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Familiares
© Jakob Robert Schneider
1. A intenção
Para que uma constelação familiar seja bem sucedida, é preciso que
haja uma necessidade cuja força sustente o trabalho e conduza o
cliente, o terapeuta e os representantes. Ajuda muito quando tal
necessidade é claramente formulada. Um problema solúvel
geralmente se distingue de um problema insolúvel, na medida em
que pode ser expressa numa frase e entendido por todos. A intenção
do cliente deve ser formulada com abertura, tanto em relação ao
problema ou à necessidade sentida quanto à sua solução, sem
apresentação de justificativas para o problema ou de condições para
o que possa surgir como solução. Um desejo claro e poderoso pode ser
expresso ao terapeuta com o olhar franco, enquanto que um olhar
que se desvia para o chão freqüentemente se associa à imprecisão nos
sentimentos e na descrição do problema.
2. O processo da informação
É conveniente que a pessoa que coloca sua família escolha ela própria
os representantes, pois através dessa escolha ela já introduz no
processo a busca e a força de sua alma. Isto, porém, não significa que
somente ela possa escolher os representantes "certos". Quando, no
decurso de uma constelação, é preciso introduzir outras pessoas, o
próprio terapeuta, para agilizar o processo, pode escolher os
representantes. Pois pertence às surpreendentes características deste
método que pessoas diferentes, colocadas no mesmo lugar dentro de
uma constelação, sentem da mesma maneira.
5. 0 processo da colocação
A pessoa que coloca seu sistema deve fazê-lo sem se preocupar com
épocas e com razões, e sem uma imagem preconcebida. Se o
terapeuta tem a impressão de que o cliente está seguindo algum
esquema ou alguma imagem preconcebida, deve adverti-lo e pedir
que recoloque os representantes, ou então interromper o processo. Se
for perguntado se a família deve ser colocada como é atualmente ou
corno era antes, o terapeuta não deve entrar na questão mas
acentuar a necessidade de uma "ausência de tempo" na colocação.
Pertence à essência da alma, e portanto também de uma constelação,
que sua dinâmica não está confinada a um tempo determinado. Vivos
e mortos estão presentes da mesma forma, e freqüentemente não
sabemos que acontecimentos e que destinos ainda estão atuando
numa família.
abraçar-se
Uma constelação precisa ser clara mas não exata. Ela não reproduz a
verdade, mas no processo de sua colocação acontece algo da verdade
de uma família. Um cliente pode geralmente sem esforço tomar em
sua alma uma clara imagem da constelação e ajustá-la à sua
realidade familiar interna e externa, da forma como for correto e
útil, mesmo que essa imagem, à semelhança de uma boa pintura, não
reproduza simplesmente a realidade mas, em sua forma específica,
aponte para algo real, justamente por não ser a própria realidade.
Tal imagem não afirma: "é assim", mas simplesmente: "é isto".
Tratase de um contexto de efeito benéfico, mais do que da análise de
uma realidade explicável por suas causas. Como método sistêmico, o
trabalho da constelação ganha sua realidade a partir de uma
totalidade maior que não podemos desvendar completamente, mas
da qual somente podemos participar.
9. A ordenação do sistema
Para a ordenação existe ainda uma regra geral, além dos critérios
anteriormente mencionados: quanto mais simples forem as
alterações e quanto mais conectadas à primeira imagem do sistema,
tanto melhor. Modificações excessivas confundem, produzindo
inquietação e falta de clareza. A ordem na imagem da solução não
precisa ser sempre exata -- exceto quanto à ordem seqüencial dos
irmãos --, se a exatidão representar um peso para a dinâmica da
solução. Assim, nem toda constelação precisa ser completamente
ordenada, e nem sempre é importante qual dos pais fica à direita ou
à esquerda. Entretanto, de modo geral, é justamente a imagem da
solução que guarda na memória uma força liberadora de largo
alcance. Assim, vale a pena cuidar que ela seja ordenada de uma
forma certa e liberadora. As imagens da solução despertam uma
sensação de estarem bem formadas e uma certa harmonia que ajuda.
E eventualmente revestem uma certa beleza interior e exterior e
irradiam para todos algo de prazer e de alegria.
Por benéfica que seja para todos uma boa imagem de solução, nem
sempre é aconselhável uma constelação seja "bem" resolvida.
Justamente nos casos onde existe dificuldade de assumir a dinâmica
que se manifesta, a força da constelação aumenta se o terapeuta a
interrompe no auge dos acontecimentos e a deixa ficar sem solução.
Muitas vezes, isto estimula mais as forças saudáveis na alma do que
uma imagem da solução. Porém este recurso só é aconselhável
quando o terapeuta tem clareza e está em sintonia com o que
acontece na constelação.
Duração
Para que uma constelação possa ser eficaz, seu efeito precisa ficar
visível no próprio decorrer do processo. A própria pessoa que colocou
a família mostra algo desse efeito, o terapeuta se assegura dele na
solução e também o grupo pode percebê-lo. Esse efeito permanece
então confiado à alma. Em última instância, não sabemos o que
realmente resolve. Já presenciei constelações muito satisfatórias que
a longo prazo se revelaram pouco eficazes. E já presenciei
constelações "más" que posteriormente se mostraram extremamente
eficazes. O terapeuta só pode confiar naquilo que vê na constelação e
então entregá-lo aonde pertence e onde seguirá seu próprio caminho.
Não podemos assegurar o êxito de uma constelação, por mais
experimentados e seguros que sejamos no trato com esse trabalho. O
terapeuta colabora com pouca coisa para o seu sucesso. Mas esse
pouco compensa a coragem, o exercício, a experiência e o esforço da
compreensão crescente do terapeuta e o recompensa com um
trabalho muito satisfatório.
16. Das ordens do amor aos movimentos da
alma
Referências: