Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Revista Brasileira de
FISIOLOGIA
DO EXERCÍCIO
Brazilian Journal of Exercise Physiology
Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício
SUPLEMENTOS 18 anos
• Suplementação de fosfato de
sódio em ciclistas de elite
FISIOLOGIA
• Alterações posturais por região
corporal em jovens atletas de
alto rendimento
• Alteração do VO2 máximo e da
porcentagem de gordura de
atletas de futebol
• Mecanismos moleculares
associados à hipertrofia e
hipotrofia muscular
• Força e resistência muscular
de membro dominante
e não dominante
• Alterações morfofuncionais
decorrentes de treinamento
de força
• Treinamento resistido aplicado
ao processo de emagrecimento
TERCEIRA IDADE
• Plataforma vibratória na
melhora do equilíbrio e
prevenção de quedas
• Hidroginástica/hidroterapia no
equilíbrio postural em idosos
• Como treinar força com
segurança na terceira idade
www.atlanticaeditora.com.br
Re v i s t a B r a s i l e i r a d e
FISIOLOGIA
DO EXERCÍCIO
Brazilian Journal of Exercise Physiology
Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício
Índice
ano 2017 - volume 16 número 2
EDITORIAL
Envelhecimento ativo e prevenção de quedas, Angelica Castilho Alonso ....................................... 3
ARTIGOS ORIGINAIS
Força e resistência muscular de membro superior dominante e não dominante no exercício
de flexão unilateral de antebraço: comparação entre os sexos, Rodrigo Alves Coelho,
Hugo Ribeiro Zanetti, Lucas Gonçalves da Cruz, Marco Aurélio Ferreira de Jesus,
Eduardo Gaspareto Haddad.............................................................................................................. 5
Alterações morfofuncionais decorrentes de dois métodos de treinamento de força,
Allan Lucas Jacques, Marcelle Modolin Vidigal, Rodrigo Pereira, Cláudio Scorcine,
Fabrício Madureira, Dilmar Pinto Guedes Junior............................................................................ 11
Alteração do VO2 máximo e da porcentagem de gordura de atletas de futebol profissional,
Eduardo Hippolyto Latsch Cherem, Fernando Petrocelli de Azeredo,
Leonardo Chrysostomo dos Santos.................................................................................................. 16
RELATOS DE CASO
Monitoramento das alterações posturais por região corporal ocorridas em jovens
atletas de alto rendimento no período de três anos de treinamento, Josenei Braga dos Santos,
Evelise de Toledo, Maurício Dubard, Luiz Fernando Silva, Messias dos Santos,
Pedro Ferreira Reis, Antônio Renato Pereira Moro, Antônio Carlos Gomes .................................... 24
A influência da plataforma vibratória na melhora do equilíbrio e prevenção de quedas
de uma mulher pós-menopáusica com osteopenia, Alexandre de Souza e Silva,
Ferdinando Tadeu Gomes Moreira, Anna Gabriela Silva Vilela Ribeiro, Fábio Vieira Lacerda,
Ronaldo Júlio Baganha, Luís Henrique Sales Oliveira...................................................................... 33
REVISÕES
Efeitos da suplementação de fosfato de sódio em ciclistas de elite,
Deise Jaqueline Alves Faleiro, Rodrigo Rodrigues............................................................................ 40
Treinamento resistido aplicado ao processo de emagrecimento, Bruno Macedo de Andrade, Caro-
lina Francci de Alencar, Paulo Costa Amaral, Henrique Stelzer Nogueira,
Leonardo Emmanuel Medeiros Lima............................................................................................... 46
A influência da hidroginástica/hidroterapia no equilíbrio postural em idosos,
Daniella Oliveira Sousa, Ana Lúcia Rodrigues de Souza, Alexandra Carolina Canonica,
Angelica Castilho Alonso................................................................................................................. 55
Mecanismos moleculares associados à hipertrofia e hipotrofia muscular:
relação com a prática do exercício físico, Waldecir Paula Lima..................................................... 64
Como treinar força com segurança na terceira idade,
Marcus Vinicius Grecco, Rodrigo Juliano Dini................................................................................ 81
NORMAS DE PUBLICAÇÃO............................................................................................ 90
EVENTOS.............................................................................................................................. 92
Re v i s t a B r a s i l e i r a d e
FISIOLOGIA
DO EXERCÍCIO
Brazilian Journal of Exercise Physiology
Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício
Editor Chefe
Pedro Paulo da Silva Soares
Editor Associado
Paulo de Tarso Veras Farinatti
Walace Monteiro
Conselho Editorial
Amandio Rihan Geraldes (AL) Martim Bottaro (DF)
Antonio Carlos Gomes (PR) Patrícia Chakour Brum (SP)
Antonio Cláudio Lucas da Nóbrega (RJ) Paulo Sérgio Gomes (RJ)
Benedito Sérgio Denadai (SP) Robert Robergs (EUA)
Dartagnan Pinto Guedes (PR) Rosane Rosendo (SC)
Douglas S. Brooks (EUA) Sebastião Gobbi (SP)
Emerson Silami Garcia (MG) Steven Fleck (EUA)
Francisco Martins (PB) Yagesh N. Bhambhani (CAN)
Francisco Navarro (SP) Valquíria Aparecida de Lima (FMU)
Luiz Carnevali (SP) Vilmar Baldissera (SP)
Luiz Fernando Kruel (RS)
Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício
Corpo Diretivo: Paulo Sérgio C. Gomes (Presidente), Vilmar Baldissera, Patrícia Brum,
Pedro Paulo da Silva Soares, Paulo Farinatti, Marta Pereira, Fernando Augusto Pompeu
Atlântica Editora
e Shalon Representações Editor assistente
Rua Dr. Braulio Gomes, 25/909 Guillermina Arias
Centro 01047-020 São Paulo SP artigos@atlanticaeditora.com.br
Direção de arte
Atendimento Administração e vendas Cristiana Ribas
(11) 3361 5595 / 3361 9932 Antonio Carlos Mello ribas.cris@gmail.com
assinaturas@atlanticaeditora.com.br mello@atlanticaeditora.com.br Marketing e Publicidade
Editor executivo Rosilene Alves
Assinatura Dr. Jean-Louis Peytavin rose@atlanticaeditora.com.br
1 ano (6 edições ao ano): R$ 260,00 jlpeytavin@gmail.com anuncie@atlanticaeditora.com.br
Editorial
Uma das maiores conquistas culturais de corpo. Vários ensaios clínicos têm demonstrado
um povo em seu processo de humanização é o redução significativa nas quedas em idosos que se
envelhecimento de sua população, refletido em exercitam regularmente [1,5-12].
uma melhoria das condições de vida. Estima-se O modo de exercício deve ser aceitável para a
que em 2025 o Brasil será o sexto país do mundo população-alvo, ou seja, os participantes devem
em número de idosos, com aproximadamente encontrar uma atividade agradável e também
32 milhões de indivíduos acima de 60 anos [1]. serem capazes de participar regularmente dos
Uma importante questão em saúde pública é programas de exercício [5].
o aumento da frequência de quedas com o avanço Especificamente a dança tem sido uma ati-
da idade. Embora elas não sejam consequências vidade bastante procurada pelos idosos. Dentre
inevitáveis do envelhecimento, quando ocorrem seus benefícios podemos citar aumento do con-
sinalizam o início de fragilidade ou anunciam uma dicionamento físico, do ritmo, da flexibilidade,
doença aguda, causam graves complicações para a da força e da leveza, além de ser extremamente
saúde, altos custos assistenciais, além de causarem prazerosa e bem aceita por este público [1,5-12].
incapacidades e até mesmo a morte [2]. Outra modalidade é a água como boa opção
A meta da Organização Mundial da Saúde para a prática de exercício físico e é certamente
(OMS) preconiza a participação da saúde e se- um meio diferenciado e bastante apropriado para
gurança como fatores que devem ser observados pessoas idosas, permitindo o atendimento em
para que os idosos participem da sociedade, de grupos, a socialização e melhora significante da
acordo com suas necessidades, desejos e capacida- funcionalidade [13-14].
des. Portanto estas mudanças remetem a debates Portanto o grande desafio para clínicos e aca-
e reflexões tanto na população em geral quanto dêmicos é desenvolver estratégias que reduzam o
no meio acadêmico, principalmente quanto à risco de quedas no envelhecimento, melhorando o
forma de proporcionar qualidade de vida a essa equilíbrio e aumentando o leque de possibilidades
população [3]. para que se tenha um envelhecimento ativo.
A produção científica na área de gerontologia
tem crescido consideravelmente e deixa clara a Referências
importância de envolver os idosos em programas
de exercícios e/ou atividades físicas regulares 1. Serra MM, Alonso AC, Peterson M, Mo-
para a prevenção de várias doenças, bem como chizuki L, Greve JMD’Andra, Garcez-Leme
LE. Balance and muscle strength in elderly
para melhorar o bem-estar e a qualidade de vida
women who dance samba. PLoS ONE
[4]. Existe uma variedade de possibilidades de 2016;11(12): e0166105. doi:10.1371/journal.
atividades voltadas para o envelhecimento da po- pone.0166105.
pulação que podem melhorar claramente a força, 2. Alonso AC, Luna NM, Dionısio FN, Speciali
resistência, equilíbrio postural e biomecânica do DS, Garcez-Leme LE, Greve JMD. Functional
*Pós-doutora em Ciência da Saúde pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP),
Professora do programa de pós-graduação em Ciências do Envelhecimento da Universidade São Judas Tadeu, SP
Correspondência: angelicacastilho@msn.com
4 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - ano 2017 - volume 16 - número 2
balance assessment: review. Medicalexpress formance in recently aged adults after 6 weeks
2014;1(6):298-301. traditional Thai dance: a randomized controlled
3. Queiroz ZPV, Ruiz, CR, Ferreira, VM. Refle- trial. Clin Interv Aging 2013;8:855-9.
xões sobre o envelhecimento humano e o futu- 10. Kattenstroth JA, Kalisch T, Kolankowska
ro: questões de ética, comunicação e educação. I, Dinse HR. Superior sensory, motor, and
Revista Kairós 2009;12(1):21-37. cognitive performance in elderly individuals
4. Witter C, Buriti MA, Silva GB, Nogueira, RS, with multi-year dancing activities. Front
Gama, EF. Envelhecimento e dança: análise da Aging Neurosci 2010;2:31. doi: 10.3389/
produção científica na Biblioteca Virtual de fnagi.2010.00031
Saúde. Rev Bras Ger Gerontol 2013;16(1):191- 11. Kattenstroth JA, Kalisch T, Kolankowska I,
9. Dinse HR. Balance, sensorimotor, and cog-
5. Eyigor S, Karapolat H, Durmaz B, Ibisoglu nitive performance in long-year expert senior
U, Cakir S. A randomized controlled trial of ballroom dancers. J Aging Res 2011:1-10. doi:
Turkish folklore dance on the physical per- 10.4061/2011/176709.
formance, balance, depression and quality of 12. Kattenstroth JC, Kallisch T, Holt S, Tegen-
life in older women. Arch Gerontol Geriatr thoff M, Dinse HR. Six months of dance
2009;48:84-8. intervention enhances postural, sensorimotor,
6. Ferrufino L, Bril B, Dietrich G, Nonaka T, and cognitive performance in elderly without
Coubard OA. Practice of contemporary dance affecting cardio-respiratory functions. Front
promotes stochastic postural control in aging. Aging Neurosci 2013;5(5):1-16.
Front Hum Neurosci 2011;5(169):1-12. 13. Cunha MCB, Alonso AC, Silva TM, Raphael
7. Granacher U, Muehlbauer T, Bridenbaugh SA, ACB, Mota CF. Ai Chi: efeitos do relaxa-
Wolf M, Roth R, Gschwind Y et al. Effects of mento aquático no desempenho funcional
a salsa dance training on balance and strength e qualidade de vida em idosos. Fisioter Mov
performance in older adults. Gerontology 2010;23(3):409-17.
2012;58(4):305-12. 14. Avelar NCP, Bastone AC, Alcântara MA,
8. Hui E, Chui BT, Woo J. Effects of dance on Gomes WF. Effectiveness of aquatic and non-
physical and psychological well-being in older -aquatic lower limb muscles endurance training
persons. Arch Gerontol Geriatr 2009;49:45-50. in the static and dynamic balance of elderly
9. Janyacharoen T, Laophosri M, Kanpittaya J, people. Rev Bras Fisioter 2010;14(3):229-36.
Auvichayapat P, Sawanyawisuth K. Physical per-
ARTIGO ORIGINAL
Rodrigo Alves Coelho*, Hugo Ribeiro Zanetti**, Lucas Gonçalves da Cruz**, Marco Aurélio Ferreira
de Jesus***, Eduardo Gaspareto Haddad****
houve diferença entre o número de repetições dominante em homens, que possui característica
dentro do mesmo gênero. anabólica, atuando principalmente sobre as zonas
de crescimento dos ossos e músculos, além de
influenciar o desenvolvimento de praticamente
Discussão todos os órgãos do corpo humano [21].
Outro achado do nosso estudo foi que as
O objetivo do estudo foi comparar a força e o mulheres realizaram uma maior quantidade de
desempenho motor unilateral de membro supe- repetições até a fadiga com carga de 50% de
rior dominante (MSD) e membro superior não 1RM. Nosso estudo corrobora alguns achados da
dominante (MSND) entre homens e mulheres literatura, demonstrando que o gênero feminino
no exercício de flexão de cotovelo a 50% de 1 apresenta maior resistência à fadiga com cargas
repetição máxima. inferiores a 70% de 1RM [20,22].
O presente estudo foi realizado com indivídu- Uma possível explicação para estes achados
os treinados em exercícios resistidos, justificando a tange à composição muscular das mulheres, que
ausência de uma diferença significativa na variável reside na maior prevalência de fibras do tipo I
força entre os MSD e MSND do mesmo gênero. sobre as fibras do tipo II [12]. As fibras tipo I
Especula-se que este tipo de treinamento acar- possuem menor diâmetro, menor velocidade de
reta em aumento da sincronização das unidades contração e são mais resistentes à fadiga [23].
motoras (UMs) agregando maior coordenação No gênero masculino possui maior tendência de
intramuscular, que por sua vez desenvolve maiores apresentar maior porcentagem de fibras rápidas,
ativações das fibras por um mesmo motoneu- que possuem maior diâmetro, maior velocidade
rônio [7,15,16]. Essa adaptação proporciona de contração e menor resistencia à fadiga [24].
incrementos de força coordenada, ou seja, um Outro ponto referente à diferença entre os
maior número de fibras musculares se contraem gêneros pode ser explicada pelo tamanho da massa
ao mesmo tempo, com menor frequência de estí- muscular envolvida no exercício, a utilização de
mulos, consequentemente, produzindo acréscimo diferentes substratos energéticos durante a con-
na produção de força muscular [17]. tração musucular e a ativação neural [22]. Além
Para aplicação do teste, deve-se ter em vista o disso, pode-se observar diferença na motivação, na
déficit bilateral, que se refere à diferença na capa- habilidade para sustentar o drive central, diferença
cidade de geração de força dos músculos quando do suprimento de sangue para a musculatura ativa
contraídos isoladamete ou de forma bilateral além das características que levam a fadiga devido à
[7,15]. A carga desenvolvida durante ações bila- diferença nas quantidades de fibras musculares [12].
terais parece ser menor do que a soma das cargas
desenvolvidas por cada membro. Esta diferença
está relacionada com a estimulação reduzida de Conclusão
unidades motoras, que poderia ser causada pela
inibição dos mecanismos protetores, resultando Conclui-se que os homens são capazes de
em uma menor produção de força [15,18]. desenvolver maior força máxima que as mulheres.
Foi encontrada uma diferença significativa da No entanto, as mulheres realizaram maior quan-
força no teste de 1RM entre os gêneros, isto pode tidade de repetições máximas com carga referente
ser justificado pelo fato do homem apresentar a 50% de 1RM.
uma maior proporção de fibras metabolicamente
e funcionalmente mais rápidas (fibras IIx), devido
a uma maior expressão gênica do músculo esque- Referências
lético e na interação com hormônios específicos
do gênero masculino comparado com o feminino 1. Winett RA, Carpinelli RN. Potential health-
[19,20]. Enfoque seja dado ao papel do hormônio -related benefits of resistance training. Preventive
testosterona, que é encontrado de maneira pre- Medicine 2001;33(5):503-13.
10 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - ano 2017 - volume 16 - número 2
2. Lee YS, Ha MS, Lee YJ. The effects of various 13. Russ DW, Towse TF, Wigmore DM, Lanza IR,
intensities and durations of exercise with and Kent-Braun JA. Contrasting influences of age and
without glucose in milk ingestion on postexercise sex on muscle fatigue. Med Sci Sports Exercise
oxygen consumption. J Sports Med Phys Fitness 2008;40(2):234-41.
1999;39(4):341-7. 14. Shephard RJ. PAR-Q, Canadian Home Fitness
3. Paavolainen L, Hakkinen K, Rusko H. Effects of Test and exercise screening alternatives. Sports
explosive type strength training on physical perfor- Med 1988;5(3):185-95.
mance characteristics in cross-country skiers. Eur 15. Kuruganti U, Murphy T. Bilateral deficit ex-
J Appl Physiol Occup Physiol 1991;62(4):251-5. pressions and myoelectric signal activity during
4. Paavolainen L, Hakkinen K, Hamalainen I, Num- submaximal and maximal isometric knee exten-
mela A, Rusko H. Explosive-strength training sions in young, athletic males. Eur J Appl Physiol
improves 5-km running time by improving run- 2008;102(6):721-6.
ning economy and muscle power. J Appl Physiol 16. Enoka RM. Neural adaptations with chronic
1999;86(5):1527-33. physical activity. J Biomechs 1997;30(5):447-55.
5. Baker D, Nance S, Moore M. The load that maxi- 17. Gabriel DA, Basford JR, An KN. Neural adap-
mizes the average mechanical power output during tations to fatigue: implications for muscle
jump squats in power-trained athletes. J Strength strength and training. Med Sci Sports Exerc
Cond Res 2001;15(1):92-7. 2001;33(8):1354-60.
6. American College of Sports M. American College 18. Van Cutsem M, Duchateau J, Hainaut K. Chan-
of Sports Medicine position stand. Progression ges in single motor unit behaviour contribute to
models in resistance training for healthy adults. the increase in contraction speed after dynamic
Med Sci Sports Exerc 2009;41(3):687-708. training in humans. J Physiol 1998;513( Pt
7. Jakobi JM, Chilibeck PD. Bilateral and unilateral 1):295-305.
contractions: possible differences in maximal vo- 19. Gandevia SC. Spinal and supraspinal factors
luntary force. Can J Appl Physiol 2001;26(1):12- in human muscle fatigue. Physiol Reviews
33. 2001;81(4):1725-89.
8. Kuruganti U, Murphy T. Bilateral deficit ex- 20. Kent-Braun JA, Fitts RH, Christie A. Skeletal
pressions and myoelectric signal activity during muscle fatigue. Comprehensive Physiology
submaximal and maximal isometric knee exten- 2012;2(2):997-1044.
sions in young, athletic males. Eur J Appl Physiol 21. Araújo MR. A influência do treinamento de força
2008;102(6):721-6. e do treinamento aeróbio sobre as concentrações
9. Hay D, de Souza VA, Fukashiro S. Human bilate- hormonais de testosterona e cortisol. Motricidade
ral deficit during a dynamic multi-joint leg press 2008;4:67-75.
movement. Hum Mov Sci 2006;25(2):181-91. 22. Hicks AL, Kent-Braun J, Ditor DS. Sex differences
10. Chaves CPG, Guerra CPC, Moura SRGd, Nicoli in human skeletal muscle fatigue. Exerc Sport Sci
AIV, Idemar F, Simão R. Déficit bilateral nos mo- Rev 2001;29(3):109-12.
vimentos de flexão e extensão de perna e flexão do 23. Staron RS, Hagerman FC, Hikida RS, Murray TF,
cotovelo. Rev Bras Med Esporte 2004;10:505-8. Hostler DP, Crill MT, et al. Fiber type composition
11. Hunter SK, Enoka RM. Sex differences in the of the vastus lateralis muscle of young men and wo-
fatigability of arm muscles depends on absolute men. J Histochem Cytochem 2000;48(5):623-9.
force during isometric contractions. J Appl Physiol 24. McArdle WD. Fisiologia do exercicio - energia,
2001;91(6):2686-94. nutriçao e desempenho humano. Rio de Janeiro:
12. Wust RC, Morse CI, de Haan A, Jones DA, De- Guanabara Koogan; 2011
gens H. Sex differences in contractile properties
and fatigue resistance of human skeletal muscle.
