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STJ-Petição Eletrônica (IMP) 00547569/2019 recebida em 02/09/2019 17:10:13 1

(e-STJ Fl.1618)
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DOUTO MINISTRO RELATOR DO RECURSO ESPECIAL N° 1803447/GO


DA SEGUNDA TURMA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA - STJ,
DIGNÍSSIMO DOUTOR MAURO CAMPBELL MARQUES.

REF. AO PROC. RESP Nº 1803447 /GO


RECORRENTE:DIVINO PEREIRA LEMES
RECORRENTE:VILMAR LIMA DA SILVA
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS
INTERES. : RAFAEL LYRA ABRICIO EVANGELISTA RIBEIRO
INTERES. : ROSANGELA COELHO DA SILVA

Douto Ministro Relator,

RAFAEL LYRA BARBOSA NOGUEIRA, já devidamente qualificado na procuração


presente nos e-autos (fls. 1536 e-STJ), vem nos autos do RECURSO ESPECIAL em
epígrafe, por seu advogado adiante assinado, com escritório profissional filial indicado
no rodapé deste impresso, respeitosamente à digna presença de Vossa Excelência,
vem manifestar e unir adesivamente às CONTRARRAZÕES do MINISTÉRIO PÚBLICO
DO ESTADO DE GOIÁS ao agravo interno interposto por DIVINO PEREIRA LEMES e
VILMAR LIMA DA SILVA e ao agravo em recurso especial que negou-se provimento
em razão dos seguintes óbices: a) não versar matéria devidamente enfrentada na
origem, incidindo no óbice da Súmula 282/STF; b) não atacar todos os fundamentos
da decisão recorrida, incidindo no óbice da Súmula 283/STF; c) demandar
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revolvimento do conjunto fático probatório dos autos, incidindo no óbice da Súmula


07/STJ e d) em relação ao art. 1.022 do CPC, não se vislumbrou a omissão apontada.

Irresignado, os recorrentes interpuseram agravo interno buscando a reforma da


r. decisão monocrática e o processamento do seu recurso especial.

É a síntese do feito.

Da leitura da peça recursal depreende-se que não atende aos requisitos da


espécie e simplesmente exterioriza o inconformismo da parte sucumbente com
fundamento no artigo 105, III, alínea a, da Constituição Federal, em face do acórdão
proferido pelo Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, assim ementado (fls. 735⁄738 e-
STJ):

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APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE


ADMINISTRATIVA. AUSÊNCIA DE MANIFESTAÇÃO. PRECLUSÃO
CONSUMATIVA. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO.
IMPROPRIEDADE DA VIA ELEITA. PRELIMINARES REJEITADAS.
DOAÇÃO DE ÁREA PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.
DANO AO ERÁRIO. PENALIDADES. I- Tendo em vista que a matéria
sub exame (ausência de intimação para manifestação acerca dos
inquéritos colacionados pelo Ministério Público) foi objeto de análise
em sede de Agravo de Instrumento aviado anteriormente pelo 2º
apelante, afigura-se imperioso o reconhecimento da preclusão
consumativa, sendo vedada nova apreciação do assunto em tela, nos
termos do artigo 473, do Código de Processo Civil⁄1973. II - A petição
inicial de ação de improbidade administrativa, em regra, deve ser
recebida, bastando para tanto que o magistrado verifique a
legitimidade das partes, o interesse de agir, a possibilidade jurídica do
pedido e, ainda, a existência de justa causa, consistente em indícios
mínimos de autoria e materialidade do ato de improbidade.
Despicienda, portanto, a alegativa de ausência de fundamentação,
vez que, conforme disposição inserta no § 8º do artigo 17 da Lei
n°8.429⁄92, exige-se fundamentação plena e exaustiva para rejeitar a
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exordial e, não, para recebê-la. III - Sendo o patrimônio público


