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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

ESCOAMENTOS EM TUBOS

Amanda Albuquerque

Relatório apresentado à disciplina


Mecânica do Fluídos II, UFPR, ministrada
pelo professor Marcelo Errera, como
quesito básico à conclusão da disciplina.

CURITIBA - PR
OUTUBRO - 2017
1. Resumo

Considerando o número de aplicações das teorias sobre escoamentos em tubos


fechados na engenharia foi proposto um problema que envolve determinar a energia
que uma bomba deve fornecer para manter um escoamento entre desníveis,
considerando as perdas ao longo do percurso. A atividade está dentro da disciplina
de mecânica dos fluidos para engenheiros ambientais, assim a abordagem de solução
envolverá o uso de volume de controle, equações de conservação de massa,
movimento e energia, além de resultados experimentais apresentados em tabelas.
Vários fenômenos físicos já foram modelados, assim o objetivo do engenheiro
geralmente é avaliar com que tipo de problema esta lidando e qual a melhor forma
de resolvê-lo. A partir das equações deduzidas e apresentadas foram feitas
simplificações que tornaram possíveis os cálculos, e consequentemente se
determinou a potência da bomba necessária para manter o escoamento, o qual era
um dos objetivos do trabalho. A potência foi verificada para diferentes
configurações de elevação e também de vazão. Com os resultados ficou evidente
como o sistema de tubulações impacta o custo operacional de uma rede de
abastecimento.

2. Introdução

Um dos escopos da mecânica dos fluídos e hidrologia é o escoamento em tubos


fechados devido ao uso das teorias e experimentos em uma gama de aplicações na
engenharia. Quando nos referíamos ao escoamento em tubo podemos admitir fluídos
com diferentes viscosidades, sejam líquidos, como a água, gases, como o ar, ou fluídos
mais viscosos como óleos e petróleo.
As aplicações estão nos diferentes segmentos, por exemplo, em processos
industriais normalmente nos deparamos com uma variedade de tubulações espalhados
pela industria que podem transportar ar e outros elementos necessários para os
processos. Redes de abastecimento de água e esgoto precisam manter o escoamento por
longas distâncias para atender toda a população. Empresas de petróleo, assim como
redes de abastecimento de água, também podem aderir ao transporte do fluído a longas
distâncias por meio de tubulações, ao invés de investir em transporte rodoviário ou
naval, meios mais suscetíveis a acidentes.
As teorias que a mecânica dos fluidos aborda depende do tipo de escoamento,
pois o mesmo tratamento não pode ser utilizado em escoamentos viscosos e não
viscosos, ou turbulentos e laminar. Ao longo do processo de construção das teorias e
das análises feitas sobre os experimentos foram feitas simplificações e aproximações
das propriedades e regime do escoamento que tornaram os cálculos mais fáceis.
Para entender como aplicar algumas destas teorias, neste trabalho é proposto o
estudo sobre escoamento permanente em tubos fechados, em que o fluído é água, e no
qual as forças viscosas são consideradas. Parte da mecânica dos fluídos aborda
escoamentos laminar e não viscosos devido às simplificações que tornam os cálculos
mais fáceis. Depende do que se está estudado, as aproximações geram bons resultados e
comparativos rápidos. Entretanto, na maioria das aplicações de engenharia os
escoamentos são turbulentos e ocorrem perdas devido aos efeitos de atritos. Ao
considerar isto nas análises, muitos dos cálculos ficam mais complexos, surgindo
equações que necessitam de métodos numéricos, equações empíricas e dados que estão
tabelados e dependem de experimentos.
O problema que se pretende estudar envolve a análise de energia necessária para
manter um escoamento ao longo de um desnível, em que ocorrem várias perdas devido
aos efeitos de viscosidade. Como será visto, uma das maneiras de manter o escoamento
é por meio de uso de bomba, da mesma forma que redes de abastecimento operam.
Ao decorrer do trabalho será apresentado um pouco das deduções das equações,
além de como utilizar as equações e buscar os parâmetros. A ideia é utilizar as equações
adequadas para determinar a potência que a bomba deve fornecer. Esta informação está
diretamente relacionada ao custo operacional, ou seja, avaliar como alterações no
sistema de tubulações influencia a potencia da bomba tem significativa importância no
projeto. ´Por esta razão verificaremos os resultados para diferentes vazões e diferenças
de altitudes.