Experimental physiology 2008;93(7):843-50.
ARTIGO ORIGINAL
Allan Lucas Jacques*, Marcelle Modolin Vidigal*, Rodrigo Pereira**, Cláudio Scorcine***,
Fabrício Madureira***, Dilmar Pinto Guedes Junior****
*Graduado no curso de Educação Física pela Faculdade de Educação Física de Santos (FEFIS/UNIMES),
**Professor do curso de Educação Física pela Faculdade de Educação Física de Santos (FEFIS/UNIMES),
Professor da Faculdade da Praia Grande (FPG), Professor da Faculdade de Educação de Educação Física
e Esporte (FEFESP/UNISANTA), ***Professor do curso de Educação Física pela Faculdade de Educação
Física de Santos (FEFIS/UNIMES), ****Professor do curso de Educação Física pela Faculdade de
Educação Física de Santos (FEFIS/UNIMES), Membro do Centro de Estudos de Fisiologia do Exercício e
Treinamento - CEFIT
Tabela I - Avaliações de 1RM no supino, leg press e puxador frente nos grupos de repetições fixas e piramidal crescente.
SR Pré SR Pós % LP Pré LP Pós % PF Pré PF Pós %
RF 26,6 ± 7,1 30,8 ± 6,7* 16 122 ± 37,9 161 ± 41,2* 32 35 ± 8,5 43,5 ± 7,1* 24
PC 48,6 ± 20,6# 55,4 ± 22,7* 14 169 ± 72,3 211 ± 76,8* 25 62 ± 20,8 67,5 ± 21,8* 9
Os dados estão em kg em forma de média ± desvio padrão; SR = Supino Reto; PF = Puxador Frente; *= diferença esta-
tística significativa entre os momentos e #entre grupos; p ≤ 0,05.
Tabela II - Analise do peso corporal total e composição corporal nos grupos de repetições fixas e piramidal crescente.
Peso Pré Peso Pós MMG Pré MMG Pós MGC Pré MGC Pós PGC Pré PGC Pós
RF 60,3 ± 11,3 60,9 ± 11,5 22 ± 3,2 22,49 ± 3,5* 19,7 ± 6,8 19,6 ± 6,6 31,8 ± 5,6 4315 ± 5,3
PC 75,7 ± 16,5 75,5 ± 16,0 29,5 ± 6,7 30,1 ± 6,7* 22,6 ± 8,3 21,6 ± 8,6 29,3 ± 7,2 28,8 ± 7,1
Os dados estão em forma de média ± desvio padrão; MMG = Massa magra Corporal; MGC = Massa Gorda Corporal;
PGC = Porcentagem de gordura corporal; *= diferença estatística significativa entre os momentos; p ≤ 0,05.
analisados, porém registrou diferença entre pré trabalho de Manzini Filho et al. [10], que reali-
e pós-treinamento nos exercícios supino reto, zaram um experimento durante 8 semanas com
puxador frente e no leg press. Na composição o objetivo de comparar os métodos piramidal
corporal não foram encontradas diferenças entre crescente e decrescente. No exercício supino
os grupos, entretanto observou-se aumento da reto não foi encontrada diferença estatística, não
massa magra corporal entre os momentos para indo ao encontro com os resultados do presente
os dois métodos avaliados. estudo. Vale ressaltar que, no estudo citado, os
No estudo que compara em dezoito volun- indivíduos eram ativos fisicamente. Já o estudo
tários do sexo masculino, selecionados aleatoria- de Carvalho et al. [12] encontrou resultados
mente, o efeito de oito semanas de treinamento estatisticamente significativos no aumento de
sobre o número de repetições máximas dos mé- força utilizando o método Drop Set nos exer-
todos PC e piramidal decrescente, não ocorreu cícios supino reto e leg press, corroborando os
diferença significativa entre os métodos ou pré e nossos achados.
pós-treinamento [8]. Em outro experimento que Nas modificações da composição corporal, os
comparou os métodos de RF e PC em dezoito in- métodos PC e RF foram eficientes para aumen-
divíduos experientes em treino de força muscular tar a massa magra corporal. Em um estudo que
ao longo de oito semanas de treinamento sobre avaliou 9 indivíduos ativos por 4 semanas, não
o desenvolvimento da força muscular máxima, foram observadas modificações corporais [12].
não foram encontradas diferenças significativas Em uma periodização que comparou os efeitos
entre os métodos e nem entre os momentos pré do treinamento de força com pesos e no meio
e pós-treino [14]. líquido, ambas as metodologias foram eficientes
No trabalho que teve o objetivo de comparar para potencializar a massa magra corporal nos
o impacto de dois métodos, RF e PC na força universitários avaliados durante 6 meses [16].
muscular de dezenove homens adultos treinados, Em todos corroboram o presente estudo na
o programa de treinamento com pesos foi rea- variável nutricional, ou seja, não houve controle
lizado em seis semanas e não foram observadas da alimentação dos voluntários.
diferenças significativas na força muscular, entre As limitações do estudo foram em relação
os momentos pré e pós-treino e nem entre grupos aos grupos que no momento pré estavam com
[15]. Os resultados confirmam em parte os en- diferenças significativas no exercício supino reto.
contrados no presente estudo, porém os sujeitos Quando foram distribuídos os participantes nos
do artigo citado eram treinados. grupos não foram observadas diferenças, após a
Os exercícios utilizados apontaram diferenças desistência de alguns voluntários ficaram com
significativas no aumento da força muscular no diferenças estatisticamente significativa.
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - ano 2017 - volume 16 - número 2 15
*Escola Municipal Ginásio Medalhista Olímpico Thiago Braz da Silva, **Laboratório de Fisiologia do
Exercício da Universidade Estácio de Sá, LAFIEX, nos campi Nova Iguaçu e Petrópolis II – RJ
quatro semanas, o objetivo principal foi à resis- utilizado o programa Statistical Package for the
tência aeróbia, porém a partir da segunda semana Social Sciences (SPSS), versão 15.0.
foi acrescido ao treinamento um aumento de 4%
no volume do mesmo. Vale ressaltar que apesar
desse aumento no volume total, nas primeiras 3 Resultados
semanas a ênfase foi na resistência aeróbia, nas
semanas seguintes, 5% do valor total foi destinado Os dados descritivos da idade, peso (kg),
ao trabalho de resistência anaeróbia. estatura (m) e frequência cardíaca máxima estão
Nas primeiras semanas, três dias de cada, os representados como a média, desvio padrão (DP)
atletas eram submetidos a corridas de 7 km dentro e curtose, na tabela I.
da frequência cardíaca determinada pelo escore Os atletas apesar de terem reduzido significa-
obtido no teste de VO2Máx, o que variou entre 80 a tivamente suas porcentagens de gordura (antes
85%. Após estas corridas os atletas eram submeti- do treinamento: 10,58 ± 3,62 para 9,5 ± 2,81,
dos a um trabalho de força na sala de musculação depois da pré-temporada. P < 0,05), isso não foi
do clube (4 séries de 12 a 15 repetições). suficiente para causar impacto no peso total (antes
Por ser início do trabalho, o professor optou do treinamento: 65,13 ± 3,64 kg para 65,3 ± 3,58
em não fazer o teste de 1RM, passando então kg, depois da pré-temporada. P = ns) (tabela II).
para os atletas que o aumento da carga seria pro- Ainda que se tenha observado uma melhora
gressivo conforme a melhora dos mesmos nesta no VO2max dos atletas, esta melhora, assim como
valência. Em relação ao acréscimo progressivo no para a variável massa corporal total, não foi sig-
volume total de treinamento, quando as corridas nificativa (52,62 ± 2,28 e 53,48 ± 3,25 ml/kg/
alcançaram 9.780 m, estes acréscimos passaram a min, para antes e após o período de treinamento,
não existir, dando uma ênfase maior ao trabalho respectivamente. P = ns) (tabela II).
anaeróbio. É importante destacarmos que apenas 3
indivíduos apresentaram reduções no condicio-
Análise estatística namento aeróbico, ao comparar-se o período pré
e pós-treinamento de pré-temporada. Estes indi-
No presente trabalho foi utilizado o tratamen- víduos estão destacados (em negrito) no quadro
to estatístico descritivo através de média, desvio abaixo (quadro 1).
padrão e também técnicas de estatística inferencial A explicitação destes dados é importante para
com o Test t de Student utilizando o nível de signi- que se possa discutir, mais adiante, os efeitos do
ficância de 95% (p < 0.05). Foi utilizada a curtose treinamento de pré-temporada sobre esta valência
para análise da homogeneidade da amostra. Foi física, o condicionamento cardiorrespiratório,
representado pelos escores do teste de VO2máx pode ser baixa, de até 2% - 3% para aqueles que
utilizado por nós (Yo-Yo Endurance Test). começaram o treinamento com valores altos. Já
A porcentagem de gordura corporal apresen- que o VO2Máx é a captação máxima de oxigênio
tou uma significativa redução ao se comparar os que um indivíduo consegue extrair do ar alveolar
dados do início da pré-temporada com os valores e transportar até os tecidos através do sistema
encontrados ao final da pré-temporada (de 10,6 cardiovascular e usar para a produção de energia
± 3,62% no início, para 9,5 ± 2,81% no final [14,16,22,23].
da pré-temporada, p < 0,05), como descrito na Apesar de os resultados não demonstrarem di-
tabela III. ferença significativa, a faixa de melhora do grupo
se aproximou muito da faixa de melhora esperada
para indivíduos já bem condicionados (1,34%).
Discussão Cabe destacar que três indivíduos apresenta-
ram marcante decréscimo de suas capacidades ae-
Os resultados apresentados neste trabalho róbias (-2, 22, 4,49 e 6,46 ml/kg/min) o que, por
demonstraram que não houve melhora nos escores motivos individuais (individualidade biológica e/
de VO2Máx dos atletas avaliados, uma vez que os ou lesões na pré-temporada e/ou especificidade
resultados do início, quando comparados ao do da posição) podem ter mascarado a melhora no
final da pré-temporada (52,62 ± 2,28 e 53,48 ± VO2Máx.
3,25 ml/kg/min) respectivamente, não demons- Essa afirmação parece ser especialmente
traram diferença significativa (p = 0,29). interveniente na análise dos resultados, pois ao
Uma possível explicação para a não melhora retirarmos os escores dos três indivíduos que
do VO2Máx, pode ser devido ao fato de que, segun- tiveram uma redução acentuada no treinamen-
do Powers & Howey [22], apesar de os programas to, observamos outro fenômeno em relação ao
de treinamento de resistência provocarem um treinamento pré-temporada e melhora do con-
aumento no VO2Máx em cerca de 15%, a faixa dicionamento físico.
de aumento pode ser elevada, 30% - 50%, para Mas ao retirarmos os resultados para os
aqueles com valores iniciais bem baixos, mas indivíduos que tiveram marcante redução do
Quadro 1 - Variáveis descritivas com resultado final: VO Máx Inicial, VO Máx Final.
2 2
Jogadores REF VO2Máx VO2Máx Inicial VO2Máx Final
A 65,0/68,2 56,30 56,00
B 65,0/68,2 50,50 54,90
C 65,0/68,2 50,50 54,80
D 65,0/68,2 54,70 56,60
E 65,0/68,2 55,50 55,20
F 65,0/68,2 49,60 48,50
G 65,0/68,2 55,50 55,80
H 65,0/68,2 53,40 58,70
I 65,0/68,2 50,20 51,20
J 65,0/68,2 52,60 49,20
L 65,0/68,2 51,20 48,90
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - ano 2017 - volume 16 - número 2 21
condicionamento, achamos uma ótima e signi- 3,62% no início, para 9,5 ± 2,81% no final da
ficativa melhora, se levarmos em conta que os pré-temporada, p = 0,04). Se observarmos mais
indivíduos já eram bem treinados, que foi da especificamente a melhora, vamos encontrar ín-
ordem de 2,56% (1,91 ml/kg/min, p = 0,03), o dices ainda mais interessantes, se compararmos
que, segundo Powers & Howey é uma melhora a porcentagem de melhora total da gordura,
esperada para essa classe de indivíduos (bem não em relação à massa corporal total, mas sim
treinados) [9,10,16,22]. tendo como referência o próprio conteúdo de
Outro fato que suporta a ideia de que o gordura (adotando a porcentagem de gordura
treinamento teria sido eficaz, mas mascarado inicial como sendo 100% de gordura que o
ao se analisar todo o grupo para a qualidade indivíduo apresenta na pré-temporada), obser-
física VO2Máx, incluindo os três indivíduos já vamos uma redução de 7,3%.
mencionados, está na alteração da porcentagem Os programas de treinamento planejados
de gordura corporal entre o início e fim da pré- para o período de pré-temporada são desenvol-
-temporada. vidos com o intuito maior de provocar positivas
As informações sobre a densidade corporal adaptações sobre vários componentes que estão
podem ser convertidas em porcentagens de relacionados com o condicionamento físico,
gordura corporal, que podem ser utilizadas melhorando-os e aperfeiçoando o rendimento
no julgamento sobre a condição física de um desportivo de atletas e equipes. Dentro deste
indivíduo. Vários autores recomendam uma parâmetro, apresentam-se vários objetivos espe-
faixa entre 10 e 15%. Evidências epidemioló- cíficos, dentre eles temos o aumento do VO2Máx
gicas sugerem uma associação inversa entre a e a redução do conteúdo de gordura corporal,
atividade física e o peso corporal, com a gordura temas abordados neste trabalho [12,24,25].
corporal estando, muitas das vezes e como é o É importante para a análise do rendimento
caso em atletas, como conteúdo de massa a ser do grupo ter em mente que dentro de um grupo
mantido-reduzido [8,13-15]. temos uma variedade de expressões biológicas,
Para o percentual de gordura, tal qual para o que irão responder de forma tão diferenciada
VO2Máx, temos uma adaptação mais rápida nos quanto possível ao mesmo programa de trei-
indivíduos destreinados e com índices iniciais namento, a este fenômeno damos o nome de
bem desfavoráveis, em relação a indivíduos individualidade biológica [16,22,24,26].
previamente treinados e com baixos conteú- No presente estudo observa-se como a
dos de gordura corporal. Apesar de se ter uma interferência biológica pode causar alterações
resposta mais intensa no primeiro grupo de significativas no resultado de um grupo e que
indivíduos, sua redução irá ocorrer em ambos os a não discriminação pormenorizada dos escores
grupos, evidentemente com magnitude também individuais podem levar a conclusões impre-
diferente. Logo, a redução da gordura corporal cisas. O que se observa aqui, quando levado
pode ser utilizada para se observar o impacto de em conta todo o grupo, foi uma metodologia
determinado treinamento físico em um grupo de trabalho que surtiu efeito em melhorar o
de indivíduos, especialmente quando a ingesta VO2Máx do grupo, mas que foi capaz de reduzir
energética se mantém constante durante o a porcentagem de gordura total dos indivíduos.
período de treinamento [14,15]. No entanto, ao se excluir possíveis exceções de
De fato, percebemos que todos os atletas já individualidade biológica (3 em 11), obser-
apresentavam uma porcentagem de gordura bai- vamos que o treinamento foi adequado para
xa no início da pré-temporada (10,6 ± 3,62%), adaptar a qualidade física em questão (VO2Máx).
mesmo assim, no relativo curto período de
treinamento da pré-temporada, observa-se um
positivo e significativo impacto do treinamento Conclusão
sobre a massa corporal total, com redução de
1,1% na porcentagem de gordura (de 10,6 ± Os resultados demonstraram que o progra-
22 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - ano 2017 - volume 16 - número 2
17. Conselho Nacional de Saúde. Diretrizes e nor- 21. Krustrup P, Mohr M, Amstrup T, Ysgaard T,
mas regulamentadoras de pesquisa envolvendo Johansen J, Steensberg A et al. The yo-yo inter-
seres humanos. Brasília: Ministério da Saúde; mittent recovery test: physiological response,
1997. reliability and validity. Med Sci Sports Exerc
18. American College of Sports Medicine. Diretrizes 2003;35(4):697-705.
do ACSM para os testes de esforço e sua prescri- 22. Powers SK, Howley ET (2006). Fisiologia do
ção. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2003. Exercício: Teoria e Aplicação ao Condiciona-
19. Fonseca PHS, Marins JCB, Silva AT. Validação mento e ao Desempenho. São Paulo: Manole;
de equações antropométricas que estimam a 2006.
densidade corporal em atletas profissionais de 23. Filho JF. A prática da avaliação Física. Rio de
futebol. Rev Bras Med Esporte 2007;13(3):153- Janeiro: Shape; 2003.
6. 24. Dantas EHM. A Prática da Preparação Física.
20. Haddad S, Silva PRS, Barretto ACP, Ferraretto 5ª ed. Rio de Janeiro: Shape; 2003.
I. Efeitos do treinamento físico de membros 25. Gomes AC. Treinamento desportivo, estrutura-
superiores aeróbio de curta duração no deficiente ção e periodização. São Paulo: ArtMed; 2002.
físico com hipertensão leve. Arq Bras Cardiol Tubino MJG, Moreira SB. Metodologia cientí-
1997;69(3):169-73. fica do treinamento desportivo. 13ª ed. Rio de
Janeiro: Shape; 2003.
Assine já!
Re v i s t a B r a s i l e i r a d e
FISIOLOGIA
DO EXERCÍCIO
Brazilian Journal of Exercise Physiology
Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício
Josenei Braga dos Santos*, Evelise de Toledo**, Maurício Dubard***, Luiz Fernando Silva***,
Messias dos Santos****, Pedro Ferreira Reis*****, Antônio Renato Pereira Moro******,
Antônio Carlos Gomes*******
percentuais (%), obtido por meio de equações estatística descritiva e os valores foram expressos
matemáticas estipuladas pelo escore diagnóstico. em forma de médias e desvios padrão (dp).
Para obtenção do ICP total e por regiões, este mé- Previamente à análise inferencial, os escores
todo adota como critério de avaliação três escalas: de avaliação postural foram testados quanto ao
a) 5 – sem desvio; b) 3 – ligeiro desvio lateral; e pressuposto de normalidade dos resíduos (por
c) 1 – acentuado desvio lateral. visualização dos histogramas), que não foi con-
No que se refere à classificação da postura sistentemente atendido. Sendo assim, realizou-
corporal, este método utiliza como critério de boa -se o teste de Friedman. Ao se observar valor
postura valor ≥ 75% para adolescentes. estatisticamente significativo, compararam-se
os escores entre os anos, par a par, por meio do
Aquisição e análise das imagens teste de Wilcoxon. As análises foram realizadas
para a amostra estratificada por gênero. O nível
No que se referiu à aquisição das imagens, de significância adotado foi de 5%.
utilizou-se uma câmera fotográfica digital Sony
Cyber-Shot Sony 8.1 Mega pixels e um tripé
FT – 361A, que foi posicionada a 3 metros de Resultados
distância do avaliado (atleta) e a uma altura de
1,07 metros do chão. Na Tabela I apresentam-se os valores obtidos
Já com relação à análise das imagens, utiliza- (média e desvio padrão), referentes ao perfil físico
ram-se recursos de computação gráfica do software dos jovens atletas separados por gênero e ano de
Corel Draw6® (2014), que é um software de edição monitoramento.
de imagens, assim como adotou-se a biofotogra- Na Tabela II, comparam-se os valores per-
metria (bios – vida; fotogrametria – aplicação centuais por região e o ICP dos jovens atletas
métrica a imagens fotográficas), que é um recurso por gênero e ano durante o período de monito-
que remete à aplicação métrica em fotogramas de ramento.
registro de movimentos corporais, permitindo Na Tabela III, apresentam-se as alterações
detectar simetrias, assimetrias e os desvios e/ou posturais mais acometidas, por gênero e ano.
alterações posturais entre os segmentos corporais,
assegurando acurácia, confiabilidade e reproduti-
bilidade [15,16]. Discussão
Tabela II - Percentual (%) das regiões corporais e ICP dos jovens atletas por gênero e ano.
