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A palavra “direito” deriva do termo latino directum, que significa linha recta ou seja, o que se
assemelha a régua, derivando daí o sentido de direito como regra.
• O sentido objectivo - em que significa regra, lei, ramo de Direito ou todo o sistema de leis.
Ex:
- O nosso direito está em reforma
- O Direito Civil moçambicano carece de revisão
- O Direito Constitucional moçambicano é de formação recente
• O sentido subjectivo - em que significa faculdade, permissão, posição de vantagem em que a lei
coloca uma pessoa em relação a outras.
Ex:
- Os trabalhadores têm direito ao salário
- Os alunos têm direito ao intervalo
- Direitos humanos
- Direitos dos cidadãos
Destes sentidos todos, interessa-nos agora o sentido objectivo, aquele em que ela significa
conjunto de normas jurídicas, de regras jurídicas ou de leis.
Sobre este assunto, é convidado a ler os seguintes textos:
- os sentidos da palavra Direito, da autoria de Alessandro Groppali, in Introdução ao Estudo do
Direito, tradução de Manuel de Alarcão, 2ª Edição, Coimbra Editora, Lda, 1974
A nossa vida compreende muitas actividades, como por exemplo a agricultura, a indústria, através
de que fabricamos produtos, a construção de estradas, através de que vendemos esses produtos,
os mercados, em que utilizamos o dinheiro, a sociedade, em que fazemos a política, etc, etc.
Portanto, são inúmeras as actividades que praticamos e cada uma delas têm as suas
características, pois, nela surgem problemas específicos, que exigem leis próprias.
Por isso, o Direito está dividido em áreas e cada uma corresponde a uma esfera de actividade. As
principais áreas são:
- Direito Constitucional,
- Direito Administrativo,
- Direito Penal ou Criminal,
- Direito Internacional Público,
- Direito Processual Civil,
- Direito Processual Penal;
- Direito Fiscal e Aduaneiro;
- Direito Financeiro;
- Direito Económico;
- Direito Bancário Institucional
- Direito Civil;
- Direito Comercial;
- Direito Internacional Privado;
- Direito de Trabalho;
- Direito Bancário Material e
- Direito Empresarial
O Direito Empresarial é, portanto, um dos ramos de Direito e trata de disciplinar a actividade das
empresas. Mas existe também o Direito Empresarial como disciplina do curso em que apreendemos
as leis que regulam o funcionamento das empresas.
Do ponto de vista normativo, podemos dizer que o Direito Empresarial é um subsistema de normas
jurídicas que regulam a actividade empresarial isto é, a constituição, o funcionamento e a extinção
das empresas.
Do ponto de vista académico, devemos entender por Direito Empresarial uma disciplina juscientífica
que se ocupa do estudo daquelas normas relativas à constituição, ao funcionamento e à extinção
das empresas.
Da conjugação destes dois sentidos podemos facilmente chegar ao entendimento de que o Direito
Empresarial (como disciplina) estuda o Direito Empresarial (como leis).
Como subsistema de normas jurídicas ou leis, o Direito Empresarial filia-se em parte no hemisfério
privado, porque parte das suas normas têm natureza privada mas filia-se também no hemisfério
público porque outra parte das normas têm natureza pública. Ele é, assim, um ramo híbrido.
Como disciplina, o Direito Empresarial é parte da ciência jurídica e, neste sentido, uma ciência
social, uma vez que a ciência jurídica, no seu todo, estuda a lei, que é um fenómeno cultural,
portanto, social.
Nota: ler o anexo 1, texto sobre os sentidos da palavra Direito, da autoria de Alessandro Groppali, in
Introdução ao Estudo do Direito, tradução de Manuel de Alarcão, 2ª Edição, Coimbra Editora, Lda,
1974
Objectivos
Explicar o que é uma regra jurídica.
Se o querido estudante analisar com cuidado a sua própria experiência, notará que não pode viver
sem a ajuda dos outros, porque não conseguirá sozinho produzir tudo o que precisa para satisfazer
as suas necessidades.
Isso significa que nós, homens, fomos feitos para viver em sociedade, somos seres sociais.
Na sociedade em que vivemos, cada um pensa e age da sua maneira de acordo com os seus
interesses e para evitar que a sociedade se extinga por desarmonia entre os seus membros, devido
à divergência de interesses, existem regras para limitar a acção de cada um.
Portanto, as normas ou regras proíbem determinadas condutas, impõem outras e permitem outras
ainda.
Deste modo, podemos dizer que as normas ou regras podem ser permissivas, proibitivas, ou
preceptivas.
Por exemplo, são preceptivas as normas que mandam pagar os impostos, as que mandam
apresentar-se ao serviço a horas, as que obrigam a devolver o que se pediu emprestado.
São proibitivas as que proíbem uma certa conduta, como furtar, roubar ou matar uma pessoa e são
permissivas as que permitem concorrer num curso, viajar ou comprar os bens que precisa.
Desde a origem da humanidade até hoje, surgiram sucessivamente os seguintes tipos de regras ou
normas:
- usos e costumes, que variam de zona para zona, de comunidade para comunidade, quer
dentro do país, quer na região e no mundo. São práticas reiteradas, acompanhadas ou não da
convicção de obrigatoriedade. Estas formam a chamada ordem normativa costumeira.
