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UNIVERSIDADE ESTATUAL DE FEIRA DE SANTANA

Departamento de Ciências Humanas e Filosofia

Allana Lettícia Dos Santos

FICHAMENTO

FEIRA DE SANTANA

2013
Allana Lettícia Dos Santos 13231183

Trabalho solicitado pelo professor Antônio Godi, da disciplina


Oficina e Metodologia do Estudo.

FEIRA DE SANTANA

2013
Fichamento do livro :A mulher no Brasil- Hahner , June , Civilização Brasileira 1978.
June E. Hahner – Professora de História na New York State University e autora de
importante ensaio em língua intitulado A mulher na América Latina.

I-Período Colonial.

1-As Indígenas.

‘‘As mulheres pintam-se sob os olhos, e por todo corpo, tal como fazem os homens.
Mas deixam o cabelo crescer bastante (...). Não tem ornamentos particulares, exceto nas
orelhas (...). Seus nomes são tirados dos nomes dos pássaros, peixes e arvores. Tem na
juventude apenas um nome, mas dão a si mesmos tantos nomes quantos forem os
prisioneiros que os maridos matarem. Quando uma cata piolhos da outra, come os
piolhos. Também não há parteiras fixas. Quando uma mulher está para dar a luz é
socorrida por quem quer que seja mais perto, homem ou mulher. Carregam os filhos nas
costas, em fundas de fibras, de algodão e assim realizam seu trabalho.’’(página 22)

‘‘Eles noivam suas filhas quando estas são muito jovens, e quando estas crescem e
atinge a puberdade eles contam-lhes os cabelos, riscam marcas características em suas
costas e colocam-lhes em volta aos pescoços colares de muitos dentes de animais
selvagens. Uma vez terminada tais cerimônias, a noiva é entregue ao seu prometido,
sem qualquer outra cerimônia. ’’ (página 23)

2- Impressões estrangeiras sobre a mulher no Brasil colonial

‘‘Quando os jesuítas chegaram ao Brasil, em meados do século XVI, criticaram os


portugueses por manterem concubinas entre as escravas e apelaram à Coroa para que a
enviasse moças brancas de Portugal, órfãs e mesmo mulheres de variada reputação para
que os portugueses com elas se casassem. ’’(página 25)

‘‘Em 1808, John Luccock fez comentários cáusticos sobre o envelhecimento


prematuro, o mau gênio cada vez maior e a obesidade das cariocas, que ele atribuía à
reclusão indolente, pois essas mulheres raramente saiam de casa e quase não praticavam
exercícios físicos. O fato é que aos dezoito anos, uma dama brasileira já atingiu sua
plena maturidade.Poucos anos após já ela se torna corpulenta e mesmo pesadona,
adquire uma sensível concorda e um andar desajeitado e vacilante . Começa a decair,
perde o bom-humor das suas maneiras, assumindo em seu lugar uma carranca
desagradável; tanto os olhos como a boca indicam que se acostumou a dar largas aos
sentimentos de violência e vingança, as faces perdem seu viço e seu rosado e , aos vinte
e cinco , trinta no máximo já se tornaram perfeitas velhas enrugadas.’’(página 33)

‘‘Os cuidados e ocupações caseiras parecem em grande parte, fora de qualquer


cogitação. Entre os mais opulentos, não me parece que se dêem a grandes cuidados em
relação aos arranjos familiares de mesa e, o mais das vezes, possuem uma
superabundância de escravos que se encarrega destas coisas, dispensando as senhoras
de se envolverem com elas.’’(página 37)

3- A vida de uma freira

‘‘Domingos de Loreto Couto, visitador geral do bispado do Recife em 1750, examina a


vida de Madre Ângela Sacramento, que deixou um lar abastado no Brasil para ser freira
em Portugal. Tornou-se um das mais conhecidas e admiradas mulheres brasileiras por
muitos anos, um tipo ideal tomado como fonte de inspiração e exemplo de auto-
sacrificio, uma personificação das qualidades de humildade e obediência que se
esperavam das mulheres. ’’(página 40)

II- O século XIX

4-Uma heroína do movimento da independência.

‘‘As mulheres dos fazendeiros frequetemente ficam viúvas, e cuidar elas próprias, a
partir da, das fazendas e dos escravos , e assumem em todos os aspectos o porte e a
figura de seus maridos.’’(página 50)

‘‘Maria Quitéria saiu-se muito bem como soldado, e depois que sua identidade tornou-
se conhecida ela foi celebrada por suas campanhas na luta pela independência. ’’(página
50)

5-A mulher e a vida do lar na metade do século.