Regiões Feminino (n = 7) Masculino (n = 7)
corpo- 2011 2012 2013 2011 2012 2013
rais (dp) (dp) (dp) p (dp) (dp) (dp) p
86,3 (10,0)
RCP 87,4 (9,1) 81,7 (3,9) 79,4 (6,3) 0,12 87,4 (4,3)a 78,3 (6,0)b 0,04
a
RCDL 98,1 (5,0)a 87,6 (6,0)b 92,4 (7,1)a,b 0,02 92,4 (10,5) 86,7 (0,0) 81,0 (7,1) 0,09
RAQ* 98,1 (5,0)a 94,3 (10,5)a 86,7 (7,7)b 0,009 90,5 (6,5) 98,1 (5,0) 90,5 (10,1) 0,19
RMI** 84,3 (5,3) 77,1 (9,5) 75,7 (5,3) 0,07 81,4 (17,7) 75,7 (7,9) 74,3 (7,9) 0,83
ICP 90,9 (2,1)a 85,0 (3,8)b 83,6 (2,4)b 0,006 88,2 (5,9)a 85,1 (2,1)a 79,4 (4,3)b 0,003
Nota: Médias com letras diferentes são estatisticamente diferentes entre si (p<0,05; teste de Wilcoxon par a par)
RCP – Região da Cabeça e do Pescoço; RCDL – Região da Coluna Dorsal e Lombar; RAQ – Região do Abdômen e Qua-
dril; RMI – Região dos Membros Inferiores; ICP – Índice de Correção Postural; *Maior valor; Menor valor **.
nesta região e contribui para a manutenção da boa Já na RMI apresenta-se como a de menor valor
postura. Para Domingues-Filho [19], esta região em todos os anos, em ambos os gêneros, porém
é responsável por boa parte dos movimentos, no masculino, notou-se que, no terceiro ano, esta
estabilidade e manutenção da postura por meio região ficou abaixo dos padrões de normalidade,
da coluna vertebral no ser humano, porque o podendo ser considerada como uma situação
conjunto dos músculos abdominais, glúteos, crítica e que merece observação clínica.
isquiotibiais, flexores do quadril e extensores, Quanto às alterações, diversos fatores podem
trazem inúmeros benefícios para a saúde de seu estar interligados. No atletismo, os locais de treino
praticante, principalmente para o equilíbrio pos- e competições serem distintos, calendário de com-
tural e rendimento esportivo. petições, quantidades de movimentos, situação
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - ano 2017 - volume 16 - número 2 29
Com relação à variação dos valores percentuais elho com o passar do tempo. Conforme Peterson
das regiões corporais, de gênero para gênero e ano e Renström [34], Weber e Ware [35] a articulação
para ano, quando comparadas entre si, nota-se do joelho é a que mais sofre lesão constantemente
que no feminino a região de maior valor inicia- em indivíduos que praticam esportes. Bertolini et
-se da RAQ para a RMI e no masculino inicia-se al. [36] explicam que ela tem pouca estabilidade
da RCDL para a RMI. No feminino um detalhe devido a incongruência condilar e recebe muita
importante a ser considerado é que seis atletas sobrecarga, sendo necessário criar uma estabili-
eram do voleibol, já no masculino quatro eram zação adicional para manter a integridade desta
lançadores, o que mostra uma relação do esporte articulação, e Schulz [37] afirma que ela depende
praticado com as alterações posturais. de um equilíbrio excelente entre estabilizadores
Estes achados podem ser explicados pelo fato dinâmicos e estáticos, dos tecidos moles e os
destes jovens atletas estarem em fase de maturação componentes ósseos e cartilagionosos.
biológica final que, segundo Lemos, Santos e Gaya No caso da escoliose (D) o principal fator é a
[28], Fisberg et al. [29], Guedes e Guedes [30], dominância devido à maioria dos gestos motores
Weineck [31] e Galahue e Ozmun [32] é muito serem treinados unilateralmente e utilizados em
comum, pois é nesta fase que se inicia o estágio competição repetidas vezes neste mesmo lado.
de desenvolvimento do treinamento especializa- De acordo com Matos [24] e Verderi [23] esta
do e ocorre à aceleração do crescimento. Isso faz alteração ocorre por haver uma inclinação lateral
com que a postura sofra variações e predisponha da coluna com um componente rotacional de
ao aparecimento de alterações posturais, assim vértebras que é causada pela contratura dos mús-
como ocorrem os períodos críticos, extremamen- culos profundos do tronco. Outra característica
te importantes, não sendo apenas um período desta alteração é que ela surge na maioria das
de rápidas alterações fisiológicas, mas também vezes, durante a fase de aceleração do crescimento
uma fase crítica de transição social e psicológica. vertebral, o que torna crianças e adolescentes mais
Mudanças estas observadas e identificadas em susceptíveis a desenvolvê-las [38].
conversas informais nos treinos, competições e Já no caso da hiperlordose observa-se uma
convívio social com a comissão técnica e com os curvatura na região lombar que está associada a
jovens atletas. uma anteversão da pelve, que possivelmente, foi
Na PP e hipercifose elas estão relacionadas oriunda da prática de exercícios de musculação
com a fase final da adolescência devido à fase de com ênfase nos músculos paravertebrais tais
estado maturacional, fatores emocionais (intros- como, arranque, arremesso, encaixe, puxada e
pecção, vergonha, etc.), assim como associada à pullover que sobrecarregam os eretores da coluna.
postura sentada por longas horas na utilização Um dos métodos utilizados no tratamento
de equipamentos eletrônicos (celulares, horas na dessa alteração são as posturas estáticas de alon-
frente da televisão, computador, jogos, etc.) em gamento, baseadas no alongamento isotônico
média três horas por dia (navegação na internet, excêntrico [39].
e-mails, msn, twitter, facebook, etc.). Informa-
ções estas obtidas pela comissão técnica e pelos
próprios jovens atletas. De acordo com Marques, Conclusão
Hallal e Gonçalves [33], a manutenção prolonga-
da na posição sentada ocasiona o desenvolvimento Observou-se neste estudo de caso que os
de posturas inadequadas e sobrecarrega as estru- jovens atletas possuem uma boa postura em
turas do sistema musculoesquelético. ambos os sexos, e a região corporal que obteve
No genu recurvatum observa-se que existe um maior destaque foi a RAQ e que a de menor foi
desequilíbrio muscular, ou seja, fortalecimento a RMI, sendo a hiperextensão a alteração postural
com encurtamento da musculatura posterior e mais prevalente e a escoliose torácica esquerda a
fraqueza da musculatura anterior, que em nossa menos prevalente durante todo este período de
opinião, podem comprometer a articulação do jo- monitoramento.
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - ano 2017 - volume 16 - número 2 31
Constatou-se que houve variações significati- 6. Veiga PHA, Daher CRM, Morais MFF. Alterações
vas tanto na postura como nas alterações posturais posturais e flexibilidade da cadeia posterior nas
entre os anos, percebendo que monitorar jovens lesões em atletas de futebol de campo. Rev Bras
atletas é uma excelente estratégia de avaliação Ciênc Esporte 2011;33:235-48.
diagnóstica (screening) no contexto esportivo, pois 7. Signoreti MM, Parolina EC. Análise postural
auxilia no processo de entendimento desta fase do em capoeiristas da cidade de São Paulo. Aspectos
desenvolvimento motor. fisiológicos e biomecânicos. Revista da Faculdade
Recomenda-se a organização de uma metodo- de Ciências da Saúde 2009;6:462-470.
logia de exercícios corretivos e preventivos, que 8. Kendal FP, McCreary EK, Provance PG, Rodgers
possam minimizar as alterações posturais durante MM, Romani WA. Músculos provas e funções. 5ª
e, principalmente, nesta fase do desenvolvimento ed. São Paulo: Manole; 2007.
motor, promovendo qualidade de saúde para o 9. Magee D. Avaliação musculoesquelética. 5a.ed.
jovem o atleta. Barueri: Manole; 2005.
10. Vilas Boas LR, Rosa VC. A influência da natação
nos desvios posturais. Batatais; 2005.
Agradecimentos 11. Thomas JR, Nelson JK. Métodos de pesquisa
em atividade física. 3a ed. Porto Alegre: Artmed;
A comissão técnica das equipes e aos atletas 2002. p. 294-26.
pelo respeito, confiança e disponibilidade para 12. Althoff SA, Heyden SM, Robertson D. Back to
realização deste trabalho durante este período the basics - whatever happened to posture? Jour-
de três anos. nal of Physical Education, Recreation & Dance
1988;59:20-4.
13. Althoff SA, Heyden SM, Robertson D. Postu-
Referências re screening - a program that works. Journal
of Physical Education, Recreation& Dance
1. Fronza FCAO, Teixeira LR. Padrão postural de 1998;59:26-32.
atletas adolescentes de futebol e a relação de alte- 14. Santos JB, Moro ARP, Reis DC, Cezar MR, Reis
rações com lesão: uma revisão de literatura. Rev PF, Luz JD, et al. Descrição do método de avaliação
Bras Ciênc Saúde 2009;22:96-101. postural de Portland State University. Rev Fisio
2. Bastos FN, Pastre CM. Correlação entre padrão Bras 2005;6:392-5.
postural em jovens praticantes do atletismo. Rev 15. Baraúna MA, Ricieri D. Biofotogrametria: recurso
Bras Med Esporte 2009;6:432-5. diagnóstico do fisioterapeuta. [periódico online].
3. Santos JB, Dubard M, Rodrigues SS, Dubard 2011. [citado 2011 Jul]. Disponível em URL:
MA, Leme A, Rodrigues ECF et al. Alterações http://www.fisionet.com.br/noticias/interna.
posturais de atletas de atletismo de alto rendimen- asp?cod=63.
to. Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício 16. Farhat G. Biofotogrametria: tecnologia na
2013;12:196-205. avaliação postural. [periódico online]. 2011.
4. Pastre CM, Carvalho Filho G, Monteiro HL, [citado 2011 Set]. Disponível em URL: http://
Netto Júnior J, Padovani CR et al. Lesões despor- institutopostural.com.br/pontagrossa/biofoto-
tivas no atletismo: comparação entre informações grametria_26/
obtidas em prontuários e inquéritos de morbidade 17. Conselho Nacional de Saúde (CNS). Resolução
referida. Rev Bras Med Esporte 2004;10:1-8. Nº 196/96. [citado 2008 Nov 12]. Disponível
5. Neto Júnior J, Pastre CM, Monteiro HL. Alte- em URL: http://conselho.saude.gov.br/comissao/
rações posturais em atletas brasileiros do sexo conep/resolucao.html
masculino que participaram de provas de potência 18. SPSS 10: IBM SPSS Statistics, versão 19.0.0. IBM
muscular em competições internacionais. Rev Bras Corporation, Armonk, EUA.
Med Esporte 2004;10:195-198. 19. Domingues-Filho LA. Exercícios abdominais:
estratégias e resultado. Cap. I a importância da
32 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - ano 2017 - volume 16 - número 2
prática dos exercícios abdominais. São Paulo: 30. Guedes DP, Guedes J. Manual prático para avalia-
Ícone: 2008; p.19-59. ção em educação física. São Paulo: Manole; 2006.
20. Bittencourt NF, Amaral GM, Anjos MTS, 31. Weineck J. Treinamento Ideal. São Paulo: Manole;
D’Alessandro R, Silva AA, Fonseca ST. Avaliação 2003.
muscular isocinética da articulação do joelho em 32. Gallahue DL, Ozmun JC. Compreendendo o de-
atletas das seleções brasileiras infanto e juvenil senvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes
de voleibol masculino. Rev Bras Med Esporte e adultos. São Paulo: Phorte; 2001. p. 407- 94.
2005;11:331-6. 33. Marques NR, Hallal CZ, Gonçalves M. Carac-
21. Macnicol MF. O joelho com problema. 2ª. ed. terísticas biomecânicas, ergonômicas e clínicas
Barueri: Manole; 2002. da postura sentada: uma revisão. Fisioter Pesqui
22. Daneshmandi H, Saki F, Shahheidari S, Khoori 2010;17:270-6.
A. Lower extremity Malalignment and its linear 34. Peterson L, Renström P. Lesões do esporte; pre-
relation with Q angle in female athletes. Procedia venção e tratamento. Barueri: Manole; 2002. p.
Social and Behavioral Sciences. 2011;15:3349-54. 267-330.
23. Verderi E. Programa de Educação Postural. São 35. Bertolini GRF et al. Avaliação da propriocepção
Paulo: Phorte; 2011. ativa em adultos com lesão de ligamento cruzado
24. Matos O. Avaliação postural e prescrição de exer- anterior. Revista Brasileira de Fisiologia do Exer-
cícios corretivos. São Paulo: Phorte; 2010. cício 2012;11:146-9.
25. Mendonça M. RP2: método de alongamento. São 36. Weber MD, Ware N. Reabilitação do joelho. In:
Paulo: Phorte; 2005. 168p. Andrews JR, Harrelson GL, Wilk KE. Reabilitação
26. Souchard E. O streching global ativo: a reeducação física das lesões desportivas. Guanabara Koogan:
postural global a serviço do esporte. São Paulo: Rio de Janeiro; 2000. p. 235-94. Cap 10
Manole; 1996. 37. Schulz DA. Anatomia. In: Ellenbecker TS, ed.
27. Kolyniak IEGG, Cavalcanti SMB, Aoki MS. Reabilitação dos ligamentos do joelho. Manole:
Avaliação isocinética da musculatura envolvida Barueri; 2002. p. 1-15.
na flexão e extensão do tronco: efeito do método 38. Ferreira DMA, Fernandes CG, Camargo MR,
Pilates®. Rev Bras Med Esporte 2004;10:487-90. Pchioni CAS, Fregonesi CEPT, Faria CRS. Ava-
28. Lemos AT, Santos FR, Gaya ACA. Hiperlordose liação da coluna vertebral: relação entre gibosidade
lombar em crianças e adolescentes de uma escola e curvas sagitais por método não-invasivo. Rev
privada no Sul do Brasil: ocorrência e fatores Bras Cineantropom Desempenho Hum 2010;
associados. Cad Saúde Pública 2012;28:781-8. 12:282-9.
29. Fisberg M. Exercícios na adolescência. In: Cohen 39. Maciel AM, Azevedo MD, Bezerra AC, Azevedo
M. Guia de medicina do esporte. Barueri: São KD, Barros SEB, Santos HH et al. Posturas está-
Paulo; 2008. p. 203-12. ticas de alongamento no tratamento da hiperlor-
dose lombar: relato de casos. Revista Brasileira de
Ciência e Saúde 2012;16(s2):45-50.
RELATO DE CASO
Resumo
Osteporose e osteopenia são doenças que reduzem idade. Foram realizados testes de equilíbrio funcional
a densidade dos ossos, deixando-os mais propensos a através da Berg Balance Scale (BBS). O protocolo
fraturas. A aplicação de exercícios de equilíbrio estático consistia em uma rotina de treino de 6 semanas, va-
pode melhorar a capacidade funcional e o equilíbrio em riando a intensidade de frequência na plataforma. O
idosos. Além disso, os exercícios melhoram a qualidade resultado observado foi a melhora de equilíbrio após
de vida e previnem quedas. O objetivo deste estudo a intervenção. Conclui-se que a plataforma vibratória
foi analisar a influência da plataforma vibratória na pode colaborar na prevenção de quedas em mulheres
melhora do equilíbrio e na prevenção de quedas em pós-menopáusicas com osteopenia.
uma mulher pós-menopáusica com osteopenia. Foi Palavras-chave: educação física e treinamento,
recrutada para a pesquisa uma mulher com 84 anos de doenças ósseas metabólicas, equilíbrio postural.
Tabela I - Características gerais do indivíduo da pesquisa antes e após o programa de treinamento na plataforma
vibratória
Variáveis Pré-teste Pós-teste Diferença %
Idade (anos) 84 84 -
Altura (cm) 150,0 150,0 -
Massa (kg) 65,6 67,4 2,74%
Índice Massa Corporal (IMC) 29,16 29,95 2,70%
Relação Cintura Quadril (RCQ) 0,85 0,81 - 4,70%
Pressão Arterial Sistólica (mmHg) 150 150 -
Pressão Arterial Diastólica (mmHg) 90 90 -
36 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - ano 2017 - volume 16 - número 2
acima da cicatriz umbilical. Para a medida do ral, IMC, RCQ, idade e o teste de equilíbrio. As
quadril, posicionou-se a trena na área de maior diferenças nos dados antropométricos e no risco
protuberância glútea e dividiu-se a circunferência de queda foram analisadas por percentual.
da cintura pela circunferência do quadril [27].
Foi realizada uma avaliação antropométrica e Resultados
o protocolo utilizado para verificar o percentual
de gordura foi o de Pollock e Jackson, com três Após o treinamento de 6 semanas na plata-
dobras cutâneas (tricipital, supra-íliaca e coxa) forma vibratória, a paciente diminuiu o risco de
[21,22,28]. quedas de 32% para 4%, conforme figura 2. Os
O protocolo de treinamento consistiu em uma valores identificados pela escala de equilíbrio de
rotina de atividades na plataforma vibratória. Nas Berg e o percentual de diferença são apresentados
duas primeiras semanas, durante 5 minutos, a na tabela II. O risco de queda apresentou uma
plataforma vibratória foi colocada na intensidade melhora de 87,5%. A paciente aumentou a massa
de frequência 10 Hz (medida em Hz, a taxa de magra em 5,30% e diminuiu a gordura corporal
repetição das oscilações). A partir do 5° min, em 4,60%. Os resultados das diferenças de per-
aumentou-se a frequência para 20 Hz, até com- centual das características antropométricas estão
pletar 10 minutos. Da terceira até a quarta semana demonstrados na tabela III.
iniciou-se a atividade de plataforma vibratória na
frequência de 15 Hz, por 5 minutos. A partir do 5° Figura 2 - Redução do risco de quedas após 6 semanas
minuto, aumentou-se a frequência para 20 Hz até de programa de treinamento na plataforma vibratória.
completar 10 minutos e depois mais 5 minutos na
frequência 25 Hz. Da quinta até a sexta semana,
iniciou-se a atividade de plataforma vibratória
na frequência 20 Hz, por 5 minutos. A partir
do 5° minuto, aumentou-se a frequência para 25
Hz até completar 10 minutos. Em seguida, ficou
mais 5 minutos na frequência 30 Hz, conforme
figura 1 [20].
25
20
0á5 min Discussão
15
5á10 min
10 10á15 min
Tabela II - Diferença em percentual dos resultados antes e após programa de treinamento na plataforma vibratória
Variável Pré-teste Pós-teste Diferença %
Risco de quedas 32% 4% - 87,5%
Gordura % 34,99 % 33,38% - 4,60%
Gordura (kg) 22,95 kg 22,49 kg - 2,00%
Massa magra (kg) 42,64 kg 44,90 kg 5,30%
Tabela III - Características antropométricas antes e após programa de treinamento na plataforma vibratória
Variável Pré-teste Pós-teste Diferença %
Tórax inspirado (cm) 90 89 -1,11%
Cintura (cm) 89 86 -3,37%
Abdômen (cm) 94 95,5 1,59%
Quadril (cm) 104 105 0,96%
Direito Esquerdo Direito Esquerdo Direito Esquerdo
Braço contraído (cm) 31 31 31,5 31,5 1,61% 1,61%
Antebraço (cm) 24 24 25,5 25,5 6,25% 6,25%
Coxa medial (cm) 48 47 50,5 50,5 5,20% 7,44%
Perna (cm) 36,5 36 37,5 37 2,73% 2,77%
corporal, que se dá pelo gasto calórico gerado pelas 7. Clarke BL, Khosla S. Female reproductive system
contrações musculares involuntárias do treinamento and bone. Arch Biochem Biophys 2010;503:118-
com vibração, estimulando a musculatura, podendo 28.
aumentar a massa magra, mudando assim as carac- 8. Manske SL, Lorincz CR, Zernicke RF. Bone
terísticas antropométricas. health: part 2, physical activity. Sports Health
2009;1:341-6.
