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1. TEMA

Psicobiologia da percepção vegetal.

2. JUSTIFICATIVA

A investigação de supostos processos cognitivos em plantas tem se tornado


objeto de estudo de uma área de pesquisa recente e interdisciplinar, a chamada Psicobiologia
Vegetal, a qual abrange a Psicologia e as Ciências Biológicas. A Psicobiologia vegetal tem
como objetivo testar experimentalmente as supostas habilidades cognitivas das plantas. Desse
modo, diversos estudos recentes tem sugerido a respeito da inteligência das plantas. Há
evidencias de que, apesar de não possuírem sistema nervoso, as plantas são capazes de se
adaptar as alterações físicas contidas em seu ambiente por meio de um processamento
rudimentar da informação ambiental.

Devido a essa capacidade de adaptação as alterações ambientais por meio de


processamento de informação, o estudo da exposição das plantas ao som poderia contribuir
com o entendimento da evolução dos processos cognitivos e do surgimento do sistema
nervoso nos seres vivos. Além disso, justifica-se a realização de pesquisas que visam a
investigar a cognição das plantas, visto que os resultados desse tipo de estudo poderiam
elucidar como os processos de percepção e de memória tornariam as plantas capazes de
aprender a responder apropriadamente e da forma mais adaptativa ao ambiente.

3. PROBLEMA

A exposição ao som exerce influência fisiológica sobre a germinação de sementes de


feijão (Phaseolus vulgaris)?

4. HIPÓTESE
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A hipótese experimental é a de que o comprimento das radículas das sementes do GE


será significativamente maior do que o comprimento das radículas das sementes do GC.

5. OBJETIVOS

5.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar o efeito do som sobre a germinação de sementes de feijão (Phaseolus


vulgaris).

5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

-Verificar o efeito do som sobre a velocidade de germinação e o comprimento médio


das radículas de sementes de feijão (Phaseolus vulgaris);

-Comparar os efeitos da exposição ao ruído e ao som de vozes humanas sobre a


germinação de sementes de feijão (Phaseolus vulgaris).

6. MÉTODO

6.1 TIPO DE PESQUISA

O presente estudo realizará uma pesquisa do tipo experimental. Quando se determina


um objeto de estudo, seleciona-se as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, define-se
as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto. As
propriedades de uma pesquisa experimental são: manipulação, controle e distribuição
aleatória. (Gil, 2002).

6.2 PROCEDIMENTOS

O experimento será realizado no Laboratório de Psicologia Anomalística e


Neurociências, Faculdade de Psicologia, Universidade de Rio Verde. Uma amostra de 200
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sementes de feijão (Grupo 1: Comum; Classe: Cores; Tipo 1) de um lote de 1 kg de sementes


