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Aula 05
2. CRONOGRAMA DA AULA
Sendo o contrato um negócio jurídico, ele requer, para sua validade, a observância dos requisitos
do artigo 104 do CC, quais sejam:
✓Agente capaz;
✓Objeto lícito, possível, determinado ou determinável; e
✓Forma prescrita ou não defesa em lei.
1
Alguns doutrinadores entendem se pode admitir, em nosso ordenamento jurídico, o autocontrato ou o contrato consigo mesmo,
quando uma só pessoa possa representará ambas as partes. Seria a hipótese do art. 117 do Código Civil.
Art. 117. Salvo se o permitir ¹a lei ou ²o representado, é anulável o negócio jurídico que o representante, no seu interesse ou por
conta de outrem, celebrar consigo mesmo.
✓Já o funcional diz respeito à composição de interesses contrapostos (mas harmonizáveis) entre as
partes, constituindo, modificando e solvendo direitos e obrigações.
5. DISPOSIÇÕES GERAIS
Antes de começarmos a aula propriamente dita, falando das disposições gerais dos contratos, vamos
citar e explicar as principais classificações dos contratos. Esta parte é bastante teórica, mas você verá
que ela é muito importante para a resolução de determinadas questões.
2
Normas que regulamentam um tipo de contrato, mas que, neste caso, não são localizadas no Código Civil.
3
Carlos Roberto Gonçalves, Direito Civil Esquematizado, ed. Saraiva, 2ª ed., pág. 770.
Todo contrato, pela sua própria natureza, é negócio jurídico bilateral, que envolve duas ou mais
vontades. Quando se fala em contratos unilaterais, emprega-se a palavra não no sentido de sua
formação, mas no sentido de seus efeitos. (apenas um dos contratantes assume obrigações perante
o outro)
4
Cuidado para não confundir com a classificação dos negócios jurídicos em bilaterais e unilaterais.
exigem a efetiva tradição5 do objeto contratual para sua formação, ou seja, que além do
consentimento dos contratantes, que haja a entrega da coisa (da res), do objeto.
5
Termo jurídico que significa entrega.
6
Trata-se de uma subclassificação dos contratos onerosos e que analisa a relação entre a vantagem e o sacrifício que sofrem as
partes.
sucessivamente. As obrigações, isoladamente, não tem o condão de extinguir a relação, que persiste
e não se extingue por completo até o advento de um termo contratual ou do implemento de uma
condição contratualmente fixada.
Após citarmos como os contratos podem ser classificados, vamos dar continuidade à aula,
analisando as disposições gerais sobre contratos encontradas no código civil!
6. PRELIMINARES
O primeiro artigo referente às disposições gerais dos contratos fala da liberdade de contratar e nos
traz o princípio da sociabilidade (a função social do contrato). Este princípio estipula a prevalência
dos valores coletivos sobre os individuais, sem esquecer, contudo, do valor fundamental da pessoa
humana.
Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.
A liberdade de contratar está condicionada ao respeito à função social do contrato. Deste modo,
limita-se por preceitos de ordem pública, que proíbem, por exemplo, que o acordo entre as partes
seja contrário aos bons costumes.
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua
execução, os princípios de probidade e boa-fé.
Este artigo dá continuidade ao princípio da sociabilidade e introduz mais dois princípios que devem
guiar os contratantes. São eles: o princípio da probidade e o princípio da boa-fé objetiva:
✓O princípio da probidade - que impõe as partes o dever de agir com lealdade, honradez,
integridade e confiança recíproca.
✓O da boa-fé objetiva - que está ligado não só à interpretação do contrato, mas também ao
interesse social de segurança das relações jurídicas. Segundo este princípio as partes devem agir de
forma honrada durante as tratativas, a formação e também durante a execução do contrato.
Além dos princípios citados acima, existem outros, que podem eventualmente ser cobrados em
provas. Eles são os seguintes:
✓O da autonomia da vontade, através do qual as partes poderão elaborar livremente seus
contratos, de acordo com seus interesses (respeitando as normas gerais).
✓O do consensualismo, no qual o acordo de vontades das partes bastaria para dar origem a um
contrato válido7.
✓O da obrigatoriedade da convenção, pois, uma vez feito um contrato, ele deve ser fielmente
cumprido pelas partes, sob pena de responsabilização no caso de inadimplemento, podendo o
inadimplente sofrer uma execução patrimonial.
✓O da relatividade dos efeitos do negócio jurídico contratual, já que o contrato normalmente
vincula exclusivamente as partes participantes, ou seja, não atinge terceiras pessoas, estranhas a
relação contratual.
Todos estes princípios contratuais estão ligados ao do respeito e proteção à dignidade da pessoa
humana, dando proteção jurídica aos contratantes para que através de seus contratos efetivem a
função social da propriedade, do contrato e a justiça social.
O artigo 423 nos traz a figura do contrato de adesão.
Cabendo à outra parte que é chamada de aderente (você ☺), apenas aderir a este contrato, ou
seja, aceitar as -estabelecidas. O contrato de adesão contrapõe-se, deste modo, ao
8
chamado contrato paritário , pois neste as partes discutem livremente as condições.
Como exemplos de contratos de adesão, temos aqueles contratos que assinamos (quando
assinamos) para receber um cartão de crédito e para formalizar determinados seguros.
Acreditamos que você nunca presenciou alguém, no momento de assinar um contrato deste tipo,
discutindo as cláusulas com o gerente do banco ou com o corretor, não é mesmo? O contrato já
chega pronto, fazemos apenas a adesão.
7
Sem esquecer, no entanto, que para determinados contratos (para que sejam válidos) há a exigência de certas formalidades
legais.
8
O contrato paritário é do tipo tradicional. Nele as partes estão em situação de igualdade, pois discutem as condições do contrato.
Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á
adotar a interpretação mais favorável ao aderente.
Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do
aderente a direito resultante da natureza do negócio.
Não pode ser válida (será nula) a cláusula que implique renúncia antecipada de direitos inerentes à
natureza do contrato de adesão.
Lembre-se também que o contrato deve seguir os parâmetros estipulados pelos princípios da
probidade e da boa-fé, para atingir assim sua função social.
Observe alguns Enunciados sobre o assunto:
Jornada III STJ 167: á à à à àC à à à àC à C à à 2002, houve forte
aproximação principiológica entre esse Código e o Código de Defesa do Consumidor no que respeita
à regulação contratual, uma vez que ambos são incorporadores de uma nova teoria geral dos
O contrato de adesão tem características de contratos nominados ou típicos, isso porque está
previsto pelo ordenamento jurídico.
Em contrapartida, lembre-se de que existem os contratos chamados inominados ou atípicos, que
são aqueles para os quais não há previsão legislativa, ou seja, não tem sua estrutura prevista em
lei. Assim, contratos atípicos são aqueles que não estão disciplinados pelo Código Civil, nem por
leis extravagantes.
O que existe no Código Civil sobre os contratos atípicos é apenas uma autorização para que possam
celebrá-los.
Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste
Código.
D à à à à à à à à à à à à à (isto é
lícito), entretanto, ao fazê-lo, precisam observar as normas gerais fixadas pelo ordenamento
jurídico. Ou seja, podem elaborar contratos atípicos, mas valem as normas gerais, para a validade,
por exemplo, devem respeitar o art. 104.
9
Nelson Nery Júnior, Código Civil Comentado, Revista dos Tribunais, 8ª ed., pág. 560.
Comentários:
De acordo com o Código Civil:
Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.
Gabarito: Correto.
Este preceito é de ordem pública e veda que a herança de uma pessoa ainda viva seja objeto de
contrato10.
Ainda no campo das disposições gerais, vamos estudar agora como se dá a formação dos contratos.
1º as Negociações
2º a Proposta 3º a Aceitação
Preliminares
Tartuce11, ao citar o que se reúne da melhor doutrina, diz que é possível identificar quatro fases na
formação dos contratos:
✓Fase de negociações preliminares ou pontuação;
✓Fase de proposta, policitação ou oblação;
10
Nosso ordenamento jurídico prevê duas formas de sucessão: a primeira é a legítima que acontece quando a pessoa morre
sem deixar disposições de última vontade, situação em que a herança será dada aos herdeiros especificados pelo código; a segunda
é a testamentária que é quando a pessoa antes de morrer deixa testamento, situação em que parte da herança será distribuída
de acordo com a sua vontade.
11
Flávio Tartuce, Manual de Direito Civil, ed. Método, 2ª ed., pág. 557.
Na maioria das vezes haverá negociações preliminares, conversas, entendimentos e, ainda, reflexões
sobre a oferta. Isto tudo até o momento em que se encontre uma solução satisfatória para as partes.
Esta é uma regra, porém, sem necessariamente ter havido a fase de negociações, pode acontecer
de um contrato surgir apenas com uma proposta de negócio seguida de uma aceitação imediata.
A fase pré-contratual não cria direitos nem obrigações e tem como objetivo a preparação do
consentimento para a conclusão do negócio jurídico contratual. Não se estabelece qualquer laço
jurídico e, por este motivo, não se pode imputar responsabilidade civil contratual àquele que
houver interrompido essas negociações.
Nas negociações preliminares, as partes podem passar a elaboração da minuta, que nada mais é do
que colocar por escrito alguns pontos constitutivos do contrato (cláusulas ou condições) sobre os
quais já tenham chegado a um acordo. Esta minuta no futuro poderá servir de modelo para o
contrato que realizarão. Nesta fase ainda não existe vínculo jurídico entre as partes.
A parte que, injustificavelmente, desistir e causar prejuízos (mesmo que indiretos) terá a obrigação
de ressarcir os danos incorridos. Não se trata da responsabilidade por inadimplemento contratual,
mas sim da responsabilidade pela prática de ato ilícito (extracontratual).
Sendo o contrato um acordo de duas ou mais vontades, estas não são emitidas ao mesmo tempo,
mas sim sucessivamente, com um intervalo razoável entre uma e outra. Existe uma parte que toma
a iniciativa, dando início à formação do contrato, ao formular a proposta.
A proposta constitui uma declaração inicial de vontade e cuja finalidade é a realização de um
contrato. A oferta de contrato, em regra, obriga o proponente.
7.1 A PROPOSTA
Pode-se dizer que a proposta é uma declaração receptícia de vontade, que se dirige de uma pessoa
para a outra e na qual se manifesta a intenção de se considerar vinculada se a outra parte aceitar.
Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela,
da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso.
Nesta fase da formação do contrato, quem faz a proposta é chamado de proponente (ou
policitante), já quem aceita é chamado de destinatário (ou oblato). De acordo com o artigo 427,
visto acima, o proponente não pode retirar a proposta sem explicações sob pena de responder por
perdas e danos.
É importante destacar que este não é um preceito absoluto, uma vez que existem situações em que
a proposta não obrigará o proponente, quais sejam: ¹quando tratar-se apenas de um convite a
contratar (lá na fase das negociações preliminares); ²quando na própria proposta contiver uma
cláusula afirmando que a proposta não é obrigatória; ou ³quando o contrário não resultar da
natureza do negócio ou das circunstâncias do caso.
O artigo seguinte nos traz os casos em que a proposta não será obrigatória12:
Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta:
I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também
presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante;
Se a proposta foi feita entre presentes (ou seja, o contato é feito pessoalmente) e não sendo aceita
de pronto, desobrigará o proponente. considera-se também um contato feito pessoalmente,
aquele realizado por intermédio de telefone ou outro meio de comunicação semelhante, de forma
direta ou simultânea.
Então, por exemplo, João fez uma proposta pessoalmente a Paulo e não estipulou um prazo para
resposta, caso Paulo não a aceite imediatamente, a proposta deixa de ser obrigatória.
II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao
conhecimento do proponente;
III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado;
12
No sentido de obrigatoriedade do cumprimento da proposta. Nesta análise é levado em consideração o fato de a proposta ser
à à à à àOà à ausentes à à à -se apenas à existência ou não de um contato
direto entre os contratantes.
Nesta hipótese, a proposta foi feita a pessoa ausente e com um prazo certo para que fosse dada
uma resposta. Se o oblato (destinatário) não se pronunciar no tempo estipulado, fica obviamente o
proponente desobrigado.
Art. 429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos essenciais ao
contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos.
Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, desde que ressalvada
esta faculdade na oferta realizada.
O artigo 429 preceitua que a oferta ao público ganha caráter de proposta quando seu conteúdo
oferece os requisitos essenciais à contratação, gerando vínculo obrigatório para o ofertante. Estas
ofertas ao público podem ser aquelas transmitidas por rádio, televisão ou quaisquer outros meios
de comunicação em massa.
A revogação da proposta feita ao público é possível, mas deverá ser feita da mesma forma e com
o mesmo destaque com que foi feita a proposta e desde que tenha resguardado este direito na
proposta feita. E à à à à à à à à à à à à
deverá ter o mesmo destaque.
Comentários:
De acordo com o Código Civil:
Art. 429. Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, desde
que ressalvada esta faculdade na oferta realizada.
Gabarito: Correto.
7.2 A ACEITAÇÃO
A aceitação vem a ser a manifestação da vontade, expressa ou tácita, por parte do destinatário (ou
oblato). A aceitação deve ser feita dentro do prazo proposta, chegando oportunamente ao
conhecimento do ofertante. Ao aceitar a proposta o aceitante adere a todos os seus termos.
Segundo Mosset13: A
Art. 430. Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao conhecimento do proponente,
este comunicá-lo-á imediatamente ao aceitante, sob pena de responder por perdas e danos.
Se a aceitação chegar fora do prazo, por circunstâncias imprevistas, o proponente deverá comunicar
imediatamente ao aceitante sobre o atraso, para se precaver de possíveis prejuízos por conta da não
conclusão do contrato. Se não tomar tal providência corre o risco de responder por perdas e danos14.
