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ATAS DAS RAP'S DE SERNANCELHE E SARDOAL n.

º 416
Maio/
Junho 2019

REVISTA BIMESTRAL | GRATUITA PARA ASSOCIADOS | ASSINATURA ANUAL: €60

EDITORIAL

ISLA DE SANTARÉM
- UMA PARCERIA
DURADOURA
Francisco Alveirinho Correia

pág. 3

RAP DE ALCOBAÇA

AUDITÓRIO
ADÃES BERMUDES

14 DE OUTUBRO DE 2019

pág. 5

A PALAVRA DO PRESIDENTE

PARCERIAS

página 7

PROGRAMA FORMAÇÃO - 2.º SEMESTRE/2019 XXXIX COLÓQUIO NACIONAL DA ATAM - SESIMBRA/2019

Páginas centrais Alojamento, Inscrição e Temas em separata, no interior da revista


CONTEÚDOS
MAIO/JUNHO2019 REVISTA
O MUNICIPAL
DESDE 1980

PROPRIEDADE E EDIÇÃO
ATAM - ASSOCIAÇÃO DOS TRABALHADORES
DA ADMINISTRAÇÃO LOCAL
PRAÇA DO MUNICÍPIO, 15 A
3 Editorial 2005-245 SANTARÉM

4 Notícias e Informações DIRETOR


FRANCISCO JOSÉ ALVEIRINHO CORREIA

7 A Palavra do Presidente SUBDIRETOR


JOSÉ MANUEL COSTA FIGUEIREDO FARIA
8 Gabinete de Estudos GABINETE DE COMUNICAÇÃO
PAGINAÇÃO GRÁFICA
10 Diário da República GINA COELHO
SECRETARIADO
15 Prática CARLA MONTEZ

CONTACTOS
27 Jurisprudência SEDE DA REDAÇÃO
PRAÇA DO MUNICÍPIO, 15 A
30 Ata da RAP de Sernancelhe 2005-245 SANTARÉM
TELEFONE: 243 330270/4/5/8
48 Ata da RAP de Sardoal FAX: 243 322 927 - 243 330 279
E-MAIL: municipal@atam.pt | PORTAL: www.atam.pt

N.º INTERNACIONAL
ISSN 0870-8037
COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
DEPÓSITO LEGAL
9307/85

N.º REGISTO ERC


111131

PERIODICIDADE
BIMESTRAL
TIRAGEM
1.500
ASSINATURA
€ 60

IMPRESSÃO
Le Syndicat National
des Directeurs Generaux
EDILIBER - EDITORA DE PUBLICAÇÕES, LDA
des Collectivites Territoriales
PARQUE INDUSTRIAL DE EIRAS, LOTE 3
3020-265 COIMBRA

ATAM
PESSOA COLETIVA DE UTILIDADE PÚBLICA (D.R., II

SÉRIE, N.º 24, DE 29-01-1991) NIPC - 501 229 450


O MUNICIPAL | N.º 416
3

EDITORIAL

ISLA DE SANTARÉM
- UMA PARCERIA DURADOURA

Quando no primeiro ano do meu primeiro mandato, como Presidente, mais


concretamente no dia 8 de julho de 2006, a ATAM assinou um protocolo de
colaboração com o ISLA de Santarém, estávamos todos muito longe de
pensar que se iria lançar a primeira semente sobre uma boa relação futura de
colaboração, cooperação, entendimento e relacionamento. Essa parceria visava
uma candidatura ao Programa Foral, com vista à promoção de pós-graduações,
extensíveis aos ISLAS de Bragança, Vila Nova de Gaia, Leiria e Santarém.

Era então Presidente do Conselho de Administração do ISLA, o Dr. António Madeira


que, com o seu saber, soube desenvolver, consolidar e colocar o ISLA, entre as
melhores instituições do ensino superior universitário.

No âmbito de protocolo acima referido, competia ao ISLA, a conceção, a


promoção e a organização das candidaturas dos cursos de pós-graduações,
num total de 8, todos confinantes com a área autárquica, bem como a alocação
de formadores, salas de aulas, material pedagógico e ainda a elaboração dos
dossiers de formação.

À ATAM, na qualidade de entidade proponente do projeto de formação,


competia-lhe dar visibilidade e publicitar os referidos cursos junto dos associados,
receber as inscrições e gerir financeiramente o projeto, financiado pelo Fundo
Social Europeu.

Saliente-se que beneficiaram destes cursos de pós-graduação, várias centenas


de associados da ATAM que usufruíram dos mesmos de forma quase gratuita. O
protocolo foi-se consolidando ao longo dos anos, tendo sido apresentadas diversas
candidaturas e realizados vários cursos de pós-graduações, designadamente ao
Programa Operacional Potencial Humano POPH – 2012/2013 – 2013/2014.

Nos últimos anos fecharam-se os fundos comunitários para a promoção da formação


de cursos de pós-graduação, pelo que a ATAM, no âmbito do protocolo com o
ISLA, agora dirigido pelo seu Diretor, Dr. Domingos Martinho, tem vindo a publicitar
todas as suas ações de formação na área autárquica, sejam do tipo modelar,
sejam MBA, cujo último curso em Administração Pública, acaba de terminar, tendo
sido frequentado por cerca de 18 formandos, na sua maioria, trabalhadores com
contrato de trabalho em funções públicas municipais, em especial da região de
Santarém.

Francisco Alveirinho Correia


Diretor
N.º 416 | O MUNICIPAL
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NOTÍCIAS E INFORMAÇÕES
NOVOS JOÃO MENDONÇA
ASSOCIADOS
SAUDADE
MAIO
31 DE MARÇO DE 2019
CÂMARAS MUNICIPAIS

Aproveitando a realização anual


Carrazeda de Ansiães
pela ATAM, da sua habitual RAP
Ana Filipa Lopes Pereira
na Região Autónoma da Madeira,
Belmonte que este ano teve lugar no passa-
Ana Isabel Cabeças do dia 1 de abril, na Ilha do Porto

Ana Isabel Ramos Pinto


Santo e que contou com o patro-
cínio do respetivo Município, na
Teresa Maria da Trindade
pessoa do seu Presidente, José Idalino Vasconcelos, a Direção da ATAM, repre-
Alcobaça sentada pelo seu Presidente, Francisco Alveirinho Correia, em memória do João
Maria Manuela Monteiro das Neves Domingos de Mendonça, participou na missa campal que teve lugar dia 31 de
Susana Marta Fonseca da Rocha março, pelas 15 horas, na Praça do Barqueiro e que foi celebrada pelo Bispo do
Funchal, D. Nuno Brás.
Cadaval
No final, teve lugar uma Romagem de Saudade ao cemitério da Santa Catarina,
Maria Teresa Porfírio Torres
onde o Presidente da Direção da ATAM colocou uma lápide, na campa do nosso
Vila Nova de Gaia saudoso associado, falecido no dia 27 de outubro de 2017. Na ocasião, o Presi-
Joana Sara Oliveira Pinto dente da Direção, na presença da esposa, Teresa Mendonça, também nossa as-
sociada, que se encontrava acompanhada das suas filhas e na impossibilidade
do seu filho estar também presente, proferiu umas breves palavras recordatórias
JUNTA DE FREGUESIA
e elogiosas do nosso colega e sempre amigo, que muito trabalho deixou feito,
Lousã em prol da prossecução dos objetivos da ATAM e, também, do municipalismo,
Ana Cláudia Monteiro da Conceição muito em especial, na Ilha da Madeira.

JUNHO
CÂMARAS MUNICIPAIS

Almeirim
Vitor Sousa

Cartaxo
Ana Mafalda Tomé

Moita
Sílvia Geraldes
O MUNICIPAL | N.º 416
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NOTÍCIAS E INFORMAÇÕES

REVISTA MUNICIPALISMO
Urbanismo
A Constituição do urbanismo
Claudio Monteiro

Articulação de Programas, Planos


e Regulamentos: contributo para
uma análise das suas relações
Dulce Lopes

Expropriação, execução do plano


e perequação: como articular?
Fernanda Paula Oliveira

Bairros Sociais - Urbanismo para


pobres?
José Nicolau Ferreira

Mera Comunicação Prévia sem


fiscalização? Toda a gente ralha e
RAP
ninguém tem razão!
Marcelo Caetano Delgado DE
€ 10,00
(IVA incluído à taxa de 6%) ALCOBAÇA
Os envios são efetuados à cobrança, sendo os portes pagos pelo

N
adquirente.
o dia 14 de outubro terá lugar
Para encomendas:
no Auditório da Escola Adães
contabilidade@atam.pt | T 243 330 273
Bermudes, em Alcobaça, uma
Municipalização de atividade de RAP destinada aos associados dos Distri-
empresa local e a transmissão da
tos de Leiria, Lisboa, Santarém e Setú-
posição do empregador nos con-
tratos de trabalho bal.
Ana Fernanda Neves

Reinventemos a avaliação de de-


Esta RAP será patrocinada pelo Presidente
sempenho na Administração Pública da Câmara Municipal de Alcobaça, Paulo
Gisela Azevedo
Jorge Marques Inácio.
Eliana Silva Pereira

A evolução da carreira de técnico


superior na Administração Pública Em representação da Di­re­ção da ATAM
Júlio Arrais esta­rá presente o Presidente da Direção,
Congelamento versus Desconge- Francisco Al­v ei­rinho Correia e o colabo-
lamento: Da facilidade do primeiro
à(s) dificuldade(s) do segundo
rador do Gabinete de Estudos, José Bento
Paulo Veiga e Moura Pedro.
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NOTÍCIAS E INFORMAÇÕES

ISLA SANTARÉM
COMEMORA
DIA DO ISLA

30 DE MARÇO DE 2019

No passado dia 30 de março, no


Convento de São Francisco, em
Santarém, gentilmente cedido pela Câmara
Municipal de Santarém, teve lugar a sessão ram na região onde se situa. ramento da sessão solene,
solene comemorativa dos 35 anos do ISLA de a mesma terminou com um
Santarém e que coincidiu com o dia do ISLA. A oração da sapiência esteve a porto de honra, servido nos
cargo do Prof. Doutor Paulo Sar- claustros do Convento onde
O Presidente da ATAM, na qualidade de mem- gento que proferiu uma palestra decorreu o evento.
bro do Conselho Geral, esteve presente e tes- subordinada ao tema “Violência
temunhou o Diretor do ISLA, Dr. Domingos doméstica: um analisador so-
Martinho, afirmar que o número de estudantes cial”.
do atual ano letivo tinha duplicado, em rela- Francisco Alveirinho Correia
ção ao ano anterior, só possível quando se Contando com a participação Presidente da ATAM
constrói uma escola de excelência e se conta do Conservatório de Música de
com uma oferta formativa diversificada, rele- Santarém, na abertura e encer-
vante e atrativa, oferecendo
6 licenciaturas, 7 cursos téc-
nicos profissionais superiores
e 19 cursos de formação pós-
-graduação, onde se incluem
13 pós-graduações, 4 MBA e
2 Mestrados.

O Presidente do Conselho
de Administração do ISLA de
Santarém, Prof. Manuel Da-
másio enfatizou o facto de
nos 35 anos da sua existência
já terem sido entregues cerca
de 12 000 certificados e diplo-
mas que muito impacto tive-
A PALAVRA DO PRESIDENTE

PARCERIA S

U
ma parceria consiste numa associação en- desde a formação e a
tre duas ou mais entidades que estabelecem valorização profissio-
um acordo de cooperação ou de colabora- nais, aos patrocínios,
ção para desenvolvimento de ações que permitem sejam eles de ordem
atingir objetivos comuns. financeira ou em espé-
cie. Com efeito, para
Acorda-se, pois, uma estratégia que seja sustentá-
além da execução de
vel para as entidades parceiras, onde deve imperar
cursos e ações de for-
a confiança, o mesmo propósito e uma compatibili-
mação, de diversa na-
zação de objetivos previamente determinados.
tureza, vários têm sido
A ATAM, ao longo dos seus 40 anos de existência, já os patrocínios finan-
celebrou muitas parcerias com diversas entidades, ceiros obtidos que in-
mantendo-se em vigor cerca de 20, as quais se en- cluem o Colóquio Na-
contram alojadas no site da ATAM. cional, desde 2009 até
ao presente ano, a re-
No entanto, todos os anos a ATAM promove par- vista municipalismo n.º
cerias com vários municípios, para promoção de 7 - Recursos Humanos,
eventos, como seja o caso do Colóquio Nacional, e ainda a disponibiliza-
Encontro de Marketing e Comunicação Autárquica, ção de salas e auditó-
Encontro de Aposentados, Seminários e Reuniões rios necessários para a
de Aperfeiçoamento Profissional (RAP), bem como realização de seminá-
na criação e manutenção de Polos de Formação, rios e ações de forma- Francisco José Alveirinho Correia
que se cifram atualmente em 16, em que a ATAM Presidente da Direção
ção, quando a ATAM
coloca ao dispor dos seus associados, em especial, conta com um número
e dos trabalhadores da Administração Local, em ge- parcerias e em especial esta,
elevado de participantes.
ral, o seu know how visando, em regra, a valorização possa continuar a dar os
profissional dos participantes e, em que o município Naturalmente que os asso- seus frutos e que, se possí-
parceiro faculta o apoio logístico necessário, à boa ciados da ATAM gozam tam- vel, possa ser incrementada,
realização do evento e que consta, genericamente bém de condições especiais não só para benefício dos
na disponibilização de um auditório e, da oferta de na inscrição em licenciaturas, associados da ATAM e tra-
um coffee break e uma refeição, aos presentes. pós-graduações e MBA, pro- balhadores da Administra-
movidos pelo ISLA de Santa- ção Local, mas também para
No entanto, como já foi objeto de referência no edi- rém. continuação do crescimento
torial do presente número de “O Municipal”, a par- da escola de excelência que
ceria encetada em 2006, com o ISLA de Santarém, Pelo exposto, a Direção da é o ISLA de Santarém.
foi e é a que tem atingido mais objetivos, que vão ATAM deseja que todas as
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GABINETE DE ESTUDOS
ALTERAÇÕES DE POSICIONAMENTO independentemente dos uni- de pontos recomece sempre
versos definidos nos termos que exista alteração da po-
REMUNERATÓRIO do artigo anterior, quando sição remuneratória, inde-
aquele, na falta de lei especial pendentemente do motivo.
em contrário, tenha acumula-
CONTAGEM DE PONTOS 7. Ora, tendo o associado al-
do 10 pontos nas avaliações
terado a sua posição re-
do seu desempenho referido
muneratória, a contagem
às funções exercidas durante
1. As dúvidas que se pretendem ver esclarecidas dos pontos reinicia a partir
o posicionamento remunera-
podem ser resumidas da seguinte forma: de tal momento, indepen-
tório em que se encontra (…)”
dentemente da mesma ter
“Tendo havido alteração de posicionamento a 1
3. Posteriormente, a Lei n.º ocorrido por força do direito
de janeiro de 2009, os pontos acumulados entre
12-A/2018, de 27/02, veio à carreira previsto para os
2004 e 2008 relevam para efeitos de alteração
a ser revogada pela Lei n.º dirigentes, no artigo 29.º, da
obrigatória de posicionamento, face à regra fixada
35/2014, de 20/06, diploma Lei n.º 2/2004, entretanto re-
no artigo 47.º da Lei n.º 12-A/2008, de 27/02, que
legal que aprovou a Lei Ge- vogado.
determina que, sempre que há alteração do posi-
ral de Trabalho em Funções
cionamento, recomeça a contagem de pontos? 8. Aliás, o n.º 3, do artigo 29.º,
Públicas.
da Lei n.º 2/2004, previa
Colocando a questão de outra forma: os efeitos
4. Ora, o n.º 7, do artigo 156.º, que quando, no decurso do
no posicionamento remuneratório, previsto no ar-
da LTFP, prevê, de igual for- exercício do cargo dirigente,
tigo 29.º da Lei n.º 2/2004, de 15/01 (direito à
ma, que “há lugar a alteração ocorresse uma alteração do
carreira), enquanto esteve em vigor, são cumu-
obrigatória para a posição re- posicionamento remunera-
láveis com os pontos atribuídos em resultado da
muneratória imediatamente tório na categoria de origem
avaliação e que relevaram na carreira de origem?
seguinte àquela em que o tra- em função da reunião dos
Concretizando: o trabalhador em 01/01/2009 balhador se encontra, quando requisitos previstos para o
alterou o posicionamento por efeito do direito à a haja, independentemente efeito na lei geral, ou altera-
carreira e porque simultaneamente lhe foram atri- dos universos definidos nos ção de categoria ou de car-
buídos pontos na carreira de técnico superior, termos do artigo 158.º, quan- reira, para efeitos de côm-
entre 2004 e 2008, contabilizando 7 pontos. Es- do aquele, na falta de lei espe- puto dos períodos referidos
tes 7 pontos relevam para uma futura alteração cial em contrário, tenha acu- no n.º 1, do mesmo artigo,
de posicionamento obrigatória ou é reiniciada a mulado 10 pontos nas avalia- apenas relevava o tempo
contagem de pontos, atendendo a que alterou o ções do desempenho referido de exercício subsequente a
posicionamento a 01/01/2009?” às funções exercidas durante tais alterações, solução que
o posicionamento remunera- demonstra, com evidência,
3. Assim, sobre a matéria, cumpre informar o se-
tório em que se encontra”. a vontade do legislador em
guinte:
não permitir a acumulação
5. Da leitura das normas, aci- dos efeitos dos dois regimes
II – Da matéria aparentemente controvertida
ma, referidas, resulta claro de alteração remuneratória
1. Com a entrada em vigor da Lei n.º 12-A/2008, que para efeitos de altera- em simultâneo.
de 27 de fevereiro, vieram a ser criadas novas ção de posição remunerató-
9. Sobre esta matéria, veja-
regras relativamente às alterações do posicio- ria obrigatória, apenas rele-
se, por exemplo, a FAQ n.º
namento remuneratório dos trabalhadores a vam os pontos que tenham
17, da DGAEP, constante
exercer funções públicas. sido obtidos a partir de ava-
do documento produzido
liações referentes às fun-
2. Em matéria de alteração de posicionamento re- por tal entidade a propósito
ções exercidas no posicio-
muneratório, o n.º 6, do artigo 47.º, da Lei n.º 12- do descongelamento das
namento remuneratório em
A/2018, de 27/02, estatuía, expressamente, que carreiras:
que o trabalhador encontra.
havia lugar “a alteração obrigatória para a posi-
ção remuneratória imediatamente seguinte àquela 6. Tal regra impõe, em termos “17. A partir de quando se
em que o trabalhador se encontra, quando a haja, práticos, que a contagem contam os pontos?
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GABINETE DE ESTUDOS

Os pontos são contados a partir da última Quanto a férias férias que se venceram
alteração de posicionamento remuneratório do em 1/1/2019 (que ainda
3. As normas sobre “férias”
trabalhador, nos termos n.ºs 2 e 7 do artigo não tenha gozado) e ao
dos trabalhadores em fun-
156.º da Lei Geral do Trabalho em Funções subsídio por inteiro, bem
ções públicas, estão previs-
Públicas (LTFP), independentemente da razão da como a dois dias de férias
tas nos art.ºs 126.º a 132.º
alteração (procedimento concursal; consolidação por cada mês de 2019 (10
da LTFP, em anexo à Lei n.º
da mobilidade; transição de carreira).” dias) e respetivo subsídio
35/2014 de 20/06 e nos art.
proporcional.
10. Sendo certo que em 2008, a DGAEP manifestou, ºs 237.º a 247.º da Lei n.º
no Oficio circular 1/GDG/08, entendimento 7/2009 de 12/02 alterada,
Quanto ao subsídio de Natal
semelhante, não obstante o quadro legal em neste âmbito, pela Lei n.º
vigor ser distinto: 23/2012 de 25/06 (CÓDIGO 7. Nos termos do artigo 151.º
DO TRABALHO - CT). da LTFP, “o trabalhador tem
“Ocorre obrigatoriamente alteração de posicio- direito a um subsídio de na-
4. Assim, as regras constam
namento remuneratório/escalão quando o traba- tal de valor igual a um mês
no Código do Trabalho (CT),
lhador acumule 10 pontos nas suas avaliações de remuneração base men-
na parte em que não colida
de desempenho desde 2004, desde que tais sal, que deve ser pago no
com as existentes na LTFP.
avaliações se reportem às funções exercidas mês de novembro de cada
durante a colocação no escalão e índice atuais, 5. Com relevo para a questão
ano. (n.º 1)
ou seja caso não tenha entretanto ocorrido al- colocada, abaixo se trans-
teração de escalão ou de categoria profissional, creve a norma relevante: No mês da cessação do
caso em que apenas relevarão as avaliações ob- contrato, o valor do subsídio
“Cessando o contrato, o
tidas na nova categoria ou escalão1”. de natal é proporcional ao
trabalhador tem direito a re-
tempo de serviço prestado
ceber a retribuição das férias
no ano civil.” [n.º 2 alínea b)]
e respetivo subsídio, corres-
pondente a férias vencidas e 8. Assim, o trabalhador, se
não gozadas, bem como as por hipótese cessar o
CESSAÇÃO DO VÍNCULO contrato a tempo indeter-
proporcionais ao tempo de
DE EMPREGO PÚBLICO serviço prestado no ano da minado por aposentação
cessação…”. (artigo 245.º em 31/5/2019, terá direito
POR APOSENTAÇÃO do CT). a receber 5 duodécimos
do respetivo subsídio de
6. ASSIM, e com base nas natal.
FÉRIAS E SUBSÍDIO DE NATAL normas supra menciona-
das, o Município tem que
pagar a retribuição das fé-
1. Pretende-se esclarecimento sobre o seguinte: rias e respetivo subsídio,
“Quais os direitos que o trabalhador tem aquan- correspondente às férias
do da cessação de funções, por motivo de apo- vencidas e não gozadas
sentação, tais como: Férias não gozadas, qual o bem como as proporcio-
montante do subsídio de férias e se tem direito nais ao tempo de serviço
também a subsídio de natal.” prestado…nesse ano (no
termo dessa relação con-
2. Efetivamente o vínculo de emprego público ca- tratual por tempo inde-
duca (cessa) com a aposentação (artigo 291.º, terminado); Por exemplo:
alínea c) da LTFP, anexa à Lei n.º 35/2014 de se o trabalhador estava
20/06). ao serviço em 1/1/2019 e
trabalhou até à presen-
te data, se cessar no dia
1 O sublinhado é nosso 31/5/2019 tem direito às
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DIÁRIO DA REPÚBLICA
ABRIL e a estabilidade do arrenda-
mento urbano e a proteger
15: Determina a cessação
de vigência de decretos-leis
17: Prevê a possibilidade de
apresentação de pedidos de
arrendatários em situação de publicados entre os anos de credenciação de segurança
I SÉRIE especial fragilidade». 1981 e 1985. de forma desmaterializada,
através da plataforma «Cre-
Resolução da Assembleia Portaria n.º 114/2019, de denciação de Segurança On-
da República n.º 51/2019, 15: Regulamentação do Pro- line».
Decreto-Lei n.º 44/2019, de
de 5: Recomenda ao Go- grama de Estágios Profissio-
1: Concretiza o quadro de
verno que tome medidas no nais na Administração Local, Decreto n.º 15-A/2019, de
transferência de competên-
sentido de remover obstácu- adiante designado por PE- 18: Declara luto nacional pe-
cias para os órgãos munici-
los no acesso à interrupção PAL. las vítimas do acidente com
pais no domínio da proteção
voluntária da gravidez. um autocarro de turismo na
civil.
Decreto-Lei n.º 51/2019, Região Autónoma da Madei-
Portaria n.º 97/2019, de 2: Resolução da Assembleia de 17: Regula a valorização ra.
Fixa a percentagem de recei- da República n.º 55/2019, e promoção do Caminho de
tas do Fundo de Estabiliza- de 9: Prorrogação do fun- Santiago, através da certifi- Declaração de Retificação
ção Tributário (FET). cionamento da Comissão cação dos seus itinerários. n.º 20/2019, de 22: Retifica
Eventual para o Reforço da a  Portaria n.º 114/2019, da
Decreto Regulamentar Re- Transparência no Exercício Resolução do Conselho de Administração Interna, sobre
gional n.º 4/2019/M, de 2: de Funções Públicas até ao Ministros n.º 70/2019, de regulamentação do Progra-
Regula a atribuição de um final do primeiro semestre de
subsídio social de mobili- 2019.
dade aos cidadãos benefi-
ciários residentes na ilha da Decreto-Lei n.º 46/2019, de
Madeira. 10: Altera o regime jurídico
do Programa de Estágios
Acórdão do Tribunal Cons- Profissionais na Administra-
titucional n.º 134/2019, de ção Local.
3: Declara a inconstituciona-
lidade, com força obrigatória Portaria n.º 112/2019, de
geral, da norma do segmento 12: Aprova o modelo de car-
do artigo 43.º, n.º 1, do Esta- tão de identificação para uso
tuto da Aposentação, na re- dos membros das comissões
dação dada pela  Lei n.º 66- de proteção de crianças e jo-
B/2012, de 31 de dezembro, vens.
que determina que a aposen-
tação voluntária se rege pela Portaria n.º 112-A/2019,
lei em vigor no momento em de 12: Portaria que regula a
que for proferido o despacho criação da medida Contrato-
a reconhecer o direito à apo- -Geração, de ora em diante
sentação. designada por medida, que
consiste na atribuição de um
Declaração de Retificação incentivo à contratação, sem
n.º 11/2019, de 4: Declara- termo e em simultâneo, de
ção de retificação à  Lei n.º jovens à procura do primeiro
13/2019, de 12 de fevereiro, emprego e de desemprega-
«Medidas destinadas a corri- dos de longa ou muito longa
gir situações de desequilíbrio duração.
entre arrendatários e senho-
rios, a reforçar a segurança Decreto-Lei n.º 49/2019, de
O MUNICIPAL | N.º 416
11

DIÁRIO DA REPÚBLICA

ma de Estágios Profissio- do artigo 12.º, faz presumir a rança dos brinquedos, uso apuramento do rendimento
nais na Administração Local, notificação do requerido, nos de substâncias perigosas mensal do lesado, no âmbi-
adiante designado por PE- casos em que a morada para em equipamentos elétricos to da determinação do mon-
PAL, publicada no Diário da onde se remeteram ambas as e eletrónicos, adjuvantes de tante da indemnização por
República, 1.ª série, n.º 74, cartas de notificação coincide produtos fitofarmacêuticos e danos patrimoniais a atribuir
de 15 de abril. com o local obtido junto das exame de plantas. ao mesmo, o tribunal apenas
bases de dados de todos os pode valorar os rendimentos
Decreto Legislativo Regio-
Decreto-Lei n.º 57/2019, serviços enumerados no n.º 3 líquidos auferidos à data do
nal n.º 9/2019/A, de 9: Regi-
de 30: Concretiza a transfe- do artigo 12.º acidente, que se encontrem
me jurídico de licenciamento
rência de competências dos fiscalmente comprovados,
das atividades espaciais, de
municípios para os órgãos após cumprimento das obri-
qualificação prévia e de re-
das freguesias.
MAIO gisto e transferência de ob-
gações declarativas legal-
mente fixadas para tal perío-
jetos espaciais na Região
do.
I SÉRIE Autónoma dos Açores.
Portaria n.º 141/2019, de
Decreto-Lei n.º 60/2019, de
14: Procede, para o ano de
II SÉRIE Lei n.º 31/2019, de 3: Re-
13: Determina a aplicação da
taxa reduzida do IVA à com-
2019, à identificação das
gula a utilização de disposi- águas balneares costeiras e
ponente fixa de determina-
Acórdão do Tribunal Cons- tivos digitais de uso pessoal de transição e das águas bal-
dos fornecimentos de eletri-
titucional n.º 108/2019, de e permite a fotografia digital neares interiores, fixando as
cidade e gás natural.
5: Não julga inconstitucionais nas bibliotecas e arquivos respetivas épocas balneares,
as normas constantes dos públicos. Acórdão do Tribunal Cons- bem como à identificação
n.os 3 e 4 do artigo 12.º do titucional n.º 221/2019, de das praias de banhos onde
regime constante do anexo Lei n.º 32/2019, de 3: Refor- 13: Declara a inconstitucio- é assegurada a presença de
ao Decreto-Lei n.º 269/98, de ça o combate às práticas de nalidade, com força obri- nadadores-salvadores.
1 de setembro (na redação in- elisão fiscal, transpondo a gatória geral, por violação
Diretiva (UE) 2016/1164, do Portaria n.º 142/2019, de 14:

Decreto-Lei n.º 57/2019, de 30: Concretiza a transferência de competências dos


municípios para os órgãos das freguesias.

troduzida pelo Decreto-Lei n.º Conselho, de 16 de julho. da reserva relativa de com-


Fixação do número máximo
32/2003, de 17 de fevereiro), petência legislativa da As-
Resolução da Assembleia de estágios para a segunda
quando interpretadas no senti- sembleia da República em
da República n.º 62/2019, fase da 6.ª edição do Progra-
do de que, em caso de frustra- matéria de direitos, liberda-
de 6: Recomenda ao Gover- ma de Estágios Profissionais
ção da notificação do reque- des e garantias prevista no
no que promova junto dos na Administração Local.
rido (para, em 15 dias, pagar artigo 165.º, n.º 1, alínea b),
órgãos de comunicação so- Portaria n.º 143/2019, de
quantia não superior a EUR15 da Constituição, da norma
cial a elaboração de um có- 14: Regula o procedimento
000,00 ou deduzir oposição), constante no n.º 7 do arti-
digo de conduta adaptado à relativo à atribuição do título
através de carta registada go 64.º do Decreto-Lei n.º
Convenção de Istambul para de reconhecimento do esta-
com aviso de receção enviada 291/2007, de 21 de agosto,
a adequada cobertura noti- tuto de «Jovem Empresário
para a morada indicada pelo na redação introduzida pelo
ciosa de casos de violência Rural», adiante designado
requerente da injunção, por Decreto-Lei n.º 153/2008, de
doméstica. por JER, e define zonas ru-
não reclamação da mesma, o 6 de agosto, segundo a qual,
rais no âmbito da atribuição
subsequente envio de carta, Decreto-Lei n.º 59/2019, de nas ações destinadas à efe-
deste mesmo estatuto.
por via postal simples, para 8: Transpõe diversas diretivas tivação da responsabilidade
essa morada, em conformi- de adaptação ao progresso civil decorrente de acidente Portaria n.º 144/2019, de
dade com o previsto no n.º 4 técnico em matéria de segu- de viação, para efeitos de 15: Portaria que regulamenta
N.º 416 | O MUNICIPAL
12

DIÁRIO DA REPÚBLICA

os termos e condições para Decreto-Lei n.º 67/2019, de bleia da República n.º ocorrido em Tancos entre 16
o exercício da opção prevista 21: Procede ao agravamento 71/2019, de 23: Recomenda e 27 de maio de 2019.
na alínea c) do n.º 1 do ar- do imposto municipal sobre ao Governo melhores condi-
Portaria n.º 160/2019, de 24:
tigo 8.º do Decreto-Lei n.º imóveis relativamente a pré- ções de crédito ao financia-
Procede à terceira alteração

Decreto-Lei n.º 65/2019, de 20: Mitiga os efeitos do congelamento ocorrido entre 2011
e 2017 nas carreiras, cargos ou categorias em que a progressão depende do decurso de
determinado período de prestação de serviço.

28/2019, de 15 de fevereiro, dios devolutos em zonas de mento da limpeza florestal.


