, por
exemplo, das concessionárias de serviço público, que podem sancionar administrativamente o cidadão em
determinadas situações (ex: as concessionárias de transporte podem determinar a expulsão de passageiros que
não se comportem adequadamente).

2
Lucas Furtado ensina que, no Direito Privado, o conceito de ato jurídico compreende tanto as manifestações unilaterais de vontade
quanto os negócios jurídicos, nestes incluídos os contratos. No Direito Administrativo, ao contrário, somente as manifestações
unilaterais de vontade do Poder Público podem ser conceitualmente reconhecidas como atos administrativos.

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O ato administrativo produz efeitos jurídicos imediatos para os administrados, para a própria
Administração ou para seus servidores, criando, modificando ou extinguindo direitos e obrigações.
Ao dizer que ele produz efeitos jurídicos “imediatos”, a autora busca distinguir o ato administrativo da lei,
dado que esta, em razão de suascaracterísticas de generalidade e abstração, não se presta, deregra, a gerar
efeitos imediatos. Perceba que o conceito da autora, materialmente, não abrange os atos normativos (ex:
decretos e regulamentos), visto que, quanto ao conteúdo, eles se assemelham às leis, ou seja, não produzem
efeitos jurídicos imediatos. Ressalte-se, contudo, que os atos normativos, assim como os chamados atos
enunciativos, embora não sejam atos administrativos em sentido material (ou seja, quanto ao conteúdo), são
considerados atos administrativos formais, já que emanados da Administração Pública, com subordinação à lei.

Por falar em subordinação à lei, outro aspecto a destacar no conceito em estudo é que o ato administrativo
deve ser editado “com observância da lei”, significando que os atributos e elementos do ato devem estar
previstos em lei, a qual estabelece seus limites, formas, competência, abrangência, conteúdo, finalidade etc.

Por fim, há de se ressaltar que o ato administrativo é sempre passível de “controle pelo Poder
Judiciário”,afinal, entre nós vige o princípio da inafastabilidade da tutela jurisdicional (CF, art. 5º, XXXV).

Exercício da função administrativa

Declaração unilateral

Realizado por agente público, inclusive


particulares em colaboração
Ato administrativo
Regido pelo Direito Público

Produz efeitos jurídicos imediatos

Sujeito ao controle judicial

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Questões para fixar


3) A designação de ato administrativo abrange toda atividade desempenhada pela administração.

Comentário:

A questão está errada. Nem toda atividade desempenhada pela Administração se dá através da edição de
atos administrativos. Como exemplo, pode-se citar a locação de imóveis (ato de direito privado), a limpeza
de ruas (ato material), a emissão de pareceres (ato de opinião), além dos atos políticos, dos atos normativos e
da celebração de contratos administrativos. Todas essas atividades constituem atos da Administração, mas
não são classificadas como atos administrativos, pois lhes falta algum dos elementos destes, como a
unilateralidade, o regime de direito público e a produção de efeitos jurídicos imediatos.

Gabarito: Errado

4) A formalização de contrato de abertura de conta-corrente entre instituição financeira sociedade de


economia mista e um particular enquadra-se no conceito de ato administrativo.

Comentário:

A abertura de conta corrente pelos bancos públicos é feita mediante contrato, regido pelo direito privado.
Trata-se de ato da Administração, porque praticado por entidade pública, mas não propriamente de
ato administrativo, que constitui declaração unilateral do Estado, sob regime de direito público.
Gabarito: Errado

Delimitada a abrangência do conceito de ato administrativo, passemos a abordar os elementos e


atributos que o distingue dos demais atos da Administração.

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Atributos
O ato administrativo constitui exteriorização da vontade estatal e, por isso, é dotado de determinadas
características não presentes nos atos jurídicos em geral. São características inerentes aos atos administrativos
e que decorrem do regime de direito públicoao qual se submetem, e que outorgam certas prerrogativas ao
Poder Público.

Os atributos do ato administrativo apresentados pela doutrina são:

 Presunção de legitimidade
 Autoexecutoriedade
 Tipicidade
 Imperatividade

Para gravar, usamos o mnemônico “PATI”.

De cara, é importante saber que, segundo a doutrina, os atributos da presunção da legitimidade e da


3
tipicidade estão presentes em todos os atos administrativos ; já a autoexecutoriedade e a imperatividadenão.

ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO

Presentes em todos os atos: Presentes em apenas alguns tipos de atos:

 Presunção de legitimidade  Autoexecutoriedade


 Tipicidade  Imperatividade

Vejamos.

Presunção de legitimidade
A presunção de legitimidadediz respeito à conformidade do ato com a lei; por esse atributo, presumem-
se, até prova em contrário, que os atos administrativos foram emitidos com observância da lei4.

Inerente à presunção de legitimidade, tem-se a presunção de veracidade, que diz respeito aos fatos; em
decorrência desse atributo, presumem-se verdadeiros os fatos alegados pela Administração para a prática de
um ato administrativo, até prova em contrário5.

Essas presunções não existem por acaso. Várias são as razões que as fundamentam, a exemplo do
princípio da legalidade, de status constitucional e que vincula toda a Administração, permitindo presumir que
todos os atos praticados pelos agentes públicos tenham sido praticados em conformidade com a lei. Outra razão
é que os atos administrativos, para serem produzidos, devem seguir uma série de procedimentos e formalidades,

3
Quanto à tipicidade, a doutrina informa que o atributo está presente apenas nos atos unilaterais, mas não nos bilaterais. Ora, os atos
administrativos são, por definição, atos unilaterais e, portanto, sempre apresentam o atributo da tipicidade.
4
Maria Sylvia Di Pietro (2009, p. 197).
5
Idem (p. 198).

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além de se submeterem a uma série de controles, sempre com a finalidade de garantir a observância à lei. Daí o
art. 19, II da CF proclamar que não se pode “recusar fé aos documentos públicos”.
Um dos efeitos da presunção de legitimidade e veracidade é o de permitir que o ato administrativo opere
efeitos imediatamente, vinculando os administrados por ele atingidos desde a sua edição. Isso permite que a
Administração exerça suas atribuições com agilidade, afinal, é o interesse público que está em jogo. Essa
agilidade não existiria caso a Administração dependesse de manifestação prévia do Poder Judiciário toda vez que
editasse seus atos.

Detalhe é que os atos administrativos produzem efeitos imediatamente, ainda que eivados de vícios ou
defeitos aparentes. Nas palavras de Di Pietro, “enquanto não decretada a invalidade do ato pela própria
Administração ou pelo Judiciário, o ato produzirá efeitos da mesma forma que o ato válido, devendo ser
cumprido”. Ou seja, como os atos são presumivelmente legítimos, devem ser observados até que, depois de
questionados, sejam declarados nulos por autoridade competente.

Ressalte-se que a presunção de veracidade não é absoluta, e sim relativa (iuris tantum), ou seja, admite
prova em contrário. Assim, o administrado que se sinta prejudicado pelo ato do Estado tem o direito de se
socorrer junto à própria Administração (mediante a interposição de recursos administrativos) ou perante o Poder
Judiciário, nos termos da lei.
Porém, um efeito importantíssimo do atributo em tela é a inversão do ônus da prova, vale dizer, quem
deve demonstrar a existência de vício no ato administrativo não é a Administração, e sim o administrado.

Por exemplo: quando a pessoa recebe uma notificação de infração de trânsito, significa que a
Administração está alegando que o indivíduo cometeu alguma falta; a princípio, essa “alegação” é legítima,
mesmo que houvesse alguma irregularidade aparente no radar que flagrou o motorista. Ou seja, para todos os
efeitos, deve-se tomar como verdadeiro que a infração indicada, de fato, foi mesmo cometida. Se o motorista
quiser contestar a notificação, ele é que terá de provar o erro da Administração, caso contrário, será multado, em
razão da presunção de veracidade do ato administrativo.

Em relação a esse ponto, cumpre anotar que, mesmo nos casos em que o ato da Administração contenha
forte aparência de ilegalidade, o Judiciário não pode se pronunciar de ofício, devendo aguardar a provocação do
administrado.
Ademais, a inversão do ônus da prova não exime a Administração de, caso requisitada pelo Judiciário,
apresentar informações e documentos que comprovem a correspondência do ato à realidade e a veracidade dos
fatos alegados6.

Questões para fixar


5) Pelo atributo da presunção de veracidade, presume-se que os atos administrativos estão em
conformidade com a lei.

Comentário:
A presunção de legitimidade é que pressupõe que os atos administrativos estão em conformidade com a lei.
A presunção de veracidade, por sua vez, indica que os fatos alegados pela Administração são verdadeiros.

6
Maria Sylvia DI Pietro (2009, p. 199).

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Essa distinção é feita por Maria Sylvia Di Pietro e, geralmente, também é adotada pelas bancas de concurso.
Contudo, vale saber que os demais administrativistas, de um modo geral, empregam a expressão “presunção
de legitimidade” de forma abrangente, incluindo tanto a presunção de que os fatos apontados pela
Administração efetivamente ocorreram quanto a presunção de que os atos administrativos foram praticados
em conformidade com a lei. Como diz Hely Lopes Meirelles, a “presunção de veracidade é inerente à de
legitimidade”.

Gabarito: Errada

6) Suponha que determinada secretaria de Estado edite ato administrativo cujo conteúdo seja
manifestamente discriminatório. Nessa situação, podem os administrados recusar-se a cumpri-lo,
independentemente de decisão judicial, dado que de ato ilegal não se originam direitos nem se criam
obrigações.

Comentário:
O item está errado. Pelo atributo da presunção de legitimidade, os atos administrativos são tidos como legais
desde sua origem e, por isso, vinculam os administrados por ele atingidos desde a edição. Por conseguinte, o
particular é obrigado a cumprir as determinações do ato ainda que, aparentemente, ele esteja eivado de
ilegalidade. É claro que o ato poderá ser questionado judicialmente ou perante a própria Administração.
Porém, enquanto ele não for invalidado, continuará a produzir efeitos normalmente, obrigando os
administrados, que não podem recusar-se a cumpri-lo. De outra parte, se o ato for invalidado judicialmente
(ou pela própria Administração), aí sim deixará de originar direitos e obrigações. Abre-se um parêntese para
destacar que é possível a sustação dos efeitos dos atos administrativos através de recursos internos ou de
ordem judicial (medidas liminares ou cautelares); nesse caso, o ato permanece válido mas sem produzir
efeitos, continuando assim até o pronunciamento final de validade ou invalidade do ato ou até a derrubada
da liminar.

Gabarito: Errado

Imperatividade
Imperatividade é o atributo pelo qual os atos administrativos se impõem a terceiros,
independentemente da sua concordância, criando obrigações ou impondo restrições.

A imperatividade decorre do chamado “poder extroverso”, que é prerrogativa dada ao Poder Público de
impor, de modo unilateral, obrigações a terceiros, inclusive a sujeitos que estão fora do âmbito interno
administrativo, criando obrigações que extravasam a esfera jurídica do Estado. O atributo da imperatividade
decorre diretamente do princípio da supremacia do interesse público sobre o particular.

Conforme ensina Maria Sylvia Di Pietro, a imperatividade não existe em todos os atos administrativos,
mas apenas naqueles que impõem obrigações ou restrições.

Por outro lado, não existe imperatividade nos atos que conferemdireitossolicitados pelo administrado
(como na licença ou autorização de uso do bem público) ou nos atos apenas enunciativos (certidão, atestado,
parecer), uma vez que, nesses casos, não há a criação de obrigações ou restrições a terceiros.

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Imperatividade

Está presente: Não está presente:


Atos que impõem - Atos enunciativos;
obrigações e restrições. - Atos que conferem
direitos.

