Você está na página 1de 7

O LUGAR DOS RURAIS: O MEIO RURAL NO BRASIL MODERNO.

WANDERLEY, MARIA DE NAZARETH BAUDEL

97ST0111

"Para o pobre, os lugares são mais longe". João Guimarães


Rosa.INTRODUÇÃOO que ainda é rural no mundo moderno? Esta questão diz respeito à própria existência
de um "espaço" (mundo ou meio?) rural, que possa, de alguma maneira, se constituir como um objeto
particular de observação social. Nos países avançados, o desenvolvimento urbano suscitou entre os cientistas
sociais um vivo e crescente interesse pelo estudo das cidades em todos os seus aspectos. O meio rural, no
entanto, nunca foi efetivamente abandonado pelos pesquisadores especializados. Ao final de um longo e
penoso processo de êxodo rural e de esvaziamento demográfico, os países da Europa e da América do Norte,
podem hoje dispor de uma riquíssima bibliografia, que permite compreender as profundas transformações por
que passaram a agricultura e o meio rural, ao longo deste central e complexo processo de desenvolvimento
social. São estudos monográficos sobre coletividades rurais, textos sobre história agrária, análises das
transformações não só dos processos internos, mas também das relações com a sociedade global, elaborações
teóricas de várias filiações.

As preocupações crescentes sobre o meio ambiente, as representações a respeito do território nacional e do


papel atual da agricultura no desenvolvimento, a busca de soluções para as crise sociais, especialmente
associadas ao emprego e às transformações da agricultura, recolocaram a problemática da ruralidade no
contexto das sociedades modernas. Fala-se de um renascimento rural, da necessidade de formulação de uma
teoria da localidade (não apenas rural, diga-se de passagem) e de novas relações entre o campo e a cidade.
Estes, longe de constituírem pólos opostos, guardam especificidades, que não se anulam e que se expressam
social, política e culturalmente.

Os pesquisadores brasileiros têm hoje dificuldades para participar deste debate internacional. É surpreendente
que, desde o início dos anos 70, os cientistas sociais brasileiros tenham abandonado o estudo do mundo (ou
meio) rural, enquanto espaço de vida e de sociabilidade destes mesmos agricultores. Teria o impressionante
êxodo para as cidades, ocorrido no Brasil, esvaziado o meio rural, a ponto de desqualifica-lo como objeto de
estudo? Neste caso, alguém estudou este processo? Ou teria havido uma homogeneização tal dos espaços
sociais e das experiências de vida social, a ponto de anular qualquer diferença entre o homem que mora no
campo ou na cidade? Novamente, alguém estudou este processo?

A rápida transferência de grandes contigentes populacionais do campo para as cidades também justifica, no
Brasil, a necessidade de se privilegiar o espaço urbano, agora centro aglutinador da maioria população.
Porém, aqui, muitos estudiosos se desinteressaram pelo "rural", como se ele tivesse perdido toda
consistência histórica e social, como se o fim do "rural" fosse um resultado normal, previsível e mesmo
desejável da modernização da sociedade. No Brasil, frequentemente, o rural se confunde com o atrasado e
deixa de existir sob a influência do progresso vindo da cidade.

No momento em que a crise do modelo de sociedade (desemprego, violência urbana etc) repõe o debate sobre
o desenvolvimento rural, é mais do que oportuno se perguntar: afinal, o que vem a ser o rural na atualidade
brasileira?

I - O RURAL E O URBANO COMO ESPAÇOS SOCIAIS DIFERENCIADOS.

1.1 Os critérios de distinção.


O ponto de partida para esta análise será aqui o pressuposto de que as profundas transformações resultantes
dos processos sociais mais globais - a urbanização, a industrialização, a modernização da agricultura - não se
traduziram por nenhuma "uniformização" da sociedade, que provocasse o fim das particularidades de certos
espaços ou certos grupos sociais. A modernização, em seu sentido amplo, redefine, sem anular, as questões
referentes à relação campo/cidade, ao lugar do agricultor na sociedade, à importância social, cultural e política
da sociedade local, etc.

