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SMR509

INVERNO 2015

Uso de Experiência Simulada para


Compreender Grandes Volumes de
Dados

À medida que as análises de dados ficam mais complexas, qual a


melhor forma para as empresas poderem comunicar seus
resultados, garantindo que os tomadores de decisões entendam
adequadamente as implicações dos dados?

Robin M. Hogarth
Emre Soyer

Vol. 56 | Reimpressão #56215 | http://mitsmr.com/1wD4cHc

Este documento é autorizado somente para uso e revisão de educadores por Oscar Javier Celis Ariza, Universidade Estácio de Sá até fevereiro de 2017. Cópia ou publicação
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TOMADA DE DECISÕES : SIMULAÇÕES

Uso de Experiência A PRINCIPAL


PERGUNTA
Qual a melhor forma para
as empresas

Simulada para comunicarem

resultados
analíticos a seus

Compreender Grandes executivos?

Volumes de Dados
RESULTADOS

À medida que as análises de dados ficam mais complexas,


Geralmente há uma
qual a melhor forma para as empresas poderem comunicar grande diferença entre
as conclusões de
seus resultados, garantindo que os tomadores de decisões analistas e o que tomadores
de decisões
entendam adequadamente as implicações dos dados? compreendem.
Descrições de
informações estatísticas
complexas podem ser
enganosas.
POR ROBIN M. HOGARTH E EMRE SOYER A interação com
um modelo de simulação
pode ajudar executivos
a tomarem melhores
decisões.

EM UM AMBIENTE econômico e social cada vez mais


complexo, o acesso a grandes quantidades de dados e
informações pode ajudar as organizações e governos a adotar
políticas, previsões e decisões melhores.
De fato, cada vez mais os tomadores de decisões confiam
em resultados estatísticos e modelos de decisão com base
em dados ao abordar problemas e traçar estratégias. Cientistas,
pesquisadores, tecnólogos e jornalistas vêm acompanhando
essa tendência, tentando entender quando e como essa
abordagem é mais útil e eficaz.¹

Até agora, as discussões se concentraram mais na análise:


coleta de dados, infraestruturas tecnológicas e métodos
estatísticos. Contudo, outra questão vital recebe muito menos
atenção: como os resultados analíticos são comunicados aos
tomadores de decisões. Conforme o volume dos dados aumenta

e as análises ficam mais complexas, qual a melhor forma para os


analistas comunicarem os resultados, garantindo que tomadores
de decisões entendam adequadamente suas implicações?

Comunicar Informações Estatísticas


Independentemente do quão bem executada, a utilizada de uma
análise depende de como os resultados são compreendidos pelo
público-alvo. Pense em um paciente indo ao médico para tratar
uma doença. Sem dúvida, a tarefa mais importante é o diagnóstico
da doença, que poderá levar à escolha do tratamento adequado.
Contudo, mesmo se a decisão final for do paciente, o trata-
mento escolhido poderá depender de como o médico informar
as diferentes opções ao paciente.
O mesmo se aplica quando o investidor consulta um especialista
financeiro ou o gerente procura os serviços de uma empresa de
consultoria.
Vários experimentos comportamentais mostraram que quando
as mesmas informações estatísticas são transmitidas de
formas diferentes, as pessoas tomam decisões bem diferentes.
TOMADA DE DECISÕES : SIMULAÇÕES