à  Portaria n.º 155/2013, de
pelos sujeitos passivos que pressão urbanística.
Resolução da Assembleia 18 de abril, que regulamenta
pretendam ficar dispensados
Lei n.º 33/2019, de 22: Tri- da República n.º 72/2019, a concessão de apoios finan-
da impressão das faturas em
gésima terceira alteração ao de 23: Suspensão do prazo ceiros destinados ao incenti-
papel ou da sua transmissão
Código de Processo Penal, de funcionamento da Comis- vo à gestão da atividade das
por via eletrónica.
aprovado pelo Decreto-Lei são Parlamentar de Inquérito associações e federações
Decreto-Lei n.º 64/2019, de n.º 78/87, de 17 de feverei- sobre as consequências e de jovens, inserida no plano
16: Consagra a atribuição de ro, transpondo a Diretiva (UE) responsabilidades políticas estratégico de iniciativas de
benefícios sociais aos bom- 2016/800, do Parlamento Eu- do furto do material militar promoção da empregabili-
beiros voluntários. ropeu e do Conselho, de
11 de maio de 2016, re-
Declaração de Retificação
lativa a garantias proces-
n.º 21/2019, de 16: Retifica
suais para os menores
o  Decreto-Lei n.º 57/2019,
suspeitos ou arguidos em
de 30 de abril da Administra-
processo penal.
ção Interna que concretiza a
transferência de competên- Lei n.º 34/2019, de 22:
cias dos municípios para os Define os critérios de
órgãos das freguesias, publi- seleção e aquisição de
cado no Diário da República, produtos alimentares,
1.ª série, n.º 83, de 30 de promovendo o consumo
abril de 2019. sustentável de produção
Decreto-Lei n.º 65/2019, local nas cantinas e refei-
de 20: Mitiga os efeitos do tórios públicos.
congelamento ocorrido entre Decreto-Lei n.º 68/2019,
2011 e 2017 nas carreiras, de 22: Cria o Programa
cargos ou categorias em que de Arrendamento Aces-
a progressão depende do de- sível.
curso de determinado perío-
do de prestação de serviço. Decreto-Lei n.º 69/2019,
de 22: Estabelece o re-
Decreto-Lei n.º 66/2019, de gime especial dos con-
21: Altera as regras aplicáveis tratos de seguro de ar-
à intimação para a execução rendamento acessível no
de obras de manutenção, âmbito do Programa de
reabilitação ou demolição e Arrendamento Acessível.
sua execução coerciva.
Resolução da Assem-
O MUNICIPAL | N.º 416
13

DIÁRIO DA REPÚBLICA

dade juvenil, no âmbito da um dia pelo falecimento de Resolução do Conselho de registo de candidatura ao
medida Estágios Emprego, Agustina Bessa-Luís. Ministros n.º 90/2019, de 5: Programa de Arrendamento
através do programa Incen- Autoriza a realização da des- Acessível.
tivo ao Desenvolvimento As- Resolução do Conselho de pesa destinada ao apoio fi-
Ministros n.º 87/2019, de Portaria n.º 176/2019, de 6:
sociativo (IDA). nanceiro do Estado a coope-
4: Autoriza a realização da Regulamenta as disposições
rativas e associações de en-
Decreto Legislativo Regio- despesa relativa aos apoios do  Decreto-Lei n.º 68/2019,
sino especial e a instituições
nal n.º 11/2019/A, de 24: Pro- decorrentes da celebração de 22 de maio, relativas aos
particulares de solidariedade
grama Casa Renovada, Casa de contratos-programa no limites de renda aplicáveis
social que celebrem contra-
Habitada. âmbito do Programa de Ge- no âmbito do Programa de
tos de cooperação para o
neralização das Refeições Arrendamento Acessível.
Resolução da Assembleia ano letivo de 2019/2020.
Legislativa da Região Au- Escolares, para o ano letivo Portaria n.º 177/2019, de 6:
tónoma da Madeira n.º de 2018/2019. Resolução do Conselho de Regulamenta as disposições
13/2019/M, de 31: Reco- Ministros n.º 91/2019, de do  Decreto-Lei n.º 68/2019,
menda ao Governo da Repú- Resolução do Conselho de 5: Autoriza a realização da de 22 de maio, relativas à
blica que promova a defesa Ministros n.º 88/2019, de despesa destinada ao apoio inscrição de alojamentos no
dos beneficiários da ADSE 4: Autoriza a realização da financeiro do Estado a esta- Programa de Arrendamento
na Região Autónoma da Ma- despesa relativa aos apoios belecimentos de ensino par- Acessível.
deira e a implementação de financeiros aos Centros de ticular de educação especial
Recursos para a Inclusão que celebrem contratos de Resolução da Assembleia
medidas que garantam a
decorrentes da celebração cooperação para o ano le- Legislativa da Região Au-
sustentabilidade do subsis-
de contratos de coopera- tivo de 2019/2020. tónoma dos Açores n.º
tema de saúde.
ção para o ano letivo de 10/2019/A, de 6: Recomen-
Resolução do Conselho de
2019/2020. da o estabelecimento de me-
Ministros n.º 92/2019, de 5:
didas para a redução da pro-
II SÉRIE Resolução do Conselho de
Aprova a Estratégia Nacional
dução de resíduos de emba-
de Segurança do Ciberespa-
Ministros n.º 89/2019, de 4: lagens e a utilização eficiente
ço 2019-2023.
Parecer do Conselho Con- Estabelece o funcionamen- da água nos serviços da Ad-
sultivo da Procuradoria- to e organização da Comis- Portaria n.º 173/2019, de 5: ministração Pública Regional
-Geral da República n.º
46/2017, de 27: Natureza
jurídica das propinas como Portaria n.º 173/2019, de 5: Procede à definição dos termos
tributo de obrigação única. em que se concretiza a atribuição dos prémios de desempenho
previstos no n.º 2 do artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 56/2019, de 26
de abril.
JUNHO
são de Acompanhamento da Procede à definição dos ter- e na Assembleia Legislativa.
Descentralização. mos em que se concretiza
I SÉRIE Resolução da Assembleia
a atribuição dos prémios de
Portaria n.º 179/2019, de 7:
Estabelece os requisitos im-
desempenho previstos no n.º perativos das várias garan-
Legislativa da Região Au-
2 do artigo 5.º do  Decreto- tias aplicáveis às garantias
Portaria n.º 172/2019, de 3: tónoma dos Açores n.º
-Lei n.º 56/2019, de 26 de de seguro de arrendamento
Estabelece o Sistema de In- 9/2019/A, de 4: Recomenda
abril. acessível.
centivos à Eficiência da Des- o estabelecimento de medi-
pesa Pública (SIEF). das com vista à redução do Portaria n.º 175/2019, de 6: Decreto Legislativo Re-
uso de embalagens e pro- Regulamenta as disposições gional n.º 13/2019/A, de 7:
Decreto n.º 15-B/2019, de dutos em plástico na Região do  Decreto-Lei n.º 68/2019, Adaptação da Lei Geral do
3: Declara luto nacional por Autónoma dos Açores. de 22 de maio, relativas ao Trabalho em Funções Públi-
N.º 416 | O MUNICIPAL
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DIÁRIO DA REPÚBLICA

cas à administração regional de 17: Consagra o dia 17 de Portaria n.º 190-A/2019, de entre 2011 e 2017 nas carrei-
da Região Autónoma dos junho como Dia Nacional em 21: Primeira alteração à Por- ras, cargos ou categorias em
Açores, e quarta alteração Memória das Vítimas dos In- taria n.º 77/2018, de 16 de que a progressão depende
ao  Decreto Legislativo Re- cêndios Florestais. março de 2018, que procede do decurso de determinado
gional n.º 17/2009/A, de 14 à regulamentação necessária período de prestação de ser-
de outubro, que procede à Mapa Oficial n.º 5/2019, de
ao desenvolvimento da Cha- viço, publicado no Diário da
harmonização, na Adminis- 18: Mapa oficial com o resul-
ve Móvel Digital (CMD) República, 1.ª série, n.º 96,
tração Pública da Região tado da eleição e a relação
de 20 de maio de 2019.
Autónoma dos Açores, dos dos deputados eleitos ao Portaria n.º 190-B/2019, de
regimes de vinculação, de Parlamento Europeu em 26 21: Primeira alteração à Por- Portaria n.º 191/2019, de
carreiras e de remunerações taria n.º 287/2017, de 28 de
de maio de 2019. 24: Regula a prova da situ-
dos trabalhadores que exer- setembro, que procede à ação escolar para efeitos
cem funções públicas, su- Portaria n.º 186-A/2019, de regulamentação dos meca- de atribuição e manutenção
cessivamente alterado pelos 18: Altera o artigo 9.º da Por- nismos técnicos de acesso
do abono de família para
Decretos Legislativos Regio- taria n.º 343-A/2017, de 10 e leitura dos dados constan-
crianças e jovens e da bol-
nais n.os 33/2010/A, de 18 de de novembro tes de circuito integrado do
sa de estudo, bem como da
novembro, 2/2014/A, de 29 cartão de cidadão, do pra-
Resolução da Assembleia atribuição das prestações
de janeiro, e 3/2017/A, de 13 zo geral de validade do car-
da República n.º 84/2019, tão de cidadão, dos casos e por morte e manutenção da
de abril.
de 19: Recomenda ao Go- os termos em que o Portal pensão de sobrevivência do

Resolução da Assembleia verno a revisão dos critérios do Cidadão funciona como regime geral de segurança

Legislativa da Região Au- de admissão ao Programa serviço de receção de pedi- social.

tónoma da Madeira n.º Português para Todos. dos de renovação de cartão


Decreto-Lei n.º 82/2019, de
de cidadão, do sistema de
17/2019/M, de 12: Reco-
Resolução da Assembleia cancelamento do cartão de 27: Estabelece as regras de
menda ao Governo Regional
da República n.º 86/2019, de cidadão pela via telefónica identificação dos animais de
a definição do modelo de
19: Recomenda ao Governo a e eletrónica, do montante companhia, criando o Sis-
adaptação da Lei das Finan-
urgente concretização de me- devido pelo Instituto dos Re- tema de Informação de Ani-
ças Locais à Região Autóno- gistos e Notariado, I. P. (IRN),
didas que permitam a melho- mais de Companhia.
ma da Madeira. à Agência de Modernização
ria da capacidade de respos-
Administrativa, I. P. (AMA), Decreto-Lei n.º 84/2019, de
Decreto-Lei n.º 79/2019, ta na prevenção e combate à
pelo exercício das suas com- 28: Estabelece as normas de
de 14: Altera os regimes violência doméstica.
petências, previstas no arti- execução do Orçamento do
jurídicos de proteção nas
Lei n.º 43/2019, de 21: Pro- go 23.º da Lei n.º 7/2007, de Estado para 2019.
eventualidades de invalidez,
cede à interpretação autênti- 5 de fevereiro, alterada pelas
velhice e morte do regime
ca do n.º 7 do artigo 1041.º Leis n.os 91/2015, de 12 de
geral de segurança social,
agosto, e 32/2017, de 1 de
alargando as situações em do Código Civil, aditado pelo
junho, e das regras relativas
que é possível a atribuição artigo 2.º da Lei n.º 13/2019,
à conservação do ficheiro
de pensões provisórias. de 12 de fevereiro, que esta-
com o código pessoal de
belece medidas destinadas
Decreto-Lei n.º 81-A/2019, desbloqueio (PUK) do cartão
a corrigir situações de de-
de 17: Procede à reorganiza- de cidadão.
sequilíbrio entre arrendatá-
ção institucional do SIRESP
rios e senhorios, a reforçar Declaração de Retificação
- Sistema Integrado das Re-
a segurança e a estabilidade n.º 30/2019, de 24: Retifica
des de Emergência e Segu-
do arrendamento urbano e o Decreto-Lei n.º 65/2019,
rança de Portugal.
a proteger arrendatários em de 20 de maio, das Finan-
Resolução da Assembleia situação de especial fragili- ças, que mitiga os efeitos
da República n.º 77-A/2019, dade. do congelamento ocorrido
O MUNICIPAL | N.º 416
15

PRÁTICA
COMISSÃO mento do território, nomeadamente
as restrições ao local associadas,
75/2013, de 12 de setembro1, as
freguesias dispõem de atribui-

DE COORDENAÇÃO são questões que paralelamente o


promotor está a resolver, tendo já
ções, designadamente, nos do-
mínios do equipamento rural e

E DESENVOLVIMENTO submetido a parecer da CCDRN-nú-


cleo de (…), uma proposta de projeto
urbano, educação, cultura, tem-
pos livres e desporto, desenvol-

REGIONAL DO NORTE de execução, proposta que mereceu


um parecer técnico, já foram apre-
vimento, ordenamento urbano e
rural e proteção da comunidade.
sentadas as correções solicitadas, e
No entanto, para levarem a cabo
está em apreciação, aguardando-se
DA POSSIBILIDADE estas atribuições, são conferidos
a todo o momento a sua aprovação.
aos órgãos da freguesia - assem-
Também o município de (…) está a
DE CONSTITUIÇÃO acompanhar a situação e aprovará o
bleia e junta - um conjunto de
poderes funcionais, sendo-lhes
DE DIREITO DE SUPERFÍCIE projeto quando todas as Entidades
vedada a prática de atos que não
Exteriores se pronunciarem favora-
se enquadrem nas competências
SOBRE TERRENO DA FREGUESIA* velmente nos termos da lei. De res-
previstas expressamente nas
to, não pode ser de outra forma. A
normas constantes desta Lei (ou
freguesia de (…) não concluirá o pro-
de legislação avulsa).
5 DE ABRIL DE 2019 cedimento se o promotor não obtiver
todos os pareceres para que o proje- Assim, teremos de verificar se a
to possa ser executado em conformi- situação em análise se insere nas
Pelo Exm.º Senhor Presidente de Junta de Fregue- dade com a lei. competências que estão come-
sia foi solicitado parecer acerca da possibilidade tidas aos órgãos das freguesias
O pedido de parecer jurídico tem
de constituição do direito de superfície sobre um no anexo I à Lei n.º 75/2013 e, em
como objetivo, apenas, saber se o
terreno da freguesia. concreto, se alguma norma acolhe
procedimento que se iniciou está
a possibilidade de constituição
Em concreto, foi apresentada a seguinte situação: conforme com a legislação em vigor,
do direito de superfície. Ora: a) As
“A freguesia de (…), tem a oportunidade de captar in- não relevando para o caso as condi-
regras que presidem à aquisição,
vestimento privado no domínio do Turismo da Natu- ções em que se encontra em termos
alienação e oneração de bens
reza de cerca de um milhão de euros com a inerente de ordenamento do território.”
imóveis estão previstas na alínea
criação de postos de trabalho.
Face a esta informação, confirmá- e) do n.º 1 do artigo 9.º 2 e nas
O investidor privado necessita que a Freguesia lhes mos que o promotor formalizou o alíneas c) e d) do n.º 1 do artigo
disponibilize um terreno rústico, sua propriedade, de pedido de parecer relativo ao refe- 16.º 3 do anexo I à Lei n.º 75/2013;
forma a que em conjunto com outro terreno proprie- rido projeto, junto da competente
dade do investidor possa acolher o investimento. Estrutura Sub-regional desta Co-
1 Alterada pela Lei n.º 25/2015, de 30 de março,

A forma encontrada para viabilizar o investimento foi missão de Coordenação e Desen- pela Lei n.º 69/2015, de 16 de julho, pela Lei n.º

a constituição do direito de superfície por trinta anos volvimento Regional. 7-A/2016, de 30 de março, pela Lei n.º 42/2016,
de 28 de dezembro e pela Lei n.º 50/2018, de 16

recebendo a freguesia em contrapartida uma renda Cumpre, pois, informar:


de agosto.

simbólica de quinhentos euros /anuais. 2 Que determina que compete à assembleia de


freguesia, sob proposta da junta de freguesia “au-
I - Os números 1 e 3 do artigo 238.º torizar a aquisição, alienação ou oneração de bens
Porque alguns dos membros da Assembleia de Fre- da CRP estabelecem que as “autar- imóveis de valor superior ao limite fixado para a junta
guesia questionaram a legalidade do ato…”. quias locais têm património e finanças
de freguesia e definir as respetivas condições gerais,
podendo determinar o recurso à hasta pública.”

Na sequência de uma solicitação desta Direção de próprios” e que as “receitas próprias 3 Que estabelecem como competência da junta
Serviços, com intuito de ser questionado “o Muni- das autarquias locais incluem obriga- de freguesia, respetivamente, “adquirir, alienar
ou onerar bens imóveis de valor até 220 vezes a
cípio de (…) sobre as condicionantes legais que in- toriamente as provenientes da gestão
remuneração mínima mensal garantida (RMMG) nas
cidem sobre o terreno no qual se pretende constituir do seu património e as cobradas pela freguesias até 5000 eleitores, de valor até 300 vezes

o direito de superfície”, veio o Senhor Presidente utilização dos seus serviços.” a RMMG nas freguesias com mais de 5000 eleito-
res e menos de 20.000 eleitores e de valor até 400
alegar que as “questões urbanísticas e de ordena- Nos termos do disposto no n.º 1 vezes a RMMG nas freguesias com mais de 20.000
eleitores” e “alienar em hasta pública, independente-
1 INF_DSAJAL_LIR_3351/2019 do artigo 7.º do anexo I à Lei n.º mente de autorização da assembleia de freguesia,
N.º 416 | O MUNICIPAL
16

PRÁTICA

b) O artigo 16.º n.º 1, alínea ii), estabelece como ribeiro e com um caminho público e 165.º da CRP com o artigo 14.º
sendo competência da junta de freguesia a ad- ainda da circunstância de se tratar do RJPIP (aprovado pelo já re-
ministração e conservação do património da fre- de um terreno adquirido pela Junta ferido Decreto-Lei n.º 280/2007,
guesia, cabendo à assembleia de freguesia es- de Freguesia em 1999, qualificado de 7 de agosto) decorre que são
tabelecer, para o efeito, as necessárias normas como “Parque (…)” e que, segundo imóveis do domínio público os
gerais (cfr. alínea b) do n.º 2 do artigo 9.º), tendo alguns membros da assembleia de “classificados pela Constituição
presentes os princípios da boa administração, da freguesia, se encontra dotado de ou por lei, individualmente ou me-
equidade, da concorrência, da transparência, da “caraterísticas naturais de exceção”, diante a identificação por tipos.”6
proteção, da colaboração e da responsabilidade, possuindo desde então “grande ati-
constantes dos artigos 3.º, 5.º, 7.º 8.º, 9.º, 10.º e vidade, nomeadamente, na promo-
11.º do Regime Jurídico do Património Imobiliário ção de actividades lúdicas, recreati- 6 Vd. ainda o Decreto-Lei n.º 477/80, de 15 de outu-

Público (RJPIP), aprovado pelo o Decreto-Lei n.º vas e desportivas”, embora “nos últi- bro, que criou o inventário geral do património do
Estado e é “aplicado com as necessárias adap-
280/2007, de 7 de agosto4. mos cinco anos não lhe” tenha sido tações às autarquias locais”, elencando no seu
“dada grande importância para a di- artigo 4.º os bens que integram o domínio público.
II - No caso presente, pretende-se constituir o di-
namização das diversas atividades da Conforme se defende no Parecer do Conselho Con-
reito de superfície sobre terrenos da titularidade da sultivo da Procuradoria-Geral da República (PGR)
freguesia”.5
freguesia a favor de uma investidora privada, a fim P000071999, publicado no DR de 02/12/1999:
«As autarquias têm (…) património próprio, isto
de que esta proceda “à criação de estacionamen- Assim, o n.º 1 do artigo 84.º da
é, «gozam de capacidade para adquirir e fruir de
to público, manutenção do polidesportivo existente, Constituição da República Portu- bens, móveis ou imóveis (autonomia patrimonial).
requalificação do edifício dos balneários, criação e guesa (CRP) determina que perten- O património tanto pode incluir bens sujeitos ao

manutenção de zonas de estar, parque infantil, par- cem “ao domínio público: domínio privado como ao domínio público (bens
do domínio público das autarquias).» Por outro
que de merendas, espaço lúdico, relvado e acesso
a) As águas territoriais com os seus lado, que concerne à definição e caraterísticas dos
ao parque de campismo/caravanismo.” bens integrados no domínio público, o Conselho
leitos e os fundos marinhos contí-
Consultivo da PGR, no Parecer n.º P000102006,
Ora, o artigo 1524.º do Código Civil (CC) estabelece guos, bem como os lagos, lagoas e de 16-06-2008, publicado no DR, II.ª série, de
que “o direito de superfície consiste na faculdade de cursos de água navegáveis ou flu- 21-07-2008, defende o seguinte: “É a seguinte a
definição de domínio público que, numa aceção
construir, perpétua ou temporariamente, uma obra em tuáveis, com os respetivos leitos;
objetiva, nos é dada por JOSÉ PEDRO FERNAN-
terreno alheio, ou de nele fazer ou manter plantações”.
b) As camadas aéreas superiores ao DES[7]: «conjunto das coisas que, pertencendo
a uma pessoa coletiva de população e território,
Por seu turno, o artigo 1527.º do CC estatui que “o território acima do limite reconhecido
são submetidas por lei, dado o fim de utilidade
direito de superfície constituído pelo Estado ou por ao proprietário ou superficiário; pública a que se encontram afetadas, a um regime

outras pessoas colectivas públicas em terrenos do jurídico especial caracterizado fundamentalmente


c) Os jazigos minerais, as nascen- pela incomerciabilidade em ordem a preservar a
seu domínio privado fica sujeito a legislação es-
tes de águas mineromedicinais, as produção dessa utilidade pública».
pecial e, subsidiariamente, às disposições deste có-
cavidades naturais subterrâneas No regime de incomerciabilidade pelos modos
digo”. (negritos nossos) Por conseguinte, no caso próprios do direito privado[8] estão implicadas
existentes no subsolo, com exceção
presente, a resposta à questão colocada pressu- a inalienabilidade, a impenhorabilidade e a “im-
das rochas, terras comuns e outros prescritibilidade” (esta no sentido de não serem
põe que se indague se o terreno sobre o qual se
materiais habitualmente usados na suscetíveis de usucapião), que constituem traços
pretende constituir o direito de superfície se insere caracterizadores deste regime dominial e que de-
construção;
no domínio público ou no domínio privado da fre- correm da teleologia que lhe subjaz, ou seja, da
afetação a fins de interesse público.
guesia (e, dentro deste, no domínio privado dispo- d) As estradas;
A doutrina divide-se quanto à natureza jurídica
nível ou indisponível), o que desconhecemos, sen- e) As linhas férreas nacionais; dos poderes que a Administração exerce sobre

do que as dúvidas que se nos levantam decorrem, os bens do domínio público, sendo maioritária a

desde logo, do facto de o terreno confinar com um f) Outros bens como tal classifica- corrente que considera tratar-se de um direito de
propriedade (pública); neste sentido, MARCELLO
dos por lei.”
CAETANO[9] apontava-lhe os seguintes traços

Ora, da conjugação do consignado caracterizadores:


«a) O sujeito de direito é sempre uma pessoa cole-
bens imóveis de valor superior aos referidos na alínea anterior, desde que a aliena- na alínea f) do n.º 1 e n.º 2 do artigo tiva de direito público; b) O direito de propriedade
ção decorra da execução das opções do plano e a respetiva deliberação tenha sido
aprovada por maioria de dois terços dos membros da assembleia de freguesia em 84.º e na alínea v) do n.º 1 do artigo pública é exercido para produção do máximo de
efetividade de funções” utilidade pública das coisas que formam o seu
objeto, conforme a lei determinar; c) O uso das
4 Alterado pela Lei n.º 55-A/2010, de 31 de dezembro; Lei n.º 64-B/2011, de 30
de dezembro; Lei n.º 66-B/2012, de 31 de dezembro; Decreto-Lein.º 36/2013, coisas públicas traduz-se na utilização por todos
de 11 de março; Lei n.º 83-C/2013, de 31 de dezembro e Lei n.º 82-B/2014, de 5 In ata da assembleia de freguesia, de 21 de fevereiro de ou em benefício de todos; d) A fruição nuns casos
31 de dezembro. 2019. confunde-se com o uso, noutros é independente
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17

De facto, tal como defende Ana Raquel Gonçalves hídrico11 e de circulação/rodoviário12, abrangendo ainda os cemité-
Moniz7, o domínio público é composto pelas “coi- rios públicos 13 da titularidade
sas submetidas, com fundamento em determinado 11 De acordo com o artigo 2.º da Lei n.º 54/2005, de 15
critério, a um regime distintivo jurídico-publicístico”, de novembro (retificada pela Declaração de Retificação
n.º 4/2006, de 11/01 e alterada pela Lei n.º 78/2013, que normalmente se destinam ao trânsito rural e
sendo caracterizado pela “insuscetibilidade (…) para
de 21/11, pela Lei n.º 34/2014, de 19/06 e pela Lei n.º se encontram a cargo das juntas de freguesia dos
constituir objeto de relações jurídicas privadas.” 31/2016, de 23/08), o domínio público hídrico com- locais onde se situem (artigo 7.º, als. b) e c), do
preende o domínio público marítimo, o domínio público Decreto-Lei n.º 34593 e n.º 10 do artigo 253.º do

No entanto, a mesma Autora refere8 que “nem todos lacustre e fluvial e o domínio público das restantes Código Administrativo [norma que nada diz se deva
águas, sendo que o domínio público hídrico pode entender como revogada]). Porque o Decreto-Lei
os bens da Administração Pública integram o domínio pertencer ao Estado, às Regiões Autónomas e aos n.º 34593 foi revogado pelo Decreto-Lei n.º 380/85,
público. Se (…) o domínio público é definido de forma municípios e freguesias. de 25 de setembro (2º Plano Rodoviário Nacional)
Assim, acordo com o mesmo diploma, o domínio pú- e, como se diz no Acórdão do Tribunal Central Ad-
positiva, o domínio privado assume natureza residual: blico marítimo pertence ao Estado. Por seu turno, em ministrativo do Sul de 20 de novembro de 2014[16],
matéria de “Titularidade do domínio público lacustre e porque a matéria dos caminhos vicinais se encon-
numa palavra, integram o domínio privado todas as fluvial”, o artigo 6.º esclarece: trava omissa no diploma revogatório, por despacho
1 - O domínio público lacustre e fluvial pertence ao Estado de 4-2-2002 do então Secretário de Estado da
coisas da propriedade da Administração pública que
ou, nas regiões autónomas, à respetiva região. Administração Local foi entendido o seguinte:
se não incluem no domínio público (ou, se preferirmos, 2 - Sem prejuízo do domínio público do Estado e das re- Apesar de o Decreto-Lei n.º 34593, de 11 de maio

não estão submetidas ao estatuto da dominialidade).9” giões autónomas, pertencem ainda: de 1945 (cujo artigo 6º classificava os caminhos
a) Ao domínio público hídrico do município os lagos e la- públicos em municipais e vicinais) ter sido expres-
goas situados integralmente em terrenos municipais ou samente revogado pelo D.L. n.º 380/85, de 29/9,
Assim, o n.º 2 do artigo 84.º da CRP determina que em terrenos baldios e de logradouro comum municipal; que aprovou o Plano Rodoviário Nacional (e que
a “lei define quais os bens que integram o domínio pú- b) Ao domínio público hídrico das freguesias os lagos e foi por sua vez revogado pelo D.L. n.º 222/98, de
lagoas situados integralmente em terrenos das fregue- 17 de Julho), resulta da aplicação do Decreto-Lei
blico do Estado, o domínio público das regiões autó- sias ou em terrenos baldios e de logradouro comum n.º 42271, de 31 de maio de 1959 (o “plano das
nomas e o domínio público das autarquias locais, bem paroquiais.”(negritos nossos) estradas municipais”) e do Decreto-Lei n.º 45552,
Por último, os artigos 7.º e 8.º do mesmo diploma de 30 de janeiro de 1964 (o “plano das estradas
como o seu regime, condições de utilização e limites.” acrescentam: municipais”), e através de um argumento “a contra-
Artigo 7.º rio sensu”, que deverão ser considerados vicinais,
Nesta conformidade, ao “reconhecer a existência de Domínio público hídrico das restantes águas e portanto sob jurisdição das respetivas Juntas de

um domínio público local, a Constituição assume, sem O domínio público hídrico das restantes águas com- Freguesia, todos os caminhos públicos que não
preende: forem classificados como municipais.
margem para hesitações, que cabe às autarquias locais a) Águas nascidas e águas subterrâneas existentes em Temos assim, portanto, tal como se sustenta nesse
a satisfação de determinadas utilidades públicas que terrenos ou prédios públicos; acórdão, ainda que relativamente a uma situação
b) Águas nascidas em prédios privados, logo que transpo- ocorrida em 1993, mas que nem o decurso do tem-
justificam a aplicação do regime dominial aos bens que nham abandonadas os limites dos terrenos ou prédios po nem as posteriores alterações legislativas tor-
permitem essa satisfação.”10 onde nasceram ou para onde foram conduzidas pelo naram desactual, a atividade de administrar, dispor
seu dono, se no final forem lançar-se no mar ou em e desafetar (por motivos de interesse público) os
outras águas públicas; caminhos públicos vicinais (…) [cabe] às freguesias
Embora a doutrina não seja unânime neste aspeto, c) Águas pluviais que caiam em terrenos públicos ou que, e não aos municípios – pelo que qualquer alteração
tem-se entendido que são bens do domínio público abandonadas, neles corram; que a eles se refira (…) deverá correr seus termos
d) Águas pluviais que caiam em algum terreno particular, não na câmara municipal mas sim na junta de fre-
das freguesias os que se inserem no seu domínio
quando transpuserem abandonadas os limites do mes- guesia e respetiva assembleia.”
mo prédio, se no final forem lançar-se no mar ou em No sentido da “inexistência de um domínio público
outras águas públicas; rodoviário da freguesia”, vd. Ana Raquel Gonçalves
dele e consiste na faculdade de cobrar taxas pela utilização dos bens, ou na e) Águas das fontes públicas e dos poços e reservatórios Moniz, ob. cit. pág.80.
colheita dos seus frutos naturais; e) As coisas públicas são incomerciáveis como públicos, incluindo todos os que vêm sendo conti-
13 No Acórdão da Relação de Guimarães, de 11-
nuamente usados pelo público ou administrados por
tais pelos processos de Direito Privado, mas comerciáveis segundo os proces-
09-2012, relativo ao processo 29/09.3TBVVD.
entidades públicas.
sos de Direito Público; f) Relativamente a terceiros, o proprietário exerce o jus G1 13, pode ler-se o seguinte: “(...) No acórdão
Artigo 8.º
excluendi alios por meio de atos administrativos definitivos e executórios, isto é, do STA de 06.03.202, Procº 046143, www.dgsi.
Titularidade do domínio público hídrico das restantes
usando a sua própria autoridade e independentemente de recurso a tribunais».”. pt, refere-se que os cemitérios públicos são
águas
bens integrados no domínio público possuídos
1 - O domínio público hídrico das restantes águas perten-
7 In Tratado de Direito Administrativo Especial, volume V, pág. 14 e 135 . e administrados pelos municípios e freguesias
ce ao Estado ou, nas Regiões Autónomas, à Região, no
encontrando-se afectos ao uso directo, ime-
8 Ob. cit. pág. 17. caso de os terrenos públicos mencionados nas alíneas
diato e privativo das pessoas e a afectação
a) e c) do artigo anterior pertencerem ao Estado ou à
9 Bernardo Azevedo, in “Tratado de Direito Administrativo Especial”, Almedina, desse uso faz-se através de actos ou contra-
Região, ou no caso de ter cabido ao Estado ou à Re-
tos de concessão daí resultando direitos reais
2010, Vol. III, pág.46, refere que o “domínio privado é formado pelo conjunto de gião a construção das fontes públicas.
administrativos os quais, porque se encontram
bens pertencentes a entidades públicas que estão, em princípio, ainda que não 2 - Sem prejuízo do domínio público do Estado e das
subordinados ao direito administrativo, não
exclusivamente, sujeitos ao regime de propriedade estatuído na lei civil e, con- regiões autónomas, o domínio público hídrico das res-
são susceptíveis do uso, fruição e disposição
tantes águas pertence ao município e à freguesia con-
sequentemente, submetidos, sem prejuízodas derrogações de direito público
próprias dos direitos reais privados (cfr ainda
forme os terrenos públicos mencionados nas citadas
em cada caso aplicáveis, ao comércio jurídico privado.” acórdão do STA de 15.11.2000, Procº 046025, e
alíneas pertençam ao concelho e à freguesia ou sejam
do STJ de 09.02.2006, Proc n.º JSTJ000, www.
10 As derrogações de direito público em cada caso aplicáveis, ao comércio jurídi- baldios municipais ou paroquiais ou consoante tenha
dgsi.pt).”Vd. ainda Ana Raquel Gonçalves Moniz
co privado.” cabido ao município ou à freguesia o custeio e admi-
(ob.cit.pág.103 e seguintes) que defende que:
nistração das fontes, poços ou reservatórios públicos.
Como explicou Jorge Pação na ação de formação que decorreu em novembro “Não existe qualquer disposição legislativa que,
de 2018 no IGAP, sobre “Domínio público e domínio privado das autarquias 12 Conforme se defende no Parecer da CCDR Centro DSA- de forma expressa, qualifique os cemitérios como
locais” (cfr. PowerPoint apresentado sobre o domínio público). JAL 51/16, de 09/03/2016: “os caminhos vicinais são os bens do domínio público, o que não tem impedido
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PRÁTICA

desta autarquia. rada dominial (classificação de uma das à propriedade privada ou ser
via férrea como de interesse público, objeto de posse civil não significa
Resta-nos acrescentar que no Acórdão do Supre- de uma água como mineromedicinal, que elas não possam ser subtraí-
mo Tribunal Administrativo, relativo ao processo n.º de um museu como nacional, etc.); das ao domínio público e integra-
0239/15, de 9.11.201714, se defende que a “domi- (…) - finalmente, quanto outras coi- das no domínio privado e que,
nialidade foi tratada na doutrina à luz dos critérios sas pertencentes a uma categoria na sequência desta alteração,
da “classificação” [sustenta Freitas do Amaral que a que a lei considera do domínio públi- não possam ser objeto de atos
mesma se traduz no “ato pelo qual se declara que co, a integração em cada caso con- de comércio. Ou seja, a lei não
uma certa e determinada coisa reúne os carateres creto depende de um ato especial impede a alteração do regime de
próprios de cada classe legal de bens dominiais …” de afetação, isto é, de aplicação do dominialidade das coisas públi-
in: “Dicionário Jurídico da Administração Pública”, 2.ª imóvel ao fim de utilidade públi- cas, alteração que se fará através
edição, vol. II págs. 439 e segs.] e da “afetação” [im- ca justificativo da dominialidade da desafetação do bem integrado
plicaria quer um ato, quer uma prática consagrando (abertura ao público do uso de uma no domínio público e da sua inte-
o bem à efetiva produção de utilidade]. estrada ou de uma linha telegráfica). gração no domínio privado, mas
IX. Nas palavras de Marcello Caetano deve “notar- (…) A afetação não é incompatível neste caso essa alteração tem de
-se preliminarmente que a classificação de uma coisa com a classificação: muitas vezes obedecer às normas legais que
como pública depende da lei. Só são coisas públicas à classificação segue-se, com- a consentem, designadamente
as coisas assim classificadas pela lei” e de que “as pletadas as obras necessárias, a as que respeitam à competência
coisas públicas são as coisas submetidas por lei ao afetação ao uso público, por ato do órgão para a fazer …” [vide,
domínio de uma pessoa coletiva de direito público administrativo ou por mero facto, igualmente, o Ac. deste Tribu-
e subtraídas ao comércio jurídico privado em razão dos bens classificados …” [in: ob. nal de 26.06.2014 - Proc. n.º
da sua primacial utilidade coletiva”, sendo que a “… cit., págs. 880/881 e 921]. 01174/12].”(negritos nossos)
atribuição do caráter dominial depende de um, X. Sustentou-se por seu turno no acór- Tendo em consideração o ex-
ou vários, dos seguintes requisitos: a) existên- dão deste Supremo de 08.09.2011 posto, no caso presente, se es-
cia de preceito legal que inclua toda uma classe [Proc. n.º 0267/11 - atrás citado] que tiverem em causa bens imóveis
de coisas na categoria do domínio público; (…) “… a atribuição do caráter públi- integrados no domínio públi-
b) declaração de que certa e determinada coi- co dominial a um bem resulta não co da freguesia15, os mesmos
sa pertence a essa classe; (…) c) afetação des- da forma ou das circunstâncias da encontram-se excluídos do co-
sa coisa à utilidade pública. (…) Não é forçoso sua aquisição, mas da verificação mércio jurídico-privado16 (cfr.
que concorram estes três requisitos: um só pode de um dos seguintes requisitos: (1) artigo 18.º do Decreto-Lei n.º
bastar (…). Na verdade: (…) - há bens cuja domi- da existência de norma legal que 280/2007 e 202.º n.º 2 do Có-
nialidade depende apenas da genérica disposição o inclua numa classe de coisas
da lei, completada, ou não, por meras operações de na categoria do domínio público,
delimitação da parte sobre a qual se exercerão os di- (2) de ato que declare que certa e
15 O artigo 15.º do Decreto-Lei n.º 280/2007 de-
termina que a titularidade dos imóveis do do-
reitos dominiais (ar atmosférico, águas marítimas …); determinada coisa pertence a esta mínio público pertence ao Estado, às Regiões
(…) - há coisas que entram no domínio depois de classe e (3) da afetação dessa coi- Autónomas e às autarquias locais e abrange

se verificar, por lei ou ato administrativo, possuírem sa à utilidade pública, sendo que poderes de uso, administração, tutela, defesa e
disposição nos termos deste decreto-lei e demais
o atributo típico da classe genericamente conside- esta afetação tanto pode resultar legislação aplicável.
de um ato administrativo formal
16 Porém, os bens integrados no domínio público
a doutrina (..) e a jurisprudência (…) portuguesas de os tratar como coisas pú- (decreto ou ordem que determine podem, em abstrato, ser objeto de desafetação,
conforme determina o artigo 17.º do Decreto-Lei
blicas, na titularidade das autarquias locais – em termos de, ousaríamos dizer, a abertura, utilização ou inaugu-
se reconhecer uma norma consuetudinária nesses sentido -, sem prejuízo da n.º 280/2007. De facto, tal como tem entendido
existência de cemitérios privados [cf. artigo 11º, n.º 2, alínea b) do Decreto-Lei ração), como de um mero facto (a esta Direção de Serviços, para “submeter ao
n.º 411/98, de 30 de dezembro (…)]. E mais adiante conclui no sentido de nos inauguração) ou de uma prática comércio jurídico bens dominiais”, estes teriam
depararmos, neste âmbito com um “exemplo caraterístico de domínio público “de ver previamente alterada a sua natureza - i.e.,
das autarquias locais (município e freguesia), às quais compete a respetiva ad-
consentida pela Administração em de perder a sua natureza pública e de adquirir
ministração e gestão”, acrescentando ainda que “não existem dúvidas sobre a termos de manifestar a intenção natureza privada - mediante recurso à figura
titularidade de cemitérios por parte da freguesia”, conforme decorre atualmente da desafetação, pela qual tal terreno passaria
de consagração ao uso público a integrar o património privado da freguesia. A
das alíneas gg) e ll) do n.º 1 do artigo 16.º do anexo I à Lei n.º 75/2013.
(…). (…) Todavia, o facto das coisas desafetação só poderá, no entanto, ocorrer como
14 Acessível em http://www.dgsi.pt/jsta.nsf/35fbbbf22e1bb1e680256f8e003 consequência do desaparecimento do fim de
ea931/a4c5f11c970cc965802581d9003564de?OpenDocument&ExpandSectio
públicas não poderem ser objeto de
utilidade pública a que o terreno se encontrava
n=1&Highlight=0,direito,de,superf%C3%ADcie#_Section1 contratos de direito civil, nem reduzi- destinado.” (negritos nossos)
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PRÁTICA