interesse essencialmente difuso, consequentemente, sua tutela é
regida pelo sistema de proteção dos interesses coletivos, que inclui
não somente a Lei de Improbidade Administrativa, como também a
Lei da Ação Civil Pública, as normas processuais do Código de Defesa
do Consumidor e, quando for o caso, a Lei de Ação Popular, razão
pela qual, não há que se falar em impropriedade de via eleita, ante a
diferença de ritos entre as ações. IV - Em sede de ação de improbidade
administrativa, figurando o 1° apelante na condição de beneficiário da
doação de área pública, deve este ser considerado parte legítima para
figurar no polo passivo da presente lide. V - Comprovada a existência
de atos de improbidade administrativa, ante a patente afronta aos
princípios que norteiam a administração pública, além da prática da
conduta descrita no artigo 10, III, da Lei 8.429⁄1992, escorreita a
sentença de 1° grau que julgou procedente o pleito exordial. VI -
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Compete ao julgador, diante das peculiaridades do caso concreto,


avaliar, à luz dos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, a
adequação das penas, decidindo quais as sanções apropriadas e dosá-
las, de acordo com a conduta do agente e o gravame sofrido pelo
erário, até porque mister que a sanção imposta nos termos do art. 12
da Lei federal n° 8.429⁄92, guarde compatibilidade com o ato ímprobo
provado e perpetrado pelo agente. Evidenciada a
desproporcionalidade da multa civil aplicada, impõe-se a sua redução,
mantendo as demais penalidades aplicadas. 1° RECURSO DE
APELAÇÃO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. 2° RECURSO
DE APELAÇÃO CONHECIDO E DESPROVIDO.

Houve a oposição de embargos de declaração, os quais foram rejeitados pelo


Tribunal de origem nos seguintes termos (fls. 1060 e-STJ):

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NA APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO CIVIL


PÚBLICA. AUSÊNCIA DOS VÍCIOS ESPECIFICADOS NO ARTIGO 1.022
E INCISOS DO CPC. Não ocorrendo os vícios elencados no artigo
1.022, do Código de Processo Civil, devem ser rejeitados os embargos
que visam tão somente rediscutir matéria já examinada e decidida,
ainda que para efeito de prequestionamento, conforme precedentes
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deste Tribunal. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CONHECIDOS E


REJEITADOS.

Nas razões do recurso especial, o recorrente Divino Pereira Lemes aponta,


preliminarmente, ofensa ao art. 114 do CPC⁄2015 sob o argumento de que o acórdão
recorrido é nulo ante a ausência de citação de litisconsortes passivos necessários, quais
sejam: os vereadores que compunham a Câmara de Senador Canedo⁄GO e que
aprovaram as leis municipais questionadas nos presentes autos. Ademais, aponta
violação aos seguintes dispositivos: a) 489, § 1º, IV, e 1022, do CPC⁄2015, sustentando
que o Tribunal de origem não se manifestou acerca de todas as teses suscitadas pelo
recorrente, sobretudo no que diz respeito à ausência de conexão entre estes autos e o
processo 200402520844 e a ausência de notificação para apresentação de defesa
prévia; b) 1º, XIV, do Decreto-Lei 201⁄1967, uma vez que os atos de doação e de
alteração da finalidade do projeto original foram embasados em Leis Municipais.
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Entretanto, a constitucionalidade dessas Leis não foi matéria de discussão no processo


ou de embasamento de decisões, não tendo sido arguidas as inconstitucionalidades
das mesmas (fl. 1319 e-STJ); c) 10, III, da Lei 8.429⁄92, sustentando que não estão
presentes os pressupostos necessários à condenação do recorrente por ato de
improbidade administrativa, eis que não demonstrado o elemento subjetivo tampouco
o efetivo prejuízo ao erário.

Nas razões do recurso especial, o recorrente Vilmar Lima da Silva aponta


violação aos arts. 489, § 1º, e 1022, I, do CPC⁄2015, sustentando que o Tribunal de
origem não se manifestou acerca de todas as teses suscitadas pelo recorrente,
sobretudo no que diz respeito a: a) quais eram as provas que demonstrassem que o
recorrente⁄locatário era titular do direito real de propriedade do imóvel objeto da
doação; b) a distinção entre o direito de propriedade e posse; c) efetiva demonstração
do elemento subjetivo do recorrente⁄locatário, bem como da indispensável
diferenciação entre as condutas culposas e dolosas (fls. 1274 e-STJ).