A ciência dos dados, assim como diagnósticos grande erro. Embora enfatizem uma questão, as
médicos ou pesquisas científicas, está nas mãos descrições podem acabar escondendo detalhes
de analistas especializados, que devem explicar com importantes consequências para tomada de
decisões. (Vide “Descrevendo um Problema de
seus resultados a executivos tomadores de deci- Investimento). A questão, então, torna-se: Quando
Sões, que muitas vezes possuem menos se trata de tomar decisões, será que somos
conhecimento sobre o raciocínio formal e esta- capazes de diferenciar entre descrições boas e
tístico. No entanto, vários experimentos ruins?
Nossa própria pesquisa sugere que as descrições
Comportamentais mostram que quando as
mesmas informações estatísticas são transmitidas podem desviar até mesmo os tomadores de
de formas diferentes, as pessoas tomam deci- decisões mais especializados. Em um experimento
recente, pe- dimos que 257 estudiosos de economia
sões radicalmente diferentes.² fizessem julgamentos e previsões com base em uma
simples análise de regressão. (Vide “Sobre a
Consequentemente, geralmente há uma grande di- Pesquisa”). Esse é o tipo mais comum de análise
Ferença entre conclusões de analistas e o que os empregado na economia aplicada para identificar e
Tomadores de decisão entendem. Aqui, abordamos quantificar uma relação causal entre duas variáveis.
a questão ao identificar, primeiro, os pontos fortes Para nossa surpresa, a maioria dos especialistas teve
dificuldade para decifrar e agir de forma precisa sobre
e fracos dos modos mais comuns utilizados os resultados do tipo de análise que eles mesmos
para comunicar resultados: descrição e ilustração. geralmente realizam. Em particular, descobrimos que
nossa descrição dos resultados, que imitava o padrão
Em seguida, apresentamos um terceiro método
da indústria, induzia a uma ilusão de previsibilidade —
— experiência simulada —, que permite a inter- uma crença errônea de que os resultados analisados
eram mais previsíveis do que realmente o eram .
pretação intuitiva de informações estatísticas
e, portanto, comunica resultados analíticos A descrição atrapalhou algumas fontes de
até para tomadores de decisões ingênuos quando incerteza e os tomadores de decisão tiveram
excesso de confiança quanto a suas
se trata de estatística.
expectativas. Em última análise, conseguimos
evitar essa ilusão ao substituir a descrição com
Descrição Descrição é o modo padrão de
uma ilustração. Dessa vez, os julgamentos e
apresentar informações estatísticas. Em geral,
decisões foram precisos, sugerindo que a
Envolve declaração verbal ou um relatório,
descrição dos resultados realmente era a
que pode ter uma ou mais tabelas para 3
resumir os resultados. O ponto forte dessa culpada pelos equívocos.
abordagem é a velocidade fornecer ao tomador
Ilustração Ilustrações na forma de gráfico, figura,
de decisões os aspectos mais essenciais e sali-
diagrama ou quadro também são regularmente
entes de uma análise. Mas conforme o problema
fica mais complexo, esse ponto forte vira um usadas para comunicar informações estatísticas.
Ao contrário da descrição, o principal objetivo é
fornecer uma visão geral da análise e oferecer uma
noção mais generalizada (embora menos precisa)
DESCREVER O PROBLEMA DE INVESTIMENTO
Pense em um cenário onde Y é uma variável desejável, como riqueza ou saúde, dos resultados. Consequentemente, os tomadores
e X é um recurso valioso e escasso, como dinheiro ou tempo. Você quer ter mais de decisão são mais capazes de reconhecer as
Y fazendo um investimento em X. A análise de investimentos passados mostra tendências, efeitos e riscos de suas decisões em
que, em média, aumentar X em uma unidade leva ao aumento de uma unidade 4
em Y. Seu investimento atual é X = 0, e você pensa em aumentá-lo para potencial. Com o uso de ilustrações, é mais difícil
X = 5. Com esse valor de investimento, quais são as chances de você acabar com partes importantes dos resultados ficarem
Y negativo? Ou então, quantas unidades de X você precisaria para ter 80% de escondidas. Portanto, um benefício de visualizar os
certeza de que acabaria com Y positivo ?
Do dados está em tornar as incertezas mais
O aspecto saliente dessa descrição é o efeito médio estimado de 1 para transparentes. (Vide “Ilustrando um Problema de
1. No entanto, ao enfatizar esse aspecto, a descrição esconde por completo Investimento”, p. 52). De fato, um artigo de 2011 da
as incertezas inerentes em Y. Em particular, a informação fornecida não
Science que avalia a proficiência humana em
deixa qualquer dúvida quanto a como eventos aleatórios, além do controle
do tomador de decisão, podem afetar o resultado. Essa incerteza poderia, visualizar dados é habilmente intitulada
5
fato, resultar em alguém com grande investimento terminando pior do que “Visualizando a Incerteza sobre o Futuro.”
alguém com investimento menor ou sem investimento. Poderíamos, por
exemplo, acordar que fumar é mau para a saúde, mas não fumar não
garante uma vida mais longa e saudável em comparação ao fumante.
Portanto, usando apenas a informação sobre o efeito médio, é impossível
responder precisamente as perguntas específicas feitas sobre o problema ou
perceber os riscos potenciais associados à decisão.
Contudo, apesar de todos os seus benefícios, a
ilustração nem sempre é uma forma ideal de SOBRE A PESQUISA
Recentemente publicamos uma série de ensaios sobre psicologia experi-
comunicar complexidades. Quanto mais variá- mental sobre a eficácia da experiência simulada como ferramenta de comu-
nicação para informações estatísticas. Para pesquisar esses ensaios, con-
veis, mudanças estruturais, conexões e padrões
zimos diversos experimentos. Por exemplo, em um deles, pedimos que 257
nos dados, mais difícil é condensá-los em uma estudiosos de economia fizessem julgamentos e previsões baseados em uma
apresentação. Além disso, tal como a descrição, simples análise de regressão — um tipo de análise com a qual são muito
a ilustração geralmente é estática e não intera- familiarizados. Contudo, a maioria dos especialistas teve dificuldades ao
tiva. Hans Rosling, professor de saúde interna- decifrar e atuar de forma precisa sobre os resultados. De fato, nossa descrição
dos resultados, embora imitasse o padrão da indústria, disfarçava algumas
cional no Karolinska Institute, em Solna, fontes de incerteza. Por fim, conforme detalhado neste artigo, conseguimos
Suécia, tentou neutralizer essas falhas com a evitar essa ilusão ao substituir a descrição com uma ilustração.
ajuda de tecnologia visual. Especificamente, Em outra série de estudos, projetamos e testamos a eficácia de um mé-
criou visualizações inovadoras de tendências no todo de comunicação. Em vez de descrever ou ilustrar a análise, deixamos to-
madores de decisões — que agrupamos em partes diferentes com base nos
desenvolvimento global usando gráficos dinâmicos
níveis de sofisticação estatística — ganhar experiência quanto aos resultados
6
com mudanças ao longo do tempo. De forma seme-
de diferentes ações possíveis ao interagir com simulações baseadas na mês-
ma análise. Nossos resultados mostraram que, independentemente do nível de
lhante, Betterment LLC, serviço de investimento sofisticação estatística, as pessoas se identificam com essa abordagem. Espe-
Baseado em Nova York, criou recentemente uma cificamente, seus julgamentos e decisões melhoraram diante do aumento