9. Caputo EL, Costa MZ. Influence of physical
Conclusão activity on quality of life in postmenopausal
women with osteoporosis. Rev Bras Reumatol
Conclui-se que o treinamento na plataforma 2014;54:467-73.
vibratória durante 6 semanas pode melhorar 10. Gusi N, Raimundo A, Leal A. Low-frequency
o equilíbrio e aumentar a força, o que leva à vibratory exercise reduces the risk of bone fracture
diminuição dos riscos de quedas em mulheres more than walking: a randomized controlled trial.
pós-menopáusicas. O programa pode diminuir BMC Musculoskelet Disord 2006;7:92.
a gordura corporal e aumentar a massa muscular. 11. Weber-Rajek M, Mieszkowski J, Niespodzinski B,
Sugerem-se estudos com uma amostra maior e um Ciechanowska K. Whole-body vibration exercise
período de treinamento ampliado em relação ao in postmenopausal osteoporosis. Prz Menopau-
estudo em questão. zalny 2015;14:41-7.
12. Pang MY. Whole body vibration therapy in fractu-
re prevention among adults with chronic disease.
Referências World J Orthop 2010;18:20-5.
13. Bogaerts AC, Delecluse C, Claessens AL, Troosters
1. Cohen JM, Naeim A. Osteoporosis, fractures, and T, Boonen S, Verschueren SM. Effects of whole
risk of falls. Oncology 2010;24:752-3. body vibration training on cardiorespiratory fit-
2. Zambaldi PA, Costa TABN, Diniz GCLM, Scalzo ness and muscle strength in older individuals (a
PL. Efeito de um treinamento de equilíbrio em 1-year randomised controlled trial). Age Ageing
um grupo de mulheres idosas da comunidade: 2009;38:448-54.
estudo piloto de uma abordagem específica, não 14. Burke TN, França FJ, Meneses SR, Cardoso
sistematizada e breve. Acta Fisiátr 2007;14:17-24. VI, Pereira RM, Danilevicius CF, Marques AP.
3. Baccaro LF, Conde DM, Costa-Paiva L, Pinto- Postural control among elderly women with and
-Neto AM. The epidemiology and management without osteoporosis: is there a difference. Med J
of postmenopausal osteoporosis: a viewpoint from 2010;128:219-24.
Brazil. Clin Interv Aging 2015;10:583-91. 15. Torriani C, Queiroz SS, Sakakura MT, Zicati M,
4. Knapp KM, Blake GM, Spector TD, Fogelman Volpini AF, Trindade AA, Silva AK, Seoane AC,
L. Can the WHO definition of osteoporosis be Barros A, Tomasi A, Henrique B, Lopes B, Pires
applied to multi-site axial transmission quantita- C, Gomes C. Estudo comparativo do equilíbrio de
tive ultrasound? Osteoporos Int 2004;15:367-74. pacientes com disfunção cerebelar e com sequelas
5. Teixeira LEPP, Silva KNG, Imoto AM, Teixeira de acidentes vascular encefálico. Rev Bras Prom
TJP, Kayo AH, Montenegro-Rodrigues R et al. Saúde 2005;18:157-61.
Progressive load training for the quadriceps muscle 16. Kemmler W, Lauber D, Weineck J, Hensen J,
associated with proprioception exercises for the Kalender W, Engelke K. Benefits of 2 years of
prevention of falls in postmenopausal women intense exercise on bone density, physical fitness,
with osteoporosis a randomized controlled trial. and blood lipids in early postmenopausal oste-
Osteoporos Int 2010;21:589-96. openic women: results of the Erlangen Fitness
6. Augat P, Weyand D, Panzer S, Klier T. Osteo- Osteoporosis Prevention Study (EFOPS). Arch
porosis prevalence and fracture characteristics in Intern Med 2004;164:1084-91.
elderly female patients with fractures. Orthopaedic 17. Tolomio S, Ermolao A, Lalli A, Zacaria M. The
Surgery 2010;130:1405-10. effect of a multicomponent dual-modality exercise
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - ano 2017 - volume 16 - número 2 39
program targeting osteoporosis on bone health 24. Defavori CG, Sarriés GAA. A correlação de mé-
status and physical function capacity of postmeno- todos DEXA e CDEXA em absortimetria mineral
pausal women. J Women Aging 2010;22:241-54. óssea. Radiol Bras 2007;40:183-7.
18. Jacobson BH, Thompson B, Wallace T, Brown 25. Souza CM, Tutiya CG, Jones A, Júnior LI, Natour
L, Rial C. Independent static balance training J. Avaliação do equilíbrio funcional e qualidade de
contributes to increased stability and functional vida entre os pacientes com espondilite anquilo-
capacity in community dwelling elderly people: sante. Rev Bras Reumatol 2008;48:274-7.
a randomized controlled trial. Clin Rehabil 26. Christos ZE, Tokmakidis SP, Volaklis KA, Kotsa
2011;25:549-56. K, Touvra AM, Douda E, Yovos IG. Lipoprotein
19. Souza SCA, Dantas EE, Moreira MH. Correlation profile, glycemic control and physical fitness after
of physical aptitude; functional capacity, corporal strength and aerobic training in post-menopausal
balance and quality of life (QoL) among elderly women with type 2 diabetes. Eur J Appl Physiol
women submitted to a post-menopausal phy- 2009;106:901-7.
sical activities program. Arch Gerontol Geriatr 27. Parker ED, Pereira MA, Stevens J, Folsom AR.
2011;53:344-9. Association of hip circumference with incident
20. Batista MAB, Wallerstein LF, Dias RM, Silva RG, diabetes and coronary heart disease: the atheros-
Ugrinowitsch C, Tricoli V. Efeitos do treinamento clerosis risk in communities study. Am J Epidemiol
com plataformas vibratórias. Rev Bras Ciênc Mov 2009;169:837-47.
2007;15:103-13. 28. Jackson AS, Pollock ML, Ward ANN. Generalized
21. Silva AS, Lacerda FV, Mota MPG. Effect of ae- equations for predicting body density of women.
robic training on plasma levels of homocysteine Med Sci Sports Exerc 1980;12:175-82.
in patients with type 2 diabetes. Rev Bras Med 29. Madureira MM, Bonfá E, Takayama L, Pereira
Esporte 2015;21:275-8. RM. A 12-month randomized controlled trial of
22. Fonseca PHS, Marins JCB, Silva AT. Validação de balance training in elderly women with osteopo-
equações antropométricas que estimam a densida- rosis: improvement of quality of life. Maturitas
de corporal em atletas profissionais de futebol. Rev 2010;66:206-11.
Bras Med Esporte 2007;13:153-6. 30. Lai CL, Tseng SY, Chen CN, Liao WC, Wang CH,
23. Njeh CF, Apple K, Temperton DH, Boivin Lee MC, Hsu PS. Effect of 6 months of whole
CM. Radiological assessment of a new bone body vibration on lumbar spine bone density in
densitometer-the Lunar EXPERT. Br J Radiol postmenopausal women: a randomized controlled
1996;69:335-40. trial. Clin Interv Aging 2013;8:1603-9.
REVISÃO
Resumo
Introdução: O uso de recursos ergogênicos tem
sido utilizado na melhoria do desempenho em várias desempenho dos ciclistas foi medido por amostras
modalidades, em especial atletas de endurance. Várias sanguíneas de fosfato sérico, lactato e 2,3-DPG (antes
pesquisas têm sido realizadas com o intuito de inves- e depois das provas) e teste progressivo de tempo de
tigar a eficácia da suplementação de fosfato de sódio. prova (até exaustão voluntária), com medição do VO2
O fosfato de sódio é conhecido por seu importante máximo (através do ergoespirômetro), frequência car-
papel no tamponamento do ácido láctico produzido díaca e índice de esforço percebido (escala de Borg).
em exercícios de endurance, com potencial na melhora Resultados: Foram identificados 1379 estudos nas bases
da fadiga, com consequente melhora do desempenho. de dados utilizadas. Após filtragem por título e resumo
Objetivo: Verificar o efeito da suplementação de fosfato restaram 37 estudos. Destes, 31 foram excluídos por
de sódio sobre o desempenho em atletas de ciclismo não apresentarem os critérios de elegibilidade adota-
por meio de uma revisão de literatura. Métodos: Fo- dos, restando 6 estudos incluídos nesta revisão. Dois
ram incluídos ensaios clínicos randomizados ou não, estudos não observaram benefícios da suplementação
avaliando os efeitos da suplementação de fosfato de ao passo que quatro observaram melhora significativa
sódio como recurso ergogênico sobre o desempenho em consumo de oxigênio, aumento do 2,3-DPG e
de ciclistas treinados. A busca foi realizada utilizando desempenho. Conclusão: Observamos que os resultados
as bases de dados Pubmed, Lilacs, Capes e Scielo. Os encontrados são divergentes devido às diferenças entre
artigos foram identificados entre os meses de janeiro as provas avaliadas, estratégias de suplementação e tipo
e agosto de 2015 e utilizaram-se os seguintes termos: de população estudada.
fosfato, fosfato de sódio, suplementação de fosfato Palavras-chave: fosfato, ciclismo, suplementação,
de sódio, em suas versões em português e inglês. O recursos ergogênicos.
duração realizarem atividades de alta intensidade, agosto de 2015 e utilizados os seguintes termos:
a produção de energia por glicólise anaeróbica é fosfato, fosfato de sódio, suplementação de
acompanhada por um aumento da acidez intra- fosfato de sódio, em suas versões em português
muscular, contribuindo para a fadiga, motivo pelo e inglês. Foram considerados os artigos escritos
qual atletas têm utilizado cada vez mais recursos nas línguas inglesa e portuguesa, publicados nos
ergogênicos como fosfato de sódio, bicarbonato últimos quinze anos como fonte primária de
de sódio, citrato de sódio e creatina fosfato, redu- pesquisa, bem como livros e capítulos de livros
zindo a acidez e retardando a fadiga [14]. para referencial teórico.
Embora alguns estudos encontrem melhora
no desempenho decorrente da suplementação de Resultados
fosfato de sódio, os resultados são controversos,
podendo ser justificados pelas diferenças entre as Foram identificados 1379 estudos nas bases de
provas avaliadas, quantidades fornecidas e tipo de dados utilizadas. Após filtragem por título e resu-
população estudada [8]. Assim, o objetivo desta mo, foram excluídos 1342, restando 37 estudos.
revisão é verificar o efeito da suplementação de Destes, 30 foram excluídos por não apresentarem
fosfato de sódio sobre o desempenho em atletas os critérios de elegibilidade adotados, restando
de ciclismo. 7 estudos incluídos nesta revisão. Ao avaliar os
estudos, mais um estudo acabou sendo excluído
por ausência de informações quanto ao tipo de
Material e métodos avaliação, totalizando 5 estudos incluídos. Quan-
to aos resultados, dois estudos não observaram
benefícios da suplementação [6,7], no entanto
Critérios de elegibilidade três observaram melhora significativa nas variáveis
consumo de oxigênio [3,4,13], aumento do 2,3-
Foram incluídos ensaios clínicos randomiza- DPG e desempenho [4,13] (Tabela I).
dos ou não, avaliando os efeitos da suplementação
de fosfato de sódio como recurso ergogênico Discussão
sobre o desempenho de ciclistas treinados. Fo-
ram excluídos estudos com animais, e que não Suplementação de fosfato de sódio e desempenho
atendessem os critérios de inclusão previamente em ciclismo
determinados.
A suplementação dos estudos incluídos O fosfato de sódio tem sido relatado como um
não tinha limite de tempo de ingestão antes da suplemento nutricional capaz de proporcionar
prova, nem doses pré-determinadas (geralmente benefícios significativos no desempenho de atletas
eram fracionados em 4 doses diárias, com inter- [6,7]. Segundo Czuba et al. [3], sais de fosfato
valo de 4 horas, com doses que variavam de 25 em formas inorgânicas e orgânicas têm papel
mg/kg a 75 mg/kg, por 6 dias ou 3-4g/dia, por fundamental no metabolismo humano, no que
3-6 dias). se refere ao desempenho no esporte.
O desempenho dos ciclistas foi medido As principais alterações que ocorrem com a
por amostras sanguíneas de fosfato sérico, lactato suplementação de fosfato de sódio são: aumento
e 2,3 DPG (antes e depois das provas) e teste da capacidade aeróbica, da potência de pico, do
progressivo de tempo de prova (até exaustão vo- limiar anaeróbico, melhora do miocárdio e das
luntária), com medição do VO2 máximo (através respostas cardiovasculares ao exercício, desem-
do ergoespirômetro), frequência cardíaca, e índice penho de resistência e maior síntese de ATP [8].
de esforço percebido (escala de Borg). Buck et al. [7], em um estudo randomizado,
A busca foi realizada utilizando as bases de duplo cego, analisou a suplementação de 25 mg,
dados Pubmed, Lilacs, Capes e Scielo. Os artigos 50 mg e 75 mg/kg de fosfato de sódio, bem como
foram identificados entre os meses de janeiro e placebo, em 13 ciclistas do sexo feminino, por 6
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - ano 2017 - volume 16 - número 2 43
dias, com 4 doses diárias, com treino realizado em possibilitar um melhor efeito ergogênico sobre o
bicicleta ergométrica. Foram coletadas amostras desempenho de resistência.
de sangue de fosfato sérico (antes e depois de cada Folland et al. [4], em um estudo randomizado,
carreamento). Não houve diferenças significativas duplo-cego cruzado, analisaram a relação entre a
no tempo de desempenho e potência de pico. carga de fosfato de sódio e o aumento máximo
Notou-se que quatro participantes registraram na captação de oxigênio (desempenho com resis-
seu maior desempenho de tempo e potência de tência), em 6 ciclistas treinados masculinos (um
pico, após suplementação de fosfato de sódio de ciclista desistiu por problemas gastrointestinais).
50 mg/kg. Acredita-se que os resultados divergem Havia um grupo experimental (suplementação
de outros estudos, tendo em vista diferenças entre de 1 g de fosfato de sódio) e um placebo (lacto-
o metabolismo de homens e mulheres, tais como: se), administrado com 300 ml de fluído. Foram
afinidade de oxigênio, concentrações hormonais e suplementados por 6 dias, com 4 doses diárias,
funções cardíacas. Possivelmente seria necessária antes de efetuar 16,1 km (10 milhas) em ciclismo
uma dose mais elevada para mulheres, a fim de no laboratório. Foram coletados amostras de ar
44 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - ano 2017 - volume 16 - número 2
dos participantes, tempo de administração da cycling time trial performance and VO2 1 and 8
suplementação, dosagem/tipo do suplemento days post loading. J Sports Sci Med 2014;13:529-
administrado, controle da ingestão dietética, 34.
variações biológicas, duração do período de 7. Buck CL, Dawson B, Guelfi KJ, McNaughton L,
carga, nível de aptidão dos indivíduos incluídos Wallman KE. Sodium phosphate supplementation
na pesquisa, clima, técnicas de coleta de sangue and time trial performance in female cyclists. J
e parâmetros gerais de avaliação. Assim, estudos Sports Sci Med 2014;13:469-75.
futuros devem atentar a estas informações e 8. Buck CL, Wallman KE, Dawson B, Guelfi KJ.
cuidados para a reprodutibilidade dos resultados Sodium phosphate as an ergogenic AID. Sports
no contexto científico e de desempenho nesta Med 2013;43:425-35.
modalidade esportiva. 9. Kreider RB. Phosphate supplementation in exer-
cise and sport. In: Driskell JA, Wolinsky I, eds.
Macroelements, water and electrolytes in sport
Referências nutrition. Boca Raton: Nutrition in Exercise &
Sport; 1999. p. 29-46.
1. Bemben MG, Bemben DA, Loftiss DD, Knehans 10. Berner YN, Shike M. Consequences of phosphate
AW. Creatine supplementation during resistance imbalance. Annu Rev Nutr 1988;8:121-48.
training in college football athletes. Med Sci Sports 11. Cade R, Conte M, Zauner C, Mars D, Peterson J,
Exerc 2001; 33(10):1667-73. Lunne D. Effects of phosphate loading on 2-3-di-
2. Bernstein A, Safirstein J, Rosen JE. Athletic ergo- phosphoglycerate and maximal oxygen uptake.
genic AID. Bulletion/Hospital for Joint Diseases Med Sci Sports Exerc 1984;16:263-68.
2003;61(3):164-71. 12. Stewart I, McNaughton L, Davies P, Tristram S.
3. Czuba M, Zajac A, Poprzecki S, Cholewa J, Woska Phosphate loading and the effects on VO2max in
S. Effects of sodium phosphate loading on aerobic trained cyclists. Res Q Exerc Sport 1990:61(1):80-
Power and capacity in off Road cyclists. J Sports 4.
Sci Med 2009;8:591-99. 13. Brewer CP, Wallman KE, Guelfi KJ. Effect of
4. Folland J, Stern R, Brickley G. Sodium phosphate repeated sodium phosphate loading on cycling
loading improves laboratory cycling time-trial time-trial performance and VO2 peak. Int J Sport
performance in trained cyclists. J Sci Med Sport Nutr Exerc Metab 2013;23:187-94.
2008;11:464-68. 14. Van Montfort MCE, Van Dieren, Hopkins WG,
5. Eudy A, Gordon L, Hockaday B, Lee D, Lee V, Shearman JP. Effects of ingestion of bicarbonate,
Luu D, Martinez C. Efficacy and safety of ingre- citrate, lactate, and chloride on sprint running.
dients found in preworkout supplements. Am J Med Sci Sports Exerc 2004;36(7):1239-43.
Health-Syst Pharm 2013;70:577-88. 15. Bremner K, Bubb WA, Kemp GJ, Trenell MI,
6. Brewer CP, Dawson B, Wallman KE, Guelfi KJ. Thompson CH. The effect of phosphate loading
Effect of sodium phosphate supplementation on on erythrocyte 2,3-biophosphoglycerate levels.
Clin Chim Acta 2002;323:111-4.
REVISÃO
*Discente do curso de Educação Física da Universidade Anhembi Morumbi (UAM) São Paulo/
SP, **Docente do curso de Educação Física e Membro do Grupo de Pesquisa em Esportes e Atividade Física
da Universidade Anhembi Morumbi (UAM). São Paulo/SP, ***Docente em cursos de pós-graduação
(FMU, Estácio de Sá, UNIFAE e USCS)
Resumo
A obesidade é um problema mundial que atinge as
pessoas de todas as idades, raças e gêneros em diversos no período de 2011 a 2016. Sendo selecionados para
países desenvolvidos e subdesenvolvidos. A Organi- esta revisão 9 artigos. Após análise, concluiu-se que
zação Mundial da Saúde estima que em 2025 aproxi- o treinamento resistido junto a outros fatores tem
madamente 2,3 bilhões de pessoas serão classificadas papel significativo para o emagrecimento, contudo,
como pré-obesos e mais de 700 milhões serão obesos, para maior abrangência do assunto, faz-se necessário
estes valores representarão cerca de 10% da população ampliar os estudos para identificar a aplicação do
lutando contra a obesidade. Uma das formas de com- treinamento resistido no processo de emagrecimento
batê-la é por meio da prática regular de atividade física, e para verificar, também, qual a melhor estratégia em
incluindo o treinamento resistido, a fim de promover relação à intensidade e ao volume das sessões para a
a perda de peso. A busca foi realizada na base de dados redução de gordura corporal.
PubMed (Public Medline or Publisher Medline) e foram Palavras-chave: treinamento de resistência, perda de
selecionados para análise apenas trabalhos publicados peso, consumo de oxigênio.
relação à intensidade e ao volume das sessões 13. Guedes DP, Guedes ERP. Controle corporal:
para a redução de gordura corporal. composição corporal, atividade física e nutri-
ção. Londrina: APEF; 1998.
14. Aaberg E. Conceitos e técnicas para treinamen-
Referências to resistido. Barueri: Manole; 2002.
15. American College of Sports Medicine. Appro-
1. Organização Mundial da Saúde. Constituição priate intervention strategies for weight loss and
da Organização Mundial da Saúde. Nova Ior- prevention of weight regain for adults. Med Sci
que: OMS; 1946. Sports Exerc 2001;33(12):2145-56.
