Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DiretrizAssistencial
Título Documento
Bronquiolite - diretrizes para o diagnóstico e tratamento
Bronquiolite
1. DEFINIÇÃO
Bronquiolite é uma doença frequente na infância, responsável por alta morbidade e elevadas
taxas de hospitalização. Trata-se de um acometimento inflamatório primário das vias aéreas de
pequeno calibre, identificado clinicamente como episódio de sibilância em uma criança com idade
inferior a 2 anos, com sinais de infecção respiratória viral e sem antecedentes de atopia.
É tipicamente causada por vírus respiratório, sendo o vírus respiratório sincicial (VRS) o mais
importante agente etiológico por sua frequência, respondendo por 50-80% dos casos. Outros
agentes relevantes são: rhinovírus, metapneumovírus humano, parainfluenza tipo 3, influenza,
adenovírus, coronavírus e bocavírus humano, sendo a proporção relativa de cada agente específico
variável conforme o ano e a estação do ano. Coinfecção por mais de um desses agentes não é rara
e pode ocorrer em cerca de um terço das bronquiolites.
2. POPULAÇÃO ALVO
Critérios de Inclusão:
Lactentes com < 2 anos apresentando quadro de infecção de vias aéreas superiores e
episódio sibilância.
Critérios de exclusão:
3. EPIDEMIOLOGIA
Dados epidemiológicos nacionais também mostram o VRS como o principal agente etiológico,
sendo que o pico concentrou-se no outono com extensão para os meses de inverno, característica já
observada em outras regiões de clima subtropical.
Diretoria Espécie Especialidade Status
PRATICA MEDICA ASSISTENCIAL MEDICO Aprovado
Código Legado Código do Documento Versão Data Criação Data Revisão
DI.ASS.26.3 3 13/09/2013 14/04/2018
Elaborador Revisor Parecerista Aprovado por Data Aprovação
Elda Maria Stafuzza Milena de Paulis Adriana Vada 14/04/2018
Gonçalves Pires Souza Ferreira |
Adalberto Stape
DOCUMENTO OFICIAL
Tipo Documental
DiretrizAssistencial
Título Documento
Bronquiolite - diretrizes para o diagnóstico e tratamento
4. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
A bronquiolite inicia como infecção das vias aéreas superiores - tosse leve e congestão nasal-
, com progressão nos 2-5 dias subsequentes para acometimento das vias aéreas inferiores,
cursando com esforço respiratório e aumento da frequência respiratória. À propedêutica pulmonar,
são notados hipertimpanismo, tempo expiratório prolongado, sinais de desconforto respiratório em
graus variados, sibilos e mais raramente estertores grossos e finos. A depender da gravidade do
quadro, podem ocorrer tiragem subdiafragmática, intercostal, supraclavicular, batimento de asa
nasal, gemência, cianose e sinais de hipoperfusão. A febre é comum e, eventualmente, podem ser
notados otite média aguda, faringite e conjuntivite.
A bronquiolite também pode cursar com apnéia, por vezes até na ausência de outros achados
típicos da doença. Os estudos são controversos com relação à prevalência. São mais susceptíveis a
essa apresentação potencialmente grave os lactentes de termo com menos de um mês e os pré-
termos com idade gestacional corrigida inferior a 48 semanas.
Desidratação
Frequência respiratória elevada, retrações, gemência, batimento de asa de nariz.
Cianose ou hipoxemia
Letargia
Em cerca de 10-20% dos casos, a bronquiloite pode complicar com insuficiência respiratória.
Também podem ocorrer desidratação, insuficiência respiratória, infecção bacteriana secundária,
pneumotórax ou pneumomediastino. Embora seja frequente a introdução de antibiótico, a infecção
bacteriana secundária além da otite média aguda é rara.
5. DIAGNÓSTICO
DOCUMENTO OFICIAL
Tipo Documental
DiretrizAssistencial
Título Documento
Bronquiolite - diretrizes para o diagnóstico e tratamento
pacientes recebendo profilaxia com palivisumab. Caso seja comprovado o VRS com agente
etiológico, a profilaxia pode ser descontinuada, dada a baixa probabilidade de uma segunda infecção
por esse agente na mesma estação.