de incerteza e complexidade. Outras conclusões às quais chegamos incluem:


ferramenta permitindo que os usuários
visualizem a evolução de um investimento de $100 no
7
S&P 500 em determinado período.
•Descrições são fáceis de construir, mas tendem a esconder incertezas ao
Não obstante, as falhas de descrição e ilus- concentrar a atenção em efeitos médios.
tração continuam um problema geral. Projetar •Ilustrações tornam incertezas mais visíveis. Entretanto, não lidam bem com
um processo multifacetado, intricado e complicado análises complexas envolvendo múltiplas variáveis.
•Conforme as incertezas e complexidades de situações aumentam, as pes-
em palavras estáticas, tabelas e gráficos inexoravel-
soas tendem a confiar na experiência mais do que na capacidade analítica.
mente significa omitir partes cruciais dos resultados. •Independentemente do nível de conhecimento estatístico, a experiência si-
Informações relevantes são inevitavelmente mulada ajuda tomadores de decisão a entender possíveis resultados de
perdidas. Portanto, seria possível desenvolver análise estatística subjacente.
uma alternativa dinâmica para as abordagens
disponíveis — algo que permitisse que tomadores
de decisão entendessem mais rápido as com- recentes. Em particular, a teoria da probabilidade,
plexidades e incertezas inerentes nas análises? que constitui a base dos nossos métodos atuais
9
de análise, só foi concebida no século XVII. O
Em uma série de estudos, projetamos e testa- problema que vemos hoje é nossa capacidade de
mos a eficácia de um método alternativo de co- comunicar e compreender resultados estatísticos
municação. Em vez de descrever ou ilustrar a aná- não ter avançado tão rápido quanto nossa profici-
lise, deixamos os tomadores de decisões ganharem ência em manusear dados. De fato, todos os ani-
experiência sobre os resultados de diferentes atos mais não humanos ainda dependem exclusivamente
possíveis ao interagir com simulações baseadas na
mesma análise. Nossos resultados mostraram da experiência para fazer escolhas e resolver pro-
que independentemente do seu nível de sofisti- blemas. Onde há fontes de alimentos disponíveis
cação estatística, as pessoas se identificam — e com que regularidade? Onde estão os preda-
com essa abordagem. Ademais, conforme as dores? Que padrões e tendências meteorológicos
análises ficam mais complicadas, os tomadores
de decisões tendem a confiar na experiência existem em um ambiente específico? Essas são