O critério mais frequente para demarcar o espaço rural do urbano é a dimensão da população; cada país
estabelece o limite além do qual um aglomerado pode ser considerado urbano. Assim, na França, considera-se
rural a aglomeração populacional inferior a 2.000 habitantes. Em geral, este critério básico se acompanha de
outros, em particular, a densidade demográfica e a inserção em um ambiente sob a influência de grandes ou
médias cidades. Nos Estados Unidos, por exemplo, "é rural o que não se encontra em uma aglomeração de
mais de 10.000 habitantes; é rural também o que não está no interior dos limites externos de uma cidade de
mais de 50 mil habitantes e de suas adjacências urbanizadas (ou em curso de urbanização) imediatas tendo
uma densidade de população superior a 100 habitantes por milha quadrada". (KAYSER.1990:21) Na
Alemanha Federal as áreas rurais são definidas pelo fato de apresentarem uma densidade inferior a 100
habitantes por km2 e pela ausência de cidades de mais de 100.000 habitantes. (Idem p. 22)

A distinção entre população rural e população agrícola também se baseia em critérios diferentes nestes países.
Na França, por exemplo, a população rural engloba todos os habitantes das pequenas aglomerações com até
2.000 habitantes, quaisquer que sejam as atividades que exerçam. Deve-se ressaltar que a predominância de
agricultores nesta população rural é um fato historicamente datado; as sociedades rurais tradicionais eram
compostas por indivíduos com atividades diversas. Com a revolução industrial, os rurais não agricultores,
especialmente, os artesãos, são os primeiros e mais numerosamente atingidos pelo êxodo para as cidades e
para o trabalho industrial.

Do ponto de vista sociológico, deve-se considerar sobretudo duas características fundamentais do meio rural.
Por um lado, uma relação específica dos habitantes do campo com a natureza; o meio rural é, neste sentido,
um espaço predominantemente não construído pelo homem, do que resultam práticas e representações
particulares a respeito do espaço, do tempo, do trabalho, da família, etc Por outro lado, relações sociais,
também diferenciadas, que Henri Mendras definiu como de interconhecimento, resultantes da dimensão e da
complexidade restritas das coletividades rurais. ( MENDRAS.1976)

1.2. O que diz o Censo Brasileiro.

No Brasil, o Censo Demográfico, elaborado pelo IBGE, ao registrar os domicílios, distingue-os em função
da situação urbana ou rural. Na situação urbana consideram-se as pessoas e os domicílios recenseados nas
áreas urbanizadas ou não, correspondentes às cidades (sedes municipais), às vilas (sedes distritais) ou às áreas
urbanas isoladas. A situação rural abrange a população e os domicílios recenseados em todas a área situada
fora desses limites, inclusive os aglomerados rurais de extensão urbana, os povoados e os núcleos. Estas
situações são definidas, em cada caso, por lei municipal.

A legislação brasileira parece pretender valorizar o município em seu conjunto, como referência identitária da
população local. Ela leva em conta, fundamentalmente, dois critérios, a serem definidos caso a caso. Por um
lado, a noção de aglomerado, porém sem limite inferior determinado. Atribui-se a toda sede municipal a
condição de cidade e à sua população, a condição de urbana, independentemente de suas dimensões. Da
mesma forma, são igualmente consideradas urbanas certas concentrações populacionais, que em alguns casos
são de dimensão extremamente reduzidas, como acontece com a grande maioria das sedes distritais. Além
disso, é urbano quem habita nas sedes urbanas dos municípios, independentemente das profissões
desempenhadas. Assim, um pequeno comerciante, residente num "village" europeu ou norteamericano, sem
ser agricultor é um rural; enquanto um agricultor brasileiro que more na cidade é aqui considerado um
legitimo urbano.

Por outro lado, a legislação privilegia as funções político-administrativas. A cidade, com suas funções
centralizadoras, seria depositária do poder público e distribuidora dos serviços públicos e privados, destinados
a todos os munícipes, rurais e urbanos. Inversamente, no espaço rural no interior da sociedade brasileira, o
povoamento é mais rarefeito e disperso em relação ao centro municipal. Existem neles apenas pequenas
aglomerações, que não estão inscritas na estrutura politico-administrativa do pais, nem absorvem os serviços
essenciais.