13
Mosset, Contratos, p 105. Em Nelson Nery Júnior, Código Civil Comentado, Revista dos Tribunais, 8ª ed., pág. 566.
14
CC Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele
efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.
Art. 431. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará nova
proposta.
Se a aceitação chegar ao proponente fora do tempo hábil para o aceite ou, ainda, se trouxer
modificações à proposta original, será considerada uma nova proposta (ou contraproposta) do
aceitante direcionada ao proponente, ficando sujeita à sua concordância.
Art. 432. Se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa, ou o proponente
a tiver dispensado, reputar-se-á concluído o contrato, não chegando a tempo a recusa.
O art. 432 nos trouxe o caso de aceitação tácita, nesta situação o contrato será considerado perfeito
e acabado se a recusa não chegar a tempo.
A aceitação tácita é válida em duas situações: Não seja costume a aceitação expressa; ou o
proponente a tiver dispensado.
Art. 433. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao proponente a
retratação do aceitante.
A mesma regra que vimos para a proposta vale para a aceitação, ou seja, se a retratação do aceitante
chegar antes da aceitação, ou simultaneamente a esta, considera-se inexistente a aceitação.
O contrato entre ausentes nem sempre está relacionado à presença física dos contratantes no
momento da formação do contrato, mas sim a existência de relacionamento direto entre os
contratantes. Para a lei, em relação aos contratos, são considerados ausentes os que fazem suas
negociações através da troca de correspondências ou documentos.
Quando o contrato é celebrado entre ausentes, o contrato se tornará perfeito, em regra, quando a
aceitação do oblato for expedida. As exceções são encontradas nos incisos do art. 434.
Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida, exceto:
I - no caso do artigo antecedente;
Este inciso nos remete ao art. 433, que trata a hipótese da retratação do aceitante chegar antes ou
ao mesmo tempo do aceite. Quando isso acontecer, sendo válida a retratação, será considerada
inexistente a aceitação.
Quando o contrato for entre presentes também considerado o celebrado por telefone ou
videoconferência, o lugar da celebração será onde as pessoas se encontrarem presentes e onde o
contrato é proposto. Quando o contrato for entre ausentes, o lugar será aquele onde for expedida
a proposta.
8. DO CONTRATO PRELIMINAR
O contrato preliminar está disciplinado no CC, nos artigos 462 a 466 e tem como objeto outro
contrato (o definitivo), não devendo ser confundido com o contato preliminar.
Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais
ao contrato a ser celebrado.
15
Tomasetti, contrato preliminar, § 3º, p. 18. Em Nelson Nery Júnior, Código Civil Comentado, Revista dos Tribunais, 8ª ed., pág.
580.
Art. 463. Concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no artigo antecedente, e
desde que dele não conste cláusula de arrependimento, qualquer das partes terá o direito de exigir
a celebração do definitivo, assinando prazo à outra para que o efetive.
Assim, o contratante interessado pode exigir do outro a celebração do contrato definitivo, desde
que não haja cláusula de arrependimento16, isto ocorre por meio de notificação judicial ou
extrajudicial, onde constará o prazo para sua efetivação.
Art. 463. Parágrafo único. O contrato preliminar deverá ser levado ao registro competente.
Para que o contratante interessado possa exigir a celebração do contrato definitivo, o contrato
preliminar deve ser registrado no cartório competente. O registro serve para se dar conhecimento
a todos da existência do contrato, seja ele preliminar ou definitivo, sendo, por este motivo, um ato
necessário.
Art. 464. Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessado, suprir a vontade da parte
inadimplente, conferindo caráter definitivo ao contrato preliminar, salvo se a isto se opuser a
natureza da obrigação.
Este artigo autoriza que o contratante interessado recorra à justiça para ter, a partir do contrato
preliminar, o contrato definitivo. Assim, o juiz, na sentença, fixará um prazo para que a outra parte
efetive o contrato. Se esta decisão judicial não for cumprida, o juiz suprirá a manifestação de vontade
faltante, transformando o contrato preliminar em definitivo.
16
Cláusula de arrependimento, como o próprio nome diz, é a cláusula que permite às partes o arrependimento da celebração do
contrato.
Art. 465. Se o estipulante não der execução ao contrato preliminar, poderá a outra parte considerá-
lo desfeito, e pedir perdas e danos.
De acordo com este artigo, pode o contratante interessado, para a efetivação contratual, ao invés
de acionar o judiciário, simplesmente desistir do contrato e pedir perdas e danos. Trata-se de
escolha, que ficará a critério do contratante interessado.
Art. 466. Se a promessa de contrato for unilateral, o credor, sob pena de ficar a mesma sem efeito,
deverá manifestar-se no prazo nela previsto, ou, inexistindo este, no que lhe for razoavelmente
assinado pelo devedor.
Quando a promessa de contrato for unilateral a parte que se beneficiará (o credor) deve manifestar-
se no prazo previsto (se existir) da opção de realizar o contrato ou não. Se não existir prazo, deverá
o devedor estipular um. Se o credor não se manifestar em tempo hábil, fica a promessa sem efeito,
sem validade.
Perceba que o contrato preliminar tem por objetivo delinear os contornos do contrato definitivo,
gerando, inclusive, direitos e deveres para as partes, pois estas assumem uma obrigação, a de fazer
o contrato final. Trata-se de uma promessa de contratar.
Na estipulação em favor de terceiro (como o próprio nome diz) existirá uma terceira pessoa. Temos,
então, a presença de três figuras, que são: o estipulante aquele que estipula em benefício da
terceira pessoa; o promitente aquele que se obriga a cumprir o acordo em favor do beneficiário;
e o beneficiário (que é o terceiro) - a pessoa determinada ou indeterminada que receberá o
benefício. É importante destacar que embora a validade do contrato não esteja subordinada a
vontade do beneficiário, o mesmo não podemos afirmar com relação à eficácia do negócio, porque,
neste caso, será necessária a aceitação por parte daquele que se beneficia18.
Um exemplo bastante comum de contrato em favor de terceiro é aquele que beneficia em um
seguro, uma terceira pessoa, que não participou diretamente da relação, do vínculo, contratual. O
terceiro não é parte no contrato.
Ainda explicaremos o contrato de seguro, mas haverá uma exceção, trata-se de uma impossibilidade
de se estipular em favor de terceiro, no concubinato.
Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação.
17
Carlos Roberto Gonçalves, Direito Civil Esquematizado, 2ª ed.
18
Carlos Roberto Gonçalves, Direito Civil Brasileiro 3, ed. Saraiva, 9ª ed.
Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação, também é permitido exigi-
la, ficando, todavia, sujeito às condições e normas do contrato, se a ele anuir, e o estipulante não o
inovar nos termos do art. 438.
O art. 436 dá ao estipulante o poder de exigir o cumprimento da obrigação por parte do promitente.
O beneficiário também poderá exigir o cumprimento do contrato, isto se este direito não estiver
vedado expressamente no próprio contrato e desde que o estipulante não o tenha substituído,
conforme o autoriza o art. 438.
Art. 438. O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro designado no contrato,
independentemente da sua anuência e da do outro contratante.
Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato entre vivos ou por disposição de última
vontade.
Assim, o beneficiário substituído perderá todo e qualquer direito que lhe fora conferido, não
cabendo nenhuma indenização.
Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito de reclamar-lhe a
execução, não poderá o estipulante exonerar o devedor.
Deste modo, o estipulante tem o direito de substituir tanto o beneficiário como também de
substituir, exonerando o promitente da obrigação. Caso isso venha a acontecer exoneração do
promitente, a estipulação em favor de terceiro ficará sem efeito. Mas se for autorizado ao
beneficiário reclamar a execução do contrato, o estipulante não poderá exonerar o promitente.
Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o
não executar.
Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente,
¹dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e ²desde que, pelo regime do casamento, a
indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens.
Assim, se o terceiro não efetuar a obrigação pretendida pelas partes o promitente responderá com
uma indenização por perdas e danos. O parágrafo único traz a exceção de tal responsabilidade, no
caso de o terceiro ser o cônjuge do promitente.
Quando o terceiro se comprometer a efetuar a obrigação a situação se modifica. Neste caso, não
haverá para o promitente qualquer responsabilização. Quando o terceiro aceitar a obrigação que o
promitente lhe propôs, ele deixa de ser estranho à relação jurídica e, agora, recairá sobre ele uma
eventual indenização.
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou
defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor.
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas.
Deste modo, a pessoa que adquire uma coisa que contenha um vício ou defeito oculto, que a tornem
imprópria para o uso ou lhe diminuam o valor, poderá ajuizar uma ação redibitória para a rejeição
da coisa e a devolução do valor pago, com a devolução da coisa a seu antigo dono.
Poderá também propor uma ação estimatória, para o caso de o defeito oculto diminuir o valor da
coisa, onde pedirá a devolução de parte do valor que pagou como abatimento.
Segundo o parágrafo único do art. 441, as disposições aplicáveis aos vícios e defeitos cultos também
são aplicáveis quando o negócio se deu por doações onerosas. Doações onerosas são aquelas em
que o doador impõe ao beneficiário uma incumbência ou dever, há, por exemplo, um encargo. Este
tipo de doação, nos termos do art. 539, deve ter aceitação expressa pelo beneficiário (donatário).
19
Carlos Roberto Gonçalves, Direito Civil Esquematizado, 2ª ed.
20
Contrato comutativo é aquele contrato oneroso em que a prestação corresponde a uma contraprestação, que é certa e
determinada.
Gabarito: Correto.
Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar
abatimento no preço.
Este artigo apresenta uma opção ao adquirente da coisa. Assim, se o adquirente da coisa que contém
vício redibitório quiser, em vez de tornar sem efeito o contrato e pedir o valor da coisa de volta,
poderá pedir o abatimento do valor pago, através de uma ação estimatória, permanecendo o bem
em seu poder.
O adquirente poderá:
ou
reclamar abatimento no
rejeitar a coisa
preço
Art. 443. ¹Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e
danos; ²se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato.
O artigo 443 estabelece diferenças entre o alienante que age de má-fé e o que age de boa-fé, quais
sejam: ¹se o vendedor sabia do vício, e, portanto, agiu de má-fé, terá que pagar ao adquirente o
valor que foi pago pela coisa mais perdas e danos; porém ²se o vendedor não sabia do vício agiu
de boa-fé, terá que restituir o valor recebido mais as despesas do contrato.
Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder do alienatário,
se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da tradição.
Nesta situação, o vendedor responde pelo vício nos mesmos termos do artigo antecedente, mesmo
que a coisa se acabe em poder do adquirente e desde que o motivo que tenha ocasionado este
perecimento seja o vício oculto já existente na época da venda.
Estes dois prazos volta e meia aparecem nas provas, vamos utilizar esta dica para memorização:
Logo após passar no concurso, com seu primeiro vencimento você resolve comprar um carro (bem
móvel) e um apartamento (bem imóvel). Caso existam defeitos ocultos, você terá 30 dias para
reclamar com relação ao carro e um ano para reclamar com relação ao apartamento. E um detalhe,
digamos que você já estava de posse destes bens, neste caso os prazos contam da alienação e são
reduzidos pela metade.
§ 1º. Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do
momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de
bens móveis; e de um ano, para os imóveis.
§ 2º. Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os
estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no
parágrafo antecedente se não houver regras disciplinando a matéria.
Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula de garantia; mas
o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento,
sob pena de decadência.
Assim, se houver garantia da coisa, e o defeito aparecer após a coisa ser adquirida, esta garantia
impede que os prazos de decadência previstos no art. 445, comecem a correr. Somente começarão
a correr após o término da garantia. No caso do vendedor não solucionar o defeito, aí sim poderá o
adquirente ajuizar a ação redibitória ou a estimatória.
12. DA EVICÇÃO
Segundo Carlos Roberto Gonçalves: E perda da coisa em virtude de sentença judicial, que
21
a atribui a outrem por causa jurídic . (grifos nossos)
Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda
que a aquisição se tenha realizado em hasta pública.
Deste modo, a evicção aparece como uma garantia dada em favor do adquirente, em um contrato
oneroso, contra o alienante.
Na evicção temos três figuras: o evicto que é quem perde o bem na ação; e o alienante que é
quem vendeu o bem e o responsável pela evicção; o evictor que é quem ganha à ação na justiça e
readquire o bem.
Assim, para que haja a evicção, é necessário que se configure em um contrato do tipo oneroso, um
vício de direito anterior ou ao mesmo tempo da celebração do contrato. Por meio de uma sentença
judicial, na hora em que for realizar o negócio jurídico a pessoa perderá a posse, o uso ou a
propriedade da coisa.
A evicção poderá, ainda, ser total - quando recair sobre a totalidade do bem, ou parcial quando
recair somente sobre uma parte dele.
21
Carlos Roberto Gonçalves Direito Civil Esquematizado, 2ª ed.
O que ocorre na evicção é o seguinte: fica decidido judicialmente que Paulo não tinha o direito
legítimo sobre a coisa alienada. O titular do direito sobre a coisa passou a ser Lucas. Ocorreu a perda
da coisa para um terceiro (Lucas), por exemplo, por usucapião. Paulo (alienante), nesta situação,
responderá pela evicção junto ao adquirente (João).
Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade
pela evicção.
As partes contratantes, por acordo seu, podem estipular expressamente no contrato cláusula, para
reforçar, diminuir ou excluir o alienante da responsabilidade da evicção.
Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito
o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele
informado, não o assumiu.
Este artigo prevê uma limitação que é a colocação de cláusula conforme previu o artigo anterior
art. 448. Assim, o valor da coisa deverá ser devolvido, mesmo se o contrato contiver a cláusula que
exclui ou diminui a responsabilidade do alienante, se o evicto não sabia do risco da evicção ou se foi
avisado, mas não o assumiu neste caso deverá também, estar expresso no contrato.