mais do que em suas intuições analíticas. questões vitais para a sobrevivência. Portanto,
não é surpresa que a evolução tenha dotado ambos os
O mais importante, seus julgamentos e decisões aumen- animais e os humanos com capacidades incríveis de
10
tam diante do aumento da incerteza e complexidade. Decodificar informações sobre ocorrências passadas.
Chamamos essa abordagem de experiência simu- Quando se trata de compreender e comunicar infor-
8
lada. mações estatísticas, a experiência é uma ferramenta
ponderosa, contudo muitas vezes subestimada.
Experiência Simulada
Por dezenas de milhares de anos, os humanos A experiência simulada explora nossa capacidade
fizeram julgamentos e tomaram decisões exclusivamente natural de transformar informações complicadas em
por meio da experiência. O raciocínio formal estatístico
e as ferramentas são, comparativamente, inovações conhecimento contestável. Essencialmente, permite
TOMADA DE DECISÕES : SIMULAÇÕES

que o tomador de decisão reviva o problema várias


vezes com ajuda da simulação. (Vide Interação Tomadores de decisão executivos
“Compreendendo um Problema de Investimento por interagem com o modelo de simulação e
meio da Experiência Simulada.”) A implantação da inserem ações em potencial e observam os
experiência simulada envolve quatro componentes: resultados subsequentes.

Análise Conduzir uma análise usando os dados Experiência Os tomadores de decisão podem
experimentar mudar suas inserções. Dessa forma,
disponíveis, a partir dos quais um analista
podem experimentar quantos resultados quiserem,
normalmente pode desenvolver uma descrição ou de acordo com essas inserções. Os executivos
ilustração. ganham evidências experimentais sobre
consequências potenciais de suas ações, com base
na análise estatística.
Simulação Em vez de criar algum tipo de descrição
ou ilustração, o analista constroi um modelo de A pesquisa atesta à eficácia dessa abordagem
simulação com base nos resultados da análise. quando o problema é tanto difícil de lidar quanto
repleto de incertezas. Por exemplo, um artigo no
ILUSTRANDO UM PROBLEMA DE INVESTIMENTO Journal of Consumer Research descobriu que
Considere o problema de investimento descrito na figura anterior. Aqui está a indivíduos criam melhores planos de aposentadoria
ilustração da relação X-Y com base em 250 observações individuais, sobre quando observam interativamente seus potenciais
as quais a análise é conduzida: benefícios11 futuros. Pesquisadores da Universidade
de Zurique descobriram que a experiência simulada
Y
ajuda investidores a observarem com precisão o perfil
40 subjacente de risco-retorno de seus investimentos12.
Um artigo recente da Management Science sugere
que bancos poderiam empregar esse método de
comunicação para ajudar seus clientes a observarem
30
com precisão os riscos associados a diferentes
produtos de investimento13. John Sterman, professor
de Administração Jay W. Forrester no MIT Sloan
20
School of Management e director do Grupo de
Dinâmica de Sistema do MIT, argumenta que debates
de mudança climática envolvem conceitos errados
cruciais — e efetivamente os retira ao simular
10 cenários viáveis14.