Embora existam usos e costumes comuns entre todos os moçambicanos, há usos e costumes
diferentes ou específicos de cada uma das províncias ou de cada um dos povos, etnias ou tribos em
Moçambique. Assim, podemos falar de ordem costumeira macua, ordem costumeira maconde,
ordem costumeira ajaua, ordem costumeira ndau, ordem costumeira sena, ordem costumeira
chuabo, ordem costumeira bitonga, ordem costumeira chope, ordem costumeira changana, ordem
costumeira ronga, etc
A ordem normativa costumeira dirige-se ao homem enquanto indivíduo, fixando a sua conduta no
meio social. Ela actua ao nível da consciência e numa perspectiva de dignidade e solidariedade,
visando tornar o homem correcto. A violação das regras costumeiras acarreta sanções de ordem
psicológica: não há que ser preso por incumprimento de um uso ou um costume mas há que ser
censurado e isolado pelos outros, para além do remorso que a própria pessoa infractora pode ter.
Enquanto que as regras jurídicas têm natureza imperativa, os usos e costumes assentam na
obrigatoriedade por convicção. Isto significa que as normas jurídicas são de cumprimento
obrigatório, enquanto que os usos e costumes são psicologicamente obrigatórios, ou seja, a pessoa
observa-os se a sua consciência o ditar a fazê-lo.
- Para além dos usos e costumes há também as regras morais, que variam de comunidade,
para comunidade, traduzem valores, comportamentos e atitudes aceites pela consciência social. O
seu conjunto forma a ordem normativa moral.
A ordem normativa moral assenta na ideia de moral. A ideia ou conceito de moral tem uma
dimensão individual e outra colectiva ou social. Ao falarmos da ordem normativa moral, reportamo-
nos ao conjunto de padrões de comportamento ou valores e condutas que são dominantes numa
determinada sociedade, numa certa época histórica e que se orientam no sentido de interioridade e
exterioridade, porque aceites e defendidos pela consciência social, nessa sociedade.
A moral procura educar o Homem para ser bom, correcto, educado e respeitoso.
É uma ordem de condutas humanas, porque fixa padrões de comportamento e valores culturais
individuais, projectando-os para a vida social, daí que dizemos que a moral tem natureza intra-
subjectiva ou intra-individual, por se reportar à relação da pessoa para consigo mesma, fazendo um
auto-juízo.
A ordem moral dirige a pessoa para o bem, daí que abrange todos os aspectos sociais da vida e da
convivência humana.
É, portanto, uma ordem de consciência individual mas com repercussão social, diferentemente das
regras jurídicas que formam uma ordem de conduta externa, daí que actuam principalmente em
relação ao comportamento exterior.
- Uma outra família de regras que tem a sua importância é a das regras religiosas, que
igualmente diferem de religião para religião e têm a função de disciplinar a relação entre os crentes
e o Ser Supremo, bem a relação entre os crentes entre si.
A ordem normativa religiosa assenta na religião e como há muitas religiões, há várias ordens
normativas religiosas.
Apesar dessa diversidade ou pluralidade de religiões, cada uma delas com as suas próprias
características, todas elas têm de comum o facto de nelas existirem dois tipos de normas,
designadamente as criadas pela Divindade e as criadas pela hierarquia de cada uma das religiões.
As normas criadas pela Divindade são uma das religiões emanação do poder celeste e seguem as
relações entre o homem e o sagrado, pelo que a sua violação é sancionada depois da morte.
Diferentemente, as normas criadas pela hierarquia religiosa são para reger as relações entre os
crentes, sendo a sua violação sancionada na terra, como por exemplo sucede na religião católica
através da ex-comunhão.
A ordem religiosa dirige-se ao homem enquanto crente, visando torná-lo santo, daí que ela só fixa
deveres para com o Ser Supremo e para com o próximo e daí que, como ordem de fé, é
transcendental. Como ordem de transcendência, assenta na fé e não é dotada de coercibilidade
material, pois, as suas sanções são extra-terrenas.
A ordem religiosa, porque compreende normas reguladoras das relações entre os crentes e o Ser
Supremo por um lado e normas reguladoras das relações entre os crentes apenas, por outro lado, é
essencialmente intra-subjectiva ou interna mas comporta aspectos de intersubjectividade, influindo
assim na ordenação social, embora não tenha isso como função, por isso podemos dizer que ela é
intra-individual, mas com repercussão social.
Diferem das regras jurídicas porque estas actuam ao nível exterior, ao nível dos actos, sobretudo.
Caro estudante, com certeza que deve ter ouvido falar do Direito Natural. Faz ideia do que é?
O Direito Natural está ligado ao homem e é parte da sua vida.
O Direito Natural é o conjunto de princípios de natureza humana que orientam o homem e formam a
ordem normativa natural. Estes princípios não se confundem com as leis da natureza, aquelas que
regulam o movimento da matéria, como por exemplo, a lei de gravidade, a lei de sucessão do dia e
da noite.
A ordem normativa natural - compreende as regras ligadas à natureza humana, regras que
defendem a igualdade, a justiça, o respeito e a honestidade que têm igualmente natureza intra-
individual mas que tendem a universalizar-se.
O Direito natural compreende os ideais de justiça e os princípios éticos que são universais. São
exemplos de regras do Direito Natural o princípio do respeito, o princípio do reconhecimento da
propriedade alheia, o princípio do cumprimentar o próximo, o princípio do reconhecimento do direito
à vida, etc.
Diferentemente das regras jurídicas, que são criação humana e são de eficácia interindividual, o
direito natural é intrínseco, existe e funciona na consciência de cada um.
- Uma outra família de regras é a das regras de trato social. Estas são regras de polidez ou
civismo e variam de extracto social para extracto social, formando a ordem normativa de trato social.