digo Civil), em virtude da sua primacial utilidade Ora, a Lei dos Solos corresponde 1 - O Estado, as regiões autóno-
pública17, para além de estarem sujeitos aos princí- atualmente à Lei n.º 31/2014, de 30 mas e as autarquias locais podem
pios da imprescritibilidade (artigo 19.º do Decreto- de maio 20 21 que determina o seguin- constituir o direito de superfície
-Lei n.º 280/2007), impenhorabilidade (artigo 20.º te, no que concerne a esta temática: sobre bens imóveis integrantes
do Decreto-Lei n.º 280/2007) e autotutela (artigo do seu domínio privado para a
21.º do Decreto-Lei n.º 280/2007). “Artigo 30.º prossecução de finalidades de
Direito de superfície política pública de solos, nos ter-
Assim, conforme já informou esta Direção de Servi-
mos da lei.
ços na Informação de 2005.01.11, relativa ao pro-
cesso 2001.06.05.3251, reportando-se aos bens 20 Diploma que aprovou a Lei de Bases Gerais da Política 2 - O direito de superfície é,
do domínio público: “Nesta condição, não podem Pública de Solos, de Ordenamento do Território e de em regra, constituído a título
Urbanismo e foi alterado pela Lei n.º 74/2017, de 16 de
estes bens ser objecto de qualquer tipo de contrato oneroso.“ (negritos nossos) Por
agosto.
que diminua ou fragilize o seu destino fulcral, pelo conseguinte, ao abrigo deste
21 A este propósito, vd. ainda o Acórdão do Supremo
que se encontra afastada desde logo a possibilidade Tribunal de Justiça n.º 9934/13.1T2SNT-A.L1.S1, de normativo, para que seja consti-
12.07.2018 – disponível em http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/
de alienação de tais bens. Igualmente será de ar- tuído o direito de superfície22 nas
954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/3ac0371da621e
redar a hipótese de a freguesia ceder o direito de 183802582c80047384b?OpenDocument – nos termo do autarquias locais, é necessário
qual ” Importa distinguir, contudo, se o direito de super-
superfície sobre tal bem. 18 19 fície é constituído por particulares – em superfície civil que estejam em causa bens do
– ou pelo Estado ou pessoas colectivas de direito públi- domínio privado da fregue-
É que, como é consabido e decorre do artigo 1524.º co em terrenos do seu domínio privado – em superfície
administrativa –, uma vez que o regime legal aplicável sia, o que desconhecemos se
do Código Civil, “o direito de superfície consiste na não é o mesmo. Na verdade, no primeiro caso, aplica-se
sucede no caso presente. Para
faculdade de construir, perpétua ou temporariamen- o estatuído no Código Civil, enquanto, no segundo caso,
tem aplicação legislação especial e, só subsidiariamen- além disso, dever-se-á destinar
te, uma obra em terreno alheio, ou de nele fazer ou te, o Código Civil (artigo 1527º deste diploma).
A possibilidade de constituição da superfície administra- à “prossecução de finalidades de
manter plantações”. Sendo certo que, nos termos tiva, apareceu regulada na Lei n.º 2030, de 22 de Junho
política pública de solos”, salva-
do artigo 1527º do mesmo normativo, “o direito de de 1948, cujo artigo 22º estabelecia: «Só o Estado, as
autarquias locais e as pessoas colectivas de utilidade guardando-se os princípios da
superfície constituído pelo Estado ou por outras pes- pública administrativa podem constituir, em terrenos do
seu domínio privado, o direito de superfície», dispondo legalidade e da prossecução do
soas coletivas públicas em terrenos do seu domínio no artigo 25º ser possível constar, entre o mais, do título interesse público (corporizado
privado fica sujeito a legislação especial e, subsidia- de constituição do direito de superfície a dependência
de autorização do proprietário do solo para a alienação na necessidade de promoção
riamente, às disposições deste código”. daquele direito (n.º 1 al. b)).
Posteriormente, veio a Lei dos Solos, aprovada pelo
e salvaguarda dos interesses
E a lei especial é a Lei dos Solos (…) que introduz Decreto-Lei n.º 794/76, de 5 de Outubro, consagrar no próprios das respetivas popula-
artigo 5º que: «1. Os terrenos já pertencentes à Admi-
especialidades no direito de superfície.” nistração (…) ão podem ser alienados, salvo a pessoas ções) e é, em regra, constituído
colectivas de direito público e empresas públicas, de-
a título oneroso.
vendo apenas ser cedido o direito à utilização, mediante
a constituição do direito de superfície, dos terrenos des-
17 Marcello Caetano ensina que «a utilidade pública consiste na aptidão das coi- tinados a empreendimentos cuja realização não venha Acerca da constituição do direito
sas para satisfazer necessidade colectivas». a ser efectuada pela Administração». E, regulando o
de superfície sobre imóveis do
regime especial da superfície administrativa no capítulo
18 Negritos nossos. IV, veio estabelecer no artigo 20º que: «1. Na constitui- domínio privado do Estado, re-
ção do direito de superfície serão sempre fixados prazos
19 O mesmo sucederá, na prática, se se tratar de um imóvel inserido no domínio para o início e conclusão das construções a erigir e
gem ainda os artigos 67.º a 72.º
privado indisponível da freguesia. serão adoptadas as providências que se mostrem ade- do Decreto-Lei n.º 280/2007 23 24,
Na verdade, tal como tem entendido esta Direção de Serviços, em parecer quadas para evitar especulação na alienação do direito.
que acompanhamos de perto, estes bens “estão afetos à prossecução do 2. Para os fins do disposto na última parte do número normativos que, não sendo di-
anterior poderá convencionar-se, designadamente, a
interesse público e desempenham um papel fundamental na satisfação das
proibição da alienação do direito durante certo prazo e
retamente aplicáveis à adminis-
necessidades coletivas, encontrando-se afetos aos fins de utilidade pública,
a sujeição da mesma a autorização da Administração.
obedecendo a um regime próximo dos bens do domínio público.«A indispo-
3. A Administração gozará sempre do direito de preferência,
nibilidade significa que nenhum acto jurídico por ser validamente praticado
em primeiro grau, na alienação por acto inter vivos (…)». 22 Direito real que consiste na faculdade de implan-
com prejuízo da finalidade a que os bens por ela atingidos estiveram afeta- Revogada pela Lei n.º 31/2014, de 30 de Maio, a referida tar e manter edifício próprio em chão alheio”
dos - nem a alienação ou a oneração, pela Administração, nem a penhora, Lei dos Solos (Decreto-Lei n.º 794/76, de 5 de Outubro),
pelos Tribunais (…) com a indisponibilidade não se pretende conferir aos manteve, neste particular, o regime legal assim estabe- 23 Bem como os artigos 1524º e seguintes do Códi-
bens a condição jurídica de inalienáveis em virtude da sua própria utilidade lecido, apesar das subsequentes alterações nela intro-
go Civil.
pública, como no domínio público: pretende-se tão-somente evitar que se- duzidas pelo Decreto-Lei n.º 313/80, de 19 de Agosto,
pelo Decreto-Lei n.º 400/84, de 31 de Dezembro, e pelo
jam desviados da afetação ao fim de utilidade pública, exterior aos bens que 24 Vd. ainda o artigo 52º deste diploma legal que
Decreto-Lei n.º 307/2009, de 23 de Outubro. Esse regi-
eles são chamados a servir” (CAETANO, Marcello, op. cit., pp. 969 e 970).» determina que a “administração de bens imóveis
me legal especial tinha «subjacente a filosofia de que o
(…) Assim, não obstante estarem integrados no domínio privado, estes bens compreende a sua conservação, valorização e
Estado nunca deve alienar o solo de que seja civilmente
estão sujeitos a algumas restrições, designadamente quanto à possibilidade de titular mas apenas proporcionar o seu aproveitamento rendibilidade, tendo em vista a prossecução do
alienação ou oneração. a particulares, quando não possa ou não queira ele interesse público e a racionalização dos recursos
Contudo, o critério distintivo relativamente à classificação de bens de domí- próprio providenciar nesse sentido», como decorre do disponíveis, de acordo com o princípio da boa
nio privado como indisponível prende-se, essencialmente, com o fim a que se segmento final do n.º 1 do transcrito artigo 20º e dá nota administração”, constituindo a constituição do
destinam. Estando afetos a fins de utilidade pública, são considerados bens de Menezes Cordeiro (loc. cit., pág. 718), citado no acórdão direito de superfície, uma das formas de adminis-
domínio privado indisponível.” agora sob censura.” tração dos imóveis.
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PRÁTICA

tração local, podem, contudo, ser “decalcados” em “1 - O Estado, as regiões autónomas zação” 28 (vd. artigo 58.º n.º 2).29
Regulamento administrativo, devidamente aprova- e as autarquias locais podem ceder, Por seu turno, o artigo 55.º es-
do pela assembleia de freguesia, “no que não con- a título precário e com caráter tabelece qual é o procedimento
trarie as normas de competência da Lei n.º 75/2013, oneroso, a utilização de bens do res- a adotar, salientando-se que “é
nem os princípios do RJPIP” 25. Ora, a alínea b) do petivo domínio privado, para asse- formalizada por meio de auto de
n.º 2 do artigo 67.º do Decreto-Lei n.º 280/200726 gurar a prossecução de finalidades cedência e de aceitação, no qual
também regula no sentido de na constituição do de política pública de solos. ficam exaradas, designadamente,
direito de superfície se fixar a “quantia devida pelo as condições da mesma.”
2 - A cedência é devidamente fun-
superficiário e os termos do pagamento”. Acresce
damentada e procura garantir a Por último, mesmo que se con-
referir que, de acordo com Bernardo Azevedo27, o
conservação, a valorização e a clua tratar-se de um bem do
“procedimento pré-contratual a respeitar, com
rentabilização dos bens cedidos. domínio público – sobre o qual
vista à celebração dos contratos destinados à
não pode, portanto, incidir um
constituição do direito de superfície, oscila entre 3 - A lei estabelece o procedimen-
contrato de constituição de di-
os procedimentos de hasta pública e de ajuste di- to de cedência e as condições
reito de superfície - poderá ser
recto, compreendendo, ainda, o de negociação, em que se realizam a fiscalização
analisada a hipótese de celebra-
com publicação prévia de anúncio, repousando na da atividade do cessionário e a res-
ção de um contrato de conces-
conformação do membro do Governo responsável tituição dos bens imóveis cedidos.”
são de utilização privativa ou de
pela área das finanças a escolha do procedimento Ora, também resulta expressamen- um contrato de concessão de
mais ajustado em cada caso, em função das respec- te do n.º 1 deste preceito legal que, exploração.
tivas especialidades e da ponderação em concreto para além de incidir sobre bens do
da melhor opção em ordem à prossecução do in- De facto, tal como se pode ler
domínio privado, a cedência de
teresse público legalmente definido (artigo 69.º do no Acórdão do Supremo Tribu-
utilização tem caráter oneroso e
Decreto-Lei n.º 280/2007, de 7 de agosto).” nal Administrativo n.º 0280/12,
obedece a um determinado proce-
de 14.01.201530: “(…) o direito
No entanto, dos dados que nos foram facultados dimento. Aliás, no mesmo sentido,
de superfície (isto é, a concessão
decorre que, na situação em análise - para além de regem ainda os artigos 53.º a 58º
para plantar ou edificar em terre-
não estar aclarada a questão prévia que se prende do Decreto-Lei n.º 280/2007, que
no alheio) é um direito real ineren-
com a questão de saber se o terreno em causa se regulam sobre esta figura quando
te a um imóvel, na maioria dos
insere no domínio público ou no domínio privado estão em causa bens do domínio
casos um prédio rústico, e que,
- pretende-se constituir o direito de superfície por privado do Estado, mas que, como
no caso vertente, teria necessa-
mera deliberação dos órgãos da freguesia, nada se vimos, poderão “inspirar” as autar-
riamente de incidir sobre a parce-
referindo, designadamente, sobre a observância quias locais em matéria de gestão
la de terreno do domínio público.
do referido procedimento pré-contratual. e administração dos seus bens do
E, como é sabido, os terrenos do
domínio privado. De facto, o n.º 1
Cumpre-nos referir, ainda, que o artigo 31º da Lei domínio público não podem ser
do artigo 54.º determina que a ce-
n.º 31/2014, de 30 de maio regula sobre a “Cedên- objecto de contratos de nature-
dência “obedece ao princípio da
cia de utilização de bens do domínio privado”, za privatística, designadamente
onerosidade”, sendo de realçar que
“para assegurar a prossecução de finalidades de po- de contratos de constituição de
“os beneficiários devem suportar as
lítica pública de solos", nos seguintes termos: direito de superfície. Eles apenas
despesas de conservação e manu-
podem ser objecto de contratos
tenção do bem, despesas de insta-
administrativos de concessão
lação e funcionamento (contratos de
25 Neste sentido se pronunciou Jorge Pação, na ação de formação realizada em (…).”
novembro de 2018, que decorreu no IGAP, sobre “Domínio público e domínio
fornecimento de água, energia elétri-
privado das autarquias locais” (cfr. PowerPoint apresentado sobre o domínio ca, segurança ou quaisquer outros
privado).
De facto, o Decreto-Lei n.º 280/2007, em matéria de gestão dos imóveis do
necessários” (vd. artigo 56.º) e que
28 Jorge Pação, na formação referida.
domínio privado das autarquias locais, limita-se a estabelecer, no artigo 126º, é possível a “restituição por decisão
algumas regras sobre os contratos de arrendamento celebrados, existindo, con-
do cedente, sem direito a indemni- 29 Jorge Pação, na formação referida.
forme defendeu Jorge Pação, um “vazio normativo quanto aos procedimentos
de gestão do domínio privado nas autarquias locais (aquisição, administração e 30 Disponível em http://www.dgsi.pt/jsta.nsf/35fbb
alienação)”. bf22e1bb1e680256f8e003ea931/d77eeb4bd4a7
903680257dcf00594296?OpenDocument&Expan
26 Vd. ainda o artigo 1530º do Código Civil.
dSection=1&Highlight=0,direito,de,superf%C3%
27 Tratado de Direito Administrativo Especial, Almedina, 2010, Vol. III, pág. 93. ADcie#_Section1
O MUNICIPAL | N.º 416
21

PRÁTICA

Neste sentido, rege, aliás, o artigo 32.º da já referi- De facto, tal como defende Ana bens integrados no seu domínio
da Lei n.º 31/2014 que determina: Gouveia Martins33, em anotação público e de bens integrados no
ao artigo 30.º do Decreto-Lei n.º seu domínio privado (cfr. artigo
“1 - O Estado, as regiões autónomas e as autarquias
280/2007: 84.º n.º 2 e artigo 238.º n.º 1 da
locais podem celebrar contratos de concessão ou
CRP), devendo ter presentes,
conceder licenças de uso privativo de bens que in- “V. O contrato de concessão de
na gestão do seu património, os
tegrem o seu domínio público, designadamente para exploração do domínio público, tal
princípios da boa administração,
efeitos de utilização, exploração ou gestão de in- como o contrato de utilização priva-
da equidade, da concorrência,
fraestruturas urbanas e de espaços e equipamentos tiva do domínio público (cfr. comen-
da transparência, da proteção,
de utilização coletiva. tário IV ao artigo 27.º), é um contrato
da colaboração e da responsa-
administrativo por natureza (alínea c)
2 - A lei estabelece as regras a observar quanto ao pra- bilidade, constantes dos artigos
do n.º 1 do artigo 280.º do CCP) e
zo de vigência da concessão, à fixação dos critérios 3º, 5º, 7.º 8º, 9.º, 10.º e 11.º do
cuja administratividade decorre ain-
para o pagamento de taxas pelo concessionário, às Decreto-Lei n.º 280/2007, de 7
da da sua submissão a um regime
obrigações e aos direitos do concessionário, aos bens de agosto, na sua atual redação.
substantivo de Direito público (alínea
afetos à concessão, às garantias a prestar, ao seques-
a) do n.º 1 do artigo 280.º do CCP) 2. No caso presente, se estiver
tro, ao resgate e à responsabilidade perante terceiros. “
não apenas por força da sua regula- em causa um terreno integrado
Com efeito, tal como se pode ler no Acórdão do ção no artigo 30.º do RJPIP (cfr. co- no domínio público da freguesia,
Supremo Tribunal Administrativo n.º 0280/12, de mentário V ao artigo 27.º), mas pela o mesmo encontra-se excluído
14.01.201531: “(…) o direito de superfície (isto é, a determinação de aplicação subsidiá- do comércio jurídico-privado
concessão para plantar ou edificar em terreno alheio) ria, com as devidas adaptações, do (cfr. artigo 18.º do Decreto-Lei
é um direito real inerente a um imóvel, na maioria dos regime específico dos contratos de n.º 280/2007, bem como artigo
casos um prédio rústico, e que, no caso vertente, concessão de serviços públicos e de 202.º n.º 2 do CC), não podendo
teria necessariamente de incidir sobre a parcela de obras públicas ex vi artigo 408.º do “ser objecto de qualquer tipo de
terreno do domínio público. E, como é sabido, os ter- CCP. contrato que diminua ou fragilize o
renos do domínio público não podem ser objecto de seu destino fulcral”, pelo que se
No que respeita ao regime substan-
contratos de natureza privatística, designadamente encontra afastada a possibilida-
tivo aplicável, o “contrato de con-
de contratos de constituição de direito de superfície. de de a freguesia constituir o di-
cessão de exploração do domínio
Eles apenas podem ser objeto de contratos adminis- reito de superfície sobre tal imó-
público”, naquilo que não for expres-
trativos de concessão (…).” vel (a menos que fosse objeto
samente regulado no artigo 30.º do
Resta-nos acrescentar que a celebração de um de desafetação, nos termos do
RJPIP ou em regimes especiais do
contrato de concessão de utilização privativa obe- artigo 17.º do mesmo diploma, o
domínio público reger-se-á subsi-
dece, ainda, ao consignado nos artigos 27.º a 29.º que não nos parece viável, pois
diariamente pelo regime específico
do Decreto-Lei n.º 280/2007 e a possibilidade de a desafetação pressupõe o “de-
destes tipos contratuais concessó-
outorga de um contrato de concessão de explora- saparecimento do fim de utilidade
rios, previsto no capítulo II, do Título
ção está regulada no artigo 30.º do mesmo diploma pública a que (…) se encontrava
II da Parte III (artigos 407.º a 430.º do
legal. destinado”).
CCP), com as devidas adaptações, a
Salientamos, contudo que à celebração de qual- que acresce a aplicação do regime 3. De facto, só é admitida a cons-
quer deste tipo de contratos de concessão é apli- geral dos contratos administrativos tituição do direito de superfície
cável o Código dos Contratos Públicos (CCP)32. previsto no Título I, naquilo que não ou a cedência de utilização de
seja objeto de disciplina especial.” terrenos do domínio privado das
autarquias (desde que se obser-
31 Disponível em http://www.dgsi.pt/jsta.nsf/35fbbbf22e1bb1e680256f8e003 Em conclusão vem os pressupostos legais), fi-
ea931/d77eeb4bd4a7903680257dcf00594296?OpenDocument&ExpandSectio
cando de fora, portanto, os bens
n=1&Highlight=0,direito,de,superf%C3%ADcie#_Section1 1. As autarquias locais dispõem de
de domínio público.
32 Aprovado pelo Decreto-Lei n.º 18/2008, de 29 de janeiro e alterado pela Lei
n.º 3/2010, de 27 de abril, DecretoLei n.º 131/2010, de 14 de dezembro, Lei 4. No caso presente, mesmo que
n.º 64-B/2011, de 30 de dezembro, Decreto-Lei n.º 149/2012, de 12 de julho, 33 In “Comentário ao Regime Jurídico do Património
se trate de bens imóveis do do-
Decreto-Lei n.º 214-G/2015, de 2 de outubro, Decreto-Lei n.º 111 -B/2017, de Imobiliário Público, Domínio Público e Domínio Privado
31 de agosto (retificado pela Declaração de Retificação n.º 36-A/2017, de 30 de da Administração”, ICJP, CIDP, Almedina, janeiro 2019,
mínio privado disponível da fre-
outubro e pela Declaração de Retificação n.º 42/2017, de 30 de novembro). pág. 194. guesia, a pretendida constituição
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22

PRÁTICA

de direito de superfície, dever-se-á destinar à “pros- sistema de quotizações fixadas pela alternativos (note-se que a infor-
secução de finalidades de política pública de solos” Assembleia-Geral, conforme mapa mação enviada é contraditória),
(salvaguardando-se os princípios da legalidade e anexo.”. sendo de realçar que, em função
da prossecução do interesse público, corporizado daqueles critérios, a quota varia
Caso não exista, solicitam “ainda
na necessidade de promoção e salvaguarda dos in- entre 50 e 1000 euros anuais,
esclarecimento sobre se é bastante
teresses próprios das respetivas populações), mas estimando-se que o “valor total
a deliberação da Reunião de Câmara
não pode ser efetuada por mera deliberação dos (…) dos benefícios para sócios”
ou se se torna necessário uma deli-
órgãos da freguesia, devendo ainda resultar de um seja de “60 euros/ano (caixa de
beração da Assembleia Municipal.”
procedimento pré-contratual e cumprir o consigna- ferramentas e participação em
do no artigo 30.º da Lei n.º 31/2014, de 30 de maio e Cumpre, pois, informar: atividades) + campanhas de pro-
nos artigos 67.º a 72.º do Decreto-Lei n.º 280/2007, moção.”
de 7 de agosto, ambos na sua atual redação, sendo- I - Ponto prévio
Por último, a Associação tem
-lhe ainda aplicável supletivamente os artigos 1527.º Como ponto prévio, importa referir a sua sede em Lisboa, embora
e seguintes do Código Civil. que no pedido de parecer se men- dos Estatutos conste que “atua-
5. Tendo em conta que o n.º 1 do artigo 32.º da já ciona que “a 26 de novembro de rá no âmbito do desenvolvimento
referida Lei n.º 31/2014 admite que as autarquias lo- 2018, foi criada a Associação (…)”, local.”
cais celebrem contratos de concessão de bens que mas não nos foi facultada a versão
definitiva, devidamente aprovada, Nesta conformidade, afigura-se-
integrem o seu domínio público - designadamente
dos Estatutos da Associação em -nos que os elementos de que
para efeitos de utilização, exploração ou gestão de
causa. o Município consulente dispõe
espaços e equipamentos de utilização coletiva -,
não permitem antever quais os
poderá, caso se reúnam todos os pressupostos le- Por outro lado, dos dados que nos encargos que irá assumir se se
gais, ser ponderada a hipótese de celebração de foram facultados consta um “Ane- associar à entidade em cau-
um contrato de concessão de utilização privativa xo I” com “Propostas de sistema de sa, nem se a assunção desses
(também previsto nos artigos 27.º a 29.º do Decre- quotização” que incluem “escalões encargos se poderá configurar
to-Lei n.º 280/2007) ou de um contrato de conces- de contributos financeiros anuais como apoio financeiro ou não.
são de exploração (regulado no artigo 30.º do mes- associados à faturação anual e nú-
mo diploma legal), aos quais é aplicável o Código mero de colaboradores para as or- Por outro lado, é necessário afe-
dos Contratos Públicos (CCP). ganizações que desejem tornar-se rir quais serão as atividades de
associadas” (“que poderão ser re- relevante interesse público mu-
vistos anualmente de acordo com o nicipal que irão ser desenvolvi-
DA PARTICIPAÇÃO volume de negócios do ano anterior”) das pela referida Associação.
e a menção de que “poderão ainda
DO MUNICÍPIO De facto, o interesse público
ser recebidos donativos para as ativi- que norteia a atividade da Ad-
EM ASSOCIAÇÕES dades a realizar, conforme tem sido ministração, também delimita
prática até agora.” a capacidade jurídica das pes-
Ora, da análise do referido Anexo I soas coletivas públicas e a com-
19 DE FEVEREIRO DE 2019 * ressalta, desde logo, que dele não petência dos respetivos órgãos,
consta o montante da joia inicial através do princípio da especia-
referida no pedido de parecer e na lidade (cfr. artigo 45.º do Anexo
Pelo Exm.º Senhor Presidente de Câmara Munici- I à Lei n.º 75/2013, de 12 de se-
alínea a) do n.º 1 do artigo 15.º da
pal foi solicitado parecer acerca da “existência de tembro1). De acordo com este
versão não definitiva dos Estatutos
algum impedimento legal para que o Município” e a princípio, as pessoas coletivas
da Associação.
uma Empresa Municipal “se tornem associados da existem tendo em vista a pros-
Associação (…)” “sem fins lucrativos/com fins altruís- Acresce referir que nada se esclare-
ticos que atuará no âmbito do desenvolvimento local ce quanto ao escalão em que se in-
e que prevê a admissão de associados através do tegraria/integrará o Município, nem 1 Alterada pela Lei n.º 25/2015, de 30 de março,
pela Lei n.º 69/2015, de 16 de julho, pela Lei n.º
pagamento de uma joia inicial definida, através de um se os critérios relacionados com a
7-A/2016, de 30 de março, pela Lei n.º 42/2016,
“faturação anual” e o “número de de 28 de dezembro e pela Lei n.º 50/2018, de 16
* INF_DSAJAL_LIR_1808/2019 colaboradores” são cumulativos ou de agosto.
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23

PRÁTICA

secução de determinados objetivos ou fins, pelo fins lucrativos constitui um apoio Alerta-se, porém, para o facto
que só podem atuar para e na medida em que os financeiro proibido por lei. Ora, na de o Município não poder con-
pretendam alcançar. Nesta conformidade, “a limi- Reunião de Coordenação Jurídica, ceder subsídios se participar na
tação da capacidade da pessoa coletiva está princi- realizada em 24 de maio de 2016, Associação.
palmente neste dever de só exercer os poderes para foi aprovada a seguinte Solução In- De facto, na Reunião de Coor-
alcançar os fins institucionais, sem que deles se pos- terpretativa Uniforme, homologada denação Jurídica de 23 de maio
sa desviar“(cfr artigo 160º n.º 1 do Código Civil) . por Despacho do Secretário de Es- de 2013, foi aprovado um outro
tado da Administração Local, em 3 entendimento, também homolo-
II - Da possibilidade de o Município e a Empresa
de agosto de 2016. 3 gado pelo Senhor Secretário de
Municipal participarem em Associações
“Pergunta: O pagamento de uma Estado da Administração Local
A este propósito, teremos de analisar o disposto
quota anual, por parte das au- e ao qual estamos vinculados,
na Lei n.º 50/2012, de 31 de agosto2, na medida
tarquias locais e das entidades que passamos a transcrever:
em que estabelece “o regime Jurídico da atividade
intermunicipais em associações, “9. Que subsídios podem as enti-
empresarial local e das participações locais (RJAEL)”.
cooperativas, fundações e outras dades públicas participantes atri-
Com efeito, os artigos 56º e seguintes deste diplo- entidades de natureza privada ou buir a outras entidades?
ma regulam sobre as “Outras participações”, sen- cooperativa, que prossigam fins de
do de realçar que os entes participados “devem relevante interesse público local, Solução interpretativa: Com a
prosseguir fins de relevante interesse público local, pode configurar um apoio financeiro entrada em vigor da Lei n.º
devendo a sua atividade compreender-se no âmbi- legalmente proibido? 50/2012 ficou proibida a atri-
to das atribuições das respetivas entidades públicas buição de subsídios ao inves-
Resposta: Não. Nas situações des- timento a quaisquer entidades
participantes”. Por outro lado, o artigo 59º deste di-
critas sendo o pagamento de uma constituídas/dominadas ou par-
ploma consigna o seguinte:
quota anual pressuposto, face aos ticipadas pelos municípios, as-
“Artigo 59.º estatutos de determinada entidade, sociações de municípios e / ou
Associações de direito privado da qualidade de participante, tal pa- áreas metropolitanas; só é admi-
1 - Os municípios, as associações de municípios, gamento não configura a natureza tida a atribuição de subsídios à
independentemente da respetiva tipologia, e as áreas de apoio financeiro. exploração a sociedades comer-
metropolitanas podem participar com pessoas ju- Fundamentação: Considerando que, ciais constituídas / dominadas por
rídicas privadas em associações. nos termos do definido na Lei n.º entidades públicas participantes
2 - As associações referidas no número anterior re- 50/2012, de 31 de agosto, diploma (empresas locais) e desde que
gem-se pelo Código Civil. que aprovou o regime jurídico da previstos em contrato-programa,
atividade empresarial local (RJAEL), pelo que ficou proibida a atribui-
3 - O disposto no artigo 47.º aplica-se, com as
designadamente no artigo 56.º e se- ção destes subsídios a empresas
devidas adaptações, às associações de direito
guintes é legalmente admissível a locais sem contratos-programa
privado em que as entidades públicas participan-
participação das autarquias locais que o prevejam e a sociedades
tes exerçam uma influência dominante em razão
e das entidades intermunicipais em comerciais meramente participa-
da verificação dos requisitos constantes do n.º 1
associações, cooperativas, funda- das, bem como a associações,
do artigo 19.º”
ções e outras entidades de natureza fundações e cooperativas parti-
Assim, ao abrigo do n.º 1 deste artigo 59.º, o Mu- privada ou cooperativa, que prossi- cipadas pelos municípios, as-
nicípio pode participar em associações que prossi- gam fins de relevante interesse pú- sociações de municípios e / ou
gam fins de relevante interesse público local. blico local, entende-se que não re- áreas metropolitanas; continua
veste a natureza de apoio financei- a ser permitida a atribuição de
No entanto, atentando no disposto no n.º 3 deste
ro, o pagamento da quota inerente subsídios pelos municípios a
normativo, coloca-se a questão de saber se o paga-
à qualidade de participante, imposta associações, fundações e coo-
mento de uma quota anual a uma Associação sem
pelos estatutos da entidade em cau- perativas e a atividades desen-
sa.” (negritos nossos) volvidas por estas entidades
2 Alterada pela Lei n.º 53/2014, de 25 de agosto, pela Lei n.º quando os municípios não par-
69/2015, de 16 de julho, pela Lei n.º 7-A/2016, de 30 de ticipem nessas entidades.
março, pela Lei n.º 42/2016, de 28 de dezembro e pela Lei n.º 114/2017, de 3 Acessível em https://db.datajuris.pt/pdfs/codigos/
29 de dezembro rjaelplocais_t.pdf e em www.portalautarquico.pt . Fundamentação: A solução inter-
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24

PRÁTICA

pretativa resulta de uma leitura conjugada do dispos- encargos que irá assumir se se as- o consignado nos artigos 56.º
to no n.º 3 do artigo 32.º («A atribuição de subsídios sociar à entidade em causa, nem se e seguintes da Lei n.º 50/2012,
à exploração pelas entidades públicas participantes a assunção desses encargos se po- de 31 de agosto, na sua atual
no capital social exige a celebração de um contra- derá configurar como apoio finan- redação, sendo de realçar que
to-programa»), no n.º 1 do artigo 36.º («As entida- ceiro ou não. o ente participado deve “pros-
des públicas participantes não podem conceder às seguir fins de relevante inte-
Ora, cumpre-nos salientar que o ar-
empresas locais quaisquer formas de subsídios ao resse público local, devendo a
tigo 4º Lei n.º 73/2013, de 3 de se-
investimento ou em suplemento a participações de sua atividade compreender-se
tembro4 estabelece que “a atividade
capital»), no n.º 1 do artigo 47.º («A prestação de ser- no âmbito das atribuições das
financeira das autarquias locais exer-
viços de interesse geral pelas empresas locais e os respetivas entidades públicas
ce-se no quadro da Constituição, da
correspondentes subsídios à exploração dependem participantes”;
lei, das regras de direito da União Eu-
da prévia celebração de contratos-programa com as
ropeia e das restantes obrigações in- - De acordo com a Solução In-
entidades públicas participantes»), nos n.ºs 1 e 2 do
ternacionais assumidas pelo Estado terpretativa Uniforme, aprovada
artigo 50.º («As entidades públicas participantes de-
Português”, sendo nulas as delibe- na Reunião de Coordenação Ju-
vem celebrar contratos-programa com as respetivas
rações de qualquer órgão das au- rídica, de 24 de maio de 2016,
empresas locais de promoção do desenvolvimento
tarquias locais que determinem ou “entende-se que não reveste a
local e regional onde se defina a missão e o conteú-
autorizem a realização de despesas natureza de apoio financeiro, o
do das responsabilidades de desenvolvimento local
não permitidas por lei (cfr. alínea c) pagamento da quota inerente à
e regional assumidas; Os contratos-programa refe-
do n.º 2 do artigo 59º do Anexo I à qualidade de participante, impos-
ridos no número anterior devem especificar o mon-
Lei n.º 75/2013). ta pelos estatutos da entidade em
tante dos subsídios à exploração que as empresas
causa”;
locais têm o direito de receber como contrapartida Acresce referir que os artigos 59º e
das obrigações assumidas, aplicando-se o disposto seguintes da Lei n.º 98/97, de 26 de - À luz da Solução Interpretativa
nos n.ºs 2 a 7 do artigo 47.º») e no n.º 3 do artigo 56.º agosto5, prescrevem que os paga- Uniforme, aprovada na Reunião
(«Aos entes previstos nos números anteriores [fun- mentos indevidos que causem dano de Coordenação Jurídica, de 23
dações, cooperativas, associações de direito privado para o erário público podem gerar de maio de 20136, se o municí-
e outras entidades constituídas ou participadas por responsabilidade reintegratória. pio detiver alguma participa-
municípios, associações de municípios e áreas me- ção na Associação não pode
Em suma, independentemente de
tropolitanas] é aplicável, com as devidas adaptações, conceder-lhe apoio financei-
estar em causa uma “Associação
o disposto nos artigos 53.º a 55.º»), todos da Lei n.º ro/subsídios.
sem fins lucrativos”:
50/2012, com o disposto nas alíneas a) e b) do n.º 4
No entanto, se o município de-
do artigo 64.º da Lei n.º 169/99, de 18 de setembro - O município pode participar com
cidir não participar na Asso-
(«Compete à câmara municipal no âmbito do apoio a pessoas jurídicas privadas em
ciação - isto é, se não for seu
atividades de interesse municipal: a) Deliberar sobre associações, desde que observe
associado - poderá conceder-
as formas de apoio a entidades e organismos legal-
-lhe apoio, caso se verifiquem
mente existentes, nomeadamente com vista à pros-
4 Diploma que estabelece o regime financeiro das autar-
todos os requisitos legais7,
secução de obras ou eventos de interesse municipal,
quias locais e das entidades intermunicipais e foi alte-
bem como à informação e defesa dos direitos dos rado pela Lei n.º 82-D/2014, de 31 de dezembro, pela
cidadãos; b) Apoiar ou comparticipar, pelos meios Lei n.º 69/2015, de 16 de julho, pela Lei n.º 132/2015, 6 Disponível em http://www.portalautarquico.dgal.

adequados, no apoio a atividades de interesse muni- de 04 de setembro, pela Lei n.º 7-A/2016, de 30 de gov.pt/pt-PT/reunioes-de-coordenacao-juridica/.
março, pela Lei n.º 42/2016, de 28 de dezembro e pela
cipal, de natureza social, cultural, desportiva, recrea- Lei n.º 114/2017, de 29 de dezembro.
7 Vd. ,designadamente, os requisitos referidos nas
alíneas o) e u) do n.º 1 do artigo 33.º do Anexo
tiva ou outra»).
5 Lei de Organização e Processo do Tribunal de Contas, I à Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, sendo
Como resulta do entendimento transcrito - ao qual que foi alterada pela Lei n.º 87-B/98, de 31 de dezem- de realçar que a atribuição de subsídios deverá

está esta CCDR vinculada -, não poderá o municí- bro, pela Lei n.º 1/2001, de 04 de janeiro, pela Lei n.º ser precedida da elaboração de um regulamento
55-B/2004, de 30 de dezembro, pela Lei n.º 48/2006, relativo à concessão de apoios financeiros (neste
pio facultar o apoio financeiro / subsídio a associa-
de 29 de agosto, Lei n.º 35/2007, de 1 3 de agosto, sentido vd. Relatório de Auditoria do Tribunal de
ção da qual participe.” pela Lei n.º 3-B/2010, de 28 de abril, pela Lei n.º 55- Contas n.º 03/2011 – 2.ª Secção [Processo 12/10
A/2010, de 31 de dezembro, pela Lei n.º 61/2011, de 7 – AUDIT], ao qual tivemos acesso em www.tcon-
No caso presente, tal como referimos no ponto I
de dezembro, pela Lei n.º 2/2012, de 6 janeiro, pela Lei tas.pt ), bem como constar do plano e orçamento
deste parecer, os elementos de que o Município n.º 20/2015, de 9 de março e pela Lei n.º 42/2016, de da autarquia, devidamente aprovados pela as-
consulente dispõe não permitem antever quais os 28 de dezembro. sembleia municipal (cfr. artigo 25.º n.º 1, alínea a)
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25