Ademais, assevera que o Tribunal de origem ofendeu aos arts. 130, 330 e 333,
II, do CPC⁄1973, pois o julgamento antecipado da lide ensejou o cerceamento da
defesa do ora recorrente, vez que este havia requerido expressamente a produção de
prova.
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Aponta, outrossim, violação aos arts. 10, III, e 12, II, da Lei 8.429⁄92, sustentando
que não há falar em ato de improbidade administrativa, sobretudo porque não ficou
demonstrado o elemento subjetivo do ora recorrente, tampouco o prejuízo ao erário
público.

Defende, ainda, que o Tribunal de origem malversou o comando normativo


inserto no art. 17, § 4º, da Lei 8.666⁄93, pois a Lei de Licitações traz em sua redação
causa expressa de dispensa de licitação na hipótese de doação de bem imóvel com
destinação que envolva o interesse público (fl. 1287 e-STJ).

Por fim, aponta violação aos arts. 1196 e 1228, do CC, sustentando que o
recorrente locou o terreno e cumpriu com a destinação dada pela lei municipal,
investindo quantia significativa para construir o centro de eventos. Ocorre que tal fato
não leva o recorrente⁄locatário à condição de proprietário do bem imóvel. VILMAR
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LIMA DA SILVA era proprietário do fundo de comércio, mas em hipótese alguma do


bem de raiz (fl. 1289 e-STJ).

Contrarrazões do Ministério Público do Estado de Goiás às fls. 1361⁄1367 e-STJ e


fls. 1354⁄1360 e-STJ.

Decisão de inadmissibilidade às fls. 1401⁄1402 e-STJ.

A decisão de fls. 1482⁄1484 e-STJ e fls. 1499⁄1507 e-STJ determinou a


reautuação do agravo em recurso especial.

Contrarrazões do Ministério Público do Estado de Goiás às fls. 1361⁄1367 e-STJ.

Decisão de inadmissibilidade às fls. 1401⁄1402 e-STJ.

A decisão de fls. 1482⁄1484 e-STJ determinou a reautuação do agravo em


recurso especial.

O Ministério Público Federal, no parecer de fls. 1499⁄1507 e-STJ, opina pelo não
conhecimento do apelo nobre.
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Inicialmente, é necessário consignar que o presente recurso atrai a incidência


do Enunciado Administrativo 3⁄STJ: “Aos recursos interpostos com fundamento no
CPC⁄2015 (relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão
exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma do novo CPC”.

Quanto à alegação de violação do artigo 1.022 do CPC⁄2015, destaca-se que o


acórdão foi preciso e suficientemente claro no desenvolvimento de seus fundamentos.
Em verdade, o Tribunal decidiu de maneira fundamentada no sentido de que estão
presentes os pressupostos necessários à condenação do ora recorrente pela prática de
ato de improbidade administrativa. No ponto, está consignado que a conduta do
recorrente configura ato de improbidade administrativa porque participou de
esquema para doação irregular de área pública, vez que beneficiou-se com a doação
em testilha, sendo que, a construção do espaço de eventos teve como única finalidade
a obtenção de lucro (fl. 758 e-STJ). Ademais, o Tribunal de origem afirmou
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expressamente que o apelante agiu com dolo e causou prejuízo à Administração


Pública.

Destaca-se que a solução integral da controvérsia, com fundamento suficiente,


não caracteriza ofensa ao art. 1.022 do CPC⁄2015, pois não há que se confundir entre
decisão contrária aos interesses da parte e negativa de prestação jurisdicional.

No mesmo sentido:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. AÇÃO MONITÓRIA.


CHEQUE PRESCRITO. AUSÊNCIA DE OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU
FALTA DE MOTIVAÇÃO NO ACÓRDÃO A QUO. DECISUM ESTADUAL
TODO FUNDADO EM FATOS E PROVAS. SÚMULA N. 7⁄STJ.AGRAVO
NÃO PROVIDO.
1. Acórdão estadual claro e nítido, sem omissões, obscuridades,
contradições ou ausência de motivação. Não obstante a oposição de
embargos declaratórios, não são eles mero expediente para forçar o
ingresso na instância especial, se não há vício a suprir; inexistente,
portanto, ofensa ao art. 535 do CPC, pois a matéria foi devidamente
abordada no aresto a quo.
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[...]
3. Agravo regimental não provido.
(AgRg no AREsp 638.454⁄DF, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO,
QUARTA TURMA, julgado em 05⁄03⁄2015, DJe 10⁄03⁄2015)