É o caso dos modos de vestir, o conservar ou não a barba, o uso ou não da gravata, etc.
A ordem normativa de trato social compreende as normas de boas maneiras que são aceites e
aplicadas por cada extracto ou grupo social. São regras de civismo no contexto de cada extracto
social, pelo que variam de extracto para extracto. As regras aceites num extracto podem ser
rejeitadas noutros extractos.
A ordem normativa de trato social não é essencial para a sobrevivência da sociedade mas atenua as
tensões sociais, facilita as relações humanas, padroniza as condutas individuais e assegura um bom
relacionamento entre os que nela acreditam.
As normas de trato social são usos e não são costumes, variam de círculo para círculo e não são
essenciais à sobrevivência da comunidade, embora contribuam para padronizar comportamentos,
atenuar as tensões e assegurar um bom relacionamento entre os membros, e deste modo, facilitar
ou tornar mais fluentes as relações sociais
Enquanto que as regras jurídicas vinculam todos os membros da sociedade e são dotadas de
coercibilidade material e orgânica, as normas de trato social só vinculam os membros do extracto ou
círculo que as aceita, daí que a sua coercibilidade é psíquica e inorgânica, consistindo no
evitamento social, má reputação ou remorso. Isto significa que não pode uma pessoa ser
condenada a cumprir uma pena de prisão porque não se vestiu de certo modo ou pagar uma
indemnização ou multa porque não cortou a barba, só pode ser censurado ou discriminado pelo
círculo dos amigos por não se apresentar segundo o padrão do grupo.
- Dentre as famílias de regras que existem, contam-se as regras jurídicas. Estas são normas
produzidas pelo poder de Estado e aplicadas a todos os membros de uma sociedade estadual, com
recurso à força, quando necessário e possível. Elas formam a ordem normativa jurídica.
A ordem jurídica compreende as regras jurídicas e distingue-se de todas as outras pelas seguintes
características:
• As regras jurídicas são produto da actividade de um Estado, como por exemplo o
moçambicano, mas podem ser também produto de uma organização formada por Estados, como
por exemplo: a ONU, a UA, a UE, a OEA, a SADC, a CEDEAO, etc;
• As regras jurídicas são gerais ou seja, dirigem-se a todas instituições, a todos os cidadãos de
um Estado, independentemente da sua religião, da sua filiação partidária, do seu posicionamento
politico-ideológico.
Em alguns casos, as regras jurídicas abrangem estrangeiros que vivem e trabalham no Estado
produtor dessa regra, como é o caso das regras jurídico- fiscais, regras jurídico-laborais ou regras
de condução.
• As regras jurídicas são imperativas ou seja, são de cumprimento obrigatório, não tendo os
cidadãos e as instituições a liberdade de escolher se as cumprem ou não, e isto no caso das normas
que fixam deveres.
• As normas jurídicas são coercivas, porque a sua violação acarreta sanções de natureza
material, como sejam a prisão, a indemnização e a multa (ou ainda a pena capital, como sucede em
determinados países).
• As normas jurídicas são abstractas e indeterminadas, o que significa que as leis não são feitas
para regular certos e determinados casos já verificados, mas casos ainda não ocorridos. Por outro
lado, elas dirigem-se a destinatários indeterminados, no momento da sua entrada em vigor.
Há outras regras que não são feitas pelos Estados mas que são imperativas e coercivas: são as
chamadas normas corporativas, feitas, portanto, pelas outras instituições que não são Estados.
São, por exemplo os estatutos, os regulamentos das associações, das empresas e de outras
organizações.
A injuntividade e a coercibilidade destas regras decorre das leis do Estado, que permitem aos
particulares, no âmbito do princípio da autonomia da vontade, elaborar essas regras e ele depois as
reconhece e as confere a injuntividade ou obrigatoriedade e a coercibilidade.
Todas as outras espécies de regras não são produtos do Estado ou de organizações internacionais,
apresentam um grau de generalidade limitada a um círculo menor de pessoas, e embora sejam
também abstractas e indeterminadas, a sua coercibilidade é apenas psicológica.
a) As regras jurídicas produzidas por um Ministro no exercício das suas competências
constitucionais constam do instrumento designado Diploma Ministerial, que pode ser singular ou
conjunto. O Diploma Ministerial é autoria de um só Ministro no exercício das suas funções. O
Diploma Ministerial conjunto é da autoria de mais de um ministro (co-autoria). Por exemplo, um
Diploma Ministerial através de que é criada uma escola, terá de envolver o Ministro das Finanças e
o das Obras Públicas e Habitação, para além do Ministro da Educação e Cultura.
Este instrumento concebido pelo Ministro no exercício das suas funções identifica-se de modo
seguinte: Diploma Ministerial n.º ____/ano e data da publicação. Por exemplo, o Diploma
Ministerial n.º 20/98, de 30 de Dezembro.
b) As regras jurídicas produzidas pelo Conselho de Ministros,- também chamado Governo-, no
exercício das suas competências constitucionais, constam do instrumento designado Decreto,
Decreto Regulamentar ou Decreto do Conselho de Ministros, e identificam-se de modo seguinte:
Decreto nº ___ /ano e data da publicação. (Você pode consultar o artigo 210 da Constituição).
c) As regras jurídicas produzidas pelo Presidente da República no exercício das suas
competências constitucionais, constam do instrumento designado Decreto Presidencial e
identificam-se de modo seguinte: Decreto Presidencial nº ____/ ano e data da publicação. (Você
pode consultar o artigo 158 da Constituição).