previamente selecionadas será dividida igualmente em dois grupos: 1) Grupo Experimental
(GE), no qual as sementes de feijão serão expostas ao ruído de estática durante todo o
experimento; e 2) Grupo Controle (GC), no qual as sementes não serão expostas a nenhum
tipo de som durante todo o experimento. A hipótese experimental é de que o comprimento das
radículas das sementes expostas ao ruído de estática será significativamente maior do que o
comprimento das radículas das sementes do grupo controle (sem exposição ao som).
As sementes utilizadas no experimento serão selecionadas por tamanho e integridade, e
serão higienizadas em uma solução de cloro a 1%. Cada grupo de 100 sementes será colocado
sobre uma camada de papel toalha acondicionada no fundo de uma caixa plástica de
poliestireno transparente, com tampa opaca, 12,5cm X 9,5cm X 4,5cm, e umedecida com
10ml de agua filtrada. Respeitar-se-á um espaçamento mínimo de 1cm entre as sementes. As
sementes serão inteiramente cobertas com outra camada de papel toalha umedecida com 10ml
de agua filtrada para evitar exposição a luz. As tampas opacas serão colocadas em suas
respectivas caixas plásticas.
As caixas plásticas contendo as sementes de cada um dos grupos serão colocadas,
individualmente, no interior de uma caixa térmica retangular de isopor, com tampa,
capacidade de 7 litros, 28,5 x 20,5 x 23,5cm. As duas caixas térmicas serão colocadas juntas
no mesmo local com a temperatura ambiente mantida constante em 22 ºC durante toda a duração
do experimento por meio de condicionador de ar e medida por meio de termômetro digital.
No interior da caixa térmica do GE, no lado oposto ao da caixa plástica contendo as sementes,
será colocado um rádio portátil com mini autofalante Livstar CNN-822E (5W e 8ohms) com entrada
USB para produzir o som de ruído de estática (botão seletor de canais de rádio AM fora de sintonia).
No interior da caixa térmica do GC, será colocada apenas a caixa plástica contendo as sementes.
Os níveis de pressão sonora no interior da caixa térmica do GE serão mantidos semelhantes em
um intervalo variando de 40dB a 80dB. A medição dos níveis de pressão sonora será feita por meio de
um decibelimetro digital portátil Instrutherm. A intensidade do campo magnético entre os alto falantes
e as caixas plásticas contendo as sementes do GE1 será igual a 0,01µT, com aferição constante durante
todo o experimento por meio de um medidor de campo eletromagnético Instrutherm.
Os dados serão analisados pelo programa Statistica for Windows 10.0. O teste t para amostras
independentes será utilizado com nível de significância p <0,05.

7. REVISÃO DA LITERATURA
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É cada vez mais evidente que as plantas são organismos extremamente sensíveis, elas
percebem, transmitem, processam, armazenam informações do ambiente e se comunicam
entre si (GAGLIANO, 2015).

Durante séculos, as plantas foram consideradas criaturas incapazes de interagir com o


ambiente de forma ativa (TREWAVAS, 2002 & GAGLIANO, 2015). Dessa forma, como as
plantas não apresentam um movimento obvio visível, elas parecem estar desprovidas de
comportamento e inteligência (TREWAVAS, 2002 & GAGLIANO, 2015).

De acordo com Loiola (2014), estudos recentes publicados pela revista Ecology
Letters demonstraram que plantas podem se comunicar por meio de compostos químicos
variáveis. Viajando pelo ar, essas substancias avisam outras arvores sobre a presença de
herbívoros potencialmente perigosos, as folhas recebem a mensagem e tornam-se mais
resistentes as pragas por meio da liberação de toxinas especificas (LOIOLA, 2014).

A função do comportamento inteligente em qualquer organismo é aumentar a aptidão


no sentido evolutivo (TREWAVAS, 2002). Se a inteligência é definida como um
comportamento adaptativamente variável durante a vida do indivíduo, então, nas plantas, a
plasticidade comportamental pelo indivíduo é onde a inteligência deveria ser aparente
(TREWAVAS, 2002).

Segundo Baluska e Mancuso (2007), as plantas experimentam, memorizam e


processam experiências e usam essas informações para seu comportamento adaptativo e
evolução. As plantas atuam como sistemas de acumulação de conhecimento. Porém,
identificar o comportamento inteligente em plantas criadas em estufas é provável que haja um
resultado improdutivo, pois acredita-se que seja necessário circunstancias ambientais
desafiadoras para que a planta emita respostas inteligentes (TREWAVAS, 2002).

Os sistemas informacionais neuronais estão por trás deste conceito de organismos


como sistemas de acumulação de conhecimento porque permitem as respostas adaptativas
mais rápidas e eficientes as mudanças no ambiente. Portanto, não deve ser surpreendente que
a computação neuronal não se limita aos cérebros animais, mas também é usada por bactérias
e plantas, mas sem um sistema nervoso (BALUSKA & MANCUSO, 2007).

O efeito do som sobre a germinação das plantas tem sido grande fonte de estudos de
pesquisadores (HASSANIEN, 2014). Resultados apresentados pela literatura acerca da
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influência do som na germinação e crescimento das plantas demonstram que o som tem
efeitos positivos em diversas espécies de plantas, pois a estimulação da onda sonora aumenta
o crescimento dos caules e acelera o anabolismo das células (HASSANIEN, 2014).