Nota-se, pela leitura dos autos, que não houve apreciação pelo Tribunal de
origem sobre dos arts. 17, § 4º, da Lei 8.666⁄93, 1196 e 1228, do CC, tampouco sobre
as teses correlatas. Assim sendo, fica impossibilitado o julgamento do recurso nesses
aspectos, por ausência de prequestionamento, nos termos das Súmulas 282⁄STF e
211⁄STJ, respectivamente: "É inadmissível o recurso extraordinário, quando não
ventilada, na decisão recorrida, a questão federal suscitada"; "Inadmissível recurso
especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embargos declaratórios,
não foi apreciada pelo tribunal a quo".

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Efetivamente, para a configuração do questionamento prévio, não é necessário


que haja menção expressa dos dispositivos infraconstitucionais tidos como violados.
Todavia, é imprescindível que no aresto recorrido a questão tenha sido discutida e
decidida fundamentadamente, sob pena de não preenchimento do requisito do
prequestionamento, indispensável para o conhecimento do recurso.

Nesse sentido, o seguinte precedente deste Tribunal Superior:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.


VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC. DEFICIÊNCIA DE
FUNDAMENTAÇÃO. INCIDÊNCIA, POR ANALOGIA, DA SÚMULA N.
284⁄STF. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO DOS ART 1º DA LEI
N. 7.347⁄85, ART. 3º DA LEI N. 8.073⁄90, ART. 240, A, DA LEI N.
8.112⁄90. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 211⁄STJ. [...] II - A ausência de
enfrentamento da questão objeto da controvérsia pelo Tribunal a quo,
não obstante oposição de Embargos de Declaração, impede o acesso
à instância especial, porquanto não preenchido o requisito
constitucional do prequestionamento, nos termos da Súmula n.
211⁄STJ. [...] VI - Agravo regimental improvido.
(AgRg no REsp 1400161⁄PR, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA,
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PRIMEIRA TURMA, julgado em 09⁄06⁄2015, DJe 17⁄06⁄2015)

No que diz respeito às demais insurgências, manifestou-se o Tribunal de origem


no julgamento das apelações (fls. 753⁄763 e-STJ):

In casu, analisando as provas constantes dos autos, denota-se que o


então prefeito do Município de Senador Canedo, Sr. DIVINO PEREIRA
LEMOS, ora réu⁄ 2° apelante, autorizou, na data de 12 de agosto de
2003, a doação de uma área pública de 10.008,76 m2 (dez mil e oito
metro quadrados, setenta e seis centésimos), parte da AMP 10 do
Setor Jardim Canedo à empresa PE RIBEIRO & CIA LTDA, por meio do
Projeto de Lei n°068⁄03, datado de 12 de agosto de 2003 (fls.19),
destinada à construção de uma empresa voltada para o comércio
varejista de peças e acessórios usados para veículos automotores,

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além da prestação de serviços em reformas, consertos, manutenção,


lanternagem e pintura de automóveis em geral.
Posteriormente, em 12 de dezembro de 2003, pela Lei n° 953⁄03, foi
regulamentada a doação de Áreas Públicas Municipais- APMs, no
âmbito do Município de Senador Canedo, em conformidade com a Lei
Federal n°10.257⁄01 (Estatuto da Cidade), incluindo, nesta, a área
objeto da presente ação.

Na hipótese, conforme informação prestada pelo então prefeito,


DIVINO PEREIRA LEMOS (2° recorrente), malgrado a área pública
doada fosse destinada inicialmente ao comércio varejista de peças e
acessórios automotivos, houve alteração de sua finalidade, a fim de
que a área se transformasse em "espaço cultural" (vide fls.31).

Neste ínterim, vislumbra-se que, conquanto o projeto para a


construção do "espaço cultural" tenha sido apresentado à Promotoria
na data de 20 de julho de 2004 (fls.50⁄52), o dispositivo legal que
autorizava a modificação da destinação inicial de área pública doada,
foi promulgado tão somente em 16 de dezembro de 2004, pela Lei
n°1041⁄04 (fls.103), ou seja, há mais de um ano da aprovação do
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empreendimento, que ocorreu em 12 de agosto de 2003 (fls.19).

