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SUMÁRIO
Plenário
Delatado e direito de falar por último – 2
Falta de prestação de contas e suspensão automática do registro ou anotação de órgão partidário
Resolução do Senado Federal: operação de crédito e cessão de dívida ativa a bancos - 2
Controle de serviços jurídicos da administração pública estadual indireta
Competência legislativa e denominação de próprios, vias e logradouros públicos e suas
alterações
1ª Turma
Crime de estupro e “beijo lascivo” – 3
Expulsão de estrangeiro que possui filho brasileiro
Uso de algemas e fundamentação
PLENÁRIO
DIREITO CONSTITUCIONAL – DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
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A denegação ao réu delatado da possibilidade de apresentar suas alegações finais, após o prazo
concedido ao agente colaborador, equivale à supressão do seu direito de defesa, porque transgride aquilo
que lhe é essencial à plenitude de sua prática, e configura, na espécie, hipótese caracterizadora de prejuízo
efetivo e real para o acusado em questão.
Considerou que constitui verdadeiro obstáculo judicial ao exercício do contraditório e da ampla
defesa a concessão de prazo comum a todos os litisconsortes penais passivos, os quais figurem,
simultaneamente, numa mesma relação processual penal, agentes colaboradores e corréus por estes
delatados.
Portanto, traduz solução hermenêutica mais compatível com os postulados que informam o
estatuto constitucional do direito de defesa a prerrogativa do réu delatado de produzir suas alegações
finais após a apresentação de memoriais ou de alegações finais do litisconsorte penal passivo que,
mediante colaboração premiada, o incriminou.
Por fim, registrou que, somente se a delação efetivamente tiver auxiliado na obtenção de provas
que permitam a condenação do delatado, é que o delator terá direito ao que foi acordado com o ministério
público e com a polícia. Dessa forma, resta evidente que o interesse processual do delator é
absolutamente oposto ao do delatado, uma vez que o delator não tem mais interesse em se defender, pois,
ao fazer o acordo, assume a sua culpabilidade com diminuição da pena ou até mesmo ausência total de
pena em troca das informações prestadas.
Vencidos os ministros Edson Fachin (relator), Roberto Barroso, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Marco
Aurélio, que denegaram o habeas corpus.
O ministro Edson Fachin observou que a legislação não disciplinou imposição de ordem de
colheita das argumentações de cada defesa, tampouco potencializou, para esse escopo, eventual adoção,
ou não, de postura colaborativa. A lei processual diferencia expressamente os momentos de manifestação
do ministério público, do assistente do ministério público e da defesa. Não distingue, entretanto, o
momento de participação entre as defesas em razão de eventual adoção de postura colaborativa por parte
de acusados. A observância de prazo comum para colheita de alegações finais dos acusados colaboradores
e não colaboradores não configura constrangimento ilegal.
Segundo o ministro Roberto Barroso, o impetrante não trouxe um argumento objetivo sequer para
demonstrar o prejuízo que teria sofrido. Reputou que a falta de concessão de prazo sucessivo para
apresentação de alegações finais entre corréus, colaboradores e não colaboradores, não viola os princípios
do contraditório e da ampla defesa
O ministro Luiz Fux aduziu que, no campo do Direito Público, só se pode fazer aquilo que está
previsto em lei e não há previsão legal no sentido de que o delatado fala depois do delator. Para o ministro
Fux, não há razão lógica de o delatado, que acompanhou todo o processo, desde a sua fase preambular, ter
o direito de falar depois do delator. Ademais, o delator e o delatado são corréus e figuram no polo passivo
da relação processual. Jamais poderiam ser assistentes de acusação.
A ministra Cármen Lúcia entendeu que o caso seria de nulidade relativa que, portanto, deveria ser
arguida na primeira oportunidade. Além disso, seria necessária a demonstração do prejuízo, o que não foi
feito pelo impetrante.
O ministro Marco Aurélio asseverou que, consideradas as partes do processo-crime, tem-se
unicamente o ministério público a acusar, e o réu ou os réus a se defenderem. A adoção, por corréu, de
postura colaborativa não o destitui da posição de acusado, tampouco viabiliza, ausente previsão legal, a
distinção de prazos para a apresentação de alegações finais.
Ato contínuo, o ministro Dias Toffoli (Presidente) propôs à Corte a fixação de tese no caso em
julgamento. O colegiado, por decisão majoritária, deliberou positivamente sobre a formulação de tese em
relação ao tema discutido e votado no writ.