Em nossa própria pesquisa, descobrimos que as


0 X pessoas têm dificuldade ao avaliar suas chances de
sucesso em concorrências e decisões de inserção no
0 5 10 15 20 25 30 35
Mercado, mas similar essas situações leva a
15
avaliações e decisões mais adequadas. Além disso,
-10
a experiência simulada comprovadamente ajuda a
corrigir tendenciosidades de julgamento, tais como
16
Ver um gráfico de investimentos passados em vez de uma descrição que os negar taxas básicas em declarações probabilísticas.
resuma ajuda um tomador de decisão a reconhecer as incertezas inerentes Da mesma forma, iniciativas como Probability
fica claro que, apesar de um efeito médio de 1 para 1, alguém com investimento Management Inc. — uma organização sem fins
positivo pode ter resultado negativo (vide os pontos de dados abaixo da linha
horizontal). Além disso, um investimento maior nem sempre garantiria um retorno lucrativos que pretende melhorar a comunicação da
maior do que o daquele de alguém que fez um investimento menor. incerteza por meio de ferramentas de fonte aberta no
Ilustrar a relação entre duas variáveis é fácil. E se, no entanto, houvesse diversas apoio das decisões — buscam colocar essas
opções de investimento em vez de só uma? Esse é quase sempre o caso em evidências em uso, aplicando comunicação baseada
análises e situações da vida real. Ilustrar muitas variáveis interrelacionadas em
uma figura é pesado, senão inexequível. Diante dessas complexidades, as em simulação para melhorar as decisões gerenciais
17
ilustrações são menos significativas. reais e as políticas públicas. (Vide “Projetando
Simulações,” p. 54.)

Há diversos pacotes de software que oferecem as


feramentas necessárias para criar uma ampla variedade
de simulações para diversas situações de tomada de
decisões.
Oracle Crystal Ball, Plataforma de Solução de COMPREENDENDO UM PROBLEMA DE INVESTIMENTO
Risco da Frontline Systems e Analytica, da Lumina POR EXPERIÊNCIA SIMULADA
Dessa vez, considere um problema de investimento um pouco mais complexo,
onde há três opções possíveis de investimento (X1, X2 e X3)
estão entre as principais. Com um pouco de
afetando o resultado Y, em vez de só um. A interface abaixo permite que to-
conhecimento em programação, pode-se criar madores de decisões insiram suas escolhas de X1, X2 e X3. Quando um
simulações do princípio usando plataformas, usuário clica no botão de simulação, o modelo simula um Y corresponden-
como MATLAB ou C++. Claro, o Excel, da Micro- te baseado na análise feita dos dados disponíveis. Os usuários são livres pa-
ra inserir quantos conjuntos de entradas quiserem e simular quantas saídas
soft, é sempre útil se a decisão é relativamente sim-
quiserem para cada.
ples. A simulação apresentada aqui registra as entradas e resultados anteriores.
Isso permite que os usuários selecionem uma sub-amostra de resultados (a
parte sobressalente da coluna “Y Selecionado”) e obtenham a média dessa sub-
Experiências simuladas não vêm sem pontos amostra selecionada. (O botão de retornar limpa todos os dados
fracos e cegos. Por exemplo, se os tomadores de previamente simulados). Portanto, os usuários não apenas ganham ideias
para tomar decisões e experimentar as consequências, como também
decisão simularem apenas poucas experiências, as Coletam informações sobre os efeitos médios de suas estratégias. Pode-se
intuições resultantes podem ser influenciadas por também construir um histograma com base na sub-amostra selecionada —
variabilidade de amostra. A solução é ge- uma ilustração das frequências das saídas simuladas — para mostrar
rar uma grande quantidade de observações, com visualmente a distribuição dos resultados.
a mesma entrada, antes de formar uma ideia so-

bre as incertezas. Por fim, assim como todos os ou-


tros métodos de comunicação, a experiência simu- Escolha de X1 X1 X2 X3 Y Simulado Y Selecionado
lada é útil, enquanto a análise subjacente for im- Contagem Média
5 10 3 0 0,5
parcial e precisa. Se a análise tiver pontos 10 3 0 -0,3 6 5,1
cegos, assim será com as descrições, ilustrações Escolha de X2

Simlar 10 3 0 3,2
e experiências simuladas decorrentes. 5 5 5 5 4,7

5 5 5 10,8
Escolha de X3 Retornar

Precisamente Errado Contra 5 5 5 4,2


5

Aproximadamente Correto 5 5 5 4,4


Os avanços na tecnologia da computação 5 5 5 -1,0
nos permitem construir simulações em quase qual-
quer cenário. Entretanto, isso não significa que 5 5 5 7,5
… … … …
devamos empregar esse método para todos os
problemas. Para situações probabilísticas sim-
ou construir ilustrações usando características de software
ples, uma descrição ou ilustração pode ser de estatística. Em segundo lugar, e mais
uma escolha mais sábia. Mas conforme
a complexidade e as incertezas aumentam, as importante, simulações são vagas. Uma interface
simulações podem ajudar gerentes a entender me- que lhe permita fornecer suas entradas, simular