d) As regras jurídicas produzidas pelo Conselho de Ministros no âmbito da competência legislativa
delegada pela Assembleia da República, através da autorização legislativa, constam do instrumento
denominado Decreto-Lei e identificam-se de modo seguinte: Decreto-Lei n.º____/ano e data da
publicação. (Você pode consultar o artigo 143 n.ºs 1 e 3, artigos 181, e 210 todos da
Constituição).
e) As regras jurídicas produzidas pela Assembleia da República no exercício das suas
competências constitucionais tomam o nome de Leis e identificam-se de modo seguinte: Lei nº
___/ano, data de publicação. (Você pode consultar o artigo 182 da Constituição).
No que se refere à forma como os países organizam as suas leis, existem 3 grandes sistemas
jurídicos, nomeadamente o romano-germânico, o anglo-saxónico e o muçulmano. Cada sistema tem
a sua organização.
Fazem parte do sistema romano-germânico todos os países da Europa, África, América, Austrália e
Ásia que não falam inglês, nem são muçulmanos. Por exemplo, Moçambique faz parte deste
sistema.
Fazem parte do sistema anglo-saxónico os países de todo o mundo que falam inglês e não são
muçulmanos. Por exemplo, a África do Sul, o Zimbabwe, a Zâmbia são anglo-saxónicos.
Fazem parte do sistema muçulmano todos os países euro-asiáticos e africanos que têm a religião
muçulmana como religião oficial. Por exemplo, a Argélia, o Marrocos, o Egipto, Síria, Irão, o Iraque,
são muçulmanos.
As regras jurídicas de um determinado Estado - no caso dos países do sistema romano-
germânico também chamado sistema do Civil law -, estão, em alguns casos, organizadas em
instrumentos denominados códigos, ocupando-se cada um deles por um determinado ramo de
Direito. É o caso, por exemplo:
• da Constituição (embora não seja hábito a designar Código) - ocupa-se do ramo denominado
Direito Constitucional;
• do Código Comercial - ocupa-se do Direito Comercial;
• do Código Civil - ocupa-se do Direito Civil;
• do Código Penal - ocupa-se do Direito Penal;
• do Código de Registo Civil - ocupa-se do Direito dos Registos;
• do Código de registo Predial - ocupa-se do Direito dos Registos;
• do Código de Processual Civil - ocupa-se do Direito processual Civil;
• do Código de Processo Penal – ocupa-se do Direito Processual Penal.
Nos países do sistema anglo-saxónico, também chamado sistema common law, não há, em
regra, códigos, porque o Direito assenta no costume, que tem mais força do que a lei escrita, mas
alguns destes países receberam, excepcionalmente, certos elementos da tradição romanística. É o
caso dos EUA, do Zimbabwe e da RSA, que têm constituição escrita.
Estas regras têm que ser, depois, recebidas ou admitidas na ordem jurídica (sistema de leis) de
cada país ou Estado signatário, através de um mecanismo chamado ratificação (confirmação), o
que é condição necessária e indispensável para a sua eficácia jurídica, quer dizer, para a sua
validade como lei do país. (Você pode consultar o artigo 144 alínea f) da Constituição).
Tomadas na sua globalidade, as regras jurídicas formam o Direito, que é um sistema de normas de
conduta social cuja função e a observância são asseguradas pela autoridade pública, que é o
Estado.
O que significa que o Direito é um sistema? Significa que os diversos elementos que o compõem
têm em comum um sentido, têm em comum certos valores e também determinados fins, que
justificam a posição de cada um deles no conjunto e permitem a sua consideração global como uma
ordem, usualmente chamada ordem jurídica. Significa ainda que é um sistema normativo, porque,
por via dele, os homens ficam a saber o que devem, o que não devem e o podem ou não podem
fazer.
As ordens normativas podem estabelecer entre si três tipos de relações possíveis, designadamente:
o relações de paralelismo indiferença ou irrelevância;
o relações de conflito ou rejeição recíproca;
o relações de intersecção ou coincidência.
Estas regras coexistem no espaço, cada uma das espécies contribui na moldagem do nosso
comportamento. Cada tipo predomina num certo meio social.
Por exemplo, no campo predominam os usos e costumes, mas nas cidades predominam as regras
morais, religiosas, de trato social e jurídicas, enquanto que o Direito Natural existe em todo o lado
sem se sobrecarregar às outras ordens normativas.
Deste conjunto de ordens ou de regras ocupa um lugar especial a regra jurídica, na sociedade
moderna.
Nota: ler o anexo 2, texto sobre as normas de conduta social, da autoria de Alessandro Groppali, in
Introdução ao Estudo do Direito, tradução de Manuel de Alarcão, 2ª Edição, Coimbra Editora, Lda,
1974
Assim, podemos dizer que a divisão do Direito em ramos justifica-se pelo seguinte:
a) a existência de várias esferas da vida social, cada uma com os seus próprios problemas;
b) a necessidade de haver leis próprias para cada uma dessas esferas, para resolver os problemas
que lhe são específicos.
Essa divisão do Direito não é arbitrária, não é feita como cada um acha e entende, obedece a certos
critérios, nomeadamente:
• o da natureza dos interesses tutelados
pelas normas jurídicas;
• o da posição dos sujeitos numa dada
relação ou situação jurídica;
• o da qualidade dos sujeitos na relação
jurídica em análise.
Estratificando ou dividindo o Direito com base em qualquer destes critérios, surgem-nos dois
hemisférios, o público e o privado, cabendo em cada um destes uma lista enorme de ramos.