3. Revisão Bibliográfica
Uma das maneiras de se lidar com problemas da engenharia é por meio da
análise da energia no sistema abordado. Para escoamentos em tubos fechados a
abordagem é adotar um volume de controle que envolve a tubulação e aplicar a primeira
lei da termodinâmica, por exemplo, pelo método de integrais (Equação 1). Como não é
possível descrever os fenômenos físicos incluindo todas as variáveis é necessário
realizar considerações e adotar algumas aproximações. Em problemas que o fluído na
tubulação é água, geralmente admitimos que o escoamento é permanente e
incompressível. Parâmetros como pressão e energia interna podem ser considerados
como uniformes nas seções transversais, já a velocidade só é constante quando os
efeitos de viscosidade são desprezíveis. A partir da 1ª Lei da termodinâmica é possível
deduzir a Equação 2 para escoamentos em tubo.

(1)

(2)

Na Equação 2 é apresentado o coeficiente de energia cinética ( ). É um termo de


correção sobre a velocidade para poder simplificar a equação utilizando a velocidade
média nas seções transversais. Este coeficiente pode ser determinado pela Equação 3,
em que U é a velocidade na linha de centro e n é o coeficiente turbulento da lei de
potência e calculado pela Equação 4, expressão dada por leis empíricas sobre
escoamento turbulento. Na maioria das aplicações na engenharia o escoamento é
turbulento, entretanto para algumas situações é possível considerá-lo laminar, sendo que
para esta situação ( =2), já para escoamentos com número de Reynolds alto (alta
turbulência) ( =1).

(3)

(4)
A Equação 2 lembra a equação de Bernoulli para escoamentos não viscosos,
exceto pelos termos a direita que representam as conversões irreversíveis de energia
mecânica, por exemplo, devido aos efeitos de atrito e trocas de calor. Para escoamentos
em que os efeitos de viscosidade não podem ser desprezados, a energia mecânica não se
mantêm constante. Os termos em conjunto a direita são designados por (h), perda total
de energia por unidade de massa, ou por (H), perda de carga quando dividida pela
aceleração da gravidade.
As perdas totais podem ser classificadas como perdas maiores ou menores, e são
calculadas separadamente. As perdas maiores se devem aos efeitos de atrito em
escoamentos completamente desenvolvidos dentro de tubos com diâmetro constante.
Em escoamentos laminares a perda maior é dada pela Equação 5, em que V é a
velocidade média na seção transversal, Re o número de Reynolds, D é o diâmetro do
tubo e L o seu comprimento. Já para os casos turbulentos se utiliza a Equação 6, em
que f é o fator de atrito. O fator de atrito para escoamentos turbulentos depende do
número de Reynolds e da razão entre a rugosidade (e) e o diâmetro (D) do tubo. Este
fator pode ser determinado por meio de tabelas desenvolvidas experimentalmente, como
o diagrama de Moody, ou por meio de equações empíricas, por exemplo pela Equação 7
de Colebrook.

(5)

(6)

(7)

As perdas menores ou localizadas são causadas por entradas e saídas, contrações


ou expansões do tubo, curvas, válvulas e outros acessórios. Existem duas formas básicas
para se determinar as perdas localizadas, por meio da Equação 8 ou Equação 9. Na
equação 8, K é o coeficiente de perda e Le da Equação é um comprimento equivalente
de tubo reto. Estes coeficientes dependem da geometria da tubulação e podem ser
encontrados em tabelas e gráficos experimentais.