Observa-se, portanto, que o então prefeito, Sr. DIVINO PEREIRA


LEMOS (2° apelante) empreendeu esforços a fim de conferir legalidade
ao negócio jurídico efetuado (doação), mediante a aprovação da lei
que permitia a modificação da destinação da área pública.

No caso dos autos, restou, ainda, comprovado que a doação, na


verdade, não foi destinada à empresa "PE RIBEIRO 7 CIA LTDA" mas,
sim ao Sr. VILMAR LIMA DA SILVA, o qual utilizou-se do espaço doado
para a construção do "ESPAÇO FAMA".

Sobre este fato vislumbra-se que o Ilustre Representante do Ministério


Público, Promotor Glauber Rocha Soares, determinou a realização de

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diligências a fim de averiguar quem seriam os verdadeiros


proprietários e administradores do "ESPAÇO FAMA".
[...]
Neste viés, da leitura dos depoimentos retrocitados, infere-se que o
real proprietário do Espaço Fama é realmente o sr. Vilmar Lima, e não
os Srs. Fabrício e Rosângela (proprietários da PE RIBEIRO & CIA LTDA),
como querem fazer crer os apelantes.

Nota-se que, além das afirmações feitas pelas duas senhoras que
realizaram exposição de pinturas no local, o Sr. Fabrício desconhece
em que data teria sido realizada a doação, tampouco se o local já
havia sido construído, fatos estes que deveriam ter a sua anuência
caso fosse proprietário do "ESPAÇO FAMA".

Ademais, tanto o Sr. Fabrício quanto a Sra. Rosângela não


reconheceram a assinatura aposta nos instrumentos de fls.32 e 42,
representando a empresa PE RIBEIRO & CIA LTDA, na solicitação de
doação de área pública ao Município e posteriormente em sua
justificação.

Ainda, existem rubricas nos projetos das obras executadas pela


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empresa PE RIBEIRO &CIA LTDA que não são de conhecimento dos


proprietários, Sr. Fabrício e Sra Rosângela, vindo esta última a
desconhecer se o Sr. Vilmar percebia remuneração pela prestação de
serviços no local.

Soma-se isso tudo ao fato de que o Sr. Vilmar já havia tentado obter a
doação de um terreno público para construção de espaço de eventos
com as mesmas características do "ESPAÇO FAMA" (fls.03⁄04), que, no
entanto, não foi concretizada.

Neste viés, flagrante a ocorrência de improbidade administrativa, na


medida em que a doação de bens públicos ao particular, requer,
necessariamente, que o interesse público justifique o ato. Sendo assim,
uma vez que a finalidade inicial foi flagrantemente desviada (beneficio
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da população do Município) em detrimento dos interesses dos


apelantes, verifica-se que tal ato tornou-se nulo de pleno direito, em
razão da violação dos princípios da legalidade, moralidade,
impessoalidade e razoabilidade.

Desta forma, todos os réus, ora apelantes, beneficiaram-se com a


doação em testilha, sendo que, a construção do espaço de eventos
teve como única finalidade, a obtenção de lucro.

Além do mais, ainda que comprovado o interesse público, bem como


a utilidade do espaço para a população, imperiosa a abertura de
procedimento licitatório, a fim de possibilitar a todos, concorrerem
igualitariamente, a fim de procederem a exploração do negócio.

Tal ato administrativo, deve ser praticado em observância às normas


legais de regência, e à moralidade, mediante destinação pública
própria e com a divulgação oficial, em atenção aos princípios da
legalidade, moralidade, finalidade e publicidade. De forma que, a não
observância de qualquer destes princípios, implicam na ilegitimidade
do ato, passível de desconstituição por controle de legalidade.
[...]
Petição Eletrônica juntada ao processo em 02/09/2019 ?s 17:58:42 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA

Assim, no presente caso, uma vez que a doação realizada pelo Ente
Municipal representado pelo então prefeito, Sr. Divino Pereira Lemes,
não alcançou a finalidade pública, além de ter alterado o seu objetivo
inicial, constitui-se ato improbo, vez que perpetrada com o intuito de
lesar ao erário e aos princípios da Administração Pública.

Outrossim, calha ressaltar que, com o intuito de convalidar o referido


ato, o Sr. Divino Pereira Lemes editou a já citada Lei n.1041⁄04
(fls.103), autorizando a modificação da destinação inicial da área
pública doada.