Por exemplo, a Administração, nos termos da lei, pode determinar a interdição de determinado
estabelecimento comercial, independentemente da anuência do proprietário. Este ato é dotado de
imperatividade. Diferentemente, o fornecimento de certidão de tempo de serviço requerida pelo servidor é ato
administrativo despido de imperatividade, pois não impõe nenhuma obrigação ou restrição, mas apenas
apresenta uma informação.

Questão para fixar


7) Todos os atos administrativos são imperativos e decorrem do que se denomina poder extroverso, que
permite ao poder público editar provimentos que vão além da esfera jurídica do sujeito emitente,
interferindo na esfera jurídica de outras pessoas, constituindo-as unilateralmente em obrigações.
Comentário:

Questão errada. Imperatividade é o atributo pelo qual os atos administrativos se impõem a terceiros,
independentemente da sua concordância. Decorre, é verdade, do chamado poder extroverso, que é a
prerrogativa dada ao Poder Público de impor, de modo unilateral, obrigações a terceiros, ou seja, a sujeitos
que estão além da esfera jurídica do sujeito emitente.
Entretanto, nem todos os atos administrativos são imperativos. A imperatividade está presente apenas
nos atos que impõem obrigações ou restrições, a exemplo da interdição de estabelecimentos comerciais;
mas não está presente nos atos enunciativos (certidão, atestado, parecer) e nos atos que conferem direitos
solicitados pelo administrado (licença, autorização de bem público).

Gabarito: Errado

Autoexecutoriedade
A autoexecutoriedade é a prerrogativa de que certos atos administrativos sejam executados imediata e
diretamente pela própria Administração, inclusive mediante o uso da força, independentemente de ordem ou
autorização judicial prévia.
A autoexecutoriedade é frequentemente utilizada no exercício do poder de polícia. Exemplos conhecidos
do uso dessa prerrogativa são os da destruição de bens impróprios ao consumo e a demolição de obra que

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apresenta risco de desabamento. Verificada a situação que provoca a execução do ato, a autoridade
administrativa de pronto o executa, ficando, assim, resguardado o interesse público 7.

Assim como a imperatividade, a autoexecutoriedadenão existe em todos os atos administrativos.


Segundo Maria Sylvia Di Pietro, ela só é possível:

 Quando expressamente prevista em lei (ex: retenção de garantias depositadas em caução para
assegurar o pagamento de multas ou parcelas atrasadas em contratos; apreensão de mercadorias
piratas; cassação de licença para dirigir; aplicação de penalidades disciplinares).
 Mesmo se não expressamente prevista, quando tratar-se de medida urgenteque, acaso não adotada
de imediato, pode ocasionar prejuízo maior para o interesse público (ex: demolição de prédio que
ameaça ruir; internamento de pessoa contagiosa).

Um dos limites à autoexecutoriedade é o patrimônio do particular. Para satisfazer seus créditos


decorrentes de multas ou prejuízos causados ao erário, a Administração Pública não pode invadir o patrimônio
dos particulares e, contra a vontade destes, privar-lhes da propriedade dos seus bens ou dos vencimentos8.

Exemplo clássico de ato semautoexecutoriedade é a cobrança de multas administrativas não pagas pelos
particulares; caso os devedores não paguem voluntariamente a sanção aplicada, haverá necessidade de inscrição
dos devedores em dívida ativa e a execução da multa deverá ser feita pelo Poder Judiciário. Outro exemplo é o
entendimento do STF de que a Administração Pública não pode descontar indenizações da folha de pagamento
dos servidores sem que tenha a anuência do servidor ou autorização legal ou judicial.

Autoexecutoriedade

Está presente: Não está presente:


- Quandro prevista em lei. Atos que afetam o
patrimônio do particular
- Medida urgente.
(ex: cobrança de multa
não paga)

7
Carvalho Filho (2014, p. 124)
8
Lucas Furtado (2014, p. 218).

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Tipicidade
Tipicidade é o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas previamente
pela lei como aptas a produzir determinados resultados9.

Esse atributo decorre diretamente do princípio da legalidade, impedindo que a Administração pratique
atos inominados, vale dizer, atos sem previsão legal. Afinal, para cada finalidade a ser perseguida pela
Administração o ordenamento jurídico estabelece, previamente, o ato específico (típico).

A tipicidade impede, também, a prática de atos totalmente discricionários (que seriam, na verdade,
arbitrários), pois a lei, ao prever o ato, já define os limites em que a discricionariedade poderá ser exercida.

Maria Sylvia Di Pietro ensina que a tipicidade só existe com relação aos atos unilaterais. Isso porque, nos
contratos (atos bilaterais), não há imposição de vontade da Administração, que depende sempre da aceitação
do particular. Segundo a autora, nada impede que as partes convencionem um contrato inominado (sem
previsão legal), desde que atenda melhor ao interesse público e ao do particular. Não obstante, cumpre observar
que, em alguns casos, o atributo da tipicidade se fará presente mesmo nos contratos administrativos, regidos
pelo direito público, como nos contratos de concessão de serviços públicos, já nomeados, tipificados, na
Lei 8.987/1995.

Questões para fixar


8) Em decorrência da autoexecutoriedade, atributo dos atos administrativos, a administração pública
pode, sem a necessidade de autorização judicial, interditar determinado estabelecimento comercial.
Comentário:

O quesito está correto. A autoexecutoriedade é a prerrogativa de que certos atos administrativos sejam
executados imediata e diretamente pela própria Administração, independentemente de ordem ou
autorização judicial. Permite-se até mesmo o uso da força física, se for necessária, mas sempre com meios
adequados e proporcionais. A interdição de estabelecimento comercial é um típico exemplo de
autoexecutoriedade.

Gabarito: Certo

9) Um veículo oficial da Administração Pública, conduzido por um servidor do órgão, derrapou, invadiu a
pista contrária e colidiu com o veículo de um particular. O acidente resultou em danos a ambos os veículos e
lesões graves no motorista do veículo particular.
Com referência a essa situação hipotética, julgue o item que se segue.

Em caso de o servidor ser condenado administrativamente em decorrência do acidente, o ato de aplicação


de penalidade a esse servidor será caracterizado pelo atributo da autoexecutoriedade.

Comentário:O quesito está correto. Em razão do poder disciplinar, a Administração pode aplicar
penalidades administrativas a seus servidores. E, para tanto, não precisa de autorização judicial, pois a lei
atribui esse poder à própria Administração. Dessa forma, pode-se afirmar que o ato de aplicação de sanções
disciplinares (da advertência à demissão) é autoexecutório.

9
Di Pietro (2009, p. 201).

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Gabarito: Certo

Elementos
Os elementos do ato administrativo são as partes que o compõem, a sua infraestrutura. Também são
chamados de requisitos ou pressupostos.

Os elementos do ato administrativo podem ser divididos em (i) essenciais e (ii) acidentais ou acessórios.
Os elementos essenciais são aqueles sem os quais o ato administrativo não existe, ou seja, são elementos
10
necessários à validade do ato. A doutrina, aproveitando-se do que está previsto na Lei de Ação Popular , indica
que os elementos essenciais dos atos administrativos são: competência, finalidade, forma, motivo e objeto.

Ao lado dos elementos essenciais, os atos podem contar com elementos acidentais, isto é, componentes
que podem ou não estar presentes nos atos administrativos, ampliando ou restringindo os seus efeitos jurídicos;
são eles: o termo, a condição e o modo ou encargo. Segundo Maria Sylvia Di Pietro, os elementos acidentais
referem-se ao objeto do ato (elemento essencial) e só podem existir nos atos discricionários, porque decorrem
da vontade das partes.
Elementos Essenciais Elementos Acidentais
(DEVEM existir) (Podem ou não existir)
COM - FI - FOR - M - OB ECT

 COMpetência  Encargo ou modo


 FInalidade  Condição
 FORma  Termo
 Motivo
 Objeto

Questões para fixar


10) Competência, finalidade, forma, motivo e objeto são requisitos de validade de um ato administrativo.

Comentário:
O item está correto. Os elementos também são chamados de requisitos de validadede um ato
administrativo. Afinal, determinados defeitos (vícios) em algum deles poderá levar à anulação ou revogação
do ato, conforme o caso. Em suma, a competência refere-se ao sujeito a quem compete a prática do ato;
finalidade diz respeito ao resultado final da produção do ato, que sempre deve ter como fim geral o interesse
público; forma é o rito seguido para a produção do ato, bem como o meio de exteriorização do ato em si,
sendo a escrita a forma mais comum; motivo é o pressuposto de fato e de direito que fundamenta a prática
do ato; e objeto é o conteúdo do ato, ou seja, seu efeito jurídico.

10
Lei 4.717/1965, art. 2º: “São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de: a)
incompetência; b) vício de forma; c) ilegalidade do objeto; d) inexistência dos motivos; e) desvio de finalidade”.

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Gabarito: Certo

11) Consoante a doutrina, são requisitos ou elementos do ato administrativo a competência, o objeto, a
forma, o motivo e a finalidade.

Comentário:

O quesito está correto. Ao tratar de requisitos ou elementos do ato administrativos, lembre-se do Com Fi For
M Ob(competência, finalidade, forma, motivo e objeto).
Gabarito: Certo

Estudaremos cada um desses elementos em seguida.

Competência
Competência é o poder atribuído ao agente para a prática do ato. Refere-se, portanto, ao sujeito que,
segundo a norma, é o responsável por praticar determinado ato (a doutrina, por vezes, refere-se ao elemento
competência simplesmente como “sujeito” ou “sujeito competente”).

No nosso ordenamento jurídico, as competências para a prática de atos administrativos são atribuídas
originariamente aos entes políticos (União, Estados, Municípios e DF). A partir daí, as competências são
distribuídas entre os respectivos órgãos administrativos (como os Ministérios, Secretarias e suas unidades) e,
dentro destes, entre seus agentes, pessoas físicas.

A competência deve decorrer de norma expressa, vale dizer, não há presunção de competência
administrativa. Como dizem, não é competente quem quer, ou quem sabe fazer, mas sim quem a norma determinar
que é.
A lei é a fonte normal da competência. É nela que se encontram os limites e a dimensão das atribuições
cometidas a pessoas administrativas, órgãos e agentes públicos11.

Mas a lei não é fonte exclusiva da competência administrativa. Determinados agentes retiram sua
competência diretamente da Constituição, a exemplo do Presidente da República e dos Ministros de Estado. A
competência pode, ainda, derivar de normas administrativas infralegais (atos de organização), como
Regimentos Internos e Resoluções.

Assim, a competência pode ser:


 Competência primária: é aquela prevista diretamente na lei ou na Constituição Federal.
 Competência secundária: é aquela emanada de normas infralegais, como, por exemplo, atos
administrativos organizacionais. Deriva da lei, a qual deve autorizar expressamente a normatização
infralegal.

Geralmente ocorre o seguinte: a competência de determinado órgão provém da lei (competência primária)
e a competência dos segmentos internos dele (competência secundária), caso a lei autorize, pode ser definida
através de atos de organização.