2. Popkin BM, Doak CM. The obesity epide- 16. Campos MA. Musculação: diabéticos, osteopo-
mic is a worldwide phenomenon. Nutr Rev róticos, idosos, crianças, obesos. Rio de Janeiro:
1998;56(4):106-14. Sprint; 2001.
3. Nunes MA, Appolinario JC, Galvão NA, 17. Melby C, Scholl C, Edwards G. Effect of acu-
Coutinho W, eds. Transtornos alimentares e te resistance exercise on postexercise energy
obesidade. Porto Alegre: Artmed; 2009. expenditure and resting metabolic rate. J Appl
4. Anjos LA, Almeida Filho N, Barata R, Barreto Physiol 1993;75(4):1847-53.
ML, Almeida Filho N. Avaliação nutricional 18. Melby C, Melby CL, Commerford SR, JO Hill,
de adultos em estudos epidemiológicos. In: Lamb DR. Exercise, macronutrient balance,
Almeida Filho N, Barata R, Barreto ML, eds. and weight control. Persp Exerc Sci Sports Med
Epidemiologia: contextos e pluralidade. Rio de 1998;11:1-60.
Janeiro: Fiocruz; 1998; p. 113-20. 19. Guttierres APM, Marins JCB. Os efeitos do
5. Nieman D. Exercício e saúde. Barueri: Manole; treinamento de força sobre os fatores de risco
1999. da síndrome metabólica. Rev Bras Epidemiol
6. Slochower J, Kaplan SP. Anxiety perceived 2008;11(1):147-58.
control, and eating in obese and normal weight 20. Chmelo EA, Beavers DP, Lyles MF, Marsh
persons. Apet 1980;1:75-83. AP, Nicklas BJ, Beavers KM. Legacy effects of
7. Flaherty JA. Psiquiatria, diagnóstico e trata- short-term intentional weight loss on total body
mento. Porto Alegre: Artmed; 1990. and thigh composition in overweight and obese
8. World Health Organization. Obesity: preven- older adults. Nutr Diabetes 2016;6(4):203.
ting and managing the global epidemic. World 21. Herring LY, Wagstaff C, Scott A. The efficacy
Health Organ Tech Rep Ser 2000;894:1-253. of 12 weeks supervised exercise in obesity ma-
9. Monteiro C. Caloric restriction on physical nagement. Clin Obes 2014;4(4):220.
function and mobility in overweight and obese. 22. Nicklas BJ, Chmelo E, Delbono O, Carr
In: Velhos e novos males da saúde no Brasil: a JJ, Lyles MF, Marsh AP. Effects of resistance
evoluçäo do país e de suas doenças. São Paulo: training with and without older adults: a
Hucitec; 1995. p. 247-55. randomized controlled trial. Am J Clin Nutr
10. Blair SN, Nichaman MZ. The public health 2015;101(5):991-99.
problem of increasing prevalence rates of obesi- 23. Murphy CH, Churchward-Venne TA, Mitchell
ty and what should be done about it. In: Mayo CJ, Kolar NM, Kassis A, Karagounis LG, et
Clinic Proceedings. Amsterdam: Elsevier; 2002. al. Hypoenergetic diet-induced reductions in
p. 109-13. myofibrillar protein synthesis are restored with
11. Matsudo VKR, Matsudo SMM. Atividade físi- resistance training and balanced daily protein
ca no tratamento da obesidade. Einstein (SP) ingestion in older men. Am J Physiol-Endocri-
2006;4(supl1):29-43. nol Metabol 2015;308(9):734-43.
12. Ammon PK. Individualizing the approach to 24. Tapp LR, Signorile JF. Efficacy of WBV as a
treating obesity. Nurse Pract 1999;24(2):27-41. modality for inducing changes in body compo-
sition, aerobic fitness, and muscular strength:
a pilot study. Clin Interv Aging 2014;9:63-72.
54 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - ano 2017 - volume 16 - número 2
25. Roberts CK, Croymans DM, Aziz N, Butch 30. Ballor DL, Poehlman ET. A meta-analysis of
AW, Lee CC. Resistance training increases the effects of exercise and/or dietary restriction
SHBG in overweight/obese, young men. Me- on resting metabolic rate. Euro J Appl Physiol
tabolism 2013;62(5):725-33. Occup Physiol 1995;71(6):535-42.
26. Cardoso GA, Salgado JM, Cesar MC, Donado- 31. Seip RL, Semenkovich CF. Skeletal muscle li-
-Pestana CM. The effects of green tea consump- poprotein lipase: molecular regulation and phy-
tion and resistance training on body composi- siological effects in relation to exercise. Exerc
tion and resting metabolic rate in overweight or Sport Sci Rev 1997;26:191-218.
obese women. J Med Food 2013;16(2):120-27. 32. Trombetta IC. Exercício físico e dieta hipoca-
27. Willis LH, Slentz CA, Bateman LA. Effects of lórica para o paciente obeso: vantagens e des-
aerobic and/or resistance training on body mass vantagens. Rev Bras Hipertens 2003;10:130-33.
and fat mass in overweight or obese adults. J 33. Foureaux G, Pinto KMC, Dâmaso A. Efeito do
Appl Physiol 2012;113(12):1831-37. consumo excessivo de oxigênio após exercício e
28. Ho SS, Dhaliwal SS, Hill AP. The effect of 12 da taxa metabólica de repouso no gasto energé-
weeks of aerobic, resistance or combination tico. Rev Bras Med Esporte 2016;12(6):393-98.
exercise training on cardiovascular risk factors 34. Burleson Junior MA, O’bryant HS, Stone MH.
in the overweight and obese in a randomized Effect of weight training exercise and treadmill
trial. BMC Public Health 2012;12(1):1. exercise on post-exercise oxygen consump-
29. Elliot DL, DL Elliot, L Goldberg, KS Kuehl. tion. Med Sci Sport Exerc 1999;30(4):518-22.
Sustained depression of the resting metabolic
rate after massive weight loss. Am J Clin Nutr
1989;49(1):93-6.
FISIOLOGIA
DO EXERCÍCIO
Brazilian Journal of Exercise Physiology
Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício
Influência da hidroginástica/hidroterapia no
equilíbrio postural em idosos
The influence of water aerobics/hydrotherapy on postural
balance in elderly
Resumo
Introdução: A hidroginástica apresenta caracterís-
tica da ginástica e trabalha o sistema cardiorrespirató- e leitura na íntegra dos trabalhos foram selecionados
rio, enquanto que a hidroterapia com propriedades 16 artigos científicos. Resultados: Os resultados deste
terapêuticas atua principalmente na reabilitação de estudo nos permitiu observar que a prática da hidro-
doenças reumáticas, ortopédicas e neurológicas. Os ginástica/hidroterapia influencia na manutenção e
dois tipos de atividade trazem turbulência a água e melhora do equilíbrio estático e dinâmico de idosos,
consequentemente necessidades de ajustes posturais porém não houve diferenças significativas, quando
para manter-se em pé. Objetivo: Realizar uma revisão comparado com práticas realizadas em solo, no que
na literatura sobre a influência da hidroginástica/hidro- se refere manutenção do equilíbrio e diminuição do
terapia no equilíbrio postural de idosos. Métodos: Foi risco de quedas. Conclusão: Os estudos apresentados
realizado um levantamento de estudos a partir das bases indicaram que há um efeito positivo da prática de
de dados Lilacs, Scielo e Pubmed com os descritores: atividades físicas sobre o equilíbrio postural de idosos
idosos, reabilitação, fisioterapia, equilíbrio postural tanto em água quanto em solo.
e hidroterapia, hidroginástica, no período de 2007 a Palavras-chave: idoso, reabilitação, Fisioterapia,
2014. Após uma criteriosa seleção por título, resumos equilíbrio postural, hidroterapia.
de domínio da água com movimentos básicos de quais sobraram 73 artigos. Destes, após a leitura
técnicas aquáticas, que, associadas à funcionali- do resumo foram excluídos 48 artigos, pois não
dade, melhoram a autoestima e a autoconfiança abordavam o tema. Sobraram 25 artigos, que fo-
do idoso [9]. ram lidos na integra e excluídos aqueles que não
As propriedades físicas da água auxiliam ainda atendiam ao objetivo. Ao final do levantamento,
mais os idosos na movimentação das articulações, totalizaram-se 16 artigos científicos (figura 1).
na flexibilidade, na diminuição da tensão articular
(baixo impacto), na força, na resistência, nos siste-
ma cardiovascular e respiratório, no relaxamento,
na eliminação das tensões mentais, possuem com-
ponentes como: a flutuação, pressão hidrostática
e a resistência da água, que de maneira integrada
favorece a melhora do retorno venoso, trás menor
impacto nas articulações e maior amplitude de
movimento nos exercícios [9,10].
A hidroginástica com característica da gi-
nástica trabalha o sistema cardiorrespiratório,
melhorando o condicionamento aeróbio do
indivíduo. Enquanto que a hidroterapia com
propriedades terapêuticas atua principalmente na
reabilitação de doenças reumáticas, ortopédicas e
neurológicas. No entanto, é preconizado que nos
dois tipos de atividade traz turbulência a água e
consequentemente necessidades de ajustes postu-
rais para manter-se em pé.
Assim o objetivo do estudo é realizar uma
revisão na literatura sobre a influência da hidro-
ginástica/hidroterapia no equilíbrio postural de Figura 1 - Organograma da seleção dos estudos.
idosos.
Resultados
Material e métodos
Após criteriosa análise foram selecionados
Trata-se de um estudo de revisão de literatura 15 artigos sobre os programas de hidroterapia/
realizado com artigos científicos sobre hidroginás- hidroginástica na influência de equilíbrio postural
tica/hidroterapia no equilíbrio postural a partir de idosos realizados no Brasil e em outros países.
das bases de dados Lilacs, Scielo e Pubmed.
Para levantamento dos dados no presente
estudo, foram utilizados os descritores: idosos, Discussão
reabilitação, fisioterapia, equilíbrio postural e
hidroterapia, hidroginástica no período de 2007 Este estudo teve como objetivo analisar a
ao atual limitado ao idioma português e inglês. influência da hidroterapia/hidroginástica no
Foram incluídos estudos realizados no Brasil e no equilíbrio postural em idosos. Foram avaliados 15
exterior com idosos, contendo textos completos artigos, em 13 artigos houve melhora no equilí-
e tema compatível ao pesquisado. brio dinâmico e estático ou em outras capacidades
A partir desses critérios, foram identificadas que auxiliam na manutenção do mesmo. Somente
75 publicações pelo título. A primeira seleção em dois estudos de Texeira et al. [5] e Antes et al.
foi retirar a duplicidade nas bases de dados, das [18] não houve nenhum resultado significante
58 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - ano 2017 - volume 16 - número 2
Almeida et al. 59 idosas prati- Teste sentar e levan- Os participantes GG teve melhor resul-
[4], (2010) cantes de ginástica tar e deste estudo pra- tado no teste de sentar
e hidroginástica Timed Up Go (TUG). ticavam ginástica e alcançar. Os outros
divididas em grupo Os indivíduos foram ou hidroginástica testes não apresentaram
hidroginástica (GH) avaliados pré e pós- no mínimo há seis diferença significativa
=31 idosas -intervenção. meses, três vezes entre os grupos.
Grupo Ginástica por semana.
(GG) 28 idosas.
Cunha et al. 20 idosos com Escala de Berg; SF36 Receberam trei- Houve melhora do equi-
[9], (2010) idade média de 68 (qualidade de vida); namento de 12 líbrio postural avaliado
anos. MIF (medida de inde- semanas, duas pela Escala de Berg já
pendência funcional). sessões semanais os outros parâmetros
Foram avaliados pré e de 45 min em não teve mudança.
pós-intervenção. piscina aquecida
com técnicas de
Ai Chi.
Avelar et al. 36 idosos com Escala de equilíbrio 6 meses de treina- Os dois grupos água e
[14], (2010) media de idade de Berg; dinamic gait mento duas vezes solo melhoram em rela-
60 anos. Foram índex, velocidade da por semana 40 ção ao grupo controle,
divididos em três marcha. Testes aplica- min. (aquecimen- no equilíbrio dinâmico e
grupos: Grupo dos pré e pós. to, alongamento estático com o pro-
água, grupo solo e de membros grama de resistência
grupo controle. inferiores e exercí- muscular dentro ou fora
cios de resistência d’água. Entre o grupo
muscular). água e solo não houve
diferença significativa.
Katsura et al. 20 indivíduos. Teste de equilíbrio - Treinamento de 2 O grupo que fez o
[15], (2010) Divididos em dois time up go (TUG); meses, três vezes programa de treinamen-
grupos (12 com uti- POMS (escala que na semana com to, utilizando exercícios
lização de equipa- avalia estado emocio- 90 min. em cada com equipamento de
mento de resistência nal e humor); testes de sessão resistência melhorou
à água) e (8 que força de triceps sural e nos testes de força,
não utilizaram tibial; teste de sentar e TUG, sentar e alcançar,
equipamento de levantar, avaliados pré 5m andar na máxima
resistência à água ) e pós-intervenção. velocidade. O grupo
sem resistência apenas
no TUG e força.
60 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - ano 2017 - volume 16 - número 2
Teixeira et al. Grupo único com Foram avaliadas pela Idosas ativas reali-
Não teve diferença
[5] (2011) 39 idosas, já prati- plataforma de força zaram hidroginás-significativa na ampli-
cantes de atividade e o conflito sensorial tica duas vezes por
tude de deslocamento
física média de 68 foi realizado em seis semana Antero posterior e médio
anos. testes de organização lateral. Na posturogra-
sensorial (TOS) por fia Somente na TOS 6,
meio da posturografia (testes de organização
dinâmica. sensorial) com os olhos
fechados e pisando em
uma almofada, apresen-
tou maior instabilidade
no equilíbrio. (quanto
mais sistemas sensoriais
forem manipulados ou
suprimidos, mais afetará
o equilíbrio dos idosos).
Mann et al. 36 sujeitos: 31 Foi avaliada a ampli- Os indivíduos Não houve diferença
[7], (2012) idosas e 5 idosos tude e o deslocamento deste estudo significativa entre os dois
com média de 65 médio lateral e não receberam grupos, quando compa-
anos, separados em anteroposterior com nenhuma interven- rados com olhos abertos
grupo hidro = 20 olhos abertos e fecha- ção, apenas foram e fechados dentro de
idosos praticantes dos na plataforma de avaliados os que seu próprio grupo. Com
de hidroginástica e força. praticavam hidro e olhos abertos o grupo
grupo sedentário = os sedentários. hidroginástica foi melhor
16 idosos que não em relação ao grupo
realizavam nenhu- sedentário.
ma atividade física.
Berganin 59 idosos divi- Foi avaliada massa Indivíduos recebe- No teste para o equilí-
et al. [16], didos em grupo corporal, timed up Go ram intervenção brio (TUG) e back-zero
(2013) água- GA; grupo (TUG); para equilí- por seis meses, (flexibilidade de mem-
terra- GT e grupo brio, a flexibilidade de duas vezes por bros superiores o grupo
controle-GC. membros superiores e semana, 60 minu- água obteve melhor
inferiores por meio do tos cada sessão. resultado em relação ao
teste de sentar e alcan- Foram grupo terra e controle,
çar e back- zero (Back avaliados pré e no teste de sentar e
Scratch teste, para pós-intervenção. alcançar os dois melho-
avaliar flexibilidade de raram e nas medidas de
membros superiores). massa corporal o grupo
água obteve maiores
reduções de gordura.
30 indivíduos Foi aplicada a escala Os grupos praticantes
Martins et al média de 74 anos, de Berg, para ava- de atividade física mos-
[17] (2013) divididos em grupo liação do equilíbrio traram uma pontuação
hidroterapia -10, estático e dinâmico melhor que o grupo
grupo karatê-10 e composta por 14 inativo, porém os grupos
grupo inativo- 10 tarefas. hidro e karatê não apre-
sentaram diferença entre
os mesmos.
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - ano 2017 - volume 16 - número 2 61
da idade. Outros mecanismos responsáveis pelo desordens na marcha, dentre outras, dificultam
equilíbrio postural, como os sistemas vestibulares, a realização dos exercícios em solo por idosos, e
visuais e proprioceptivos, também se alteram com concorda com Almeida et al. [4] que afirma que,
o envelhecimento, diminuindo a capacidade de no meio aquático, há diminuição da sobrecarga
modificações dos reflexos adaptativos. Os resul- articular, menor risco de quedas e de lesões. Além
tados desses estudos comprovaram a importância disso, a flutuação possibilita ao indivíduo reali-
da atividade física na manutenção do equilíbrio zar exercícios e movimentos que não podem ser
postural, independente da modalidade. realizados no solo.
Bruni et al. [12] em seu estudo diz que o O estudo de Katsura et al. [15] e Resende et al.
envelhecimento está associado à perda gradual [11] enfatizam que exercícios resistidos em idosos
de massa muscular, força, potência e flexibilida- fora da água induz a lesão muscular, devido ao
de. Esse fato contribui para uma diminuição da maior impacto que sofrem as articulações. Dian-
mobilidade, agilidade e funcionalidade, o que está te disso o propósito do estudo foi avaliar idosos
diretamente relacionado com a perda de equilí- utilizando equipamentos criados de resistência
brio. No resultado foi observada uma melhora sig- aquática comparando com grupo que trabalhou
nificativa na força muscular e potência da maioria na água sem o equipamento. O estudo conclui que
dos músculos avaliados nos idosos que praticaram exercícios com equipamento melhoram as funções
hidroterapia, tendo como um fator importante a relacionadas ao equilíbrio, força, caminhada em
resistência que a água promove durante a realiza- velocidade, com obstáculos sendo assim, pode
ção dos movimentos. Bergamin et al. [16] em seu auxiliar na prevenção do risco a quedas.
estudo teve como objetivo avaliar a eficácia de um Diante dessas informações, pode-se verificar a
protocolo de exercício de 24 semanas realizado importância da prática de atividades físicas para os
em água de nascente geotérmica e solo, para me- idosos, no que se refere à manutenção do equilíbrio
lhorar a função física em geral e massa muscular postural tanto nas atividades terrestres ou em água.
em um grupo de indivíduos idosos saudáveis e No entanto, pode-se observar que a maioria dos
encontrou em seus resultados a manutenção da trabalhos não apresentam programas padronizados.
força de membros inferiores, igualmente como o Falta clareza na descrição do exercício realizado,
grupo que realizou atividades em solo, não sendo frequência, intensidade e duração dos mesmos.
a hidroterapia significativamente melhor como
proposto por Bruni.
No estudo de Almeida et al. [4] dois grupos Conclusão
foram avaliados, indivíduos que fizeram ginás-
tica em solo e outro que fez hidroginástica, os O resultado deste estudo nos permitiu obser-
resultados não mostraram diferença significativa var que a prática da hidroginástica/hidroterapia
entre eles, porém, a capacidade de flexibilidade influencia na manutenção e melhora o equilíbrio
apresentou melhores resultados no grupo que fez estático e dinâmico de idosos, assim como a prá-
ginástica em solo. A flexibilidade tende a se dete- tica de outras atividades fora da água pode ser
riorar, dentre outros motivos pelo encurtamento benéfico para esta capacidade física. Os estudos
muscular causado pela menor quantidade de apresentados indicaram que há um efeito positivo
exercícios realizados e pela rigidez aumentada dos da prática de atividades físicas sobre o equilíbrio
tecidos conjuntivos. Neste estudo os indivíduos postural de idosos tanto em água quanto em solo.
que fizeram hidroginástica executaram ao final
das sessões exercícios de relaxamento, já o grupo
solo realizou exercícios de alongamento, fator que Referências
pode ter contribuído para este resultado.
Segundo Resende et al. [11], a multiplicidade 1. Garcez-Leme LE, Leme MD. Costs of elderly
de sintomas como dor, fraqueza muscular, fal- health care in Brazil: challenges and strategies.
ta de equilíbrio, obesidade, doenças articulares, Medicalexpress 2014;1(1):38.