(8)

(9)
Dada estas perdas é necessário uma força motriz para manter o escoamento,
como uma bomba d’água. Aplicando a primeira Lei da termodinâmica através da bomba
é possível determinar a expressão de altura de carga que a bomba pode fornecer
(Equação 10), que depende da diferença de pressão e da massa específica do fluído. A
potência da bomba é dada pela Equação 11, em que Q é a vazão, e a eficiência é a razão
entre a potência fornecida pela bomba com a potência de alimentação da bomba
(Equação 12). A altura de carga (-h) produzida pela bomba além de ser utilizada para
vencer as perdas de cargas maiores e menores, também serve para que o escoamento
supere elevações.
(10)

(11)

(12)
4. Formulação do Problema

O problema proposto envolve o bombeamento de água de uma cisterna para


outra, a qual está em um nível mais elevado. O sistema de tubulação é composto por
seções de tubos retos (todos com o mesmo diâmetro), por entrada e saída de canto
agudo, uma válvula globo aberta, curva com raio de 12 pol, cotovelo de 90º, válvula
gaveta aberta pela metade e uma bomba. Os coeficientes de perdas menores foram
retirados das tabelas ou gráficos do livro Mecânica dos Fluidos, 4ed., de Frank M.
White e estão apresentadas na Tabela 1.
Coeficientes de perdas menores (K)
Entrada em canto agudo 0.5
Válvula globo aberta 6.9
Curva com raio de 12 pol 0.25
Cotovelo de 90º 0.95
Válvula gaveta aberta pela metade 3.7
Saída em canto agudo 1
13.3

Para o esquema da figura 1 será calculada a potência da bomba, como se pede no


exemplo 6.16 do livro Mecânica dos Fluidos, 4ed., de Frank M. White no sistema inglês
(imperial), e após a conversão das medidas para o SI (Tabela 2) o problema será refeito.
Posteriormente será resolvido para os casos em que o segundo reservatório está em
elevações de 150, 180, 210 e 240 ft. Com os dados da potência para diferentes elevações
será feito um gráfico. Por ultimo será calculado a potência para vazões em um intervalo
de 0,2 cfs a 1 cfs, e com estes dados também será elaborado um gráfico.

Grandezas Sistema Imperial SI


Massa específica água () 1.94 slugs/ft^3 1000 kg/m^3
Viscosidade Cinemática () 0.000011ft^2/s 1.02*10^-6 m^2/s
Vazão (Q) 0.2 ft^3/s 5.6*10^-3 m^3/s
Rugosidade relativa (e/D) 0.001 0.001
Comprimento tubulação (L) 400 ft 122 m
Diâmetro tubulação (D) 2/12 ft 0.05 m

Dado que é um escoamento de água em tubos fechados com a presença de vários


acessórios a proposta de solução é por meio da equação de energia para escoamento
permanente em que as forças de atrito não são desprezíveis. Como a diferença de
pressão e a vazão são conhecidas, assim como o diâmetro e o comprimento dos tubos
não se terá problema em determinar a carga fornecida pela bomba. Com este parâmetro
determinado será possível calcular a potência dada pela bomba. O mesmo cálculo será
empregado para as diferentes situações, desta forma foi criado um programa em Python
que resolve o problema e com os dados gerados programa foram criados gráficos por
meio do Gnuplot.

5. Memorial de Cálculo

Dada a equação de energia (Equação 13) definiu-se como ponto 2 a superfície da


água no reservatório mais elevado e o ponto 1 na superfície da água do outro
reservatório, sendo que o volume de controle engloba todos os acessórios e tubulações
entre os reservatórios. As velocidades nas superfícies podem ser desprezadas, e como as
pressões são iguais a pressão atmosférica, os termos de pressão desaparecem da
equação. Colocando as equações de perdas menores e maiores na equação se determina
uma expressão para a carga fornecida pela bomba (Equação 14).