A solicitação rotineira de radiografias de tórax não é recomendada para os casos típicos,
sem evidencias clinicas de complicações. Além de não alterar a conduta, pode levar ao uso indevido
de antibiótico e à exposição desnecessária à radiação. Ela está bem indicada quando outro
diagnóstico é considerado, em casos inicialmente moderados a graves ou quando a evolução é
desfavorável. As alterações radiológicas da bronquiolite são variáveis, sendo observados
hiperinsuflação, espessamento peribrônquico e, eventualmente, atelectasias.
O hemograma é inespecífico e não é preditivo de infecção bacteriana. A gasometria deve
ser solicitada nos casos mais graves, em que se faz necessário melhor avaliação da presença de
insuficiência respiratória.
6. TRATAMENTO
Toxemia
Desidratação
Desconforto respiratório: retração intercostal, supraclavicular ou batimento de asa de nariz;
cianose; FR>70
Hipoxemia (Saturação < 95%)
Impossibilidade de a criança ser observada pelos pais em casa
Apnéia
Pacientes prematuros (<35 semanas), menores de 3 meses, portadores de doença cardíaca
com repercussão hemodinâmica e imunodeficientes.
DOCUMENTO OFICIAL
Tipo Documental
DiretrizAssistencial
Título Documento
Bronquiolite - diretrizes para o diagnóstico e tratamento
oxímetro e a presença de fatores que possam influir na curva de dissociação da hemoglobina. Com o
objetivo de elevar a saturação para valores acima de 90%, podem ser utilizados cânula nasal,
máscara facial, oxitenda ou cânula nasal de alto fluxo
Hidratação endovenosa pode ser necessária, devido ao aumento das perdas insensíveis por
taquipnéia e febre, associado à diminuição da ingesta devido ao desconforto respiratório,
principalmente na vigência de obstrução nasal com elevação da FR acima de 60ipm. Pelo risco
elevado de hiponatremia nesses pacientes, dá-se preferência aos fluidos isotônicos. Especial
atenção deve ser dada para os sinais de congestão, uma vez que pacientes com bronquiolite têm
aumento do hormônio antidiurético e, portanto, retêm mais fluído. Como alternativa à via parenteral, é
possível alimentar e hidratar o paciente via sonda nasogástrica.
A inalação com solução hipertônica (solução salina a 3% ou 5%) pode reduzir o edema e
diminuir a impactação de muco nas vias aéreas, por meio da melhora no clearence muciliar. Os
estudos são controversos e a recomendação da AAP é de que ela pode ser administrada aos
pacientes hospitalizados por bronquiolite. O regime ideal também permanece incerto, mas na maioria
dos estudos foi utilizado NaCl 3% em intervalos de 8 horas, com ou sem broncodilatador.
DOCUMENTO OFICIAL
Tipo Documental
DiretrizAssistencial
Título Documento
Bronquiolite - diretrizes para o diagnóstico e tratamento
oxigênio suplementar e não contribuiu com melhora clínica significativa na última revisão da
Cochrane. Ademais, um dos estudos da meta-análise reportou maior risco de vômitos e instabilidade
respiratória após fisioterapia. A expiração lenta e prolongada é uma técnica de fisioterapia
respiratória que pode ter algum beneficio após inalação hipertônica em pacientes com bronquiolite
moderada. As evidências, entretanto, são escassas ainda.
7. PREVENÇÃO
Medidas gerais como aleitamento materno, lavagem de mãos e não exposição ao tabaco
devem sempre ser incentivadas. O risco de transmissão nosocomial do vírus respiratório sincicial
pode ser reduzido com medidas como isolamento de contato, máscara e proteção ocular quando
houver risco de exposição a aerossol e isolamento em quartos privativos.
8. FLUXOGRAMA
DOCUMENTO OFICIAL
Tipo Documental
DiretrizAssistencial
Título Documento
Bronquiolite - diretrizes para o diagnóstico e tratamento
DOCUMENTO OFICIAL
Tipo Documental
DiretrizAssistencial
Título Documento
Bronquiolite - diretrizes para o diagnóstico e tratamento
DOCUMENTO OFICIAL
Tipo Documental
DiretrizAssistencial
Título Documento
Bronquiolite - diretrizes para o diagnóstico e tratamento
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Hanson IC, Shearer WT. Bronchiolitis. In: Oski's Pediatrics. Principles and Practice, 4th ed, McMillan,
JA, Feigin, RD, DeAngelis, C, Jones, MD (Eds), Lippincott, Williams & Wilkins, Philadelphia, 2006.
p.1391.