Vencidos, no ponto, os ministros Alexandre de Moraes, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio. O
ministro Ricardo Lewandowski afirmou que a adoção da tese implica modulação e requer oito votos. O
ministro Marco Aurélio entendeu que não cabe a edição de tese, de modo a transformar processo
subjetivo em processo objetivo.
Em seguida, o julgamento foi suspenso para fixação da tese em assentada posterior.
CPP: “Art. 403. Não havendo requerimento de diligências, ou sendo indeferido, serão oferecidas alegações finais orais por
20 (vinte) minutos, respectivamente, pela acusação e pela defesa, prorrogáveis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir,
sentença.”
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HC 166373/PR, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgamento
em 2.10.2019. (HC-166373)
(1) Lei 9.096/1995: “Art. 28. O Tribunal Superior Eleitoral, após trânsito em julgado de decisão, determina o cancelamento
do registro civil e do estatuto do partido contra o qual fique provado: I - ter recebido ou estar recebendo recursos financeiros de
procedência estrangeira; II - estar subordinado a entidade ou governo estrangeiros; III - não ter prestado, nos termos desta Lei, as
devidas contas à Justiça Eleitoral; IV - que mantém organização paramilitar.”
ADI 6032 MC-Ref/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 2.10.2019. (ADI-6032)
O Plenário, por maioria, julgou procedentes os pedidos formulados em ações diretas para declarar
a inconstitucionalidade da Resolução 33/2006 do Senado Federal, por meio da qual se autorizou estados,
Distrito Federal e municípios a transferirem a cobrança de suas dívidas ativas, por meio de endossos-
mandatos, a instituições financeiras (Informativo 906).
Inicialmente, o Tribunal considerou que as associações requerentes cumprem o requisito da
pertinência temática, pois o ato impugnado legislou sobre cobrança da dívida ativa tributária, matéria
incluída nas funções dos procuradores de estado e fiscais de tributos estaduais.
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No mérito, entendeu que a resolução impugnada atuou fora dos limites da capacidade normativa
cometida ao Senado Federal pelo art. 52, VII (1), da Constituição Federal (CF).
Segundo esse dispositivo, compete privativamente ao Senado dispor sobre limites globais e
condições para as operações de crédito externo e interno da União, dos estados, do Distrito Federal e dos
municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas pelo poder público federal.
O conceito constitucional de operação de crédito, ainda que por antecipação de receita, deve estar
em consonância com a definição prevista no art. 29, III (2), da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
No entanto, a cessão a instituições financeiras, por endosso-mandato, de valores inscritos em
dívida ativa estatal não caracteriza nenhuma das espécies de operação de crédito previstas na legislação
complementar. Inexiste correspondência entre o conceito de operação de crédito da LRF e a “cessão”
disciplinada pela resolução.
A alteração na forma de cobrança da dívida ativa, tanto tributária quanto não-tributária, demanda
tratamento estritamente legal, afastada a competência do Senado para disciplinar a matéria por meio de
resolução.
Vencido o ministro Marco Aurélio, que, de início, não reconheceu a legitimidade das associações
requerentes, por falta de pertinência temática. No mérito, votou pela improcedência dos pedidos, por
considerar que a cessão de dívida ativa a instituições financeiras é uma operação de crédito, portanto,
sujeita à regulamentação senatorial.
(1) CF: “Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: (...) VII - dispor sobre limites globais e condições para as
operações de crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais
entidades controladas pelo Poder Público federal. ”
(2) LRF: “Art. 29. Para os efeitos desta Lei Complementar, são adotadas as seguintes definições: (...) III - operação de
crédito: compromisso financeiro assumido em razão de mútuo, abertura de crédito, emissão e aceite de título, aquisição financiada
de bens, recebimento antecipado de valores provenientes da venda a termo de bens e serviços, arrendamento mercantil e outras
operações assemelhadas, inclusive com o uso de derivativos financeiros. ”
O Plenário, por maioria, julgou procedente pedido formulado em ação direta ajuizada contra
dispositivos da Lei Complementar 226/2002 do Estado de Santa Catarina, a qual confere à Procuradoria-
Geral do Estado competência para controlar os serviços jurídicos de entidades da administração estadual
indireta, inclusive a representação judicial, com a possibilidade de avocação de processos e litígios
judiciais, de empresas públicas e sociedades de economia mista.