11
Carvalho Filho (2014, p. 107).

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Questão para fixar


12) A competência para a prática dos atos administrativos depende sempre de previsão constitucional ou
legal: quando prevista na CF, é denominada competência primária e, quando prevista em lei ordinária,
competência secundária.
Comentário:

Tanto as competências previstas na CF quanto as previstas nas leis são denominadas competências
primárias, daí o erro. São chamadas de competências secundárias aquelas previstas em normas infralegais.
Gabarito: Errado

Características

A doutrina ensina que o elemento competência apresenta as seguintes características:

 É de exercício obrigatório: trata-se de um poder-dever do agente público, não sendo exercido por sua
livre conveniência, mas sim para a satisfação do interesse público.
 É irrenunciável: em respeito ao princípio da indisponibilidade do interesse público, o administrador
atua em nome e interesse da coletividade, não podendo renunciar àquilo que não lhe pertence.
Todavia, a irrenunciabilidade não impede que a Administração Pública transfira a execução de uma
tarefa, isto é, delegue o exercício da competência para fazer algo. A delegação, de toda sorte, implica
transferir apenas o exercício, eis que a titularidade da competência continua a pertencer a seu
‘proprietário’ (autoridade delegante).
 É intransferível ou inderrogável: não se admite transação de competência, ou seja, a competência não
pode ser transmitida por mero acordo entre as partes. Uma vez fixada em norma expressa, a
competência deve ser rigidamente observada por todos. Mesmo quando se permite a delegação, é
preciso um ato formal que registre a prática. Essa característica também decorre do princípio da
indisponibilidade do interesse público.
 É imodificável por mera vontade do agente: só quem pode modificar competência primária é a lei ou a
Constituição.
 É imprescritível: mesmo quando não utilizada, não importa por quanto tempo, o agente continuará
sendo competente, ou seja, ele não perderá sua competência simplesmente pelo fato de não utilizá-la.
 É improrrogável: o fato de um órgão ou agente incompetente praticar um ato não faz com que ele
passe a ser considerado competente. Em outras palavras, o mero decurso do tempo não muda a
incompetência em competência. Para a alteração da competência, registre-se, é necessária a edição de
norma que especifique quem agora passa a dispor da competência.
 Pode ser delegada ou avocada, desde que não haja impedimento legal.

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Finalidade
Finalidade é o resultado pretendido pela Administração com a prática do ato administrativo.
A finalidade, como elemento do ato administrativo, decorre do princípio da impessoalidade, pelo qual o
fim a ser buscado pelo agente público em suas atividades deve ser tão-somente aquele prescrito pela lei. Em
última instância, o fim é a satisfação do interesse público, de forma geral e impessoal.

Como a finalidade do ato é sempre aquela prevista na lei, não há espaço para o administrador agir
diferente, ou seja, a finalidade é sempre um elemento vinculado. Por exemplo: se a lei permite a remoção de
ofício do servidor para atender a necessidade do serviço público, a Administração não pode se utilizar desse
instituto com outra finalidade, como a punição.
A doutrina costuma confrontar a finalidade com os também elementos de formação do ato administrativo
motivo e objeto.
Conforme esclarece Maria Sylvia Di Pietro, a finalidade distingue-se do motivo porque este antecede a
prática do ato, correspondendo aos fatos, às circunstâncias, que levam a Administração a praticar o ato. Já a
finalidade sucede à prática do ato, porque corresponde a algo que a Administração quer alcançar com a sua
edição.
A finalidade também não se confunde com o objeto, pois este é o efeito jurídico imediato que o ato
produz, o seu resultado prático (aquisição, transformação ou extinção de direitos), enquanto a finalidade é o
efeito geral ou mediato (no futuro) do ato, que é sempre o mesmo, expresso ou implicitamente estabelecido na
lei: a satisfação do interesse público.
Sendo assim, pode-se perceber que o objeto é variável conforme o resultado prático buscado pelo agente
da Administração, ao passo que a finalidade é invariável para qualquer espécie de ato (será sempre o interesse
público)12.

Por exemplo: numa nomeação de servidor aprovado em concurso público, o objeto é prover um cargo
público vago; numa concessão de licença-gestante, o objeto é permitir o afastamento da servidora durante o
período de proteção e lactância; numa licença de construção, o objeto é consentir que alguém edifique. O objeto,
portanto, varia conforme o resultado prático buscado pela Administração. Entretanto, a finalidade é invariável,
por ser comum a todos eles: o interesse público.

A doutrina também aborda esses conceitos dizendo que todos os atos administrativos devem obedecer a
uma finalidade genérica, a satisfação do interesse público, e a uma finalidade específica, que seria o objeto do
ato, ou seja, o resultado específico que cada ato deve produzir, conforme definido em lei (ex: o ato de remoção
de ofício de servidor público tem a finalidade de suprir a necessidade de pessoal no local de destino).

Forma
A forma é o modo como o ato administrativo se exterioriza, isto é, o como ele sai da cabeça do agente e se
mostra para o mundo. É a base física que permite aos destinatários o conhecimento do conteúdo do ato
administrativo.

12
Carvalho Filho (2014, p. 121).

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De regra, os atos administrativos devem ter a forma escrita. Diz-se que, no direito público, vale o princípio
da solenidade das formas, pelo qual o ato deve ser escrito, registrado (ou arquivado) e publicado 13.

Entretanto, existem atos administrativos praticados de forma não escrita, a exemplo de ordens verbais,
gestos, apitos, sinais sonoros ou luminosos (semáforos de trânsito), placas (proibido fumar, proibido estacionar,
etc.). Esses elementos não escritos expressam uma ordem da Administração Pública (uma manifestação de
vontade) e, como tais, são considerados atos administrativos. Frise-se, porém, que são meios excepcionais de
exteriorização do ato, que atendem a situações especiais.

Para Maria Sylvia Di Pietro, o elemento forma também pode ser visto a partir de uma concepção ampla,
abrangendo não só a exteriorização do ato, mas também todas as formalidades que devem ser observadas
durante o processo de formação da vontade da Administração, e até os requisitos concernentes à publicidade
do ato.
No Direito Administrativo, o aspecto formal do ato possui grande relevância, pois representa uma
garantia jurídica para o administrado e para a própria Administração; é pelo respeito à forma que se possibilita o
controle do ato administrativo pelos seus destinatários, pela própria Administração ou pelos demais Poderes 14.

Não obstante, a doutrina tem evoluído no sentido de se moderar as exigências quanto às formalidades. O
entendimento que se busca é que, para a prática de qualquer ato administrativo, devem ser exigidas tão somente
as formalidades estritamente essenciais, desprezando-se procedimentos meramente protelatórios. É o
chamado formalismo moderado.

Nessa linha, o art. 22 da Lei 9.784/1999 dispõe que “os atos do processo administrativo não dependem de
forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir”.
Não obstante, como regra, a forma ainda é vista pela doutrina como um elemento vinculado do ato
administrativo, visto que ele deve ser exteriorizado na forma que a lei exigir. Por exemplo, a própria
Lei 9.784/1999 (art. 22, parágrafo único), exige que os “atos do processo devem ser produzidos por escrito, em
vernáculo, com a data e o local de sua realização e a assinatura da autoridade responsável”. Outras normas
prescrevem formas específicas, como decreto, resolução, portaria etc.

Por outro lado, quando a lei não exigir forma determinada para o ato administrativo, a Administração
pode pratica-lo com a forma que lhe parecer mais adequada. Nesse caso, a forma seria um elemento
discricionário do ato. Ressalte-se, porém, que a forma escolhida pela Administração deve sempre assegurar
segurança jurídica e, na hipótese de atos restritivos de direitos e sancionatórios, possibilitar o exercício do
contraditório e da ampla defesa.

Questão para fixar


13) Incorre em vício de forma a edição, pelo chefe do Executivo, de portaria por meio da qual se declare de
utilidade pública um imóvel, para fins de desapropriação, quando a lei exigir decreto.

Comentário:O quesito está correto. No caso, o decreto é a forma prevista na lei para que ocorra a
exteriorização da vontade do Chefe do Poder Executivo. Assim, o ato de declaração de utilidade pública para
fins de desapropriação deveria ser emitido mediante decreto, e não portaria. Logo, houve vício de forma.

13
Carvalho Filho (2014, p. 112).
14
Maria Sylvia Di Pietro (2009, p. 208).

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Gabarito: Certo

Motivo
Motivo é o pressuposto de fato e de direito que serve de fundamento ao ato administrativo15. Ou seja,
são as razões que justificam a prática do ato.

 Pressuposto de fato é o conjunto de circunstâncias, de acontecimentos, de situações ocorridas no


mundo real que levam a Administração a praticar o ato.
 Pressuposto de direito é o dispositivo legal em que se baseia o ato.

Por exemplo: na concessão de licença paternidade, o motivo é o nascimento do filho do servidor; no


tombamento, é o valor histórico-cultural do bem; na exoneração de funcionário estável, o motivo é o pedido por
ele formulado; no ato de punição de servidor público, o motivo é a infração que ele praticou.

Vamos detalhar mais. Tomando o último caso como exemplo, o pressuposto de fato (o que aconteceu) é
a própria conduta do servidor (que se ausentou do serviço durante o expediente, sem autorização do chefe
imediato, por exemplo) e o pressuposto de direito (a hipótese descrita em norma legal) é a Lei 8.112/1990, que
proíbe tal conduta e estabelece que a respectiva violação será punida com advertência (art. 117, inciso I c/c art.
129).

Todo ato administrativo deve ter um motivo lícito, ou seja, baseado na lei. Não é permitido que um ato
seja feito por mero capricho do agente público, sem nenhum fundamento.

O motivo, ademais, deve guardar congruência, isto é, relação lógica com o objeto e a finalidade do ato;
caso contrário, o ato será nulo.
Por exemplo: suponha que a Administração revogou várias autorizações de porte de arma invocando
como motivo o fato de um dos autorizados ter se envolvido em brigas; nessa hipótese, o ato só será válido em
relação ao indivíduo que se envolveu nas brigas; em relação aos demais, que não tiveram esse envolvimento, o
ato será nulo, pois o motivo não guarda compatibilidade lógica com o resultado do ato16.

Motivo e Motivação
Motivo e motivação não se confundem.

Di Pietro ensina que motivação é a exposição dos motivos, ou seja, é a demonstração, por escrito, do que
levou a Administração produzir determinado ato administrativo.
Por exemplo, para punir, a Administração precisa demonstrar, comprovar que o servidor realmente
praticou a conduta proibida pela norma. Assim, a motivação do ato deve descrever a conduta do servidor,
apresentar evidências e demonstrar que o fato se enquadra na previsão da norma legal (ou seja, expor os
motivos do ato).

15
Di Pi
etro (2009, p. 210)
16
Carvalho Filho (2014, p. 120)

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A motivação, regra geral, deve ser prévia ou concomitante à expedição do ato. Assim, não é admissível a
motivação apresentada a posteriori, ou seja, após a prática do ato, especialmente nos casos em que a motivação
é apresentada apenas após a validade do ato ser contestada.

Em regra, a Administração tem o dever de motivar seus atos, discricionários ouvinculados. Afinal, todo
ato administrativo tem que ter um motivo, sob pena de nulidade (seja pela não ocorrência do fato, seja pela
inexistência da norma). A motivação é importante para que haja um controle mais eficiente da prática
administrativa, tanto pela sociedade como pelos demais Poderes e pela própria Administração.

Exemplo clássico de ato que não precisa ser motivado é a nomeação/exoneração para cargos em
comissão.

Teoria dos motivos determinantes


A teoria dos motivos determinantes estipula que a validade do ato está adstrita aos motivos indicados
17
como seu fundamento, de maneira que, se os motivos forem inexistentes ou falsos, o ato será nulo .
Por outras palavras, quando a Administração motiva o ato (fosse ou não obrigatória a motivação), ele só
será válido se os motivos forem verdadeiros. Caso seja comprovada a não ocorrência da situação declarada
(pressuposto de fato), ou a inadequação entre a situação ocorrida e o motivo descrito na lei (pressuposto de
direito), o ato será nulo.

A teoria dos motivos determinantes O exemplo clássico da aplicação da teoria dos motivos
se aplica mesmo nos casos em que a determinantes é a exoneração de cargo em comissão, ato que
motivação do ato não é obrigatória, prescinde de motivação. Todavia, se a autoridade competente
mas tenha sido efetivamente praticar esse ato e expressamente motivar sua decisão, por
exemplo, afirmando que exonerou o servidor por conta da sua
realizada pela Administração.
inassiduidade habitual, a validade do ato ficará vinculada à
veracidade do motivo indicado. Assim, caso o ex-comissionado
venha a comprovar que jamais faltou um dia de trabalho, a exoneração será nula por vício quanto ao motivo
(inexistência do motivo declarado como determinante do ato de exoneração).

