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SUMÁRIO
1ª Turma
Súmula Vinculante 13 e nomeação de parente de vice-prefeito para cargo de secretário
municipal
Desembaraço aduaneiro e exigência de pagamento de impostos – 2
Ação de improbidade administrativa e atuação de procurador do estado
2ª Turma
Dispensa de licitação: atuação jurídica e responsabilização criminal
Concurso público: descumprimento de regra editalícia e demonstração de prejuízo
Disponibilização de acesso à internet a terceiros sem autorização da Anatel e atipicidade
Inovações Legislativas
PRIMEIRA TURMA
(1) Enunciado 13: “A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro
grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou
assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública
direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste
mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.”
Rcl 29033 AgR/RJ, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 17.9.2019. (Rcl-29033)
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O ministro Alexandre de Moraes (relator) reajustou o voto para aguardar a decisão definitiva do
Tribunal.
(1) Enunciado 323: “É inadmissível a apreensão de mercadorias como meio coercitivo para pagamento.”
Na espécie, o acórdão impugnado pelo recurso extraordinário concluiu que não se pode falar em
autonomia funcional de procurador do estado em ajuizar ação civil pública sem a aludida autorização.
O ministro Marco Aurélio (relator) negou provimento ao agravo e impôs multa ao agravante.
Ponderou que os autos versam matéria estritamente legal, ou seja, saber quem tem legitimidade
para atuar no âmbito da procuradoria estadual.
De início, avaliou tratar-se de tema com assento constitucional: se procurador-geral de estado deve
obrigatoriamente assinar todas ações de improbidade.
Explicitou constar da CF que lei complementar irá organizar a carreira. No caso do Estado de
Sergipe, a LC 27/1996, que rege a atuação dos seus procuradores, não exige a assinatura do procurador-
geral ou do governador nas ações de improbidade. A norma não impôs a obrigatoriedade da assinatura por
opção legislativa do próprio estado. Logo, essa é uma função típica de procurador do estado de Sergipe
atuante naquela área de contencioso.
(1) LC 27/1996: “Art. 7°. – Compete ao Procurador-Geral do Estado: I – dirigir a Procuradoria-Geral do Estado, coordenar
e controlar suas atividades e orientar-lhe a atuação; (...) VII – desistir, transigir, formar composição e confessar, nos feitos de
interesse do Estado, mediante autorização do Governador do Estado; (...)”
(2) CF: “Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, organizados em carreira, na qual o ingresso
dependerá de concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases,
exercerão a representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas unidades federadas. Parágrafo único. Aos procuradores
referidos neste artigo é assegurada estabilidade após três anos de efetivo exercício, mediante avaliação de desempenho perante os
órgãos próprios, após relatório circunstanciado das corregedorias.”
ARE 1165456 AgR/SE, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 17.9.2019. (ARE-1165456)
SEGUNDA TURMA
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Dispensa de licitação: atuação jurídica e responsabilização criminal
A Segunda Turma, por maioria, concedeu a ordem de habeas corpus de ofício para determinar o
trancamento da ação penal movida contra o paciente, por ter, na qualidade de assessor jurídico, emitido
parecer em um processo licitatório supostamente fraudulento, além de ter assinado o contrato
formalizado.
A Turma considerou que não se pode exigir do assessor jurídico conhecimento técnico de todas as
áreas e não apenas do Direito. No processo licitatório, não compete à assessoria jurídica averiguar se está
presente a causa de emergencialidade, mas apenas se há, nos autos, decreto que a reconheça. Sua função é
zelar pela lisura sob o aspecto formal do processo, de maneira a atuar como verdadeiro fiscal de
formalidades, somente.
Além disso, a denúncia não menciona suposta vantagem que o paciente teria obtido no exercício
de suas funções, tampouco se o parecer teria sido emitido com a intenção de causar danos ao erário.
Nesse sentido, o denunciado poderia ser responsabilizado criminalmente não pela pura emissão do
parecer, mas pela sua participação ativa no esquema criminoso, de modo a se beneficiar dele.
A jurisprudência da Corte, inclusive, é firme no sentido de que o parecer puramente consultivo não
gera responsabilização do seu autor.
Ademais, é vedada a responsabilização penal objetiva, sem comprovação de dolo ou culpa. Nesse
sentido, a configuração da tipicidade material dos crimes em questão exige a comprovação de prejuízo ao
erário e de finalidade específica de favorecimento indevido.
Por fim, destacou que a atuação de advogado é resguardada pela ordem constitucional. Assim,
eventual responsabilização penal apenas se justifica em caso de indicação de circunstâncias concretas que
o vinculem, subjetivamente, ao propósito delitivo.
Vencido o ministro Edson Fachin, que não concedeu a ordem por não encontrar elementos
suficientes para trancar a ação penal.
A Segunda Turma negou provimento a recurso ordinário interposto de acórdão no qual denegado
mandado de segurança de candidatos, em concurso público, a cargo de analista judiciário na especialidade
taquigrafia.
Inicialmente, o Colegiado não conheceu do recurso de candidata aprovada no certame e que fora
interposto da parte do acórdão em que indeferida sua pretensão de ingressar no feito na qualidade de
litisconsorte passivo. Esclareceu que, na hipótese, sequer houve sucumbência a legitimar o respectivo
interesse recursal.