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - ano 2017 - volume 16 - número 2 63
2. Medeiros PA, Meereis ECW, Rossato CE, Gon- venção de quedas em idosas. Rev Bras Fisioter
çalves RP, Gonçalves MP. Influência da atividade 2008;12(1):57-63.
física e do índice de massa corporal (IMC) no risco 12. Bruni BM, Granado FB, Prado RA. Avaliação
de quedas de idosos. Fisioterapia Ser 2012;7:34-7. do equilíbrio postural em idosos praticantes de
3. Alonso AC, Luna NM, Dionísio FN, Speciali DS, hidroterapia em grupo. O Mundo da Saúde São
Garcez-Leme LE, Greve JMD. Functional balance Paulo 2008;32(1):56-63.
assessment: review. Medicalexpress 2014;1(6):298- 13. Cunha MF, Lazzaareschi L, Gantus MC, Suman
301. MR, Silva A, Parizi CC, et al. A influencia da
4. Almeida APPV, Veras RP, Doimo LA. Avaliação do fisioterapia na prevenção de quedas em idosos
equilíbrio estático e dinâmico de idosas praticantes na comunidade: estudo comparativo.Motriz
de hidroginástica e ginástica. Res Bras Cineantro- 2009;15(3):527-36.
pom Desempenho Hum 2010;12(1):55-61. 14. Avelar NCP, Bastone AC, Alcântara MA, Gomes
5. Teixeira CS, Dorneles PP, Lemos LFC, Pranke GI, WF. Effectiveness of aquatic and non-aquatic lo-
Rossi AG, Mota CB. Avaliação da influência dos wer limb muscles endurance training in the static
estímulos sensoriais envolvidos na manutenção do and dynamic balance of elderly people. Rev Bras
equilíbrio corporal em mulheres idosas. Rev Bras Fisioter 2010;14(3):229-36.
Geriatr Gerontol 2011;14(3):453-60. 15. Katsura Y, Yoshikawa T, Ueda S, Usui T, Soto-
6. Paschoal SMP, Lima EM. Quedas. In: Carvalho Fi- bayashi D, Nakao H, et al. Effects of aquatic
lho ET, Papaléo Netto M. Geriatria: Fundamentos, exercise training using water-resistance equipment
clínica e terapêutica. São Paulo: Atheneu; 2005. in elderly. Eur J Appl Physiol 2010;108:957-64.
7. Mann L, Teixeira CS, Pranke GI, Rossi AG, Lopes 16. Bergamin M, Ermolao A, Tolomio S, Berton L,
LFD, Mota CB. Equilíbrio estático em idosas Sergi G, Zaccaria M. Water- versus land-based
praticantes de hidroginástica. Santa Maria: Centro exercise in elderly subjects: effects on physical
de Educação Física, Laboratório de Biomecânica, performance and body composition. Clinical
Universidade Federal de Santa Maria; 2012. Interventions in Aging 2013;8:1109-17.
8. Garcia R, Leme MD, Garcez Leme LE. Evolution 17. Martins RM, Dascal JB, Marques I. Equilíbrio
of Brazilian elderly with hip fracture secondary to postural em idosos praticantes de hidroginástica e
a fall. Clinical Sciences 2006;61(6):539-44. karatê. Rev Bras Geriatr Gerontol 2013;l16(1)61-
9. Cunha MCB, Alonso AC, Silva TM, Raphael 9.
ACB, Mota CF. Ai Chi: efeitos do relaxamento 18. Yadegaripour M, Sadeghi H, Shojaedin SS, Sha-
aquático no desempenho funcional e qualidade de msehkohan P. Effects of a combined aquatic-
vida em idosos. Fisioter Mov 2010;23(3):409-17. -nonaquatic training program on static and
10. Berger L, Klein C, Commandeur M. Evaluation dynamic balance in elderly men. J Am Geriatr
of the immediate and midterm effects of mobi- Soc 2013;61(8):1417-9.
lization in hot spa water on static and dynamic 19. Antes DL, Wiest MJ, Mota CB, Corazza ST.
balance in elderly subjects. Ann Readapt Med Análise da estabilidade postural e propriocep-
Phys 2008;51(2):84-95. ção de idosas fisicamente ativas. Fisioter Mov
11. Resende SM, Rassi CM ,Viana FP. Efeitos da 2014;27(4):531-9.
hidroterapia na recuperação do equilíbrio e pre-
REVISÃO
Professor Titular do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), Professor
e Orientador do Programa Stricto sensu em Biomateriais – EM (IFSP), Doutor em Biologia Celular e
Tecidual pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP)
Resumo
As células (fibras) musculares estriadas esqueléticas
são altamente especializadas, podendo apresentar uma células satélites; calcineurina/NFAT (Nuclear Factor of
alta capacidade de adaptação morfológica, resultando, Activated T cells); regulação da miostatina. A hipotro-
entre outras adaptações, em hipertrofia e hipotrofia fia muscular relaciona-se com as vias: sinalização das
muscular. Considerando que os processos de hipertrofia catepsinas ou lisossomais; calpaínas dependentes de
e hipotrofia muscular estão diretamente relacionados cálcio (Ca2+); caspases; ubiquitina proteassoma ATP-
ao turnover proteico muscular, é importante destacar -dependente (UPS); FoxO (Forkhead box O); TNFα
que as vias de síntese e degradação proteica ocorridas (Tumor Necrosis Factor-α); NFkB (Nuclear Factor
nesta célula são estimuladas por diversos sinais ex- kappa-B); glicocorticoides. Sendo assim, o objetivo
tracelulares controlados, destacando-se a prática do deste estudo de revisão é elucidar estas vias envolvidas
exercício físico agudo e crônico. Em linhas gerais, a nos processos de hipertrofia e hipotrofia muscular,
hipertrofia muscular está relacionada com as seguintes relacionando-as com os diversos tipos de exercício e
vias de sinalização: Akt/mTOR (mammalian Target of treinamento físico.
Rapamycin) e regulação das AMPK (adenosine mono Palavras-chave: treinamento físico, vias de
phosphate/AMP-activated protein kinase); ativação das sinalização, células satélites, miostatina.
cente, ou seja, estado de dormência/repouso/não vitro), apontam para alguns fatores de crescimento
ativo. Contudo, estímulos como o crescimento/ como reguladores de atividade, proliferação e
desenvolvimento, lesões e regeneração/remode- diferenciação (em mioblastos) das células sa-
lação, promovem alteração no comportamento télites musculares Ademais, alguns hormônios
destas células. Assim sendo, as células satélites e citocinas apresentam função regulatória no
sairiam do estado quiescente para o estado de comportamento das células satélites. Estes fato-
ativação e, posteriormente, de proliferação. Ao res de crescimento, hormônios, citocinas e suas
se proliferarem, a partir de atividade mitótica, respectivas ações estão apresentados no quadro 3.
se juntam e se fundem com a fibra muscular Importante constatar a característica autó-
adjacente, promovendo reparo de possível lesão. crina das células satélites (células que produzem
Ademais, doam seus núcleos para a fibra muscu- secreção, lançam em direção ao meio extracelular
lar, aumentando a capacidade de síntese proteica e, posteriormente, receptam a própria secreção),
da mesma, o que resultaria em crescimento e além de, também, serem moduladas por subs-
desenvolvimento da fibra muscular – hipertrofia tâncias oriundas de diversos outros territórios
muscular [20]. É fato que, em qualquer estado, corporais, tais como sangue, células do sistema
estas células são capazes de expressarem diversos imunológico, sistema nervoso [21].
marcadores da linhagem miogênica, apontados Como respostas fisiológicas aos possíveis
no quadro 2. estímulos funcionais (como, por exemplo, a prá-
Diversos estudos [21-24], especialmente os tica do exercício físico que promova microlesões
realizados com a técnica de cultivo celular (in musculares), a célula satélite muscular apresenta
Quadro 2 - Marcadores moleculares utilizados para identificar a população de células satélites do músculo estriado
esquelético em sujeitos adultos [18,21].
Estado que se encontram as células satélites musculares no momento
Marcadores Moleculares
da expressão gênica dos marcadores moleculares
MNF Quiescência, Ativação e Proliferação de Células Satélites
Pax7 Quiescência, Ativação e Proliferação de Células Satélites
c-Met Quiescência, Ativação e Proliferação de Células Satélites
M-cadherin Quiescência, Ativação e Proliferação de Células Satélites
Quiescência, Ativação e Proliferação de Células Satélites Atividade de jun-
NCAM
ções neuromusculares
VCAM-1 Quiescência, Ativação e Proliferação de Células Satélites
MNF-β Quiescência, Ativação e Proliferação de Células Satélites
Myf5 Ativação e Proliferação de Células Satélites
MyoD Ativação e Proliferação de Células Satélites
Desmin Ativação e Proliferação de Células Satélites
Myogenin Ativação e Proliferação de Células Satélites
c-ski Proliferação de Células Satélites
MNF-α Proliferação de Células Satélites
BrdU Proliferação de Células Satélites
PCNA Proliferação de Células Satélites
[3H]thymidine Proliferação de Células Satélites
MNF = Fator Nuclear dos Miócotos; Pax7 = Fator de Transcrição paired box; c-Met = MET gene transformante; M-
-cadherin = M-caderina; NCAM = Molécula de Adesão de Células Neurais; VCAM-1 = Molécula de Adesão de Células
Vasculares; MNF-β = Fatores de Regulação Miogênica do tipo Beta; Myf5 = Fatores de Regulação Miogênica tipo Myf5
MyoD = fatores de regulação miogênica tipo MyoD; Desmin = Desmina; Myogenin = Miogenina; c-ski = Regulador
Transcricional do tipo Ski; MNF-α = Fatores de Regulação Miogênica do tipo Alfa; BrdU = Bromodeoxiuridina; PCNA =
Antígeno Nuclear de Proliferação Celular [3H]thymidine = [3H]timidina.
70 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - ano 2017 - volume 16 - número 2
Quadro 3 - Alguns fatores de crescimento, hormônios e citocinas e suas respectivas ações nas células satélites mus-
culares [21-24].
Fatores de crescimento, hormônios e Ação dos fatores moduladores nas células satélites musculares
citocinas
HGF ↑ Ativação; ↑ Proliferação; ↓ Diferenciação
FGF ↑ Ativação; ↑ Proliferação; ↓ Diferenciação
IGFs ↑ Ativação; ↑ Proliferação; ↑ Diferenciação
mMGF ↑ Ativação; ↑ Proliferação; ↑ Diferenciação
TGF-β ↓ Ativação; ↓ Proliferação; ↓ Diferenciação
IL-6 ↑ Ativação; ↑ Proliferação
Testosterona ↑ Ativação; ↑ Proliferação;
Prostaglandinas ↑ Ativação; ↑ Proliferação;
Insulina ↑ Ativação; ↑ Proliferação; ↑ Diferenciação
T3 ↓ Proliferação
NO ↑ Ativação; ↑ Proliferação;
HGF = Fator de Crescimento do Hepatócito; FGF = Fator de Crescimento do Fibroblato; IGFs = Fatores de Crescimento
semelhante a Insulina; mMGF = Fator de Crescimento Mecânico Muscular; TGF-β = Fator de Crescimento Transforma-
dor-Beta; IL-6 = Interleucina 6; T3 = Hormônio Triiodotironina; NO = Óxido Nítrico.
Conforme apontado por Leal, Santos e Aoki estimuladas, como descrito anteriormente, pela
[36], a miostatina é sintetizada pela célula mus- ação da miostatina. Ademais, é possível afirmar
cular na sua forma latente, sendo secretada em que a SMAD-7, além de inibir a ação hipotrófica
direção ao meio extracelular e, consequentemente, sinalizada pela miostatina, acelera a iniciação e
associada a um propeptídeo, formando o comple- diferenciação miogênica levando à hipertrofia
xo propeptídeo-miostatina. No meio extracelular, celular, sobretudo por meio da interação com a
este complexo é clivado, liberando a miostina em proteína MyoD.
sua forma ativa. A miostatina ativa tem condições Elinka et al. [39] apontam que a miostatina
de vincular-se com seu receptor de membrana e, pode ativar a via das proteínas quinases ativadas
posteriormente, ativar a sinalização cuja função por mitógenos ou Mitogen-activated Protein
é de inibir a síntese proteica com consequente Kinase (MAPK) dos tipos p38 e ERK e inibir a
diminuição do trofismo muscular. sinalização da via AKT/m-TOR, o que resultaria,
Uma das estratégias que inibiria a ação hi- ainda que por ação indireta, na diminuição da
potrófica da miostatina na célula muscular seria síntese proteica com consequente hipotrofia da
evitar que ela fosse receptada, inibindo sua sina- célula muscular.
lização. Entre as diversas e conhecidas proteínas Tanto a prática do exercício agudo [40] como
antagonistas/bloqueadoras dos receptores de a do exercício crônico [41], exercem efeito de
miostatina – heterodímero ALK 4/5 (Activina I) regulação na expressão e ação da miostatina e/ou
e Activina IIB, e os compostos que apresentam moléculas inibitórias que participam de sua via
capacidade de interação com a miostatina no meio sinalizadora. Desta forma, a atividade hipotrófica
extracelular, inibindo sua atividade biológica, re- muscular que é estimulada pela sinalização da
duzindo sua disponibilidade e subsequente intera- miostatina é minimizada pela ação do exercício.
ção com seu receptor, destacam-se a Folistatina ou
Folistatin (FS), o gene relacionado com Folistatina Hipotrofia muscular: vias de sinalização
ou Follistatin–related gene (FLRG) e o Fator de intracelular
crescimento e diferenciação associado a proteína
sérica-1 ou Growth and differentiation Factor- Diversos autores [2,42] apontam para o de-
-associated serum protein-1 (GASP-1) [34,37]. suso do músculo estriado esquelético, sobretudo
A miostatina age fosforilando o receptor Acti- em função de baixas sobrecargas de trabalho,
vina IIB e ativando o receptor ALK 4/5-activina como o principal fator na diminuição da síntese e
I, formando um complexo receptor ativado. Na aumento da degradação proteica, acarretando em
sequência, inicia-se a sinalização intracelular por hipotrofia muscular. Este desuso parece influen-
meio da ligação com uma classe de proteínas ciar de forma negativa o início do processo de
denominada Mothers Against Decapentaplegic tradução proteica, além de facilitar a atividade das
(MAD). As MADs, sistematicamente, formam vias proteolíticas hipotróficas. Na sequência, serão
um complexo com outras MADs inibitórias abordados os principais mecanismos relacionados
(SMADs do tipo 2, 3 e 4). A associação da ao processo de hipotrofia muscular.
SMAD-2 com a SMAD-4 vai permitir seu trans-
porte para o núcleo da célula, território onde Via de sinalização das catepsinas ou
exerce o papel de um fator de transcrição que lisossomais
regula a expressão de proteínas ligadas à degra-
dação proteica, apoptose e inibição do trofismo As catepsinas são proteases, dos tipos B, D, H
celular muscular. Em contraste, as SMADs do e L, encontradas, em especial, nos lisossomos ce-
tipo 6 e, em especial, do tipo 7 agem como anta- lulares. Embora promovam proteólise, suas ações
gonistas à via de sinalização da miostatina. Kollias estão direcionadas para proteínas de membrana,
e colaboradores [38] apontam que o aumento da como receptores, transportadores e canais iônicos.
SMAD-7 inibe a associação da SMAD-2 com a As catepsinas não agem em proteínas citosólicas,
SMAD-4 e o seu acúmulo nuclear, respostas estas como as proteínas miofibrilares [2]. Porém, Zhao
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - ano 2017 - volume 16 - número 2 73
et al. [43] relatam que a proteólise lisossomal com esta grande liberação de Ca2+ e consequente
dependente de autofagia apresenta mecanismos ativação do sistema de calpaínas.
mais complexos, principalmente em função de Goll et al. [45], em seu artigo de revisão,
uma autofagia aumentada por meio do fator de relatam a presença das calpaínas 1 (m-calpaína)
transcrição FoxO3 (que será posteriormente de- e 2 (μ-calpaína), além de uma calpaína específica
talhado) e uma regulação coordenada entre os sis- denominada calpaína-3 ou calpastatina, nas cé-
temas ubiquitina proteassoma ATP-dependente/ lulas musculares estriadas esqueléticas. Embora
UPS e lisossomal (figura 4). as funções destas calpaínas nas fibras musculares
ainda não estejam descritas claramente na li-
Figura 4 - Vias de sinalização de hipotrofia muscular teratura, estes autores citam a possibilidade do
(ubiquitina proteassoma ATP-dependente/UPS e li- envolvimento destas calpaínas na organização
sossomal) controladas pelo fator de transcrição FoxO3, do citoesqueleto destas células. Goll et al. [45] e
associando mecanismo hipertrófico e hipotrófico. Adap- Donkor [46] também evidenciam que a m-calpa-
tado de Zhao et al. [43]. ína e a µ-calpaína são, efetivamente, as proteases
cálcio-dependentes, enquanto a calpastatina seria
responsável por inibir o sistema proteolítico.
Kandarian e Stevenson [4] relatam que o
aumento exacerbado na concentração sarcoplas-
mática de Ca2+ poderia ativar as calpaínas ligadas
a linha/disco-Z, resultando em proteólise com
consequente hipotrofia muscular. As proteínas
musculares nebulina e fodrina seriam degradadas
na presença das calpaínas ativas [47], assim como
a vinculina e a titina também são considerados
substratos do sistema de calpaínas [2]. Segundo
Kandarian e Stevenson [4], a clivagem da titina,
proteína que mantém o alinhamento do sarcôme-
ro, permite a liberação das proteínas miofibrilares
para serem ubiquitinadas e, posteriormente,
degradadas no sistema proteassoma/UPS, uma
vez que este sistema não é capaz de degradar
proteínas intactas.
pases-10 e caspase-14. Várias caspases adicionais, Kandarian e Stevenson [4] citam que o
incluindo caspase-11, caspase-12 e caspase-13 processo de ubiquitinação ocorre em função da
foram detectados em outros mamíferos, tais como participação de três enzimas, denominadas: E1
roedores e a vaca Bos taurus. Estas 14 caspases ou de ativação da ubiquitina, E2 ou conjugante
encontradas nos mamíferos são classificadas em de ubiquitina e a E3 ou de ligação da ubiquitina.
vários grupos, de acordo com as suas relações O mecanismo proteolítico, segundo estes autores,
filogenéticas e correlacionadas funcionalmente ocorre em função de uma ordem sequencial de
[50]. Dois subgrupos são caracterizados como etapas. Primeiramente, a ubiquitina é ativada pela
iniciadores (caspases-2, -8, -9 e -10) e efetores enzima E1, procedimento que necessita de ATP.
(caspases-3, -6 e -7) na via de sinalização apop- Uma vez ativada, a ubiquitina é transferida para
tótica. Na subfamília das caspases inflamatórias, a enzima E2. Na sequência, a enzima E3 (enzima
estão incluídas as caspases-1, -4, -5, -11, -12 e -13. que esta ligada junto ao substrato proteico a ser
A caspase-14 é única, uma vez que não pertence marcado e. em seguida, hidrolisado), se liga a
nem as caspases apoptóticas e nem caspases infla- enzima E2. Em continuidade ao mecanismo, a
matórias. Ela é considerada uma caspase atuante enzima E2 transfere a ubiquitina para o substra-
na diferenciação de queratinócitos na pele [51]. to proteico (alvo) ligado a E3, marcando-o para
No que tange a fibra muscular, Du et al. posterior clivagem (degradação) no proteassoma.
[2] destacam a caspase-3 que, por meio de uma Este mecanismo ocorre repetidas vezes até que se
conexão entre a via de sinalização da PI3K/Akt forme uma cadeia de quatro ou mais moléculas
e ativação das vias proteolíticas, teria um impor- de ubiquitina, o que permitiria a degradação,
tante papel na hipotrofia muscular induzida por em peptídeos, da proteína alvo no proteassoma
algumas doenças crônico-degenerativas, como (Figura 5 A e B).
o câncer e o diabetes. Kandarian e Jackman [3]
relatam que o sistema proteolítico ubiquitina-pro- Figura 5 - A. Sistema Ubiquitina Proteassoma
teassoma/UPS é capaz de degradar os filamentos ATP-dependente/UPS, promovendo mecanismos de
de actina ou miosina, contudo, como descrito ubiquitinação e degradação proteica. B. Ação das
anteriormente, este sistema não é capaz de quebrar enzimas E1, E2 e E3 enfatizadas no Sistema Ubiqui-
os complexos actomiosina intactos. Sendo assim, tina Proteassoma ATP-dependente/UPS. Adaptado de
as caspases (em especial, a caspase-3) teriam ações Kandarian e Stevenson [4].
conexas àquelas das calpaínas, disponibilizando
as proteínas miofibrilares para a ubiquitinação.