PRÁTICA

sendo de realçar que qualquer tipo de apoio conce- das Autarquias Locais, no prazo de cia destes estudos e demons-
dido tem de se destinar às atividades de interesse 15 dias (art. 54.º, n.º 2). trações comporta a nulidade da
municipal desenvolvidas pela referida Associação. deliberação e eventual responsa-
Nos termos do artigo 53.º, n.º 1, a
bilidade financeira, nos termos do
III - Do procedimento a observar pelo município deliberação do órgão deliberativo da
art. 32º, n.º 1 in fine.12
para a participação em associações entidade participante deve ser fun-
damentada, sendo que a funda- Para além dos estudos referidos
Os números 2 e 3 do artigo 56.º da Lei n.º 50/2012,
mentação da aquisição das unida- anteriormente, o art. 32º, n.º 2,
de 31 de agosto determinam ainda o seguinte:
des de participação deve integrar prevê ainda que naqueles sejam
“Artigo 56.º os pressupostos justificativos do incluídos a justificação das ne-
Requisitos e procedimentos relevante interesse público local. cessidades que se pretendem
Assim se conclui que esta fundamen- satisfazer com a associação, a
“1 – (…).
tação deve ser fornecida ao órgão demonstração da existência de
2 - A constituição ou a participação nos entes pre- deliberativo por parte do órgão exe- procura actual ou futura, a ava-
vistos no presente capítulo está sujeita ao visto cutivo, sendo que é este o órgão a liação dos efeitos da actividade
prévio do Tribunal de Contas, independente- quem cabe a primeira palavra sobre da associação sobre as contas
mente do valor associado ao ato. a concretização do que é o interesse e a estrutura organizacional e os
3 - Aos entes previstos nos números anteriores público local. 10 recursos humanos da entidade
é aplicável, com as devidas adaptações, o dis- pública participante, assim como
Como se viu, esta aquisição de parti-
posto nos artigos 53.º a 55.º, sem prejuízo do a ponderação do benefício social
cipações está sujeita, nos termos do
estabelecido no n.º 3 do artigo 59.º “Assim, na resultante para o conjunto doe
artigo 53.º, n.º 3, aos termos descritos
medida em que o n.º 3 deste normativo manda cidadãos. Quanto a estes estu-
no artigo 32.º, com as devidas adapta-
aplicar, ainda que com as devidas adaptações, o dos, a expressão «devem incluir»
ções. Significa isto que a deliberação
consignado nos artigos 53º a 55º à participação presente no art. 32º, n.º 2, leva-
de aquisição de participações locais
em associações, subscrevemos a tese defendida -nos a concluir que, apesar da
que confira uma influência dominan-
por José Miguel Vitorino8, no sentido de “o re- sistematização normativa do arti-
te11 deve ser precedida de estudos
gime de aquisição de participações numa as- go, a ausência destes elementos
técnicos do plano do projecto - na
sociação por parte de um município” implicar o conduz também à nulidade da
óptica do investimento, da exploração
seguinte procedimento: deliberação e à responsabilidade
e do financiamento -, bem como da
financeira, nos termos do art. 32º,
“i) Por proposta do órgão executivo - a câmara demonstração da viabilidade e sus-
n.º 1.
municipal - delibera-se no órgão deliberativo - a tentabilidade económica e financeira
assembleia municipal - sobre a aquisição de parti- das unidades a adquirir - nomeada- Ainda quanto ao processo de
cipações (artigo 53.º, n.º 1); ii) O acto de aquisição mente através da identificação dos aquisição das unidades de parti-
é sujeito a fiscalização prévia pelo Tribunal de ganhos de qualidade e racionalidade cipação, parece importante referir
Contas, independentemente do montante associa- acrescentada decorrente do desen- que, por princípio, os documen-
do à aquisição (artigo 54.º, n.º 1) 9; iii) A aquisição é volvimento da atividade através de tos necessários à deliberação,
obrigatoriamente comunicada pelo município à uma entidade participada. A ausên- previstos nos arts 53.º, n.º 1,
Inspecção-Geral das Finanças e à Direção-Geral e 32.º, n.ºs 1 e 2, deverão ser
documentos provenientes da
10 “Apesar de o interesse público local, nos termos da juris- entidade participante, pois o
do Anexo I à Lei n.º 75/2013), observar o consignado na Lei dos Compromissos
prudência administrativa, ser um conceito indeterminado
facto de esses documentos pro-
com elementos determináveis pela Administração, desde
e dos Pagamentos em Atraso (aprovada pela Lei n.º 8/2012, de 21 de fevereiro)
que ao abrigo dos princípios da Administração Pública, é
virem da associação cujas parti-
e ser objeto de publicitação, nos termos do consignado na Lei n.º 64/2013, de
preciso saber o que é de facto para o município o interes-
27 de agosto.
se público local, sob pena de não estarem preenchidos
8 In “As participações dos municípios em associações de direito privado ao abri- os pressupostos justificativos exigidos por lei. A este títu-
12 “Naturalmente que, se a deliberação do órgão
go da Lei n.º 50/2012, de 31 de agosto”, ”Questões Atuais de Direito Local”, n.º lo, ver o Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo, de
deliberativo de aquisição de aquisição de partici-
11/Julho/Setembro 2016, AEDRL, pág. 77 e seguintes. 27 de fevereiro de 2008 (Relator: Costa Reis)”
pações é nula por inexistência dos estudos prévios
9 “Nos termos do artigo 2.º n.º 2, alínea a), da Lei de Organização e Processo do 11“Entendemos que, por maioria de razão, ao reforço da previstos no artigo 32.º, n.ºs 1 e 2, é expressamen-
Tribunal de Contas as associações de entidades públicas e privadas que sejam posição dominante já existente na associação se aplicam te vedada uma deliberação posterior do mesmo ór-
financiadas maioritariamente por entidades públicas ou sujeitas ao seu controlo os mesmos requisitos para a deliberação que confere gão deliberativo para aprovar os respetivos estudos
de gestão.” posição dominante" previstos no artigo 32.º.(…)”
N.º 416 | O MUNICIPAL
26

PRÁTICA

cipações vão ser adquiridas não garante a isenção estatui que “Os atos praticados e tos da entidade em causa.”
administrativa no procedimento, como previsto no os contratos celebrados em violação
4. Contudo, após a entrada em
artigo 9.º do CPA. 13 do disposto no número anterior são
vigor deste diploma, em face
nulos.”
Por último, nos termos do art. 54º, n.º 1, está prevista da Solução Interpretativa Uni-
a fiscalização prévia do Tribunal de Contas que, No caso presente, não se nos afi- forme aprovada em Reunião
nos termos do art. 44º, n.º 1, da Lei n.º 98/97, de gura que a associação em causa de Coordenação Jurídica, rea-
26 de Agosto, “tem por fim verificar se os atos, con- represente os “agentes do setor de lizada em 23 de maio de 2013,
tratos ou outros instrumentos geradores de despesa atividade económica em que atua a se o município detiver alguma
ou representativos de responsabilidades financeiras empresa” municipal de ambiente, participação numa Associa-
directas ou indirectas estão conformes as leis em vi- pelo que se aplica a regra geral no ção não poderá conceder-lhe
gor e se os res pectivos encargos têm cabimento em sentido de a empresa municipal apoio financeiro.
verba orçamental própria”, sendo que, nos termos não poder participar em associa-
5. Mesmo que não lhe confi-
do n.º 3, “constitui fundamento da recusa de visto ções.
ra uma influência dominante,
a desconformidade dos actos, contratos e demais
a participação do Município
instrumentos referidos com as leis em vigor que im-
Em conclusão numa Associação, a ser possí-
plique: a) Nulidade14; b) Encargos sem cabimento em
vel, “está sujeita a visto do Tri-
verba orçamental própria ou violação directa de nor- 1. Os municípios podem partici- bunal de Contas, independen-
mas financeiras15; c) ilegalidade que altere ou possa par com pessoas jurídicas priva- temente do valor associado ao
alterar o respectivo resultado financeiro. 16” (negritos das em associações, desde que ato” e depende de deliberação
nossos) observem o consignado nos ar- da Assembleia Municipal, sob
tigos 56.º e seguintes da Lei n.º proposta da Câmara Munici-
IV - Da possibilidade de a empresa municipal 50/2012, de 31 de agosto, na sua pal, para além de ter de ser
participar em associações atual redação, sendo de realçar “obrigatoriamente comunicada
Já no que concerne à possibilidade de a empresa que os entes participados “devem pelo município à Inspeção-Geral
municipal participar em associações, realçamos prosseguir fins de relevante inte- das Finanças e à Direção-Geral
que a alínea b) do n.º 1 do artigo 38.º da Lei n.º resse público local, devendo a sua das Autarquias Locais, no pra-
50/2012 prescreve que “Sem prejuízo do dispos- atividade compreender-se no âm- zo de 15 dias” (vd. remissão do
to no artigo 68.º, as empresas locais não podem bito das atribuições das respetivas n.º 3 do artigo 56.º da Lei n.º
“criar ou participar em associações (…) exce- entidades públicas participantes.” 50/2012, de 31 de agosto para
tuando-se as associações que prossigam fins 2. O Município só pode associar- o consignado nos artigos 53.º
não lucrativos de representação dos agentes do -se à entidade referida se puder a 55.º do mesmo diploma).
setor de atividade económica em que atua a em- antever quais os encargos que irá 6. Atentando no consignado
presa local” e que o n.º 2 do mesmo normativo assumir e se a assunção desses na alínea b) do n.º 1 do arti-
encargos não se configurar como go 38.º da Lei n.º 50/2012, a
apoio financeiro; por outro lado, empresa municipal não pode
13 “Excepcionam-se naturalmente a esta conclusão os elementos estrita e funcio-
nalmente ligados à associação, como, por exemplo, os Planos de Actividades e é necessário aferir quais serão as participar em associações (a
Relatórios de Contas.”
atividades de relevante interes- menos que estas “prossigam
14 “A recusa de visto com fundamente em nulidade dar-se-á, por exemplo, na situa- se público municipal que irão ser fins não lucrativos de represen-
ção em que os estudos prévios exigidos pela Lei n.º 50/2012 não sirvam de base à
deliberação de aquisição de participações (art. 32º, n.ºs 1 e 2 , da Lei n.º 50/2012.”
desenvolvidas pela referida Asso- tação dos agentes do setor de
ciação. atividade económica em que
15 “A recusa de visto com fundamento em encargos sem cabimento em verba orça-
mental própria ou violação directa de normas financeiras pode resultar, por exem-
3. De acordo com a Solução In- atua a empresa local”, o que
plo, da não previsão da aquisição das participações no orçamento municipal. Para
além disso, uma vez que a violação de normas financeiras é também fundamento terpretativa Uniforme, aprovada não nos parece suceder no
da recusa de visto, cumpre perceber se a violação da norma prevista no art. 55º,
na Reunião de Coordenação Jurí- caso presente).
n.º 2, que estipula “o dever de apresentar resultados anuais equilibrados”, pode ser
fundamento da recusa de visto (…).” dica, de 24 de maio de 2016, “en-
16 “A recusa de visto com fundamento em ilegalidade que altere ou possa alterar o
tende-se que não reveste a nature-
respectivo resultado financeiro dar-se-á, por exemplo, quando a demonstração da za de apoio financeiro, o pagamen-
viabilidade e sustentabilidade económica e financeira das unidades a adquirir pre-
sentes nos estudos que antecedem a deliberação de aquisição de participações
to da quota inerente à qualidade de
seja de natureza claramente injustificada ou falsa.” participante, imposta pelos estatu-
O MUNICIPAL | N.º 416
27

JURISPRUDÊNCIA
SUPREMO [«CM»] os recorrentes dispunham,
no quadro da LPTA, de dois meios
do tempo, duma lesão potencial
da mesma esfera jurídica em re-
TRIBUNAL contenciosos de reação, ou seja, se sultado da produção dos efeitos
pretendiam ver declarada a ilegali- do mesmo ato normativo.
ADMINISTRATIVO dade do «PU» impunha-se a dedu- V - Nesta segunda situação, em
ção de recurso de impugnação de que a lesão ainda não está con-
normas, mas se visassem impugnar sumada, cabe aos demandantes
JUROS INDEMNIZATÓRIOS o ato de ratificação por ilegalidades/ a alegação e demonstração de
vícios próprios deste, então, teriam uma ameaça de lesão num futu-
de deduzir um recurso contencioso
ERRO IMPUTÁVEL AOS SERVIÇOS de anulação e não o meio proces-
ro próximo, da previsibilidade e
iminência desse dano ou lesão,
sual de impugnação de normas. bastando, para o preenchimen-
A extensão temporal dos juros indemnizatórios de-
II - A impugnação contenciosa da to, a comprovação pelos mes-
vidos ao contribuinte, por erro imputável aos servi-
Resolução do «CM» que ratificasse mos duma «probabilidade ra-
ços, determinado em impugnação judicial, em caso
o «PU» não era o meio processual zoável» de que a ameaça atual
de autoliquidação de derrama efetuada em confor-
idóneo ou próprio para atacar as aporte, «em momento próximo»,
midade com orientação genérica da administração
normas daquele mesmo instrumen- uma lesão efetiva da sua esfera
tributária é a definida no artigo 61.º n.º 5 do CPPT
to de gestão territorial por ilegali- jurídica.
que dispõe: “Os juros são contados desde a data
dades/vícios que o afetassem ou
do pagamento indevido do imposto até à data do VI - Sendo objeto de impugna-
invalidassem, nem para o eliminar
processamento da respetiva nota de crédito, em que ção um «PU» apenas goza de
da ordem jurídica.
são incluídos”. legitimidade processual passiva
III - No recurso para impugnação pública o órgão autor das nor-
(Processo n.º 0462/14, de 19-09-2018)
de normas emitidas por órgão da mas em causa, ou seja, a as-
administração local gozavam de le- sembleia municipal [artigo 64.º,
gitimidade ativa, nos termos do ar-
IMPUGNAÇÃO DE NORMAS tigo 63.º da LPTA, para além do MP
n.ºs 2 e 3, da LPTA], pelo que
inexiste in casu uma qualquer si-
também quem fosse prejudicado tuação de litisconsórcio neces-
PLANO DE URBANIZAÇÃO pela aplicação da norma [imedia- sário passivo.
ta ou mediatamente], ou por quem
LEGITIMIDADE ATIVA viesse a sê-lo previsivelmente em VII - O «PU» ainda que não pu-
«momento próximo». blicado e, assim, não dotado de
LEGITIMIDADE PASSIVA IV - Exigia-se para a verificação
eficácia jurídica, uma vez objeto
de aprovação passa a gozar de
deste pressuposto a alegação por
existência jurídica, corporizan-
LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO parte dos demandantes, enquanto
do ou constituindo substrato ou
lesados, ou de que estarão ou irão
objeto mediato originário idóneo
OBJETO DO RECURSO sofrer na sua esfera jurídica um pre-
para uma impugnação conten-
juízo, uma lesão [atual e não mera-
ciosa.
mente hipotética] decorrente dos
RATIFICAÇÃO efeitos produzidos pela norma regu- VIII - Tendo a autoridade admi-
lamentar reputada como ilegal, seja nistrativa competente entendido,
SANAÇÃO aquela norma imediatamente ope- antes do fim do prazo de respos-
rativa, ou seja-o apenas mediata- ta ao recurso contencioso, ratifi-
IMPOSSIBILIDADE mente, ou que seja previsível, à luz car o relatório do «PU», emitindo
dum juízo de prognose e tendo em novo ato, com o mesmo sentido
SUPERVENIENTE DA LIDE conta uma situação normal retirável decisório, em que expurga o pri-
do senso comum ou da sua compa- meiro do vício formal gerador da
I - Perante um plano de urbanização [«PU»] apro- rabilidade com situações idênticas invalidade, no caso, fundamen-
vado por assembleia municipal e o respetivo ato já verificadas, a ocorrência, em mo- tação insuficiente, tal configura
de ratificação aprovado em Conselho de Ministros mento próximo, por mero decurso uma ratificação-sanação.
N.º 416 | O MUNICIPAL
28

JURISPRUDÊNCIA

IX - A ratificação-sanação visa não apenas sanar o CONTRATO DE SERVIÇO PÚBLICO


vício de incompetência, mas, também, outras inva- DE TRABALHO A TERMO
lidades formais e procedimentais como a falta de
DE RECOLHA
fundamentação, sendo que a ratificação-sanação
CERTO E TRATAMENTO
não é apenas possível nos casos de falta de funda-
CADUCIDADE DE ÁGUAS RESIDUAIS
mentação, mas, ainda, nos casos de fundamenta-
ção insuficiente.
COMPENSAÇÃO ÂMBITO DAS
X - Ao substituir na ordem jurídica o ato jurídico
normativo contenciosamente impugnado, dotan- ATRIBUIÇÕES
No domínio da redação primitiva
do-o, agora, de fundamentação reputada sufi-
do artigo 252.º/3 do RCTFP, apro-
E COMPETÊNCIAS
ciente, tal determina a perda do objeto do recurso
vado pela Lei n.º 59/2008, de 11 DAS AUTARQUIAS
contencioso e o consequente operar da causa de
extinção da instância por impossibilidade superve-
de setembro, a caducidade de um LOCAIS
contrato de trabalho a termo certo
niente da lide [artigo 287.º, alínea e), do CPC ex vi
cuja renovação já fosse impossível
do artigo 1.º da LPTA].
não conferia ao trabalhador o di-
EXISTE ESPECÍFICA
(Processo n.º 0930/12.7BALSB, de 20-09-2018)
reito à compensação referida na-
quele preceito. NORMA LEGAL
(Processo n.º 00400/14.9BEMDL, de QUE HABILITA OS
TRIBUNAL 15-09-2017) MUNICÍPIOS A
CENTRAL CRIAREM AS TAXAS
MUNICIPAIS
ADMINISTRATIVO TRIBUNAL
NORTE CENTRAL A LEI APENAS PREVÊ
A CRIAÇÃO DE UMA
ADMINISTRATIVO
ÚNICA TARIFA
CONTRATOS DE CONCESSÃO SUL (VARIÁVEL) PELO
– ABASTECIMENTO DE ÁGUAS
SERVIÇO PRESTADO
E SANEAMENTO NOÇÃO DE TAXA DE SANEAMENTO DE
DÍVIDAS A TAXA SITUA-SE ÁGUAS RESIDUAIS
APENAS NO
PRESCRIÇÃO EXTINTIVA DOMÍNIO DOS ILEGALIDADE DE
INÍCIO DO PRAZO SERVIÇOS PÚBLICOS NORMAS
DIVISÍVEIS CONSTANTES DE
As dívidas dos municípios utilizadores dos siste- REGULAMENTO
mas multimunicipais, em cada um dos setores de A CRIAÇÃO DE ÁGUAS RESIDUAIS
atividade concessionada (resíduos sólidos urba-
nos, captação e tratamento de água para consu-
DE TAXAS ESTÁ
mo público, e recolha, tratamento e rejeição de SUJEITA AO PRINCÍPIO ANULABILIDADE
efluentes), encontram-se sujeitas, nos termos das DA LEGALIDADE DO ATO
Bases dos respetivos contratos de concessão, a
um prazo de prescrição extintiva, de dois anos, a
DE LIQUIDAÇÃO
contar da data de emissão das respetivas faturas. TAXA DEVIDA IMPUGNADO
(Processo n.º 0959/16.3BEPRT, de 09-06-2017) PELA PRESTAÇÃO POR PADECER
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29

JURISPRUDÊNCIA

DE VÍCIO DE VIOLAÇÃO DE LEI a natureza de taxa, receita tributária as fases de recolha, drenagem,
que está sujeita ao regime consti- elevação, tratamento e rejeição de
tucional e legal previsto para as ta- águas residuais, não se justifican-
1. Atualmente, a taxa pode definir-se como uma pres-
xas locais (cfr.artº.165, nº.1, al.i), da do que, para efeitos de tributação,
tação coativa, devida a entidades públicas, com vista
C.R.P.; artºs.3, nº.2, e 4, nº.2, da LGT; qualquer uma destas fases pos-
à compensação de prestações efetivamente provo-
artº.8, do Regime Geral das Taxas sa ser individualizada como uma
cadas ou aproveitadas pelos sujeitos passivos. Em
das Autarquias Locais, aprovado pela específica prestação de serviços,
contraste com o imposto de características unilate-
Lei 53-E/2006, de 29/12). da mesma forma que as diversas
rais, a taxa caracteriza-se pela sua natureza comu-
6. A prestação de tais serviços inte- fases dos demais sistemas muni-
tativa ou bilateral, devendo o seu valor concreto ser
gra-se no âmbito das atribuições e cipais (de abastecimento de água
fixado de acordo com o princípio da equivalência
competências das autarquias locais, e gestão de resíduos sólidos) não
jurídica. A natureza do facto constitutivo que baseia
sendo que as respetivas receitas são são autonomizáveis.
o aparecimento da taxa pode consistir na prestação
da titularidade dos municípios, de 10. As normas previstas nos ar-
de uma atividade pública, na utilização de bens do
acordo com o disposto no artigo 14.º, tigos 33, n.ºs 2 e 3, 37 e 38, do
domínio público ou na remoção de um limite jurídico
alínea e), da atual Lei 73/2013, de Regulamento de Águas Residuais
à actividade dos particulares (cfr. artigo 4.º, nºs.1 e
03/09 (Lei das Finanças Locais), com da Covilhã n.º 26/2011, aprovado
2, da L.G.Tributária; artigos 3 e 4, do Regime Geral
remissão para os artigos 20 (taxas) em 10/12/2010, ao preverem a
das Taxas das Autarquias Locais, aprovado pela Lei
e 21 (preços), do mesmo diploma, criação de duas taxas como con-
53-E/2006, de 29/12; artigo 15.º, n.º 2, da L.F.L. apro-
o que de modo idêntico já resultava trapartida remuneratória pela reali-
vada pela Lei n.º 2/2007, de 15/1).
dos artigos10, alínea c), 15 e 16 da zação da mesma actividade de sa-
2. A taxa situa-se apenas no domínio dos serviços
anterior Lei 2/2007, de 15/01 (a apli- neamento são ilegais, porquanto,
públicos divisíveis. Na verdade, existem atividades
cável ao caso “sub judice”). desconformes com os diplomas
públicas ditas indivisíveis, dado que o benefício para
7. A lei apenas contempla três distin- legais enformadores da actividade
os particulares das mesmas resultante tem caráter
tas prestações de serviços no âmbito em causa, nomeadamente, o arti-
genérico (v.g. defesa nacional; atividade legislativa;
da efectivação deste serviço público, go 16.º, n.º 3, da Lei n.º 2/2007,
atividade diplomática). Porém, existem muitas outras
a saber (cfr. artigo 16, n.º 3, alíneas a), de 15/01, vigente à data da elabo-
atividades e serviços públicos de que os particulares
b) e c), da Lei 2/2007, de 15/01): ração do aludido regulamento, de-
podem extrair vantagens individualmente considera-
das, pelo que, nesses casos, há a possibilidade de a - Abastecimento público de água; vendo, por isso, ser desaplicadas
realizar a respetiva cobertura financeira, total ou par- no caso em concreto (cfr.vincula-
b - Saneamento de águas residuais;
cialmente, mediante a criação de taxas (v.g. propinas ção positiva do regulamento à lei
c - Recolha e tratamento de resíduos
da instrução pública; custas da justiça; portagens pa- que serve de base legal prévia ao
sólidos.
gas nas vias de comunicação). exercício do poder regulamentar -
8. Existe específica norma legal que artigo 112.º, n.º 7, da C.R.P.).
3. Pelo facto de ser um tributo autoritariamente fi- habilita os municípios a criarem as
xado por uma entidade pública, a taxa obedece a taxas municipais correspondentes à 11. Por força da desaplicação das
princípios estritos de proteção do sujeito passivo. contrapartida remuneratória pela pres- referidas normas regulamentares
Assim, à semelhança dos impostos, também a cria- tação dos referidos serviços públicos, ao caso concreto, resulta a falta de
ção de taxas está sujeita ao princípio da legalidade, as quais devem constar de regula- norma de incidência tributária fun-
embora não ao princípio da legalidade estrita con- mento tarifário a elaborar e aprovar dante do acto tributário objecto do
substanciado na reserva de lei parlamentar, tudo em em conformidade com o regime geral processo, pelo que terá de se con-
virtude da sua característica sinalagmática (cfr. artigo das taxas das autarquias locais (cfr. cluir pela anulabilidade do acto
103.º, nº.2, da C.R.Portuguesa; artigo 3.º, n.º 2, da artigos15 e 16, n.º 4, da Lei 2/2007, de de liquidação impugnado (acto
L.G.Tributária). 15/01) e com as demais disposições funda-se em norma regulamentar
4. No caso dos autos, estamos perante taxa devida legais que regulamentam a atividade. ilegal), por padecer de vício de vio-
pela prestação de serviço público de recolha e trata- lação de lei (erro sobre os pressu-
9. No âmbito do sistema de sanea-
mento de águas residuais, sendo que a contrapres- postos de direito), na parte em que
mento de águas residuais, apenas
tação específica reside na utilização individualizada se refere à “Tarifa Saneamento”.
pode ser cobrada uma única tarifa (va-
que o sujeito passivo retire do citado serviço público. riável) pelo serviço prestado (sanea- (Processo n.º 22/14.4BECTB, de 19-
5. A tarifa ou preço do serviço de saneamento tem mento), que, forçosamente, englobará 12-2017)
Carlos Paiva, Rui Duarte, Natália Gravato, José Francisco Bicha, Gilberto Pires e Amélia Simão Silva

RAP DE SERNANCELHE
30 DE NOVEMBRO DE 2018

PRESENÇAS Não havendo superior hie- artigo 56.º do SIADAP “a ava-


rárquico entre o trabalhador liação é da competência do
e o Presidente da Câmara, superior hierárquico imediato
DISTRITO DE CASTELO BRANCO ou, na sua ausência ou impe-
Pergunta-se:
Câmaras Municipais: Castelo Branco e Fundão dimento, do superior hierár-
a) Quem tem competência quico de nível seguinte (…) ”,
Empresas Municipais: ADC - Águas da Covilhã, EM
para avaliar? competindo, de acordo com
b) Quem contratualiza ob- a alínea d) desse mesmo
DISTRITO DE GUARDA jetivos e competências preceito ao avaliador “avaliar
Câmaras Municipais: Celorico da Beira, Figueira de com o trabalhador? os trabalhadores diretamente
Castelo Rodrigo, Guarda, Meda, Trancoso subordinados, assegurando
c) Quem avalia se os resul- a correta aplicação dos prin-
tados foram atingidos? cípios integrantes da avalia-
DISTRITO DE VISEU ção”.
Câmara Municipal: Moimenta da Beira, Mortágua, Pe- CONCLUSÃO Mas face à questão de saber
nedono, Resende, Sátão, Sernancelhe, Tarouca, Tran-
A representante da CCDR quem deve avaliar o traba-
coso, Viseu lhador quando não há qual-
Norte, relativamente a
esta questão, informou o quer superior hierárquico
seguinte: entre este e o presidente de
ATAM câmara, aproveita-se para
Os normativos legais que alertar para a seguinte situa-
Presidente da Direção: Francisco Alveirinho Correia
devem aplicar-se ao caso ção:
Delegado do Distrito de Castelo Branco: Gilberto concreto são o Decreto Re-
Manuel Pires gulamentar n.º 18/2009, de 4 Nos municípios, o presiden-
de setembro, que procedeu te da câmara municipal é o
Delegada do Distrito da Guarda: Amélia Simão Silva
à adaptação aos serviços dirigente máximo, de acordo
Delegado do Distrito de Viseu: Rui Alexandre Duarte da administração autárqui- com o disposto no artigo 3.º,
ca do sistema integrado de n.º 1, alínea a), do Decreto
Gabinete de Estudos: José Francisco Bicha
avaliação do desempenho Regulamentar n.º 18/2009,
na Administração Pública e de 4 de setembro, quando
naturalmente, no que nesse menciona que “As referências
CCDR NORTE feitas ao membro do Governo
diploma não esteja previsto,
Direção de Serviços de Apoio Jurídico e à Administra- a Lei n.º 66-B/2007, de 28 ou ao dirigente máximo do
ção Local: Natália Gravato de dezembro com as altera- serviço ou organismo na Lei
ções introduzidas pelas Leis n.º 66-B/2007, de 28 de de-
n.º 64-A/2008, de 31/12, n.º zembro, consideram-se feitas:
A - RECURSOS 55-A/2010, de 31/12, e n.º a) Nos municípios, ao presi-
dente da câmara municipal”
HUMANOS 66-B/2012, de 31/12 – SIA-
DAP. E ao dirigente máximo com-
1.ª QUESTÃO - SIADAP Ora, nos termos do n.º 1 do pete de acordo com as
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RAP DE SERNANCELHE
alíneas e) - homologar as «Data Reunião: 2016-05-24 câmara municipal seja con- contratualiza objetivos e
avaliações e f) - decidir das siderado o seu avaliador, fica competências.
Data Homologação: 2016-
reclamações dos avaliados, aquele impedido de exercer
08-03 e) Quem avalia se os resul-
ambas no n.º 1 do artigo 60.º a competência de homologa-
tados foram atingidos?
do SIADAP, pelo que tais Pergunta ção das avaliações, que deve
competências - competência ser por esse facto delegada. O avaliador previamente
Podem os eleitos locais, nos
para avaliar e competência definido no início do ciclo
casos em que não existem d) Quem contratualiza ob-
para homologar e decidir re- avaliativo é que procede à
nos municípios unidades or- jetivos e competências
clamações - não podem in- avaliação do trabalhador ou
gânicas dirigidas por dirigen- com o trabalhador?
cidir sobre a mesma pessoa. dos trabalhadores que se
tes intermédios ou em que os
Ao avaliador, de acordo com encontrem sob a sua alçada,
Anote-se, no entanto, que de respetivos cargos não se en-
a alínea a) do n.º 1 do arti- de acordo com o disposto na
acordo com o n.º 3 do artigo contram providos ou os diri-
go 56.º da Lei n.º 66-B/2007 alínea d) do n.º 1 do artigo
60.º a competência para ho- gentes não possam, por qual-
(SIADAP), compete “Nego- 56.º do SIADAP.
mologar as avaliações pode quer razão, ser avaliadores,
ciar os objetivos do avaliado,
ser delegada nos “demais di- desempenhar estas funções E cabe ao avaliador durante
de acordo com os objetivos
rigentes superiores do servi- no âmbito do SIADAP 3? o mês de fevereiro do ano
e resultados fixados na sua
ço”, devendo esta expressão seguinte àquele em que se
Solução Interpretativa unidade orgânica ou em exe-
ser devidamente adaptada à completa o ciclo avaliativo
Os eleitos locais podem ser cução das respetivas compe-
especificidade da adminis- e após a harmonização das
avaliadores, no âmbito do tências e fixar os indicadores
tração autárquica de modo propostas de avaliação reali-
SIADAP 3, nos casos em que de medida de desempenho,
a possibilitar que essa dele- zar a reunião destinada a dar
não existem nos municípios designadamente os critérios
gação opere não só nos “di- conhecimento da avaliação
unidades orgânicas dirigidas de superação de objetivos, no
rigentes superiores do servi- - cf. artigo 65.º da Lei n.º 66-
por dirigentes intermédios ou quadro das orientações gerais
ço”, mas quando os mesmos B/2007.
em que os respetivos cargos fixadas pelo Conselho Coor-
não existam em vereadores. A ATAM, nos pareceres que
não se encontram providos ou denador da Avaliação”.
Aproveita-se, aliás, para tra- vem emitindo, em situações

De acordo com o n.º 3 do artigo 60.º a competência para homologar as avaliações pode
ser delegada nos “demais dirigentes superiores do serviço”, devendo esta expressão ser de-
vidamente adaptada à especificidade da administração autárquica de modo a possibilitar
que essa delegação opere não só nos “dirigentes superiores do serviço”, mas quando os
mesmos não existam em vereadores.