No entanto, igualmente nulo o dispositivo legal que trata a


regularização da doação de áreas públicas (e a modificação de seu

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objeto inicial), quando não atendem ao interessem público e, de igual


forma, possuem vício quanto à sua finalidade.

[...]

Neste contexto, os elementos de convicção coligidos aos autos


permitem entrever a pertinência das alegações expendidas na exordial
pelo Ministério Público. Houve prejuízo ao erário, já que a área doada
foi utilizada para finalidade diversa e por terceiro, bem como violação
aos princípios da administração pública, que não permitem aos
agentes públicos agirem ao livre arbítrio e às margens da legislação
pátria, fatos que, por si só, ensejam danos ao erário, uma vez que
qualquer conduta contrária à lei ou aos princípios administrativos e
constitucionais, é capaz de caracterizar prejuízo ao patrimônio
público.
[...]
Sendo assim, não prospera a alegativa feita pelo 2° apelante, DIVINO
PEREIRA LEMES, quanto à inexistência do dano ao erário para
sustentar a ocorrência de ato improbo. Ocorre que, em tal caso, a
lesividade é presumida, pois quem dispõe de bem público, dando a ele
destinação diversa daquelas contidas na lei, e sem observância das
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formas legais acarreta perda patrimonial ao erário.


(Sem destaques no original)

E no julgamento dos embargos de declaração (fls. 1064⁄1067 e-STJ):

Sobre o tema, impõe-se destacar, que não caracteriza cerceamento de


defesa, tampouco ofensa aos princípios do contraditório e da ampla
defesa, o indeferimento do pedido de juntada de novos documentos,
haja vista que o princípio do livre convencimento do Magistrado e da
livre admissibilidade das provas, nos termos do artigo 370, do Código
de Processo Civil, permite ao julgador determinar a realização das
provas que entender necessárias à instrução do feito, bem como
indeferir aquelas que considerar inúteis ou protelatórias.

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Outrossim, destaco, ainda, que a sentença proferida não teve como


único fundamento a ausência de provas documentais, tendo sido
proferida também com base na oitiva das testemunhas arroladas no
processo.
Portanto, não há falar em cerceamento do direito de defesa da parte,
ante o julgamento antecipado da lide, se existentes nos autos
elementos probatórios suficientes e hábeis a formar a convicção do
julgador.
[...]
Através das provas coligidas nos autos, tais como oitiva das
testemunhas Sr' Crcuza Rosa Felipe (fls.56) e Lenir Maria Ferreira
(fls.57) e dos proprietarios da PE RIBEIRO &CIA LTDA ( Sr. Fabrício
Evangelista Ribeiro e Sr' Rosângela Coelho da Silva ( vide fls.60⁄61 e
(fls.66⁄67) é possível concluir que o "ESPAÇO FAMA" trata- se de
propriedade do embargante, e, não, mero exercício da posse.
[...]
Destarte, diante da ausência de provas para desconstituir o conjunto
probatório constante dos autos, evidenciado está que os apelantes
acizmn com dolo e causaram prejuízo à Administração Pública, de
modo a justificar a condenação por atos de improbidade
Petição Eletrônica juntada ao processo em 02/09/2019 ?s 17:58:42 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA

administrativa.
(Sem destaques no original)

Com efeito, verifica-se que não houve adequada impugnação aos


fundamentos autônomos destacados acima, eis que a recorrente
limitou-se a reiterar sua tese defensiva sem combater específica e
suficientemente as razões de decidir em referência. Aplica-se,
portanto, o disposto na Súmula 283⁄STF: "É inadmissível o recurso
extraordinário, quando a decisão recorrida assenta em mais de um
fundamento suficiente e o recurso não abrange todos eles."

Noutro giro, observa-se que Corte a quo expressamente afirmou a presença de


elemento subjetivo e de prejuízo ao erário a subsidiar a condenação do recorrente por
ato de improbidade administrativa, bem como afastou a tese de cerceamento de
defesa. Assim, é manifesto que a reversão do entendimento exposto no acórdão exige
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(e-STJ Fl.1630)
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o reexame de matéria fático-probatória, o que é vedado em sede de recurso especial,


nos termos da Súmula 7⁄STJ.