No segundo caso, em que o evicto foi avisado do risco da evicção, mas não o assumiu, terá direito a
receber apenas o valor pago pela coisa. Não terá direito a perdas e danos porque sabia do risco.
Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço
ou das quantias que pagou:
I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;
Estes frutos são gerados periodicamente pela coisa ou pela propriedade, sem alteração de sua
natureza e sem que se extinga sua ação produtiva. Assim, além de cobrar do alienante o preço da
coisa poderá também cobrar a indenização sobre os frutos que teve que pagar ao evictor.
II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da
evicção;
O evicto terá o direito de cobrar pelas despesas do contrato como, por exemplo, o custo da escritura.
Também terá direito aos prejuízos resultantes da evicção como, por exemplo, a diferença de valor
do bem a época que o perdeu com a evicção em relação à época que o adquiriu.
Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em que
se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial.
Quando a evicção for total, o evicto terá direito de receber o valor da coisa na época da evicção. Se
a coisa se valorizou receberá esta diferenciação do alienante, se a coisa sofreu depreciação poderá
o alienante pagar um valor menor ao evicto.
Quando a evicção for parcial o valor a ser restituído também será o da época que se deu a evicção,
e a indenização será proporcional à parte que se perdeu.
Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada esteja deteriorada,
exceto havendo dolo do adquirente.
Por este artigo, a responsabilidade do alienante persiste, mesmo que a coisa esteja deteriorada. Só
estará isento desta responsabilidade, se o evicto agiu de má-fé com o intuito de prejudicar o evictor
e o alienante, de forma dolosa.
Art. 452. Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, e não tiver sido condenado a
indenizá-las, o valor das vantagens será deduzido da quantia que lhe houver de dar o alienante.
Imaginemos que João era dono de uma casa, e que resolveu transformá-la. E durante esta
transformação vendeu portas e janelas que não iria mais usar. Aqui vamos ter duas situações: se
João que obteve vantagens com a venda, for condenado por sentença judicial a indenizar o evictor
por conta da transformação da casa, terá ele direito de receber do alienante o valor total da casa
perdida por evicção. Porém, se João que obteve vantagens com a venda das portas e janelas, e não
foi condenado a restituir este valor ao evictor, o valor a ser ressarcido pelo alienante sofrerá um
abatimento.
Art. 453. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção, serão pagas
pelo alienante.
Este artigo nos traz uma situação diferente. Onde o evicto será indenizado pelo evictor pelas
benfeitorias necessárias ou úteis que fez na coisa e que não foram abonadas22. Este valor entrará
na conta de indenização que será paga pelo alienante, que por sua vez poderá ingressar com uma
ação regressiva contra o evictor.
Art. 454. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas pelo alienante, o
valor delas será levado em conta na restituição devida.
Neste caso, as benfeitorias foram feitas pelo alienante, e se entraram na conta da indenização
foram abonadas, portanto, o alienante poderá descontar o valor referente a tais benfeitorias, do
total a ser pago ao evicto. Se as benfeitorias não foram abonadas na sentença, deverão ser pagas
pelo evictor para o alienante.
Art. 455. Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre a rescisão do
contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido. Se não for
considerável, caberá somente direito a indenização.
Se a evicção for parcial, mas a perda for considerável, o evicto poderá optar pela rescisão contratual,
e neste caso deverá devolver a coisa ao alienante, no mesmo estado que a recebeu, e o alienante
restituirá o preço pago. Se o evicto optar pela restituição da parte do preço correspondente ao
desfalque sofrido, este valor será calculado proporcionalmente ao valor da coisa no tempo da
evicção.
Art. 456. Para poder exercitar o direito que da evicção lhe resulta, o adquirente notificará do litígio
o alienante imediato, ou qualquer dos anteriores, quando e como lhe determinarem as leis do
processo.
Parágrafo único. Não atendendo o alienante à denunciação da lide, e sendo manifesta a procedência
da evicção, pode o adquirente deixar de oferecer contestação, ou usar de recursos.
Este artigo foi revogado pela Lei nº 13.105/15.
Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa.
Este é o caso em que o adquirente não está protegido da evicção, porque sabia que a coisa era de
outra pessoa, que não pertencia ao alienante, ou que era objeto de litígio judicial, agiu de má-fé,
portanto terá direito somente ao valor que pagou pela coisa.
22
Quer dizer que não foram reembolsadas na sentença.
O contrato de seguro por tempo indeterminado, aquele que é para a vida inteira, não pode ser
considerado aleatório. Será comutativo, uma vez que a morte é um evento futuro, mas que não é
incerto.
Art. 458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não
virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de receber integralmente o que lhe
foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado
venha a existir.
Dispõe este artigo, que se o contrato for aleatório, tendo como seu objeto coisa futura e incerta,
com o risco de não vir a acontecer, mas assumido por um dos contratantes, a outra parte receberá
todo o preço da coisa.
Usando o exemplo do contrato de seguro: Nós pagamos todo o preço do seguro, mesmo que o
sinistro (por exemplo, o acidente) não aconteça, não é verdade?
O adquirente assume o risco relativo a coisa, mas o alienante, para receber o preço, não pode agir
com culpa ou dolo.
Art. 459. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de
virem a existir em qualquer quantidade, terá também direito o alienante a todo o preço, desde que
de sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à
esperada.
23
Nelson Nery Júnior, Código Civil Comentado, Revista dos Tribunais, 8ª ed., pág. 577.
Este artigo trata da hipótese de risco ligado a quantidade maior ou menor da coisa esperada. O preço
será devido ao alienante mesmo que a quantidade seja menor que a esperada.
Art. 459. Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e o alienante
restituirá o preço recebido.
Assim, se nada vier a existir da coisa comprada, haverá falta do objeto e será nulo o contrato e o
alienante deverá devolver o valor que foi recebido.
Para melhor compreensão vamos usar outro exemplo: Imagine uma colheita de morangos! Se o
adquirente quiser comprar a colheita futura, qualquer que seja a quantidade, mesmo se menor que
a esperada, terá ele que aceitar. Porém, se nada for colhido, existirá falta do objeto do contrato e,
como sabemos, o objeto é um dos requisitos básicos do contrato, sendo assim, este será nulo.
Art. 460. Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas expostas a risco,
assumido pelo adquirente, terá igualmente direito o alienante a todo o preço, posto que a coisa já
não existisse, em parte, ou de todo, no dia do contrato.
O caso deste artigo é aquele em que o contrato tem por objeto coisas já existentes, mas que estão
expostas a riscos. Se mesmo assim o adquirente quiser a coisa, com a incerteza da existência da coisa
no dia do contrato, o alienante terá direito a receber o preço integral.
Art. 461. A alienação aleatória a que se refere o artigo antecedente poderá ser anulada como dolosa
pelo prejudicado, se provar que o outro contratante não ignorava a consumação do risco, a que no
contrato se considerava exposta a coisa.
Deste modo, a venda aleatória de coisa sujeita a risco poderá ser anulada se o adquirente provar
que a conduta do alienante foi dolosa porque tinha conhecimento, quando da conclusão do
contrato, de que a coisa já não mais existia e que, mesmo sabendo da inexistência da coisa, no todo
ou em parte, omitiu dolosamente tal fato.
Art. 467. No momento da conclusão do contrato, pode uma das partes reservar-se a faculdade de
indicar a pessoa que deve adquirir os direitos e assumir as obrigações dele decorrentes.
A pessoa escolhida para a substituição poderá aceitar ou não, no entanto, uma vez aceitando,
assumirá o lugar da parte nomeante, ficando responsável por todas as obrigações deste o início do
contrato.
Se a pessoa indicada recusar esta inclusão ou o nomeante não indicar pessoa para substituí-lo, o
contrato ficará valendo, mas entre as partes originais.
Art. 468. Essa indicação deve ser comunicada à outra parte no prazo de cinco dias da conclusão do
contrato, se outro não tiver sido estipulado.
Parágrafo único. A aceitação da pessoa nomeada não será eficaz se não se revestir da mesma forma
que as partes usaram para o contrato.
Esta comunicação é importante para que torne eficaz a cláusula, e não se prolongue a incerteza.
Importante você notar também que, por exemplo, se para o contrato foi exigido documento público,
a aceitação também deve ser feita por instrumento público.
O contrato permanecerá válido entre as partes originais se a nomeação não for eficaz, por não ter a
mesma forma do contrato.
Art. 469. A pessoa, nomeada de conformidade com os artigos antecedentes, adquire os direitos e
assume as obrigações decorrentes do contrato, a partir do momento em que este foi celebrado.
Este artigo reforça o conteúdo do art. 467, a aceitação tem efeito ex tunc ou seja, retroage ao
início do contrato, ao momento da celebração.
Caso já comentado, se não for feita a nomeação no prazo de cinco dias contados desde a celebração
do contrato, ou no prazo acordado entre as partes, ou se feita a nomeação dentro do prazo, o
nomeado não aceitar. Em ambos os casos a cláusula de reserva de nomeação ficará sem efeito,
permanecendo o contrato válido e eficaz entre as partes originárias.
15.1 DO DISTRATO
O distrato é um acordo entre as partes contratantes com o objetivo de dissolver o contrato antes
pactuado.
Art. 472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato.
De acordo com o artigo 472, temos, por exemplo, que se para a formação do contrato era exigida a
escritura pública, para o distrato também haverá a mesma exigência. O distrato seguirá a forma do
contrato.
Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o permita, opera
mediante denúncia notificada à outra parte.
Deste modo, a resilição unilateral24 pode ocorrer em determinados contratos, desde que a lei
permita, sendo feita através de notificação à outra parte.
24
Resilição unilateral é meio de extinção do contrato por vontade de uma das partes.
Parágrafo único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito
investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois
de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos.
Esta situação é justamente a que encontramos no parágrafo único do artigo 473. Assim, a denúncia
unilateral só terá efeito depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos
investimentos e caberá ao juiz com a ajuda de perícia técnica, determinar qual é este prazo.
Cláusula resolutiva é aquela que irá rescindir o contrato por inadimplemento (não cumprimento)
de uma das partes.
Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação
judicial.
A cláusula resolutiva pode vir ¹expressa no contrato caso em que a rescisão será automática (opera
de pleno direito), sem necessidade de recorrer ao sistema judiciário, cabendo ao inadimplente o
pagamento de perdas e danos; ou ²tácita neste caso a rescisão dependerá de decisão judicial.
Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir
exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos.
Assim, a parte lesada tem duas opções: ou requer a resolução do contrato com perdas e danos, ou
exige o cumprimento da obrigação contratual com perdas e danos.
O adimplemento substancial do Contrato não está previsto de forma expressa no Código Civil de
2002, mas unido ao princípio da boa-fé nos contratos.
Sobre o tema, foi aprovado o enunciado n. 361, na IV Jornada de Direito Civil do Conselho da Justiça
F à à à à Oà à à à à à à à
de modo a fazer preponderar a função social do contrato e o princípio da boa-fé objetiva, balizando
à à à à
A teoria do adimplemento substancial defende que não se deve considerar resolvida a obrigação
quando a atividade do devedor, embora não tenha sido perfeita ou não atingido plenamente o fim
proposto, aproxima-se consideravelmente do seu resultado final.
O adimplemento substancial tem sido aplicado, regularmente, nos contratos de seguro, e não
permite a resolução do vínculo contratual se houver o cumprimento significativo da obrigação
assumida. Conforme as peculiaridades do caso, a teoria do adimplemento substancial atua como um
instrumento de equidade diante da situação fático-jurídica, permitindo soluções razoáveis e
sensatas.
Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação,
pode exigir o implemento da do outro.
De acordo com este artigo, nos contratos bilaterais existem direitos e obrigações para ambas as
partes. Assim, nenhum dos contratantes poderá exigir do outro o cumprimento da obrigação se ele
mesmo não cumpriu com a sua.
Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua
obrigação, pode exigir o implemento da do outro.
Gabarito: Correto.
Art. 477. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em
seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a
outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê
garantia bastante de satisfazê-la.
Este artigo autoriza a uma das partes, mediante a incerteza de que a outra parte cumprirá com sua
obrigação, que suspenda o adimplemento de sua parte na obrigação, até que a outra cumpra com
a sua obrigação, ou que preste garantia bastante de que vai satisfazê-la.
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se
tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de
acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato.
Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.
Este artigo apresenta outra forma de se acabar com um contrato, ela ocorre quando, em um
contrato, a prestação se torna muito onerosa para uma das partes, sem a contrapartida da outra.
Esta onerosidade deve ser em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis,
consagrando a chamada teoria da imprevisão. Não basta que ocorra um evento extraordinário ele
precisa ser imprevisível25.
Assim, diante desses acontecimentos, poderá o devedor pedir a resolução contratual por
onerosidade excessiva. Este pedido será analisado pelo juiz, que, tomando por base a situação,
decidirá se existem ou não os requisitos da onerosidade excessiva.
Para que um contrato possa ser desfeito pelo motivo de onerosidade excessiva, são requisitos:
✓Ser contrato comutativo26 e que sua execução seja continuada;
✓Que ocorra uma mudança radical nas situações econômicas na sua execução em relação a sua
formação;
✓Que para uma das partes se torne muito onerosa a prestação sem contrapartida para a outra
parte;
✓Que esta mudança de situação deva-se a um evento extraordinário e imprevisível.
25
áà à à à à à à à à à à à
26
Contrato comutativo = contrato com prestações certas e determinadas.
Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar equitativamente as
condições do contrato.
Caso seja possível restabelecer o equilíbrio da prestação, não há motivos para a resolução do
contrato, não é mesmo?
Por isso a iniciativa do réu à à à à à à à à à
proporciona um desfecho menos oneroso para o à que a extinção do contrato.
As prestações que já foram pagas não podem ser revistas na ação por onerosidade excessiva, e as
que foram pagas durante o curso do processo poderão ser modificadas com a prolação da sentença.
Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear que
a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade
excessiva.
Neste caso trata-se de um contrato unilateral, em que a ação é preventiva, ou seja, é para evitar que
o contrato se torne muito oneroso para a parte devedora.
Este é um dos principais contratos apresentados pelo código civil, é também um contrato bastante
comum no cotidiano das pessoas.
Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, ¹um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de
certa coisa, e ²o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.
27
Caio Mario da Silva Pereira, Instituições de direito Civil, volume I, 25 ed.
Assim, são elementos essenciais do contrato de compra e venda: ¹a coisa (ou res); ²o preço; e ³o
consentimento das partes.
O consenso, ao lado do preço e da coisa, é elemento essencial à compra e venda. Logo, é o aceite,
face à proposta de venda da coisa, que faz com que o contrato se aprimore nos termos da lei.
Quanto ao objeto (a coisa do negócio jurídico), este deve ter existência real ou ao menos potencial.
No artigo seguinte (art. 484) temos a venda realizada por meio de amostras, protótipos ou modelos.
Nesta situação, o alienante (ou vendedor) tem a obrigação de entregar coisa com as mesmas
características apresentadas quando do fazimento do contrato. Se demorar, ou o cumprimento da
obrigação se der de forma deficiente, terá o comprador o direito de exigir a coisa pelas mesmas
características apresentadas na amostra, protótipo ou modelo.
O preço corresponde à contraprestação a ser oferecida pelo comprador face à coisa vendida.
Corresponde a uma soma em dinheiro equivalente ao valor do objeto vendido. O preço, em regra, é
ajustado pelas partes, mas poderá ficar a cargo de terceiro, se assim for previamente ajustado.
Art. 485. A fixação do preço pode ser deixada ao arbítrio de terceiro, que os contratantes logo
designarem ou prometerem designar. Se o terceiro não aceitar a incumbência, ficará sem efeito o
contrato, salvo quando acordarem os contratantes designar outra pessoa.
Art. 490. Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de escritura e registro a cargo do
comprador, e a cargo do vendedor as da tradição28.
Pode se estipular em contrário, mas a regra é que, por exemplo, se João está vendendo a Isac, cabem
a Isac (comprador) as despesas de escritura e registro, já a João (vendedor) cabem as despesas com
a tradição (com a entrega da coisa).
OBS: Na compra de bens imóveis, exige-se escritura pública.
Art. 491. Não sendo a venda a crédito, o vendedor não é obrigado a entregar a coisa antes de receber
o preço.
Art. 492. Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do vendedor, e os do preço
por conta do comprador.
§ 1º. Todavia, os casos fortuitos, ocorrentes no ato de contar, marcar ou assinalar coisas, que
comumente se recebem, contando, pesando, medindo ou assinalando, e que já tiverem sido postas
à disposição do comprador, correrão por conta deste.
§ 2º. Correrão também por conta do comprador os riscos das referidas coisas, se estiver em mora de
as receber, quando postas à sua disposição no tempo, lugar e pelo modo ajustados.
...
Art. 502. O vendedor, salvo convenção em contrário, responde por todos os débitos que gravem a
coisa até o momento da tradição.
O comprador pode ordenar que a coisa seja expedida para local diverso daquele onde se encontra,
mas por sua conta que correrão todos os riscos da entrega ou tradição (art.494). O vendedor,
28
Tradição é a entrega da coisa. Assim, ficam a cargo do vendedor as despesas com a entrega da coisa.
neste caso, somente poderá ser responsabilizado se não procedeu adequadamente e não respeitou
as orientações dadas pelo comprador para a entrega do bem.
Art. 495. Não obstante o prazo ajustado para o pagamento, se antes da tradição o comprador cair
em insolvência, poderá o vendedor sobrestar na entrega da coisa, até que o comprador lhe dê caução
de pagar no tempo ajustado.
Se antes da tradição do bem o comprador cair em insolvência, poderá o vendedor exigir que aquele
ofereça garantias de que irá pagar o preço ajustado no tempo certo, segurando a entrega do bem
até que sejam prestadas tais garantias.
Vimos que o consentimento dos contratantes (sobre a coisa, o preço e demais condições do negócio
jurídico) é necessário para que se aperfeiçoe o contrato. Logo, será um requisito o fato de que a
pessoa que vende tenha a capacidade de alienar29, já a pessoa que compra necessita ter a
capacidade de obrigar-se.
As pessoas absolutamente incapazes serão representadas, do mesmo modo os relativamente
incapazes serão assistidos, por seus representantes legais, sob pena de o negócio ser nulo ou
anulável. Além disso, é imprescindível que as partes tenham legitimação para contratar, pois há
pessoas que não podem comprar ou vender, em razão de sua especial condição perante o negócio
que se pretende realizar.
Vamos ver os artigos que tratam das restrições à liberdade de compra e venda:
Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o
cônjuge do alienante expressamente houverem consentido.
Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cônjuge se o regime de bens
for o da separação obrigatória.
Art. 497. Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em hasta pública:
I - pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens confiados à sua guarda ou
administração;
II - pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa jurídica a que servirem, ou que
estejam sob sua administração direta ou indireta;
III - pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros serventuários ou auxiliares
da justiça, os bens ou direitos sobre que se litigar em tribunal, juízo ou conselho, no lugar onde
servirem, ou a que se estender a sua autoridade;
29
Tendo em vista que o contrato de compra e venda gera a obrigação de transferir a propriedade do bem vendido, e pressupõe
assim, o poder do vendedor dispor do bem.
O artigo 500 trata da venda de imóveis por medida certa. Nesta situação, o objeto pactuado tem
suas medidas descritas no contrato, determinando-se precisamente a extensão e a área.
Diante disso, se a coisa entregue não corresponder ao descrito no contrato, poderá o comprador
exigir a sua complementação30 e, não sendo esta possível, poderá então pedir o abatimento
proporcional do preço ou o desfazimento do negócio.
Art. 500. Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por medida de extensão, ou se determinar
a respectiva área, e esta não corresponder, em qualquer dos casos, às dimensões dadas, o comprador
terá o direito de exigir o complemento da área, e, não sendo isso possível, o de reclamar a resolução
do contrato ou abatimento proporcional ao preço.
§ 1º. Presume-se que a referência às dimensões foi simplesmente enunciativa, quando a diferença
encontrada não exceder de um vigésimo da área total enunciada, ressalvado ao comprador o direito
de provar que, em tais circunstâncias, não teria realizado o negócio.
§ 2º. Se em vez de falta houver excesso, e o vendedor provar que tinha motivos para ignorar a medida
exata da área vendida, caberá ao comprador, à sua escolha, completar o valor correspondente ao
preço ou devolver o excesso.
§ 3º. Não haverá complemento de área, nem devolução de excesso, se o imóvel for vendido como
coisa certa e discriminada, tendo sido apenas enunciativa a referência às suas dimensões, ainda que
não conste, de modo expresso, ter sido a venda ad corpus .
30
Que só será possível, se existir área remanescente na disponibilidade do alienante, sendo, assim, continua ao bem vendido.
Art. 501. Decai do direito de propor as ações previstas no artigo antecedente o vendedor ou o
comprador que não o fizer no prazo de um ano, a contar do registro do título.
Parágrafo único. Se houver atraso na imissão de posse no imóvel, atribuível ao alienante, a partir
dela fluirá o prazo de decadência.
Portanto, o prazo de decadência para a propositura de ações, para os casos do artigo 500, é de um
ano, a contar do registro do título. Isto porque, nos contratos de compra e venda de imóveis, a
transcrição da escritura é o elemento que aprimora o negócio.
Art. 503. Nas coisas vendidas conjuntamente, o defeito oculto de uma não autoriza a rejeição de
todas.
Assim, de acordo com o artigo, não havendo relação de interdependência entre as coisas, o defeito
oculto em uma não prejudica a funcionalidade, a eficiência e a segurança das demais.
O contrato de compra e venda, pode conter entre suas cláusulas, algumas que são chamadas de
especiais, desde que devidamente consentidas pelas partes.
1.retrovenda
As cláusulas especiais do contato de compra e venda
são parte do contrato, elas estarão presentes desde
2.venda a contento
que as partes consintam neste sentido.
3.preempção
4.reserva de domínio
16.1.2 RETROVENDA
Art. 505. O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la no prazo máximo de
decadência de três anos, restituindo o preço recebido e reembolsando as despesas do comprador,
inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuaram com a sua autorização escrita, ou para
a realização de benfeitorias necessárias.
Assim, de acordo com o artigo 505, a retrovenda é a cláusula pela qual o vendedor se reserva o
direito de reaver, no prazo máximo de três anos, o imóvel alienado. Desta forma, o comprador terá
uma propriedade resolúvel31, que poderá se extinguir no momento em que o vendedor exercer o
seu direito de reaver o bem. Isto ocorre mediante uma declaração unilateral de vontade (do
vendedor), sem ter que obedecer a nenhuma forma especial.
Art. 506. Se o comprador se recusar a receber as quantias a que faz jus, o vendedor, para exercer o
direito de resgate, as depositará judicialmente.
31
Propriedade resolúvel é aquela que está na pendência de uma condição resolutiva.
CC Art. 1.359. Resolvida a propriedade pelo implemento da condição ou pelo advento do termo, entendem-se também resolvidos
os direitos reais concedidos na sua pendência, e o proprietário, em cujo favor se opera a resolução, pode reivindicar a coisa do
poder de quem a possua ou detenha.
Art. 1.360. Se a propriedade se resolver por outra causa superveniente, o possuidor, que a tiver adquirido por título anterior à sua
resolução, será considerado proprietário perfeito, restando à pessoa, em cujo benefício houve a resolução, ação contra aquele cuja
propriedade se resolveu para haver a própria coisa ou o seu valor.
Parágrafo único. Verificada a insuficiência do depósito judicial, não será o vendedor restituído no
domínio da coisa, até e enquanto não for integralmente pago o comprador.
No caso de resistência por parte do comprador, cabe ao vendedor depositar judicialmente o valor,
para assim, garantir o direito de resgate do bem. É condição para que a retrovenda se opere: que o
depósito seja real, completo e efetivo face às despesas de contrato, benfeitorias necessárias e valor
da coisa vendida, além, daquelas despesas contratualmente ajustadas. Se o depósito for insuficiente
ou incompleto, não será o vendedor restituído ao domínio da coisa.
Art. 507. O direito de retrato, que é cessível e transmissível a herdeiros e legatários, poderá ser
exercido contra o terceiro adquirente.
O direito é o direito relacionado à retrovenda, este não é suscetível de cessão por ato inter vivos,
isto porque é direito personalíssimo do vendedor, entretanto, conforme verificamos no artigo 507,
passa para seus herdeiros ou legatários. Assim, a retrovenda é cessível e transmissível por ato causa
mortis, e poderá ser exercido contra terceiro adquirente32.
Art. 508. Se a duas ou mais pessoas couber o direito de retrato sobre o mesmo imóvel, e só uma o
exercer, poderá o comprador intimar as outras para nele acordarem, prevalecendo o pacto em favor
de quem haja efetuado o depósito, contanto que seja integral.
Havendo pluralidade de sujeitos com direito de retrato sob o mesmo imóvel, é imprescindível a
intimação de cada um deles, para que se pronunciem a respeito. O correndo recusa o retrato poderá
ser exercido apenas pelo interessado, que fara prevalecer seu direito de recomprar o bem, desde
que seja depositado o preço de forma integral.
Art. 509. A venda feita a contento do comprador entende-se realizada sob condição suspensiva,
ainda que a coisa lhe tenha sido entregue; e não se reputará perfeita, enquanto o adquirente não
manifestar seu agrado.
A venda a contento é uma cláusula que subordina o contrato à manifestação do comprador. Esta
cláusula confere ao comprador o direito de primeiramente apreciar a coisa e posteriormente recusá-
32
Terceiro adquirente é a pessoa que comprou o imóvel do comprador original que havia feito o contrato com a cláusula de
retrovenda.
Art. 510. Também a venda sujeita a prova presume-se feita sob a condição suspensiva de que a coisa
tenha as qualidades asseguradas pelo vendedor e seja idônea para o fim a que se destina.
A venda sujeita a prova também dá ao contrato de compra e venda efeito suspensivo. Mas difere
da venda a contento, porque a coisa será entregue para que o adquirente verifique se possui certas
características e qualidades face à sua utilidade e eficiência. A recusa neste caso precisa ser
justificada. Assim como ocorre na venda a contento, deve haver previsão de prazo para a resposta
no contrato.
Art. 511. Em ambos os casos, as obrigações do comprador, que recebeu, sob condição suspensiva, a
coisa comprada, são as de mero comodatário, enquanto não manifeste aceitá-la.
Assim, tanto ¹na venda a contento como ²na sujeita a prova, a manifestação do adquirente sobre a
coisa deve ser expressa, pois é a partir desta manifestação que o contrato se aprimora, enquanto
não houver manifestação o comprador é visto como mero comodatário.
Art. 512. Não havendo prazo estipulado para a declaração do comprador, o vendedor terá direito de
intimá-lo, judicial ou extrajudicialmente, para que o faça em prazo improrrogável.
Este artigo vem reforçar o que já dissemos antes, trata-se da importância da manifestação do
comprador para que o contrato se realize. Como o vendedor não pode ficar à mercê da vontade
exclusiva do comprador, caso não haja em contrato prazo para esta manifestação, poderá intimá-lo
judicial ou extrajudicialmente.
É importante destacar que o direito resultante dos contratos celebrados a contento ou sujeitos à
prova é personalíssimo, devendo o próprio adquirente se manifestar, assim, se ocorrer sua morte o
contrato se resolve, não há transferência de tal direito para os sucessores. O mesmo não ocorre se
falecer o vendedor.
Art. 514. O vendedor pode também exercer o seu direito de prelação, intimando o comprador,
quando lhe constar que este vai vender a coisa.