zer à colação a possibilidade os dirigentes não possam, por Aliás, essa contratualização similares, tem concluído no
de os eleitos locais serem qualquer razão, ser avaliado- de objetivos e competências mesmo sentido.
avaliadores, matéria essa res. para o biénio seguinte pode Face às especificidades do
que foi abordada numa Reu- ser feita na reunião entre Poder Local, a não se admi-
Em síntese e compaginando
nião de Coordenação Jurídi- avaliador e avaliado destina- tirem estas soluções, muitos
os normativos em presença,
ca e que mereceu a elabora- da a avaliar o desempenho trabalhadores poderiam ser
considera-se que o traba-
ção e homologação de uma - cf. alínea d) do artigo 61.º prejudicados no seu procedi-
lhador em causa deve ser
Solução Interpretativa Uni- do SIADAP a propósito das mento de avaliação.
avaliado pela pessoa identi-
forme (SIU), que se encontra fases do processo de avalia-
ficada no início do ciclo ava- No entanto, o colaborador
disponível em: ção.
liativo e que deve ser prefe- do Gabinete de Estudos da
- http://www.portalautarquico. rencialmente um vereador. Concluindo, é o avaliador ATAM, José Bicha, informou
dgal.gov.pt/pt-PT/reunioes- Caso tal não seja de todo previamente definido no iní- que, a título pessoal, sem-
-de-coordenacao-juridica/ exequível e o presidente da cio do ciclo avaliativo que pre discordou deste tipo de
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RAP DE SERNANCELHE

procedimento em virtude de considerar que o poder comparecer no seu local de normal de trabalho diário”.
político não deve interferir, diretamente, nos atos rela- trabalho sendo que estabe-
cionados com a avaliação do desempenho dos traba- leceu, em função do grau de E com base neste conceito
lhadores por não existir uma verdadeira relação hierár- parentesco ou afinidade, um decidiu o tribunal que “os 5
quica entre os autarcas e os trabalhadores, e a própria período de tempo distinto - dias seguidos têm de ser por
Lei prever soluções que permitem resolver este tipo de 5 ou 2 dias consecutivos - reporte a dias de trabalho para
problemas (por ex. a ponderação curricular). Recordou considerado razoável para que se possa falar em falta.”
que, em sede do anterior sistema de classificação de que este se adapte à perda Como referido e mesmo ten-
serviço sempre defendeu idêntica posição, ao con- da pessoa em causa, fican- do conhecimento dessa deci-
trário, tal como agora, das CCDR’S e DGAL, mas já do disponível para regressar são, manteve esta direção de
depois do sistema ter sido revogado e substituído, o ao serviço. serviços o entendimento que
STA, em acórdão, veio a dar-lhe razão, concluindo que a contagem se faz de modo
Assim, esse período má-
os autarcas não podiam participar no procedimento de consecutivo e não apenas
ximo de tempo, limitado a
classificação de serviço (não poderiam ser notadores). através da contabilização de
dois ou cinco dias consecu-
tivos é variável consoante o dias úteis, o que pode, aliás,
grau de proximidade familiar ser consultado na página
2.ª QUESTÃO – Faltas por nojo eletrónica da CCDRN a pro-
entre o trabalhador e a pes-
Nas faltas por nojo, soa falecida e prossegue a pósito da INF_DSAJAL_TR_
finalidade referida. 7493/2016.
Pergunta-se:
Esta Direção de Serviços Acresce ainda referir em
São considerados dias seguidos ou úteis?
tem entendido que estes sede de instrumentos de re-
O entendimento do ACT é de dia úteis, porque são dias se contam de forma se- gulamentação coletiva para
dias de falta ao trabalho onde não é incluído sába- guida, independentemente os empregadores públicos
dos, domingos e feriados, porque não se trabalha de coincidirem com dias de que o “acordo coletivo de
nesses dias. trabalho, ou dias de descan- carreira é a convenção co-
so, ou seja devem ser con- letiva aplicável no âmbito
secutivos, sem interrupção de uma carreira ou de um
CONCLUSÃO e sem se reportarem apenas conjunto de carreiras, inde-
a dias de trabalho. pendentemente do órgão
Quanto a esta questão a representante da CCR
ou serviço onde o trabalha-
Norte informou que: De qualquer modo e sem co-
dor exerça funções” e que o
No que diz respeito ao regime de faltas aplica-se o dis- locar em crise este entendi-
“acordo coletivo de empre-
posto nos artigos 133.º e seguintes da LTFP aprovada mento, esta Direção de Ser-
gador público é a convenção
e publicada em anexo à Lei n.º 35/2014, de 20 de ju- viços teve conhecimento de
coletiva aplicável no âmbito
nho, remetendo-se nas matérias que aí não se encon- uma decisão do Tribunal de
do órgão ou serviço onde o
tram reguladas para o Código do Trabalho (CT). Instância Central - Secção
trabalhador exerça funções.”
de Trabalho que considerou
Ora, no que diz respeito às faltas motivadas por faleci- - cf. n.ºs 6 e 7 do artigo 13.º
que para a contagem dos
mento de cônjuge, parente ou afim aplica-se por força do Anexo à Lei Geral de Tra-
dias seguidos era necessá-
da alínea h) do n.º 1 do artigo 4.º da LTFP o disposto balho em Funções Públicas
rio ter em consideração o
no artigo 251.º do Código do Trabalho, que vem dispor (LTFP) - aprovada pela Lei n.º
conceito de falta, pois de
que o trabalhador pode faltar justificadamente até cin- 35/2014, de 20 de junho, na
acordo com o artigo 133.º
co dias consecutivos, por falecimento de cônjuge não sua atual redação.
do Anexo à LTFP (conceito
separado de pessoas e bens ou de parente ou afim no aliás idêntico ao que se ins- Ora de acordo com o artigo
1.º grau na linha reta; ou até dois dias consecutivos, creve no artigo 248.º do CT) 14.º - Articulação de acordos
por falecimento de outro parente ou afim na linha reta a falta pressupõe “a ausên- coletivos - anexo à LTFP os
ou no 2.º grau da linha colateral. cia de trabalhador do local “acordos coletivos de traba-
Entendeu o legislador que o falecimento de um familiar em que devia desempenhar lho são articulados, devendo
justifica a dispensa da obrigatoriedade do trabalhador a atividade durante o período o acordo coletivo de carreira
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RAP DE SERNANCELHE

indicar as matérias que po- seguidos, independente- por ponderação curricular artigo 43.º do SIADAP, pelo
dem ser reguladas pelos acor- mente de coincidirem com que também se encontra
Da avaliação por ponderação
dos coletivos de empregador dias de trabalho, de descan- sujeita ao cumprimento das
curricular,
público; enquanto “Na falta so, ou feriados, ou seja, é fases inscritas no âmbito do
de acordo coletivo de carrei- efetuada de modo consecu- Pergunta-se: processo de avaliação, como
ra (...), o acordo coletivo de tivo, sem interrupção e sem sejam, a harmonização das
Cabe reclamação?
empregador público apenas se reportar apenas a dias de propostas de avaliação, reu-
pode regular as matérias rela- trabalho. nião entre avaliador e avalia-
tivas a segurança e saúde no CONCLUSÃO do, validação da avaliação,
Entende-se também que esta
trabalho e duração e organi- homologação, reclamações
matéria, por não ser matéria Foi a seguinte a informa-
zação do tempo de trabalho, e outras impugnações. De
disponível, não pode ser es- ção da representante da
excluindo as respeitantes a facto ao avaliado por ponde-
tatuída de forma diferente CCDR Norte:
suplementos remuneratórios. ração curricular estão confe-
em sede de instrumentos de
De acordo com o n.º 5 do ridos os mesmos deveres e
Ora, quanto a esta temática, regulamentação coletiva.
artigo 57.º da Lei n.º 66- direitos.
a Cláusula 17.ª- Articulação
entre acordos coletivos de Acrescente-se, face à cir- B/2007, de 28/12 (SIADAP) é
Assim sendo e compaginan-
trabalho - do Acordo Coletivo cunstância da pergunta se conferido ao avaliado o direi-
do os preceitos legais invo-
de Trabalho n.º 1/2009, es- reportar a uma interpretação to de reclamação, de recurso
cados, pode o avaliado re-
clarece também que os acor- do texto legal efetuada pela e de impugnação jurisdicio-
clamar do ato de homologa-
dos de entidade empregado- Autoridade para as Con- nal.
ção da avaliação por ponde-
ra pública podem regular as dições de Trabalho, que a E o dever de decidir das re- ração curricular, como pode
matérias relativas à duração mesma não pode ser invoca- clamações dos avaliados, qualquer avaliado reclamar
e organização do tempo de da no seio da administração compete ao dirigente máxi- da avaliação que resulta do
trabalho, excluindo suple- pública, pelo que não se al- mo do serviço que no caso cumprimento de requisitos
mentos remuneratórios, se- tera o entendimento expres- do município e consoante foi legais, assumindo essa prer-
gurança, higiene e saúde so. a propósito da primeira ques- rogativa um meio de impug-
no trabalho e definição dos tão mencionado, pertence ao nação de um ato adminis-
A ATAM concorda com esta
serviços mínimos durante a presidente da câmara muni- trativo perante o seu próprio
posição. O legislador, ao in-
greve. cipal – alínea f) do artigo 60.º autor, no caso perante o pre-
serir na norma o termo “con-
do SIADAP – incorporando sidente da câmara municipal
Face ao exposto e numa in- secutivos” (alíneas a) e b) do
aliás a reclamação e outras por ter competência para ho-
terpretação a contrario do n.º 1 do artigo 251.º do CT)
impugnações uma das fases mologar a avaliação.
disposto na Cláusula 17.ª decerto quis dizer algo dife-
supra citada, entende-se do processo de avaliação.
rente do conceito normal de A ATAM concorda com esta
também que o acordo cole- falta, pois, caso contrário, Acresce que o direito do posição. Caso assim não
tivo de entidade empregado- não o teria feito. avaliado reclamar do ato de fosse, neste procedimen-
ra pública não pode regular homologação está inscrito to de avaliação, legalmente
esta matéria, ou seja, não Deverá, ainda, atender-se ao no artigo 72.º do SIADAP, es- previsto e com regulação
pode dispor de regra diversa princípio da legalidade, ao tando definido aliás o prazo específica, as garantias dos
para a contagem das faltas qual a Administração Pública em que o deve efetuar, bem avaliados ficariam diminuí-
motivadas por falecimento se encontra especialmente como o prazo para ser to- das.
de familiar. vinculada, pelo que, quer a mada a respetiva decisão,
ACT, quer outras entidades bem como as circunstâncias
Em síntese e tendo em con-
similares, não são detentoras que devem ser atendíveis na
sideração o exposto consi- 4.ª QUESTÃO - Mobilida-
do poder de fazer Leis nem apreciação a efetuar.
dera-se que nas faltas por de. Posição remunerató-
as suas instruções ou con-
motivo de falecimento de Ora, a ponderação curricular ria
clusões são vinculatórias.
cônjuge, parente ou afim, a traduz-se numa avaliação,
contagem dos dias de au- consoante resulta claramen- Um coordenador técnico
sências efetua-se em dias 3.ª QUESTÃO - Avaliação te do n.º 7 do artigo 42.º e do está em mobilidade na ca-
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RAP DE SERNANCELHE

tegoria de técnico superior, remunerado pela cate- – fica posicionado na 1.ª é possível beneficiar de
goria de origem, em posição remuneratória imedia- posição remuneratória de qualquer contagem que
tamente superior à detida antes da mobilidade. técnico superior. possibilite a alteração da
posição remuneratória.
Aquando da consolida-
Pergunta-se:
ção e tendo presente o
A ATAM, relativamente à mo-
Se consolidar na categoria de técnico superior, artigo 27.º da LOE para
bilidade intercarreiras, para
pode ser remunerado pela 4.ª posição? 2018 – Lei n.º 114/2017,
a carreira técnica superior,
de 29/12, vai consolidar
informou que a posição as-
na 2.ª posição remunera-
sumida pela CCDR Norte é a
tória de modo a aplicar as
CONCLUSÃO que mais se enquadra na letra
regras mínimas de posi-
da Lei, sendo também, nesse
A representante da CCDR Norte informou o seguin- cionamento resultante de
sentido que são emitidos os
te: procedimento concursal.
pareceres da ATAM. No en-
Apesar de não ter sido clarificada a posição remunera- - Caso de trabalhador que tanto, algumas CCDR’S, de-
tória do trabalhador em questão, quer na situação de durante a situação de mo- signadamente a CCDR Cen-
origem, quer na situação de destino (ou seja na mobili- bilidade intercarreiras al- tro, emitiram pareceres ad-
dade), refira-se que passou a ser possível a consolida- tera a posição remunera- mitindo que, em sede de mo-
ção da mobilidade intercarreiras – cf. artigo 99.º-A da tória na carreira de origem bilidade intercarreiras para a
LTFP, aditado pelo artigo 270.º da Lei n.º 42/2016, de por força da aplicação do carreira e categoria de técni-
28/12 (Lei do Orçamento do Estado para 2017). artigo 18.º da LOE 2018. co superior o posicionamento
remuneratório seja logo feito
E a consolidação da mobilidade quando esteja em cau- E se dessa alteração na
na 2.ª posição remuneratória.
sa a mobilidade intercarreiras ou intercategorias no situação de origem, que
mesmo órgão ou serviço, implica o cumprimento dos tem de ser considerada Igual entendimento tem o
requisitos legais fixados e depende de proposta do res- de forma faseada, resul- STAL. Subsistindo a dúvida e
petivo dirigente máximo e de decisão do responsável tar a necessidade de se face ao atual regime de res-
pelo órgão executivo. proceder à alteração no ponsabilidades sugeriu-se as
posicionamento na mo- maiores cautelas a todos os
E como esta Direção de Serviços tem tido oportunida-
bilidade, deve tal ser efe- colegas que sejam chamados
de de referir, a consolidação da mobilidade processa-se
tuado antes de verificada a pronunciar-se sobre este
nos exatos termos em que o trabalhador se encontra-
a consolidação, ou seja, assunto.
va durante a situação transitória. Ou seja, a remunera-
enquanto se encontra em
ção auferida durante a mobilidade, regulada pelo artigo
mobilidade. Após efetiva- 5.ª QUESTÃO - Direito a
153.º da LTFP passa a integrar a esfera jurídica do tra-
balhador no momento da consolidação, mantendo-se
da a consolidação, não férias
nos precisos termos.

Em conclusão:

Com a consolidação da mobilida-


de, o trabalhador mantém o mesmo
posicionamento remuneratório.

Situações diversas:

- Caso de trabalhador que por


mobilidade intercarreiras vai
exercer funções na carreira téc-
nica superior e que na sequên-
cia da aplicação das regras rela-
tivas ao posicionamento remu-
neratório - artigo 153.º da LTFP
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RAP DE SERNANCELHE

Pergunta-se: Trabalho em Funções Públi- - Pedro Romano Martinez, Afigura-se pois, em con-
cas (LGTFP) não dispor dire- “Direito do Trabalho”, 8.ª clusão, não existir qualquer
Um trabalhador pode re- tamente sobre esta matéria, Edição, Almedina, 2017, impedimento legal a que de-
nunciar ao direito a férias valendo, neste domínio, as página 578: terminado trabalhador que
em anos consecutivos? regras (supletivas) do Código «A renúncia está limitada exerce funções públicas re-
do Trabalho, em conformi- a dois dias, como decor- nuncie, em anos consecu-
dade com o disposto no n.º re do disposto no n.º 5 tivos, ao direito a determi-
CONCLUSÃO 1 do artigo 126.º da referida nados dias de férias, tendo
do art.º 238.º do CT».
A representante da CCDR lei, não obstante não se con- presente o n.º 5 do artigo
siderar uma boa prática em - Diogo Vaz Marecos, 238.º do Código do Trabalho,
Norte, quanto a esta ques-
termos de gestão organiza- “Código do Trabalho aplicável ao trabalhador que
tão, informou:
cional. comentado”, 3.ª Edição, exerce funções públicas ex vi
O direito a férias dos tra- Almedina, 2017, página n.º 1 do artigo 4.º e n.º 1 do
balhadores que exercem Por outro lado, também o dis- 676: artigo 126.º do Anexo à LTFP.
funções públicas aparece posto no n.º 4 do artigo 152.º
“8. A renúncia referida no
regulado no artigo 126.º do da LTFP aponta para a mes- A ATAM concorda com esta
n.º 5 é um direito que não
Anexo à LTFP, devendo em ma conclusão, na medida em interpretação.
carece de aceitação da
tudo o que não consta desse que indica que a redução do
outra parte, para que pos-
diploma aplicar-se o Código período de férias se rege pelo
sa ser exercida. 6.ª QUESTÃO - Substitui-
do Trabalho. Código do Trabalho».
A faculdade permitida pelo ção de tesoureiro. Abono
Ora de acordo com o n.º 4 Acresce que do conjun- para falhas
n.º 5 admite que o traba-
do artigo 238.º do Código do to de perguntas frequentes
lhador, em detrimento de O tesoureiro é substituído
Trabalho o “trabalhador pode da DGAEP, disponibilizado
gozar todos os dias de por uma colega, nas pausas
renunciar ao gozo de dias de em: https://www.dgaep.gov.pt/
férias a que tem direito, para almoço e nas férias e
férias que excedam 20 dias index.cfm?OBJID=b8a129f3-
preste o seu trabalho nal- faltas.
úteis, ou a correspondente 8 e b 7 - 4 b 5 6 - 9 3 2 f -
guns dos dias que deveria
proporção no caso de férias f084b9abab44&ID=45000000 Pergunta-se:
recuperar, sendo eviden-
no ano de admissão, sem consta que
temente remunerado pela Quando o tesoureiro falta
redução da retribuição e do prestação do trabalho meio-dia, a substituta tem
“8. O trabalhador com víncu-
subsídio relativos ao período nesse período, sem que direito a receber abono para
lo de emprego público pode
de férias vencido, que cumu- com semelhante conduta falhas?
renunciar parcialmente ao
lam com a retribuição do tra- possa ter qualquer dimi-
direito a férias recebendo
balho prestado nesses dias”. nuição da retribuição e do
a remuneração e o subsídio
subsídio relativos ao perío- CONCLUSÃO
Anote-se que atualmente e à respetivos, sem prejuízo de
luz da LTFP o direito a férias assegurar o gozo efetivo de do de férias vencido. Si- Pela representante da
deixou de ser irrenunciável, 20 dias úteis de férias ou a multaneamente, quando o CCDR Norte foi prestada a
imprescritível e não patrimo- correspondente proporção trabalhador renuncie a al- seguinte informação:
nializado. no caso de férias no ano de guns dos dias de férias, a
O direito ao abono para fa-
admissão? lei impõe um período míni-
Esta CCDR já informou que lhas tem como suporte legal
mo de duração das férias:
“a possibilidade de renúncia a Sim, nos termos do n.º 5 do de atribuição o Decreto-Lei
20 dias úteis, de modo a
dias de férias prevista no n.º artigo 238.º do Código do n.º 4/89, de 6 de janeiro (al-
salvaguardar que o traba-
5 do artigo 238.º do Código Trabalho, aplicável ex-vi n.º 1 terado pelo Decreto-Lei n.º
lhador pode recuperar físi-
do Trabalho, com os limites do artigo 4.º e n.º 1 do artigo 276/98, de 11 de setembro
ca e psiquicamente, bem
aí impostos, é aplicável aos 126.º da LTFP”. e pela Lei n.º 64-A/2008, de
como beneficiar de dispo-
trabalhadores em funções pú- 31 de dezembro), sendo de
Também sobre esta matéria nibilidade pessoal, integra-
blicas.” destacar que, nos termos
se verifica unanimidade na ção na vida familiar e par-
dos n.ºs 1 e 3 do artigo 2.º
Esta posição resulta da cir- doutrina, pelo que aqui se ticipação social e cultural,
deste diploma têm “direito a
cunstância da Lei Geral do cita: cf. n.º 4 do artigo 237.º.”
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RAP DE SERNANCELHE

um suplemento remuneratório designado ‹abono para sibilidade de em situações go 4.º n.º 3 da Lei n.º 46/86,
falhas› os trabalhadores que manuseiem ou tenham à excecionais, devidamen- de 14 de outubro).
sua guarda, nas áreas de tesouraria ou cobrança, va- te fundamentados, poder
Pergunta-se:
lores, numerário, títulos ou documentos, sendo por eles ser fracionado, a favor dos
responsáveis”, podendo “ser reconhecido a mais de um trabalhadores que a ele te- Pode o trabalhador público
trabalhador por cada órgão ou serviço, quando a ativida- nham direito e distribuído na faltar justificadamente, até
de de manuseamento ou guarda referida no n.º 1 abranja proporção do tempo de ser- 4 horas por trimestre, para
diferentes postos de trabalho.” viço prestado no exercício acompanhar a situação de
das funções. filho que frequente creche
Acresce referir que o artigo 3.º prevê que “sempre que
ou pré-escolar? Ou a norma
se verifique impedimento temporário dos titulares do di- O que não quer dizer que
abrange apenas os ensinos
reito ao abono para falhas, será o mesmo atribuído aos quando o tesoureiro falte
da educação escolar?
funcionários ou agentes que os substituam no exercício meio-dia, a sua substituta
efetivo das suas funções.” adquira, sem mais, o direi-
to a essa parcela do abono CONCLUSÃO
Saliente-se, ainda, que o Despacho 15 409/2009, de
para falhas. Tal só será pos-
30 de junho, que regulamentou o consignado neste Sobre esta matéria a repre-
sível, face ao n.º 3 do artigo
diploma, estabelece no seu n.º 4 que “o abono para sentante da CCDR Norte
5.º do Decreto-Lei n.º 4/89,
falhas é apenas devido quando haja efetivo exercício de informou:
de 6 de janeiro, se essa si-
funções e enquanto perdurarem as condições que deter-
tuação configurar uma si- Nos termos da alínea f) do
minaram a sua atribuição.”
tuação excecional devida- n.º 2 do artigo 134.º anexo à
Ora, o n.º 1 do artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 4/89 acres- mente fundamentada. LTFP são consideradas faltas
centa que o “abono para falhas é reversível diariamente justificadas, as motivadas
A ATAM concorda com as in-
a favor dos funcionários ou agentes que a ele tenham por deslocação a estabeleci-
formações prestadas, tendo
direito e distribuído na proporção do tempo de serviço mento de ensino de respon-
o colaborador do Gabinete
prestado no exercício das funções” e o n.º 3 do mesmo sável pela educação de me-
de Estudos da ATAM, José
normativo acrescenta que em “casos excecionais, a nor por motivo da situação
Bicha, chamado à atenção
reversibilidade de área de abono para falhas pode ser educativa deste, pelo tempo
para o facto de que, embora
fracionada a favor dos funcionários ou agentes que a ele estritamente necessário, até
até à presente data tal não
tenham direito e distribuída na proporção do tempo de quatro horas por trimestre,
tenha sido objeto de retifi-
serviço prestado no exercício das funções.” por cada menor.
cação, quando, no disposto
O trabalhador só tem direito a receber esse abono, nos no n.º 3 do artigo 5.º, retro Compaginando os diplomas
dias em que efetivamente desempenhou funções, ou referido se diz “de área”, legais existentes sobre edu-
nas situações equiparadas por lei a serviço efetivo, sob pena da expressão não cação e ensino de modo a
consoante disposto nos n.ºs 1, 2 e 4 do artigo 159.º ter significado deverá ler-se clarificar o que o legislador
da LTFP. “diária”. pretende englobar no con-
E apesar de estar fixado o montante mensal do abo- ceito de estabelecimento de
no para falhas, tal circunstância não significa que os ensino e situação educativa
trabalhadores que a ele tiverem direito sejam abona- 7.ª QUESTÃO - Faltas para cabe apontar o seguinte:
dos mensalmente daquele quantitativo, podendo, no Acompanhamento Escolar
O Decreto-Lei n.º 75/2008,
entanto, esse valor ser atribuído de forma diária, por (artigo 134.º, n.º 2 alínea f)
de 22/04, alterado pelo De-
recurso à fórmula constante do n.º 2 do artigo 5.º do da LTFP)
creto-Lei n.º 224/2009, de
Decreto-Lei n.º 4/89, de 6 de janeiro. O que significa A este propósito, o legisla- 11/09, e pelo Decreto-Lei n.º
que esse abono pode ser atribuído ao titular do abono dor refere-se na norma «a 137/2012, de 2/07, aprova o
para falhas, ou ao seu substituto, apesar de não ser estabelecimento de ensino» regime de autonomia, admi-
possível a sua atribuição em simultâneo ao titular e ao e «situação educativa». A nistração e gestão dos esta-
substituto. educação escolar «com- belecimentos públicos da
Está pois consagrado um princípio da reversibilidade preende os ensinos básico, educação pré-escolar e dos
diária deste suplemento que tem como exceção a pos- secundário e superior» (arti- ensinos básico e secundá-
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RAP DE SERNANCELHE

rio. Neste diploma é referida nado a essa clarificação. (cf. No entanto, a situação esta- a tempo inteiro? Em caso
a integração de estabeleci- Anexo I). ria devidamente clarificada afirmativo, o secretário
mentos de educação pré-es- se o legislador, em sede de tem direito à correspon-
Em conclusão: Na ausência
colar e escolas de diferentes aprovação do Estatuto do dente senha de presença
de qualquer clarificação da
níveis e ciclos de ensino. aluno e ética escolar (Lei n.º e eventual subsídio de
alínea f) do n.º 2 do artigo
51/2012 de 5/09) e especifi- transporte?
Já a Lei n.º 46/86, de 14/10 134.º da LTFP, considera-se
camente no que se reporta
na sua versão atualizada, re- que se pode incluir nas faltas
ao cumprimento dos deveres
fere no artigo 4.º que o siste- motivadas por deslocação
dos encarregados de educa- CONCLUSÃO
ma educativo compreende a do responsável pela educa-
ção (artigo 43.º) incluísse no
educação pré-escolar, a edu- ção do menor por motivo da A representante da CCDR
dito estatuto, como obriga-
cação escolar e a educação situação educativa, as que Norte informou que:
tório, o ensino pré-escolar, o
extraescola, corresponden- ocorrem para deslocação a
que não fez (o artigo 1.º ape- Esta CCDR já se pronunciou
do à educação escolar os “estabelecimento de ensi-
nas refere, expressamente, sobre esta questão na INF_
ensinos básico, secundário no”, englobando-se nesse
os ensino básico e secundá- DSAJAL_LIR_7484/2016,
e superior e integrando ain- conceito o estabelecimento
rio), facto que poderá gerar de 03-10-2016, tendo na
da as modalidades especiais onde é conferida educação
dúvidas quanto à justificação ocasião analisado o Parecer
e atividades de ocupação de pré-escolar e educação es-
do tipo de faltas em questão. do Conselho Consultivo da
tempos livres. colar que corresponde ao
PGR n.º P001202005, publi-
ensino básico, secundário e
O Despacho Normativo n.º cado no D.R., 2.ª série em
superior.
6/2018, publicado no D.R. n.º 07.08.2006, à luz do qual
72, Série II, de 12.04.2018, Este entendimento resulta B – ELEITOS LOCAIS o exercício do mandato de
que estabelece os procedi- da interpretação efetuada ao vereador em regime de não
mentos da matricula e respe- termo “estabelecimento de permanência não se configu-
tiva renovação e as normas a ensino” com base no contri- 8.ª QUESTÃO - Substituição
ra como uma atividade pro-
observar na distribuição de buto que é dado para esse de eleito local por membro
fissional, enquanto o man-
crianças e alunos refere-se efeito pelo artigo 4.º da Lei de Gabinete de Apoio à Ve-
dato exercido em regime de
a “estabelecimento de edu- n.º 46/86, de 14/10 que con- reação
permanência, já se configura
cação e de ensino” incluin- sidera que o sistema educa- como uma atividade profis-
Um secretário do Gabine-
do os jardins-de-infância, tivo compreende a educação sional.
te de Apoio à Vereação, é
as escolas integradas em pré-escolar e a educação
o cidadão imediatamente a
escolar. Assim e tendo começado
agrupamentos de escolas de seguir na respetiva lista elei-
por apreciar os normativos
rede pública, as escolas não Assim sendo, o trabalhador toral.
referentes ao preenchimento
agrupadas, os estabeleci- pode utilizar este tipo de fal-
Pergunta-se: de vagas ocorridas nos ór-
mentos de ensino particular tas para se deslocar a esta-
gãos autárquicos (artigo 78.º
e cooperativo com contrato belecimento pré-escolar com a) Pode substituir um Verea-
da Lei n.º 169/99, de 18 de
de associação e as escolas vista a fazer o acompanha- dor em regime de tempo
setembro na sua atual reda-
profissionais com financia- mento da situação educativa inteiro, nas suas ausên-
ção, com a Lei orgânica n.º
mento público. do seu filho menor, devendo cias em reunião de Câ-
1/2001, de 29 de agosto) na
tal ausência ser devidamente mara?
Entretanto a Portaria n.º sequência de ausência infe-
comprovada, quer através da
31/2018, de 23/01 identifica b) Verificando-se a ausên- rior a 30 dias, para depois
exibição de comprovativo da
as unidades orgânicas de en- cia de dois Vereadores atender à legislação, doutri-
convocatória, quer de decla-
sino da rede pública do Mi- na mesma reunião de na e jurisprudência relacio-
ração de presença.
nistério da Educação, consti- Câmara, sendo que um nadas com as incompatibi-
tuídas por agrupamentos de A ATAM não discorda da po- deles não se encontra a lidades (n.º 5 do artigo 43.º
escolas e escolas não agru- sição assumida pela CCDR tempo inteiro, poderá o Anexo à Lei n.º 75/2013, de
padas a funcionar no ano es- Norte relativamente a esta secretário ser convocado 12 de setembro, que remete
colar de 2017-2018, mas não questão, atendendo aos fun- para substituir o Verea- para o n.º 5 do artigo 22.º
dá qualquer contributo desti- damentos que são invocados. dor que não se encontra do Decreto-Lei n.º 11/2012,
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RAP DE SERNANCELHE

de 20/01) e impedimentos (artigos 69.º e seguintes do sido elaborada solução in- substitui o vereador sem que
CPA) dos titulares desses órgãos e dos membros dos terpretativa uniforme. ocorra a suspensão do man-
gabinetes de apoio à vereação concluiu-se o seguinte: dato, intervém e participa
De facto, na referida reu-
nas deliberações, substituin-
1) O exercício do mandato de vereador em regime de nião e de acordo com a res-
do plenamente o eleito local
permanência é incompatível com o de membro do petiva ata, foi entendido por
em falta, faz uma distinção
Gabinete de Apoio aos vereadores, o que inviabili- unanimidade:
entre a situação de vereador
za que este substitua aquele nas suas ausências, “ (…) não haver necessidade em permanência e vereador
nos termos do consignado no n.º 1 do artigo 14.º de SIU, tendo todas as en- a meio tempo.
da Lei Eleitoral dos Órgãos das Autarquias Locais tidades participantes mani-
(Lei Orgânica n.º 1/2001, de 29 de agosto, altera- festado concordância com Em síntese, entende-se que
da pela Lei Orgânica n.º 3/2005, de 29 de agosto e a proposta da CCDR-N no o membro do Gabinete de
pela Lei Orgânica n.º 1/2011, de 30 de novembro), sentido de o exercício simul- Apoio à Vereação não pode
conjugado com a alínea a) do n.º 1 do artigo 3.º do tâneo de funções de mem- substituir nas reuniões da câ-
Decreto-Lei n.º 196/93, de 27 de maio (ex vi n.º 5 bro do gabinete de apoio à mara municipal um vereador
do artigo 22.º do Decreto-Lei n.º 11/2012, de 20 vereação e de substituto de em regime de tempo inteiro,
de janeiro e n.º 5 do artigo 43.º do Anexo I à Lei n.º vereador por períodos até 30 nas suas ausências, face ao
75/2013, de 12 de setembro). dias ser suscetível de criar consignado no n.º 1 do artigo
situações de impedimento 14.º da Lei Eleitoral dos Ór-
2) Na senda da tese defendida pelo Parecer do Con- gãos das Autarquias Locais
selho Consultivo da PGR n.º P001202005 - que nas reuniões de câmara.
(Lei Orgânica n.º 1/2001, de
foi homologado pelo Secretário de Estado da Ad- No que respeita às demais 29 de agosto, alterada pela
ministração Local e é vinculativo para as CCDR’S propostas da CCDR-N, se- Lei Orgânica n.º 3/2005, de
- conclui-se que é possível a acumulação das fun- gundo as quais aquele mem- 29 de agosto e pela Lei Or-
ções de membro do Gabinete de apoio à verea- bro do gabinete não pode gânica n.º 1/2011, de 30 de
ção com o cargo de vereador em regime de não substituir o vereador em re- novembro), conjugado com a
permanência. gime de permanência, por alínea a) do n.º 1 do artigo 3.º
incompatibilidade, mas pode do Decreto-Lei n.º 196/93,
3) Na situação em que se verifique a ausência de
substituir o vereador em de 27 de maio (ex vi n.º 5 do
dois vereadores na mesma reunião de Câmara -
regime de não permanên- artigo 22.º do Decreto-Lei n.º
encontrando-se um deles em regime de perma-
cia, as restantes entidades 11/2012, de 20 de janeiro e
nência e o outro em regime de não permanência
participantes manifestaram n.º 5 do artigo 43.º do Anexo
- considera-se que, estando em causa uma cadeia
concordância com o enten- I à Lei n.º 75/2013, de 12 de
de substituições, o membro do Gabinete pode ser
dimento, manifestado pela setembro).
convocado para substituir este último.
CCDR-C, segundo o qual
4) Saliente-se ainda, que o exercício simultâneo – o substituto, por períodos b) Em caso afirmativo, o se-
mesmo que pontual – das funções de membro do até 30 dias, de um vereador cretário tem direito à cor-
Gabinete de apoio à vereação e de vereador em em regime de permanência respondente senha de pre-
regime de não permanência, é suscetível de criar nunca vai exercer funções sença e eventual subsídio
situações de impedimento quando o membro do autárquicas em regime de de transporte?
Gabinete de Apoio à Vereação tenha de substituir permanência, pelo que um
Em relação à possibilidade
o vereador, nas suas ausências nas reuniões do membro do gabinete de
de o membro do GAP - en-
executivo. De facto, em termos deontológicos, a apoio pessoal que integre a
quanto substituto do verea-
independência e imparcialidade podem ficar com- respetiva lista pode substi-
dor que não se encontra em
prometidas se na reunião do executivo forem, por tuir vereadores em regime
regime de permanência - ter
exemplo, apresentadas propostas elaboradas de permanência e de não
direito a subsídio de trans-
com a sua própria colaboração enquanto membro permanência.”
porte, salienta-se que o n.º
do Gabinete de Apoio aos Vereadores.
No entanto como esta 2 artigo 12.º do Estatuto
Este entendimento foi analisado na Reunião de Coor- CCDR considera que o dos Eleitos Locais - apro-
denação Jurídica de 10 de maio de 2017, não tendo membro do GAP, quando vado pela Lei n.º 29/87, de
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RAP DE SERNANCELHE

