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Manifesto Do IPCN
Manifesto Do IPCN
I. PROPOSIÇÕES GERAIS
6. Em nossos dias, todos os filhos da Terra sabem que não há, não teria podido
haver, descontinuidade na história da humanidade. Os Maia e os Inca sempre
esperaram a vinda dos Europeus, isso hoje é fato. Hoje todos os filhos da Terra
sabem que são todos protagonistas dessa infinita fieira de eventos que começou
na África. Na história da humanidade não há “figurantes” como quer certa linha
de pensamento racista; todos são protagonistas, caso contrário desaparece o
conceito de humanidade e nos animalizamos de vez.
7. Nessa ordem de reflexão, não pode haver nação cujos filhos sejam “filhos de
chocadeira”, parasitas da cultura dominante, sem pertinência ou pertencimento,
sem cultura e sem história próprias, tenham surgido num território por obra de
um demiurgo ou senhor de engenho qualquer, dessa ou daquela etnia, apartados
da Árvore e da História de onde todos descendemos. Não pode haver nação
cujos filhos que já antes ocupavam o território devam ser tidos como primitivos,
não-cidadãos, obrigados a se voltarem para os estrangeiros. Se tal nação
existisse, nem ela os mereceria nem eles a ela.
Era, então, algo beirando o impossível. Afinal, desde a proibição da Frente Negra
Brasileira, quando do início do Estado Novo (1937) nenhuma outra reação coletiva do
negro brasileiro tinha conseguido prosperar. Vivíamos sob a quarta edição republicana
– por sinal sua mais cruel encarnação desde os primeiros experimentos ditatoriais
republicanos, após o fim da escravidão no Brasil. Em certo sentido, era mais uma
tentativa de se criar neste paraíso tropical mais uma utopia européia/cristã, em
cumprimento a tantas profecias de um Novo Mundo – A Terra Prometida a essa e
aquela etnia, mas não a todas.
Abandonado como tem estado nesses últimos anos, ao IPCN restam todas ou qualquer
das seguinte possibilidades: a) ter sua sede ocupada por pelos sem-teto, como já
ocorrido; b) ter a sua sede revertida à posse do Estado ou do Município em função das
dívidas acumuladas; c) ter as diretorias irregulares que se tem sucedido nos últimos anos
transformadas em heróis, o que de modo algum corresponderia a verdade; d) confirmar
versões inverídicas sobre a história do Movimento Negro no Rio de Janeiro; e) abrir
precedente para que o mesmo que ocorreu com o IPCN venha a ocorrer com toda e
qualquer entidade associativa popular; f) enfim, confirmar as interpretações racistas que
dizem sermos os negros incapazes de levar a cabo nossos empreendimentos coletivos.
Não fique de fora, nós já decidimos: RECUPERAÇÃO DO IPCN JÁ: NÓS
QUEREMOS!
Dia da Consciência Negra, 20 de
Novembro de 2010
Benedito Sérgio
Ailton Benedito de Sousa
Faça sua adesão a esse Manifesto enviando e-mail com nome e atividade para:
ipcn.recuperacao@gmail.com
Texto editado a partir de versão publicada no blog dos membros do grupo à testa das
atividades de recuperação do IPCN -
http://www.recuperacaodoipcn.blogspot.com/
Projeto/diagramação Luciana Barbosa e Stevie