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Aluno de Platão, a quem reconhecia o gênio, Aristóteles passou a discordar de uma ideia
fundamental de sua filosofia e, então, o pensamento dos dois se distanciou. Talvez seja esse o
ponto de partida para se falar da obra filosófica aristotélica.
Platão concebia a existência de dois mundos: aquele que é apreendido por nossos sentidos –
por assim dizer, o mundo concreto -, que está em constante mutação; e um outro mundo –
abstrato -, o mundo das ideias, imutável, independente do tempo e do espaço, que nos é
acessível somente pelo intelecto.
O Mundo da Experiência
Para Aristóteles, existe um único mundo: este em que vivemos. Só nele encontramos bases
sólidas para empreender investigações filosóficas. Aliás, é o nosso deslumbramento com este
mundo que nos leva a filosofar, para conhecê-lo e entendê-lo.
Aristóteles sustenta que o que está além de nossa experiência não pode ser nada para nós.
Nesse sentido, ele não acreditava e não via razões para acreditar no mundo das ideias ou das
formas ideais platônicas.
O Que é Ser?
Filósofo que sistematizou a lógica, Aristóteles definiu as formas de inferência que são válidas e
as que não são, além de nomeá-las. Durante dois milênios, estudar lógica significou estudar a
lógica aristotélica.
Aristóteles aplicou a lógica, antes de mais nada, para responder a uma questão que lhe parecia
a mais importante de todas: o que é ser?, ou, em outras palavras, o que significa existir?
Primeiramente, o filósofo constatou que as coisas não são a matéria de que se constituem.
Por exemplo, uma pilha de telhas, outra de tijolos, vigas e colunas de madeira não são uma
casa. Para se tornarem casa, é necessário que estejam reunidas de um modo determinado,
numa estrutura muito específica e detalhada. Essa estrutura é a casa; e os materiais, embora
necessários, podem variar.
Com o tempo, nosso corpo está em constante mutação – transforma-se da infância para
adolescência, desta para a idade adulta e, finalmente, para a velhice. Nem por isso deixamos
de ser nós mesmos. Da mesma maneira, um cão é um cão em virtude de uma organização e
estrutura que ele compartilha com outros cães e que o diferencia de outros animais que
também são feitos de carne, pelos, ossos, sangue…
As Quatro Causas
Para Aristóteles uma coisa é o que é devido a sua forma. Como, porém, o filósofo entende essa
expressão? Ele compreende a forma como a explicação da coisa, a causa de algo ser aquilo que
é. Na verdade, Aristóteles distingue a existência de quatro causas diferentes e
complementares:
Embora Aristóteles não seja materialista (vimos que a forma não é a matéria), sua explicação
do mundo é mundana, está no próprio mundo. Finalmente, para o filósofo, a essência de
qualquer objeto é a sua função. Diz ele que, se o olho tivesse uma alma, esta seria o olhar; se
um machado tivesse uma alma, esta seria o cortar. Entendendo isso, entendemos as coisas.
Mas o pensamento aristotélico não se limitou a essa área da filosofia que podemos chamar de
teoria do conhecimento ou epistemologia. Deixando de lado os domínios que deram origem a
outras ciências e nos limitando à filosofia propriamente dita, Aristóteles ainda refletiu sobre a
ética, a política e a poética (que, no caso, compreende não apenas a poesia, mas a obra
literária e teatral).
Ética e Política
No campo da ética, segundo Aristóteles, todos nós queremos ser felizes no sentido mais pleno
dessa palavra. Para obter a felicidade, devemos desenvolver e exercer nossas capacidades no
interior do convívio social.
Para Aristóteles, é a ética que conduz à política. Segundo o filósofo, governar é permitir aos
cidadãos viver a vida plena e feliz eticamente alcançada. O Estado, portanto, deve tornar
possível o desenvolvimento e a felicidade do indivíduo. Por fim, o indivíduo só pode ser feliz
em sociedade, pois o homem é, mais do que um ser social, um animal político – ou seja, que
precisa estabelecer relações com outros homens.
O Papel da Arte
A poética tem, para Aristóteles, um papel importantíssimo nisso, na medida em que é a arte –
em especial a tragédia – que nos proporciona as grandes noções sobre a vida, por meio de
uma experiência emocional. Identificamo-nos com os personagens da tragédia e isso nos
proporciona a catarse, uma descarga de desordens emocionais que nos purifica, seja pela
piedade ou pelo terror que o conflito vivido pelas personagens desperta em nós.
Principalmente em função disso, a leitura de Aristóteles é difícil e seus textos não possuem a
qualidade artística que encontramos nas obras de Platão. Para conhecer os aspectos
relacionados às ciências na obra aristotélica clique aqui.
Nota do Blog
Bibliografia
“Dicionário de Filosofia”, Nicola Abbagnano, Martins Fontes, 2000.