(13)

(14)

Da equação 14 é preciso determinar a velocidade média e o fator de atrito. Como


a vazão e o diâmetro dos tubos são conhecidos, a velocidade média é determinada pela
Equação 15. Determinada a velocidade média se calcula o número de Reynolds por
meio da equação 16. Com este número é possível determinar se o escoamento é laminar
ou turbulento, e calcular o fator de atrito (f) através da equação 17. Como esta equação é
transcendental utilizou-se um método iterativo por meio da calculadora até o resultado
convergir.

(15)

(16)

(17)
Com os resultados do fator de atrito e da velocidade média, juntamente com os
dados dos coeficientes de perda da Tabela 1 e os parâmetros conhecidos se determinou a
altura de carga em ft (18), com dados em unidades imperiais, e depois em metros (18),
com os dados em SI. Por meio da Equação 19 foi calculada a potência em unidades
inglesas e SI e depois estas foram convertidas para hp.

(18)
(19)
6. Resultados

Após os cálculos determinou-se que a potência que a bomba precisa fornecer


para o sistema é de 4.2 hp, o mesmo resultado foi alcançado nos dois sistemas de
unidades. A potência no sistema imperial foi igual 2300 lbf*ft/s e no SI 3154 W.
Na análise da potência (P) necessária para diferentes elevações (dz) gerou-se o
Gráfico 1. A relação entre estes dois parâmetros é linear e diretamente proporcional.

Gráfico 1: Potência em relação a variação de altitude

Na análise da potência (P) necessária para diferentes vazões (Q) gerou-se o


Gráfico 2. Pelo gráfico percebe-se que a relação dos dois parâmetros é assintótica ao
eixo x e a medida que a vazão aumenta a taxa de variação da potencia é maior.

Gráfico 2: Potência em relação a vazão

7. Análise
Ao realizar a análise para diferentes variações de altitude (dz) o esforço de
cálculo para determinar a potência fornecida pela bomba foi menor do que quando se
variou às vazões. A diferença de altitude neste problema tinha o seu maior efeito sobre a
energia gravitacional, que na equação é um termo linear, por esta razão o gráfico de
altitude com potência foi linear.
Enquanto no caso anterior, as alterações envolviam apenas mexer em alguns
termos lineares da equação, no caso das diferentes vazões, para cada caso foi necessário
fazer o problema desde o início. Alterações da vazão interferem no regime de
escoamento, pois está diretamente relacionada à velocidade, a qual é determinante na
turbulência do escoamento. Escoamentos em tubos na maioria dos casos são tratados
como turbulentos, para as situações avaliadas o número de Reynolds foi maior que
2500, o que caracteriza os escoamentos como turbulentos. Desta forma, para cada caso
foi necessário avaliar novamente o número de Reynolds e calcular um novo fator de
atrito para se obter a perda de carga fornecida pela bomba e posteriormente determinar a
potência.
Os resultados dos gráficos estão de acordo com o esperado. Ao se aumentar dz
era esperado que a bomba devesse fornecer maior potência para que fosse superado um
incremento de altura. Ou seja, um aumento de energia potencial está associado a
transformação da energia fornecida pela bomba. Assim, no gráfico 1 além da curva ser
reta, devido à linearidade dos termos, ela é crescente.
Ao se aumentar a vazão notou-se que a potência exigida era maior, e também
em uma escala maior do que para as variações de altitude. Quanto maior a velocidade,
maior a turbulência e mais significativo são os efeitos de atrito, ou seja, as perdas de
carga são maiores. Assim, para manter um escoamentos com altas perdas é preciso mais
energia vindo da bomba. A relação não é linear no gráfico 2, pois as variações de vazão
interferem no quadrado da velocidade média. Neste caso, parte da energia está sendo
convertida em energia cinética e outra convertida irreversivelmente devido às
transferências de calor e pelo atrito.

8. Conclusão
Papel de engenheiro
Como avaliar o problema
Que ferramentas utilizar
Saber como dimensionar e o que impacta o custo e o resultado.
9. Referências

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