Participando de nossa pesquisa no interior do Brasil, a Professora Nicole Eizner, da Universidade de Paris,
desabafou admirada: "no Brasil não existem "villages"!". Esta excelente pesquisadora do meio rural francês
sentiu falta, na paisagem rural brasileira, daquela estrutura social constituída pelas coletividades rurais que, na
França, embora fragilizadas em diversas regiões pelas transformações econômicas e sociais ocorridas,
constituem o espaço da vida e da sociabilidade rural. O "village" é, ao mesmo tempo, uma instituição social e
política constituinte da sociedade rural e um elemento fundamental do tecido social e político do País, pois, na
maioria dos casos, abriga a sede do poder municipal - tem um prefeito eleito, uma câmara de vereadores -
assumindo ao nível local os poderes da República e absorvendo suas instituições que são o fundamento da
vida civil e republicana do cidadão. Pode-se, assim falar, com pertinência, em municípios rurais.

No Brasil, não existem municípios rurais - isto é, espaços e comunidades propriamente rurais, mas que sejam
detentoras do poder municipal - termos que, à luz de nossa tradição histórica e das concepções jurídicas
dominantes, aparecem como opostos e contraditórios. Atribuir a um agrupamento o poder municipal supõe,
automaticamente o reconhecimento de sua condição de cidade. As cidades sediam a representação do Estado,
concentram os serviços e, como afirma Maria Isaura Pereira de Queiroz, "encerram instituições
representativas da civilização moderna". O rural supõe, por definição, a dispersão de sua população, a
ausência do poder público no seu espaço e mesmo a ausência da grande maioria dos bens e serviços,
naturalmente concentrados na área urbana. Em consequência, o rural está sempre referido à cidade, como sua
periferia espacial precária, dela dependendo política, econômica e socialmente. A vida desta população rural
depende, portanto, direta e intensamente do núcleo urbano que a congrega, para o exercício de diversas
funções e o atendimento de diversas necessidades econômicas e sociais. O meio rural consiste assim no
espaço da precariedade social. Seu habitante deve sempre deslocar-se para a cidade, se quer ter acesso ao
posto médico, ao banco, ao Poder Judiciário e até mesmo à Igreja paroquial. Se a pequena aglomeração cresce
e multiplica suas atividades, o meio rural não se fortalece em consequência, pois o que resulta deste processo
é frequentemente a sua ascensão à condição de cidade, brevemente sede do poder municipal. Neste contexto,
única alternativa que existe para a população rural se resume em permanecer periférica ou se tornar urbana,
através da expansão do próprio espaço rural, ou através do êxodo para as cidades.

De qualquer forma, é importante registrar que, mesmo considerando os critérios restritivos utilizados pelo
IBGE, como indicamos acima, existiam, no Brasil, em 1991, 35.834.485 habitantes do meio rural. Embora
represente uma proporção minoritária e em declínio da população total (32,2%), a população rural não pode
ser considerada inexistente ou desprezível.

II - O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO E A DIFERENCIAÇÃO DO ESPAÇO.

Para o sociólogo, interessado em identificar e compreender as formas de vida social, as definições adotadas
pela legislação brasileira, acima referidas, parecem frouxas e pouco eficazes para distinguir as populações que
vivem efetivamente uma experiência urbana, daquelas cujo modo de vida pode ser considerado rural.
Esta discussão não é recente no Brasil. Na perspectiva da sociologia rural, são inúmeros os estudos que
analisam o meio rural brasileiro, como o espaço de um modo de vida próprio, que se expressa no que
denominam uma cultura rústica. (ver bibliografia)

A reflexão dos estudiosos do desenvolvimento das cidades no Brasil parece se orientar, antes de tudo, no
sentido de redesenhar a fronteira do urbano para além do quadro proposto pelo IBGE. Juarez Rubens
Brandão Lopes já havia observado, no início dos anos 70, que o critério do censo, discriminando a população
urbana segundo o quadro administrativo (habitantes dos quadros urbano e suburbano do município, é
insatisfatório, para os objetivos demográficos e sociológicos. (LOPES.1978:67) Neste estudo clássico sobre
o desenvolvimento urbano brasileiro, Lopes considera como urbanas as aglomerações que tenham pelo menos
cinco mil habitantes, limite que permite demarcar a área onde mais intensamente se faz sentir a influência de
valores, padrões e formas de organização urbanos (idem)