Sobre o tema, os seguintes precedentes desta Corte Superior:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL


PÚBLICA. DANO AMBIENTAL. REALIZAÇÃO DE OBRAS PARA
ESTABILIZAÇÃO E CONTENÇÃO DE TALUDES ÀS MARGENS DE
FERROVIA. [...] FUNDAMENTO DO ACÓRDÃO NÃO IMPUGNADO.
SÚMULA 283⁄STF. [...] 3. A existência de fundamento do acórdão
recorrido não impugnado - quando suficiente para a manutenção de
suas conclusões - impede a apreciação do recurso especial. [...] 6.
Agravo não provido.
(AgRg no REsp 1450850⁄MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI,
TERCEIRA TURMA, julgado em 26⁄08⁄2014, DJe 08⁄09⁄2014)

ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.


IRREGULARIDADES EM LICITAÇÃO.CONFIGURAÇÃO DO ELEMENTO
SUBJETIVO E DO PREJUÍZO AO ERÁRIO. REVISÃO DE FATOS E
PROVAS. SÚMULA 7⁄STJ.
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1. Cuida-se, na origem, de Ação de Improbidade Administrativa


proposta pelo Ministério Público Federal contra o ora recorrente e
outros, objetivando a condenação dos réus pela prática de ato
ímprobo, consistente em diversas irregularidades na licitação realizada
pela Superintendência Federal de Agricultura (Convite nº 06⁄2003),
que resultou na celebração do Contrato nº 05⁄2003, firmado entre o
órgão e a empresa Sky Representações, Comércio e Construções Ltda.,
visando à execução de obras e serviços de engenharia nas instalações
da sede da unidade.
2. O entendimento do STJ é de que, para que seja reconhecida a
tipificação da conduta do réu como incurso nas previsões da Lei de
Improbidade Administrativa, é necessária a demonstração do
elemento subjetivo, consubstanciada pelo dolo para os tipos previstos
nos artigos 9º e 11 e, ao menos, pela culpa, nas hipóteses do artigo
10.
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(e-STJ Fl.1631)
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3. É pacífica a jurisprudência do STJ no sentido de que o ato de


improbidade administrativa previsto no art. 11 da Lei 8.429⁄92 exige a
demonstração de dolo, o qual, contudo, não necessita ser específico,
sendo suficiente o dolo genérico. Assim, para a correta
fundamentação da condenação por improbidade administrativa, é
imprescindível, além da subsunção do fato à norma, caracterizar a
presença do elemento subjetivo. A razão para tanto é que a Lei de
Improbidade Administrativa não visa punir o inábil, mas sim o
desonesto, o corrupto, aquele desprovido de lealdade e boa-fé.
4. O Tribunal de origem foi categórico em afirmar a presença do
elemento subjetivo, in casu, o dolo (fl. 3.663, e-STJ). Nesse contexto de
limitação cognitiva, a alteração das conclusões firmadas pelas
instâncias inferiores somente poderia ser alcançada com o
revolvimento do conjunto fático-probatório, o que é vedado pela
Súmula 7⁄STJ.
5. Quanto ao prejuízo ao erário, a Corte de origem, com base no
acervo probatório dos autos, atestou o " prejuízo aos cofres públicos
no importe de R$25.007,36" (fl. 3667). Modificar a conclusão a que
chegou a Corte de origem, de modo a acolher a tese do recorrente,
demanda reexame do acervo fático-probatório dos autos, o que é
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inviável em Recurso Especial, sob pena de violação da Súmula 7 do


STJ.
6. Agravo Interno não provido.
(AgInt no AREsp 833.788⁄CE, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,
SEGUNDA TURMA, julgado em 08⁄11⁄2016, DJe 17⁄11⁄2016)