30/06, com as alterações da- previsto nesta disposição CONCLUSÃO um instrumento de regulamen-
das pelas Leis n.º 97/89, de legal, apenas se destina aos tação coletiva de trabalho ou de
Sobre esta questão a re-
15/12, n.º 1/91, de 10/01, n.º eleitos locais, que não se en- uma cláusula inserta no contra-
presentante da CCDR Nor-
11/91, de 17/05, n.º 11/96, contrem em regime de per- to ou no despacho de nomea-
te informou:
de 18/04, n.º 127/97, de manência ou de meio tempo ção se isente o trabalhador da
11/12, n.º 50/99, de 24/06, e relativamente a cada reu- O n.º 1 do artigo 45.º da Lei sujeição a um período proba-
n.º 86/2001, de 10/08, n.º nião ordinária ou extraordi- Geral de Trabalho em Fun- tório.”
22/2004, de 17/06; n.º 52- nária do respetivo órgão a ções Públicas (LTFP) esta-
A/2005, de 10/10, e n.º 53- que compareçam e partici- belece que o período ex- Ora, o artigo 4.º da Lei n.º
F/2006, de 29/12 - determi- pem e por cada reunião das perimental corresponde ao 29/87, de 30 de junho, na sua
na que os “vereadores em comissões a que compare- período inicial de execução atual redação, determina:
regime de não permanência çam e participem. das funções do trabalhador e
“No exercício das suas fun-
e os membros da assembleia destina-se a comprovar se o
Assim, o secretário do GAV ções, os eleitos locais estão
municipal têm direito a subsí- mesmo possui as competên-
ao substituir o vereador sem vinculados ao cumprimento
dio de transporte quando se cias exigidas pelo posto de
tempo atribuído, tem direito dos seguintes princípios:
desloquem do seu domicílio trabalho que vai ocupar.
a auferir senhas de presen- a) Em matéria de legalidade e
para assistirem às reuniões
ça pela comparência e par- O n.º 2 do mesmo normativo direitos dos cidadãos: (…)
ordinárias e extraordinárias e
ticipação em reuniões ordi- acrescenta que este período
das comissões dos respetivos v) Não celebrar com a autar-
nárias e extraordinárias da reveste duas modalidades:
órgãos”. quia qualquer contrato, salvo
câmara municipal, conforme
“a) Período experimental do de adesão;”
Assim, considera-se que o determina a alínea c) do n.º 1
vínculo, que corresponde ao
substituto de um eleito local do artigo 5.º e artigo 10.º da Conforme também já foi
tempo inicial de execução do
em regime de não perma- Lei n.º 29/87, de 30 de junho. referido na INF_DSAJAL_
vínculo de emprego público”;
nência tem direito a auferir A ATAM concordou com as TR_9057/2016, de 14-12-
subsídio de transporte nas b) Período experimental de 2016:
conclusões relativas e esta
deslocações que efetue do função, que corresponde ao
questão. “(…) aos eleitos locais está
seu domicílio para assistir às tempo inicial de desempenho
vedada a possibilidade de
reuniões ordinárias e extraor- de nova função em diferente
celebrarem contratos com a
dinárias e das comissões do 9.ª QUESTÃO - Trabalhador posto de trabalho, por traba-
respetiva autarquia, salvo se
respetivo órgão, nos termos em período experimental. lhador que já seja titular de um
os mesmos forem conside-
previstos do n.º 2 do artigo Vereador em regime de não vínculo de emprego público
rados contratos de adesão,
12.º EEL permanência com pelouro por tempo indeterminado”.
sendo que esta solução legal
No que concerne às senhas Um trabalhador que se en- Conforme referem Paulo Vei- conforme se refere em pare-
de presença, determina o n.º 1 contra em período experi- ga e Moura e Cátia Arrimar- cer já emitido por esta Divisão
do artigo 10.º da Lei n.º 29/87, mental, é simultaneamente In “Comentários à Lei Geral de Apoio Jurídico, se destina
de 30 de junho que os eleitos Vereador em regime de não de Trabalho em Funções Pú- “a afastar o risco de colisão
locais que não se encontrem permanência com pelouro blicas”, 1.º volume/Artigos entre interesses públicos (os
em regime de permanência atribuído. 1.º a 240.º,Coimbra Editora, da autarquia) e interesses par-
ou de meio tempo têm direi- pág. 230 - em anotação a ticulares, evitando a possibili-
Pergunta-se:
to a uma senha de presença este normativo: dade da formação da vontade
por cada reunião ordinária ou a) Existe neste caso alguma da autarquia não ser pautada
“Nas situações em que a lei
extraordinária do respetivo situação de incompatibi- pela imparcialidade constitu-
prevê a sujeição do trabalha-
órgão e das comissões a que lidade, impedimento ou cionalmente exigida.”
dor a um período experimental,
compareçam e participem (cf. outra?
este é obrigatório e não pode a O contrato de adesão define-
alínea a) do n.º 1 do artigo 5.º
b) Este eleito local tem direi- Administração dispensar a rea- -se como “aquele em que
da Lei n.º 29/87).
to a senhas por presença lização do mesmo, não sendo, uma das partes, normalmente
Nesta conformidade, o abo- nas reuniões dos órgãos como tal, permitido que através uma empresa de apreciável
no das senhas de presença, autárquicos? de um regulamento interno, de dimensão, formula unilateral-
N.º 416 | O MUNICIPAL
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RAP DE SERNANCELHE

mente as cláusulas negociadas (no comum dos casos, Face ao teor do n.º 1 do ar- 73/2013, de 3 de setembro,
fazendo-as constar de um impresso ou formulário) e a tigo 77.º da Lei n.º 73/2013, diploma que revoga a Lei n.º
outra parte aceita essas condições, mediante a adesão de 3 setembro (Regime Fi- 2/2007, de 15 de janeiro e
ao modelo ou impresso que lhes é apresentado, não nanceiro das AL), desig- que entrou em vigor a 1 de
sendo possível modificar o ordenamento negocial apre- nadamente quando refere janeiro de 2014, a obrigato-
sentado” - In “Dicionário de Conceitos e Princípios (relativamente ao Auditor riedade de certificação legal
Jurídicos”, João Melo de Franco e Herlander Antunes Externo) “… é nomeado por das contas estendeu-se a to-
Martins, Livraria Almedina, Coimbra 1993, pág. 232. “ deliberação do órgão execu- das as autarquias locais, en-
tivo sob proposta do órgão tidades intermunicipais e en-
Porque o intérprete não deve distinguir onde o legis-
executivo…”  tratando-se de tidades associativas munici-
lador não distingue, esta Direção de Serviços tem as-
uma nomeação (não refere pais, devendo os documen-
sumido uma interpretação restritiva desta norma não
contratação), tos de prestação de contas
admitindo que um vereador, mesmo que em regime
dessas entidades obrigadas
de não permanência, possa simultaneamente encon-
Pergunta-se: ao regime de contabilidade
trar-se em período experimental na autarquia na qual
patrimonial, ser remetidos
exerce funções politicas. Está sujeita ao Regime da
ao órgão deliberativo acom-
Contudo, Maria José Castanheira Neves (in “Os Elei- Contratação Pública?
panhado de certificação e
tos Locais”, 2.ª edição revista e ampliada, Braga, 2017,
de parecer sobre as mesmas
Associação de Estudos de Direito Regional e Local
apresentados pelo revisor
(AEDRL), pág. 52) assume que “nunca haverá qualquer CONCLUSÃO
oficial de contas, ou socie-
incompatibilidade com a acumulação de atividades que
A representante da CCDR dade de revisores oficiais de
se devam exercer em exclusividade com as funções de
Norte informou: contas.
autarca em regime de não permanência, dado que (,…),
nestes casos não há acumulação, por o desempenho Em relação ao questionado, Ora, o disposto no n.º 1 do
de funções de autarca neste regime não corresponder a esta Direção de Serviços artigo 77.º da Lei n.º 73/2013,
qualquer tipo de atividade profissional.” também já se pronunciou, de 3 de setembro quando re-
Em conclusão, considera-se que o vereador em regime em parecer emitido em fere que o “auditor externo,
de não permanência, com pelouro atribuído não pode 17.12.2013, que se cita: responsável pela certificação
simultaneamente encontrar-se em período experimen- A Lei n.º 2/2007, de 15 de ja- legal das contas, é nomea-
tal na autarquia local na qual exerce funções políticas neiro, diploma que aprova a do por deliberação do órgão
face à leitura feita da alínea v) do artigo 4.º do EEL. Lei das Finanças Locais, pre- deliberativo, sob proposta do
coniza, no seu artigo 48.º que órgão executivo, de entre revi-
De qualquer modo e tendo presente que o eleito local
“As contas anuais dos muni- sores oficiais de contas ou so-
não pode ser prejudicado no exercício da sua atividade
cípios e das associações de ciedades de revisores oficiais
profissional por causa do desempenho de funções po-
municípios que detenham de contas”, não dispensa o
líticas, sugere-se que o período experimental fique sus-
capital em fundações ou em município de assegurar os
penso enquanto decorrer o exercício das funções como
entidades do setor empre- procedimentos contratuais
vereador sem tempo atribuído, mas com pelouro.
sarial local devem ser verifi- adequados à contratação
A ATAM concordou com estas conclusões. desse auditor externo, seja
cadas por auditor externo”,
Relativamente à perceção de senhas de presença, o ou seja, a obrigatoriedade de ao cumprimento do Código
assunto foi devidamente tratado na questão anterior. verificação das contas anuais dos Contratos Públicos, se-
pelo auditor externo cingia- jam as regras constantes da
-se durante a vigência des- Lei do Orçamento de Estado
vigentes nesta matéria, para
C – REGIME FINANCEIRO se diploma legal apenas aos
o período em que são desen-
municípios e associações de
DAS AUTARQUIAS LOCAIS municípios que detêm capital cadeados os respetivos pro-
em fundações ou entidades cedimentos.
do SEL.
10.ª QUESTÃO - N.º 1 do artigo 77.º da Lei n.º Assim sendo, não dispen-
73/2013, de 3 setembro. Nomeação Com a publicação da Lei n.º sando a Lei n.º 73/2013,
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RAP DE SERNANCELHE

nem tão pouco o Código dos nicípio X - é uma sociedade nal e a proteção dos utentes, to refira-se que o Município
Contratos Públicos o Municí- anónima que tem por objeto e, sem prejuízo da eficiência pode participar em empresas
pio da aplicação das regras o ensino profissional daquele económica, no respeito pe- locais, pode deter participa-
da contratação pública, deve Concelho. los princípios da não discri- ções em sociedades partici-
ser dado cumprimento, quer minação e da transparência, padas ou pode deter outras
O referido Município detém
às regras existentes para a tenham exclusivamente por participações em fundações,
uma participação minori-
realização da despesa, quer objeto uma ou mais das se- cooperativas e associações
tária no seu capital social,
às relativas à formação do guintes atividades: de direito privado, desde que
não detendo qualquer outro
contrato, no que se inclui, direito previsto no n.º 1 do sejam prosseguidos fins de
a) Promoção e gestão de
desde logo, a escolha do artigo 19.º da referida Lei n.º relevante interesse público
equipamentos coletivos e
respetivo procedimento. 50/2012, de 31 de agosto local e devendo a sua ati-
prestação de serviços nas
Acresce que a utilização da vidade compreender-se no
A Lei n.º 75/2013, de 12 de áreas da educação, ensino e
expressão “é nomeado” não âmbito das atribuições do
setembro, foi alterada pela formação profissional, ação
pode ser interpretada de for- município.
Lei n.º 69/2015, de 16 de social, cultura, saúde e des-
ma estrita, por não corres- porto”. Acontece que a situação
julho no sentido de atribuir
ponder a uma modalidade apontada não se configura
aos municípios atribuições e Face ao exposto, não restam
específica do auditor externo como uma empresa local,
competências no âmbito do dúvidas que foram concedi-
exercer as suas funções. por não preencher os pres-
ensino e formação profissio- das atribuições e competên-
Sintetizando, o acatamento nal (artigo 23.º n.º 2, alínea d) supostos enunciados no n.º
cias aos municípios no âmbi-
do procedimento relativo à e artigo 33.º n.º 1, alínea u), 1 do artigo 19.º do “Regime
to da promoção do ensino e
contratação pública é prévio ou seja “Promover a oferta Jurídico da Atividade Empre-
formação profissional.
à apresentação da proposta de cursos de ensino e for- sarial Local e das Participa-
Mas face ao caso concreto ções Locais” (RJAEL) - apro-
do órgão executivo, destina- mação profissional dual, no
da referida Escola Profis- vado pela Lei n.º 50/2012, de
da à nomeação do auditor âmbito do ensino não su-
sional, tratando-se de uma 31/08, com as alterações da-
externo, a submeter à apro- perior, e apoiar atividades
empresa S.A. com participa- das pelas Leis n.º 53/2014,
vação do órgão deliberativo de natureza social, cultural,
ção minoritária, cujo objeto de 25/08, n.º 69/2015, de
e como condição para a ce- educativa, desportiva, re-
social é o ensino profissional, 16/07, n.º 7-A/2016, de
lebração do respetivo con- creativa ou outra de interes-
poderá esta ser considerada 30/03, n.º 42/2016, de 28/12,
trato. se para o município, incluin-
uma empresa local de gestão e Lei n.º 114/2017, de 29/12.,
A ATAM concorda com esta do aquelas que contribuam
de serviços de interesse ge- não é aplicável o artigo 47.º
conclusão. para a promoção da saúde
ral para os efeitos previstos do mesmo diploma legal -
e prevenção das doenças”.
No mesmo sentido se pro- no artigo 47.º - “celebração ou seja, por não se tratar de
nunciou a CCDR Alentejo, A Lei n.º 50/2012, de 31 de de contratos programa com uma sociedade constituída
designadamente no seu pa- agosto, foi alterada pela Lei empresas locais de interes- ou participada nos termos
recer n.º 6/2016 – Informa- n.º 69/2015, de 16 de julho, se geral”. da lei comercial, na qual a
ção N.º: 176-DSAL/2016 de incluindo a alínea a) ao artigo
Pergunta-se: entidade pública participan-
2/12/2016. 45.º com a seguinte redação:
te possa exercer, de forma
“Para efeitos do disposto na Caso assim não seja entendi- direta ou indireta, uma in-
presente lei, consideram-se do, qual a melhor forma legal fluência dominante em razão
11.ª QUESTÃO - Conjugação do Município X, apoiar a Es-
empresas locais de gestão da verificação de um dos se-
da alínea u) do n.º 1 do ar- cola Profissional?
de serviços de interesse guintes requisitos: detenção
tigo 33.º do anexo à Lei n.º
geral, aquelas que, assegu- da maioria do capital ou dos
75/2013, de 12 de setem-
rando a universalidade, a direitos de voto; direito a de-
bro, na redação da Lei n.º CONCLUSÃO
continuidade dos serviços signar ou destituir a maioria
69/2015, de 16 de julho, com Relativamente a esta ques-
prestados, a satisfação das dos membros do órgão de
a Lei n.º 50/2012, de 31 de tão a representante da
necessidades básicas dos gestão, de administração ou
agosto, na atual redação. CCDR Norte informou:
cidadãos, a coesão econó- de fiscalização; qualquer ou-
A Escola Profissional do Mu- mica e social local ou regio- A título de enquadramen- tra forma de controlo.
N.º 416 | O MUNICIPAL
42

RAP DE SERNANCELHE

De facto, no caso concreto, o Município detém uma social da Escola Profissio- enquadrado e pode solicitar
participação minoritária no seu capital social e não nal, constituída como socie- a suspensão da aplicação do
detém qualquer um dos direito previstos no n.º 1 do dade anónima. Plano de Saneamento Finan-
artigo 19.º do RJAEL. ceiro nos termos supra men-
A ATAM concordou com
cionados?
Acresce que, de acordo com o artigo 51.º do RJAEL e a conclusão preconizada,
quando está em causa o recurso a outras participações tendo sido informados os
locais, o Município não pode participar em sociedades presentes de que a impos-
anónimas, dado tal não ter previsão legal. Pode ape- sibilidade de atribuição de CONCLUSÃO
nas adquirir participações em sociedades comerciais subsídios a sociedades par- A representante da CCDR
de responsabilidade limitada, nos termos da presente ticipadas, tem vindo a ser Norte informou:
lei, que prossigam fins de relevante interesse publico assumida pela Inspeção-
O Orçamento de Estado para
local. E nesse caso também não é permitida a celebra- -Geral de Finanças, em sede
2018, aprovado pela Lei n.º
ção de contratos programa entre as entidades públicas inspetiva.
114/2017, de 29 de dezem-
participantes e as sociedades comerciais participadas
bro, estabelece no n.º 4 do
– ex vi n.º 3 do artigo 53.º do RJAEL.
artigo 97.º que “a câmara
Adicionalmente anota-se que em reunião de coordena- 12.ª QUESTÃO - Suspen-
municipal pode propor à as-
ção jurídica, foi aprovada a seguinte solução interpre- são da aplicação do Plano
sembleia municipal a suspen-
tativa uniforme: de Saneamento Financeiro
são da aplicação do plano de
«Data Reunião: 2013-05-23 A Lei do Orçamento de Es- saneamento financeiro ou de
tado para 2018 - Lei n.º reequilíbrio financeiro se, após
Data Homologação: 2013-08-27
114/2017, de 29 de dezem- a aprovação dos documentos
Pergunta bro, vem permitir nos n.ºs 4 de prestação de contas, verifi-
Que subsídios podem as entidades públicas participan- e 5, do artigo 97.º, conju- car que o município cumpre, a
tes atribuir a outras entidades? gado com o artigo 80.º do 31 de dezembro de 2017, o li-
Decreto-Lei n.º 33/2018, de mite da dívida total previsto no
Solução Interpretativa
15 de maio (Decreto-Lei que artigo 52.º da Lei n.º 73/2013,
Com a entrada em vigor da Lei n.º 50/2012 ficou proibi- estabelece as disposições de 3 de setembro, na sua re-
da a atribuição de subsídios ao investimento a quaisquer necessárias à execução do dação atual.”
entidades constituídas/dominadas ou participadas pelos Orçamento do Estado para
municípios, associações de municípios e/ou áreas me- Por sua vez o n.º 5 determi-
2018) que as Câmaras Mu-
tropolitanas; só é admitida a atribuição de subsídios na que a suspensão do plano
nicipais, após a aprovação
à exploração a sociedades comerciais constituídas/do- produz efeitos a partir da data
dos Documentos de Pres-
minadas por entidades públicas participantes (empresas da receção pela DGAL da co-
tação de Contas que cum-
locais) e desde que previstos em contrato-programa, municação da deliberação
prirem a 31 de dezembro
pelo que ficou proibida a atribuição destes subsídios pela assembleia municipal
de 2017, o limite da divida
a empresas locais sem contratos-programa que o pre- da aprovação da suspensão,
total, previsto no artigo 52.º,
vejam e a sociedades comerciais meramente parti- acompanhada de uma de-
da RFALEI, poderão propor
cipadas, bem como a associações, fundações e coo- monstração do cumprimento
à Assembleia Municipal a
perativas participadas pelos municípios, associações do limite da dívida total pre-
suspensão da aplicação do
de municípios e/ou áreas metropolitanas; continua a ser visto no artigo 52.º da Lei n.º
Plano de Saneamento Fi-
permitida a atribuição de subsídios pelos municípios a 73/2013, de 3 de setembro,
nanceiro.
associações, fundações e cooperativas e a atividades na sua redação atual, sendo
desenvolvidas por estas entidades quando os municípios Tendo um Município con- que em caso de incumpri-
não participem nessas entidades. tratado um empréstimo de mento do referido limite, o
Saneamento Financeiro, no plano voltará a vigorar.
Conclui-se pois que para além de não se configurar ano de 2014,
qualquer forma para o Município apoiar legalmente Em complemento deste
essa Escola Profissional, considera-se de questionável Pergunta-se: normativo, o artigo 80.º do
que o Município detenha uma participação no capital Decreto-Lei n.º 33/2018, de
O Município encontra-se
15 de maio que estabelece
O MUNICIPAL | N.º 416
43

RAP DE SERNANCELHE

as disposições necessárias ceiro, independentemente prove esse cumprimento. CONCLUSÃO


à execução do OE 2018, do regime legal ao abrigo do
Sublinhe-se que esta prerro- Pela representante da
prescreve: “Com vista ao qual foram elaborados, con-
gativa acomete responsabi- CCDR Norte foi prestada a
cumprimento do disposto no quanto que, após aprovação
lidade às autarquias locais, seguinte informação:
n.º 5 do artigo 97.º da Lei do dos documentos de presta-
cabendo ao órgão executivo
Orçamento de estado, os mu- ção de contas pela Câmara O Decreto Regulamentar n.º
proceder ao apuramento da
nicípios comunicam à DGAL Municipal, resulte verificado 10/2009, de 29 de maio fixou
sua situação e formular pro-
a deliberação da assembleia o cumprimento do limite da a cartografia a utilizar nos
posta ao órgão deliberativo
municipal, acompanhada do divida total do município, nos instrumentos de gestão ter-
no sentido da suspensão,
mapa demonstrativo que lhe termos atualmente previstos ritorial, bem como na repre-
que a terá de aprovar.
serviu de suporte e que com- no artigo 52.º do RFALEI. sentação de quaisquer con-
prove o cumprimento do limite A ATAM concordou com esta dicionantes.
da divida total previsto no ar- Tal entendimento aparece conclusão.
plasmado no Guia Autárqui- O artigo 8.º desse diploma
tigo 52.º da Lei n.º 73/2013,
co para o Orçamento do Es- legal determina a propósito
de 3 de setembro na sua atual
tado para 2018, documento da reprodução em suporte
redação”.
preparado pelo Gabinete do D - REGIME analógico que:
Do exposto decorre pois que Senhor Secretário de Estado “1 - As peças gráficas que inte-
a possibilidade de suspen- das Autarquias Locais e dis- JURIDICO
gram os instrumentos de ges-
são do plano de saneamento ponibilizado no Flash jurídico
financeiro, implica: do mês de fevereiro de 2018,
DA URBANIZAÇÃO tão territorial devem permitir a
fácil reprodução do seu con-
acessível em:
a) A verificação, após apro- E EDIFICAÇÃO teúdo em suporte analógico,
vação dos documentos incluindo o conteúdo da carta
http://www.ccdrn.pt/sites/
de prestação de contas, base, com a exatidão posicio-
default/files/ficheiros_ccdrn/
do cumprimento, a 31 13.ª QUESTÃO - Alteração nal e o pormenor cartográfico
administracaolocal/guia_au-
de dezembro de 2017, ao Plano Diretor Municipal. que lhes são inerentes.
tarquico_oe2018_1801.pd
do limite da divida total Licenciamento de obras 2 - As peças gráficas que in-
atualmente consagrado Em síntese, o Município com particulares tegram os instrumentos de
no artigo 52.º da Lei n.º contrato de saneamento fi-
Tendo o Município de X apro- planeamento territorial devem
73/2013, de 3 de setem- nanceiro que preencha o
vada a sua última alteração permitir a reprodução em su-
bro na sua atual redação; requisito de cumprimento, a
ao Plano Diretor Municipal, porte analógico às seguintes
31 de dezembro de 2017, do
b) A elaboração de propos- desde janeiro de 2015, em escalas de representação:
limite da dívida total, atual-
ta pela Câmara Municipal cartografia à escala 1.25 000,
mente consagrado no artigo a) Plano diretor municipal -
a submeter a aprovação 52.º da Lei n.º 73/2013, de Pergunta-se: igual ou superior à escala de
da Assembleia Municipal 3 de setembro na sua atual 1:25 000;
destinada à suspensão Poderão os técnicos munici-
redação, pode submeter à
do plano de saneamento pais, na análise de um pro- b) Plano de urbanização -
apreciação da assembleia
financeiro em vigor. cesso de licenciamento de igual ou superior à escala de
municipal proposta destina-
obras particulares e a fim de 1:5000 ou, excecionalmente,
da a suspender o plano de
Acresce referir que esta Dire- fundamentar a proposta de à escala de 1:10 000;
saneamento financeiro, ou
ção de Serviços, tendo pre- decisão, utilizar a cartogra-
de reequilíbrio financeiro. c) Plano de pormenor - igual
sente que o legislador não fia numa escala diferente da
ou superior à escala de
distinguiu quais os planos Em caso de aprovação dessa aprovada, nomeadamente a
1:2000.”
abrangidos pela possibilida- proposta, a mesma apenas 1.10 000, ou outra, de forma
de de suspensão, considera produz efeitos a partir da sua a pormenorizar com rigor a Entretanto, o n.º 2 do ar-
que estão abrangidos pela comunicação à DGAL, devi- implantação da operação ur- tigo 5.º do Decreto-Lei n.º
previsão legal, todos os pla- damente acompanhada do banística face às classes de 141/2014, de 19 de setembro
nos de saneamento financei- mapa demonstrativo que lhe solo/condicionantes em que - que alterou e republicou o
ro ou de reequilíbrio finan- serviu de suporte e que com- se insere? Decreto-Lei n.º 193/95, de
N.º 416 | O MUNICIPAL
44

RAP DE SERNANCELHE

28 de julho - revogou expressamente “o Decreto Re- Também o artigo 15.º-A, vem permitir a reprodução
gulamentar n.º 10/2009, de 29 de maio, sem prejuízo da do mesmo normativo legal, em suporte analógico às se-
sua aplicação aos procedimentos já iniciados à data da contém disposições quanto guintes escalas de represen-
entrada em vigor do presente decreto-lei.” à cartografia para Progra- tação:
mas e Planos Territoriais.
De acordo com os dados facultados, o Município apro- - Plano Diretor Municipal –
vou a última alteração ao PDM em cartografia à escala Ainda como nota adicional, igual ou superior à escala
1.25 000, em janeiro de 2015, o que implica que seja a validade da cartografia de 1:25.000;
de aplicar aos procedimentos já iniciados essa carto- depende do ano da delibe-
-
Plano de Urbanização –
grafia. ração municipal, a saber:
igual ou superior à escala de
Admite-se, porém, que os técnicos usem cartografia a - Deliberação Municipal de 1:5.000 ou, excecionalmen-
uma escala diferente da aprovada como instrumento início do Procedimento te, à escala de 1:10.000;
de apoio à análise do pedido, nomeadamente quando anterior a 2014/11/18;
- Plano de Pormenor- igual
os pedidos de licenciamento estejam em zonas/linhas -
Decreto-Lei n.º 193/95, ou superior à escala de
de fronteira, de forma a pormenorizar com rigor a im- de 28 de julho, alterado e 1:2.000.
plantação da operação urbanística em causa. republicado pelo Decreto-
Ora, na apreciação das ope-
-Lei n.º 141/2014, de 19
No entanto, para fundamentar a proposta de decisão, rações urbanísticas deve
de setembro;
terão sempre de se sustentar na planta oficial, o que verificar-se se o pedido de
significa que o uso das peças desenhadas do PDM a - Decreto Regulamentar n.º licenciamento viola plano
uma escala diferente no âmbito da gestão urbanística, 10/2009, de 29 de maio; municipal e intermunicipal de
apenas pode servir para dirimir dúvidas e permitir uma ordenamento do território,
- Deliberação Municipal de
aplicação clara e objetiva dos instrumentos de gestão plano especial de ordena-
início do Procedimento
territorial. Não podendo, por isso, em bom rigor, ser mento do território, medidas
posterior a 2014/11/18;
utilizadas para permitir soluções distintas das previs- preventivas, área de desen-
tas no Plano. -
Decreto-Lei n.º 193/95, volvimento urbano prioritário,
de 28 de julho, alterado e área de construção prioritá-
Contudo, apesar de se desconhecer a situação concre- republicado pelo Decreto- ria, servidão administrativa,
ta que suscitou a questão colocada, é de realçar que, -Lei n.º 141/2014, de 19 restrição de utilidade pública
em princípio, os particulares devem instruir o processo de setembro; ou quaisquer outras normas
com uma planta de localização que a própria câmara legais e regulamentares apli-
municipal lhes fornece. E, aí, cabe sempre distinguir - Regulamento n.º 142/2016,
de 9 de fevereiro. cáveis. A cartografia a utilizar
se a cartografia disponibilizada contém condicionan- tem que se reportar à utiliza-
tes previstas no Plano ou não, pois se corresponder a Em resumo, a cartografia a da no IGT, por um lado. Outra
uma cartografia simples para mera localização, pode utilizar nos planos munici- cartografia e de outra escala,
ser usada escala diferente das peças desenhadas do pais deve ser a homologa- não a pode contrariar, e por
Plano. De facto essa planta serve unicamente, para da. E esta depende da data outro lado, tem que estar ho-
permitir uma correta localização do objeto da preten- do procedimento de altera- mologada.
são do requerente. ção do IGT. Se o início do
procedimento é anterior a
A título de aditamento a ATAM acrescenta que:
2014-11-18 ainda se aplica E – CONTRATAÇÃO
O n.º 5 do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 193/95, de 28 o Decreto Regulamentar n.º
10/2009, de 29 de maio (re-
PÚBLICA
de julho, republicado pelo Decreto-Lei n.º 141/2014,
de 19 de setembro estipula que: vogado pelo Decreto-Lei n.º
141/2014, de 19 de setem- 14.ª QUESTÃO – Erros e
“5 – Os organismos e serviços públicos, bem como as bro – Cf. Artigo 8.º, n.º 2). omissões. Trabalhos a mais
entidades concessionárias de serviços públicos, só po-
dem utilizar cartografia oficial de base, topográfica, topo- As peças gráficas que in- Na execução de uma em-
gráfica de imagem, ou hidrográfica, inscrita no Registo tegram os instrumentos de preitada deparou-se com a
Nacional de Dados Geográficos”. planeamento territorial de- seguinte situação:
O MUNICIPAL | N.º 416
45

RAP DE SERNANCELHE

- O projeto prevê a execu- Contudo, nos n.ºs 2 e 4 o le- não exceda 40 % do preço O empreiteiro é ainda res-
ção da rede de recolha de gislador vem a distinguir dois contratual.” ponsável pelos trabalhos
águas pluviais em toda a tipos de trabalhos comple- Estabelece-se ainda que os complementares que se des-
extensão da área de in- mentares: os que resultam trabalhos complementares, tinem ao suprimento de erros
tervenção. de, “circunstâncias não pre- que excedam os limites pre- e omissões que, não poden-
vistas” e aqueles cuja neces- vistos nesta norma (fixados do objetivamente ser dete-
- Na planta 014 do projeto,
sidade advém de “circunstân- na alínea b) do n.º 2 e na tados na fase de formação
encontra-se representa-
cias imprevisíveis ou que uma alínea b) do n.º 4, respetiva- do contrato, também não
da toda a rede de águas
entidade adjudicante diligen- mente, 10% e 40%) devem tenham sido por ele identi-
pluviais e a existência de
te não pudesse ter previsto” ser adjudicados na sequên- ficados no prazo de 30 dias
58 sargetas e respetiva
sendo que se exige, quanto cia de novo procedimento. a contar da data em que lhe
ligação à caixa de visita,
aos primeiros, a obediência fosse exigível a sua deteção.
no entanto, no mapa de No que se refere à responsa-
ao requisito mencionado na
quantidades não estão bilidade por estes trabalhos Assim, em fase de execução
alínea a) do n.º 2, ou seja,
quantificadas as sarjetas. complementares, determina da obra os trabalhos a exe-
não puderem “ser técnica ou
o artigo 378.º que o dono da cutar para além do previsto,
Pergunta-se: economicamente separáveis
obra “é responsável pelo pa- nos termos do artigo 370.º,
Erro e omissão ou trabalhos do objeto do contrato sem
gamento dos trabalhos com- são qualificados como tra-
a mais? inconvenientes graves e impli-
plementares cuja execução balhos complementares,
quem um aumento considerá-
Se se considera erro e omis- ordene ao empreiteiro”. cabendo ao dono da obra
vel de custos”.
são, como proceder? avaliar da sua necessidade
No entanto, quando o em-
O limite estabelecido é de e ordenar a sua execução,
preiteiro tenha a obrigação
10% do preço total da em- sendo que será, segundo o
de elaborar o projeto de exe-
preitada para o somatório disposto no artigo 378.º, res-
cução, é o mesmo respon-
CONCLUSÃO de todos os trabalhos com- ponsável pela sua execução.
sável pelos trabalhos com-
plementares deste tipo – cf. plementares que tenham por Admitindo que o erro ou
A representante da CCDR
alínea b) do n.º 2. finalidade o suprimento dos omissão do objeto da ques-
Norte informou:
Quanto à realização de tra- respetivos erros e omissões, tão colocada, pudesse ter
Com vista a dar resposta à
balhos complementares que exceto quando estes sejam sido detetado na fase de for-
questão colocada é neces-
“resultem de circunstâncias induzidos pelos elementos mação do contrato, se o em-
sário ter presente os artigos
imprevisíveis ou que uma en- elaborados ou disponibiliza- preiteiro reclamar do erro nos
370.º e 378.º do CCP.
tidade adjudicante diligente dos pelo dono da obra. 60 dias contados da data da
Com a revisão do CCP, ope- não pudesse ter previsto” consignação total ou da pri-
Acresce que o n.º 3 do arti-
rada pelo Decreto-Lei n.º sujeita-se a sua execução à meira consignação parcial a
go 378.º estabelece um novo
111-B/2017, de 31 de agos- verificação cumulativa das que alude o n.º 3 do artigo
prazo relativamente à recla-
to, passaram e existir nos seguintes condições: 378.º a sua execução será
mação por parte do emprei-
termos do artigo 370.º “Tra- da responsabilidade do dono
“a) Não possam ser técnica teiro de erros e omissões do
balhos Complementares”, da obra.
ou economicamente sepa- caderno de encargos (salvo
que é uma noção que subs-
ráveis do objeto do contrato dos que só sejam detetáveis No caso concreto, o emprei-
titui os antigos conceitos de
sem inconvenientes graves e durante a execução da obra) teiro que não tenha reclama-
“trabalhos a mais” e os “tra-
impliquem um aumento consi- - 60 dias contados da data do das omissões ao caderno
balhos de suprimento de er-
derável de custos para o dono da consignação total ou da de encargos dentro do prazo
ros e omissões”.
da obra; e primeira consignação parcial legal é responsável por su-
Assim, Trabalhos Comple- -, sob pena de ser responsá- portar metade do valor dos
mentares nos termos do n.º b) O preço desses trabalhos, vel por suportar metade do trabalhos complementares
1 da mencionada norma, são incluindo o de anteriores valor dos trabalhos comple- destinados ao suprimento
todos aqueles “cuja espécie trabalhos complementares mentares de suprimento des- desse “erro e omissão” – cf.
ou quantidade não esteja pre- igualmente decorrentes de ses erros e omissões. – cf. as disposições conjugadas
vista no contrato”. circunstâncias imprevisíveis, n.º 3 e 4 do artigo 50.º. do n.º 3 e 4 do artigo 50.º
N.º 416 | O MUNICIPAL
46

RAP DE SERNANCELHE

com os n.ºs 3 e 4 do artigo 378.º, ambos do Código exigir-se que, também, na mento em regime simpli-
dos Contratos Públicos. fase pré-contratual tenha ficado ou nas situações
reclamado. previstas nos n.ºs 1 e 2
A ATAM concorda com as com as conclusões formu-
do artigo 95.º), pode ser
ladas. Por fim, no caso concreto da
dispensada a designação
questão, constata-se que o
No entanto, face ainda à exiguidade de elementos for- do gestor de contrato?
problema decorre de defi-
necidos para discussão da questão, entendeu-se adi-
ciência do projeto. b) Podem ser designados
tar:
para exercer funções de
Logo, se este tiver sido ob-
- Nos termos do artigo 43.º do CCP, n.º 1 – “ Sem gestor de contrato, tra-
jeto de contratação própria,
prejuízo do disposto no n.º 2 do artigo anterior, o ca- balhadores em regime de
deve ser ativada a respon-
derno de encargos do procedimento de formação do nomeação (membros de
sabilização do projetista,
contrato de empreitada de obras públicas deve incluir gabinetes do presidente
nos termos do artigo 378.º,
um projeto de execução. E, nos termos do n.º 4 do ou de gabinetes de ve-
n.ºs 6 e 7 do CCP.
mesmo artigo - “ em qualquer dos casos previstos readores) ou os próprios
nos números anteriores, o projeto de execução deve eleitos (membros do exe-
ser acompanhado de: cutivo municipal)?
15.ª QUESTÃO - CCP. Figu-
a) Uma descrição dos trabalhos preparatórios ou ra do gestor do contrato
acessórios, tal como previsto no artigo 350.º;
Decorrente da necessidade CONCLUSÃO
b) Uma lista completa de todas as espécies de traba- de proceder à transposição
lhos necessárias à execução da obra a realizar e do para a ordem jurídica na- A representante da CCDR
respetivo mapa de quantidades”. cional de um conjunto de Norte informou:
diretivas comunitárias, foi Quanto à alínea a):
Ou seja, há um erro de projeto/desconformidade com
publicado o Decreto-Lei n.º
o n.º 4 alínea b) do artigo 43.º do CCP e artigo 7.º n.º A doutrina tem entendido que
111-B/2017, de 31 de agos-
2, alínea c) da Portaria n.º 701-H/2008,de 29 de julho. a nomeação de gestor do
to, o qual veio introduzir
Na fase contratual deveria o concorrente (interessado) contrato não é excecionada
alterações significativas ao
solicitar esclarecimentos, nos termos do artigo 50.º do em contratos de baixo valor
Código dos Contratos Pú-
CCP. No seu n.º 4 prevê-se que: “o incumprimento do (ver designadamente Pedro
blicos, aprovado com a pu-
dever a que se referem os números anteriores tem as Fernández Sánchez).
blicação do Decreto-Lei n.º
consequências previstas nos números 3 e 4 do artigo 18/2008, de 29 de janeiro. Ora o entendimento desta Di-
378.º (já retro referidos nas conclusões apresentadas Uma das alterações intro- reção de Serviços vai no sen-
pela representante da CCDR Norte). duzidas, materializa-se na tido de que há situações de
criação da figura do gestor dispensa da designação do
Em resumo: do contrato, prevista no ar- gestor, apesar de não se con-
Os concorrentes, na fase pré-contratual deveriam so- tigo 290.º-A. Assim, e consi- siderar que a mesma se ope-
licitar esclarecimentos, nos termos do artigo 50.º do derando as várias questões ra automaticamente quando
CCP. O incumprimento de tal tem as consequências que têm vindo a ser suscita- o contrato é de baixo valor.
previstas nos números 3 e 4 do artigo 378.º do CCP. das relativamente à correta
O nosso entendimento vai no
implementação do referido
A entidade adjudicante deve tratar, com diligência, a sentido de aferir se no caso
artigo,
fase de esclarecimentos e prever no contrato as cláu- concreto é necessário que
sulas decorrentes de esclarecimentos. Pergunta-se: alguém acompanhe perma-
nentemente a respetiva exe-
Mesmo assim, na fase de execução, o empreiteiro a) Na circunstância do
cução, sem nos focarmos na
deve, nos prazos referidos no artigo 378.º do CCP, procedimento de con-
circunstância de se ter ou não
reclamar de erros e omissões, sob pena de ser res- tratação não dar origem
verificado a redução a escrito.
ponsável por suportar metade do valor dos trabalhos a um contrato reduzido
complementares de suprimento desses erros e omis- a escrito (situação de- Daí que pelo exposto se con-
sões. Se reclamar não é responsabilizado. Mas parece corrente de um procedi- sidera que não é necessário
O MUNICIPAL | N.º 416
47