A maioria dos pesquisadores da moderna vida urbana no Brasil adota pressuposto semelhante, porém sobre a
base de novos limites. George Martine estabelece o patamar da população total não inferior a 20.000
habitantes. (MARTINE.GARCIA.1987). Vilmar Faria propõe uma definição ainda mais restrita de população
urbana, correspondendo às pessoas vivendo na sede urbana dos municípios ao mesmo tempo que considera
cidades as sedes municipais com mais de 20.000 habitantes (FARIA.1984:124) Assim, as pequenas cidades,
com até 20.000 habitantes não integram propriamente a rede urbana, são consideradas como não-urbanas.

Para Milton Santos, outro grande estudioso da urbanização brasileira, a distinção deve ser feita não entre os
espaços rurais e urbanos, nem mesmo entre pequenas e grandes cidades. A profundidade das transformações
da sociedade, tende a diluir a distinção tradicional entre urbano e rural e substitui-la pela distinção entre
regiões agrícolas e regiões urbanas. Hoje as regiões agrícolas ( e não rurais) contém cidades; as regiões
urbanas contém atividades rurais.(SANTOS.1966:65).

Estas abordagens, hoje consagradas, que estabelecem uma diferenciação entre grandes espaços, oferecem um
quadro geral para a compreensão do processo de urbanização e para o lugar do rural . No entanto, elas
pressupõem uma certa homogeneização do quadro da vida social, que nem sempre pode ser comprovada pelos
fatos e, na verdade, pouco esclarecem quanto à experiência imediata e efetiva que os habitantes do campo
vivenciam da vida urbana. No entanto, para melhor compreender estes processos, deve-se levar em conta as
relações específicas que o habitante do campo estabelece em seus contactos com a cidade, bem como o tipo
de cidade com a qual ele se relaciona. Assim, residir próximo a uma grande cidade não significa,
necessariamente, para um habitante do meio rural, um maior acesso aos equipamentos sociais (políticos e
culturais) que ela oferece. Da mesma forma, estar inserido em uma economia mercantilizada não supõe,
necessariamente, a desvinculação completa com a cultura tradicional. Os habitantes das áreas rurais próximas
a São Paulo, por exemplo, conhecem certamente a cidade de Aparecida do Norte, centro religioso que atrai
romarias de todo o País, mas podem nunca ter ido à capital do Estado. Em pesquisa recente sobre pequenos
hortigrangeiros e produtores de flores do Município de Piracaia ( na região metropolitana de São Paulo),
Thais Echeverria observou que estes agricultores, ao mesmo tempo em que adotam tecnologias de ponta, de
forma a adequar seus produtos às demandas de um mercado muito exigente, mantém a tradição de plantar de
acordo com o calendário lunar. Ela registrou, igualmente, nesta mesma área, a dança de São Gonçalo, uma
das mais expressivas manifestações da cultura tradicional. (ECHEVERRIA. 1993)

É necessário, portanto, considerar não apenas a área mais ampla na qual esta população rural está inserida,
mas sobretudo, as relações que se estabelecem entre o meio rural e a cidade próxima, sede municipal, da qual
ele é o entorno. Estas relações definem um espaço social, que é, sem dúvida, extremamente diversificado e é,
precisamente, esta diversificação que interessa apreender e compreender. Trata-se, antes de mais nada, de
uma diversidade que resulta da própria diferenciação das cidades, das estratégias dos habitantes do campo, de
acesso aos bens e serviços municipais e da diferenciação dos espaços da vida cotidiana. Ela gera pelo menos
três tipos de relações entre o rural e o urbano, a saber:

