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Para minha Maiara, minha menina, minha mulher,

Acho que sua geração não escreve mais cartas. Tão pouco, cartas de amor. Apesar
disso, acho que eu e você somos meio que fora do nosso tempo.

Você completa hoje 27 anos e eu pensei em como tornar essa data mais especial. Está
comigo há quase seis anos e, apesar das brigas, especialmente em junho passado, que
quase me destruiu, todos os mais anos foram intensos e positivos.

Eu já te fiz chorar e você me fez chorar. Merecemos sorrir um ao lado do outro, por
longos anos.

Eu vi uma menina desabrochar em 2011, mas até ali via uma menina. Linda, inteligente
e tímida, aos 19 anos, recém-completos. Eu via essa menina com atenção especial,
pois vi ali um imenso potencial. Nota 10,0 na primeira prova do curso superior, certo?
Tinha um carinho imenso por aquela menina de cabelos negros e olhos grandes e
tímidos, escondidos atrás de óculos de aros negros e grossos. Eu tinha um carinho
imenso por aquela menina que ficava meio desconcertada ao meu lado.

Saí da Unijorge e fui para o outro lado da Bahia. Aquela menina continuava a me visitar
em palestras, no IGHB e outros lugares. O carinho se manteve.

Em fins de 2013, essa mesma menina começou a conversar comigo. Eu não via
maldade nela. Na verdade, não vejo até hoje. As conversas saíram do campo da
História e entraram em seguimentos mais...íntimos. Não sei bem como isso aconteceu,
mas sei que veio em boa hora. Aquele distante 2013 foi um ano difícil e solitário. Para
minha surpresa, aquela menina disse, via facebook, que queria me admirava e queria
me beijar. Eu fiquei lisonjeado. Agendamos esse beijo, para o dia 4 de janeiro de 2014.
Data inesquecível. Antes de eu sair de casa, aquela menina me procurou, dizendo que
era virgem e que estava com medo. Eu disse que tudo bem, mas ela não desistiu do
beijo. Bem... recebi um dos melhores presentes até hoje, em toda minha vida. A honra
e o prazer de ser o primeiro homem daquela menina de, então, 21 anos. Eu decidi que
precisava trata-la como uma princesa. Daquele dia em diante, sempre que olho pra
ela, a vejo com a austeridade e o porte de uma princesa. Acabamos abraçados naquele
dia. E em muitos outros.

Eu pensei que essa menina só queria se divertir um pouco. Lembro do primeiro beijo e
de como a despi. De como a beijei toda, dos pés à cabeça. Impossível esquecer. Foi
mágico. Tudo foi mágico. Acabamos abraçados naquele dia. Naquele dia e nos
seguintes foi tudo magia e carinho.
Lembro que eu e aquela menina discordávamos de quase tudo, quando
conversávamos. Mas havia o respeito.

Depois veio o primeiro susto: a gravidez de Juliana. Lembro que te levei para ficarmos
a sós, mas você não estava bem. Acabamos abraçados naquele dia. E em muitos
outros. Eu abracei aquela menina, linda, a mais linda, na formatura dela.

Não nos víamos sempre. Eu estava na estrada. Mas falávamos sempre, sobre tudo.
Veio 2015 e a ideia do mestrado surgiu e a amadurecemos. Te sentia tão minha. Não
sabia que me amava, mas me sentia ligado a si. Em dezembro daquele ano, senti pela
primeira vez dor por estar ao seu lado. A dor foi forte e eu percebi que não era
brincadeira fazia algum tempo. Estávamos ligados, mas não expressamos isso. Bom,
fizemos alguns acordos. A vida seguiu com nós dois juntos. Já sentia falta... do Dia dos
Namorados, do Natal, e de todas as datas especiais que não passamos juntos. Mas eu
tinha seus cabelos negros e seus olhos grandes, mais fogosos. A menina estava um
mulherão.

Foi maravilhoso o ano 2016 ao seu lado e a sua conquista do mestrado. Te sentia mais
minha. Eu via uma menina crescer, diante dos meus olhos apaixonados. Vi a alegria da
sua conquista. Mais linda. Cada vez mais linda.

Dizem que a crise real causada por pedras é uma das maiores dores. A maior dor
causada por aquelas pedras foi, contudo, me impedir de passar uma semana ao seu
lado, em Barreiras. Maldita pedra no rim. Mas você continuava minha e eu passei a ser
seu mesmo. Não tive e não queria outra mulher. Amávamo-nos, torridamente, como
tem de ser. Ganhei outro presente seu, que a minha paciência conquistou e em que
você se viciou. Três anos de felicidade ao seu lado, apesar da distância e da estrada. A
estrada sempre foi longa, mas eu tinha você. Você me fortalecia. Você fez mais por
mim do que imagina, como lhe confidenciei há pouco tempo.