No entanto, esclareça-se, que, ao motivar o ato, não significaque a Administração esteja “transformando”
um atodiscricionário em um ato vinculado. Não é isso. O ato continuacom a natureza de origem: se o ato é
discricionário, permanece discricionário; não é amotivação que o torna vinculado. Acontece, tão-somente, que a
Administração ficarávinculada à existência e legitimidade dos motivosdeclarados18.

17
Di Pietro (2009, p. 211).
18
Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2014, p. 499).

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Questões para fixar


14) O ato de exoneração do ocupante de cargo em comissão deve ser fundamentado, sob pena de
invalidade por violação do elemento obrigatório a todo ato administrativo: o motivo.

Comentário:
O quesito está errado. O ato de exoneração do ocupante de cargo em comissão é exemplo clássico de ato
que não precisa ser previamente motivado. Isso porque, segundo o art. 37, II da CF, tais cargos são de livre
nomeação e exoneração.

Gabarito: Errado

15) Josué, servidor público de um órgão da administração direta federal, ao determinar a remoção de ofício
de Pedro, servidor do mesmo órgão e seu inimigo pessoal, apresentou como motivação do ato o interesse da
administração para suprir carência de pessoal. Embora fosse competente para a prática do ato, Josué,
posteriormente, informou aos demais servidores do órgão que a remoção foi, na verdade, uma forma de
nunca mais se deparar com Pedro, e que o caso serviria de exemplo para todos. A afirmação, porém, foi
gravada em vídeo por um dos presentes e acabou se tornando pública e notória no âmbito da administração.
À luz dos preceitos que regulamentam os atos administrativos e o controle da administração pública,
julgue o item seguinte, acerca da situação hipotética acima.
Ainda que as verdadeiras intenções de Josué nunca fossem reveladas, caso Pedro conseguisse
demonstrar a inexistência de carência de pessoal que teria ensejado a sua remoção, por força da teoria
dos motivos determinantes, o falso motivo indicado por Josué como fundamento para a prática do ato
afastaria a presunção de legitimidade do ato administrativo e tornaria a remoção ilegal.

Comentário:
A questão está correta. Pela teoria dos motivos determinantes, a validade de um ato está vinculada aos
motivos indicados como fundamento de sua prática, de maneira que, se inexistentes ou falsos os motivos, o
ato será nulo. Mesmo se a lei não exigir motivação, caso a Administração a realize, estará vinculada aos
motivos expostos.
Na situação apresentada, o motivo declarado por Josué para a remoção de Pedro foi a carência de pessoal;
assim, caso fique provado que o motivo indicado é falso, ou seja, que não há carência alguma de pessoal na
unidade de destino, a remoção torna-se ilegal, devendo o ato ser anulado. No caso, a anulação independeria
das intenções de Josué com a prática do ato; importaria, tão-somente, a realidade objetiva da falsidade do
motivo apontado.

Gabarito: Certo

Objeto
Objeto é o efeito jurídico imediato que o ato produz19. Em outras palavras, o objeto compreende os
direitos nascidos, transformados ou extintos em decorrência do ato administrativo.

19
Di Pietro (2009, p. 206)

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O objeto do ato identifica-se com o seu conteúdo. Para encontrar esse elemento, basta verificar o que o
ato enuncia, prescreve, dispõe20, indagando: “para que serve o ato?” Por exemplo, no ato de demissão de
servidor público, o objeto é a própria demissão, ou seja, o desfazimento da relação jurídico-funcional entre o
servidor e a Administração; na concessão de alvará de construção, o objeto é a própria autorização para edificar,
e assim por diante.

Segundo Maria Sylvia Di Pietro, o objeto do ato administrativo deve ser lícito (conforme a lei), possível
(realizável no mundo dos fatos e do direito), certo (definido quanto ao destinatário, aos efeitos, ao tempo e ao
lugar), e moral (em consonância com os padrões comuns de comportamento, aceitos como corretos, justos,
éticos).

Anulação dos atos administrativos


Anulação, também chamada de invalidação, é o desfazimento do ato administrativo por questões de
legalidade ou de legitimidade (ofensa à lei e aos princípios).

Um vício de legalidade ou legitimidade pode ser sanável ou não. A anulação do ato que contenha
vícioinsanável é obrigatória; já o ato que contenha vício sanável e não acarrete lesão ao interesse público nem
prejuízo a terceiros pode ser anulado ou, se não o for, deve ser convalidado (veja que, no caso de vício sanável, a
Administração não pode ficar sem fazer nada: ela deve anular ou convalidar o ato).

A Administração deveanular os seus atos Segundo a jurisprudência dos nossos tribunais superiores, a
que contenham vícios insanáveis, mas anulação (e também a revogação ou a cassação) de
podeanularouconvalidar os atos com vícios qualquer ato capaz de repercutir desfavoravelmente sobre a
sanáveis que não acarretem lesão ao esfera de interesses do administrado deve ser precedida de
procedimento administrativo em que se assegure, ao
interesse público nem prejuízo a terceiros.
interessado, o efetivo exercício do direito ao contraditório
21
e à ampla defesa, mesmo que seja nítida a ilegalidade .

Detalhe importante é que o direito de defesa deve ser prévio à anulação do ato, não bastando a
possibilidade de se interpor recurso administrativo ou de acessar o Poder Judiciário posteriormente à decisão
que tenha anulado o ato que beneficiava o interessado.

A anulação produz efeitos retroativos à data da prática do ato (ex tunc), vale dizer, a anulação
desconstitui todos os efeitos já produzidos pelo ato anulado, além de impedir que o ato continue a originar
efeitos no futuro.

Isso equivale a dizer que o inválido não gera direito adquirido. Entretanto, a jurisprudência tem
considerado que se deve proteger os efeitos já produzidos em relação aos terceiros de boa-fé. Assim, por
exemplo, caso o servidor tenha recebido, de boa-fé, verbas remuneratórias indevidas, não há obrigação de
restituir os valores. Da mesma forma, é protegida a confiança do terceiro de boa-fé no caso de atos produzidos
por servidores nomeados ilegalmente.
Ressalte-se que, no caso de terceiros de boa-fé, são mantidos os efeitos do ato anulado, e não o ato em si.

20
Idem
21
Ver jurisprudência ao final da aula.

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A anulação pode ser feita pela própria Administração (autotutela), de ofício ou mediante provocação, ou
pelo Poder Judiciário, apenas mediante provocação. Em ambos os casos, o fundamento é o mesmo – o dever de
observância do princípio da legalidade e da legitimidade.

A Lei 9.784/1999 estabelece em cincoanos o prazo para anulação de atos administrativos ilegais, quando
os efeitos do ato forem favoráveis ao administrado, salvo comprovada má fé.

Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis
para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo
comprovada má-fé.

§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da percepção do


primeiro pagamento.

§ 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa que


importe impugnação à validade do ato.

Essa regra, porém, não se aplica aos casos em que se constate afronta flagrante a determinação expressa
da Constituição Federal; nessas hipóteses, a anulação pode ocorrer a qualquer tempo, não estando sujeita ao
prazo decadencial22.

Revogação dos atos administrativos


Revogação é a retirada de um ato administrativo válido do mundo jurídico por razões de conveniência e
oportunidade.

A revogação pressupõe, portanto, um ato legal e em vigor, mas que se tornou inconveniente ou
inoportuno ao interesse público.

A revogação somente se aplica aos atos discricionários (controle de mérito), sendo ela própria um ato
discricionário, uma vez que decorre exclusivamente de critério de oportunidade e conveniência.

A revogação somente produz efeitos prospectivos, para frente (ex nunc), afinal, o ato revogado era válido,
sem vício algum. Ademais, deve respeitar os direitos adquiridos.

A revogação é ato privativo da Administração que praticou o ato a ser revogado. Vale dizer que o Poder
Judiciário, no exercício da função jurisdicional, não tem legitimidade para revogar atos administrativos de outros
Poderes (só pode anulá-los, em caso de ilegalidade). Em se tratando de revogação, o Judiciário só tem poder
sobre seus próprios atos, quando atua atipicamente como Administração, exercendo funções administrativas;
nesse caso, somente o Judiciário poderá revogar seus atos administrativos, mas não no exercício da função
jurisdicional, e sim da função administrativa.

O poder de revogação da Administração Pública não é ilimitado. Com efeito, existem atos que são
irrevogáveis e também situações em que a revogação não é cabível.
Nesse sentido, não são passíveis de revogação os atos:

22
STF – MS 28.273/DF

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 exauridos ou consumados: afinal, o efeito da revogação é não retroativo, para o futuro; como o ato já
não tem mais efeitos a produzir, a sua revogação não faz sentido;
 vinculados: haja vista que a revogação tem por fundamento razões de conveniência e de oportunidade,
inexistentes nos atos vinculados;
 que geraram direitos adquiridos: é uma garantia constitucional (CF, art. 5º, XXXVI23); se nem a lei pode
prejudicar um direito adquirido, muito menos o poderia um juízo de conveniência e oportunidade;
 integrantes de um procedimento administrativo: porque a prática do ato sucessivo acarreta a
preclusão do ato anterior, ou seja, ocorre a preclusão administrativa em relação à etapa anterior,
tornando incabível uma nova apreciação do ato anterior quanto ao seu mérito (ex: no procedimento
licitatório, a celebração de contrato administrativo impede a revogação do ato de adjudicação).
 meros atos administrativos: como são os atestados, os pareceres e as certidões, porque os efeitos deles
decorrentes são estabelecidos pela lei;
 complexos: uma vez que tais atos são formados pela conjugação de vontades autônomas de órgãos
diversos, e, com isso, a vontade de um dos órgãos não pode desfazer o ato; e
 quando se exauriu a competência relativamente ao objeto do ato (ex: o ato foi objeto de recurso
administrativo cuja apreciação compete a instância superior; nesse caso, a autoridade que praticou o
ato recorrido não mais poderá revoga-lo, pois sua competência no processo já se exauriu).
Por fim, cumpre registrar que, diferentemente da anulação, não háprazo estabelecido em norma para a
revogação de um ato queproporciona direitos ao destinatário.

REVOGAÇÃO ANULAÇÃO CONVALIDAÇÃO

Legalidade e Legalidade e
De mérito
Natureza do controle legitimidade legitimidade
(sem vício)
(vícios insanáveis) (vícios sanáveis)

Eficácia Ex nunc (não retroage) Extunc (retroage) Extunc (retroage)

Administração e
Competência Administração Administração
Judiciário

Atos discricionários (não


Atos vinculados e Atos vinculados e
Incidência existe revogação de ato
discricionários discricionários
vinculado)
A anulação de ato com
vício insanável é um ato A convalidação é um ato
Natureza do A revogação é um vinculado. A anulação de discricionário (pode-se
desfazimento ato discricionário. ato com vício sanável optar pela anulação do
passível de convalidação é ato).
um ato discricionário.

23
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;

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Questões para fixar


16) A revogação de um ato administrativo produz efeitos retroativos à data em que ele tiver sido
praticado.

Comentário:
O item está errado. A revogação, que é o desfazimento de atos administrativo por razões de conveniência e
oportunidade, produz efeitos prospectivos, para o futuro (ex nunc), ou seja, mantém intactos os efeitos já
produzidos pelo ato revogado.

