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RESUMO DE ATM – INTRODUÇÃO E TRATAMENTO

Classificação das dores orofaciais:


• Dor Somática: origina-se de estruturas musculoesqueléticas ou viscerais interpretada por um sistema de transmissão e modulação intacto; exemplos: DTM ou dor periodontal. Requer
estímulo doloroso.
• Dor Neuropática: origina-se de lesão/alteração das vias de transmissão dolorosa, mais comumente uma lesão nervosa periférica por cirurgia ou traumatismo. Não requer estímulo nocivo.
o Dores Faciais Neuropáticas que se Apresentam como Dor de Dente
▪ Neuralgia do Trigêmeo: ocorre com mais frequência em pessoas com mais de 50 anos e atinge mais o público feminino. A dor é intensa e difusa, que dura de poucos
segundos até 1 minuto, após o qual ocorre um período refratário no qual a dor não pode ser reiniciada. É uma dor facial unilateral e do tipo choque elétrico (facadas,
queimação, relâmpagos ou de penetração de calor de forte intensidade). Em geral, existe uma zona de gatilho em que estímulo mecânico, como um toque suave, pode
desencadear um episódio. O bloqueio anestésico local das zonas de gatilho faz desaparecer a NT durante o efeito anestésico. Prováveis causas: compressão do nervo,
esclerose múltipla, tumores e doença de Lyme. O tratamento da NT é medicamentoso (com uso de anticonvulsivantes – carbamazepina) ou cirúrgico.
▪ Neuralgia Pré-trigeminal: a forma de apresentação é tipicamente uma dor de dente insidiosa em uma região que não apresenta qualquer alteração ao exame físico e
radiológico, o bloqueio anestésico local do dente faz desaparecer a dor durante o efeito anestésico. Tratamento semelhante ao da Neuralgia do Trigêmeo.
▪ Odontalgia Atípica (ou Odontalgia Resultante de Desaferenciação): refere-se à dor que ocorre quando existe lesão da porção aferente do sistema de transmissão da
dor. É uma dor persistente (ou contínua) em dentes aparentemente normais, podendo ocorrer em dentes tratados endodonticamente ou sítios de extração. Alodinia,
hiperestesia ou hipoestesia podem estar presentes. O bloqueio anestésico local não abole a dor nessa circunstância.
o Cefaleia Crônica – são de origem neurovascular (mecanismo neurológico desencadeia uma resposta vascular
▪ Enxaqueca: duração de 4 a 72 horas cada episódio. Mais de 80% apresentam ou náusea ou fotofobia (intolerância à luz) e fonofobia durante os episódios. Uma “aura”
pode ocorrer de alguns minutos até 1 hora antes do início da dor em 40% dos pacientes. A aura é um distúrbio neurológico descrito como luzes piscantes ou tênues ou
como perda parcial da visão. Complicações da aura podem produzir hemiparesia transitória, afasia ou cegueira. Duas características da dor, dessas seguintes, devem
estar presentes para fazer o diagnóstico de enxaqueca: dor unilateral, qualidade pulsátil, intensidade moderada a severa ou agravada por atividade física. O tratamento
preventivo é a normalização do desequilíbrio de neurotransmissores com uso de antidepressivos, anticonvulsivantes, β-bloqueadores e outras substâncias.
▪ Cefaleia do tipo Tensional: é o tipo de cefaleia mais comum. Dor geralmente bilateral caracterizada por um dor difusa não pulsátil de intensidade moderada a intensa,
se manifestando como aperto ou pressão. O sintoma precisa estar presente por mais de 15 dias por mês. O tratamento utiliza comumente antidepressivos tricíclicos.
▪ Cefaleia em Salvas: dor intensa unilateral, frequentemente descrita como sensação de agulhada, centrada ao redor do olho e nas regiões temporais. Tem duraçãi de
15min a 3horas, ocorrendo de 2 a 8 vezes por dia. A dor pode estar presente por alguns meses e desaparecer por muitos meses ou mesmo anos. O tratamento preventivo
faz uso de verapamil, sais de lítio, anticonvulsivantes, corticosteroides e certos compostos do ergot, já o sintomático faz uso de “triptanos”, ergots e analgésicos.