a) os casos em que a população do campo, é excluida dos bens e serviços, concentrados na cidade, sede
municipal, seja porque esta é muito distante dos locais de moradia dos rurais, seja porque estes têm poucos
meios de locomoção; esta situação, que não é rara no Brasil, se traduz por um isolamento, relativo, porém
profundo, do campo e o consequente reforço do modo tradicional de vida;
b) os casos em que, o município, como um todo, pela sua reduzida dimensão, não tem capacidade para
abrigar os bens e serviços dos quais deveria ser depositário. Nestes casos, são pouco significativas as
diferenças objetivas entre o núcleo urbano e a periferia rural, ambos igualmente precários e mal servidos.
Pode-se falar, de uma certa forma, de um processo de ruralização, especialmente das pequenas cidades,
compreendendo-se este processo como a reiteração, nestes pequenos espaços urbanos, das principais
características do espaço rural - população reduzida e pouco densa, restrita divisão social do trabalho - e das
formas de vida social baseadas no interconhecimento. Neste caso, o meio rural é o espaço da vida cotidiana,
enquanto o acesso à cidade, com fins comerciais religiosos ou de lazer, segue ritmos e frequências variadas; a
vida no campo corresponde a um modo de vida, que se diferencia do urbano, mas o incorpora;

c) os casos em que, na busca dos bens e serviços de que necessita, a população do campo apropria-se da
sede municipal, como um espaço que lhe pertence, seja frequentando-a com regularidade, seja, inclusive,
instalando na cidade seu lugar de residência, mesmo quando mantém todos os seus vínculos de trabalho no
meio rural. A vivência da cidade integra, neste caso, a dimensão cotidiana; mas a dupla inserção particulariza
os espaços de moradia, de trabalho, de lazer, da socialização dos filhos, etc. É importante salientar que os
Censos brasileiros registram esta última categoria como população urbana.

III - UMA AGENDA DE PESQUISA SOBRE A RURALIDADE.

A primeira constatação a fazer é a da permanência do rural enquanto um espaço territorial e social


diferenciado. Este universo, que evidentemente não é isolado, deve se constituir legítima e pertinentemente
como um objeto de estudo.
Uma agenda de pesquisa sobre este tema deveria contemplar fundamentalmente os seguintes aspectos e
dimensões (este é o meu projeto para os próximos anos)
- situar a discussão brasileira no interior dos debates internacionais sobre este tema;

- a partir da análise dos dados dos Censos brasileiros, elaborar uma tipologia das relações sociais que se
estabelecem entre os diversos espaços rurais e urbanos, privilegiando as diferenças observadas eentre os
Estados da Fedração;
- realizar um estudo comparativo entre os tipos definidos no procedimento anterior.
O rural deverá, igualmente, constituir-se como um objeto legítimo e pertinente de interferência dos poderes
públicos. Os conceitos adotados pela legislação brasileira, ao esvaziar artificialmente o mundo rural, o
desqualificou enquanto prioridade para as políticas públicas. Além disso, atualmente, qualquer iniciativa
tomada com o objetivo de promover o desenvolvimento rural, será , a curto ou a médio prazo, registrada
como urbana, reforçando ainda mais o hiato entre o campo e a cidade. Estes conceitos que parecem
incapazes de apreender a dinâmica social das relações modernas entre o rurale o urbano precisam ser
revistos.

BIBLIOGRAFIA

ABRAMOVAY, Ricardo. A valorização do espaço rural, uma escolha de sociedade. Mimeo.


ABRAMOVAY, Ricardo. SACHS, Ignacy. Habitat: a contribuição do mundo rural. São Paulo em
Perspectiva, 9 (3): 11-16, jul-set. 1995.
BODIGUEL, Maryvonne. Le rural en question. Paris, LHarmattan, 1986. 183 p.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. A partilha da vida. São Paulo, GEIC/Cabral, 1995. 272 p.
CAIADO, Aurílio Sérgio Costa. Dinâmica socioespacial e a rede urbana paulista. São Paulo em Perspectiva,
São Paulo, 9 (3): 46-53, jul/set. 1995.

CÂNDIDO, Antônio. Os parceiros do Rio Bonito; estudo sobre o caipira paulista e a transformação dos seus
meios de vida. R. Janeiro, J. Olympio, 1964. 239 p.
DELGADO, Guilherme da Costa (coord.) Previdência rural: relatório de avalição sócio-econômica. Brasília,
IPEA, outubro de 1996. (Projeto IPEA/MPAS - Avaliação Sócio-eonômica da Previdência Rural - 1991/1995)
ECHEVERRIA, Thais Martins. Caipiras e samurais modernos na microbacia do Rio Cachoeira. Campinas,
UNICAMP. 1993. Dissertação de Mestrado em Antropologia Social.