Assim como o antigo adquirente da coisa, móvel ou imóvel deve oferecer o bem ao seu antigo
proprietário, este, ao ter conhecimento de que ela será alienada, pode intimar o vendedor a
oferecer-lhe, respeitada a mesma proposta feita a terceiro.
Art. 515. Aquele que exerce a preferência está, sob pena de a perder, obrigado a pagar, em
condições iguais, o preço encontrado, ou o ajustado.
O exercício do direito de preferência sujeita seu titular a submeter-se às condições definidas pelo
vendedor. Deste modo, o preço e as condições de pagamento podem ser definidos livremente pelo
atual dono da coisa.
Art. 516. Inexistindo prazo estipulado, o direito de preempção caducará, se a coisa for móvel, não
se exercendo nos três dias, e, se for imóvel, não se exercendo nos sessenta dias subsequentes à data
em que o comprador tiver notificado o vendedor.
Os prazos deste artigo estabelecem a decadência no direito de preferência, quando este não estiver
previamente estipulado. O prazo legal poderá ser dilatado ou reduzido conforme ajustado
contratualmente.
Art. 517. Quando o direito de preempção for estipulado a favor de dois ou mais indivíduos em
comum, só pode ser exercido em relação à coisa no seu todo. Se alguma das pessoas, a quem ele
toque, perder ou não exercer o seu direito, poderão as demais utilizá-lo na forma sobredita.
Havendo mais de um sujeito com direito à preempção, todos deverão ser individualmente
notificados, porque cada qual poderá exercer seu direito potestativo. Desta forma, se alguns
perderem o direito, ou mesmo não se interessarem pelo seu exercício, outros poderão fazê-lo.
Art. 518. Responderá por perdas e danos o comprador, se alienar a coisa sem ter dado ao vendedor
ciência do preço e das vantagens que por ela lhe oferecem. Responderá solidariamente o adquirente,
se tiver procedido de má-fé.
Art. 519. Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social,
não tiver o destino para que se desapropriou, ou não for utilizada em obras ou serviços públicos,
caberá ao expropriado direito de preferência, pelo preço atual da coisa.
O direito de preempção subsiste a desapropriação do bem pelo poder público. E se este bem não
for utilizado para o destino que se desapropriou, cabe ao poder público oferecer preferencialmente
o imóvel ao expropriado pelo preço da expropriação. Esta é a chamada retrocessão. Se o poder
público desrespeitar a preferência, pode o expropriado pedir perdas e danos.
Art. 520. O direito de preferência não se pode ceder nem passa aos herdeiros.
Como já havíamos destacado, o direito de preferência confere ao seu titular um direito pessoal.
Art. 521. Na venda de coisa móvel, pode o vendedor reservar para si a propriedade, até que o preço
esteja integralmente pago.
Art. 522. A cláusula de reserva de domínio será estipulada por escrito e depende de registro no
domicílio do comprador para valer contra terceiros.
Art. 523. Não pode ser objeto de venda com reserva de domínio a coisa insuscetível de caracterização
perfeita, para estremá-la de outras congêneres. Na dúvida, decide-se a favor do terceiro adquirente
de boa-fé.
A coisa vendida deve ser perfeitamente caracterizada e individualizada. Esta regra visa proteger o
terceiro adquirente de boa-fé, mas também reforça a ideia de que o comprador, mesmo após entrar
na posse da coisa, terá condição de mero possuidor, até que o preço seja integralmente pago,
quando então poderá tornar-se proprietário.
Art. 524. A transferência de propriedade ao comprador dá-se no momento em que o preço esteja
integralmente pago. Todavia, pelos riscos da coisa responde o comprador, a partir de quando lhe foi
entregue.
Art. 525. O vendedor somente poderá executar a cláusula de reserva de domínio após constituir o
comprador em mora, mediante protesto do título ou interpelação judicial.
Art. 526. Verificada a mora do comprador, poderá o vendedor ¹mover contra ele a competente ação
de cobrança das prestações vencidas e vincendas e o mais que lhe for devido; ou ²poderá recuperar
a posse da coisa vendida.
Deste modo, em caso de mora do comprador, restarão ao vendedor duas opções: propor ¹uma ação
de cobrança ou ²uma ação de reintegração.
Art. 527. Na segunda hipótese do artigo antecedente, é facultado ao vendedor reter as prestações
pagas até o necessário para cobrir a depreciação da coisa, as despesas feitas e o mais que de direito
lhe for devido. O excedente será devolvido ao comprador; e o que faltar lhe será cobrado, tudo na
forma da lei processual.
Art. 528. Se o vendedor receber o pagamento à vista, ou, posteriormente, mediante financiamento
de instituição do mercado de capitais, a esta caberá exercer os direitos e ações decorrentes do
contrato, a benefício de qualquer outro. A operação financeira e a respectiva ciência do comprador
constarão do registro do contrato.
Art. 529. Na venda sobre documentos, a tradição da coisa é substituída pela entrega do seu título
representativo e dos outros documentos exigidos pelo contrato ou, no silêncio deste, pelos usos.
Parágrafo único. Achando-se a documentação em ordem, não pode o comprador recusar o
pagamento, a pretexto de defeito de qualidade ou do estado da coisa vendida, salvo se o defeito já
houver sido comprovado.
A venda sobre documentos possibilita que o contrato se aprimore mesmo sem a efetiva tradição da
coisa.
Art. 530. Não havendo estipulação em contrário, o pagamento deve ser efetuado na data e no lugar
da entrega dos documentos.
Art. 531. Se entre os documentos entregues ao comprador figurar apólice de seguro que cubra os
riscos do transporte, correm estes à conta do comprador, salvo se, ao ser concluído o contrato,
tivesse o vendedor ciência da perda ou avaria da coisa.
Art. 532. Estipulado o pagamento por intermédio de estabelecimento bancário, caberá a este efetuá-
lo contra a entrega dos documentos, sem obrigação de verificar a coisa vendida, pela qual não
responde.
Parágrafo único. Nesse caso, somente após a recusa do estabelecimento bancário a efetuar o
pagamento, poderá o vendedor pretendê-lo, diretamente do comprador.
16.2 DA LOCAÇÃO
Art. 565. Na locação de coisas, uma das partes se obriga a ceder à outra, por tempo determinado
ou não, o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa retribuição.
A locação de coisa é contrato bilateral, oneroso, real, e comutativo, que estabelece relação jurídica
intuito personae.
Seu objeto pode ser coisa móvel ou coisa imóvel. É um negócio jurídico através do qual uma das
partes (o locador) transfere a posse de bem infungível33 a outrem (ao locatário), garantindo-lhe o
uso e gozo da coisa, mediante pagamento de certa remuneração (aluguel).
É considerado um contrato não solene, pois não depende de forma especial. Este contrato pode ser
feito por tempo determinado ou não, sendo, desta forma, um negócio de duração variável.
Se for celebrado por prazo determinado, ao findar o prazo ajustado, o contrato cessará
independentemente de qualquer notificação.
Art. 573. A locação por tempo determinado cessa de pleno direito findo o prazo estipulado,
independentemente de notificação ou aviso.
Se for celebrado por prazo indeterminado, o contrato terminará por vontade de uma das partes,
que deverá comunicar a outra no prazo legal.
Art. 571. Havendo prazo estipulado à duração do contrato, antes do vencimento não poderá o
locador reaver a coisa alugada, senão ressarcindo ao locatário as perdas e danos resultantes, nem o
locatário devolvê-la ao locador, senão pagando, proporcionalmente, a multa prevista no contrato.
Parágrafo único. O locatário gozará do direito de retenção, enquanto não for ressarcido.
Art. 578. Salvo disposição em contrário, o locatário goza do direito de retenção, no caso de
benfeitorias necessárias, ou no de benfeitorias úteis, se estas houverem sido feitas com expresso
consentimento do locador.
Assim, o locatário tem o direito de continuar na posse do bem (direito de retenção), enquanto o
locador não indenizá-lo, seja em decorrência de desrespeito ao prazo do contrato ou por
33
Lembre-se bem infungível é aquele que não pode ser substituído.
benfeitorias realizadas, estas benfeitorias devem ser necessárias, se forem uteis, a sua realização
precisaria ter sido autorizada pelo locador.
Porém, se a indenização devida para o caso de devolução antes do término do contrato for
considerada excessiva, poderá o juiz reduzi-las a valores equitativos. Este é o teor do art. 572:
Art. 572. Se a obrigação de pagar o aluguel pelo tempo que faltar constituir indenização excessiva,
será facultado ao juiz fixá-la em bases razoáveis.
Ainda com relação ao prazo do contrato, temos um último artigo a este respeito:
Art. 574. Se, findo o prazo, o locatário continuar na posse da coisa alugada, sem oposição do locador,
presumir-se-á prorrogada a locação pelo mesmo aluguel, mas sem prazo determinado.
O locador é aquele que cede ao locatário a coisa, garantindo-lhe o uso e o gozo e devendo receber
em contrapartida, certa remuneração, que não necessariamente precisa ser ajustada em moeda. O
art. 566 estabelece quais são as obrigações do locador.
Da leitura do artigo em estudo, podemos perceber que o contrato de locação de coisas se aprimora
com a transferência da posse do bem ao locatário este é o primeiro dever elencado pelo
dispositivo que vimos acima. A entrega da coisa locada poderá ser feita ao mesmo tempo da
assinatura do contrato ou após.
Outra obrigação, que se depreende do artigo, é a do locador manter a coisa no estado em que for
entregue. Pois se ocorrer à deterioração da coisa locada, sem culpa do locatário, surgirá a
responsabilidade de reparação por parte do locador, sob pena de redução do aluguel ou rescisão
contratual. Este também é o teor do art. 567:
Art. 567. Se, durante a locação, se deteriorar a coisa alugada, sem culpa do locatário, a este caberá
pedir redução proporcional do aluguel, ou resolver o contrato, caso já não sirva a coisa para o fim a
que se destinava.
Assim, o locador deverá realizar os reparos necessários para que o bem possa ser utilmente
empregado. E por último, está também implícita, a obrigação do locador de entregar a coisa em
perfeitas condições de servir ao uso a que se destina.
O contrato de locação garante ao locatário a posse direta da coisa locada, podendo com isso usá-la
e gozá-la, porém respeitando sua destinação e natureza. Também, desse direito de uso e gozo,
decorre que o locador, durante o tempo de vigência do contrato, tem a obrigação de preservar este
direito, ou seja, não pode praticar ações que comprometam o uso e gozo da coisa locada, além de
proteger o locatário contra perturbações advindas de terceiros. Este é o conteúdo do art. 568:
Art. 568. O locador resguardará o locatário dos embaraços e turbações de terceiros, que tenham ou
pretendam ter direitos sobre a coisa alugada, e responderá pelos seus vícios, ou defeitos, anteriores
à locação.
A seguir veremos quais são os deveres do locatário, que estão previstos no art. 569:
Art. 569. O locatário é obrigado:
I - a servir-se da coisa alugada para os usos convencionados ou presumidos, conforme a natureza
dela e as circunstâncias, bem como tratá-la com o mesmo cuidado como se sua fosse;
II - a pagar pontualmente o aluguel nos prazos ajustados, e, em falta de ajuste, segundo o costume
do lugar;
III - a levar ao conhecimento do locador as turbações de terceiros, que se pretendam fundadas em
direito;
IV - a restituir a coisa, finda a locação, no estado em que a recebeu, salvas as deteriorações naturais
ao uso regular.
Observação: tanto o artigo que traz os deveres do locador quanto o que traz os deveres do locatário
são meramente exemplificativos e não taxativos. Isso quer dizer que, por meio de cláusulas
contratuais, outros deveres poderão ser estabelecidos.
✓O direito de uso e gozo do bem locado deve ser exercido respeitando a natureza da coisa e a sua
finalidade à à“ à à à à à à à à à à Se o
locatário empregar a coisa em uso diverso do ajustado, ou do a que se destina, ou se ela se danificar
por abuso do locatário, poderá o locador, além de rescindir o contrat . Este
artigo complementa o art. 569, I, que vimos acima, e vem reforçar a ideia de que o locatário deve
utilizar a coisa de acordo com o seu fim, se desrespeitar sua natureza ou destinação terá o dever de
indenizar o locador.
✓A devolução do bem ao final do contrato é um dever natural desta espécie contratual. Assim, o
locatário deve restituir ao locador, o bem, no estado em que o recebeu, salvo deterioração natural
pelo uso do bem. Se ao final do contrato, mesmo com a notificação do locador o locatário não
restituir a coisa, ficará sujeito às disposições do art. 575:
Art. 575. Se, notificado o locatário, não restituir a coisa, pagará, enquanto a tiver em seu poder, o
aluguel que o locador arbitrar, e responderá pelo dano que ela venha a sofrer, embora proveniente
de caso fortuito.
Parágrafo único. Se o aluguel arbitrado for manifestamente excessivo, poderá o juiz reduzi-lo, mas
tendo sempre em conta o seu caráter de penalidade.
Este aluguel que será arbitrado na notificação é chamado de aluguel pena, tendo em vista sua
natureza de cláusula penal. Além deste aluguel pena, o locatário que resiste a entregar a coisa,
responderá pelos danos que ela sofrer, mesmo que causados por caso fortuito.
Se durante a vigência de um contrato de locação, o bem locado for vendido, a pessoa que o adquiriu
não é obrigada a respeitar o contrato de locação, salvo se o contrato de locação contiver clausula
resguardando o locatário desta situação. É o que diz o art. 576:
Art. 576. Se a coisa for alienada durante a locação, o adquirente não ficará obrigado a respeitar o
contrato, se nele não for consignada a cláusula da sua vigência no caso de alienação, e não constar
de registro.
§ 1º. O registro a que se refere este artigo será o de Títulos e Documentos do domicílio do locador,
quando a coisa for móvel; e será o Registro de Imóveis da respectiva circunscrição, quando imóvel.