Gabarito: Errado

17) A revogação do ato administrativo, quando legítima, exclui o dever da administração pública de
indenizar, mesmo que esse ato tenha afetado direito de alguém.
Comentário:

O quesito está errado. A doutrina ensina que, como regra, a revogação não gera para a Administração o
dever de indenizar prejuízos sofridos pelos beneficiários do ato, exceto se esse ato tenha afetado direito de
alguém. Exemplo clássico: se determinado indivíduo obtém autorização de uso de área pública por prazo
determinado e, antes de expirado o prazo fixado, a Administração decide revogar a autorização. Se na
legislação aplicável ou se no próprio ato não tiver sido expressamente afastado o dever da Administração de
indenizar, ela deverá ressarcir os prejuízos sofridos pelo beneficiário do ato.

Gabarito: Errado

Convalidação dos atos administrativos


Antes de tratar da convalidação propriamente dita, vamos aprofundar um pouco mais nos conceitos de
atos nulose atos anuláveis.
Para a doutrina mais tradicional, o ato administrativo que apresente qualquer vício deve necessariamente
ser anulado, sem exceção, ou seja, não se admite a possibilidade de correção do vício. É a chamada teoria
monista ou unitária, que recebe esse nome justamente pelo fato de entender que todo e qualquer vício em um
ato administrativo classifica-se como vício insanável, resultando, sempre, em um ato nulo.

Entretanto, a doutrina mais moderna, hoje majoritária, é adepta da teoria dualista que, como o próprio
nome indica, defende a existência de dois tipos de vícios: os insanáveis e os sanáveis, resultando em atos nulos
e anuláveis, respectivamente. O fundamento da teoria dualista é que, em alguns casos, é possível que o
interesse público seja mais adequadamente satisfeito com a manutenção do ato portador de um vício de menor
gravidade, mediante a correção retroativa desse defeito, do que com a anulação do ato e a consequente
desconstituição dos efeitos que ele já produziu24.
Quando o vício for sanável, caracteriza-se a hipótese de nulidade relativa; caso contrário, isto é, se o vício
for insanável, a nulidade é absoluta.

24
Paulo e Alexandrino (2014, p. 528).

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Aí é que entra a convalidação. Com efeito, convalidar consiste na faculdade que a Administração tem de
corrigir e regularizar os vícios sanáveis dos atos administrativos.
Para a doutrina, vícios sanáveis são aqueles presentes nos elementos competência (exceto competência
25
exclusiva e competência quanto à matéria) e forma (exceto forma essencial à validade do ato ). Já os vícios de
motivo e objeto são insanáveis, ou seja, não admitem convalidação.

Vícios sanáveis Vícios insanáveis


*convalidação *anulação

Competência, exceto Motivo


competência exclusiva e
competência quanto à matéria.
Objeto

Forma, exceto forma essencial


à validade do ato. Finalidade

A convalidação é feita, em regra, pela Administração, mas eventualmente poderá ser feita pelo
administrado, quando a edição do ato dependia da manifestação de sua vontade e a exigência não foi
observada; se o particular se manifestar posteriormente, estará convalidando o ato 26.

Há quem aponte, ainda, uma hipótese de convalidação “tácita”, isto é, uma convalidação não intencional.
Trata-se dos atos ilegais favoráveis ao administrado que não foram anulados dentro do prazo decadencial de
5 anos. Como a decadência impossibilita o desfazimento do ato, ainda que se trate de vício insanável, haveria,
nesse caso, uma espécie de convalidação tácita (pelo decurso do tempo). Alguns autores chamam essa situação
de estabilização ou consolidação do ato administrativo, e reservam o termo convalidação para os casos em que
um ato expresso da Administração corrige o defeito do ato.

A convalidação produz efeitos retroativos (extunc), de tal modo que os efeitos produzidos pelo ato
enquanto ainda apresentava o vício passam a ser considerados válidos, não passíveis de desconstituição. Essa
possibilidade de aproveitamento dos atos com vícios sanáveis é que representa a grande vantagem da
convalidação em relação à anulação, pois gera economia de procedimentos e segurança jurídica.

Ressalte-se que a convalidação não é controle de mérito, e sim de legalidade, incidente sobre os vícios
sanáveis nos elementos competência e forma. Assim, tanto atos vinculados como discricionários podem ser
convalidados.

Na esfera federal, a possibilidade de convalidação está prevista expressamente na Lei 9.784/1999:

25
Por exemplo, uma sanção disciplinar aplicada sem motivação é um ato nulo por vício de forma, não convalidável, pois a motivação é
obrigatória em qualquer ato punitivo.
26
Di Pietro (2009, p. 245).

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Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a
terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveispoderão ser convalidados pela própria
Administração.

Da leitura do dispositivo percebe-se que, na esfera federal, a convalidação deve observar alguns requisitos
indispensáveis, quais sejam:
 não pode prejudicar terceiros;
 deve visar a realização do interesse público;
 deve recair sobre vícios sanáveis.
Uma vez que um dos requisitos para a convalidação énão prejudicar terceiros, a doutrina nos ensina que,se
a validade de um ato administrativo for impugnada por terceiro interessado, expressamente ou por resistência
ao cumprimento dos seus efeitos, esse ato não poderá ser convalidado, pois presume-se que, de alguma forma,
aquele ato prejudicou a pessoa que apresentou a impugnação.Assim, podemos dizer que a impugnação do
interessadoconstitui uma limitação à convalidação.
Conforme podemos observar no dispositivo transcrito anteriormente, aLei 9.784 informa que a decisão de
convalidar ou não um ato é discricionária da Administração (...”poderão” ser convalidados); contudo, se decidir
não convalidar, o ato deve ser anulado, afinal, ele apresenta um vício.
27
Entretanto, cumpre assinalar que parte da doutrina considera a convalidação um ato vinculado, a
despeito do que prevê a Lei 9.784/1999. Para os autores que perfilham esta tese, a Administração não tem
poderes para escolher livremente entre convalidar ou anular um ato: em caso de vício sanáveis, a Administração
deveria, obrigatoriamente, efetuar a convalidação (e não a anulação), a fim de preservar e dar validade aos
efeitos já produzidos, em homenagem aos princípios da boa-fé e da segurança jurídica. A discricionariedade na
decisão de convalidar ou anular estaria presente em apenas uma hipótese: vício de competência em ato
discricionário, caso em que a autoridade competente não estaria obrigada a aceitar a mesma avaliação subjetiva
feita pela autoridade incompetente.

Não obstante, por força da previsão expressa na Lei 9.784/1999, a convalidação é ato discricionário, ao
contrário do que pensa parte de nossa doutrina.

27
Incluindo Maria Sylvia Di Pietro e Celso Antônio Bandeira de Mello

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Questões para fixar


18) Tanto o direito administrativo quanto o direito privado distinguem os atos nulos dos atos anuláveis. Os
atos e negócios jurídicos contrários ao ordenamento jurídico poderão, no âmbito do direito privado, estar
eivados de vícios de nulidade ou anulabilidade, já os atos administrativos praticados em desacordo com o
ordenamento jurídico serão considerados inválidos.
Comentário:

No Direito Civil, os vícios podem gerar nulidade absoluta ou nulidade relativa, ou seja, os atos podem ser
nulos e anuláveis (Código Civil, art. 166 e 171).

No Direito Administrativo, a doutrina tradicional defende a teoria monista, pela qual os vícios dos atos
administrativos só podem gerar nulidade absoluta, isto é, os atos com vício, de qualquer espécie, são
necessariamente nulos.

Contudo, atualmente prevalece a teoria dualista, pela qual, à semelhança do direito privado, os atos
administrativos que contenham vício podem ser nulos ou anuláveis, e não sumariamente considerados
inválidos, como afirma o quesito, daí o erro. Atos nulos são aqueles com vícios insanáveis nos elementos
motivo e objeto; atos anuláveis apresentam vícios sanáveis nos elementos competência e forma.

Gabarito: Errado

Vinculação e discricionariedade
Por conta do princípio da legalidade, a atuação da Administração Pública deve sempre respeitar os limites
da lei.
Em alguns casos, os atos administrativossãovinculados, pois a lei estabelece uma única solução possível
de atuação para a Administração, não lhe concedendo nenhum grau de liberdade para manifestação de sua
vontade.

Em outras hipóteses, a lei deixa certa margem de liberdade de decisão diante do caso concreto, de tal
modo que a autoridade poderá optar por uma dentre várias soluções possíveis, podendo também decidir o
momento mais apropriado para agir. Nesses casos, os atos administrativos são discricionários, e são editadas
em decorrência do poder discricionário que a Administração detém.

Nos atos administrativos vinculados, todos os elementos (competência, finalidade, forma, motivo e
objeto) são vinculados, não restando ao agente público nenhuma liberdade para avalia-los, justamente porque
estão todos rigidamente previstos na legislação.

Por outro lado, nos atos administrativos discricionários somente são estritamente vinculados os
elementos competência, finalidade e forma28. Já motivo e objeto serão discricionários.

28
Quanto ao elemento forma, há de se ressalvar que algumas leis permitem certo grau de discricionariedade, admitindo mais de uma
forma possível para praticar o mesmo ato. Por exemplo, a comunicação de determinado ato ao interessado pode, quando a lei permite,
ser dada por meio de publicação ou de notificação direta; nesse caso, existe discricionariedade com relação à forma.

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Elementos
Com Fi For Mo Ob
Ato vinculado V V V V V
Ato discricionário V V V D D

Analisando o quadro acima, pode-se afirmar que não existe ato administrativo inteiramente discricionário,
afinal, nos atos discricionários os elementos competência, finalidade e forma são sempre vinculados; a
discricionariedade ocorre apenas no motivo e no objeto, elementos que, juntos, constituem o chamado mérito
administrativo.

Mérito administrativo
O mérito do ato administrativo reside na possibilidade estabelecida em lei para valoração do motivo e
escolha do objeto do ato, segundo critérios de conveniência e oportunidade. O mérito administrativo é,
portanto, conceito restrito aos atos administrativos discricionários.
Questão interessante diz respeito à possibilidade de controle do Poder Judiciário sobre o mérito do ato
administrativo.

O entendimento geral é que o Poder Judiciário não pode efetuar controle demérito dos atos
administrativos discricionários. Ou seja, o Judiciário não pode decretar se o ato foi ou não conveniente e
oportuno, avaliando se a decisão foi boa ou má e dizendo que administrador deveria ter agido desta ou daquela
maneira. Caso contrário, o Judiciário estaria tomando o lugar da Administração e também do próprio legislador –
que conferiu discricionariedade ao agente público – ofendendo, assim, o princípio da separação dos Poderes.
Da mesma forma, existe o entendimento de que o controle judicial não incide sobre os chamados
atos interna corporis, que são atos de organização internados Poderes, a exemplo dos Regimentos Internos das
Casas Legislativas. Isso porque a Constituição atribui a esses órgãos a prerrogativa para criarem suas próprias
normas de organização interna, conforme entendam ser mais conveniente para o andamento dos seus trabalhos,
de maneira discricionária.Assim, qualquer controvérsia acerca da interpretação dessas normas deve ser resolvida
internamente, de maneira discricionária pelos órgãos que as criaram, sem possibilidade de ingerência do Poder
Judiciário. Trata-se de controle de mérito (ex: adecisão de cassar ou não um deputado por quebra do decoro
parlamentar é um ato interna corporis, praticado com base no Regimento da Casa Legislativa; ao Judiciário não
cabe controlar o mérito dessa decisão).

Não se deve, todavia, confundir a vedação a que o Judiciário aprecie o mérito administrativo com a
possibilidade de aferição judicial da legalidade ou legitimidade dos atos discricionários. São coisas
completamente distintas.
O controle de mérito é sempre controle de oportunidade e conveniência, só podendo ser realizado pela
própria Administração. O controle de mérito resulta na revogação ou não do ato, e nunca em sua anulação; o
Poder Judiciário, no exercício da função jurisdicional, não revoga atos administrativos, somente os anula, se
houver ilegalidade ou ilegitimidade29.