FARIA, Vilmar. Desenvolvimento, urbanização e mudanças na estrutura do emprego; a experiência brasileira


dos últimos 30 anos. IN: ALMEIDA, Maria Hermínia T. de (org). Sociedade e política no Brasil pós-64. 2.
Ed. Spaulo, Brasiliense, 1984. p. 118-163.
JOLLIVET, Marcel. MENDRAS, Henri. Les collectivités rurales françaises; étude comparative de
changement social. Paris, A. Colin, 1971. 222 p.
JOLLIVET, Marcel. Évolution de la société rurale; conséquences pour laménagement du territoire. B.T.I.
(421-422, 1987.

JOLLIVET, Marcel. EIZNER, Nicole. (dir.) LEurope et ses campagnes. Paris, Press de la Fondation
Nationale des Sciences Politiques, 1996. 399 p.
KAYSER, Bernard. La renaissance rurale; sociologie des campagnes du monde occidental. Paris, Armand
Colin, 1990. 319 p.
LAMARCHE, Hugues. coord. L'agriculture familiale; 2. du mythe à la réalité. Paris, L'Harmattan, 1994. 303
p.
LEONE, Eugenia Troncoso. Pobreza e trabalho no Brasil; análise das condições de vida e ocupação das
famílias agrícolas nos anos 80. Campinas, UNICAMP, 1994. 223 p. Tese.

LOPES, Juarez R. Brandão. Desenvolvimento e mudança social; formação da sociedade urbano-industrial no


Brasil. 4 ed. São Paulo, Nacional, 1978. 215 p.
MARIM, Maria Cristina de Melo. Migração sem urbanização: o caso da cidade paraibana de Serra Branca.
Raizes, C. Grande, 4 (4/5): 197-203, jan.1984/dez.1985.
MARTINE. George. GARCIA, Ronaldo Coutinho. Os impactos sociais da modernização agrícola. São Paulo,
Caetés, 1987. 271 p.
MENDRAS, Henri. Sociétés paysannes. Paris, A.Colin, 1976. 236 p.

La fin des paysans; suivi d'une refléxion sur La fin des paysans vingt ans après. Paris, Actes Sud, 1984.
437 p.
Un shéma d'analyse de la paysannerie française. IN: JOLLIVET, Marcel. (dir). Sociétés paysannes ou
lutte de classes au village. Paris, A. Colin, 1974. p. 11-38.
MULLER, N.L. Sítios e sitiantes no Estado de São Paulo. S. Paulo, Universidade de São Paulo, FFCL, 1951.
(Boletim 132, Geografia, 7).
PEREIRA DE QUEIROZ, Maria Isaura. Bairros rurais paulistas; dinâmica das relações bairro rural-cidade.
S.

PROGRAMME OBSERVATION DU CHANGEMENT SOCIAL. Lesprit des lieux; localités et changement


social en France. Paris, CNRS. 1986. 352 p.
SANTOS, Milton. A urbanização brasileira. 3. Ed. São Paulo, Hucitec, 1996. 157 p.
SILVA, José Graziano da. A industrialização e a urbanização da agricultura brasileira. IN:
A nova dinâmica da agricultura brasileira. Campinas, Instituto de Economia, UNICAMP, 1996. p. 169-
205.
O novo rural brasileiro. (versão preliminar). Mimeo.

WANDERLEY, Maria de Nazareth Baudel. Uma categoria rural esquecida; os desafios permanentes da
sociologia rural brasileira.Uma homenagem a Maria Isaura Pereira de Queiroz. V Jornada de Ciências Sociais
Maria Isaura Pereira de Queiroz. Marilia, UNESP. 1994. Mimeo.
LOURENÇO, Fernando Antonio. L agriculteur dans sa localité. IN; LAMARCHE, Hugues. coord.
L'agriculture familiale; 2. du mythe à la réalité. Paris, L'Harmattan, 1994. p. 177-199.

XXI Encontro Anual da ANPOCS

Você também pode gostar