Em 2017, você ficou amiga das meninas do mestrado e viajou também. Eu sentia sua
falta, mas sabia que você era minha. Não me tornei seu co-orientador, como
desejávamos. Não era de iure, mas era de facto. E, afinal de contas, era isso que
importava. Você foi pra o Rio, Chapada, mas em todos esses lugares, eu sabia que
estava em seu coração. Eu estava contigo. Para onde eu fosse, também te levava
dentro de mim. A distância física era só um detalhe quando as almas se encontram.

No fim de daquele ano, já me preocupava muito. Preocupava-me essa ansiedade, que


te atrapalhava: “Maiara, a dissertação, precisa focar!”. Fala isso todo dia. Minha
preocupação não era chatice. Era amor. “Quem ama cuida!”, certa feita me disseram.
A resposta era a de uma menina. Nem sempre agradável de ouvir. Mas eu sabia que eu
estaria ali e que, pelo andar carruagem, eu precisaria intervir. Eu te disse que estaria
ao seu lado. Naquele caos que foi o final de 2017, você ficou ao meu lado; eu fiquei ao
seu lado. Mantivemos nossa dignidade diante de pessoas que bem mereciam por os
olhos sobre nós. Mais do que isso, mantivemos nosso amor. Não falávamos em amor,
mas agíamos com amor e carinho o tempo todo. Talvez não precisasse ser dito ali.

Minha menina... 2018 foi trabalhoso. Eu te prometi que ficaria ao seu lado e quando
você precisou, lá estava eu. Contra o tempo e contra São Lázaro. Dediquei quase cinco
meses ao seu texto. Tive que atuar nos bastidores também. Você estava com medo de
Borges. Eu não podia deixar que assustassem minha menina. Eu precisava cuidar dela e
cuidei. No fim, tudo deu certo. Sua defesa foi um sucesso. Acabamos abraçados
naquele dia. E em muitos outros.

Em dezembro, você chorou. Perdoe-me. Eu não entendi. Não entendi a razão do


choro. Eu te amava e não havia nenhuma mulher ameaçando isso. Não houve antes,
quem dirá após tudo o que passamos juntos. Eu pensava: “Nós vencemos!” Era a
Nossa História. “Vamos fazer o doutorado!”. Mas eu não entendi seu choro e meses
depois eu chorei. Mas nunca duvide de que meu colo sempre foi seu.

Às vezes parecia que o destino nos sacaneava. Veio 2019 e nos desencontramos em
janeiro. As brigas parecem que aumentavam. Eu ainda não as entendia. Desculpa, meu
amor. Mesmo sem entender, eu devia ter lhe posto mais vezes no meu colo. Veio
fevereiro, a eleição e os vaticínios de Lucas. A profecia de que eu ter perderia. Eu
tremi. Mas pensei: “Acabamos abraçados naquele dia. E em muitos outros.” Nos
vimos, fevereiro e, bem, março você chorou de novo. Eu me odeio por isso. Mas nos
vimos no fim de março e pensei que “acabaríamos abraçados naquele dia. E em muitos
outros.” Dessa vez, eu errei. Me odeio por isso. Sentia você forçando o desligamento.
Não sabia como frear isso.

Veio maio e junho. Conheci o inferno que é não ter você. Não podia te destruir. Eu te
amo. Precisei me destruir e descer ao Hades. Eu entendi o mito de Orfeu, o poeta da
mitologia, filho de Calíope e de Apolo. Ele desceu ao inferno para resgatar sua mulher
Eurídice, convencendo Hades a libertá-la com a condição dela não olhar para trás.
Infelizmente, ela olhou para trás e Hades a tomou de volta. Espero que eu e você,
diferente, olhemos para frente, juntos e sempre.

Eu tenho medo, mas você me escolheu. Obrigado.

Você disse que me amava. Veio finalmente Barreiras e foi mágico. Acabamos
abraçados naquele dia. E em muitos outros. Eu fiz você sorrir muito e ainda arrumei
um unicórnio para enfeitar nosso jantar às margens do Rio Grande.

Em Julho, ao longo do mês, eu soube como um homem pode ser amado por uma
mulher. O fogo e a química. A alquimia de algo chamado amor. Foi assim que em 8/7
completei 40 anos. Foi Platão que disse que a vida começa aos 40? Não lembro agora.
Só sei que a minha recomeçou em seus braços, no seu leito e no seu peito.

Hoje, 7/8, é minha menina que faz aniversário. 27 anos. Ainda é uma menina e eu
quero você, pra sempre. Sempre será a minha menina, sempre será a minha mulher.

Eu te amo.

Do seu amor e com todo o amor que um homem pode sentir por uma mulher.

Escrita com lágrimas nos olhos, em Salvador, 7 de agosto de 2019 e finalizada às 1:50 h
da manhã.

Amo Você, minha Maiara.

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