Assim, no Direito público filiam-se os ramos que disciplinam as relações entre o Estado, - investido
da sua prerrogativa de autoridade -, e os particulares, quer dizer, as relações que dizem respeito à
formação, à manutenção e ao desenvolvimento da sociedade política.
Direito público é, portanto, o conjunto das leis relativas ao Estado, aos seus bens, à sua organização
e às relações que ele, enquanto autoridade, personificada na administração pública, estabelece com
os particulares.
À medida que o Estado foi se modernizando, diversas parcelas do Direito público foram adquirindo
autonomia.
Hoje, do ponto de vista prático, é pacífica, porque consensual, a integração, neste hemisfério dos
seguintes ramos ou sub ramos de Direito autonomizados:
- Direito Constitucional,
- Direito Administrativo,
- Direito Penal ou Criminal,
- Direito Internacional Público,
- Direito Processual Civil,
- Direito Processual Penal;
- Direito Fiscal e Aduaneiro;
- Direito Financeiro;
- Direito Económico;
- Direito Bancário Institucional e
- Direito Empresarial
No Direito privado filiam-se os ramos que disciplinam as relações em que ambos os intervenientes
agem como particulares, mesmo que um deles seja o Estado, já que, neste domínio, ele pode
intervir mas despido da sua prerrogativa de autoridade.
Direito privado é, pois, o conjunto das leis dos particulares, aquelas que se aplicam às relações
jurídicas que estes estabelecem entre si, que se aplicam também às organizações que eles criaram
para a prossecução dos seus interesses, e aos bens que utilizam para esse efeito.
Hoje, é também pacífica, porque consensual, a integração, neste hemisfério, dos seguintes ramos
ou sub - ramos:
- Direito Civil;
- Direito Comercial;
- Direito Internacional Privado;
- Direito de Trabalho;
- Direito Bancário Material.
O conceito de “Direito público” não é pacífico à luz dos três critérios, como não o é o de Direito
privado, também à luz dos mesmos critérios. Aliás, o surgimento de cada um dos últimos dois
critérios, é expressão da polémica doutrinária sobre a abrangência e a cientificidade de cada um
deles.
Porém, na falta de um outro critério consensual que suplante os três acima indicados, e devido à
sua consagração na doutrina jurídica internacional, demonstrada pelo seu enraizamento na história
do Direito, é pacífico o recurso a esta dicotomia, embora havendo divergência, em termos
conceituais, do que se entende por Direito público e por Direito privado, à luz de cada critério.
Significa isto que esta tradicional divisão mantém-se como fundamental e constitui a matriz da
especialização dos tribunais e das profissões jurídicas, em todo o mundo.
Não devemos entender no entanto, que todo e qualquer ramo de direito filia-se indiscutivelmente
num ou noutro hemisfério, pois, há vários ramos que não se integram totalmente nestes hemisférios,
porque contêm algumas normas de natureza pública e outras de natureza privada.
Estes são designados por ramos de classificação duvidosa, mista ou híbrida. São exemplos
desta família o Direito Bancário, o Direito da Informação, o Direito do Autor, o Direito da Segurança
Social, o Direito do Consumidor, e não só.
Nota: ler o anexo 3, texto sobre os ramos de Direito, da autoria de Almerinda Dinis e outros, in
Introdução ao Direito, Texto Editora, 1998
Com certeza que você trabalha numa empresa ou tem alguém da família a trabalhar numa empresa.
Alias em cada uma das cidades há muitas empresas e todos aqueles que vivem nas cidades, como
é o seu caso, tem uma ideia de empresa.
Para compreendermos como é que se constituem e como é que se licenciam as empresas, temos
de ter uma ideia do que sejam empresas.
Vamos, assim, começar por analisar a etimologia da palavra, para depois descermos para o
conceito.
O termo empresa provém do vocábulo latino “imprehensa”, cujo significado original era o que se
deu início ou seja, o que começou, tendo depois sofrido uma evolução semântica, passando a
significar actividade, empreendimento e até mera decisão de fazer alguma coisa, chegando
então a qualificar-se de empreendedor aquele que se empenhasse em realizar alguma actividade.
Assim, o conceito de empresa pode ser construído sob dois pontos de vista, o económico e o
jurídico
• Na vertente económica, a ideia de empresa está associada a uma unidade de produção, uma
unidade de exploração económica ou seja, a qualquer associação de factores humanos, materiais e
financeiros, para a produção de bens e/ ou serviços.
• Na vertente jurídica, entende-se por empresa qualquer pessoa jurídica ou organização dotada
de vida própria, que explora determinado ramo de actividade, com fim lucrativo.
Os tipos de empresas podem ser encontrados a partir de determinados critérios, isto também nas
vertentes económica e jurídica.
• Empresas do sector secundário ou transformador – que são todas as empresas ou fábricas
que se dedicam à transformação de recursos naturais em produtos finais. Tais são os casos de:
- empresas transformadoras ou fábricas,
- empresas de electricidade ou produção de energia
- empresas de produção de gás,
- empresas de produção de água;
- empresas de construção e de obras públicas ou seja de construção de infra-estruturas;
• Empresas do sector terciário ou serviços - que são todas aquelas que estão ligadas à
prestação de serviços. Tais são os exemplos de:
- empresas de comércio;
- empresas de transportes;
- empresas de armazenamento
- empresas de comunicações;
- empresas bancárias ou bancos, instituições de crédito;
- empresas de seguros ou seguradoras;
- empresas imobiliárias;
- empresas de prestação de outros serviços
Nota: A fronteira entre estas primeiras classificações não é nítida, ou rígida, como vê. Assim, a
distinção entre as empresas faz-se sobretudo pela natureza do ramo de actividade em que uma
empresa opera.