lhor as informações estatísticas e, dessa forma, a análise e observar os resultados relacionados


permitir que tomem melhores decisões, indepen- não lhe conduz para uma resposta precisa. Você
dentemente de seus níveis de experiência estatís- precisa se decidir conforme vivencia os resultados
tica. Não defendemos o abandono das descri- simulados.Geralmente não gostamos dessa abor-
ções ou ilustrações, argumentamos que devem dagem vaga, especialmente se a decisão for impor-
ser aumentadas com simulações extras. tante. Buscamos soluções perfeitas — manobras
Por que, então, raramente encontramos simu- exatas que levem aos resultados desejados. Como
lações para decisões essenciais sobre tratamentos
médicos, opções de investimento, planos de pen- gerentes, polítucos e tomadores individuais de
são, programas de seguro, etc? Afinal de contas, decisões, preferimos aprender as respostas
tecnologia de simulação não é algo novo. De fato, corretas imediatamente.
Entretanto, a própria presença da incerteza sugere
sempre foi essencial a qualquer processo de enge- que é sensato não buscar soluções rápidas. Nenhuma
nharia. O problema é que simulações ainda são decisão tem um conjunto completamente previsível de
principalmente vistas como ferramentas sofisticadas resultados. Nos negócios e na vida, a sorte tem a sua
vez. Depender muito de probabilidades
para análise estatística — em oposição a um inevitavelmente levará à crença de que podemos
meio de resultado de comunicação. prever resultados de forma mais precisa do que
Há duas principais razões para isso. A primeira realmente podemos. Esses conceitos errados podem
é técnica: Há um custo para construir simulações. levar a respostas precisas, porém erradas, a questões
Então é mais fácil para os analistas apenas im-
desenvolver descrições portantes.
TOMADA DE DECISÕES : SIMULAÇÕES

PROJETAR A experiência simulada pretende contrariar essa


SIMULAÇÕES
tendência ao permitir que tomadores de decisão
Eis algumas recomen-
dações sobre como sintam as respostas mais prováveis. Nas palavras de
projetar e usar expe- um famoso matemático norte-americano, o saudoso
riência simulada:
John W. Tukey: “Muito melhor uma resposta
•A interface deve ser feita aproximada à pergunta certa, que geralmente é vaga,
para o usuário. A interação
não deve ser cara. do que uma resposta exata à pergunta errada, que
pode ser sempre tornada precisa.”
•Tomadores de decisões
devem ser informados que
a experiência simulada é Robin M. Hogarth é professor emérito no departamento
de economia e negócios da Universitat Pompeu Fabra,
uma ferramenta de em Barcelona, Espanha. Emre Soyer é professor
comunicação; ajuda as assistente de julgamento e tomada de decisões da
pessoas a entenderem os faculdade de administração da Özyegin University, em
resultados de uma análise, Istambul, Turquia. Comente sobre este artigo em
mas não prova a http://sloanreview.mit.edu/56215 ou entre em contato
confiabilidade da com os autores em smrfeedback@mit.edu.
análise.

- Tomadores de decisões
devem ser aconselhados
sobre como a simulação
funciona e como calcula os
resultados de acordo com
as entradas.
REFERÊNCIAS

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Big Data” (Hoboken, New Jersey: John Wiley & Sons,
2013) oferece uma visão geral das aplicações de
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devem ter tempo para R. Fildes e P. Goodwin:
interagir com a simula- “Against Your Better Judgment? How Organizations
ção e decidir-se em Can Improve Their Use of Management Judgment in
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2007): 570-576.
•A simulação deve incorpo-
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Por exemplo, deve permi-
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entradas quando houver Between Joint and Separate Evaluations of
aleatoriedade no Options: A Review and Theore ical Analysis”,
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576-590; A. Tversky and R.H.
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Economic Perspectives 4, nº 2 (primavera de 1990):
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and f
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Knauff, M. Pauen, N. Sebanz and
I. Wachsmuth (Austin, Texas: Cognitive
Science Society, 2013.)
17. Probability Management é uma organização que
busca melhorar a comunicação de incertezas por meio
de ferramentas de ferramentas de fonte aberta no apoio
das decisões. Mais informações podem ser encontradas
em www.probabilitymanagement.org.
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