§ 2º. Em se tratando de imóvel, e ainda no caso em que o locador não esteja obrigado a respeitar o
contrato, não poderá ele despedir o locatário, senão observado o prazo de noventa dias após a
notificação.
O § 1º reforça a ideia de que é preciso que se registre o contrato de locação para que a cláusula
protetiva tenha validade. Já o § 2º estipula um prazo para que o locatário saia do bem.
Por fim, temos que o falecimento do locador ou do locatário, não extingue o contrato de locação de
coisa. Com a abertura da sucessão ele se transferirá aos herdeiros das partes. De acordo com o art.
577:
Art. 577. Morrendo o locador ou o locatário, transfere-se aos seus herdeiros a locação por tempo
determinado.
De acordo com Caio Mário da Silva Pereira34, o contrato de prestação de serviço é o contrato em
que uma das partes - o prestador, se obriga para com a outra o tomador, a fornecer-lhe a prestação
de uma atividade, mediante remuneração. Desta explicação podemos extrair suas características:
Bilateralidade, uma vez que traz obrigações para ambos os contraentes;
Onerosidade, pois é feita mediante pagamento;
Consensualidade, uma vez que é feita mediante acordo de vontade das partes.
Para o caso de ter-se um contrato na forma escrita e qualquer das partes não souber ler, nem
escrever, temos o art. 595:
Art. 595. No contrato de prestação de serviço, quando qualquer das partes não souber ler, nem
escrever, o instrumento poderá ser assinado a rogo e subscrito por duas testemunhas.
Assim, permite a lei, a contratação de qualquer serviço, não fazendo distinção entre material e
imaterial, intelectual ou braçal, ordenando apenas que este serviço seja lícito, ou seja, que não
34
Caio Mario da Silva Pereira, Instituições de direito Civil, volume I, 25 ed.
Como vimos acima, a prestação de serviços é contrato oneroso, pois nele se consubstanciam
vantagens para os contraentes mediante reciprocidade de contraprestações. Diante disso, a
remuneração pelos serviços prestados é da sua essência, ficando ao livre arbítrio das partes sua
negociação. Ainda sobre a retribuição temos o art. 597:
Art. 597. A retribuição pagar-se-á depois de prestado o serviço, se, por convenção, ou costume, não
houver de ser adiantada, ou paga em prestações.
Presume-se que o pagamento seja efetuado após a prestação do serviço, mas prevalecerá sobre esta
regra a convenção feita entre as partes ou o costume. Deste modo a remuneração poderá ser
adiantada, gerando vantagens para o prestador, ou feita em prestações em beneficio do
contratante.
Quanto à duração do contrato de prestação de serviços temos no art. 598 a seguinte imposição:
Art. 598. A prestação de serviço não se poderá convencionar por mais de quatro anos, embora o
contrato tenha por causa o pagamento de dívida de quem o presta, ou se destine à execução de
certa e determinada obra. Neste caso, decorridos quatro anos, dar-se-á por findo o contrato, ainda
que não concluída a obra.
Assim, o tempo limite para a duração deste tipo de contrato é de quatro anos, não importando ter
havido ou não a conclusão do serviço que foi contratado. Se o serviço contratado não puder ser
concluído em quatro anos, sua execução terá que ser fracionada entre mais prestadores de serviço,
ou em mais um contrato de quatro anos com o mesmo prestador. Este artigo em comento visa
assegurar a inalienabilidade do direito de liberdade do prestador de serviço, tendo em vista as
prerrogativas inerentes ao trabalho humano, inclusive para preserva-lo de escravidão convencional.
Também sobre este ponto temos o art. 593:
Art. 593. A prestação de serviço, que não estiver sujeita às leis trabalhistas ou a lei especial, reger-
se-á pelas disposições deste Capítulo.
35
Observância às regras gerais de cada espécie contratual, como também as limitações à proteção do trabalho do menor, da
mulher, do estagiário.
Este é o artigo que abre o capítulo destinado à espécie de contrato em estudo. E este arranjo feito
pelo Código Civil de 2002, colocando a prestação de serviço em capítulo distinto da locação,
mudando também a nomenclatura do contrato, se deu com a finalidade de retirar-lhe a ideia de
locação, para que não mais se considere o trabalho humano como uma simples mercadoria, visto
que goza de uma série de proteções tanto no campo trabalhista como no campo civil.
á à à à à à à à à à à à à à à à
serviço por prazo indeterminado. Apenas está se fazendo reverência ao silêncio do contrato, quando
se presumirá de quatro anos o prazo para seu término, se não puder se determinar o prazo em razão
de sua natureza ou costume.
Então, quando não previsto o prazo, qualquer uma das partes, a seu arbítrio, mediante aviso prévio
e notificação judicial ou extrajudicial, poderá resolver o contrato, obedecendo aos prazos
estipulados nos incisos do parágrafo único do artigo em estudo.
De acordo com o art. 600, não será computado no prazo do contrato o tempo em que o prestador,
por sua culpa, deixou de servir.
Art. 600. Não se conta no prazo do contrato o tempo em que o prestador de serviço, por culpa sua,
deixou de servir.
A culpa do prestador de serviço suspende a contagem do prazo para fins de pagamento, sendo
devida a remuneração apenas pelo tempo que a lei determina válido. Deste modo comete ilícito civil
e ilícito contratual o prestador que deixa de observar a presente norma, sujeitando-se ao pagamento
de perdas e danos ao tomador dos serviços de acordo com o § único do art. 602:
Art. 602. O prestador de serviço contratado por tempo certo, ou por obra determinada, não se pode
ausentar, ou despedir, sem justa causa, antes de preenchido o tempo, ou concluída a obra.
Parágrafo único. Se se despedir sem justa causa, terá direito à retribuição vencida, mas responderá
por perdas e danos. O mesmo dar-se-á, se despedido por justa causa.
Deste modo, podemos perceber que o prestador poderá ser contratado por tempo certo ou por obra
determinada, e deste modo, é defeso a qualquer das partes dispensa unilateral sem justa causa.
A conduta do prestador contrária ao disposto no caput do artigo possibilita aplicação de seu § único.
Quando a dispensa por justa causa for de iniciativa do tomador de serviço, o prestador também
terá direito as verbas vencidas, contudo, sujeitando-se este às perdas e danos.
O prestador pode, também, ser contratado sem que seja especificado seu trabalho (art. 601):
Art. 601. Não sendo o prestador de serviço contratado para certo e determinado trabalho,
entender-se-á que se obrigou a todo e qualquer serviço compatível com as suas forças e condições.
Quando o prestador for contratado nestas condições estará sujeito às determinações do tomador.
No entanto, não pode haver abuso na exigência do serviço a ser prestado, devendo se levar em
consideração também a possibilidade do prestador, sob pena de se configurar inexigibilidade
contratual por ausência de objeto possível. Por outro lado, se o prestador for despedido sem justa
causa temos o art. 603:
Art. 603. Se o prestador de serviço for despedido sem justa causa, a outra parte será obrigada a
pagar-lhe por inteiro a retribuição vencida, e por metade a que lhe tocaria de então ao termo legal
do contrato.
Este dispositivo trata do caso contrário ao § único do art. 602, ou seja, quando a dispensa é
imotivada. Desta forma, caberá a percepção pelo prestador de serviço do valor integral das verbas
vencidas e mais a metade do valor integral a que teria direito com a execução do contrato até seu
término.
Com o final do contrato, o prestador de serviço poderá exigir que a outra parte faça uma declaração
de que aquele ato negocial terminou. Trata-se da quitação a ser fornecida pelo solicitante do serviço
prestado. De acordo com o art. 604:
Art. 604. Findo o contrato, o prestador de serviço tem direito a exigir da outra parte a declaração de
que o contrato está findo. Igual direito lhe cabe, se for despedido sem justa causa, ou se tiver havido
motivo justo para deixar o serviço.
Esta declaração de que o contrato está terminado é o instrumento liberador do prestador de serviço,
logo a presunção da conclusão do serviço contratado corre em desfavor do prestador, e não do
solicitante.
O art. 607, seguinte, nos traz as hipóteses que provocam o término do contrato:
Art. 607. O contrato de prestação de serviço acaba com a morte de qualquer das partes. Termina,
ainda, pelo escoamento do prazo, pela conclusão da obra, pela rescisão do contrato mediante aviso
prévio, por inadimplemento de qualquer das partes ou pela impossibilidade da continuação do
contrato, motivada por força maior.
Toda relação contratual tem caráter transitório, devendo se extinguir em razão do término de prazo
contratual, mesmo que presumido. Como vimos, no caso da prestação de serviços, o prazo legal
corre até o limite máximo de 4 anos, contados do início do contrato. Ou terminará por qualquer
outro caso previsto no dispositivo acima.
Art. 605. Nem aquele a quem os serviços são prestados, poderá transferir a outrem o direito aos
serviços ajustados, nem o prestador de serviços, sem aprazimento da outra parte, dar substituto que
os preste.
Os contratos de prestação de serviços são geralmente intuito personae, porém, mesmo não sendo,
o tomador estará proibido de fazer a cessão do crédito obrigacional, pois o serviço é contratado para
pessoa certa.
Art. 606. Se o serviço for prestado por quem não possua título de habilitação, ou não satisfaça
requisitos outros estabelecidos em lei, não poderá quem os prestou cobrar a retribuição
normalmente correspondente ao trabalho executado. Mas se deste resultar benefício para a outra
parte, o juiz atribuirá a quem o prestou uma compensação razoável, desde que tenha agido com boa-
fé.
Este artigo tem por objetivo a proteção da pessoa tomadora do serviço, que nem sempre tem
condições de verificar as qualificações do prestador. Assim, verificando qualquer destes
impedimentos, não poderá o prestador cobrar por seus serviços. Somente se houver benefício para
o contratante e boa-fé do contratado, poderá o órgão judicante arbitrar uma remuneração
proporcional para os serviços prestados.
Art. 608. Aquele que aliciar pessoas obrigadas em contrato escrito a prestar serviço a outrem pagará
a este a importância que ao prestador de serviço, pelo ajuste desfeito, houvesse de caber durante
dois anos.
O aliciamento de trabalho alheio é a prática pela qual se capta prestadores de serviços, já obrigados
por contrato, a prestar serviço com exclusividade a determinado tomador. Logo, para que ela se
concretize, necessariamente o aliciante deverá oferecer ao prestador de serviços vantagens maiores
do que as oferecidas pelo atual tomador, de maneira a atraí-lo para um novo vínculo contratual.
Neste caso, gerará para o antigo tomador, o direito de receber a título de indenização, uma
contribuição calculada com base no valor que seria pago por este ao prestador no prazo de dois anos
pelo serviço a ser prestado.
Para efeito de dispensa pelo prestador, o aliciamento não é considerado justa causa. Assim quando
a requerer, independentemente da indenização paga pelo aliciador, responderá por perdas e danos.
Art. 609. A alienação do prédio agrícola, onde a prestação dos serviços se opera, não importa a
rescisão do contrato, salvo ao prestador opção entre continuá-lo com o adquirente da propriedade
ou com o primitivo contratante.
Parágrafo único. Não se aplica a segunda parte deste artigo, quando a proibição da prestação de
serviço resultar de lei de ordem pública.
Bons estudos.
Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.
Os contratos nominados ou típicos são os previstos pelo ordenamento jurídico, que prevê, também,
como estes serão elaborados e celebrados.
Dentre os contratos nominados temos o contrato de adesão à à à à à à à
à à à à à à à à à à à à a parte (aderente) apenas
à à à à à à -estabelecidas.
Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á
adotar a interpretação mais favorável ao aderente.
Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do
aderente a direito resultante da natureza do negócio.
Em contrapartida, existem os contratos chamados de inominados ou atípicos, que são aqueles aos
quais não há previsão legislativa, ou seja, não tem sua estrutura prevista em lei.
Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste
Código.
36
Contratos, p. 43, 26ª edição, Forense, 2008, Coordenador: Edvaldo Brito, Atualizadores: Antonio Junqueira de Azevedo e
Francisco Paulo de Crescenzo Marino.
Assim, contratos atípicos são aqueles que não estão disciplinados pelo Código Civil, nem por leis
extravagantes.
á à à à à à à à à à à à à à
Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.
VÍCIOS REDIBITÓRIOS:
Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de
trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava
na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade.
§ 1o Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do
momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de
bens móveis; e de um ano, para os imóveis.
§ 2o Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os estabelecidos
em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no parágrafo
antecedente se não houver regras disciplinando a matéria.
Art. 503. Nas coisas vendidas conjuntamente, o defeito oculto de uma não autoriza a rejeição
de todas.
Gabarito: Correto.
EVICÇÃO:
Na evicção temos três figuras: o evictor à à à à à à à à à à à à
o evicto que é quem perde o bem na ação; e o alienante que é quem vendeu o bem e quem será
o responsável pela evicção.
Assim, para que haja a evicção, é necessário que se configure em um contrato do tipo oneroso, um
vício de direito anterior ou ao mesmo tempo da celebração do contrato. Deste modo, na hora em
que for realizar o negócio jurídico, por meio de uma sentença judicial, a pessoa perderá a posse, o
uso ou a propriedade da coisa.
Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda
que a aquisição se tenha realizado em hasta pública.
Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade
pela evicção.
Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço
ou das quantias que pagou:
I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;
II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da
evicção;
III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.
Art. 453. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção, serão pagas
pelo alienante.
Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa.
Art. 458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não
virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de receber integralmente o que lhe
foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado
venha a existir.
Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao
contrato a ser celebrado.
Art. 483. A compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura. Neste caso, ficará sem efeito
o contrato se esta não vier a existir, salvo se a intenção das partes era de concluir contrato aleatório.