2. Wright AL, Taussig LM, Ray CG et al.. The Tucson Children´s Respiratory Study II. Lower respiratory
tract illness in the first year of life. Am J Epidemiol.1989;129(6):1232-1246.
3. Stempel HE, Martin ET, Kuypers J, et al. Multiple viral respiratory pathogens in children with
bronchiolitis. Acta Paediatr.2009;98:123.
4. Fleisher GR, Ludwig S. Textbook of Pediatric Emergency Medicine, 6thed. Lippincott, Williams &
Wilkins, Philadelphia, 2010. pp. 916-917: Bronchiolitis.
5. Shaw KN, Bell LM, Sherman NH. Outpatient assessment of infants with bronchiolitis. Am J Dis
Child.1991;145:151.
6. Vieira SE, Stewien KE, Queiroz DAO et al. Clinical patterns and seasonal trends in respiratory syncytial
virus hospitalizations in São paulo, Brazil. Rev Inst. Med Trop. S. Paulo.2001;43(3):125-131.
7. Zorc JJ, Hall CB. Bronchiolitis: Recent Evidence on Diagnosis and Management. Pediatrics.
2010;125(2): 341-349.
8. Kneyber MC, Brandenburg AH, de Groot R, et al. Risk factors for respiratory syncytial virus associated
apnoea. Eur J Pediatr.1998;157:331.
9. Willwerth BM, Harper MB, Greenes DS. Identifying hospitalized Infants who have Bronchiolitis and are
at high risk for apnea. Ann Emerg Med. 2006;48(4): 441-447.
10. American Academy of Pediatrics. Subcomittee on Diagnosis and Management of Bronchiolitis.
Pediatrics. 2006;11(94):1774-1793.
11. Wang EE, Law BJ, Stephens D. Pediatric Investigators Collaborative Network on Infections in Canada
(PICNIC) prospective study of risk factors and outcomes in patients hospitalized with respiratory
syncytial viral lower respiratory tract infection. J Pediatr. 1995;126:212.
12. Petruzella FD, Gorelick MH. Duration of illness in infants with bronchiolitis evaluated in the emergency
department. Pediatrics.2010;126:285-290.
13. Hall CB, Powell KR, Schnabel KC, et al. Risk of secondary bacterial infection in infants hospitalized with
respiratory syncytial viral infection. J Pediatr.1988; 113:266.
14. Walsh P, et al. Is the interpretation of rapid antigen testing for respiratory syncytial virus as simple as
positive or negative? Emerg Med J 2013;0:1–7.
15. Carsin A, Gorincour G, V. Bresson V et al. La radiographie de thorax chez le nourrisson hospitalisé pour
bronchiolite aiguë : réelle information ou simple irradiation ? Archives de Pédiatrie 2012;19:1308-1315.
16. Purcell K, Fergie J. Lack of usefulness of an abnormal white blood cell count for predicting a concurrent
serious bacterial infection in infants and young children hospitalized with respiratory syncytial virus
lower respiratory tract infection. Pediatr Infect Dis J.2007; 26:311.
17. Van Steensel-Moll, HA, Hazelzet, JA, van der, Voort E, et al. Excessive secretion of antidiuretic
hormone in infections with respiratory syncytial virus. Arch Dis Child.1990;65:1237.
DOCUMENTO OFICIAL
Tipo Documental
DiretrizAssistencial
Título Documento
Bronquiolite - diretrizes para o diagnóstico e tratamento
18. Skjerven HO, Hunderi JOG, Brugmann-Pieper SK, et al. Racemic Adrenaline and Inhalation Strategies
in Acute Bronchiolitis. N Engl J Med 2013;368:2286-93.
19. Zhang L, Mendoza-Sassi RA, Wainwright C, Klassen TP. Nebulised hypertonic saline solution for acute
bronchiolitis in infants. Cochrane Database of Systematic Reviews 2013, Issue 7. Art. No.: CD006458.
20. Ralston S, Hill V and Martinez M. Nebulized Hypertonic Saline Without Adjunctive Bronchodilators for
Children With Bronchiolitis. Pediatrics 2010;126;e520.