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO


CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. VIOLAÇÃO DO
ART. 535 DO CPC. AUSÊNCIA. RESSARCIMENTO AO ERÁRIO.
LEGITIMIDADE ATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO. TIPIFICAÇÃO DO
ATO ÍMPROBO. SÚMULA 7⁄STJ. CUMULATIVIDADE DAS SANÇÕES.
POSSIBILIDADE. PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E
PROPORCIONALIDADE.
1. Não ocorre contrariedade ao art. 535, inc. II, do CPC, quando o
Tribunal de origem decide fundamentadamente todas as questões
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(e-STJ Fl.1632)
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postas ao seu exame, assim como não há que se confundir entre


decisão contrária aos interesses da parte e inexistência de prestação
jurisdicional.
2. O recorrente aponta violação das Leis 4.717⁄65 e 7.347⁄85 sem
indiciar o dispositivo legal tido por contrariado. A deficiência de
fundamentação justifica a aplicação ao recurso especial do óbice da
Súmula 284⁄STF.
3. Esta Corte tem entendido ser cabível a ação civil pública, na forma
como disposta na Lei n. 7.347⁄85, para fins de responsabilização do
agente público por atos de improbidade administrativa. O Parquet é
parte legítima para requerer a reparação dos danos causados ao
erário, bem como a sanção pertinente, nos termos da Lei n. 8.429⁄92.
4. De acordo com o Tribunal de origem, o agente - ex-vereador - agiu
de forma consciente em prejuízo ao erário, bem como em ofensa aos
princípios da administração, pois teria utilizado veículo oficial e
funcionários (motoristas) da Câmara Municipal para dirigem as
viaturas e transportar pedreiros para a construção de casa de veraneio
em propriedade particular, entre os períodos de 1997 e 1998. Tais
fatos teriam se repetido por 38 (trinta e oito) vezes e o pagamento de
motoristas, diárias, horas extras e ajudas de custo correram às
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expensas do erário. A modificação do posicionamento adotado, no


ponto, demanda o revolvimento do conteúdo fático-probatório dos
autos, medida sabidamente vedada em sede de recurso especial pelo
óbice da Súmula 7⁄STJ.
5. Razoável e proporcional a penalidade aplicada na sentença
(ressarcimento integral do dano, pagamento de multa civil, perda da
função pública, suspensão dos direitos políticos e proibição de
contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos
fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, pelo prazo de 10 (dez)
anos), haja vista a gravidade das condutas praticadas.
6. Recurso especial conhecido em parte e, nessa extensão, não
provido.
(REsp 1153738⁄SP, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA,
julgado em 26⁄08⁄2014, DJe 05⁄09⁄2014)

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FECHO

Pelo o exposto, em que pese os recorrentes impugnarem os fundamentos


utilizados para o não provimento do apelo nobre, os argumentos apresentados não
são capazes de infirmar os fundamentos que alicerçaram a r. decisão ora agravada,
razão pela qual requer como parte interessada e em apoio ao Ministério Público do
Estado de Goiás o desprovimento do agravo interno e mantenha-se a decisão com
fulcro no art. 932, III e IV, do CPC⁄2015 c⁄c o art. 255, § 4º, I e II, do RISTJ, para manter a
negativa de provimento.
.
Nestes Termos,
Pede e Espera DEFERIMENTO.
Brasília, 02 de setembro de 2019.

Wendel Araujo de Oliveira


ADVOGADO
OAB/DF N° 27669
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Central do Processo Eletrônico


Petição Incidental

Autor do Documento
WENDEL ARAUJO DE OLIVEIRA
CPF: 84151366334 OAB: PI005844

Data de Recebimento do Documento no STJ


Data: 02/09/2019 Hora: 17:10:13

Peticionamento
SEQUENCIAL: 4077521
Processo: REsp 1803447 (2018/0333380-3)
Tipo de Petição: IMPUGNAÇÃO
Parte peticionante: RAFAEL LYRA BARBOSA NOGUEIRA

Nome do Arquivo Tipo Hash


DEFESA_INTERESSE_RAFAEL_LYRA_02- Petição 6D87635D6AE03939B43FF8ED3AAD854C28
09-2019.pdf 82DC0A
Documento assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º. § 2º., Inciso III, alínea “b”, da Lei
11.419/2006.

A exatidão das informações transmitidas é da exclusiva responsabilidade do peticionário (Art. 12 da


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Resolução STJ//GP N. 10 de 6 de outubro de 2015).

Os dados contidos na petição podem ser conferidos pela Secretaria Judiciária, que procederá sua
alteração em caso de desconformidade com os documentos apresentados, ficando mantidos os
registros de todos os procedimentos no sistema (Parágrafo único do Art. 12 da Resolução STJ
10/2015 de 6 de outubro de 2015)

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