Art. 484. Se a venda se realizar à vista de amostras, protótipos ou modelos, entender-se-á que o
vendedor assegura ter a coisa as qualidades que a elas correspondem. Parágrafo único. Prevalece a
amostra, o protótipo ou o modelo, se houver contradição ou diferença com a maneira pela qual se
descreveu a coisa no contrato.
Art. 487. É lícito às partes fixar o preço em função de índices ou parâmetros, desde que suscetíveis
de objetiva determinação.
Art. 489. Nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das
partes a fixação do preço.
Art. 490. Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de escritura e registro a cargo do
comprador, e a cargo do vendedor as da tradição.
Art. 491. Não sendo a venda a crédito, o vendedor não é obrigado a entregar a coisa antes de
receber o preço.
Art. 497. Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em hasta pública:
I - pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens confiados à sua guarda ou
administração;
II - pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa jurídica a que servirem, ou que
estejam sob sua administração direta ou indireta;
III - pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros serventuários ou auxiliares da
justiça, os bens ou direitos sobre que se litigar em tribunal, juízo ou conselho, no lugar onde servirem,
ou a que se estender a sua autoridade;
IV - pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda estejam encarregados.
Art. 499. É lícita a compra e venda entre cônjuges, com relação a bens excluídos da comunhão.
Art. 500. Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por medida de extensão, ou se determinar
a respectiva área, e esta não corresponder, em qualquer dos casos, às dimensões dadas, o comprador
terá o direito de exigir o complemento da área, e, não sendo isso possível, o de reclamar a resolução
do contrato ou abatimento proporcional ao preço.
§ 1º. Presume-se que a referência às dimensões foi simplesmente enunciativa, quando a diferença
encontrada não exceder de um vigésimo da área total enunciada, ressalvado ao comprador o direito
de provar que, em tais circunstâncias, não teria realizado o negócio.
§ 2º. Se em vez de falta houver excesso, e o vendedor provar que tinha motivos para ignorar a medida
exata da área vendida, caberá ao comprador, à sua escolha, completar o valor correspondente ao
preço ou devolver o excesso.
§ 3º. Não haverá complemento de área, nem devolução de excesso, se o imóvel for vendido como
coisa certa e discriminada, tendo sido apenas enunciativa a referência às suas dimensões, ainda que
não conste, de modo expresso, ter sido a venda ad corpus .
Art. 501. Decai do direito de propor as ações previstas no artigo antecedente o vendedor ou o
comprador que não o fizer no prazo de um ano, a contar do registro do título.
Parágrafo único. Se houver atraso na imissão de posse no imóvel, atribuível ao alienante, a partir
dela fluirá o prazo de decadência.
Art. 503. Nas coisas vendidas conjuntamente, o defeito oculto de uma NÃO autoriza a rejeição de
todas.
Art. 507. O direito de retrato, que é cessível e transmissível a herdeiros e legatários, poderá ser
exercido contra o terceiro adquirente.
A locação de coisa é contrato bilateral, oneroso, real, e comutativo, que estabelece relação jurídica
intuito personae.
Seu objeto pode ser coisa móvel ou coisa imóvel. É um negócio jurídico através do qual uma das
partes (o locador) transfere a posse de bem infungível37 a outrem (ao locatário), garantindo-lhe o
uso e gozo da coisa, mediante pagamento de certa remuneração (aluguel).
Art. 573. A locação por tempo determinado cessa de pleno direito findo o prazo estipulado,
independentemente de notificação ou aviso.
Art. 570. Se o locatário empregar a coisa em uso diverso do ajustado, ou do a que se destina, ou se
ela se danificar por abuso do locatário, poderá o locador, além de rescindir o contrato, exigir perdas
e danos.
De acordo com o Código Civil brasileiro, no contrato de locação de coisas se o locatário empregar a
coisa em uso diverso do ajustado, ou do a que se destina, poderá o locador, além de rescindir o
Art. 573. A locação por tempo determinado cessa de pleno direito findo o prazo estipulado,
independentemente de notificação ou aviso.
Art. 574. Se, findo o prazo, o locatário continuar na posse da coisa alugada, sem oposição do locador,
presumir-se-á prorrogada a locação pelo mesmo aluguel, mas sem prazo determinado.
Art. 576. Se a coisa for alienada durante a locação, o adquirente não ficará obrigado a respeitar o
contrato, se nele não for consignada a cláusula da sua vigência no caso de alienação, e não constar
de registro.
37
Lembre-se bem infungível é aquele que não pode ser substituído.
Art. 605. Nem aquele a quem os serviços são prestados, poderá transferir a outrem o direito aos
serviços ajustados, nem o prestador de serviços, sem aprazimento da outra parte, dar substituto que
os preste.
Art. 594. Toda a espécie de serviço ou trabalho lícito, material ou imaterial, pode ser contratada
mediante retribuição.
Assim, permite a lei, a contratação de qualquer serviço, não fazendo distinção entre material e
imaterial, intelectual ou braçal, ordenando apenas que este serviço seja lícito, ou seja, que não
ofenda disposições de lei38, a moral e os bons costumes. Também a remuneração é elemento
essencial da prestação de serviço, e cabe aos contraentes estipulá-la livremente, no entanto, se isso
não acontecer temos o art. 596:
Art. 596. Não se tendo estipulado, nem chegado a acordo as partes, fixar-se-á por arbitramento a
retribuição, segundo o costume do lugar, o tempo de serviço e sua qualidade.
No contrato de prestação de serviços regido pelo Código Civil brasileiro, não havendo prazo
estipulado, nem se podendo inferir da natureza do contrato, ou do costume do lugar, qualquer das
partes, a seu arbítrio, mediante prévio aviso, pode resolver o contrato. Dar-se-á o aviso com
antecedência de 8 (oito) dias, se o salário se houver fixado por tempo de um mês, ou mais .
Art. 599. Não havendo prazo estipulado, nem se podendo inferir da natureza do contrato, ou do
costume do lugar, qualquer das partes, a seu arbítrio, mediante prévio aviso, pode resolver o
contrato.
Parágrafo único. Dar-se-á o aviso:
I - com antecedência de oito dias, se o salário se houver fixado por tempo de um mês, ou mais;
II - com antecipação de quatro dias, se o salário se tiver ajustado por semana, ou quinzena;
III - de véspera, quando se tenha contratado por menos de sete dias.
O contrato de prestação de serviços regulado pelo Código Civil brasileiro, quando qualquer uma das
partes não souber ler, nem escrever o instrumento poderá ser assinado a rogo e subscrito por duas
testemunhas .
38
Observância às regras gerais de cada espécie contratual, como também as limitações à proteção do trabalho do menor, da
mulher, do estagiário.
Art. 595. No contrato de prestação de serviço, quando qualquer das partes não souber ler, nem
escrever, o instrumento poderá ser assinado a rogo e subscrito por duas testemunhas.
Art. 607. O contrato de prestação de serviço acaba com a morte de qualquer das partes. Termina,
ainda, pelo escoamento do prazo, pela conclusão da obra, pela rescisão do contrato mediante aviso
prévio, por inadimplemento de qualquer das partes ou pela impossibilidade da continuação do
contrato, motivada por força maior.
19 QUESTÕES
Comentários:
Trata-se da Teoria da Imprevisão, prevista no art. 478 do CC/2002:
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se
tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos
extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da
sentença que a decretar retroagirão à data da citação.
Gabarito: Letra E.
(A) somente poderá pleitear judicialmente a rescisão do contrato, além de perdas e danos.
(B) deverá consignar em pagamento o valor faltante, porque o prazo de pagamento de sua dívida
está vencido.
(C) poderá reter o pagamento da importância faltante, até que o serviço seja entregue, e, se cobrado
em Juízo, não poderá opor exceções, senão aquelas de natureza processual, porque sua dívida está
vencida.
(D) poderá reter o pagamento da importância faltante, até que o serviço seja entregue, e, se cobrado
em Juízo, opor exceção substancial prevista em lei.
(E) terá de pagar o valor faltante para exigir judicialmente o cumprimento da obrigação assumida
pela contratada, sob cominação de multa diária.
Comentários:
Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação,
pode exigir o implemento da do outro.
Art. 477. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em
seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a
outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê
garantia bastante de satisfazê-la.
Gabarito: Letra D.
Comentários:
Trata-se da Teoria da Imprevisão, prevista no art. 478 do CC/2002:
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se
tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos
extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da
sentença que a decretar retroagirão à data da citação.
Gabarito: Letra E.
Comentários:
á à à errada.
Art. 445, § 2º. Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os
estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no
parágrafo antecedente se não houver regras disciplinando a matéria.
á à à errada.
Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de
trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava
na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade.
§ 1º. Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do
momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de
bens móveis; e de um ano, para os imóveis.
á à à correta.
Uma vez constatado o vício, o adquirente pode lançar mão de duas ações, chamadas de ações
edilícias, que são: ação redibitória (art. 441 do CC) e ação estimatória (art. 442 do CC).
á à à errada.
Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e
danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato.
á à à errada.
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos
ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor.
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas.
Gabarito: Letra C.
Comentários:
á à à errada.
Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito de reclamar-lhe a
execução, não poderá o estipulante exonerar o devedor.
á à à errada.
Art. 431. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará nova
proposta.
á à à errada.
Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao
contrato a ser celebrado.
á à à errada.
Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade
pela evicção.
Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito
o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele
informado, não o assumiu.
á à à correta.
Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta:
I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também
presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante;
Gabarito: Letra E.
Comentários:
á à à errada.
Art. 513. Parágrafo único. O prazo para exercer o direito de preferência não poderá exceder a cento
e oitenta dias, se a coisa for móvel, ou a dois anos, se imóvel.
á à à errada.
Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o
cônjuge do alienante expressamente houverem consentido.
Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cônjuge se o regime de bens
for o da separação obrigatória.
á à à correta.
Art. 504. Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, se outro
consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não se der conhecimento da venda, poderá,
depositando o preço, haver para si a parte vendida a estranhos, se o requerer no prazo de cento e
oitenta dias, sob pena de decadência.
á à à errada.
Art. 525. O vendedor somente poderá executar a cláusula de reserva de domínio após constituir o
comprador em mora, mediante protesto do título ou interpelação judicial.
á à à errada.
Art. 486. Também se poderá deixar a fixação do preço à taxa de mercado ou de bolsa, em certo e
determinado dia e lugar.
Gabarito: Letra C.
Comentários:
Art. 505. O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la no prazo máximo de
decadência de três anos, restituindo o preço recebido e reembolsando as despesas do comprador,
inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuaram com a sua autorização escrita, ou para
a realização de benfeitorias necessárias.
Gabarito: Letra D.
Comentários:
Trata-se de venda com reserva de domínio.
Art. 521. Na venda de coisa móvel, pode o vendedor reservar para si a propriedade, até que o preço
esteja integralmente pago.
Gabarito Letra E.
Comentários:
Observem o seguinte artigo:
Art. 578. Salvo disposição em contrário, o locatário goza do direito de retenção, no caso de
benfeitorias necessárias, ou no de benfeitorias úteis, se estas houverem sido feitas com expresso
consentimento do locador.
Da leitura do artigo compreendemos que o locatário tem direito de retenção quanto as necessárias,
independente do consentimento, e quanto as úteis, o locatário somente terá direito de retenção se
forem autorizadas.
Assim, as afirmativas que estão corretas são:
I - Benfeitorias necessárias feitas com expresso consentimento do locador. Pois o locador pode dar
o consentimento mesmo se a benfeitoria for necessária.
II - Benfeitorias necessárias feitas sem expresso consentimento do locador. Pois este tipo de
benfeitoria, por seu caráter emergencial e necessário, podem ser realizadas independente de
consentimento, conforme artigo citado.
III - Benfeitorias úteis feitas com expresso consentimento do locador. Pois conforme o art. 578 do
CC, o locatário somente poderá exercer o direito de retenção sobre estas benfeitorias se elas
houverem sido autorizadas pelo locador.
Gabarito: Letra D.
Comentários:
Afirmativa I errada.
Art. 484. Se a venda se realizar à vista de amostras, protótipos ou modelos, entender-se-á que o
vendedor assegura ter a coisa as qualidades que a elas correspondem.
Parágrafo único. Prevalece a amostra, o protótipo ou o modelo, se houver contradição ou diferença
com a maneira pela qual se descreveu a coisa no contrato.
Afirmativa II correta.
Art. 486. Também se poderá deixar a fixação do preço à taxa de mercado ou de bolsa, em certo e
determinado dia e lugar.
Comentários:
A à à- correta.
Questão literal sobre a espécie contratual compra e venda.
De acordo com o Código Civil:
Comentários:
A à à- correta.
Questão literal do art. 496 do CC. Este artigo é muito requisitado em provas de concursos.
Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o
cônjuge do alienante expressamente houverem consentido.
39
Tradição é a entrega da coisa. Assim, ficam a cargo do vendedor as despesas com a entrega da coisa.
Comentários:
Afirmativa I - errada.
Observe o seguinte artigo do CC/2002:
Art. 608. Aquele que aliciar pessoas obrigadas em contrato escrito a prestar serviço a outrem
pagará a este a importância que ao prestador de serviço, pelo ajuste desfeito, houvesse de caber
durante dois anos.
Afirmativa II - correta.
Afirmativa IV - errada.
Esta afirmação trata de assunto de Direito do Consumidor, assunto que não foi pedido em seu edital.
CDC: Art. 3º. § 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as
decorrentes das relações de caráter trabalhista.
Gabarito: Letra D.
Comentários:
A à à- correta.
De acordo com o Código Civil:
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos
ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor
Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de
trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava
na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade.
Gabarito: Letra E.
Comentários:
á à à- correta.
Comentários:
A à à- correta.
De acordo com o Código Civil:
Art. 492. Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do VENDEDOR, e os do
preço por conta do COMPRADOR.
A à à- errada.