Tradicionalmente, considera-se que a perturbação mecânica produzida pelo som no


ambiente físico da planta é mais importante do que o tipo de som emitido (SINGH, JALAN &
CHATTEJEE, 2013). A sensibilidade de diferentes plantas ao mesmo estimulo sonoro
apresenta variações consideráveis, tendo em vista que pode acelerar mais o crescimento de
algumas espécies do que de outras (SINGH, JALAN & CHATTERJEE, 2013).

Os estudos realizados por Fontana e Nina-e-Silva (2017) objetivou comparar o efeito


de dois tipos de som sobre a germinação da semente de abobrinha italiana (Curcubita pepo),
comparando com o grupo controle (sementes que não seriam expostas ao som). O estimulo
sonoro promoveu alterações significativas na variável de crescimento avaliada,
provavelmente, porque o som é uma onda de energia mecânica que pode ser absorvida pelas
células vegetais, gerando correntes iônicas, produzindo alterações metabólicas e promovendo
a expressão genica (XIUJUAN et al., 2003; YI et al., 2003; CIPRIANO et al.; 2013; VANOL;
VAYDIA; 2014, apud FONTANA & NINA e SILVA, 2017). Por fim, notou-se que o
comprimento médio das radículas foi significamente maior do que o comprimento médio das
radículas expostas ao ruído de estática e das sementes que não foram expostas ao som
(FONTANA & NINA E SILVA, 2017).

CRONOGRAMA

2018
Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julh
o
Revisão de Literatura X X X
Coleta de Dados X X
Análise dos Dados X X
Elaboração do TCC X X
Apresentação do TCC X
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ORÇAMENTO

Nº Discriminação Qde V. unitário V.total

1 Medidor de campo eletromagnético 01 R$ 1.820,00 R$1.820,00

2 Termo-higrômetro digital 01 R$ 350,00 R$ 350,00

3 Caixas retangulares de plástico tipo organizadora, com 10 R$ 5,90 R$ 59,00


tampa, capacidade de até 4 litros, dimensões 23,4cm X
8,5cm X 4,5cm

4 Papel toalha 01 R$ 4,00 R$ 4,00

5 Pacote de feijão 500g 01 R$ 5,00 R$ 5,00

Total - - R$ 2.238,00
Obs: Todo o material descrito no orçamento já se encontra no LAPAN/FAPSI/UniRV

REFERÊNCIAS

BALUSKA, F & MANCUSO, S. Plant neurobiology as a paradigm shift not only the plant
sciences. Plant Signaling, v.2, p. 205-207, 2007.

FONTANA, K.C.; NINA-E-SILVA, C. H. Comparação entre os efeitos dos sons de música


devocional/religiosa e de ruído de estática sobre a germinação de sementes de abobrinha
italiana (Curcubita pepo) In: XI Congresso de Iniciação Científica da Universidade de Rio
Verde, 2017, Rio Verde. Anais do XI Congresso de Iniciação Científica da Universidade de
Rio Verde, v.4. p. 337 – 340, 2017.

GAGLIANO, M. In a green frame of mind: perspectives on the behavioural ecology and


cognitive nature of plants. AoB PLANTS, v.7, n.1, 2015.

GIL, A.C. Como elaborar um projeto de pesquisa. 4ª ed. São Paulo: Atlas, p. 47-49, 2002.

LOIOLA, R. A inteligência das plantas revelada. Revista Veja, 2014 Disponível em:
http://veja.abril.com.br/ciencia/a-inteligencia-das-plantas-revelada/. Acesso em: 23/10/2017.
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SINGH, A., JALAN, A., & CHATTERJEE, J. Effect of sound on plant growth . Pelagia
Research Library, v.3, n. 4, p.28-30, 2003.

TREWAVAS, A. Mindless Mastery. Plant Intelligence. Nature, v. 415, 2002

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