Nota: Não existe um critério uniforme para a definição do que é micro-empresa, pequena empresa,
média empresa e grande empresa.
b) Pelo critério da natureza das obrigações legais e contratuais das empresas
• empresas singulares;
• sociedades comerciais
• pessoas colectivas de tipo especial:
- empresas públicas;
- empresas estatais
Em Moçambique não existe um critério único ou oficialmente adoptado para a classificação das
empresas, pelo que são usados quaisquer daqueles critérios indicados e isto em função da
conveniência do assunto a tratar.
1 - Escolha do nome ou firma e pedido da certidão negativa junto da Conservatória do Registo
Comercial
2 - Abertura de uma conta bancária
3 - Elaboração de Estatutos
4 - Celebração do contrato de sociedade
5 - Escritura (se houver bens imóveis)
6 - Registo Provisório
7 - Publicação dos Estatutos
8 - Registo definitivo
9 - Pedido de NUIT
10 - Pedido de Alvará
11 - Vistoria
13 - Comunicação à Direcção de Trabalho
14 - Registo no Instituto Nacional de Segurança Social
15 - Início de actividade
No exercício das suas actividades, as empresas sujeitam-se a uma certa disciplina jurídica, no
nosso país. Assim:
• as empresas singulares regem-se pelas normas do Código Comercial, abreviadamente
designado C.Com;
• as sociedades comerciais regem-se pelas normas do C. Com, mais concretamente, pelas
disposições do Livro I deste Código e pelas correspondentes a cada tipo de sociedade, para além
dos respectivos estatutos e regulamentos.
• as empresas públicas regem-se pela Lei das Empresas Públicas (Lei n.º 17/91, de 3 de
Agosto), para além dos seus estatutos e regulamentos;
• as empresas estatais, regem-se pela Lei das Empresas Estatais, (Lei n.º 2/81, de 10 de
Setembro), para além dos seus estatutos e regulamentos.
• as empresas cooperativas regem-se pelas disposições pertinentes do C. Com de 1888 e
pela Lei das Cooperativas (Lei n.º 9/79, de 9 de Julho)
Nota: ler o anexo 4, texto sobre as empresas, da autoria de Maria Manuel Busto, in Manual Jurídico
de Empresas, Almedina, 1998.
Recu rso s d e ap ren d i zag em
Depois de vermos como são constituídas e são autorizadas a funcionar as empresas, no nosso país,
vamos ver como realizam as suas actividades e como se relacionam umas com as outras.
Para realizar as suas actividades, por forma a alcançar os seus objectivo, as empresas, depois de
constituídas e licenciadas, têm que assinar contratos.
Para além de assinar contratos, as empresas têm obrigações perante o Estado e perante os donos
das mesmas.
Vamos agora estudar o que são contratos, quais os requisitos a observar na sua assinatura para
que sejam reconhecidos pela lei, quais as suas espécies e modalidades.
O que se pode entender por contrato? É, antes de mais, um acordo entre duas ou mais pessoas,
através do qual estas trocam direitos e obrigações, no âmbito da realização ou viabilização das suas
necessidades e dos seus interesses, que não são passíveis de satisfação individual.
Para que um contrato juridicamente seja válido, quer dizer, para que seja tomado pelo Estado como
relevante, vinculando assim as partes, é preciso que obedeça aos seguintes requisitos:
a) Livre Acordo das partes – o contrato assinado contra a vontade de uma das partes ou seja, o
contrato celebrado com base na coacção física ou moral de uma das partes, é juridicamente ineficaz
por ser nulo. Devem, pois, as partes assinar o contrato por sua livre e espontânea vontade.
b) Capacidade de exercício das partes - para a celebração de contratos, a lei exige que os
intervenientes sejam capazes, isto é, que tenham a idade por lei exigida para o efeito, para além da
saúde mental, tratando-se de pessoas humanas. Se se tratar de uma pessoa fictícia, quer dizer, de
uma organização ou pessoa colectiva, é preciso que esta seja reconhecida pelo Estado porque foi
constituída legalmente.
As idades que relevam para a celebração de contratos, no caso das pessoas humanas, são:
c) Objecto possível - o objecto do contrato deve ser física e legalmente possível. Isto significa que
o mesmo deve ser exequível do ponto de vista físico e o seu conteúdo permitido por lei, para além
de que não deve ofender a moral pública. Por exemplo, um contrato de compra e venda de estrelas,
de doação do sol, ou de transporte do mundo, teria um objecto fisicamente impossível, quer dizer,
não exequível, por isso não passível de ser juridicamente atendível.
d) A forma dos contratos em regra obedece ao princípio da liberdade das partes ou seja, as partes
estão livres de celebrar os contratos segundo a forma que quiserem. Mas, em certos e determinados
casos, a lei impõe uma determinada forma a ser observada, sendo os contratos nulos quando
celebrados sem respeitar essa forma. É o caso do contrato de compra e venda ou doação de
imóveis: estes contratos devem ser celebrados por escritura pública. Não o sendo, são ineficazes.
No plano estritamente empresarial, não são, em regra, admitidos contratos com menores de 15
anos, bem como com os interditos e os inabilitados.
Quanto às obrigações, as empresas, no exercício das suas actividades têm obrigações a cumprir.
Dentre as obrigações para com os próprios donos empresas, salientamos a de produzir lucros e a
de funcionar de conformidade com as decisões ou deliberações destes donos.
