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0027
RECLAMANTE: ROSINALDO RODRIGUES GOMES
RECLAMADO: ITAPUI BARBALHENSE INDÚSTRIA DE CIMENTOS S/A
SENTENÇA
1. RELATÓRIO
Dispensado, nos termos do artigo 852-I da CLT (Lei nº 9.957/2000).
2. FUNDAMENTAÇÃO
2.1. DA JUSTIÇA GRATUITA
Defiro o benefício da justiça gratuita ao autor, nos termos do art. 790, § 3°, da CLT,
salientando que o último salário por ele percebido foi inferior a 40% do limite máximo dos
benefícios da Previdência Social.
2.2. DA IMPUGNAÇÃO AO VALOR DA CAUSA
No processo do trabalho o valor da causa tem dupla finalidade: fixar alçada e servir de base
para cálculo das custas judiciais, não vinculando o Magistrado no momento de eventual
condenação. Considerando o teor dos pedidos formulados pelo autor, tenho que o importe dado à
causa não parece excessivo. Ademais, não se há de confundir o valor dado a causa (montante
patrimonial perseguido pelo obreiro) com a prosperidade dele, esta sem índole preliminar, mas
eminentemente meritória. Rejeito.
2.3. DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE
O autor assevera que laborou para a reclamada no período de 14/08/03 a 08/06/18,
exercendo última função de ajudante de operação; que trabalhava em ambiente nocivo à sua saúde
(ruído; calor exaustivo; poeiras de cimento, gesso, tufo, calcário, carvão mineral e de argila;
vibrações acima do normal; iluminação insuficiente), cuja insalubridade restou constatada por
meio de perícia realizada nos autos de ação coletiva aforada pelo Sindicato da categoria, processo
nº 0000472-17.2011.5.0.0027.
Esclareceu ainda o acionante que “Durante o período laboral na função de Ajudante
Operação, o reclamante não percebeu adicional de insalubridade em grau máximo, mas por
equívoco na ação coletiva autuada sob o nº 0000472-17.2011.5.07.0027, que tramitou na 1ª Vara
do Trabalho da Região do Cariri, não foi inserido no rol de substituídos beneficiados com a ação
coletiva.”
Postula pagamento de “diferença do Adicional de Insalubridade grau máximo 40% de
06/2018 – 02/2017” e reflexos, tendo ainda o autor apresentado manifestação por ocasião da
audiência(ata ID 43f4e08) realizada perante este Juízo para informar que“a função "ajudante de
operação" que consta na CTPS é a mesma função de "ajudante de produção" constante no laudo
pericial. Diante do exposto requer o reconhecimento judicial do direito a insalubridade postulada
na inicial.”
A reclamada pugna pela improcedência do pleito aduzindo haver “manifestos erros
constantes no laudo pericial utilizado como prova emprestada no presente feito, posto que
diferentemente do aduzido no referido laudo, o Reclamante ecebeu os EPI`s, fichas ora acostados,
necessários para exclusão dos efeitos dos agentes insalubres de acordo com PPRA`s, em anexo,
conforme será amplamente demonstrado nas razões da presente defesa.”
Acerca da prova emprestada, consubstanciada na perícia técnica realizada para avaliar as
condições e meio ambiente laboral dos substituídos no processo 0000472-17.2011.5.0.0027, resta
certo que a reclamada Itapuí Barbalhense Indústria de Cimento S/A (1ª reclamada naquele feito)
foi condenada a pagamento de diferenças do adicional de insalubridade tendo o perito nomeado, o
Engenheiro Civil e de Segurança do Trabalho, Daniel Walker Almeida Marques Junior, CREA/CE
nº 14.378 – D, realizado inspeção nas dependências da reclamada por setores, assim justificando o
expert:
“Com o objetivo de facilitar a aplicação dos conceitos para elaboração desse Laudo no
que diz tange às diferentes atividades existentes nas empresas, os cargos foram divididos
em Grupo Homogêneo de Exposição (GHE), que poderão conter na sua composição um
único cargo ou mais de um, desde que expostos aos mesmos agentes agressivos. Os locais
avaliados encontram-se todos localizados nas dependências da 1ª e 2ª Reclamadas e são
compostos pelos seguintes ambientes”.
Infiro da prova documental coligida aos autos e materializada pelo contrato de trabalho,
demonstrativos de pagamentos, ficha funcional do obreiro, cartões de ponto e CTPS obreira que o
demandante foi inicialmente contratado como ajudante geral (com atuação nas áreas administrativa
e manutenção/civil), tendo sido promovido em 01/02/17 para ajudante de operação, com atuação
no setor de clínquer – moagem de cru.
Acerca da insalubridade verificada no setor acima mencionado, o senhor perito assim se
pronunciou (ID 5db1d05 - fls. 88/90):
CLÍNQUER/MOAGEM DE CRU
DESCRIÇÃO DO AMBIENTE DE TRABALHO:
A área de Moagem de Cru está sediada em um edifício, dotado de piso cimentado, teto de laje e
paredes em alvenaria. Há iluminação natural, através de aberturas, complementada por iluminação
artificial, através de lâmpadas fluorescentes, inadequadamente espaçadas. A ventilação é natural
através de aberturas e artificial, por ventilador (somente na Sala de Comando) e exaustores, em
estado precário de funcionamento. Possui acesso a corredores, na sua grande maioria, estreitos e
inadequadamente sinalizados, para realização de atividades de operação e manutenção. O prédio é
equipado com sistema de combate a incêndio (extintores).
DESCRIÇÃO DO PROCESSO PRODUTIVO:
Após processo de homogeneização de matérias-primas, intituladas de “cru”, alimentam um
Moinho de Bolas, onde são submetidos a uma operação de secagem e transformadas em farinha.
Nesse processo há emanação de poeiras e gases de exaustão que passam por filtros-de-manga,
constituído por tecido que promovem a separação dessas duas partículas (poeira dos gases de
exaustão). Esse sistema é ineficiente e, em inúmeras ocasiões, é interrompido seu funcionamento
para realização de manutenção corretiva.
GHE (GRUPO HOMOGÊNEO DE EXPOSIÇÃO)
Operador de Moinho Cru
Operar, monitorar e controlar equipamentos de moagem; Realizar serviços básicos de manutenção
mecânica e lubrificação na moagem; Avaliar estado de conservação da carga moedora.
Ajudante de Produção
Verificar o nível de material nas moegas, operar painéis de comando das moegas de calcário,
argila, coque e carvão, registrando a entrada de materiais e informações relacionadas aos processos
de moagem.
E concluiu:
Considerando-se a função, local e condições de trabalho, as atividades desenvolvidas, pelo(s)
ocupante(s) desse GHE, estão enquadradas como INSALUBRES EM GRAU MÁXIMO, nos
termos da legislação em vigor, pela exposição à POEIRA MINERAL.
Infere-se, a partir de tais respostas, que não são todos os setores, nem todas as funções
submetidas a condições insalubres, ressaltando que a divisão por grupo homogêneo de exposição
realizada pelo expert em muito se assemelha ao PPRA da reclamada, porém não é idêntica.