Assim, a rigor, pode-se dizer que, com relação ao ato discricionário, o Judiciário pode apreciar os aspectos
de legalidade e legitimidade dos elementos competência, finalidade e forma. Quanto aos elementos motivo e
objeto, o Judiciário pode verificar se a Administração ultrapassou ou não os limites de discricionariedade; nesse

29
Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2014, p. 494).

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caso, o controle judicial também é de legalidade e legitimidade (e não de mérito), afinal, se a autoridade
ultrapassou o espaço livre deixado pela lei, ela invadiu o campo da legalidade, o que pode levar à anulação do
ato.

Atualmente, observa-se uma tendência de ampliação do alcance do controle judicial sobre os atos
administrativos discricionários. De fato, são admitidas várias razões que podem configurar uso indevido dos
critérios de conveniência e oportunidade, por exemplo:

 Desvio de poder, que ocorre quando a autoridade usa o poder discricionário para desviar-se da
finalidade de persecução do interesse público;
 Teoria dos motivos determinantes, pela qual quando a Administração indica os motivos que a levaram
a praticar o ato, este somente será válido se os motivos forem verdadeiros;
 Princípios da moralidade e da razoabilidade, segundo os quais a valoração subjetiva dos atos
discricionários tem que ser feita em consonância com aquilo que, para o senso comum, seria
considerado moral, razoável, proporcional.

Todos esses quesitos têm sido usados pelo Poder Judiciário como fundamento para decretar a anulação de
atos administrativos discricionários. Isso, contudo, não implica invasão na discricionariedade administrativa; o
que se procura é colocar essa discricionariedade em seus devidos limites, impedindo arbitrariedades que a
Administração Pública pratica sob o pretexto de agir discricionariamente30.

Questões para fixar


19) Embora tenha competência para analisar a legalidade dos atos administrativos, o Poder Judiciário não a
tem relativamente ao mérito administrativo desses atos.
Comentário:O item está correto. O controle judicial sobre os atos administrativos se restringe à aferição da
legalidade e da legitimidade. O Poder Judiciário não pode entrar no mérito do ato, quer dizer, não pode
fazer juízo de conveniência e oportunidade em relação a atos discricionários praticados dentro dos limites da
lei e com observância aos princípios administrativos. Caso a Administração ultrapasse esses limites, o
Judiciário poderá invalidar ato, sem que isso caracterize controle de mérito; uma vez rompidos os limites da
lei, o controle passa a ser de legalidade.
Gabarito: Certo

20) Mérito administrativo é a margem de liberdade conferida por lei aos agentes públicos para escolherem,
diante da situação concreta, a melhor maneira de atender ao interesse público.
Comentário:
Definição correta. O mérito administrativo consiste na avaliação da conveniência e da oportunidade
relativas ao motivo e ao objeto dos atos discricionários. Ressalte-se que essa liberdade é limitada, pois o
agente público deve observar os contornos da lei e os princípios da Administração Pública.

Gabarito: Certo

Pronto, chegamos ao fim do conteúdo teórico da aula de hoje. Vamos agora resolver algumas questões de
prova!

30
Di Pietro (2009, p. 219).

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Questões de concurso comentadas


1. (FCC – ALESE 2018)
A Administração pública, após editar ato administrativo, apercebeu-se de que, por razões de interesse público,
necessitaria desfazê-lo. Para tanto

a) deverá revogá-lo, o que produzirá efeitos ex nunc.


b) poderá anulá-lo ou revogá-lo, decisão de caráter discricionário da autoridade competente.

c) poderá anulá-lo, implicando efeitos extunc.

d) poderá revogá-lo, implicando efeitos extunc.

e) deverá anulá-lo ou revogá-lo, a depender dos efeitos almejados, o primeiro extunc e o segundo,
obrigatoriamente, ex nunc

Comentário:

Temos aqui uma pergunta sobre o controle interno que a administração pública exerce sobre os próprios atos.
Considere em relação a esse tópico que, com base no poder de autotutela (Súmula 473, STF), cabe a
administração o poder-dever de:

I – anular seus atos quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos.
Portanto a anulação tem efeitos retroativos sobre o ato, desconstituindo-os desde a origem, o que
chamamos de efeitoextunc;

II – revogar seus atos por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. A
revogação é discricionária e não interfere nos direitos adquiridos, o que nos leva a efeitos ex nunc, ou seja,
os efeitos da revogação não retroagem.

A questão acima traz uma situação em que a administração quer desfazer o ato por razões de interesse público,
ou seja, o ato não é ilegal, mas a administração identifica interesse na sua retirada do mundo jurídico, o que nos
leva a sua revogação por conveniência ou oportunidade.

Diante desse quadro a administração deverá revogar o ato, o que produzirá efeitos não retroativos (ex nunc).
Note que usamos a expressão “deverá revogar o ato”, nesse contexto, não porque trata-se de uma obrigação,
sendo exercício da discricionariedade administrativa, mas sim porque a retirada do ato válido do mundo jurídico
deverá necessariamente ocorrer por meio de revogação, já que a anulação destina-se a atos ilegais.

Gabarito: alternativa “a”

2.(FCC – AJAA TRT/PE 2018)


Considere os itens:
I. Ato vinculado;

II. Ato discricionário.


No que concerne aos itens apresentados,

a) ambos se submetem a controle interno e externo, este exercido tanto pelo Poder Legislativo, por meio do
Tribunal de Contas, como pelo Poder Judiciário.

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b) o item I submete-se a controle interno e externo; o item II a controle interno apenas, que é denominado
autotutela.
c) ambos se submetem a controle externo e interno, sendo o controle interno de menor amplitude e extensão
que o externo, pois limitado a questões de conveniência e oportunidade.

d) o item I submete-se a controle externo; o item II não, pois os atos discricionários, por envolverem juízo de
conveniência e oportunidade, afastam o controle de legalidade pelo Poder Judiciário.

e) o item II submete-se a controle externo; o item I não, pois os atos vinculados, por envolverem juízo de
conveniência e oportunidade, afastam o controle de legalidade pelo Poder Judiciário.

Comentário:

A questão trata do controle externo e interno dos atos administrativos de forma bem superficial. Sobre esse
tópico, temos simplificadamente que controle interno é aquele exercido dentro de um mesmo Poder. O
controle externo, por outro lado, é exercido por um Poder sobre os atos administrativos praticados por outro
Poder.

Vamos a análise de cada espécie de ato:


I. Ato vinculado. Essa espécie de ato não depende de análise da conveniência e oportunidade da Administração,
pois a norma determina prática precisa diante de determinada configuração fática.
Esses atos têm a sua legalidade controlada tanto de forma interna pelo mesmo Poder em que foi praticado,
quanto externamente pelo Poder Judiciário e pelo Tribunal de Contas, por exemplo. Sobre esse ponto não há
dúvidas.

II. Ato discricionário. Esses atos contam com margem de liberdade conferida à Administração, sendo praticados
em obediência a um juízo de conveniência e oportunidade do mérito administrativo.
A impossibilidade de interferência externa do Poder Judiciário no mérito dos atos discricionários provoca
comumente dúvidas sobre a possibilidade de controle desses atos, por isso é necessário frisar que: a
discricionariedade da Administração não pode ser substituída por discricionariedade do Poder Judiciário e
modificada externamente, mas a legalidade dos atos pode e deve ser controlada tanto internamente quanto
externamente.

Ou seja, o Poder Judiciário, por exemplo, não avaliará a conveniência e oportunidade do ato discricionário, mas
exercerá controle sobre a legalidade do ato. O controle interno praticado pelo mesmo Poder será mais amplo a
abrangerá a legalidade e o mérito do ato administrativo, detendo a prerrogativa não só de anulá-lo, mas também
de revogá-lo em exercício da autotutela.
De qualquer forma, temos controle interno e externo sobre atos discricionários.
Com as observações acima é possível concluir que a letra ‘a’ está correta. Abro um parêntese para ressaltar que a
referida alternativa afirma que o Poder Legislativo exerce controle externo por meio do Tribunal de Contas,
dando a entender que o Tribunal de Contas faz parte de tal Poder. Essa é uma questão polêmica já que a doutrina
classifica o Tribunal de Contas como um órgão independente, que não integra nenhum dos Poderes, e a própria
Constituição Federal determina que o controle externo será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas (art. 71,
CF/88).

Gabarito: alternativa “a”

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3. (FCC – TRE/PR 2017)


A distinção entre ato administrativo vinculado e discricionário pode se fazer presente em diversas situações e
âmbitos de análise jurídica. Quanto aos efeitos, predicar um ato administrativo como discricionário ou vinculado

a) interfere no nível de autonomia conferido ao administrador, na medida em que os atos vinculados estão
expressamente previstos em lei e os atos discricionários não encontram previsão normativa, fundamentando-se
apenas na competência para emiti-lo.

b) impacta na existência ou não de controle judicial sobre o mesmo, tendo em vista que os atos vinculados estão
sujeitos à análise judicial, enquanto os discricionários apenas admitem controle interno da própria Administração
pública.

c) impede considerar aspectos externos do caso concreto na análise, tendo em vista que nos dois casos deve
haver previsão normativa específica sobre qual ato deve ser praticado e em que grau e medida, ainda que nos
atos discricionários a norma deva elencar as soluções possíveis.

d) possibilita inferir a extensão do controle judicial de determinado ato, posto que nos atos vinculados todos os
aspectos estão contemplados pela norma, cabendo ao administrador subsumir um determinado caso concreto
ao ato a ele atribuído pela lei.
e) permite que os atos discricionários sejam alterados com maior agilidade, sem necessidade de previsão legal,
enquanto para os vinculados é obrigatória autorização Judicial.

Comentários:

a) ERRADA. De fato, a diferença básica entre atos vinculados e discricionários reside no nível de autonomiaque
um e outro conferem ao agente público. Apesar disso, ambos são previstos em lei, com a diferença apenas do
grau de liberdade conferido pelo legislador.
Isso decorre da forma como o princípio da legalidade se aplica à Administração Pública. Enquanto ao particular
é permitido fazer tudo o que a lei não proíbe; para a Administração pública somente é lícito fazer o que a lei
autoriza. Logo, tanto atos vinculados quanto discricionários estão cobertos pela lei.
b) ERRADA. Tanto os atos discricionários quanto os vinculados sujeitam-se ao controle do Poder Judiciário,
dado o mandamento constitucional da inafastabilidade da jurisdição.

c) ERRADA. A alternativa erra apenas na informação de que se deve desconsiderar os aspectos particulares do
caso concreto, pois não haveria justiça se se tratassem todas as situações de forma igual, ainda quando dotadas
de características particulares que recomendem tratamentos distintos. Quanto ao restante, como já dito, a
norma deve sim apresentar a atuação possível à Administração, ainda que conferindo maior liberdade nos atos
discricionários.
d) CERTA. Como o ato vinculado tem receituário completo na lei (o passo a passo é dado sem margem para
escolha), o controle judicial cobre todos os elementos do ato administrativo (competência, forma, finalidade,
motivo e objeto), ao passo que, nos atos discricionários, não cabe ao Poder Judiciário substituir o juízo de
conveniência e oportunidade da Administração (mérito administrativo) pelo seu próprio. O mérito
administrativo ocorre pela flexibilidade conferida pela lei nos elementos motivo e objeto.

Apesar disso, o Poder Judiciário pode controlar também os atos discricionários, sob alguns aspectos, sempre
buscando verificar se são legais e legítimos, mas nunca em um juízo de conveniência e oportunidade. São
exemplos dessa possibilidade as seguintes situações:

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Desvio de poder, que ocorre quando a autoridade usa o poder discricionário para desviar-se da finalidade de
persecução do interesse público;
Teoria dos motivos determinantes, pela qual quando a Administração indica os motivos que a levaram a
praticar o ato, este somente será válido se os motivos forem verdadeiros;

Princípios da moralidade e da razoabilidade, segundo os quais a valoração subjetiva dos atos discricionários
tem que ser feita em consonância com aquilo que, para o senso comum, seria considerado moral, razoável,
proporcional.

e) ERRADA. A alteração dos dois tipos de atos independe de atuação do Poder Judiciário, já que pode ocorrer
por iniciativa da Administração. Além disso, ambos têm previsão legal.

Gabarito: alternativa “d”

4. (Cespe – Sefaz/RS 2018)


Assinale a opção que indica o atributo conforme o qual o ato administrativo deve corresponder a uma figura
definida previamente pela lei como apta a produzir determinados resultados.

a) tipicidade
b) presunção de legitimidade

c) autoexecutoriedade
d) imperatividade

e) coercibilidade
Comentário:

Segundo a doutrina da professora Maria Sylvia Di Pietro a tipicidade é o atributo pelo qual o ato administrativo
deve corresponder a figuras definidas previamente pela lei como aptas a produzir determinados resultados,
sendo um corolário do princípio da legalidade, afastando a possibilidade de a administração praticar atos
inominados.

Vejamos agora os demais atributos trazidos pelas alternativas da questão:

Presunção de legitimidade: é um atributo que decorre da própria natureza dos atos administrativos e garante a
execução do ato administrativo de forma imediata, desde a sua edição, mesmo que contenha vícios ou defeitos
enquanto não for anulado ou sustado pela administração ou pela Poder Judiciário. Em outras palavras,
presumem-se legítimos os atos administrativos desde a sua edição até a sua eventual suspensão ou anulação,
sendo desnecessária prévia declaração de legitimidade para a sua aplicação.

Autoexecutoriedade: não é um atributo presente em todos os atos administrativos e, em relação aos atos em
que está presente, consiste na possibilidade de implementação material pela administração de atos executórios,
diretamente, inclusive mediante o uso da força, sem que seja necessária prévia autorização judicial. Não se
esqueça que esse atributo jamais afasta a apreciação judicial do ato, servindo apenas para dispensar a
necessidade de ordem judicial prévia para a sua prática.

Imperatividade: traduz a possibilidade de a administração pública criar obrigações para os administrados, ou


impor-lhes restrições, unilateralmente.

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Coercibilidade: é um atributo do poder de polícia e consiste na possibilidade de as medidas adotadas pela


administração pública serem impostas coativamente ao administrado, inclusive mediante o emprego da força.
Considerando a doutrina de Maria Sylvia Di Pietro, assim como Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, temos que
a coercibilidade é indissociável da autoexecutoriedade.

Gabarito: Alternativa “a”.

5. (Cespe – Sefaz/RS 2018)


Assinale a opção que apresenta o atributo pelo qual determinados atos administrativos podem ser executados
direta e imediatamente pela própria administração pública, independentemente de intervenção do Poder
Judiciário.

a) presunção de legitimidade

b) imperatividade

c) autoexecutoriedade

d) tipicidade

e) presunção de veracidade
Comentário:

Estamos diante da Autoexecutoriedade, que possibilita a implementação material pela administração de atos
executórios, diretamente, inclusive mediante o uso da força, sem que seja necessária prévia autorização judicial,
não sendo um atributo presente em todos os atos administrativos.

Relembrando outros atributos, temos:

Presunção de legitimidade: é um atributo que decorre da própria natureza dos atos administrativos e garante a
execução do ato administrativo de forma imediata, desde a sua edição, mesmo que contenha vícios ou defeitos
enquanto não for anulado ou sustado pela administração ou pela Poder Judiciário. Em outras palavras,
presumem-se legítimos os atos administrativos desde a sua edição até a sua eventual suspensão ou anulação,
sendo desnecessária prévia declaração de legitimidade para a sua aplicação.

Imperatividade: traduz a possibilidade de a administração pública criar obrigações para os administrados, ou


impor-lhes restrições, unilateralmente.

Tipicidade é o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela lei
como aptas a produzir determinados resultados, sendo um corolário do princípio da legalidade, afastando a
possibilidade de a administração praticar atos inominados.

Presunção de veracidade: decorre do desmembramento do atributo da presunção de legitimidade por Maria


Sylvia Di Pietro, e significando que os fatos alegados pela administração presumem-se verdadeiros. Dessa
forma, para a referida autoria, a presunção de legitimidade fica reservada para a interpretação e aplicação da
norma jurídica pela Administração Pública.

Gabarito: Alternativa “c”.

6. (Cespe – MP/PI 2018)

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Ao fazer uso de sua supremacia na relação com os administrados, para impor-lhes determinada forma de agir, o
poder público atua com base na autoexecutoriedade dos atos administrativos.
Comentário:

Ao fazer uso de sua supremacia na relação com os administrados, para impor-lhes determinada forma de agir, o
poder público atua com base na imperatividade dos atos administrativos. Lembrando que a imperatividade é o
atributo dos atos administrativos que permite à Administração executa-los independentemente da concordância
dos administrados. É um atributo de decorre diretamente do princípio da supremacia do interesse público sobre
o privado.

Por sua vez, o atributo da autoexecutoriedade informado na questão, permite que os atos administrativos
sejam executados independentemente de autorização judicial.

Note, portanto, a diferença, e tome cuidado para não confundir:

Autoexecutoriedade Imperatividade

• Atos podem ser executados sem • Atos podem ser executados sem
necessidade de autorização necessidade de concordância
judicial dos administrados

Gabarito: Errado

7. (Cespe – PC/MA 2018)


É possível a convalidação de atos administrativos quando apresentarem defeitos relativos aos elementos
a) objeto e finalidade.

b) motivo e competência.

c) motivo e objeto.
d) competência e forma.

e) finalidade e forma.

Comentário:

Primeiramente precisamos notar que a convalidação é possível em relação aos atos maculados por vícios
sanáveis, que são aqueles decorrentes de nulidade relativa. Existindo nulidade absoluta não é possível a
convalidação.
Nesse sentido, os defeitos nos elementos: competência e forma são sanáveis.

Os vícios de competência são convalidáveis, desde que não se trate de competência exclusiva. Exemplo de
saneamento desse vício: Ministro de Estado dispõe mediante decreto autônomo sobre a extinção de cargos
públicos vagos sem prévia delegação do Presidente da República. Como a atribuição descrita é delegável, o
presidente poderá ratificar o ato (art. 84, VI, ‘b’ e parágrafo único, CF/88).

Os vícios de forma são convalidáveis, desde que a forma não seja essencial à validade do ato. A ausência de
decreto na expropriação é um exemplo de formalidade essencial ao ato, não podendo esse ser convalidado na
sua falta.

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Atos maculados com vícios relativos a objeto, motivo e finalidade não podem ser convalidados.

Gabarito: alternativa “d”

8. (Cespe – PC/MA 2018)


De acordo com a doutrina majoritária, os elementos fundamentais do ato administrativo são o(a)

a) forma, a competência, a atribuição, a finalidade e o objeto.

b) objeto, a finalidade, o motivo, a competência e a tipicidade.


c) competência, a forma, o objeto, o motivo e a finalidade.

d) motivo, o objeto, a finalidade, a autoexecutoriedade e a força coercitiva.

e) objeto, o motivo, a competência, a finalidade e a abrangência.


Comentário:

Os cinco elementos dos atos administrativos, que são a base constitutiva da manifestação da vontade da
Administração, são: competência, forma, objeto, motivo e finalidade.

A doutrina majoritária adota esse entendimento, que está consagrada no direito positivo brasileiro na Lei de
Ação Popular, art. 2º (Lei 4.717/65). Isso porque ao tratar de atos nulos, a lei menciona os vícios presentes nos
elementos acima.

Gabarito: alternativa “c”

9. (Cespe – CGM/JP 2018)


A execução, de ofício, pela administração pública de medidas que concretizem o objeto de um ato administrativo
caracteriza o atributo da imperatividade.

Comentário:O item está incorreto. A prerrogativa de que certos atos administrativos sejam executados
imediata e diretamente pelo próprio Poder Público consiste na autoexecutoriedade. A imperatividade é o
atributo pelo qual os atos administrativos se impõem a terceiros independentemente de sua concordância,
criando obrigações ou impondo restrições.

Gabarito: Errado

10. (Cespe – PC/MA 2018)


De acordo com a doutrina majoritária, os elementos fundamentais do ato administrativo são o(a)
a) forma, a competência, a atribuição, a finalidade e o objeto.

b) objeto, a finalidade, o motivo, a competência e a tipicidade.

c) competência, a forma, o objeto, o motivo e a finalidade.

d) motivo, o objeto, a finalidade, a autoexecutoriedade e a força coercitiva.

e) objeto, o motivo, a competência, a finalidade e a abrangência.

Comentário:Os cinco elementos dos atos administrativos, que são a base constitutiva da manifestação da
vontade da Administração, são: competência, forma, objeto, motivo e finalidade.

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A doutrina majoritária adota esse entendimento, que está consagrada no direito positivo brasileiro na Lei de
Ação Popular, art. 2º (Lei 4.717/65). Isso porque ao tratar de atos nulos, a lei menciona os vícios presentes nos
elementos acima.

Gabarito: alternativa “c”

Lista de questões
1.(FCC – ALESE 2018)

A Administração pública, após editar ato administrativo, apercebeu-se de que, por razões de interesse público,
necessitaria desfazê-lo. Para tanto
a) deverá revogá-lo, o que produzirá efeitos ex nunc.

b) poderá anulá-lo ou revogá-lo, decisão de caráter discricionário da autoridade competente.

c) poderá anulá-lo, implicando efeitos extunc.

d) poderá revogá-lo, implicando efeitos extunc.

e) deverá anulá-lo ou revogá-lo, a depender dos efeitos almejados, o primeiro extunc e o segundo,
obrigatoriamente, ex nunc

2.(FCC – AJAA TRT/PE 2018)

Considere os itens:
I. Ato vinculado;

II. Ato discricionário.

No que concerne aos itens apresentados,


a) ambos se submetem a controle interno e externo, este exercido tanto pelo Poder Legislativo, por meio do
Tribunal de Contas, como pelo Poder Judiciário.

b) o item I submete-se a controle interno e externo; o item II a controle interno apenas, que é denominado
autotutela.

c) ambos se submetem a controle externo e interno, sendo o controle interno de menor amplitude e extensão
que o externo, pois limitado a questões de conveniência e oportunidade.
d) o item I submete-se a controle externo; o item II não, pois os atos discricionários, por envolverem juízo de
conveniência e oportunidade, afastam o controle de legalidade pelo Poder Judiciário.

e) o item II submete-se a controle externo; o item I não, pois os atos vinculados, por envolverem juízo de
conveniência e oportunidade, afastam o controle de legalidade pelo Poder Judiciário.

3. (FCC – TRE/PR 2017)

A distinção entre ato administrativo vinculado e discricionário pode se fazer presente em diversas situações e
âmbitos de análise jurídica. Quanto aos efeitos, predicar um ato administrativo como discricionário ou vinculado

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a) interfere no nível de autonomia conferido ao administrador, na medida em que os atos vinculados estão
expressamente previstos em lei e os atos discricionários não encontram previsão normativa, fundamentando-se
apenas na competência para emiti-lo.

b) impacta na existência ou não de controle judicial sobre o mesmo, tendo em vista que os atos vinculados estão
sujeitos à análise judicial, enquanto os discricionários apenas admitem controle interno da própria Administração
pública.

c) impede considerar aspectos externos do caso concreto na análise, tendo em vista que nos dois casos deve
haver previsão normativa específica sobre qual ato deve ser praticado e em que grau e medida, ainda que nos
atos discricionários a norma deva elencar as soluções possíveis.

d) possibilita inferir a extensão do controle judicial de determinado ato, posto que nos atos vinculados todos os
aspectos estão contemplados pela norma, cabendo ao administrador subsumir um determinado caso concreto
ao ato a ele atribuído pela lei.

e) permite que os atos discricionários sejam alterados com maior agilidade, sem necessidade de previsão legal,
enquanto para os vinculados é obrigatória autorização Judicial.