RAP DE SERNANCELHE

designar um gestor do con- Atendendo a que o artigo damentado, as medidas cor- retamente perante aqueles,
trato no caso do ajuste direto 290.º-A do Código dos Con- retivas que em cada caso se pode, facilmente, ser coloca-
simplificado em que a decisão tratos Públicos (CCP), adita- revelem adequadas. da em causa a sua isenção.
de contratar incide diretamen- do pelo Decreto-Lei n.º 111-
A sua função, diferente da No entanto, secundando a
te sobre uma fatura ou docu- B/2017, de 31/08, com início
do responsável pela direção CCDR Norte, reconhece-se
mento equivalente apresenta- de vigência em 1 de janeiro
do procedimento (artigo 55.º que não há preceito legal
da pela entidade convidada, de 2018, não distingue quem
do CPA), trata-se de função que, expressamente, proíba
com dispensa de tramitação pode ser gestor de contrato,
de controlo da execução do a designação, como gestor
eletrónica, no que se pressu- afigura-se que pode ser de-
contrato, detendo funções de de contrato quer de eleitos
põe uma prestação de execu- signado gestor de um contra-
produção de relatórios críti- locais quer de membros dos
ção imediata e não continua- to quer os trabalhadores em
cos do modo de execução, seus Gabinetes.
da, ou seja um contrato de regime de contrato de traba-
competindo ao órgão próprio
execução instantânea. lho em funções públicas, quer
a sua análise.
algum membro do GAP ou do
Também se considera dis- GAV ou os próprios eleitos lo- Nestes termos não se deve José Francisco Bicha
pensável a designação de cais. reunir, na mesma pessoa, a ATAM
gestor do contrato em deter- natureza de controlador e de
minadas situações em que Considera-se, no entanto, decisor, em razão da isenção, Gabinete de Estudos
não foi reduzido a escrito o essencial que aquando da e em abono do princípio da 2018
contrato, desde que não se designação de gestor de con- imparcialidade.
torne necessário face à na- trato seja tido em atenção as
tureza do respetivo objeto funções que lhe competem, Quanto a ser membro de Ga-
realizar um acompanhamen- bem como a natureza ou es- binete, quer do Presidente da
to permanente da execução pecial complexidade técnica Câmara quer dos Vereadores,
da obra, serviço ou forneci- e financeira da prestação. sendo estes responsáveis e
mento. respondendo apenas e di-
Por outro lado e tendo pre-
Em síntese, considera-se sente as preocupações ine-
dispensada a designação de rentes à prevenção da cor-
rupção e riscos conexos deve
CONTABILIDADE DE GESTÃO
gestor de contrato nos casos
de ajustes diretos simplifi- variar-se quer a composição
SNC-AP (SISTEMA DE NORMALIZAÇÃO
cados e nos casos em que dos júris, quer a designação
CONTABILÍSTICA PARA AS ADMINISTRAÇÕES
a natureza da prestação em de gestor de contrato.
PÚBLICAS)
causa não exige que se ve- A ATAM, relativamente à alí-
rifique um acompanhamen- João Augusto Sousa
nea a) da questão concorda
to da execução e gestão do com a conclusão formulada.
contrato. ATAM
Quanto à alínea b), não dis-
2018
Podem, no entanto, ocorrer cordando da conclusão, exis-
situações em que apesar de 232 páginas
tem algumas reservas quanto
não ter havido redução a es- à designação quer de eleitos € 15,00 (IVA incluído à
crito do contrato (por dispen- locais quer de membros dos taxa de 6%)
sa legal dessa formalidade) Gabinetes como gestores de Os envios são efetuados à
se considere face à especial contratos. cobrança, sendo os portes
complexidade técnica e fi- pagos pelo adquirente.
Ao gestor do contrato com-
nanceira ou à especificidade
pete reportar ao órgão com- Para encomendas contacte:
da prestação que há toda a
petente, desvios, defeitos ou contabilidade@atam.pt
conveniência em ser desig-
outras anomalias que verifi-
nado um gestor do contrato. T 243 330 273
car, na execução do contrato,
Quanto à alínea b): propondo, em relatório fun-
Francisco Alveirinho Correia, Dora Mariano, Lucinda Simões, Rogério Nunes, José Bento Pedro, António Custódio Pereira e Helena Martinho

RAP DO SARDOAL
25 DE FEVEREIRO DE 2019

PRESENÇAS cada ano), em 2019 terá 10 A avaliação dos trabalhado-


pontos. res (SIADAP 3) é de caráter
bienal, e respeita ao desem-
DISTRITO DE SANTARÉM Pergunta-se:
penho dos dois anos civis
Câmaras Municipais: Abrantes, Alcanena, Cartaxo, Mas como só terá a classifi- anteriores conforme artigo
cação em 2021, irá receber 41.º da Lei n.º 66-B/2007 de
Chamusca, Entroncamento, Ourém, Sardoal, Tomar
o aumento de índice des- 28/12. Não é anual, a partir
Freguesia: Alcaravela de 2019 ou só, a partir de da alteração desta Lei opera-
2020? da pela Lei n.º 66-B/2012, de
31 de dezembro, com início
DISTRITO DE LEIRIA
de vigência em 1 de Janeiro
Câmaras Municipais: Caldas da Rainha e Porto de de 2013.
CONCLUSÃO
Mós E nos termos do artigo 156.º
A questão pode reformular- n.º 8 da LTPF, “na falta de lei
Serviços Municipalizados: Leiria
-se: Se o trabalhador A, em especial em contrário, a al-
2018, (entenda-se a partir teração do posicionamento
DISTRITO DE LISBOA da avaliação de 2017/2018) remuneratório reporta-se a 1
tem 8 pontos, e se na avalia- de janeiro do ano em que tiver
Câmaras Municipais: Cadaval e Vila Franca de Xira
ção do biénio 2019/2020 ob- lugar”.
tiver mais 4 pontos, poderá
Conclui-se que só após rea-
ATAM no ano de 2019 ver alterada
lização da avaliação do ciclo
Presidente da Direção: Francisco Alveirinho Correia a sua posição remunerató-
2019/2020, pode ser tido em
ria, considerando que, nesta
Vogal do Conselho Fiscal: Rogério Nunes conta o seu resultado, para
última avaliação, 2 pontos
eventual alteração da posição
Delegada do Distrito de Santarém: Lucília Simões se reportam a 2019?
remuneratória. Conforme arti-
Delegado do Distrito de Lisboa: António Custódio Pe- Desde já dizemos que não. go 71.º da Lei do SIADAP, a
reira A questão está colocada, homologação das avaliações
tendo como pano de fun- de desempenho deve ser,
Gabinete de Estudos: José Bento Pedro
do a alteração obrigatória em regra, efetuada até 30 de
de posição remuneratória, abril. Logo, e nos termos do
*** prevista no n.º 7 do artigo artigo 156.º n.º 8 da LTPF, “na
156.º da LTFP (não a, por falta de lei especial em contrá-
A - RECURSOS opção gestionária). A altera- rio, a alteração do posiciona-
ção obrigatória de posição mento remuneratório reporta-
HUMANOS remuneratória pressupõe a -se a 1 de janeiro do ano em
acumulação de 10 pontos, que tiver lugar. A manter-se a
conforme bem referido na legislação, a avaliação do ciclo
1.ª QUESTÃO – Avaliação de Desempenho de 2019/2020, tem repercus-
questão. Mas a acumula-
Um funcionário que tenha 8 pontos em 2018, se no ção de pontos ocorre na sões remuneratórias, a partir
biénio 2019/2020 obtiver mais 4 pontos, (2 pontos por sequência das avaliações. de janeiro de 2021.
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RAP DE SARDOAL

2.ª QUESTÃO – Mobilidade gado operacional, terão nomeadamente in “Inf de grau de complexidade
que ser previamente pre- DSAJAL TR 2164/16, funcional igual, superior
No Município X, existe um visto postos de trabalho e também na RAP de ou inferior ao da carreira
serviço que atualmente no mapa. 1 Santa Maria da Feira (de em que se encontra inte-
não tem os 10 assistentes 21/02/2017 – questão 1), grado ou ao da categoria
Na situação de mobi-
operacionais a trabalhar no sabemos que a DGAEP, de que é titular.
lidade: Se assim é no
mesmo, havendo necessi- conforme citado no pa-
desempenho da carrei- C) E, nos termos do n.º 4,
dade de se nomear algum recer da CCDRC (DAJ
ra, a ATAM, também na a mobilidade intercar-
trabalhador para coordenar 282/15) in http://www.
situação de sujeitar um reiras ou categorias de-
o serviço. Assim, ccdrc.pt, oportunamen-
trabalhador a mobilida- pende da titularidade de
de como coordenador te defendia posição di-
Pergunta-se: habilitação adequada do
operacional, tem defen- ferente. Mas ainda que
trabalhador e não pode
Poderá um Assistente Téc- dido a prévia previsão se entendesse neste úl-
modificar substancial-
nico ser colocado por mo- do posto em mapa de timo sentido, não pode
mente a sua posição.
bilidade como encarregado trabalho. O “mapa de deixar de se exigir que,
No caso, perspetiva-se a
operacional? pessoal” é um instru- para o desempenho de
aplicação da alínea b) do
mento do planeamento encarregado operacional,
n.º 3 citado. Conforme
anual a que o município tal depende da necessi-
se lê no PARECER: Inf_
está obrigado em nome dade de coordenar, pelo
CONCLUSÃO DSAJAL_TR_2164/16 da
da boa gestão dos in- menos, 10 assistentes
A questão encerra duas ou- DATA: 03/03/2016 (citan-
teresses que lhe são operacionais do respeti-
tras: do-se Informação Téc-
confiados. (Conforme vo setor de atividade.
nica n.º 1-000049-2015,
1- Se não havendo 10 assis- o artigo 28.º da LTFP, o II - Sobre se o assistente da DGAL) “na expressão
tentes operacionais a traba- município tem de pre- técnico pode ser sujeito a “a mobilidade entre car-
lhar no serviço, se é possível ver e caraterizar todos mobilidade como Encar- reiras não pode modificar
o desempenho das funções os postos de trabalho regado Operacional substancialmente a sua
de encarregado operacional; tidos como necessários posição” (artigo 93.º/4 da
A) Nos termos do artigo 92.º
para o desenvolvimento LTFP)…” O que está em
2- Se o assistente técnico n.º 1 da LTFP, quando
das suas atividades, se- causa é uma salvaguarda
pode ser colocado por mo- haja conveniência para
jam elas de caráter tem- (uma não modificação) do
bilidade como encarregado o interesse público, de-
porário ou permanente). vínculo de emprego pú-
operacional. signadamente quando a
Não obstante ser este o blico por tempo indeter-
economia, a eficácia e a
I - Nos termos do artigo 88.º nosso entendimento (a
eficiência dos órgãos ou minado e da carreira de
n.º 5 da LTFP, a previsão, partir de 2017) também
serviços o imponham, os origem do trabalhador”.
nos mapas de pessoal, de seguido pela CCDRN,
trabalhadores podem ser
postos de trabalho que D) Porque se trata de mobi-
sujeitos a mobilidade.
devam ser ocupados por lidade para categoria de
encarregados operacio- 1 No PARECER JURÍDICO N.º 31 / CCDR-LVT B) Sobre a noção de mobi- carreira de complexidade
nais da carreira de as- / 2010, página 1, defende-se inclusivamente lidade intercarreiras ou funcional inferior, refere-
que os setores referidos (posto de trabalho
sistente operacional, de- categorias estabelece o -se também o artigo 94.º
de coordenador técnico no âmbito das car-
pende da necessidade de reiras de assistente técnico e de assistente artigo 93.º n.º 3 da LTFP n.º 2 da LTFP: “2 - Quan-
coordenar, pelo menos, operacional) podem ser qualificados como que a mesma opera- do a mobilidade opere
10 assistentes operacio- subunidades orgânicas para efeitos da
-se para o exercício de para categoria inferior da
alínea b) do n.º 2 do artigo 4.º do Decreto-
nais do respetivo setor de funções não inerentes à mesma carreira ou para
-Lei n.º 305/2009, de 23 de outubro se o
atividade. Ou seja, para setores em causa cumprirem as regras de categoria de que o traba- carreira de grau de com-
que se possa recrutar tra- densidade previstas no artigo 49.º da LVCR, lhador é titular e ineren- plexidade funcional inferior
sendo certo que deverão estar igualmente
balhador para, ou sujeitar tes: a) A categoria supe- ao da carreira em que se
preenchidos os requisitos definidos no n.º 5
trabalhador a mobilidade do artigo10.º e na alínea b) do n.º 2 do artigo rior ou inferior da mesma encontra integrado ou ao
nas funções de encarre- 4.º, ambos do Decreto-Lei n.º 305/2009. carreira; ou b) A carreira da categoria de que é titu-
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RAP DE SARDOAL

lar, o acordo do trabalhador nunca pode ser dispen- O trabalhador da Junta de período em que esteve em
sado.” Freguesia X assinou acor- Mobilidade, e, como não foi
E) Ainda quanto à remuneração, há que invocar o n.º 3 do de Mobilidade Interna feita avaliação em qualquer
do artigo 153.º da LTFP, de acordo com o qual, no entre Órgãos, com uma Câ- um dos serviços, como se
caso referido no número anterior (mobilidade inter- mara Municipal, durante 18 deve proceder para que o
carreiras ou categorias), quando a primeira posição meses. Em julho de 2016 trabalhador não seja prejudi-
remuneratória da categoria correspondente à função consolidou. Acontece que cado?
que o trabalhador vai exercer for superior ao nível a Junta de Freguesia emitiu
remuneratório da primeira posição daquela de que uma declaração para efeitos
é titular, a remuneração do trabalhador é acrescida de SIADAP onde refere que CONCLUSÃO
para o nível remuneratório superior mais próximo de 2004 a 2009 o processo
I - Sobre o procedimento a
daquele que corresponde ao seu posicionamento na não foi concluído ou não
levar a efeito, quanto ao su-
categoria de que é titular. Neste n.º 3, está em cau- efetuado.
primento de avaliação nos
sa a comparação da remuneração de categorias de Em 2010 e 2011 o Desem- anos de 2004 a 2009
origem e de destino, para efeitos de atribuição de penho foi relevante, em
remuneração. O critério de comparação é diferente 2012 mais uma vez o pro- A - Relativamente aos anos
do já referido no artigo 94.º n.º 2 da LTFP. cesso não foi concluído ou em que o trabalhador não
não efetuado. foi avaliado, conhecemos
F) Quanto a formalidade, desde que previsto em normas sucessivas de su-
mapa, será suficiente um despacho do presidente Em 2013/2014 teve relevan- primento de avaliação, quer
da câmara, a proferir no exercício da sua compe- te e em 2015/2016, porque no âmbito da LVCR, quer no
tência de gestão de pessoal, enquadrado no regi- se encontrava em mobilida- âmbito do SIADAP.
me da mobilidade, a determinar que passe a estar de não lhe foi dada classifi-
afeto ao serviço de obras, exigindo-se que sejam cação. Assim, o artigo 113.º n.º 7 da
cumpridas as regras de densidade (necessidade Lei n.º 12-A/2008 de 27/2,
Pergunta-se: estipulava: “7 - O número de
de coordenar, pelo menos, 10 assistentes opera-
cionais do respetivo setor de atividade). Qual o procedimento a ter pontos a atribuir aos trabalha-
nos anos de 2004 a 2009 e dores cujo desempenho não
2012, onde não foi feita ava- tenha sido avaliado, designa-
3.ª QUESTÃO - Mobilidade e Avaliação de Desem- liação? damente por não aplicabilida-
penho de ou não aplicação efetiva
Onde deve ser avaliado, no
da legislação em matéria de

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RAP DE SARDOAL

avaliação do desempenho, e em 2012 (segundo afir- d) É certo que nos termos entrada em vigor da Lei
é o de um por cada ano não ma). Também no biénio do artigo 43.º n.º 3 do do OE 2018.
avaliado. 2015/2016 não foi ava- SIADAP “A ponderação
g) Na verdade, o princípio da
liado, pelo que nesses curricular é expressa atra-
Também com a entrada em diferenciação de desem-
anos ter-lhe-á sido atri- vés de uma valoração que
vigor do SIADAP, aplicado à penhos, para este efeito
buído 1 ponto por cada respeite a escala de ava-
administração local pela Lei do n.º 5 do artigo 18.º da
ano (n.º 2 do artigo 18.º liação qualitativa e quanti-
n.º 23/2009, prevê-se no ar- LOE 2018, terá que ser
da LOE 2018). Deveriam tativa e as regras relativas
tigo 85º: “No caso de quem garantido nos termos em
ter-lhe sido comunicados à diferenciação de desem-
não tenha avaliação do de- que a DGAEP, nas suas
os pontos atribuídos nos penhos previstas na pre-
sempenho realizada nos anos “Perguntas Frequentes-
termos do artigo 18.º n.º sente lei.”
de 2004 a 2007 inclusive por -Descongelamento de
2 da Lei do OE 2018, e
motivo que não lhe seja im- e) E o artigo 75.º do SIADAP Carreiras” ponto 13, o
se não foram, deverão
putável, designadamente por refere-se à diferenciação explica:
sê-lo.
não aplicação da legislação de desempenhos (fixando “A ponderação deverá ser
aplicável em matéria de ava- b) Na verdade, em 1/1/2018 uma percentagem máxi- realizada no serviço em
liação de desempenho face à passou a vigorar a Lei do ma de 25% para os “De- que o trabalhador se en-
sua situação funcional, pode OE 2018 (Lei n.º 114/2017 sempenhos Relevantes” contra integrado, a título
ser requerida ponderação cur- de 29/12) que no seu arti- e, de entre estas, 5% do definitivo, à data da aplica-
ricular, nos termos do artigo go 18.º (valorizações re- total dos trabalhadores ção do artigo 18.º da LOE
43.º, por avaliador designado muneratórias) veio prever para o reconhecimento 2018, uma vez que a ava-
pelo dirigente máximo do ser- a atribuição de um ponto do “desempenho exce- liação produzirá efeitos
viço.” por cada ano não avalia- lente”) nesse serviço. Por outro
do, o que tem de ser no-
Entretanto a última disposi- f) No entanto, a situação lado, deverá haver uma
tificado pela Administra-
ção relativamente ao supri- especial do artigo 18.º da única avaliação que res-
ção ao trabalhador (n.º 2
mento de avaliação, encon- Lei do OE 2018 ao referir peite os períodos em falta
e 4 do artigo 18.º)
tramo-la no artigo 18.º n.º 2 (sejam estes um único ou

A ponderação curricular é expressa através de uma valoração que respeite a escala de


avaliação qualitativa e quantitativa e as regras relativas à diferenciação de desempenhos
previstas na presente lei.”

da Lei n.º 114/2017 de 29/12 c) No prazo de 5 dias úteis no n.º 5 “…o trabalhador vários ciclos avaliativos),
(Lei de OE 2018). após a comunicação pode requerer a realização sob pena de inaplicabili-
referida no número an-
de avaliação por pondera- dade do princípio. O prin-
B - Tendo em conta o ques- terior (que tem de ser
ção curricular, nos termos cípio de diferenciação de
tionado, relativamente aos feita pelo Município!) o
previstos no sistema de desempenhos será asse-
anos em que o trabalhador trabalhador pode reque-
avaliação aplicável, sendo gurado, no serviço, pela
não foi avaliado, por inércia rer, ao abrigo do n.º 5 do
garantido o princípio da aplicação das percenta-
dos serviços, parece que a artigo 18.º do OE, a rea-
diferenciação dos desem- gens previstas no artigo
solução deverá ser encontra- lização da avaliação por
penhos.”, obviamente que 75.º da Lei n.º 66-B/2017,
da à luz do disposto no n.º 2, ponderação curricular,
não se refere a diferen- à totalidade dos trabalha-
do artigo 18.º, da LOE 2018. nos termos previstos no
ciação de desempenhos, dores requerentes da pon-
Ou dito de outra forma: sistema de avaliação do
tida em conta no ano ou deração.”
desempenho aplicável
biénio já passados, mas
a) O trabalhador não foi (vidé artigo 43.º da Lei h) Ou seja, a diferenciação
sim à diferenciação de
avaliado na Freguesia n.º 66-B/2007 na reda- de desempenhos é feita à
desempenhos à data da
nos anos de 2004 a 2009 ção atual - SIADAP) data de 1/1/2018, e rela-
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RAP DE SARDOAL

tivamente aos trabalhadores do serviço (Município) quando os trabalhadores, ções de mobilidade inter-
que requereram a ponderação curricular, nos ter- mantendo aquele exercício categorias e na sequência
mos deste artigo 18.º da LOE 2018. de funções, mudem definiti- desse exercício de fun-
vamente de órgão ou servi- ções veio a obter a conso-
i) Logo, os factos passados (diferenciação de de-
ço.” lidação da mobilidade na
sempenhos que deveriam ser acautelados nos res-
À luz da presente norma, categoria de destino (em
petivos anos não avaliados) são irrelevantes;
parece indiscutível que as julho 2016), e a celebrar
j) Devendo a diferenciação ser feita tendo por base avaliações de desempenho contrato a tempo indeter-
todos os trabalhadores (e também o trabalhador que se refiram ao tempo em minado nessa categoria
em causa cuja mobilidade se consolidou em julho que esteve em mobilidade (por exemplo de Técnico
2016) que requereram a ponderação curricular nos (e antes da mobilidade) re- Superior) o tempo conta-
termos do artigo 18.º da LOE 2018 e os seus efeitos levam para a situação atual. -lhe desde o início da
à data de 1/1/2018. Contudo, esta interpretação de Isto, partindo do princípio mobilidade na categoria
que a avaliação é única, não é uniforme, conforme que não estamos diante de de Técnico Superior.
nota de rodapé. 2 uma mobilidade intercate- c) Devendo igualmente o
Anota-se, finalmente, que após a possibilidade de en- gorias ou carreiras, uma vez Município aplicar o proce-
quadramento da solução ao abrigo do artigo 18.º da que, nesse caso, existindo dimento previsto em I mas
Lei de OE 2018, deverá a questão da falta de avaliação consolidação, aplicam-se apenas com relevância na
ser solucionada com base nas normas do SIADAP, no- as regras previstas no artigo nova categoria desde que
meadamente artigo 85.º e 43.º 100.º, da LTFP. iniciou a mobilidade.
B - Se a mobilidade ocorreu
II – Sobre onde deve ser avaliado o trabalhador, no pe-
entre órgãos (da freguesia
ríodo em que esteve em Mobilidade 4.ª QUESTÃO – Horários de
para o município) para ca-
tegoria e remuneração di- Trabalho
A- Para encontrar a resposta à questão formulada, pa-
rece importante trazer, para a discussão, o artigo 11.º, ferente (Por exemplo: era Em determinado Centro
da LFTP e que determina o seguinte: Assistente Técnico na Fre- Cultural, o horário pode ser
guesia e passou por mobili- prestado no período entre
“Artigo 11.º Continuidade do exercício de funções pú-
dade para Técnico Superior as 8H00 e as 19h00, com 2
blicas
no Município): plataformas fixas: das 10H –
O exercício de funções ao abrigo de qualquer modali- 12H e das 14H30 – 16H30.
a) Nos termos do artigo
dade de vínculo de emprego público, em qualquer dos
100.º da LTFP “A classifi- A adaptabilidade deve-se ao
órgãos ou serviços a que a presente lei é aplicável, releva
cação obtida na avaliação facto de haver alguns dias,
como exercício de funções públicas na carreira, na cate-
de desempenho e o tem- quando há atividades, em
goria ou na posição remuneratória, conforme os casos,
po de exercício de fun- que é necessário prestar
ções em regime de mobi- serviço também à noite (ex:
2 Do parecer da CCDRLVT de 13/11/2018:
lidade são tidos em conta 20H00 – 0H00).
4) Havendo lugar a ponderação curricular, ela será única para os 7 anos (5 ciclos)
não avaliados? na antiguidade do traba-
Pergunta-se:
Para se responder de forma cabal a esta questão, importará ter presente que este mé- lhador, por referência ou
todo de avaliação se traduz na ponderação do currículo do titular da relação jurídica
de emprego público, em que se consideram entre outros elementos, a sua experiência à sua situação jurídico Poderá ser atribuído um ho-
profissional e a valorização do seu curriculum. funcional de origem, ou rário flexível com adaptabili-
Importará igualmente ter presente, o que sobre a matéria dispõe o Despacho Norma-
tivo n.º 4-A/2010, de 4 de fevereiro.
à do vínculo de empre- dade aos trabalhadores que
Este é o despacho no âmbito do qual se estabelecem os critérios a aplicar na realiza- go público por tempo exercem funções, cujos dias
ção da ponderação curricular e dele resulta de forma muito clara que na valorização
profissional a considerar para a ponderação se considera a participação em ações de
indeterminado que na de folga é ao domingo e se-
formação, estágios, congressos, seminários ou oficinas de trabalho realizadas nos sequência da situação gunda-feira?
últimos cinco anos, pelo que estamos em crer que por estar em falta a avaliação de 7
de mobilidade, venha a
anos à trabalhadora que apresentou requerimento à autarquia, somos do entendimen-
to que a ponderação curricular não poderá ser única para o período avaliativo em falta, constituir.”
sob pena de tendo o trabalhador frequentado um ou outro estágio, seminário ou ação CONCLUSÃO
de formação, não ver a sua valorização curricular prejudicada, e consequentemente, b) Ou seja, se por hipótese o
a sua ponderação curricular.
trabalhador exerceu fun- A - Supondo que o que está
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RAP DE SARDOAL

a ser questionado é se o re- não está relacionado com os pular-se um horário por
gime de horário flexível se dias, mas sim com as horas turnos para os trabalha-
aplica a trabalhadores que de entrada e saída, por for- dores em causa, sendo
tenham o dia de descanso ma a permitir ao trabalhador as regras a cumprir, sem
aos domingo e segunda-fei- de um serviço gerir os seus embargo de eventual
A CISION é líder de mercado
ra, e não sobre a aplicação tempos de trabalho, esco- Regulamento Interno de
na área de análise de informa-
dos regimes de adaptabi- lhendo as horas de entrada e Horários ou de ACCEP
ção e presta serviços às mais
lidade e banco de horas do de saída. existente, as previstas
importantes empresas e institui-
artigo 106.º da LTFP e 203.º no artigo 115.º da LTFP
Isto leva-me ao seguinte re- ções nacionais nas áreas da
e seguintes do CT, refere-se (efetuando-se escala
paro: No horário flexível a monitorização e avaliação de
sucintamente: adequada para o efeito)
entidade empregadora não informação veiculada nos meios
As modalidades de horário pode exigir ao trabalhador Nesse caso, de um ho- de comunicação social e redes
de trabalho constam nos art. a permanência em determi- rário por turnos, poderia sociais.
ºs 110.º e seguintes da LTFP, nadas horas, para além das haver lugar a eventual
Com cerca de 50.000 clien-
e subsidiariamente no Códi- plataformas fixas. suplemento remunera-
tes, integra 2.700 profissionais
go do Trabalho. tório de turno a fixar nos
Este tipo de horário é fixado e monitoriza mais de 200.000
termos do artigo 161.º da
B - Horário Flexível tendo como perspetiva o tra- fontes de informação em todo
LTFP.
balhador e a sua compagina- o mundo.
B.1- O horário flexível cons-
ção entre a vida pessoal e o a) Em vez de um horá-
ta do artigo 111.º da LTFP O serviço de clipping, ou seja,
trabalho, daí que a Lei preveja rio por turnos, para
como sendo “o que permite a seleção de notícias, é uma
as situações em que o mesmo o caso concreto, po-
ao trabalhador de um serviço, parte do serviço que a CI-
pode ser estabelecido. deria também pôr-se
gerir os seus tempos de tra- SION oferece, monitorizando
Caso contrário, a entidade a hipótese de estipu-
balho, escolhendo as horas em tempo real toda a informa-
empregadora poderia utilizar lar a modalidade de
de entrada e de saída” (n.º ção veiculada nos media sobre
este tipo de horários de tra- horário desfasado
1), sendo as restantes regras assuntos de interesse dos seus
balho para poder chamar o (artigo 113.º da LTFP)
desse tipo de horário defini- clientes.
trabalhador às horas que qui- ou mesmo de horá-
das no n.º 2 a 6 desse artigo.
sesse, para além das platafor- rio específico (artigo Se é associado da ATAM pode
- Assim, desde já, se refere mas fixas estabelecidas, o que 110.º n.º 2) que ainda ler e guardar as notícias sobre
que com um horário flexível, tornaria esta modalidade de assim também teria os assuntos relativos ao Poder
não parece que se resolva a horário, no mínimo, diabólica de se conformar com Local e à Administração Públi-
situação descrita, pois aos para o trabalhador, fugindo ao as regras gerais da ca.
trabalhadores não pode ser pagamento de horas extraor- LTFP.3
A ATAM oferece um serviço
imposta uma determinada dinárias e de trabalho noturno, diário, permitindo o acesso às
presença no trabalho (Centro definindo o horário como me- notícias - sobre aquelas temáti-
Cultural) já que, neste tipo de lhor lhe convém. 3 Paulo Veiga e Moura, página 388:
cas -, publicadas em jornais de
horário, é o trabalhador que “nos casos de horários específi-
C - Horário por turnos, des- expansão nacional.
escolhe as suas horas de en- cos previstos na presente lei...”,

trada e saída, com exceção fasado, específico a verdade é que não se encontra
previsto no texto da Lei Geral do
das plataformas fixas. Para um Serviço (Centro Cul- Trabalho em Funções Públicas

- Tal apenas será, eventual- tural) que se pretende este- qualquer horário específico, pelo
que pensamos que a referência
mente possível, desde que ja aberto das 8h às 19h (11
a horários específicos se reporta,
os trabalhadores acordem horas seguidas de trabalho) fundamentalmente, àqueles que,

nesse sentido e sejam res- e ainda em certos dias tam- nos termos do Código do Trabalho,
podem ser fixados a trabalhadores
peitados pelo menos os re- bém das 20h às 00h (mais
com deficiência crónica, trabalha-
quisitos do n.º 2 a 6 do artigo 4 horas de trabalho) parece dores com capacidade de trabalho

111.º da LTFP, que: reduzida e trabalhadores titulares


do estatuto de trabalhador-estu-
B.2 - Ora, o horário flexível Poderá, eventualmente, esti- dante”
N.º 416 | O MUNICIPAL
54

RAP DE SARDOAL

b) Terá que ser o dirigente Aplicação do Decreto-Lei reforma for mais elevado que dalidades, e em seguida, os
com competência, para n.º 6/2019 de 14/01 o salário, terá ainda direito procedimentos de aplicação
determinar o horário dos ao pagamento da diferença à administração local.
Tendo por base o artigo 294.º
referidos trabalhadores, entre a pensão e o salário.
A da LTFP, na redação do Nos termos do n.º 1 do arti-
que deverá propor a esca-
Decreto-Lei n.º 6/2019, de Os serviços onde os apo- go 284.º da LTFP, considera-
la de horário (que poderá
14 de janeiro, sentados trabalham devem -se pré-reforma a situação
ser por turno - desde que
sempre informar a CGA ou a de redução ou de suspensão
cumpra o artigo 115.º da Pergunta-se:
Segurança Social quando as da prestação do trabalho em
LTFP, que nesse caso, Quais os trâmites a seguir funções são iniciadas e qual que o trabalhador com idade
levará ao pagamento do pelos Recursos Humanos, é a sua remuneração. igual ou superior a 55 anos
suplemento remuneratório para manter um trabalhador mantém o direito a receber
por turno do artigo 161.º Acrescenta-se que no artigo
ao serviço depois dos 70 do empregador público uma
da LTFP), sendo certo 79.º n.º 1 do EA (Decreto-
anos e já reformado em ja- prestação pecuniária mensal
que, um horário por tur- -Lei n.º 498/72 de 9/12 na
neiro de 2019: até à data da verificação de
nos, terá que respeitar um redação do Decreto-Lei n.º
Vencimento? Tipo de contra- qualquer das situações pre-
máximo de 35h/semana, 6/2019, de 14 de janeiro),
to? Mapa de pessoal? E ou- vistas no n.º 1 do artigo 287.º
mas poderá, eventual- lê-se: “No período que durar o
tros procedimentos exercício das funções públicas Modalidades:
mente, esse número de
horas (máximo) ser redu- autorizadas, os aposentados, I - Modalidade de redução
zido (mas nunca aumen- CONCLUSÃO reformados, reservistas fora da prestação: Nos termos
tado) desde que por con- de efetividade e equiparados do artigo 286.º n.º 1, na
Com o Decreto-Lei n.º
veniência de serviço. auferem a remuneração que modalidade de redução da
6/2019, de 14/1, passa a ser
Ou poderá ser outro dos está definida para as funções prestação, a prestação de
possível aos aposentados da
horários já referidos (desfa- ou cargo que desempenham pré-reforma é fixada com
função pública trabalharem
sado, específico) cumprin- ou para o trabalho prestado, base na última remunera-
depois dos 70 anos. Para
do as regras da LTFP e do mantendo o direito à respeti- ção auferida pelo traba-
o efeito, devem manifestar
Regulamento de Horários va pensão, quando esta seja lhador, em proporção do
essa vontade expressamen-
que eventualmente exista. superior, e no montante cor- período normal de trabalho
te e por escrito, através de
respondente à diferença entre semanal acordado.
Para que se possa criar requerimento dirigido ao res-
aquela e esta”.
um horário para os traba- petivo empregador público, II - Situação de pré-refor-
lhadores do Centro Cul- pelo menos seis meses antes ma na modalidade de sus-
tural, é necessário saber de completar aquela idade. 6.ª QUESTÃO - Decreto- pensão
qual vai ser efetivamente -Regulamentar n.º 2/2019
Quanto ao vínculo: Se um Nos termos do n.º 4 do arti-
o horário normal do Cen- de 05/02
trabalhador chegar aos 70 go 286 º da LTFP, as regras
tro (por exemplo, parece
anos e quiser continuar a O Decreto Regulamentar n.º para a fixação da prestação
pretender-se que seja das
trabalhar, pode fazê-lo, caso 2/2019, de 5 de fevereiro, a atribuir na situação de pré-
8h às 19h ininterrupto?)
seja autorizado pelos mem- -reforma que corresponda à
sendo certo que as horas Pergunta-se:
bros do Governo responsá- suspensão da prestação de
que sejam efetuadas para
veis pelas áreas das finanças a) Também, é aplicável à trabalho são fixadas por de-
além do horário normal,
e da Administração Pública. Administração Local? creto regulamentar.
em eventos pontuais (por
O vínculo vigora, em regra,
exemplo das 20h às 00h b) E quais os trâmites pro- Em conformidade, nos ter-
por seis meses renováveis,
nalguns dias) terão que cessuais por parte dos mos do artigo 1.º, o Decre-
até ao limite máximo de cin-
ser asseguradas também Serviços? to Regulamentar n.º 2/2019
co anos.
pontualmente por traba- de 5 de fevereiro, estabele-
lho suplementar. Sobre a remuneração: Ao ce as regras para a fixação
aposentado é pago o salário CONCLUSÃO
da prestação pecuniária a
correspondente ao trabalho A resposta aborda em pri- atribuir na situação de pré
5.ª QUESTÃO - Forma de prestado. Se o valor da sua meiro lugar, a noção e mo- -reforma que corresponda
O MUNICIPAL | N.º 416
55