Mesmo com o desenvolvimento de diversos
estudos objetivando investigar e elucidar os meca-
nismos celulares mais intrínsecos, atualmente não
existem evidências mostrando o papel das caspases
na hipotrofia muscular induzida pelo desuso.
B.
Como abordado anteriormente, o proteasso- modulam a atividade de vários agentes nas vias
ma não é capaz de degradar proteínas intactas. proteolíticas ubiquitina-proteassoma e autofágica-
Postula-se, então, que a proteólise miofibrilar, -lisossomal, incluindo a autofagia mitocondrial,
oriunda do sistema das calpaínas [45] ou esti- também chamada de mitofagia.
mulada pelas caspases [52], seja exigência prévia Estes fatores de transcrição/Foxo também têm
e fundamental para que ocorram os processos de sido implicados na regulação do mecanismo de
ubiquitinação e, subsequentemente, de degra- apoptose em fibras musculares estriadas esquelé-
dação proteica no proteassoma 26S. Portanto, ticas [55].
sobretudo no desuso muscular, os sistemas das A função dos Foxo é minimizada quando os
calpaínas e caspases atuariam previamente, libe- mesmos são fosforilados em seus resíduos con-
rando proteínas oriundas dos sarcômeros para servados, procedimento que os manteriam no
que, posteriormente, estas sofressem os processos citoplasma. Desta forma, os FoxOs, sobretudo
de ubiquitinação (enzimas E1, E2 e E3) e degra- o FoxO1, não iriam para os núcleos das fibras
dação no proteassoma. musculares ativar a expressão de diversos genes
Thomas e Mitch [53] e Kandarian e Jackman relacionados com a hipotrofia muscular, os quais
[3] discorrem sobre relação entre as proteínas se incluem as chamadas ubiquitinas ligases:
muscle atrophy F-box (MAFbx, também conhecida Atrogin-1 (Muscle Atrophy F-box ou MAFbx) e
como atrogin-1) e a muscle ring finger 1 (MuRF- MuRF-1 (Muscle RING-Finger-1) [56].
1), com a via ubiquitima proteassoma, indicando- Dentre vários fatores, Sandri e colaboradores
-as, inclusive, como marcadores de proteólise da [57] citam o desuso como um importante esti-
referida via. mulador do mecanismo hipotrófico via FoxO,
aproveitando para apontarem, de forma abran-
Via FoxO (Forkhead box O) gente, o comportamento da via FoxO a partir da
ação dos estímulos hipertróficos e hipotróficos.
Os fatores de transcrição FoxO (Forkhead box O exercício físico, quer seja de força ou de en-
O), integram uma subfamília de um grande grupo durance, propicia a condição de ativar as vias que
de fatores de transcrição denominados forkehead, promoveriam a fosforilação dos FoxOs, inibindo
com destacado papel na homeostase celular As cé- assim, a expressão gênica de atrogin-1 e MuRF1
lulas dos seres humanos possuem quatro membros [58]. Estas proteínas estão altamente ligadas com
desta família, FoxO1, FoxO3, FoxO4 e FoxO6, o processo de degradação proteica [59].
sendo todos expressos no músculo esquelético,
embora os três primeiros membros sejam os mais Via do TNFα (Tumor Necrosis Factor-α)
estudados neste tecido [54]. e NFkB (Nuclear Factor kappa-B)
Sanchez, Candau, Bernardi [54] ainda
apontam que, referente ao processo de trofismo Alguns fatores de transcrição, como o Fator
muscular, os FoxO1 e FOXO3 são reguladores- Nuclear kappa-B ou Nuclear Factor kappa-B
-chave da degradação de proteínas, uma vez que (NFkB), desempenham um importante papel
76 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - ano 2017 - volume 16 - número 2
que o exercício de endurance induz o aumento exercício físico, sobretudo com os diversos tipos
da expressão gênica de REDD1, sinalizando, de exercício – moderado e intenso, de força e
consequentemente, uma inibição da atividade de resistência muscular, resistidos e não resistidos,
mTORC1, fato este que poderia estar relacionado com predomínio do metabolismo aeróbio e com
com os efeitos “anti-hipertróficos” do hormônio alta participação do metabolismo anaeróbio, entre
cortisol. A inibição da mTOR é permissiva para outros – ainda se mostra pouco esclarecedora,
a ativação de um programa de hipotrofia através necessitando de estudos mais aprofundados para
do KLF15. De fato, a ativação de mTOR atenua a um maior entendimento.
hipotrofia muscular induzida por glicocorticoides.
KLF15 é um fator de transcrição que está envol-
vido em vários processos metabólicos no músculo Referências
esquelético como, por exemplo, na regulação
positiva da aminotransferase de cadeia ramifica- 1. Fernandes T, Soci UPR, Alves CR, Carmo EC,
da 2 (BCAT2). O KLF15 participa também do Barros JG, Oliveira EM. Determinantes mole-
catabolismo muscular regulando a transcrição culares da hipertrofia do músculo esquelético
gênica de FoxO1, Atrogin-1 e MuRF1. Além mediados pelo treinamento físico: Estudo de vias
disso, o KLF15 afeta negativamente a mTOR de sinalização. Revista Mackenzie de Educação
através de regulação positiva de BCAT2 que, por Física e Esporte 2008; 7(1):169-188.
sua vez, induz a degradação de aminoácidos de 2. Jackman RW, Kandarian SC. The molecular basis
cadeia ramificada. Waddell et al. [70] relatam que of skeletal muscle atrophy. Am J Physiol, Cell
FOXO1 e receptores de glicocorticoides coopera- Physiol 2004;287(4):834-43.
ram mutuamente para ativar a expressão MuRF1. 3. Kandarian SC, Jackman RW. Intracellular signa-
ling during skeletal muscle atrophy. Muscle Nerve
2006;33(2):155-65.
Conclusão 4. Kandarian SC, Stevenson EJ. Molecular events in
skeletal muscle during disuse atrophy. Exerc Sport
Postula-se que os processos de hipertrofia e Sci Rev 2002;30(3):111-6.
hipotrofia muscular estão diretamente relacio- 5. Goldberg AL, Etlinger JD, Goldspink DF, Jablecki
nados ao turnover proteico muscular. É impor- C. Mechanism of work-induced hypertrophy of
tante apontar que as vias de síntese e degradação skeletal muscle. Med Sci Sports 1975;7(3):185-98.
proteica ocorridas na célula muscular estriada 6. Denny-Brown D. Experimental studies pertai-
esquelética são estimuladas por diversos sinais ning to hypertrophy hypertrophy, regeneration
extracelulares controlados, como por hormônios, and degeneration. Neuromuscular Disorders
citocinas, fatores de crescimento, potenciais de 1961;38:147-196.
ação (estímulos neurais) e, com destaque, pela 7. Goldspink NM. The combined effects of exercise
prática do exercício físico agudo e crônico. Assim and reduced food intake on skeletal muscle fibers.
sendo, o objetivo deste estudo de revisão foi eluci- J Cell Comp Physiol 1964;63:209-16.
dar as principais vias envolvidas nos processos de 8. Manning BD, Cantley LC. AKT/PKB signaling:
hipertrofia e hipotrofia muscular, relacionando-as navigating downstream. Cell 2007;129:1261-74.
com os diversos tipos de exercício e treinamento 9. Schiaffino S, Mammucari C. Regulation of skeletal
físico. muscle growth by the IGF1-Akt/PKB pathway:
Muito embora a literatura apresente diversas insights from genetic models. Skelet Muscle
informações sobre as vias de sinalização promo- 2011;24(1):1-4.
toras dos processos de hipertrofia e hipotrofia 10. Heitman J, Movva NR, Hall MN. Targets for cell
nas células musculares estriadas esqueléticas e cycle arrest by the immunosuppressant rapamycin
alta relação com a otimização de algumas destas in yeast. Science 1991;253:905-9.
vias pela prática aguda e crônica do exercício 11. Jung CH, Ro SH, Cao J, Otto NM, Kim
físico, a relação de algumas outras vias com o DH. Mtor regulation of autophagy. FEBS Lett
78 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - ano 2017 - volume 16 - número 2
38. Kollias HD, Perry RL, Miyake T, Aziz A, Mc- netic analysis of caspases from worm to man. Cell
Dermott JC. Smad7 promotes and enhances Death Differ 2002;9:358-61.
skeletal muscle differentiation. Mol Cell Biol 51. Lippens S, Kockx M, Knaapen M, Mortier L,
2006;26(16):6248-60 Polakowska R, Verheyen A et al. Epidermal di-
39. Elkina Y, von Haehling S, Anker SD, Springer fferentiation does not involve the pro-apoptotic
J. The role of myostatin in muscle wasting: executioner caspases, but is associated with caspa-
an overview. J Cachexia Sarcopenia Muscle se-14 induction and processing. Cell Death Differ
2011;2(3):143-151. 2000;7:1218-24.
40. Pugh JK, Faulkner SH, Jackson AP, King JA, 52. Du J, Wang X, Meireles C, Bailet JL, Debigare
Nimmo MA. Acute molecular responses to R, Zheng B et al. Activation of caspase-3 is an
concurrent resistance and high-intensity interval initial step triggering accelerated muscle pro-
exercise in untrained skeletal muscle. Physiol Rep teolysis in catabolic conditions. J Clin Invest
2015;3(4):E12364. 2004;113(1):115-23.
41. Santos AR, Lamas L, Ugrinowitsch C, Tricoli V, 53. Thomas SS, Mitch WE. Mechanisms stimulating
Miyabara EH, Soares AG, Aoki MS. Different muscle wasting in chronic kidney disease: the
resistance-training regimens evoked a similar roles of the ubiquitin-proteasome system and
increase in myostatin inhibitors expression. Int J myostatin. Clin Exp Nephrol 2013;17(2):174-
Sports Med 2015;36(9):761-8. 82.
42. Baar K, Nader G, Bodine S. Resistance exercise, 54. Sanchez AM, Candau RB, Bernardi H. FoxO
muscle loading/unloading and the control of transcription factors: their roles in the maintenan-
muscle mass. Essays in Biochem 2006;42:61-74. ce of skeletal muscle homeostasis. Cell Mol Life
43. Zhao J, Brault JJ, Schild A, Goldberg AL. Coordi- Sci 2014;71(9):1657-71.
nate activation of autophagy and the proteasome 55. McLoughlin TJ, Smith SM, DeLong AD, Wang
pathway by FoxO transcription factor. Autophagy H, Unterman TG, Esser KA. FoxO1 induces
2008;4(3):378-80. apoptosis in skeletal myotubes in a DNA-binding-
44. Lees SJ, Franks PD, Spangenburg EE, Williams -dependent manner. Am J Physiol Cell Physiol
JH. Glycogen and glycogen phosphorylase asso- 2009;297(3):C548-55.
ciated with sarcoplasmic reticulum: effects of fa- 56. McClung JM, Kavazis AN, Whidden MA,
tiguing activity. J Appl Physiol 2001;91:1638-44. DeRuisseau KC Falk DJ, Criswell DS et al. An-
45. Goll DE, Thompson VF, Li H, Wei W, Cong J. tioxidant administration attenuates mechanical
The calpain system. Physiol Rev 2003;83:731-801. ventilation-induced rat diaphragm muscle atrophy
46. Donkor IO. Calpain inhibitors: a survey independent of protein kinase B (PKB–Akt) sig-
of compounds reported in the patent and naling. J Physiol 2007;585(1): 203–215.
scientific literature. Expert Opin Ther Pat 57. Sandri M, Sandri C, Gilbert A, Skurk C, Cala-
2011;21:601-36. bria E, Picard A, Walsh K, Schiaffino S, Lecker
47. Vermaelen M, Sivebt P, Raynaud P, Astier C, Mer- SH, Goldberg AL. FoxO Transcription Factors
cier J, Lacampagne A, Cazorla O. Differential loca- Induce the Atrophy-Related Ubiquitin Ligase
lization of autolyzed calpains 1 and 2 in slow and Atrogin-1 and Cause Skeletal Muscle Atrophy.
fast skeletal muscles in the early phase of atrophy. Cell 2004;117(3):399–412.
Am J Physiol Cell Physiol 2007;292(6):C1723-31. 58. Kanzleiter T, Rath M, Görgens SW, Jensen J,
48. Sakamaki K, Satou Y. Caspases: evolutionary as- Tangen DS, Kolnes AJ, Kolnes KJ, Lee S, Eckel J,
pects of their functions in vertebrates. J Fish Biol Schürmann A, Eckardt K. The myokine decorin is
2009;74(4):727-53. regulated by contraction and involved in muscle
49. Nicholson DW. Caspase structure, proteolytic hypertrophy. Biochem Biophys Res Commun
substrates, and function during apoptotic cell 2014;450(2):1089-94.
death. Cell Death Differ 1999;6:1028-42. 59. Gumucio JP, Mendias CL. Atrogin-1, MuRF-1,
50. Lamkanfi M, Declercq W, Kalai M, Saelens X, and sarcopenia. Endocrine. 2013;43(1):12-21
Vandenabeele P. Alice in caspase land. A phyloge- 60. Peterson JM, Bakkar N, Guttridge DC. NF-κB
80 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - ano 2017 - volume 16 - número 2
signaling in skeletal muscle health and disease. in dexamethasone-treated skeletal muscle. Cell
Curr Top Dev Biol 2011;96:85–119. Metab 2007;6:376-85.
61. Cai D, Frantz JD, Tawa NE, Jr Melendez PA, 66. Schakman O, Gilson H, Thissen JP. Mechanisms
Oh BC, Lidov HG, Hasselgren PO, Frontera of glucocorticoid-induced myopathy. J. Endocrin
WR, Lee J, Glass DJ et al. IKKbeta/NF-kappaB 2008;197:1-10.
activation causes severe muscle wasting in mice. 67. Bonaldo P, Sandri M. Cellular and molecular
Cell 2004;119:285–98. mechanisms of muscle atrophy. Dis Model Mech
62. Dogra C, Changotra H, Wedhas N, Qin X, Wer- 2013;6(1):25-39.
gedal JE, Kumar A. TNF-related weak inducer of 68. Shimizu N, Yoshikawa N, Ito N, Maruyama T,
apoptosis (TWEAK) is a potent skeletal muscle- Suzuki Y, Takeda S et al. Crosstalk between gluco-
-wasting cytokine. FASEB J 2007;21:1857-69. corticoid receptor and nutritional sensor mTOR
63. Mourkioti F, Kratsios P, Luedde T, Song YH, in skeletal muscle. Cell Metab 2011;13:170-82.
Delafontaine P, Adami R, Parente V, Bottinelli R, 69. Hayasaka M, Tsunekawa H, Yoshinaga M, Mu-
Pasparakis M, Rosenthal N. Targeted ablation of rakami T. Endurance exercise induces REDD1
IKK2 improves skeletal muscle strength, maintains expression and transiently decreases mTORC1
mass, and promotes regeneration. J Clin Invest signaling in rat skeletal muscle. Physiol Rep
2006;116(11):2945-54. 2014;2(12):E12254.
64. Paul PK, Bhatnagar S, Mishra V, Srivastava S, Dar- 70. Waddell DS, Baehr LM, van den Brandt J, Johnsen
nay BG, Choi Y, Kumar A. The E3 ubiquitin ligase SA, Reichardt HM, Furlow JD et al. The gluco-
TRAF6 intercedes in starvation-induced skeletal corticoid receptor and FOXO1 synergistically
muscle atrophy through multiple mechanisms. activate the skeletal muscle atrophy-associated
Mol Cell Biol 2012;32:1248-59. MuRF1 gene. Am J Physiol Endocrinol Metab
65. Clarke BA, Drujan D, Willis MS, Murphy LO, 2008;295: E785-97.
Corpina RA, Burova E, et al.The E3 Ligase
MuRF1 degrades myosin heavy chain protein
Anuncie aqui!
Re v i s t a B r a s i l e i r a d e
FISIOLOGIA
DO EXERCÍCIO
Brazilian Journal of Exercise Physiology
Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício
Resumo
Um programa de treinamento de força bem elabo- Abstract
rado pode resultar em melhoria da performance tanto A successfull program of strength training may
nas atividades da vida diária quanto nas atividades improve daily routine performance of activities that
que exijam força muscular. Esta revisão da literatura require muscular strength. This literature review aims
tem como objetivo verificar se o treinamento de força at verifying if strength training improves functional
melhora os aspectos funcionais de pessoas da terceira status of elderly people. The analyzed studies showed
idade. Nos estudos analisados, observaram-se vários the general benefits of a strength training program:
benefícios gerais de um treinamento de força, entre increased muscular strength, a slightly increase in
eles: aumento da força muscular, aumento das fibras muscular potential, in muscular fiber type I and II,
musculares tanto do tipo I como do tipo II, pequeno indrease of section transversal area, pain relief, lower
aumento da área de secção transversal, diminuição dos abdominal fat, increase of gastrointestinal motility, im-
níveis de dor, diminuição de gordura intra-abdominal, provement in bone density, lower body fat percentage,
melhoria da motilidade gastrointestinal, melhoria lower cardiovascular disease risks and diabetes mellitus,
dos fatores neurais, aumento da densidade óssea, lower risk of lesions caused by falls, increased functional
diminuição da porcentagem de gordura, diminuição capacity, improve posture, high self-motivation and
dos riscos de doenças cardiovasculares, diminuição self-image, increased agility, flexibility and resistance.
dos riscos de desenvolvimento de diabetes mellitus, The list of benefits will increase as other studies will
diminuição de lesões causadas por quedas, aumento continue finding other important benefits to improve
da capacidade funcional, melhoria da postura geral, life quality of the elderly. We concluded that a streng-
aumento da motivação e melhoria da autoimagem, th training program is fundamental for improving
aumento da agilidade, aumento da flexibilidade e functional status of elderly people, as physical capacity
aumento da resistência. A relação tende a continuar interferes in quality of life.
à medida que outros estudos vão encontrando outros Key-words: rehabilitation, old, strength.
benefícios importantes para a melhoria da qualidade
de vida do idoso. Concluiu-se que o treinamento de
força é de fundamental importância no que diz respeito
aos aspectos funcionais das pessoas da terceira idade,
sendo a força a principal capacidade física que interfere
na qualidade de vida.
Palavras-chave: reabilitação, idoso, força.
de ocorre também com atividades anaeróbias e exercícios com carga têm pouco efeito no volume
interrompidas, que não aumentam o volume de de oxigênio máximo, mas estimulam bastante
oxigênio máximo. o limiar anaeróbio. Isto ocorre porque o forta-
Talvez os estudos não tivessem a sensibilidade lecimento dos músculos permite que as tarefas
necessária para esclarecer esta questão, mas o fato sejam realizadas com menor número de fibras.
concreto é que atualmente não é possível afirmar Assim sendo, o nível de produção energética que
que alguma atividade física seja mais saudável se atinge com trinta por cento das fibras aumenta
do que outras. Por esta razão, as campanhas de após o treinamento. Na vida diária da maioria
saúde não enfatizam a necessidade de uma forma das pessoas o volume de oxigênio máximo não é
particular de atividade física, mas a importância utilizado no seu limite máximo. Ao contrário, o
de um estilo de vida não sedentário. Entende-se limiar anaeróbio tem nítida relação com qualidade
por atividade física a contração muscular de qual- de vida, pois as pessoas com baixo limiar fazem a
quer tipo, que pode ou não levar ao movimento, maioria das tarefas laborativas anaerobicamente,
independente da finalidade: postura, trabalho, portanto com fadiga e desconforto [5,10,14,15].
locomoção, esporte e lazer. Desde que o gasto Do ponto de vista biomecânico, a qualidade
calórico seja superior à média diária de duzentas de vida depende basicamente de força e flexi-
kcal, haverá redução na incidência de doenças. bilidade. Os exercícios com carga estimulam
Exercício é conceituado como forma especial de ambas as qualidades, os de alongamento apenas
atividade física, planejada, sistematizada, pro- a flexibilidade, e os aeróbios nenhuma delas em
gressiva e adaptada ao indivíduo, sempre com o grau significativo. Graus máximos de flexibilidade
objetivo de estimular uma ou mais adaptações são necessários apenas para alguns atletas, e as
morfológicas ou funcionais. lesões articulares incidem mais nas pessoas mais
Outro aspecto relevante é que os efeitos dele- flexíveis [16].
térios à saúde produzidos pelo sedentarismo são A homeostase hemodinâmica nos esforços da
lentamente progressivos. Pessoas jovens seden- vida diária e do trabalho físico, com pequenas ele-
tárias não se apercebem dos problemas, que são vações da frequência cardíaca e da pressão arterial,
bastante evidentes no idoso. Esse fato justifica depende basicamente da força muscular. Pessoas
a atitude médica de estimular a atividade física fortes fazem as tarefas com menor número de
em todas as faixas etárias. Também é importante fibras; isto significa menor intensidade de esforço;
notar que a motivação para a atividade física pode consequentemente, menores repercussões hemo-
mudar com a faixa etária, mas isto não afeta o dinâmicas por mecanismos reflexos [5,11,17-20].
efeito promotor de saúde [5,6,12,13].