• o pagamento pontual dos impostos a que, por lei, essas empresas se encontram sujeitas ou
vinculadas;
• o não cometimento das seguintes e de outras infracções fiscais:
- fraude fiscal - que é omissão de declarações, prestação de falsas declarações sobre a situação
tributária da empresa;
- abuso de confiança fiscal - que é a prática de actos simulados, de diferente natureza e contra o
fisco, ou ainda a não entrega total ou parcial do imposto;
Para o seu provimento, as empresas precisam de recrutar o pessoal, para o que devem celebrar
contratos de trabalho.
Da celebração destes contratos de trabalho, nascem direitos e deveres para as empresas e para os
trabalhadores, direitos e deveres esses que integram o domínio das relações jurídico-laborais.
Nos termos destes contratos, o trabalhador está obrigado a desenvolver a sua actividade com zelo e
diligência, e acatar todas as regras relativas à elaboração e funcionamento da empresa em que se
integra, submetendo-se à direcção e autoridade da sua entidade patronal, consubstanciada, entre
outros, no poder regulamentar e disciplinar, exercido directamente por aquela entidade ou
indirectamente pelos seus representantes que são titulares da hierarquia organizada.
Por sua vez, a empresa fica obrigada a pagar pontualmente a retribuição ajustada ou prevista nas
normas corporativas ou legais, para além de observar, durante a duração e a execução do contrato,
todos os outros deveres acessórios que legitimam o facto de o trabalhador estar integrado na
estrutura organizativa desta empresa.
Deste modo, os donos das empresas ou seus representantes, deverão desenvolver uma
colaboração activa no sentido de criar, dentro das suas instalações, as condições ambientais
legalmente exigidas, nomeadamente, as que respeitem à higiene e segurança colectivas,
fornecendo aos trabalhadores todos os meios técnico-laborais e possibilitar, assim, o bom exercício
das suas tarefas e a aplicação prática das suas aptidões, competências e habilidades.
O cumprimento deste dever pelas entidades patronais, representa o exercício dos deveres de
cooperação creditória e de assistência a que se encontram legalmente obrigadas, e permite a
realização do direito constitucionalmente consagrado, de o trabalhador atingir a sua realização
humana e social por via do trabalho, deixando de o perspectivar como algo penoso ou mero meio de
garantir a sua subsistência, para o considerar como um fim em si mesmo, integrado no vasto
objectivo da concretização da sua dignidade humana.
As empresas deverão, assim, contribuir mesmo para a “elevação do nível de produtividade” dos
seus trabalhadores, desenvolvendo o seu aperfeiçoamento profissional.
Para além de todas as obrigações anteriores, as empresas devem ainda atribuir a categoria
profissional a cada trabalhador, fixar-lhe um horário de trabalho que respeite a lei, permitir-lhe o
gozo de férias e não lhe pagar abaixo do salário mínimo, para além de lhe criar condições de
segurança e saúde ocupacional.
Aliás a Constituição moçambicana estabelece que todos os trabalhadores têm direito à realização
do trabalho em condições de higiene e segurança, cabendo ao Estado assegurar as condições.
Assim, a empresa deve observar regularmente as regras sobre higiene e segurança no trabalho,
para que os trabalhadores executem o trabalho em condições de disciplina, segurança, higiene e
moralidade, daí que a empresa deva apetrechar-se e instalar nela própria os meios técnicos de
protecção, sobretudo os que se relacionam com as fontes de risco e perigo para a vida e a saúde do
trabalhador.
A observância destes deveres é igualmente exigível aos trabalhadores, que deverão cumprir com
todas as normas relativas à higiene e segurança dentro das empresas, bem como utilizar, na
execução das tarefas, todos os meios colocados à sua disposição, por forma a prevenir os riscos
inerentes às actividades.
Neste domínio, é vedado aos trabalhadores e aos próprios empresários, a exibição ou exposição de
imagens ou objectos que possam ofender a sensibilidade ou formação moral de cada um, bem
como a utilização de palavras obscenas ou ainda, o tratamento inurbano entre colegas ou dos
superiores hierárquicos aos subordinados.
Há ainda a considerar as obrigações da segurança social, dentro das empresas, pois, estas podem
ser contribuintes ou não da segurança social. As que são contribuintes, devem pagar pelos
trabalhadores a contribuição na forma e prazo estabelecidos. As entidades patronais que não
procederem ao pagamento das contribuições descontadas nos salários dos trabalhadores incorrem
em responsabilidade civil.
Em síntese, as empresas têm para com os trabalhadores as seguintes obrigações mais importantes:
• a celebração de contratos de trabalho na forma escrita;
• a atribuição a cada um deles de uma categoria profissional.;
• contribuição na sua formação profissional;
• canalização dos seus descontos para a Segurança Social;
• a melhoria progressiva das suas condições de trabalho e do respectivo ambiente de trabalho;
• a criação das condições de segurança no trabalho, através, também, da celebração de seguros
colectivos.
- A falta de registo dos actos que o deviam ser dá lugar à ineficácia perante terceiros destes factos
não registados.
- A falta do balanço e prestação de contas não permite à própria empresa identificar o norte da sua
actividade e portanto, não pode saber se tem ou não lucros no seu exercício.
- O incumprimento das normas de trabalho, pode levar à suspensão das actividades da empresa ou
ao encerramento da mesma.
- O incumprimento das obrigações para com os trabalhadores dá lugar não só a multas pela
Inspecção de Trabalho como ainda à responsabilidade civil de indemnizar os trabalhadores pelos
danos causados.