RAP DE SARDOAL

à suspensão da prestação que serviu de base ao do Governo responsáveis pelos artigos 284.º e
de trabalho em funções pú- cálculo da prestação de pelas áreas das finanças seguintes.
blicas. pré-reforma. e da Administração Pú-
Quanto aos proce-
blica, a obter através do
Duas questões principais se Já para os subscritores dimentos, em espe-
membro do Governo que
colocam: da Segurança Social, são cial, à autorização e
exerce o poder de dire-
pagas as contribuições celebração de acor-
1) Valor da prestação; ção, superintendência ou
sobre as remunerações do, a leitura do n.º
2) Autorização ou não, dos a tutela sobre o emprega-
antes de estar na pré- 2, do artigo 284.º, da
membros do Governo dor público
-reforma. Conforme artigo LTFP e da parte final
responsáveis pelas áreas 88.º do CRCSS 2 - A taxa B.1- Coloca-se a ques- do artigo 2.º, do De-
das finanças e da Admi- contributiva relativa aos tão de se quanto às au- creto-Regulamentar
nistração Pública, quanto trabalhadores em situação tarquias, a pré-reforma n.º 2/2019, de 5/2,
às situações de pré-refor- de pré-reforma com o âm- também depende da au- deve ser feita à luz
ma na autarquia. bito de proteção previsto torização do membro do do n.º 2, do artigo
A) Quanto à prestação de no n.º 2 do artigo 86.º é Governo? 1.º, da LTFP, norma
pré reforma, de 26,9 %, sendo, respe- legal que dispõe, ex-
tivamente, de 18,3 % e de B.2- Atalhando, desde pressamente, o se-
Montante da pré-reforma: logo, refere-se que não:
8,6 % para as entidades guinte:
o montante inicial da A pré-reforma é passível
empregadoras e para os
prestação de pré-refor- de ser utilizada no âmbi- “A presente lei é apli-
trabalhadores. (cf Guia
ma é fixado por acordo to da administração local, cável (…), com as
Prático de Pré-reforma da
entre empregador público porque o legislador não necessárias adapta-
Segurança Social http://
e trabalhador, não poden- afastou a sua aplicação ções, designadamen-
www.seg-social.pt/docu-
do ser superior à remune- a tal realidade, nem faz te no que respeita
ments/10152/15032/re-
ração base do trabalha- depender a aplicação da às competências em
ducao_taxa_contributiva_
dor na data do acordo, mesma à publicação de matéria administrativa
pre_reforma, página 6) .
nem inferior a 25 % da diploma próprio. Como dos correspondentes
referida remuneração. A - Quanto à autorização, argumentos, invocam-se: órgãos de governo
próprio, aos serviços
Nos termos do artigo 4.º Nos termos do n.º 2 do a) As autarquias locais da administração re-
do Decreto Regulamentar artigo 284.º da LTFP, “A encontram-se abran- gional e da adminis-
(situação de pré-reforma situação de pré-reforma gidas pelo âmbito de tração autárquica.”
com suspensão da pres- constitui-se por acordo aplicação da LFTP e,
tação de trabalho), o entre o empregador pú- consequentemente, b) Ora, nos termos da
período na situação de blico e o trabalha-
pré-reforma releva para dor e depende da
a aposentação, manten- prévia autorização
do-se, relativamente aos dos membros do
trabalhadores integrados Governo responsá-
no regime de proteção veis pelas áreas das
social convergente, a finanças e da Admi-
obrigação de o subscritor nistração Pública.”
e o respetivo empregador Mas, também, nos
pagarem mensalmente as termos do artigo 2.º
contribuições à Caixa Ge- do Decreto Regula-
ral de Aposentações, I. P., mentar n.º 2/2019
calculadas à taxa normal de 5 de fevereiro, a
com base no valor atuali- pré-reforma depen-
zado da remuneração re- de da prévia autori-
levante para aposentação zação dos membros
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RAP DE SARDOAL

alínea a), do n.º 2, do artigo 35.º, do anexo I, g) Partindo das pre- 7.ª QUESTÃO - Transferên-
da Lei n.º 75/2013, de 12/09, compete ao pre- missas, acima, refe- cia de competências. Pes-
sidente da Câmara Municipal decidir todos os ridas, parece, que, soal não docente
assuntos relacionados com a gestão e direção no caso das autar- Considerando o disposto no
dos recursos humanos afetos aos serviços quias locais, a ce- Decreto-Lei n.º 21/2019, de
municipais. lebração de acordo 30 de janeiro,
de pré-reforma não
c) Refira-se, que, por força do disposto no n.º 2, Questiona-se a continuida-
está dependente de
do artigo 1.º, do anexo I, desta Lei, as normas de das seções autónomas,
autorização de qual-
constantes da mesma são de aplicação impe- no âmbito da Portaria n.º
quer membro do
rativa. 759/2009, de 16 de julho.
governo ou de enti-
d) Por outro lado, a alínea a), do n.º 1, do artigo dade com funções No âmbito do referido diplo-
27.º, da LTFP, determina que as competências de tutela sobre as ma, o pessoal não docente é
inerentes à qualidade de empregador público, autarquias locais. avaliado por quem?
na administração autárquica, são exercidas, Considerando, ainda,
nos municípios, pelo presidente da câmara que o quadro legal CONCLUSÃO
municipal. em vigor não prevê, O Decreto-Lei n.º 21/2019
e) Ainda, sobre esta matéria, e embora se co- como sucede noutras de 30 de janeiro concreti-
nheça a problemática associada à vigência de situações, a interven- za a transferência de com-
tal diploma legal, importa referir que a alínea ção do órgão execu- petências para os órgãos
a), do n.º 2, do artigo 2.º, do Decreto-Lei n.º tivo e ou deliberativo municipais e das entidades
209/2009, de 3/9, determina que as referên- da autarquia local, intermunicipais no domínio
cias feitas na Lei n.º 12-A/2008, de 27 de feve- parece-nos que a ce- da educação, ao abrigo dos
reiro, ao membro do Governo ou ao dirigente lebração de acordo artigos 11.º e 31.º da Lei n.º
máximo do serviço ou organismo, conside- de pré-reforma ape- 50/2018, de 16 de agosto, e
ram-se feitas, nos municípios, ao presidente nas está dependente regula ainda o funcionamen-
da câmara municipal. da intervenção do to dos conselhos municipais
Presidente da Câma- de educação.
Sendo certo que, de acordo com o disposto
ra Municipal e, do tra- I - A Portaria 759/2009 pro-
no n.º 3, do artigo 42.º, da Lei n.º 35/2014, de
balhador interessado. cedeu à adaptação do SIA-
20/06, todas as referências aos diplomas revo-
gados pelo n.º 1, da mesma norma legal, entre Tratando-se de DAP (Lei n.º 66-B/2007) ao
os quais se encontra a Lei n.º 12-A/2008, de acordo, e inclinan- pessoal não docente.
27/02, entendem-se feitas para as correspon- do-nos para a natu-
A) Nos termos dessa Portaria
dentes normas da LTFP. reza jurídica de con-
“o pessoal não docente dos
trato, o acordo não
f) Importa também trazer à colação o disposto agrupamentos de escolas
deixa de assumir,
no n.º 1, do artigo 242.º, da Constituição da não agrupadas bem como
por parte do muni-
República Portuguesa, norma legal que de- aquele que encontrando-
cípio, um dever de
termina que a tutela administrativa sobre as -se vinculado às autarquias
conduta fundamen-
autarquias locais consiste na verificação do locais, ali presta serviço, é
tado em termos de
cumprimento da lei por parte dos órgãos au- avaliado pelo respetivo dire-
eficiência, transpa-
tárquicos e é exercida nos casos e segundo as tor, que pode delegar essa
rência e igualdade.
formas previstas na lei. competência no subdiretor
Tal implica o escru-
ou nos adjuntos (artigo 2.º)
Ou seja, à luz do retromencionado preceito tínio contínuo, por
constitucional, a tutela exercida sobre as au- parte do presidente - O CCA é composto pelo di-
tarquias locais é uma tutela de mera legalida- da câmara de inda- retor, pelo subdiretor, pelos
de, em face, aliás, da autonomia reconhecida, gar sempre o inte- adjuntos e pelo chefe de servi-
também pela Constituição, relativamente ao resse público, em ços de administração escolar.
poder local. cada caso. (artigo 3.º n.º 1)
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RAP DE SARDOAL

B) O CCA, no caso do pes- rências de competências, em c) Mas, a partir do início do que releva a continuidade do
soal não docente vinculado sede de educação, estejam ano letivo próximo, com exercício de funções públi-
às autarquias locais, é o definitivamente aceites pelos início em 1/9/2019, (es- cas, ao abrigo de qualquer
do Município respetivo, de- municípios, e o Decreto-Lei tando já em curso o biénio modalidade de vínculo de
vendo integrar o diretor ou n.º 21/2019 esteja plenamen- avaliativo 2019/20120), emprego público, em qual-
diretores dos agrupamentos te em vigor, passará a seguir- deverá seguir-se a legis- quer dos órgãos ou serviços
de escolas…ou os seus re- -se o SIADAP adaptado para lação que entretanto ve- a que a Lei é aplicável, quan-
presentantes (artigo 3.º n.º as Autarquias, e o diretor do nha a ser publicada, ou, do os trabalhadores, man-
2), ainda que com a criação, agrupamento passará ape- se se mantiver a em vigor tendo aquele exercício de
no âmbito do respetivo con- nas a dar alguns “contribu- neste momento, e o muni- funções, mudem definitiva-
selho coordenador da avalia- tos”. Tudo o resto terá o pro- cípio aceitar esse pessoal mente de órgão ou serviço.
ção, de uma secção autóno- cedimento previsto para o no seu mapa de pessoal,
Considerando a extensão
ma (artigo 3.º n.º 3). pessoal do município. deverão renegociar-se
deste princípio assumi-
as competências e ob-
- É também referida a ho- III - Mas, chama-se a aten- do pela doutrina (vg. FAQ
jetivos, passando então
mologação e a reclamação, ção para o facto de no arti- DGAEP 9) à contagem do
esse pessoal não docen-
concluindo que como regime go 76.º do Decreto-Lei n.º tempo de serviço, desde que
te a ser coordenado, para
subsidiário se aplica o SIA- 21/2019, (Produção de Efei- contínuo, em modalidades
efeitos de avaliação, pelo
DAP e, no caso do pessoal tos), se prever que “as com- de vínculo de emprego públi-
avaliador que o presiden-
vinculado às autarquias, o petências reguladas nas sec- co, refere-se:
te da câmara determinar.
SIADAP adaptado às autar- ções ii e iii do capítulo II e no
(seguindo-se o SIADAP) A) Do histórico recente do
quias locais. capítulo IV apenas produzirem
tema ressalta-se que o De-
efeitos a partir do ano letivo
- Ou seja, desde a publica- creto-Lei n.º 100/99 de 31/03
2019/2020” (n.º 3 do artigo
ção desta Portaria e até ao 8.ª QUESTÃO - Cálculo estabelecia no n.º 3 do artigo
76.º). (Cap. II - SECÇÃO II -
biénio 2017/2018 o pessoal para o acréscimo do perío- 2.º que “o pessoal abrangido
Plano de transporte esco-
não docente deve seguir este do de férias pelo presente diploma tem
lar; secção III - Ofertas de
regime legal. ainda direito a um dia útil de
educação; / Cap. IV – Ges- Para o efeito de acréscimo
férias por cada 10 anos de
tão vg. 44.º gestão do pes- de um dia de férias por cada
II - Com a publicação do serviço efetivamente presta-
soal) 10 anos de serviço efetiva-
Decreto-Lei n.º 21/2019 de do”.
mente prestado,
30/01, pretende-se a transfe- - E os artigos supra sobre Também a Lei n.º 59/2008 de
rência de competências para avaliação do pessoal não do- Pergunta-se:
11/09, igualmente referia no
os órgãos municipais ou in- cente constam no capitulo IV Qual a antiguidade na função n.º 3 do artigo 173.º que “ao
termunicipais desta área da
IV- Logo, entende-se que: pública a considerar? período de férias referido no
EDUCAÇAO (que as vierem
Para o cômputo do serviço n.º 1 acresce um dia útil de fé-
a aceitar) a) A Avaliação do pessoal
prestado efetivamente, que rias por cada 10 anos de ser-
- Nessa base, o Pessoal Não não docente referente ao viço efetivamente prestado.”
Docente passará a constar biénio 2017/2018 deve ser tipo de vínculo deve ser con-
nos mapas de pessoal das concluída nos termos da siderado? B) Hoje, a Lei n.º 35/2014 de
câmaras municipais (artigo Portaria 759/2009 e suple- A dúvida é se um trabalhador 20/06, continua a determinar
42.º e seguintes). E, em sede tivamente o SIADAP, con- que teve contrato em vários no artigo 126.º n.º 4 que “ao
de avaliação os diretores dos forme supra se explicou; períodos com interrupções, período de férias previsto no
agrupamentos de escolas e se esse tempo também deve n.º 1 acresce um dia útil de
b) Também a eventual defi-
escolas não agrupadas pas- ser tido em conta no cálculo? férias por cada 10 anos de
nição de objetivos e com-
sam a “propor ao Presidente da serviço efetivamente presta-
petências para o biénio
Câmara - os contributos para a do”.
2019/2020, deve efetuar-
avaliação de desempenho” [ar- CONCLUSÃO
-se dessa mesma forma Uma vez que o legislador não
tigo 44.º n.º 2 alínea a)].
que vinha sendo feita [Cfr. Sobre esta matéria, invoca- introduziu qualquer referência
Ou seja, logo que as transfe- alínea a)] -se o artigo 11.º da LTFP, ao tipo de vínculo, como con-
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RAP DE SARDOAL

dição de qualificação do serviço efetivamente prestado mas sim na rubrica de remu- ticamente, não poderá ser o
como relevante para este efeito, não deve nem pode o neração base. município responsabilizado,
intérprete fazê-lo. quer proceda de uma ou de
Mas existem entendimentos
outra forma (pois ou considera
E, sendo certo que o legislador também não estabe- contrários, pelo que se soli-
as valorizações remunerató-
lece, como condição de relevância, que o tempo de cita unanimidade no proce-
rias apenas a partir de maio
serviço tenha que ser prestado continuadamente ou dimento a tomar.
2019 e nesse caso inclui na
intercalado, também não pode nem deve o intérprete
rúbrica de pessoal em fun-
fazê-lo.
CONCLUSÃO ções a parte referente aos
Assim, todo o tempo de serviço prestado em contrato meses de janeiro a abril 2019,
a termo resolutivo certo, ou contrato a termo resoluti- Da consulta ao Portal Au-
ou, por outro lado, inclui es-
vo incerto, ou em contrato por tempo indeterminado… tárquico verificamos que o
sas valorizações de janeiro a
mesmo com interrupções, deve ser considerado para “novo classificador económi-
abril 2019 também na rúbrica
este efeito. (Já no caso dos Contratos de Avença e co da despesa” já na feitura
01.01.04.02, o que em nada
Tarefa não deve ser considerado, face às suas carac- do OE 2018 continha as se-
altera a dinâmica e os princí-
terísticas de trabalho independente sem subordinação guintes classificações econó-
pios orçamentais do POCAL).
hierárquica prestado apenas para tarefas ou determi- micas, no que aqui interessa:
01.01.04.01 – Pessoal em No entanto, tendo o legislador
nados objetivos).
Funções; 01.01.04.02 – Al- pretendido separar a despesa
Neste sentido (embora em data anterior à Lei n.º terações obrigatórias de da remuneração do pessoal
35/2014…) veja-se o PARECER JURÍDICO da CCDR-C posicionamento remunera- em funções da despesa com
N.º DAJ 143/13 DE 7/6/2013 (que se refere também a tório; 01.01.04.03 – Altera- valorizações obrigatórias, e,
uma circular da DGAP e a um Parecer da Provedoria da ções facultativas de posicio- sendo certo que de janeiro a
Justiça no mesmo sentido). namento remuneratório. abril 2019 estão ainda a ser
pagas “valorizações remune-
Porém, não seguimos esta posição de agregação da Ora, o Município em causa terá
ratórias” assim denominadas
contagem do tempo de serviço em qualquer modalida- efetuado o Orçamento/2018
pela Lei do OE 2018 (que obri-
de de vínculo de emprego público, para efeitos de tem- com essa distribuição, sendo
gou ao pagamento faseado)
po relevante para alteração da posição remuneratória, esse um Orçamento Anual
entendemos:
ao abrigo do artigo 156.º da LTFP, conforme tem vindo (2018) mas também plurianual
a ser reiterado em RAP’S e pareceres nelas menciona- que já previa as valorizações Deverá considerar-se a des-
dos (Veja-se a RAP da Moita e RAP de Vila Verde, 9.ª remuneratórias obrigatórias pesa referente às valorizações
questão) de 2019…Efetivamente, ao remuneratórias obrigatórias
elaborar agora o Orçamen- de janeiro a abril 2019 na clas-
to/2019, ter-se-á deparado sificação 01.01.04.02, uma
9.ª QUESTÃO - Classificação Orçamental. Altera- vez que essa “despesa” é as-
com a dúvida de, se estando
ções de valorizações Remuneratórias sim considerada na Lei do OE
já os trabalhadores a receber
O Orçamento de 2018 previu o pagamento de altera- com a percentagem de 50% 2018 (que obrigou ao fasea-
ções remuneratórias, sendo: (das valorizações obrigatórias mento das valorizações).

- 25% no período de janeiro 2018 a agosto de 2018; desde setembro 2018) se em Acresce que em 1/1/2018,
1/1/2019 se consideraria que poderíamos fazer compro-
- 50% no período de setembro 2018 a abril de 2019; essa era já a sua remunera- missos para anos futuros, e
- 75% no período de maio 2019 a novembro de 2019; ção base, e, por isso, apenas certamente classificaríamos
iria incluir na classificação na mesma rubrica.
- 100% no mês de dezembro de 2019;
01.01.04.02 as valorizações
Não obstante o referido,
Pergunta-se: obrigatórias a partir de maio
houve participantes que re-
2019.
Há entendimentos que, como no período de janeiro de feriram considerar o período
2019 a abril 2019, não existem alterações remunerató- Parece de pouca relevância de janeiro a maio de 2019
rias em relação ao mês de dezembro, que, neste pe- a questão colocada pois, como devendo integrar a re-
ríodo não devem ser consideradas na referida rubrica, entende-se que, contabilis- muneração base, com algum
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59

RAP DE SARDOAL

suporte e acompanhamento praticado a tempo completo tuação comparável, na Será exequível um muníci-
de “software house”. Mas, numa situação comparável e, proporção do respetivo pe requerer ao Presidente
reitera-se a posição inicial, conforme o pedido do traba- período normal de trabalho da Câmara Municipal, que
mais consensual e adotada lhador, é prestado diariamen- semanal; aquele órgão executivo, ve-
nos pareceres da ATAM. te, de manhã ou de tarde, ou nha a propor, ao membro do
b) Ao subsídio de refeição, no
em três dias por semana.” Governo responsável pela
montante previsto em ins-
10.ª QUESTÃO - Tempo área das florestas, a declara-
II - Vigora o regime da liber- trumento de regulamenta-
Parcial. Filho de 7 anos ção de utilidade públicas das
dade de celebração de con- ção coletiva de trabalho ou,
faixas de terreno que lhe são
trato a tempo parcial, que não caso seja mais favorável,
Pergunta-se: “retiradas” e que, anterior-
pode ser excluída por instru- ao praticado na empresa,
a) Qual o enquadramento, mente, se destinavam a pro-
mento de regulamentação co- exceto quando o período
para que um trabalhador, dução florestal, devidamente
letiva de trabalho. (CT 151.º). normal de trabalho diário
com filho de 7 anos, pos- licenciadas, considerando
Mas tem preferência, nomea- seja inferior a cinco horas,
sa prestar serviços a tem- que terá a obrigação de as
damente, quem tem responsa- caso em que é calculado
po parcial? manter limpas e que, como
bilidades parentais (152.º). em proporção do respetivo
tal, não as poderá utilizar
b) Caso seja favorável, qual período normal de trabalho
III - Quanto à forma e conteúdo para a produção?
o horários a praticar, e semanal.
do contrato a tempo parcial,
que remunerações deve estabelece o artigo 153.º: “1 -
auferir? O contrato de trabalho a tempo CONCLUSÃO
parcial está sujeito a forma es- B - REGIME
I - Entendemos e cingimos a
crita e deve conter: a) Identifica-
JURIDICO questão, em primeiro lugar,
CONCLUSÃO ção, assinaturas e domicílio ou
no sentido de se a compo-
I - Sobre os regimes de tra-
sede das partes; b) Indicação DA URBANIZAÇÃO
nente das redes secundá-
do período normal de trabalho
balho a tempo parcial e de
diário e semanal, com referência
EDIFICAÇÃO rias das faixas de gestão de
teletrabalho, prevê-se nos no combustível respeitantes a
comparativa a trabalho a tempo
artigo 68.º da LTFP remissão 11.ª QUESTÃO – Sistema “envolventes aos aglomera-
completo.”
para o Código do Trabalho. Nacional de Defesa da Flo- dos populacionais e a todas
IV - Quanto ao prazo/duração, resta contra Incêndio. Arti- as edificações, aos parques
Assim, nos termos do artigo
a prestação de trabalho a tem- go 14.º, do Decreto-Lei n.º de campismo, às infraestru-
55.º n.º 1 do CT, tem direito a
po parcial pode ser prorroga- 124/2006, de 28 de junho turas e parques de lazer e de
trabalhar a tempo parcial “o
da até dois anos ou, no caso recreio, aos parques e polí-
trabalhador com filho menor de As recentes alterações intro-
de terceiro filho ou mais, três gonos industriais, às platafor-
12 anos ou, independentemen- duzidas ao regime jurídico
anos, ou ainda, no caso de fi- mas logísticas e aos aterros
te da idade, filho com deficiên- que estabelece as medidas
lho com deficiência ou doença sanitários” conforme noção
cia ou doença crónica que com e ações a desenvolver no
crónica, quatro anos. do artigo 13.º n.º 4 alínea
ele viva em comunhão de mesa âmbito do Sistema Nacional
c), e enunciadas no artigo
e habitação”, direito que pode V - Quanto à remuneração, o de Defesa da Floresta contra
12.º n.º 2 alínea a), todos do
ser exercido por qualquer dos trabalhador a tempo parcial Incêndio, inviabilizam a uti-
Decreto-Lei n.º 124/2006 de
progenitores ou por ambos em tem direito: lização das parcelas de ter-
28/6, são suscetíveis de ex-
períodos sucessivos, depois reno, que integram as faixas
a) À retribuição base e outras propriação pelos municípios.
da licença parental comple- de gestão de combustível,
prestações, com ou sem Com efeito, nos termos do
mentar, em qualquer das suas para o desenvolvimento da
carácter retributivo, previs- artigo 14.º n.º 1 podem, sob
modalidades (cf. CT 51.º n.º 1). atividade florestal. Atento o
tas na lei ou em instrumen- proposta das câmaras muni-
disposto no artigo 14.º, do
Nos termos do n.º 3 do mes- to de regulamentação co- cipais, ser declaradas de uti-
Decreto-Lei n.º 124/2006, de
mo artigo 55.º, «Salvo acordo letiva de trabalho ou, caso lidade pública: as infraestru-
28 de junho, na sua redação
em contrário, o período nor- sejam mais favoráveis, às turas discriminadas no n.º 2
atual,
mal de trabalho a tempo par- auferidas por trabalhador do artigo 12.º, e inscritas nos
cial corresponde a metade do a tempo completo em si- Pergunta-se: PMDFCI e os terrenos neces-
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sários à sua execução, e inscritas nos PMDFCI. II - A questão também se conduzem as situações de
Importa clarificar se as Redes de faixas de gestão de pode colocar quanto às fai- desvalor por atos normativos
combustível são infraestruturas. Não parece, pelas de- xas de gestão de combus- às expropriações.
finições do artigo 3.º, onde aparecem autonomamente tível, incidentes sobre as
IV - Concluímos que só será
as locuções “redes de infraestruturas” e “rede de fai- redes viárias públicas, no-
legítima a expropriação das
xas de gestão de combustível”. meadamente as detidas pe-
faixas de terrenos, referidas
los municípios. Ora, também
Segundo a definição da alínea jj) do artigo 3.º, «Rede na questão, se necessárias
não parece que a lei legitime
de faixas de gestão de combustível», são o conjunto à execução de infraestrutura
a apropriação de mais parce-
de parcelas lineares de território, estrategicamente lo- inscritas no PMDFCI.
las para além dos elementos
calizadas, onde se garante a remoção total ou parcial
que constituem a via pública,
de biomassa florestal, através da afetação a usos não
a zona da estrada (o terreno
florestais e do recurso a determinadas atividades ou
ocupado pela estrada e seus
a técnicas silvícolas com o objetivo principal de criar C – FINANÇAS
elementos funcionais, abran-
oportunidades para o combate em caso de incêndio ru-
ral e de reduzir a suscetibilidade ao fogo”;
gendo a faixa de rodagem, as E CONTABILIDADE
bermas, as obras de arte, as
É certo que as redes primárias definidas no âmbito obras hidráulicas, as obras AUTÁRQUICA
do planeamento distrital de defesa da floresta contra de contenção, os túneis, as
incêndios devem ser declaradas de utilidade pública valetas, os separadores, as
(artigo 14.º n.º 2). Também há a previsão de criação de banquetas, os taludes, os 12.ª QUESTÃO – Empresa
medidas de perequação (artigo 13.º n.ºs 9, 10). Mas es- passeios e as vias coletoras- participada, em situação
tas regras não são previstas para as redes secundárias cf. Lei n.º 34/2015, de 27 de de desequilíbrio financeiro
(onde também os municípios têm competências), que abril).
constam do artigo 13.º n.º 4. A AMARSUL (empresa par-
III - Julgamos que em qual- ticipada por municípios da
Anota-se que o objeto de possível expropriação por quer dos casos, a imposição região de Setúbal), em 2017,
parte das câmaras municipais, conforme o artigo 14.º introduzida pelo Decreto- registou Resultados Antes de
n.º 1, são as infraestruturas discriminadas no n.º 2 do -Lei n.º 124/2006 de 28/6, Impostos negativos, o que
artigo 12.º, e os terrenos necessários à sua execução, estaria mais próxima de se configura uma situação de
e inscritas nos PMDFCI. constituir como causa de in- desequilíbrio.
Os terrenos não são infraestruturas, tanto mais que demnização pelo sacrifício,
Pergunta-se:
neste artigo 14.º n.º 1 se autonomiza destas o concei- previsto na Lei n.º 67/2007
to do de terrenos necessários à sua execução. Parece de 31/12, onde se prevê Os Municípios participantes
que os terrenos, as parcelas, são suscetíveis de de- que o “Estado e as demais têm de fazer repercutir o va-
claração de utilidade pública/expropriação, desde que pessoas coletivas de direito lor do endividamento desta
necessários à execução de infraestruturas. E voltando público indemnizam os par- empresa, no cálculo da sua
a noção de faixas de gestão de combustível, também ticulares a quem, por razões dívida total de forma propor-
não parece que se devam considerar como infraestru- de interesse público, impo- cional à sua participação?
turas a “remoção total ou parcial de biomassa florestal, nham encargos ou causem
através da afetação a usos não florestais e do recurso a danos especiais e anormais,
determinadas atividades ou a técnicas silvícolas”. Acres- devendo, para o cálculo da CONCLUSÃO
ce que, na perspetiva do interesse público, no artigo indemnização, atender-se, NA RAP, depois de discutida
16.º se preveem mecanismos alternativos, para se designadamente, ao grau a questão, apresentou-se ar-
atingir os objetivos de prevenção de incêndios, com- de afetação do conteúdo gumentação no sentido afir-
petindo à câmara municipal, até 31 de maio de cada substancial do direito ou mativo. Tal decorre do artigo
ano, a realização dos trabalhos de gestão de combus- interesse violado ou sacrifi- 40.º, n.º 2 e seguintes, do
tível, com a faculdade de se ressarcir, sem bulir com cado.” Tem havido alguma RJAEL - Lei n.º 50/2012, de
o direito de propriedade. Aliás, nos termos do artigo jurisprudência a este res- 31/8, na sua atual redação,
3.º do Código das Expropriações, a expropriação deve peito, incluindo do Tribunal conjugado com os artigos
limitar-se ao necessário para a realização do seu fim. constitucional, que não re- 52.º, n.º 1, e 54.º, n.º 1, alínea
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c), do RFAL – Lei n.º 73/2013, 49.º, os contratos de locação encontram nas condições educação (que as vierem a
de 16/8, na sua atual reda- financeira e quaisquer outras estabelecidas no artigo an- aceitar) e é revogado o De-
ção, que estatui tal efeito de formas de endividamento, por terior, bem como para os es- creto-Lei n.º 299/84 de 5/09
relevação proporcional para iniciativa dos municípios, jun- tudantes com necessidades supra referido (Cfr. artigo
a dívida total da autarquia to de instituições financeiras, educativas especiais que 70.º).Nos termos do artigo
em questão. Citando-se, pre- bem como todos os restantes frequentam o ensino básico 3.º n.º 1 “é da competência
vê o artigo 54.º n.º 1 alínea débitos a terceiros decorrentes e secundário. dos órgãos municipais partici-
c) do RFAL: 1 - Para efeitos de operações orçamentais” par, em matéria de educação,
Os alunos que cumpram o
de apuramento do montan- no planeamento, na gestão e
Acresce, que, sabendo- estipulado no número an-
te da dívida total relevante na realização de investimen-
-se que em julho de 2015, a terior (2 - A utilização dos
para o limite de cada muni- tos, nos termos regulados no
Amarsul passou a integrar o transportes escolares pelos
cípio, são ainda incluídos: presente decreto-lei.”
grupo Mota Engil, por via da alunos deverá respeitar as
a); b) “c) As empresas locais
aquisição da Empresa Geral normas emanadas do Minis- A - Essencial é o Plano de
e participadas de acordo com
de Fomento (EGF), detentora tério da Educação respeitan- transporte escolar, regulado
os artigos 19.º e 51.º da Lei
de 51% do capital social da tes ao processo de matrícula pelos artigos 17.º e seguinte,
n.º 50/2012, de 31 de agosto,
Amarsul, os municípios par- e seu encaminhamento.) e e “é a nível municipal, o ins-
exceto se se tratar de empre-
ticipantes ficaram colocados se encontrem matricula- trumento de planeamento da
sas abrangidas pelos setores
na situação de participação dos em estabelecimentos oferta de serviço de transpor-
empresarial do Estado ou re-
em sociedades comerciais, de ensino fora do respeti- te entre o local da residência
gional, por força do artigo 6.º
devendo entender-se ao vo município de residên- e o local dos estabelecimen-
do Decreto-Lei n.º 558/99, de
abrigo do artigo 51.º da Lei cia, serão integrados nos tos de ensino da rede públi-
17 de dezembro, alterado pelo
n.º 50/2012 de 31/8. transportes escolares que ca, frequentados pelos alunos
Decreto-Lei n.º 300/2007, de
sirvam aqueles estabele- da educação pré-escolar,
23 de agosto, e pelas Leis
cimentos de ensino, sem do ensino básico e do ensi-
n.os 64-A/2008, de 31 de de-
prejuízo de poderem utili- no secundário, salvo quando
zembro, e 55-A/2010, de 31 13.ª QUESTÃO - Assunção
zar outro transporte esco- existam estabelecimentos
de dezembro, proporcional à da despesa referente a
lar. de ensino que sirvam vários
participação, direta ou indire- Transportes Escolares
Quanto aos encargos, pre- concelhos, casos em que tal
ta, do município no seu capital
Um aluno que esteja em es- instrumento assume nível in-
social, em caso de incumpri- vê-se no artigo 23.º a (Re-
colaridade obrigatória, por termunicipal”.
mento das regras de equilíbrio partição de encargos, a sa-
exemplo, frequente o 9.º
de contas previstas no artigo ber: “1 - O financiamento dos
ano, tem direito a transporte B - Já no âmbito da concre-
40.º daquela lei”. transportes escolares no caso
gratuito. tização, entre as competên-
Ainda sobre a noção de limi- do n.º 3 do artigo 3.º será da
cias de gestão dos municí-
Pergunta-se: responsabilidade dos municí-
te da dívida total, prevê-se pios, prevê-se no artigo 36º:
no artigo 52.º: pios interessados, mediante
Quando o mesmo reside num
acordo entre si. 2 - Na falta A organização e o contro-
“1 - A dívida total de opera- concelho diferente do esta-
de acordo relativamente à re- lo do funcionamento dos
ções orçamentais do municí- belecimento que frequenta o
partição dos encargos, serão transportes escolares são da
pio, incluindo a das entidades ensino, qual o Município que
estes repartidos proporcio- competência das câmaras
previstas no artigo 54.º, não deve assumir a despesa?
nalmente ao número de es- municipais da área de resi-
pode ultrapassar, em 31 de
CONCLUSÃO tudantes residentes em cada dência dos alunos, nos ter-
dezembro de cada ano, 1,5
município interveniente.” mos definidos no plano de
vezes a média da receita cor- I - De acordo com o arti-
transportes intermunicipal
rente líquida cobrada nos três go 3.º do Decreto-Lei n.º II - Com a publicação do
respetivo, cabendo -lhes es-
exercícios anteriores. 2 - A 299/84, de 5 de setembro, Decreto-Lei n.º 21/2019 de
pecificamente:
dívida total de operações or- o transporte escolar é gra- 30/01, pretende-se a transfe-
çamentais do município englo- tuito até ao final do 3.º ciclo rência de competências para a) Organizar o processo de
ba os empréstimos, tal como do ensino básico, para os os órgãos municipais ou in- acesso ao transporte esco-
definidos no n.º 1 do artigo estudantes menores que se termunicipais desta área da lar para cada aluno; b) ...; c)
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Pagar as faturas emitidas mensalmente pelas entidades tico objeto, tendo assumido a) A comparação faz-se sem-
concessionárias dos serviços de transporte coletivo; d); compromissos no valor de € pre relativamente a contratos
35.000,00, e tendo pago du- com objeto idêntico em 2018
Assim, de acordo com os preceitos da Lei relativamen-
rante nesse ano o valor de € e 2019. Em 2019, o valor dos
te ao planeamento dos transportes, a organização e o
30.000,00, contratos com a mesma con-
controlo do funcionamento dos transportes escolares
traparte não podem ultrapas-
são da competência das câmaras municipais da área Pergunta-se:
sar os de 2018.
de residência dos alunos, nos termos definidos no pla-
Poderá o Município de X, du-
no de transportes intermunicipal respetivo. b) Nos contratos de 2019,
rante o ano de 2019, gastar
com valor unitário identifica-
IV - Mas há que referir que no artigo 76.º do Decreto- € 65.000,00 em renovações
do (em cada um dos anos)
-Lei n.º 21/2019, (Produção de Efeitos), se prevê que ou celebrações de contratos
com o mesmo objeto (qual-
“as competências reguladas nas secções ii e iii do capí- com o mesmo objeto?
quer que seja a contraparte)
tulo II e no capítulo IV produzem efeitos a partir do ano
não se podem ultrapassar os
letivo 2019/2020” (n.º 3 do artigo 76.º). E os artigos su-
valores unitários de 2018.
pra do Decreto-Lei n.º 21/2019 estão previstos nestas CONCLUSÃO
secções e capítulos (capítulo II secção ii e Capítulo IV). Entende-se que esta dupla
I - Na redação do artigo 63.º
grelha de análise é cumula-
Logo, deve entender-se que: da LOE 2019, deixa de ha-
tiva.
1 - Deverá manter-se o plano de transportes que foi apro- ver referência à contraparte,
vado para o ano letivo 2018/2019 que se encontra em mas mantém-se o restante II - Quanto à qualificação de
vigor (sendo responsável pelo pagamento em causa o dispositivo constante do an- idêntico objeto, é de aferir
município sobre que acordaram, ou na falta de acordo, o terior artigo 61.º da Lei de pelo CPV. Pode não ser sufi-
município onde o aluno reside). OE de 2018. ciente. É de ver também pela
classe pocal 02.02. Deve
2 - Também o plano de transportes para o ano leti- Seguindo a letra do artigo
fundamentar-se o uso do cri-
vo 2019/2020, uma vez que tem de ser concluído até 63.º refere-se:
tério a utilizar.
1/8/2019 deverá seguir essas mesmas regras (ou há
No corpo do n.º1 elege-se,
acordo ou paga o município onde o aluno reside). III - Concluímos em concre-
como âmbito da previsão,
to: Em face do n.º 3 do artigo
3 - A partir da entrada em vigor do Decreto-Lei n.º o facto de o contrato ter
63.º parece possível contra-
21/2019 nesta matéria (1/9/2019), serão os municí- idêntico objeto de contrato
tar € 65.000,00, em renova-
pios, onde o aluno reside, que em princípio terão que vigente em 2018 (entenda-
ções ou celebrações de con-
suportar a referida despesa (o que, apenas se refletirá -se o mesmo). Na alínea a)
tratos com o mesmo objeto,
no ano letivo 2020/2021, pois o plano de transportes circunstancia-se (restringe-
tal como referido na questão.
escolares será efetuado até 1/8/2020. (artigo 22.º do -se) o objeto da previsão
Decreto-Lei n.º 21/2019). aos contratos (com idêntico
objeto/o mesmo) a celebrar
com a mesma contrapar- José Bento Pedro
te. Parece que se o serviço
D - CÓDIGO ATAM
(com idêntico objeto) for
DOS CONTRATOS prestado por outro presta- Gabinete de Estudos
dor que não o mesmo, já
PÚBLICOS não se aplica a restrição. Na 2019
alínea b), a referência a não
ultrapassar, é o preço uni-
14.ª QUESTÃO - Adjudicação de serviços no ano de tário do contrato de objeto
2019 idêntico. Mas não se fala de
Atendendo ao estabelecido no n.º 3 do artigo 63.º da contraparte.
Lei n.º 71/2018 de 31/12 (LOE 2019), e considerando Assim teríamos, dito de ou-
que, por exemplo, o Município de X em 2018, celebrou tra forma:
diversos contratos de aquisição de serviços com idên-
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ATAM - www.atam.pt

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