4. (Cespe – Sefaz/RS 2018)


Assinale a opção que indica o atributo conforme o qual o ato administrativo deve corresponder a uma figura
definida previamente pela lei como apta a produzir determinados resultados.

a) tipicidade

b) presunção de legitimidade

c) autoexecutoriedade

d) imperatividade
e) coercibilidade

5.(Cespe – Sefaz/RS 2018)

Assinale a opção que apresenta o atributo pelo qual determinados atos administrativos podem ser executados
direta e imediatamente pela própria administração pública, independentemente de intervenção do Poder
Judiciário.

a) presunção de legitimidade

b) imperatividade

c) autoexecutoriedade

d) tipicidade

e) presunção de veracidade

6. (Cespe – MP/PI 2018)


Ao fazer uso de sua supremacia na relação com os administrados, para impor-lhes determinada forma de agir, o
poder público atua com base na autoexecutoriedade dos atos administrativos.

7. (Cespe – PC/MA 2018)

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É possível a convalidação de atos administrativos quando apresentarem defeitos relativos aos elementos

a) objeto e finalidade.
b) motivo e competência.

c) motivo e objeto.

d) competência e forma.
e) finalidade e forma.

8. (Cespe – PC/MA 2018)

De acordo com a doutrina majoritária, os elementos fundamentais do ato administrativo são o(a)

a) forma, a competência, a atribuição, a finalidade e o objeto.

b) objeto, a finalidade, o motivo, a competência e a tipicidade.

c) competência, a forma, o objeto, o motivo e a finalidade.

d) motivo, o objeto, a finalidade, a autoexecutoriedade e a força coercitiva.

e) objeto, o motivo, a competência, a finalidade e a abrangência.

9. (Cespe – CGM/JP 2018)

A execução, de ofício, pela administração pública de medidas que concretizem o objeto de um ato administrativo
caracteriza o atributo da imperatividade.

10. (Cespe – PC/MA 2018)


De acordo com a doutrina majoritária, os elementos fundamentais do ato administrativo são o(a)
a) forma, a competência, a atribuição, a finalidade e o objeto.

b) objeto, a finalidade, o motivo, a competência e a tipicidade.

c) competência, a forma, o objeto, o motivo e a finalidade.


d) motivo, o objeto, a finalidade, a autoexecutoriedade e a força coercitiva.
e) objeto, o motivo, a competência, a finalidade e a abrangência.

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Gabarito
1. a 6. e
2. a 7. d
3. d 8. C
4. a 9. E
5. C 10. C

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RESUMÃO DIRECIONADO
ATOS ADMINISTRATIVOS: praticados por todos os Poderes, quando exercem função administrativa.

 Principais aspectos do conceito de ato administrativo:

 Produzido no exercício da função administrativa;


 Declaração de vontadeunilateral;
 Realizado por agente público, inclusive particulares em colaboração;
 Regido pelo Direito Público;
 Produz efeitos jurídicos imediatos;
 Sujeito ao controle judicial.

ELEMENTOS (Com Fi For M Ob) e ATRIBUTOS (PATI) do ato administrativo

ELEMENTOS: partes do ato ATRIBUTOS: características do ato


 Presunção de legitimidade: conformidade do ato
com a ordem jurídica e veracidade dos fatos
 COMpetência: poder atribuído
(sempre existe).
 FInalidade: interesse público (resultado mediato)
 Autoexecutoriedade: permite que a Administração
 FORma: como o ato vem ao mundo
atue independente de autorização judicial
 Motivo: pressupostos de fato e de direito
 Tipicidade: vem sempre definido em lei.
 OBjeto: conteúdo (resultado imediato)
 Imperatividade: faz com que o destinatário deva
obediência ao ato, independente de concordância.

ATRIBUTOS

 Presunção de legitimidade: presume-se que o ato foi praticado conforme a lei.


 Presunção de veracidade: presume-se que os fatos alegados pela Adm são verdadeiros.
 Permite que os atos produzam efeitos de imediato, ainda que apresentem vícios aparentes.
Presunção de  O administrado terá que se submeter ao ato, até que ele seja invalidado.
legitimidade  Presunção relativa (admite prova em contrário).
 Inverte o ônus da prova (o administrado é que deve provar o erro da Administração)
 Presente em todos os atos administrativos.

 Imposição de restrições e obrigações ao administrado sem necessidade de sua concordância.


 Decorre do poder extroverso (poder de impor obrigações a terceiros, de modo unilateral)
 Está presenteapenas nos atos que impõem obrigações ou restrições.
Imperatividade
 Não está presente nos atos enunciativos (ex: certidão, parecer) e nos atos que conferem direitos
(ex: licença ou autorização de bem público).

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 Certos atos administrativos podem ser executados pela própria Administração, sem
necessidade de intervenção judicial.
 Desdobra-se em:
o Exigibilidade: coerção indireta (ex: aplicação de multas);
Autoexecutorieda o Executoriedade: coerção direta (ex: demolição de obra irregular)
de  Está presenteapenas quando:
o expressamente prevista em lei (ex: poder de polícia; penalidades disciplinares).
o tratar-se de medida urgente.
 Não está presente quando envolve o patrimônio do particular (ex: cobrança de multa não
paga; desconto de indenização ao erário nos vencimentos do servidor).

 Cada espécie de ato administrativo requer a devida previsão legal.


Tipicidade
 Impede a prática de atos inominados (atos sem previsão legal).

ELEMENTOS

 Conjunto de atribuições de um agente órgão ou entidade pública.


 Decorre sempre de norma expressa (CF e lei = fontes primárias; infralegais = secundárias)
 Critérios de distribuição: matéria, hierarquia, lugar, tempo e fracionamento.
 É irrenunciável, imodificável, improrrogável e intransferível.
 Delegação: transfere o exercício da competência a agente subordinado ou não.
o Delegar é regra, somente obstada se houver impedimento legal.
o Não é possível: atos normativos, recursos administrativos e competência exclusiva.
Competência  Avocação: atrai o exercício de competência pertencente a agente subordinado (apenas).
o Medida excepcional.
o Não é possível: atos de competência exclusiva
 Vícios de competência:
o Incompetência: excesso de poder (em regra, pode ser convalidado, exceto competência
em razão da matéria e competência exclusiva); usurpação de função (ato inexistente);
função de fato (ato é considerado válido e eficaz)
o Incapacidade: impedimento (situações objetivas) e suspeição (situações subjetivas)

 Resultado pretendido pela Administração com a prática do ato administrativo.


 Finalidadegenérica (satisfação do interesse público) e específica (própria de cada ato = objeto)
Finalidade  Decorre do princípio da impessoalidade.
 Vício de finalidade: desvio de finalidade (insanável, ato deve ser anulado).

 Modo de exteriorização do ato e procedimentos para sua formação e validade.


 A regra é a forma escrita, mas atos podem ser produzidos na forma de ordens verbais, gestos,
apitos, sinais sonoros e luminosos (semáforos de trânsito), placas.
 Os atos não dependem de forma determinada exceto quando a lei expressamente a exigir
Forma
(formalismo moderado)
 Vício de forma: não observância de formalidades essenciais à existência do ato (insanável, ato
deve ser anulado); quando a forma não é essencial, o vício pode ser convalidado.
 A falta de motivação, quando obrigatória, é vício de forma, acarretando a nulidade do ato.
Motivo  Fundamentos de fato e de direito que justificam a prática do ato.

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 Motivo ≠ motivação.
 Motivação é a exposição dos motivos. Deve ser prévia ou concomitante.
 Em rega, a Administração tem o dever motivar seus atos, discricionários ou vinculados.
 A motivação é obrigatória se houver normal legal expressa nesse sentido (ex: atos que neguem,
limitem ou afetem direitos, que imponham deveres, que decidam recursos etc.)
 Ex. de ato que não precisa de motivação: nomeação e exoneração para cargo em comissão.
 Motivo (realidade objetiva, o que aconteceu) ≠ Móvel (realidade subjetiva, intenção do agente)
 Teoria dos motivos determinantes: o ato administrativo somente é válido se sua motivação for
verdadeira, ainda que feita sem ser obrigatória.
 Vícios de motivo: quando o motivo for falso, inexistente, ilegítimo ou juridicamente falho
(insanável, ato deve ser anulado).

 Efeitos jurídicos imediatos do ato administrativo.


 Identifica-se com o conteúdo do ato (demissão, autorização para edificar,
desapropriação etc).
 Deve ser lícito, possível, certo e moral.
Objeto
 Objeto acidental: encargo/modo (ônus imposto ao destinatário do ato), termo (início e
fim da eficácia do ato) e condição (suspensiva e resolutiva).
 Vícios de objeto: quando é proibido, impossível, imoral e incerto (insanável, ato deve ser
anulado).

VINCULAÇÃO e DISCRICIONARIEDADE

 Ato vinculado: todos os elementos são vinculados.


 Ato discricionário:
o Motivo e objeto: discricionários (mérito administrativo)
o Competência, finalidade e forma: vinculados.
o Não existe ato totalmente discricionário!

 Poder Judiciário não aprecia o mérito administrativo: caso a Administração ultrapasse os limites da discricionariedade,
o Judiciário poderá anular o ato (jamais convalidar), sem que isso caracterize controle de mérito; uma vez rompidos os
limites da lei, o controle passa a ser de legalidade.

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EXTINÇÃO E CONVALIDAÇÃO DE ATOS ADMINISTRATIVOS

REVOGAÇÃO ANULAÇÃO CONVALIDAÇÃO

Natureza do De mérito Legalidade e legitimidade Legalidade e legitimidade


controle (sem vício) (vícios insanáveis) (vícios sanáveis)

Eficácia Ex nunc (não retroage) Extunc (retroage) Extunc (retroage)

Competência Administração Administração e Judiciário Administração

Atos discricionários (não Atos vinculados e discricionários Atos vinculados e


Incidência existe revogação de ato discricionários
vinculado)

A revogação é um A anulação de ato com vício A convalidação é um ato


ato discricionário. insanável é um ato vinculado. A discricionário (pode-se
Natureza do
anulação de ato com vício optar pela anulação do
desfazimento
sanável passível de convalidação ato).
é um ato discricionário.

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Referências
Alexandrino, M. Paulo, V. Direito Administrativo Descomplicado. 22ª ed. São Paulo: Método, 2014.

Bandeira de Mello, C. A. Curso de Direito Administrativo. 32ª ed. São Paulo: Malheiros, 2015.

Borges, C.; Sá, A. Direito Administrativo Facilitado. São Paulo: Método, 2015.

Carvalho Filho, J. S. Manual de Direito Administrativo. 27ª ed. São Paulo: Atlas, 2014.

Di Pietro, M. S. Z. Direito Administrativo. 28ª ed. São Paulo: Editora Atlas, 2014.

Furtado, L. R. Curso de Direito Administrativo. 4ª ed. Belo Horizonte: Fórum, 2013.

Knoplock, G. M. Manual de Direito Administrativo: teoria e questões. 7ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
Justen Filho, Marçal. Curso de direito administrativo. 10ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014.

Marrara, Thiago. As fontes do direito administrativo e o princípio da legalidade. Revista Digital de Direito
Administrativo. Ribeirão Preto. V. 1, n. 1, p. 23-51, 2014.

Meirelles, H. L. Direito administrativo brasileiro. 41ª ed. São Paulo: Malheiros, 2015.
Scatolino, G. Trindade, J. Manual de Direito Administrativo. 2ª ed. JusPODIVM, 2014.

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