Considerações sobre faixa etária
Efeitos metabólicos e qualidade de vida
Pessoas idosas costumam apresentar graus
Parâmetros de aptidão como a potência variados de processos degenerativos articulares
aeróbia, medida pelo volume de oxigênio máxi- e vasculares, exigindo maiores cuidados na
mo, e a capacidade aeróbia, medida pelo limiar prática esportiva e nos programas de exercícios
anaeróbio, são mais eficientemente estimuladas terapêuticos ou de condicionamento físico.
pelos exercícios aeróbios. Durante muito tempo, Muitos idosos são sedentários há muitos anos,
o volume de oxigênio máximo foi considerado exigindo atividades iniciais muito suaves com
parâmetro de saúde, pela sua associação com me- lenta progressão. Particularmente as perdas de
nores incidências de doenças crônicas, mas hoje massa óssea e muscular costumam ser impor-
se admite que essa relação seja apenas associativa tantes nos idosos. Uma pessoa sedentária perde
e não de causa e efeito. Pessoas melhoram a saúde cerca de 10% de massa muscular entre os 25 e
quando fazem exercícios, e se os exercícios forem 50 anos de idade, e cerca de 30% entre os 50
de um tipo que aumenta o volume de oxigênio e 80 anos de idade. A força, a resistência e a
máximo podem ocorrer conclusões indevidas. Os flexibilidade diminuem proporcionalmente à
84 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - ano 2017 - volume 16 - número 2
tuação atingir uma média superior no teste, o Conceitos básicos pra um bom treina-
treinamento se iniciará com cargas maiores que mento de força na terceira idade
no caso de pontuação média inferior. Como
diretriz geral cada categoria de condicionamento Para a elaboração de um programa de treina-
de força envolve uma carga de treinamento com mento de força que realmente traga benefícios e
um quilo a mais que a da categoria imediatamen- seja seguro e compatível com o idoso, os seguintes
te inferior. Para níveis baixos de força deve-se fatores devem ser lembrados.
reduzir a carga inicial recomendada em quatro O programa deve ser individualizado e espe-
quilos ou mais [10]. cífico: Sempre há inúmeras variáveis que devem
Naturalmente as cargas iniciais recomen- ser consideradas na montagem do programa e
dadas se baseiam também na idade e no sexo, cada uma delas varia entre os indivíduos. Por
se todos esses fatores forem considerados, as exemplo, se o idoso tiver problemas de equilíbrio,
cargas sugeridas deverão ser adequadas, embora, deve realizar o exercício sentado e em aparelhos
devido às diferenças individuais, algumas das de resistência, e/ou se o idoso tiver dificuldade de
cargas recomendadas possam ser pesadas demais ficar em pé, teremos que enfatizar no programa
e outras possam ser muito leves. Se não for exercícios de força nos músculos da coxa e para-
possível completar pelo menos oito repetições vertebrais [2].
no exercício, deve-se reduzir a carga. Se for A progressão no volume e intensidade dos
possível realizar mais do que doze repetições exercícios deve ser feita de maneira linear. A pro-
do exercício, sempre de forma correta deve-se gressão pode acontecer pelo aumento do número
aumentar a carga. A carga deve ser suficiente- de séries ou de repetições, pela diminuição dos
mente pesada para que se sinta o esforço, mas intervalos entre as séries, pela execução de dois
não tão pesada que cause desconforto muscular. ou mais exercícios para o mesmo grupo muscular,
Se a idade for muito avançada ou o estado físico entre outros.
estiver muito debilitado, recomenda-se come- O uso de várias posições para o mesmo exercí-
çar os exercícios de treinamento de força no cio também desafia o corpo de maneira diferente e
nível mais baixo e evoluir gradualmente. Mas também pode fazer parte da progressão do exercício.
caso o praticante tenha realizado treinamento Por exemplo: na execução de qualquer exercício na
de força recentemente, podem ser as cargas posição em pé há um aumento do trabalho muscu-
sugeridas para o exercício que esteja abaixo de lar total, quando comparado ao mesmo exercício
sua capacidade. O praticante deverá sentir-se à executado na posição sentada. Na posição em pé
vontade para usar mais carga somente se realizar há um maior trabalho dos músculos dos membros
o exercício de maneira perfeita. Nunca se deve inferiores, coluna do que na posição sentada, além
sacrificar a técnica de treinamento em função de uma maior compressão dos discos intervertebrais,
de peso excessivo [4.10,19]. principalmente da coluna lombar. Isto mostra a
importância de enfatizar a coluna lombar com exer-
cícios de fortalecimento e consciência postural antes
de prescrever exercícios na posição em pé, pois ela é preciso água, o músculo é formado por 80% de
um elo fraco de ligação entre os membros superiores água, a recomendação é de 8 copos diários. Área
e inferiores no iniciante [2,8]. de exercícios espaçosa, ventilada e bem iluminada
Quando a progressão é feita bruscamente, o confere segurança e conforto para se treinar sem
tecido muscular geralmente se adapta mais rápido risco de lesão, o local não pode ser um amontoado
que os outros tecidos. Quando o indivíduo que de aparelhos e gente, pois o idoso pode tropeçar
se adaptou desta maneira começa a usar sobre- em aparelhos e se desconcentrar com um ambien-
cargas maiores, o risco de lesões aumenta porque te com muita bagunça [4,19-21].
o músculo produz uma tensão que os tecidos de Requerer a liberação médica para este tipo de
conexão não têm a adaptação compatível para atividade para verificar se o idoso está apto ou não
suportar [2,4,8,19]. para se engajar em um programa de treinamento
Fazer a progressão da intensidade e volume do de força. Após a liberação médica, o segundo passo
exercício de maneira linear é de vital importância para a segurança do exercitante é a avaliação física
no processo de adaptação. Somente desta maneira realizada pelo fisioterapeuta [14,18,20].
a adaptação será sistêmica, ou seja, haverá uma Não utilizar a manobra de Valsalva ou respira-
adaptação não só do sistema muscular, mas de ção bloqueada: a expiração forçada contra a glote
todo o sistema musculoesquelético-articular, fechada, como na manobra de Valsalva, aumenta a
incluindo os tecidos de conexão. Esta adaptação pressão intratorácica e impede o retorno venoso ao
sistêmica é imprescindível para prevenir proble- coração. A respiração bloqueada durante o esforço
mas como tendinites, bursites, periostites e lesões aumenta a pressão arterial [2,15].
como as avulsões, quando o treinamento já estiver Os exercícios escolhidos devem trabalhar os
em um nível mais avançado. A sobrecarga dos grandes grupos musculares com uma média de 4
aparelhos de fortalecimento muscular aumenta a 6 exercícios, mais 3 a 5 exercícios para grupos
de maneira muito brusca. Por exemplo, na mesa musculares menores e pelo menos um exercício
romana a primeira placa pesa 4 kg e a segunda para cada principal grupo muscular. Os exercí-
pesa 7 kg. Isto representa um aumento de 75% cios podem ser feitos com pesos livres e ou com
na intensidade, que promove uma progressão aparelhos. Na fase de adaptação, os aparelhos
muito brusca quando o indivíduo quer aumentar e determinadas posições devem ser preferidos
a intensidade do exercício [2,4,8,19]. por diminuírem a exigência de estabilização e
A ação de radicais livres e o envelhecimento consciência postural. Na escolha dos exercícios
celular: A intensidade correta dos exercícios de é importante selecionar aqueles que têm menor
musculação e alongamentos, bem como uma risco de quedas com possíveis fraturas [2,10].
dieta que suplemente corretamente as principais As ordens dos exercícios devem seguir as
vitaminas antioxidantes (vitaminas A, C e Beta seguintes fases: o aquecimento (bicicleta estacio-
Caroteno) ajudam a diminuir a ação dos radicais nária ou caminhada na esteira), que pode durar
livres que afetam no envelhecimento celular e de 5 a 10 minutos, dependendo da temperatura
aumenta o risco de doenças [21]. ambiente, com a inclusão de alongamentos; a
Os fatores de risco como a obesidade, hiper- sessão de fortalecimento propriamente dita, com
tensão, tabagismo, relação cintura-quadril, entre ênfase nos grandes grupos e depois nos pequenos
outros devem ser levados em consideração para grupos musculares; a volta à calma, que pode
a segurança do exercício. Além disso, vestimenta ser feita com recuperação ativa e exercício de
adequada é importante p/ um treino seguro e alongamento (músculos aquecidos se alongam
confortável e isso envolve tênis antiderrapante, mais fácil), ligamentos, tendões e músculos são
roupas folgadas conferindo liberdade de mo- menos elásticos nos idosos devido à diminuição
vimento e boa transferência de calor evitando de água no organismo, calcificação e substituição
elevação de temperatura. Hidratação adequada, das fibras elásticas por colágeno, por isso a impor-
pois o centro da sede no idoso perde a sensibili- tância de alongamentos em uma programação
dade e para um bom funcionamento muscular é [2,7,11,14,17,18,20].
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - ano 2017 - volume 16 - número 2 87
Exercícios aeróbios são importantes para au- nos quais é utilizada uma separação dos grupos
mentar a resistência cardiovascular e os benefícios musculares trabalhados por dia podem ser feitos
do treino de força, devendo-se fazer de maneira praticamente todos os dias com uma média de 4
gradual 20 minutos ou mais de exercícios de a 5 vezes por semana. Já os programas que traba-
endurance, 3 vezes por semana com intensidade lham o corpo todo no mesmo dia devem ter um
moderada, podendo falar sem dificuldade durante intervalo de pelo menos um dia entre as sessões.
o exercício [,7,11,14,17,18,20]. Quanto maior a intensidade do treinamento
A sobrecarga utilizada varia com o estágio do maior deve ser o período de recuperação para uma
treinamento e com o nível de condicionamento melhor recuperação tecidual (supercompensação)
prévio, mas os valores devem ficar entre cinquenta proporcionando melhor hipertrofia. É importante
e oitenta por cento de uma repetição máxima. ressaltar que a fase de anabolismo pós-exercício
Isto somente em trabalhos científicos como do idoso é mais lenta do que a de um jovem. Se
parâmetros de avaliação, pois na prática diária aparecerem os sintomas de overtraining, o período
é lesivo. Hoje, usam-se cargas relacionadas ao de recuperação pode estar curto demais [2,8-11].
percentual do peso corporal do exercitante e que O princípio da reversibilidade: As adapta-
possa ser levantado entre 8 e 12 repetições sem ções do treinamento permanecem enquanto as
sentir desconforto e sem esquecer o princípio da demandas fisiológicas e metabólicas continuam.
progressão [2,4]. A reversão das adaptações começa dias após a
O número de séries depende de algumas vari- interrupção do treinamento. Uma vez que certo
áveis, mas, de maneira geral, são realizadas duas a nível de condicionamento é atingido, uma míni-
três séries por exercício. Começar com uma série e ma quantidade de exercícios regulares é necessária
avançar para três, em concordância com o avanço para manutenção das adaptações. Em geral, a
das adaptações do idoso [2]. manutenção das adaptações do treinamento
O número de repetições deve variar entre 6 requer menos exercício do que é necessário para
e 15 de acordo com as variáveis. Não é indicada induzir as alterações iniciais. Sendo assim, para
a realização da série até a falha concêntrica, pois o idoso a atividade física deve fazer parte dos
isto aumenta a pressão sanguínea e a frequência afazeres da vida diária e deve perdurar enquanto
cardíaca, principalmente com as cargas entre 50 for possível [2].
e 90% de uma repetição máxima. O princípio da sobrecarga: o corpo se adapta
Menores repetições enfatizam mais força, à demanda fisiológica e metabólica do exercício,
enquanto o aumento das repetições enfatiza a com o tempo. As sobrecargas de treinamento de-
resistência. Para grupos especiais, como o da vem progressivamente aumentar para induzirem
terceira idade, a faixa de repetições mais segura é a contínua melhora das adaptações. No idoso esta
de oito a doze repetições [2,10]. sobrecarga não deve ultrapassar de 80 a 90% de
Repetições acima de quinze devem ser evita- uma repetição máxima [2,4].
das, pois gera um estresse cardiovascular e, menor Periodização: a periodização permite uma
de seis, gera estresse articular [2,10]. variação do treinamento, evita a desmotivação e
Descanso entre as séries e exercícios: O tempo ajuda a prevenir o overtraining. Além disso, per-
de descanso tanto entre as séries quanto entre os mite um contínuo ajustamento do programa de
exercícios depende de muitas variáveis como nível treinamento em resposta ao progresso do idoso
de condicionamento, estado nutricional, intensi- ou a outros fatores com lesões e doenças [2,8,10].
dade do exercício, entre outras. Em geral, quando A mudança nos costumes alimentares para
a intensidade do exercício já estiver próxima de uma dieta balanceada e de qualidade, a interrup-
80% de uma repetição máxima, é recomendável ção do hábito de fumar e/ou beber em excesso,
um descanso de 2 a 3 minutos [2,8]. bem como a importância que estas alterações
Frequência dos treinos: Esta deve variar de trazem para a saúde, devem fazer parte das orien-
acordo com a intensidade do treinamento e com tações do profissional ao idoso, no começo do
a forma do programa. Por exemplo: programas programa de treinamento [14,18,21].
88 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - ano 2017 - volume 16 - número 2
musculação devido a uma contraindicação abso- exercício: energia, nutrição e desempenho huma-
luta em relação à segurança de sua saúde, o idoso no. 3a. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan;
não poderá realizar mais nenhuma outra pro- 1991. p. 451-71.
gramação de exercício [5,6,10,12,13,14,17,18]. 9. David O. O atleta idoso. In: Mellion MB. Segredos
em medicina desportiva. 1ª ed. São Paulo: Artes
Médicas; 2000.p. 59-65.
Conclusão 10. Fleck SJ, Kraemer WJ. Treinamento de força para
idosos. In: Fundamentos do treinamento de força
Com os crescentes estudos científicos relacio- muscular. 2a.ed. Porto Alegre: Artmed; 1999. p.
nados aos exercícios resistidos, conclui-se que o 200-10.
treinamento de força é de fundamental importân- 11. Frontera WR, Meredith CN, O’Reilly KP. Streng-
cia no que diz respeito aos aspectos funcionais das th conditioning in older men: skeletal muscle
pessoas da terceira idade, sendo a força a principal hypertrophy and improved function. J Appl
capacidade física, que interfere na qualidade de Physiol 1998;64(3):1038-44.
vida. Deste modo, percebe-se a importância de 12. Pate RR, Pratt M, Blair SN. Centers for disease
profissionais de Fisioterapia estar atualizando-se control and prevention and American College
quanto aos assuntos de treinamento de força: of Sports Medicine - special communication.
anatomia aplicada, cinesiologia, biomecânica, Physical activity and public health. JAMA
fisiologia do exercício, reabilitação do movimento 1995;273(5):402-7.
humano dentre outros. 13. Weineck J. Treinamento para manutenção da
saúde. In: Treinamento ideal. 9a.ed. São Paulo:
Manole; 1999. p.650-62.
Referências 14. Hickson RC, Dvorak BA, Gorostiaga EM. Po-
tential for strength and endurance training to
1. Jacob WF, Sousa RR. Anatomia e fisiologia do amplify endurance performance. J Appl Physiol
envelhecimento. In: Carvalho Filho ET, Papaleo 1998;65(5):2285-90.
Neto M, eds. Geriatria: Fundamentos, clínica e 15. Sale DG, Moroz DE, McKelvie RS. Effect of
terapêutica. São Paulo: Atheneu; 2000. p. 31-40. training on the blood pressure response to weight
2. Campos MA. Musculação e idosos. In: Muscula- lifting. Can J Appl Phisiol 1994;19(1):60-74.
ção: diabéticos, osteoporóticos, idosos, crianças, 16. Nahas MV. Atividade física, saúde e qualidade de
obesos. 1ª ed. Rio de Janeiro: Sprint; 2000.p.79- vida. Londrina: Midiograf; 2003.
96. 17. Cider A, Tygesson H, Hedberg M. Peripheral
3. Weineck J. Idade e esporte. In: Biologia do esporte. muscle training in patients with clinical signs of
1 ed. São Paulo: Manole; 2000. p.319-48. heart failure. Scand J Rehab Med 1997;29:121-7.
4. Westcott W, Baechle T.O teste da força muscular 18. McCartney N, McKelvie RS, Martin J. Weight-
e como ganhar força com segurança depois dos -training-induced attenuation of the circulatory
50 anos. In: Treinamento de força para a terceira response of older males to weight lifting. J Appl
idade.1a. ed. São Paulo: Manole; 2001.p. 11-31. Physiol 1993;74(3):1056-60.
5. Santarem JM. Treinamento de força e potência. 19. Reeves RK, Laskowski ER, Smith J. Weight trai-
In: Ghorayeb N, Barros TL. O Exercício. 1a. ed . ning injuries. The Physician and Sports Medicine
São Paulo: Atheneu; 1999. p. 35-50. 1998;26(2):67-96.
6. Santarem JM. Exercícios com pesos para pessoas 20. Verrill DE, Ribisl PM. Resistive exercise training
idosas. A terceira idade 1995;10(6):51. in cardiac rehabilitation. An update. Sports Med
7. Fiatarone MA, Marks EC, Ryan ND. High- 1996;21(5):347-83.
-intensity strength training in nonagenarians. 21. Fiatarone MA, O’Neill EF, Ryan ND. Exercise
JAMA 1990;263:3029-34. training and nutrition supplementation for phy-
8. McArdle WD, Katch FI, Katch VL. Atividade sical frailty in very elderly people. N Engl J Med
física, saúde e envelhecimento. In: Fisiologia do 1994;330:1769-75.
Normas de publicação Fisiologia do Exercício
Calendário de eventos
2017
Agosto
Maio
1 a 5 de agosto
8 a 11 maio
XXXVIII Congresso Mundial da IUPS 2017
Congresso Brasileiro de Biomecânica, I
“Rhythms of Life”
Encontro Latino Americano de Biomecânica e
Rio de Janeiro, RJ
VIII Simpósio em Neuromecânica Aplicada
Informações: www.iups2017.com
Porto Alegre, RS
Informações: www.biomecanica2017.com.br
Setembro
Julho 14 a 17 de setembro
9º Congresso Internacional de Fisioterapia
27 a 30 de julho
Porto Alegre, RS
22º Congresso Brasileiro Multidisciplinar em
Informações: contato@sbf.org.br
Diabetes
Paraíso, SP
Informações: www.anad.org.br
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - ano 2017 - volume 16 - número 2 93
94 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - ano 2017 - volume 16 - número 2
PÓS-GRADUAÇÃO 2017 - 2º SEMESTRE
Faça a pós na FMU. Cursos acessíveis que Conheça também os nossos Programas
mudam sua carreira. Se você quer continuar de Mestrado recomendados pela Capes.
crescendo na vida, essa é a sua chance. Acesse fmu.br/mestrado.
Inscreva-se: posgraduacao.fmu.br