‘‘Elizabeth C. Agassiz que, alguns anos antes, viajou pelo Amazonas com o marido ,
um naturalista, descreveu essa situação em termos mais fortes; ela contratava
desfavoravelmente a relativa liberdade das índias com a das mulheres da classe alta das
cidades.’’(página 56)

‘‘As esposas no Brasil não suportam maridos bêbados ,porém alguns velhos
preconceitos mouros as tornam objetos de muito ciúmes. Há entretanto um progresso
nesse sentido, e , muito mais frequetemente do que outrora, são as mulheres vistas fora
das igrejas, das salas de bailes e dos teatros.Entretanto devido a opinião dominante de
que as mulheres não devem aparecer na rua, a não ser protegidas por um parente do
sexo masculino , a vida das senhoras brasileiras é triste e monótona, o bastante para
tornar melancólica uma dama européia ou americana .’’(página 59)

6-A escravidão e a vida nas fazendas.

‘‘A instituição da escravatura afetou profundamente a vida de todos os brasileiros, livres


ou escravos , às mulheres tanto quanto os homens(...)Os papéis das mulheres livres e
das escravas nas fazendas do século XIX diferiam marcadamente.’’ (página 62)

‘‘As esposas dos fazendeiros tinham consciência da inclinação de seus maridos e


filhos por moças escravas.’’(página 67)

7-A mulata sensual.

‘‘A atração do branco pela negra tem um longa história no mundo luso-brasileiro,
desde as primeiras lendas de princesas mouriscas encantadas até experiências com a
escravidão africana. A propalada atração e receptividade da mulata brasileira estavam
intimamente relacionadas à condição servil da escrava africana, que não estava em
posição de resistir aos ataques de seus proprietários brancos. A mais famosa mulata do
período colonial, Chica da Silva, amante de um alto-funcionário do governo em Minas
Gerais, permanece como uma figura popular nos desfiles de escolas de samba do
carnaval carioca, compostas de negros de classe pobre. ’’(página 71)

8- Realeza e Governantes:Oposição à Princesa Isabel

‘‘Mas no fundo desta política hipócrita , que só iludia os encalços , havia a verdadeira
política dinástica , praticada com todos os caprichos feminis e que aumentava o
descontentamento nacional.Era geral e profunda a crença entre os brasileiros de que o
reinado de D. Isabel seria o reinado dos padres’’(página77)

‘‘A princesa tinha a convicção de que o povo brasileiro estava reduzido de submissão
pela política (...) Considerava-o um pouco de escravos e só dispensava a suas graças aos
que a adulavam servilmente aos favoritos e à gente d’igreja. Ao resto da nação tratava
ela com um desprezo calculado.’’(página 77)

9-Os primórdios da imprensa feminista no Brasil

‘‘Um ponto-chave constantemente reiterado por esses jornais era a necessidade de


melhor nível de educação para as mulheres, em beneficio delas próprias e da
sociedade.’’(página 79)

‘‘Em seus últimos jornais ela já falava mais diretamente de igualdade de direitos para
as mulheres, inclusive o voto , muito antes de que um movimento sufragista organizado
surgisse no Brasil.’’(página 80)

10-O culto da Santa Mãe :A versão positivista

‘‘Como forma de trabalho feminino , esperava-se que ela fosse o ser mais dedicado à
religião, à piedade e à caridade(...)Apesar disso, algumas mulheres da fazenda estavam
longe de serem passivas.’’(página 85)

‘‘O pedestal em que a mulher estava colocada foi um dos pilares do positivismo
ortodoxo no Brasil. Os positivistas elevaram a mulher por meio do que poderia ser
considerado a transfiguração do culto da Virgem.A feminilidade como um todo devia
ser adorada e colocada a salvo de um mundo perverso.’’(página 86)

III- O século XX

11- Anarquistas, trabalho e igualdade para as mulheres.

‘‘Ao mesmo tempo, a atividade dos anarquistas europeus no Brasil começou a


influenciar o nascente movimento trabalhista brasileiro(...)No Brasil , os marxistas e
anarquistas estavam entre os primeiros a clamar pela igualdade das mulheres.’’(página
95)
‘‘As mulheres eram mais lentas em sua organização que os homens , apesar de
receberem pior tratamento e salários mais baixos nas fábricas, e estarem sujeitas a
abusos e exploração sexual e de outros tipos, por parte dos proprietários.’’(página 96)

12- Um apelo ao voto feminino

‘‘O movimento sufragista no Brasil recebeu inspiração do Estados Unidos e da Europa.