21. Fernandes RM, Bialy LM, Vandermeer B, Tjosvold L, Plint AC, Patel H, Johnson DW, Klassen TP,
Hartling L. Glucocorticoids for acute viral bronchiolitis in infants and young children. Cochrane
DatabaseSyst Rev 2013;6 :CD004978.
22. Benedictis FM and Bush A. Corticosteroids in Respiratory diseases in children, Am J Respir Crit Care J
Med. 2012 vol 185iss 1 pp 12-23.
23. Corneli HM, Zorc JJ, Majahan P, et al. A multicenter randomized, controlled trial of dexamethasone for
bronchiolitis. N Engl J Med.2007;357:331-339.
24. Plint AC, Johnson DW, Patel H, et al. Epinephrine and Dexamethasone in Children with Bronchiolitis. N
Engl J Med. 2009;360:2079-2089.
25. Chowdhury MM, McKenzie SA, Pearson CC, et al. Heliox Therapy in Bronchiolitis: Phase III Multicenter
Double- Blind Randomized Controlled Trial. Pediatrics 2013;131;661.
26. Roqué i Figuls M, Giné-Garriga M, Granados Rugeles C, Perrotta C. Chest physiotherapy for acute
bronchiolitis in paediatric patients between 0 and 24 months old. Cochrane Database of Systematic
Reviews 2012, Issue 2. Art. No.: CD004873. DOI:10.1002/14651858.CD004873.pub4.
27. Postiaux G, Bruno Zwaenepoel B, and Louis J. Chest Physical Therapy in Acute Viral Bronchiolitis: An
Updated Review. Respir Care 2013;58(9):1541–1545.
28. Jat KR, Chawla D. Surfactant therapy for bronchiolitis in critically ill infants. Cochrane Database of
Systematic Reviews 2012, Issue 9. Art. No.: CD009194. DOI: 10.1002/14651858.CD009194.pub2.
29. Amirav I, Luder AS, Kruger N et al. A double-blind, placebo-controlled, randomized trial of montelukast
for acute bronchiolitis. Pediatrics.2008;122(6).
30. Donlan M, Fontela P and Puligandla PS. Use of Continuous Positive Airway Pressure (CPAP) in Acute
Viral Bronchiolitis: A Systematic ReviewPediatr Pulmonol. 2011; 46:736–746.
31. Levine DA, Platt SL, Dayan PS, Macias CG, Zorc JJ, Krief W, Schor J, Bank D, Fefferman N, Shaw KN,
Kuppermann N, Multicenter RSV-SBI Study Group of the Pediatric Emergency Medicine Collaborative
Research Committee of the American Academy of Pediatrics SO. Pediatrics. 2004;113(6):1728.
32. Ralston SL et al. Clinical Practice Guideline: The Diagnosis, Management, and Prevention of
Bronchiolitis. Pediatrics. 2014 Nov;134(5):e1474-502.
33. FRIEDMAN JN ETA AL. BRONCHIOLITIS: RECOMMENDATIONS FOR DIAGNOSIS, MONITORING
AND MANAGEMENT OF CHILDREN ONE TO 24 MONTHS OF AGE. PAEDIATR CHILD
HEALTH. 2014 NOV;19(9):485-98.
DOCUMENTO OFICIAL
Tipo Documental
DiretrizAssistencial
Título Documento
Bronquiolite - diretrizes para o diagnóstico e tratamento
Relatoras: Mariana Spadini dos Santos, Eliana Paes de Castro Giorno.
Núcleo de Pediatria Baseada em Evidências (à época da discussão): Eduardo Juan Troster, Ana
Claudia Brandão, Adalberto Stape, José Luiz Brant de C. Britto, Kristine Fahl, Marcio Caldeira A.
Moreira, Maria Teresa Bechere Fernandes, Mariana Spadini dos Santos, Victor Nudelman, Eliana
Paes de Castro Giorno, Elda Maria Stafuzza Gonçalves Pires.
RESUMO
NA
ANEXOS
NA
DOCUMENTOS RELACIONADOS
NA
Eduardo Juan Troster (15/09/2013 08:32:27 AM) - A bronquiolite é uma doença viral com evolução favorável na
maioria dos casos, sem necessidade de intervenção diagnóstica e terapêutica. Não está indicado o uso de
corticóides nem antibióticos para o seu tratamento
DOCUMENTO OFICIAL