Nota: não existem textos referentes a esta unidade porque trata-se de aspectos práticos
Como já sabemos, a palavra “economia” tem também muitos significados, pelo que o seu sentido
exacto varia conforme o contexto.
Falar de legislação que regula a economia significa falar das leis que tratam de todos estes sectores
de actividade.
Para facilitar o estudo destas leis vamos agrupá-las em famílias, como adiante indicamos, de acordo
com as áreas a que se referem.
Artigo 96
(Política económica)
Artigo 97
( Princípios fundamentais)
Artigo 98
(Propriedades do Estado e domínio público)
1. Os recursos naturais situados no solo e no subsolo, nas águas interiores, no mar territorial, na
plataforma continental e na zona económica exclusiva são propriedades do Estado.
2. Constituem domínio público do Estado:
a) a zona marítima;
b) o espaço aéreo;
c) o património arqueológico;
d) as zonas de protecção da natureza;
e) o potencial hidráulico;
f) o potencial energético;
g) as estradas e linhas férreas;
h) as jazidas minerais;
i) os demais bens como tal classificados por lei.
3. A lei regula o regime jurídico dos bens domínio público, bem como a sua gestão e conservação,
diferenciando os que integram o domínio público do Estado, o domínio público das autarquias locais
e o domínio público comunitário, com respeito pelos princípios da imprescritibilidade e
impenhorabilidade.
Artigo 99
(Sectores de propriedade dos meios de produção)
1. A economia nacional garante a coexistência de três sectores de propriedades dos meios de
produção.
2. O sector público é constituído pelos meios de produção cuja propriedade e gestão pertence ao
Estado ou a outras entidades públicas.
3. O sector privado é constituído pelos meios de produção cuja propriedades ou gestão pertence a
pessoas singulares ou colectivas privadas, sem prejuízo do disposto no número seguinte.
Artigo 100
(Impostos)
Os impostos são criados ou alterados por lei, que os fixa segundo critérios de justiça social.
Artigo 101
(Coordenação da actividade económica)
Artigo 102
(Recursos naturais)
Artigo 103
(Agricultura)
Artigo 104
(Indústria)
Artigo 105
(Sector familiar)
1. Na satisfação das necessidades essenciais da população, ao sector familiar cabe um papel
fundamental.
2. O Estado incentiva e apoia a produção do sector familiar e encoraja os camponeses, bem como
os trabalhadores individuais, a organizarem-se em formas mais avançadas de produção.
Artigo 106
(Produção de pequena escala)
Artigo 107
(Empresariado nacional)
1. O Estado garante o investimento estrangeiro, o qual opera no quadro da sua política económica.
Artigo 109
(Terra)
Artigo 110
(Uso e aproveitamento da terra)
1. O Estado determina as condições de uso e aproveitamento da terra.
2. O direito de uso e aproveitamento da terra é conferido às pessoas singulares ou colectivas tendo
em conta o seu fim social ou económico.
Artigo 111
(Direitos adquiridos por herança ou ocupação da terra)
Na titularização do direito de uso e aproveitamento de terra, o Estado reconhece e protege os
direitos adquiridos por herança ou ocupação, salvo havendo reserva legal ou se a terra tiver sido
legalmente atribuída à outra pessoa ou entidade
b) Decreto n.º 22/87, de 21 de Outubro - insere disposições que permitem dotar de maior
competitividade e operacionalidade o Sector Empresarial do Estado.
IV - Intervenção e privatizações
c) Decreto-Lei n.º 16/75, de 13 de Fevereiro - adopta várias providências tendentes a garantir a
paz social e o progresso económico de Moçambique.
d) Decreto n.º 21/89, de 23 de Maio - regulamento de alienação, a título oneroso, de empresas,
estabelecimentos, instalações, quotas e outras formas de participações financeira e propriedade do
Estado.
e) Lei n.º 3/91, de 3 de Agosto - determina que as empresas em relação às quais o Estado
intervencionou, nos termos e para os efeitos do Decreto-Lei n.º16/75, de 13 de Fevereiro, poderão
ser objecto das transformações previstas no artigo 2 da presente lei.
f) Lei n.º 14/91 de 3 de Agosto - estabelece normas sobre a reestruturação, transformação e
redimensionamento do Sector Empresarial do Estado, incluindo a privatização e alienação a título
oneroso de empresas, estabelecimentos, instalações e participações sociais de propriedade do
Estado.
h) Lei n.º 17/92, de 14 de Outubro - esclarece dúvidas de interpretação do artigo 16 da Lei
n.º15/91, de 3 de Agosto.
c) Decreto n.º 62/99, de 21 de Setembro - Regulamento das Zonas Francas Industriais.
d) Diploma Ministerial n.º 14/2002, de 30 de Janeiro - Regulamento do Regime Aduaneiro das
Zonas Francas Industriais.
f) Decreto n.º 56/99, de 8 de Setembro - Regime dos Fundos de Investimento de Capital de
Risco
g) Lei n.º 15/99, de 1 de Novembro - Lei das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras.
h) Decreto n.º 34/2000, de 17 de Outubro - Regime dos Valores Mobiliários Escriturais.
a) Decreto-Lei n.º 31/76, de 19 de Agosto - define os direitos sobre os recursos económicos do
mar adjacente à costa da República de Moçambique.
i) Lei n.º 10/99, de 7 de Julho - Lei das Florestas e Fauna Bravia.
o) Decreto n.º 12/2002, de 6 de Junho - Regulamento da Lei de Florestas e Fauna Bravia