As sufragistas brasileiras dos anos vinte argumentavam insistentemente que se as
mulheres podiam votar em outros países , deveriam fazê-lo também no Brasil(...)O voto
feminino era um movimento de classe média por direitos políticos , por uma reforma
jurídica que garantisse o voto às mulheres que alcançassem as mesmas qualificações
que os homens .’’(página 99)

13-A critica de um tradicionalista à mudança de costumes no Nordeste.

‘‘Esta poesia popular do Nordeste reflete muitos aspectos da vida e da imaginação


locais , incluindo os papéis e as atividades das mulheres e as atitudes com relação a
elas.As mulheres aparecem de várias formas: a princesa européia , a mãe devota que
luta para salvar os filhos de diversos perigos , a decidida filha dos coronéis que foge
com seu amado , a velhota de língua viperina que luta contra o diabo, a moça que
renegou Deus e a Virgem Maria e foi em seguida transformada em serpente.’’(página
110-111)

‘‘Outra mulher que alcançou renome e sucesso no mundo e sucesso no mundo


masculinizado das baladas e poesias populares foi Rita Medêro , conhecida cantadora e
poetisa do sertão no final do século XIX.’’(página 111)

14-A esposa ideal no sertão

‘‘Diz-se no sertão de Sergipe que a mulher ideal é a que é, simultaneamente,pombinha ,


formiguinha e galinha. Pombinha é que se mostra sempre terna e asseada ; formiguinha
é a que , laboriosa , auxilia o marido no sustento do lar ; galinha é a que , mãe amorosa ,
se releva solicita no tratamento dos filhos .’’ (página118)

15- A mais baixa entre as mais baixas : A negra

‘‘Ser ao mesmo tempo mulher e negra , no Brasil, as negras continuam a ocupar as


posições mais baixas na sociedade.’’(página 119)
‘‘Teve um passado preso à escravidão e como mulher integrante da época ‘moderna’
vê-se, ligada ao que poderíamos chamar de seqüela da escravidão: confinamento na
pobreza e na ignorância e a sujeição às regras do preconceito racial.’’(página120)

‘‘A abolição não foi feita para o negro e no âmbito da organização social moderna que
criou para a mulher de qualquer cor(afortunadamente) obrigações idênticas às dos
homens , a Abolição, positivamente , não libertou a mulher negra.’’(página 126)

16-O ponto de vista de um poeta radical sobre uma favela.

“A liberação das mulheres das classes média e alta , com seus crescentes interesses fora
da família e do lar, baseia-se em parte no trabalho da mulheres da classe baixa, que
cozinham para elas, limpam-lhes as casas, cuidam de suas tarefas e tomam conta de
suas crianças.’’(página 127)

O poema “Quem matou Aparecida” (A história dos princípios da UNE é descrita por
Raimundo Nonato) , descreve os sofrimentos, vida e morte de uma moça das favelas do
Rio de Janeiro se tornou empregada doméstica

.17- As prostitutas do Rio de Janeiro.

“O Mangue, depois da meia-noite, funciona como hotel de marginais procurados pela


lei, esta é a verdade.” (página 147)

18-As mulheres e a política conservadora.

“ A derrubada do governo esquerdista de João Goulart e a instalação de um regime


militar em abril de 1964 foi o clímax de um período e de manobras políticas em que à
ação de mulheres da classe média urbana, como por exemplos as demonstrações da
CAMDE( Campanha da Mulher pela Democracia ).”(página 148)

Conclusão.

“Numa sociedade altamente estratificada como a brasileira , uma pequena elite de


mulheres profissionais pode coexistir com uma vasta massa de mulheres no nível mais
baixo da vida econômica e social. A mudança veio mais rápida para as mulheres das
classes média e alta das cidades. Se bem que se desconheçam muitos efeitos da
industrialização e da assim chamada modernização na condição social e no trabalho das
mulheres , está claro que elas permaneceram maçiçamente concentradas em
relativamente poucas ocupações, aquelas do setor de serviços, o que inclui professoras
empregadas de escritórios, tanto quanto domésticas . O emprego de mulheres em
atividades tradicionais ou não tradicionalmente femininas não significa necessariamente
a emancipação das trabalhadoras. As mulheres continuam, em geral a ocupar posições
auxiliares numa sociedade de dominação masculina.”(página 174)

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