O Colegiado declarou a inconstitucionalidade da expressão “sociedades de economia mista e
empresas públicas estaduais”, constante dos arts. 1º, 2º, 3º, 4º, VI, 12, caput e parágrafo único, 16, caput
e II, e 17, da lei impugnada.
Entendeu que os referidos dispositivos violam o art. 132 da Constituição Federal (CF) (1), que
confere às procuradorias dos estados atribuições para as atividades de consultoria jurídica e representação
judicial das respectivas unidades federadas, mas apenas relativamente à administração pública direta,
autárquica e fundacional.
Asseverou que a lei cria uma ingerência indevida do Governador na administração das empresas
públicas e sociedades de economia mista, pessoas jurídicas de direito privado, o que impede a defesa
dessas entidades. No ponto, observou que o chefe do poder executivo estadual é quem escolhe o
Procurador-Geral do Estado. Num eventual litígio, por exemplo, entre uma sociedade de economia mista
e a administração pública direta, o Governador poderia determinar a avocação do processo e defender o
seu próprio interesse. Haveria, portanto, partes conflituosas, no mesmo litígio, com o mesmo advogado.
Vencidos os ministros Roberto Barroso e Luiz Fux, que julgaram o pleito improcedente.
Consideraram que as empresas públicas e sociedades de economia mista, embora possuam
personalidade jurídica de direito privado, constituem instrumentos de ação do Estado para a consecução
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de interesses públicos. Em decorrência disso, podem ser supervisionadas e representadas judicialmente
pela Procuradoria-Geral do Estado.
Esclareceram que o art. 132 da Constituição, ao dispor sobre a advocacia pública dos Estados e do
Distrito Federal, não exauriu as suas funções, deixando amplo espaço para a legítima atuação dos poderes
constituídos locais. No caso das entidades privadas da Administração Pública, a representação judicial
pela Procuradoria-Geral do Estado não é, de fato, impositiva. Entretanto, isso não significa que norma
legal que contém essa previsão seja inconstitucional.
(1) CF: “Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, organizados em carreira, na qual o ingresso
dependerá de concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases,
exercerão a representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas unidades federadas.”
Pontuou que a referida lei orgânica permite essa conciliação. Em nenhum momento, a norma
afastou expressamente a iniciativa concorrente para a propositura de projeto de lei a respeito. Logo, deve
ser interpretada de maneira a não excluir a competência administrativa do prefeito e a possibilitar às
câmaras municipais, por meio de lei formal, a concretização da memorização da história e da proteção do
patrimônio cultural imaterial do município, que é assunto de interesse local.
Vencidos os ministros Roberto Barroso e Marco Aurélio, que negaram provimento ao recurso e
mantiveram a decisão proferida pelo tribunal de justiça. Consideraram que o mencionado dispositivo
subtraiu competência do chefe do Poder Executivo. O ministro Marco Aurélio sublinhou que, da forma
como redigido, o preceito exclui a iniciativa do Executivo no tocante à outorga de nome. Por isso, não
vislumbrou campo para a interpretação conforme a CF.
(1) Lei Orgânica do Município de Sorocaba: “Art. 33. Cabe à Câmara Municipal, com a sanção do Prefeito, legislar sobre
as matérias de competência do Município, especialmente no que se refere ao seguinte: (...) XII – denominação de próprios, vias e
logradouros públicos e suas alterações;”
PRIMEIRA TURMA
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DIREITO PENAL – TIPO PENAL
(1) CP: “Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: Pena –
reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.”
(2) LCP: “Art. 65. Molestar alguém ou perturbar-lhe a tranquilidade, por acinte ou por motivo reprovável: Pena – prisão
simples, de quinze dias a dois meses, ou multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.”
(3) CF: “Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com
absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão. § 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do
adolescente.”
(4) CP: “Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria
lascívia ou a de terceiro: Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui crime mais grave. ”
HC 134591/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgamento
em 1.10.2019. (HC-134591)
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(1) Enunciado 691 da Súmula do STF: “Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus impetrado
contra decisão do relator que, em habeas corpus requerido a tribunal superior, indefere a liminar.”
(2) Lei 13.445/2017: “Art. 55. Não se procederá à expulsão quando: (...) II – o expulsando: a) tiver filho brasileiro que
esteja sob sua guarda ou dependência econômica ou socioafetiva ou tiver pessoa brasileira sob sua tutela;”
(1) Enunciado 11 da Súmula do STF: “Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou
de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob
pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se
refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.”
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Rcl 32970 AgR/RJ, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 1.10.2019. (Rcl-32970)
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