Classificação das Disfunções Temporomandibulares


• Dor Miofascial: causa mais frequente de dor mastigatória e de limitação funcional. Origem muscular, cuja principal causa é o bruxismo, mas também pode ocorrer por causa de problemas
internos da articulação, como deslocamento do disco ou doença articular degenerativa. Sinais e sintomas: dor difusa e de difícil localização, amplitude de movimento da mandíbula pode
estar diminuída e estar associada ao desvio da mandíbula para o lado afetado, cefaleia, geralmente bilateral, pode estar associada e ATM não são tensas à palpação. Radiografias da
ATM habitualmente têm aspecto normal.
• Deslocamento Anterior do Disco com Redução: o disco articular está deslocado em uma posição anterior ou medial ao côndilo na posição fechada. Quando o côndilo faz translação para
a frente, ele passa sobre a porção posterior mais espessa do disco, produzindo o som de um estalo. Após o estalo, o disco permanece em relação apropriada com o côndilo por todo o
restante do ciclo de abertura. Sinais e sintomas: sons de clique ou estalido na articulação afetada, abertura máxima pode estar normal ou discretamente limitada e crepitações.
• Deslocamento Anterior do Disco sem Redução: o disco articular se encontra a todo instante anterior ao côndilo, quando o côndilo inicia a translação para frente, o disco permanece
anterior e assim o côndilo não é capaz de fazer a translação para sua amplitude anterior, o que impede a abertura máxima da boca e causa desvio da mandíbula para o lado afetado. Sinais
e sintomas: restrição da abertura, desvio para o lado afetado, redução das excursões laterais para o lado contralateral e dor.
• Doenças Articulares Degenerativas (Artrose, Osteoartrite): possíveis causas: traumatismo mecânico direto, lesão por hipoxia–reperfusão ou inflamação neurogênica. Essas doenças
incluem uma variedade de achados anatômicos como: discos irregulares, perfurados ou danificados, associados a alterações da superfície articular, como achatamento, erosão ou formação
de osteófitos. Sinais e sintomas: dor associada ao estalo ou à crepitação, e limitação na abertura da boca e os sintomas aumentam ao funcionamento. Geralmente é unilateral.
• Artrite Reumatoide: processo inflamatório resultante em proliferação anormal do tecido sinovial (o pannus). Afeta bilateralmente as ATM. Na radiografia há presença de erosão nas
faces anterior e posterior das cabeças condilares, que com a evolução pode proporcionar um côndilo pequeno, arredondado e dentro de uma cavidade larga.
• Deslocamento Recorrente Crônico: são causados por hipermobilidade mandibular (subluxação). Uma condição mais grave ocorre quando o côndilo mandibular faz translação anterior
à frente da eminência articular e “trava” nessa posição (luxação). O deslocamento pode ser uni ou bilateral e pode ocorrer após abertura ampla da boca, se persiste por alguns segundos
torna-se doloroso e está associado frequentemente a espasmo muscular severo. A redução é conseguida aplicando-se pressão para baixo sobre os dentes posteriores e pressão para cima
sobre o queixo, acompanhadas por deslocamento posterior da mandíbula.
• Anquilose
o Anquilose Intracapsular (ou Fusão da Articulação): resulta da fusão do côndilo, do disco e do complexo da fossa mandibular por formação de tecido fibroso, fusão óssea, ou
uma combinação de ambos. Causa: macrotraumatismo (mais comum), tratamento cirúrgico prévio que resultou em cicatriz e infecção (raro). Sinais e sintomas: restrição severa
da abertura máxima, desvio para o lado afetado e redução da excursão lateral para o lado contralateral (lado oposto). Radiografia revela superfícies irregulares no côndilo e na
fossa, com graus variados de pontes calcificadas entre as superfícies articulares.
o Anquilose Extracapsular: envolve o processo coronoide e o músculo temporal. Causas: alargamento ou hiperplasia do processo coronoide, traumatismo na região do arco
zigomático ou infecção ao redor do músculo temporal. Sinais e sintomas: inicialmente apresentam limitação da abertura da boca e desvio para o lado afetado, restrição completa
da abertura da boca é rara, e movimentos laterais e de protrusão limitados podem ser realizados. Radiografia demonstra alongamento do processo coronoide.

