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Introdução
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A utilização das criptomoedas na economia cresceu vertiginosamente no ano de
2017 e no início de 2018. Dados extraídos da plataforma blockchain.info denotam um
significativo ganho de confiança nos ativos por parte do mercado e dos usuários de um
modo geral. De acordo com um dos gráficos contidos no site, é possível visualizar que,
em menos de 10 anos de existência, apenas o bitcoin atingiu um volume de transações
em dólares superior a 5 bilhões nas principais exchanges do mundo. Não bastasse isso, o
bitcoin impulsionou diversos players do mercado a adotarem-no como meio de troca por
seus serviços e produtos. Entre as grandes empresas que tomaram a iniciativa, inserem-
se Microsoft, Reddit, Overstock.com etc. Além disso, a própria proliferação de exchanges
nacionais, com a consequente formalização de postos de trabalho, sugere o surgimento
de um novo ramo do comércio que aparenta ter-se estabilizado a despeito da ausência de
moldura institucional jurídica que lhe atribua direitos e deveres específicos.
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De acordo com Twomey (2013, p. 88), o termo peer-to-peer se refere tecnicamente
ao processo segundo o qual “the internet-based currencies are exchanged on software
in which data is transferred from one peer to another and where each workstation has
equivalent capabilities and responsibilities”.
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O conceito de moeda eletrônica no Brasil é fornecido pela Lei Nacional de
Pagamentos (Lei no 12.865/2013) (BRASIL, [2013]) e nada tem a ver com o conceito de
moeda virtual. A moeda eletrônica, de acordo com a Lei, consiste em “recursos armazena-
dos em dispositivo ou sistema eletrônico que permitem ao usuário final efetuar transação
de pagamento”. Por força da redação do artigo, moeda eletrônica é denominada exclusi-
vamente em unidade de conta nacional. No caso do Brasil, o Real. Moedas virtuais, por
outro lado, são todo o tipo de recursos digitais não denominados em unidade de conta
nacional, assim como o bitcoin. Por falta de legislação específica, moedas virtuais não são
consideradas método de pagamento no Brasil.
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Pesquisas conduzidas pelo Pew Research Center em 2017 demonstram que o nível
de confiança que a população mundial deposita nos governos de seus respectivos países
decresceu consideravelmente nos últimos anos. O gráfico disponível no site da referida
instituição (PUBLIC…, 2017) revela a queda de confiança no governo americano por
parte dos cidadãos do país de mais de 50% desde a década de 1950. Outro gráfico dis-
ponível também na página da Pew Research Center demonstra que países com menor
crescimento do PIB nos últimos anos, como Brasil, Argentina, Espanha, França e México,
apresentam menores taxas de confiança no governo e na política (WIKE; SIMMONS;
STOKES; FETTEROLF, 2017).
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Mais acertado seria referi-la por meio do termo em inglês trust-free, por falta de
tradução mais precisa.
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Uma definição mais precisa de criptomoeda pode ser encontrada no seguinte
fragmento: “bitcoin and bitcoin-like currencies should be defined in legislation as
‘internet-based currencies that are not issued by a legal entity and are not confined to a
specific virtual world’. Specific virtual world ‘relates to situations where video games use
a system whereby you can use in-game credits to buy extra content exclusively within the
game’”(TWOMEY, 2013, p. 88).
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Carteiras virtuais são aplicativos de internet que servem para armazenar cripto-
moedas.
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No caso do bitcoin, o poder de processamento exigido hoje em dia para uma máqui-
na agregar força computacional suficiente para minerar é tão alto e dependente de tecno-
logia especializada que a atividade em si tornou-se um negócio altamente competitivo e
acessível apenas a entrantes com grande capacidade de investimento (VIGNA; CASEY,
2015).
Tabela
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Estudo conduzido por Eyal e Sirer (2013) comprovou que o patamar de 51% pode
ser ainda menor caso uma parcela de mineradores deliberadamente se associe e pratique
uma estratégia chamada selfish mining. Desde a comprovação da hipótese dos pesquisado-
res, diversos foram os projetos apresentados para se corrigir a vulnerabilidade do sistema.
Conclusão
Sobre o autor
Marcelo de Castro Cunha Filho é mestre em Direito e Inovação pela Universidade
Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, MG, Brasil; doutorando em Sociologia Jurídica pela
Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil; bolsista de doutorado da Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, SP, Brasil.
E-mail: mcunhafilho@yahoo.com.br
Referências
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necessary? [s. n., s. l.], p. 1-37, Dec. 2015. Disponível em: https://papers.ssrn.com/sol3/
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