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Quanto ao recurso dos impetrantes, registrou ser incontroverso que a prova foi realizada em
velocidade decrescente, embora constasse do edital que seria ditada em velocidade crescente.
A Turma enfatizou, ainda, que a matéria trazida à aferição do Poder Judiciário é sindicável. Diz
respeito ao juízo de compatibilidade entre as previsões editalícias e as questões do certame. Entretanto,
sublinhou que, à luz do princípio pas de nullité sans grief, a declaração de nulidade do ato requer
demonstração do prejuízo experimentado pela parte que alega a ocorrência de vício.
Por fim, julgou prejudicado o agravo regimental deduzido contra a decisão em que indeferido o
pedido de concessão de efeito suspensivo.
O ministro Ricardo Lewandowski salientou que o aludido exame foi realizado em velocidade
dentro da frequência de oitenta a noventa ppm. Além disso, inexistem nos autos elementos que possam
autorizar a conclusão de que houve qualquer tipo de favorecimento individual de candidatos, bem assim
de que foi afetada a igualdade de condições entre os concorrentes, com afronta aos princípios
constitucionais da isonomia, moralidade e da impessoalidade.
A Segunda Turma, por empate na votação, deu provimento a agravo regimental e concedeu a
ordem de habeas corpus para restabelecer a decisão do primeiro grau de jurisdição que absolveu o
paciente.
No caso, o paciente foi condenado, pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), pela prática do delito
tipificado no art. 183, caput, da Lei 9.472/1997 (1), por disponibilizar o acesso à internet a terceiros sem
a autorização da Anatel. Ele possuía em seu computador o controle de acesso e a relação de vinte e dois
usuários conectados, dos quais cobrava uma contraprestação mensal pela disponibilização do sinal.
O Colegiado entendeu tratar-se de delito de bagatela, em razão do mínimo potencial ofensivo da
conduta. Além disso, reputou haver dúvida razoável do ponto de vista do seu enquadramento penal.
Asseverou que o STJ desconsiderou os fatos que foram examinados pela jurisdição ordinária, a qual está
vis-à-vis com o réu e todo o contexto probatório, afirmando, simplesmente, estar-se diante de crime
formal de perigo abstrato.
Ressaltou que a questão de saber se esse serviço de internet é uma atividade de telecomunicações
ou simples serviço de valor adicionado, ainda não foi decidida. Ainda que se considere uma atividade de
telecomunicações e que tenha sido exercida de forma clandestina, é necessário examinar se se trata de
atividade de menor potencial ofensivo.
Vencidos os ministros Cármen Lúcia (relatora) e Edson Fachin, que negaram provimento ao
agravo por considerar a conduta típica e ser inaplicável, à espécie, o princípio da insignificância.
(1) Lei 9.472/1997: “Art. 183. Desenvolver clandestinamente atividades de telecomunicação: Pena - detenção de dois a
quatro anos, aumentada da metade se houver dano a terceiro, e multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais).”
HC 157014 AgR/SE, rel. orig. Min. Cármen Lúcia, red. p/ o ac. Min Ricardo Lewandowski,
julgamento em 17.9.2019. (HC-157014)
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Em curso Finalizados
Pleno - - - - 111
1ª Turma 17.09.2019 - 12 276 95
2ª Turma 17.09.2019 - 0 8 192
INOVAÇÕES LEGISLATIVAS
16 A 20 DE SETEMBRO DE 2019
Lei nº 13.872, de 17.9.2019 - Estabelece o direito de as mães amamentarem seus filhos durante a
realização de concursos públicos na administração pública direta e indireta dos Poderes da União.
Publicado no DOU em 18.09.2019, Seção 1, Edição 181, p. 2.
Lei nº 13.871, de 17.9.2019 - Altera a Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha), para
dispor sobre a responsabilidade do agressor pelo ressarcimento dos custos relacionados aos serviços de
saúde prestados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) às vítimas de violência doméstica e familiar e aos
dispositivos de segurança por elas utilizados. Publicado no DOU em 18.09.2019, Seção 1, Edição 181, p.
2.
Lei nº 13.870, de 17.9.2019 - Altera a Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, para determinar que, em
área rural, para fins de posse de arma de fogo, considera-se residência ou domicílio toda a extensão do
respectivo imóvel. Publicado no DOU em 18.09.2019, Seção 1, Edição 181, p. 2
Lei nº 13.874, de 20.9.2019 - Institui a Declaração de Direitos de Liberdade Econômica; estabelece
garantias de livre mercado; altera as Leis nºs 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), 6.404, de
15 de dezembro de 1976, 11.598, de 3 de dezembro de 2007, 12.682, de 9 de julho de 2012, 6.015, de 31
de dezembro de 1973, 10.522, de 19 de julho de 2002, 8.934, de 18 de novembro 1994, o Decreto-Lei nº
9.760, de 5 de setembro de 1946 e a Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº
5.452, de 1º de maio de 1943; revoga a Lei Delegada nº 4, de 26 de setembro de 1962, a Lei nº 11.887, de
24 de dezembro de 2008, e dispositivos do Decreto-Lei nº 73, de 21 de novembro de 1966; e dá outras
providências. Mensagem de Veto. Publicado no DOU em 20.09.2019, Seção 1-Extra, Edição 183-B, p. 1.
Supremo Tribunal Federal – STF
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