O tratamento inicial é feito com métodos conservadores de redução da dor e do desconforto, redução da inflamação Tomadas Radiográficas para ATM:
e melhora da função mandibular. Em alguns casos, como na anquilose ou degeneração articular severa, o tratamento - Panorâmica → fornece boa avaliação da anatomia óssea, como
cirúrgico é o indicado. Tipos de tratamento: côndilo, fossa, eminencia e processo coronóide
• Medicação: os medicamentos mais utilizados na DTM incluem: AINEs durante 7 a 14 dias (reduzem a - TC → permite a avaliação de condições patológicas de tecidos duros e
inflamação em músculos e articulações e fornecem alívio para a dor), ocasionalmente, analgésicos mais moles da ATM, fornecendo a melhor avaliação dos componentes ósseos
potentes durante 10 a 14 dias (devido aos efeitos sedativos e depressivos dos narcóticos e seu potencial - Artrografia da ATM → raramente é utilizada, consiste na injeção de
para dependência, esses medicamentos devem ter uso restrito a curtos períodos em episódios severos de material de contraste nos espaços articulares e depois um radiografia,
dor aguda ou em situação de pós-operatório), relaxantes musculares durante 10 a 14 dias e antidepressivos onde nela dará para analisar a posição e morfologia do disco articular
(antidepressivos tricíclicos utilizados em baixa dosagem parecem ser úteis no tratamento de pacientes com - Ressonância Magnética → técnica mais eficiente para avaliar tecidos
dor crônica, podem melhorar os padrões de sono, reduzir o bruxismo e diminuir a dor muscular e articular). moles, avaliando a morfologia e o posicionamento do disco
O uso da toxina botulínica A tem se mostrado promissor na redução da hiperatividade dos músculos da
mastigação, por meio da redução da atividade de contração muscular e a dor associada.
• Fisioterapia: por meio de exercícios de amplitude de movimento, técnicas de relaxamento, ultrassom, spray frio e alongamento e massagem compressiva.
• Terapia com Órteses - são consideradas como parte da fase reversível ou conservadora do tratamento. Tipos:
o Órteses de Autorreposicionamento: essas órteses são desenhadas para fornecer uma superfície plana de contato suave em todos os pontos da oclusão, permitindo o contato de
toda a arcada dentária com os côndilos em uma posição retraída mais posterior, que frequentemente resulta em redução dos sintomas musculares e articulares. Indicação:
problemas musculares, eliminação da dor quando nenhum desarranjo interno específico ou outra condição patológica evidente podem ser encontrados, deslocamento anterior
do disco ou de doença articular degenerativa como tentativa de aliviar ou reduzir a carga.
o Órteses de Reposicionamento Anterior: são construídas de modo que um efeito de rampa anterior force a mandíbula a funcionar em posição protruída, útil para alívio da dor.
• Tipo de Cirurgia para Tratamento
o Artrocentese: consiste na colocação de duas peças (agulhas ou pequenas cânulas) no interior da ATM (preferência no espaço superior da articulação) para lavar a articulação e
romper aderências. Muitos tipos de condições patológicas internas da ATM parecem responder bem, o uso mais comum é no deslocamento anterior de disco sem redução.
o Artroscopia: técnica consiste na colocação de uma pequena cânula no interior do espaço articular superior, seguida pela inserção de um artroscópio que permite a visualização
direta de todos os aspectos da fossa glenoide, do espaço articular superior e da face superior do disco. A avaliação artroscópica contribui para o diagnóstico. Lise de aderências
e lavagem articular também podem ser realizadas. Indicação: desarranjos internos, hipomobilidade como resultado de fibrose ou aderência, DAD e hipermobilidade.
o Cirurgia do Reposicionamento do Disco: indicado para deslocamento anterior do disco que não responde a tratamento não-cirúrgico. O disco deslocado é identificado e
reposicionado para o local mais próximo do normal removendo-se parte do tecido da inserção posterior do disco e suturando o disco em uma posição anatômica correta. Em
alguns casos, esse procedimento é combinado com a reconstrução do disco, da eminência e do côndilo.
o Substituição Articular Total: um método de reconstrução consiste em enxerto autógeno de tecido costocrondral. Esses enxertos são mais utilizados em pacientes em fase de
crescimento, mas podem também ser utilizados em adultos. Problemas: recorrência de anquilose, alterações degenerativas do enxerto e (em alguns casos) crescimento excessivo
e assimétrico do enxerto.

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