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DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA
São Paulo,
11 de Maio de 2015
O presente escrito tem como objetivo apresentar os argumentos do racionalista Leibniz,
por sua vez defende de que há noções inatas, contra a tese dos empiristas, no qual
considera que todas as ideias emanam da experiência.
1
Leibniz, G.W. Novos ensaios sobre o entendimento humano. In: Leibniz, Volume I. Coleção Os
Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1988, p.27
algo sensível: “se os traços sensíveis não fossem necessárias, não existiria a harmonia
presstabelecida entre a alma e o corpo”2 .
É patente, assim, que o argumento de comparar a razão com uma tabula rasa, isto é, a
faculdade de conhecer não tem nada escrito, cabendo à experiência preenche-la, está
impreterivelmente descartado, porquanto (1) não significa que se não utilizamos um
saber, quer dizer o vazio da alma; (2) a tabula rasa não são puras faculdades, pois com o
ato constituem as ideias; e (3), se isso estivesse certo, o entendimento não seria a fonte
das verdades necessárias e, portanto, das ideias imutáveis, das quais o espírito tem
disposição tanto ativa, quanto passiva. É uma disposição, uma aptidão, uma pré-
formação, que determina a nossa alma e que faz com que as verdades possam ser
hauridas dela. A alma fornece o ser, a substância, o uno, a causa, a percepção e entre
outro que os sentidos não nos fornecem3. A natureza das verdades, com efeito, depende
da natureza das ideias; “contudo, as ideias que provém dos sentidos são confusas,
sendo-o também as verdades que deles dependem, ao menos em parte; ao passo que as
ideias intelectuais e as verdades que deles dependem são distintos”4. A alma é um
pequeno mundo, na qual as ideias distintas são uma representação de Deus; ao passo
que as ideias confusas, do universo.
A primeiro momento estas ideias gerais e abstratas são mais estranhas ao nosso espírito
do que as noções e as verdades particulares, porém o espírito se apoia sobre os
princípios gerais a todo momento, mas não chega tão facilmente a dintingui-los e
representá-los distinta e separadamente, visto que exige grande atenção. Além disso,
podemos perceber as verdades mais particulares, contudo não impede que “a razão das
verdades mais particulares dependa das mais gerais”. Entretanto, não quer dizer que não
2
Ibid., p.30
3
Cf. Livro II, capítulo I
4
Ibid., 34.
aprendemos as ideias inatas, afinal, apenas aprendemos a matemática, por exemplo,
haurindo da alma quando é por via demonstrativa.
Além de as ideias indeléveis não serem abstrações, bem como o tempo, espaço e outros
seres da matemática pura, pode-se concluir do texto, e segundo Leibniz, que nem todas
as ideias são provindas da experiência (tese central dos empiristas: todas as ideias se
originam dos sentidos), na verdade, apenas uma parte necessita delas para
demonstração; a razão ser uma tabula rasa, onde nada há de escrito inato e os sentidos a
preenche, é pura ficção e, no pior dos eventos, elas nunca são distintas, mas sempre
confusas.