De acordo com o Código Civil:
Art. 499. É lícita a compra e venda entre cônjuges, em relação aos bens excluídos da comunhão.
40
Carlos Roberto Gonçalves, Direito Civil Esquematizado, 2ª ed.
41
Contrato comutativo é aquele contrato oneroso em que a prestação corresponde a uma contraprestação, que é certa e
determinada.
A à à- errada.
De acordo com o Código Civil:
Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o
cônjuge do alienante expressamente houverem consentido.
A à à- errada.
De acordo com o Código Civil:
Art. 495. Não obstante o prazo ajustado para o pagamento, se antes da tradição o COMPRADOR
cair em insolvência, poderá o VENDEDOR sobrestar na entrega da coisa, até que o comprador lhe dê
caução de pagar no tempo ajustado.
==10fa06==
A à à- errada.
De acordo com o Código Civil:
Art. 485. A fixação do preço pode ser deixada ao arbítrio de terceiro, que os contratantes logo
designarem ou prometerem designar.
Gabarito: Letra A.
Comentários:
A à à- correta.
Comentários:
Observe o seguinte artigo do CC/02:
Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.
Este preceito é de ordem pública e veda que a herança de uma pessoa ainda viva seja objeto de
contrato42.
Sendo assim, João possui apenas uma expectativa de direito. E enquanto seu pai estiver vivo, a
pretensa herança não poderá ser objeto de contrato.
Somente com o falecimento de José é que a herança será transmitida a João.
Gabarito: Letra D.
42
Nosso ordenamento jurídico prevê duas formas de sucessão: a primeira é a legítima que acontece quando a pessoa morre
sem deixar disposições de última vontade, situação em que a herança será dada aos herdeiros especificados pelo código; a segunda
é a testamentária que é quando a pessoa antes de morrer deixa testamento, situação em que parte da herança será distribuída
de acordo com a sua vontade.
Comentários:
O nosso ordenamento jurídico permite a venda de coisas futuras, mas, neste caso, a coisa ao menos
deve ser identificada pelo gênero e pela quantidade.
Veja o art. 483:
Art. 483. A compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura. Neste caso, ficará sem efeito
o contrato se esta não vier a existir, salvo se a intenção das partes era de concluir contrato
aleatório.
Agora nós é que lhe perguntamos: Você se recorda o que é um contrato aleatório?
o contrato aleatório baseia-se na ideia de álea, risco, acaso, sorte. Recebe a classificação de
aleatório quando a prestação devida depende de um acontecimento incerto, que faz com que não
seja possível a determinação do ganho ou da perda, senão até que este acontecimento se r
Como a situação narrada no enunciado é de um contrato aleatório, temos que, este contrato obriga
as partes ainda que nenhum grão venha a ser colhido.
Gabarito: Letra B.
(A) Jorge arcará com as despesas com escritura e registro do imóvel e também com as da tradição
do veículo.
(B) Plínio arcará com as despesas com escritura e registro do imóvel e Jorge com as da tradição do
veículo.
(C) Plínio arcará com as despesas com escritura e registro do imóvel e também com as da tradição
do veículo.
(D) Jorge arcará com as despesas com escritura e registro do imóvel e Plínio com as da tradição do
veículo.
(E) Plínio e Jorge arcarão, em parte iguais, com as despesas com escritura e registro do imóvel e com
as da tradição do veículo.
Comentários:
A à à- correta.
Para resolver esta questão usaremos um artigo bem básico do contrato de compra e venda e,
também, bastante cobrado.
De acordo com o Código Civil:
Art. 490. Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de escritura e registro a cargo do
comprador, e a cargo do vendedor as da tradição.
Gabarito: Letra C.
(E) É existente e válido, porque se aperfeiçoa com o mero consenso sobre o objeto e o preço, e este
pode ser fixado por uma das partes, por seu exclusivo arbítrio, se esta faculdade houver sido
expressamente acordada.
Comentários:
A à à- correta.
De acordo com o Código Civil:
Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, ¹um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de
certa coisa, e ²o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.
Caio Mário da Silva Pereira43 assim apresentava o contrato de compra e venda: É
uma pessoa (vendedor) se obriga a transferir a outra (comprador) a propriedade de uma coisa
corpórea ou incorpórea, mediante o pagamento de certo preço em dinheiro ou valor fiduciário
Assim, são elementos essenciais do contrato de compra e venda: ¹a coisa (ou res); ²o preço; e ³o
consentimento das partes.
Sobre este assunto temos o art. 482:
Art. 482. A compra e venda, quando pura, considerar-se-á obrigatória e perfeita, desde que as partes
acordarem no objeto e no preço.
E, por fim, art. 489 do CC:
Art. 489. Nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das
partes a fixação do preço.
Gabarito: Letra D.
43
Caio Mario da Silva Pereira, Instituições de direito Civil, volume I, 25 ed.
V. É lícita a compra e venda entre cônjuges, com relação a bens excluídos da comunhão.
Está correto o que se afirma APENAS em
(A) II, III e V.
(B) II, III e IV.
(C) I, III e V.
(D) I, IV e V.
(E) I, II e IV.
Comentários:
Afirmativa I - correta.
De acordo com o Código Civil:
Art. 490. Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de escritura e registro a cargo do
comprador, e a cargo do vendedor as da tradição.
Afirmativa II - errada.
De acordo com o Código Civil:
Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o
cônjuge do alienante expressamente houverem consentido.
Afirmativa IV - correta.
De acordo com o Código Civil:
Art. 492. Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do vendedor, e os do preço
por conta do comprador.
Afirmativa V - correta.
De acordo com o Código Civil:
Art. 499. É lícita a compra e venda entre cônjuges, com relação a bens excluídos da comunhão.
Gabarito: Letra D.
Comentários:
A à à- correta.
De acordo com o Código Civil:
Art. 458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não
virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de receber integralmente o que lhe
foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado
venha a existir.
Art. 459. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de
virem a existir em qualquer quantidade, terá também direito o alienante a todo o preço, desde que
de sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à
esperada.
Gabarito: Letra B.
(C) É limitada a bens com avaliação inferior a R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais).
(D) É limitada a bens com avaliação inferior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais).
(E) Não compreende bens adquiridos em hasta pública.
Comentários:
A à à- correta.
De acordo com o Código Civil:
Art. 497. Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em hasta pública:
I - pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens confiados à sua guarda ou
administração;
II - pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa jurídica a que servirem, ou que
estejam sob sua administração direta ou indireta;
III - pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros serventuários ou auxiliares da
justiça, os bens ou direitos sobre que se litigar em tribunal, juízo ou conselho, no lugar onde servirem,
ou a que se estender a sua autoridade;
IV - pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda estejam encarregados.
Parágrafo único. As proibições deste artigo estendem-se à cessão de crédito.
Art. 498. A proibição contida no inciso III do artigo antecedente, não compreende os casos de compra
e venda ou cessão entre co-herdeiros, ou em pagamento de dívida, ou para garantia de bens já
pertencentes a pessoas designadas no referido inciso.
Gabarito: Letra A.
outrem pagará a este a importância que ao prestador de serviço, pelo ajuste desfeito, houvesse de
caber durante dois anos.
(D) É identificada apenas em disposição legal estabelecendo que aquele que aliciar pessoas
obrigadas em contrato escrito e por prazo determinado a prestar serviços de publicidade ou
artísticos a outrem pagará a este uma indenização equitativa arbitrada pelo juiz.
(E) Pode ser reconhecida em disposição do Código Civil estabelecendo que aquele que aliciar pessoas
obrigadas em contrato escrito a prestar serviço a outrem pagará a este a importância que ao
prestador de serviço, pelo ajuste desfeito, houvesse de caber durante dois anos.
Comentários:
A à à- correta.
De acordo com o Código Civil:
Art. 608. Aquele que aliciar pessoas obrigadas em contrato escrito a prestar serviço a outrem pagará
a este a importância que ao prestador de serviço, pelo ajuste desfeito, houvesse de caber durante
dois anos.
Gabarito: Letra E.
Comentários:
A à à- correta.
Comentários:
A à à- correta.
44
Carlos Roberto Gonçalves, Direito Civil Esquematizado, 2ª ed.
45
Contrato comutativo é aquele contrato oneroso em que a prestação corresponde a uma contraprestação, que é certa e
determinada.
O Código Civil de 2002 trouxe, porém, mandamento de conduta, tanto ao credor como ao devedor,
estabelecendo entre eles o elo de cooperação referido pelo autor.
De acordo com o Código Civil:
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua
execução, os princípios de probidade e boa-fé.
Gabarito: Letra A.
Comentários:
á à - correta.
A garantia contra os vícios redibitórios independe de estipulação expressa, pois ela decorre da lei e
não de contrato.
De acordo com o Código Civil:
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos
ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor.
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas.
á à à- errada.
De acordo com o Código Civil:
Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do
aderente a direito resultante da natureza do negócio.
á à à- errada.
De acordo com o Código Civil:
Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.
á à à- errada.
De acordo com o Código Civil:
Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á
adotar a interpretação mais favorável ao aderente.
á à à- errada.
De acordo com o Código Civil:
Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao
contrato a ser celebrado.
Gabarito: Letra A.
Comentários:
A à à- errada.
Os consensuais são os que requerem para seu aperfeiçoamento, apenas a conjugação de vontades,
ou seja, apenas o consentimento das partes.
A à à- errada.
O contrato aleatório, ao seu tempo, baseia-se na ideia de álea, de risco, de sujeição ao acaso, à sorte.
Recebe a classificação de aleatório quando a prestação devida depende de um acontecimento
incerto e que faz com que não seja possível a determinação do ganho ou da perda, senão até que
este acontecimento se realize.
A à à- errada.
Os formais são os que exigem o cumprimento de determinadas formalidades legais para o seu
aperfeiçoamento.
De acordo com o Código Civil:
Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei
expressamente a exigir.
A à à- correta.
Os contratos são regidos, em regra, pelo princípio da relatividade, já que o contrato normalmente
vincula exclusivamente as partes participantes, ou seja, não atinge terceiras pessoas, estranhas a
relação contratual.
á à à- errada.
O contrato tem efeito inter partes (não erga omnes).
- entre as partes
- para todos
Gabarito: Letra D.
Comentários:
A à à- correta.
De acordo com o Código Civil:
Comentários:
á à à- errada.
Nos contratos reais, além do acordo de vontades há, também, a exigência da entrega da coisa. Como
no contrato de depósito.
á à à- errada.
De acordo com o Código Civil:
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua
execução, os princípios de probidade e boa-fé.
á à à errada.
Este princípio não foi abolido, mas sim, relativizado.
á à à- correta.
De acordo com o Código Civil:
Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.
á à à- errada.
O contrato tem efeito inter partes (não erga omnes) de acordo com o princípio da relatividade. Desta
forma, o contrato vincula somente as partes que nele intervêm.
Gabarito: Letra D.
(C) Não pode o cônjuge, na constância do casamento, alienar um bem a outro, ainda que particular.
(D) A entrega da coisa é pressuposto de existência do contrato.
(E) O vendedor sempre responde pelos débitos, até o momento da tradição.
Comentários:
á à à- correta.
De acordo com o Código Civil:
Art. 492. Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do vendedor, e os do preço
por conta do comprador.
á à à- errada.
De acordo com o Código Civil:
Art. 491. Não sendo a venda a crédito, o vendedor não é obrigado a entregar a coisa antes de receber
o preço.
á à à- errada.
De acordo com o Código Civil:
Art. 499. É lícita a compra e venda entre cônjuges, com relação a bens excluídos da comunhão.
á à à- errada.
O contrato de compra e venda é obrigacional e não real.
De acordo com o Código Civil:
Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de
certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.
Art. 482. A compra e venda, quando pura, considerar-se-á obrigatória e perfeita, desde que as partes
acordarem no objeto e no preço.
á à à- errada.
De acordo com o Código Civil:
Art. 502. O vendedor, salvo convenção em contrário, responde por todos os débitos que gravem a
coisa até o momento da tradição.
Gabarito: Letra A.
Comentários:
A à à- correta.
Lembre-se do que estudamos quando vimos os contratos sinalagmáticos: Contratos bilaterais (ou
sinalagmáticos) são os contratos com obrigações recíprocas e correlativas, são aqueles de que
nascem obrigações para ambas as partes.
Combine este conhecimento com o art. 476:
Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação,
pode exigir o implemento da do outro.
D à à à à à à à à s a exceptio non adimpleti contractus só terá cabimento
nos contratos com vinculação sinalagmática.
Gabarito: Letra C.
(E) Nem direito adquirido nem expectativa de direito, porque o contrato é nulo.
Comentários:
A à à- correta.
De acordo com o Código Civil:
Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.
Gabarito: Letra E.
(B) Válida, excluindo, em qualquer caso, o direito de Renato receber quaisquer valores em caso de
evicção.
Comentários:
A à à- correta.
De acordo com o Código Civil:
Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito
o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele
informado, não o assumiu.
Desta forma, não basta a colocação de cláusula de exclusão da evicção para a exclusão da
responsabilidade. Será necessário acrescentar, também, referência de que o adquirente sabia de
eventual risco de evicção e assumiu esse risco.
Gabarito: Letra D.
Comentários:
A à à- correta.
O adimplemento substancial do Contrato não está previsto de forma expressa no Código Civil de
2002, mas unido ao princípio da boa-fé nos contratos.
Sobre o tema, foi aprovado o enunciado n. 361, na IV Jornada de Direito Civil do Conselho da Justiça
Federal, que assim dispõe: O
de modo a fazer preponderar a função social do contrato e o princípio da boa-fé objetiva, balizando
A teoria do adimplemento substancial defende que não se deve considerar resolvida a obrigação
quando a atividade do devedor, embora não tenha sido perfeita ou não atingido plenamente o fim
proposto, aproxima-se consideravelmente do seu resultado final.
O adimplemento substancial tem sido aplicado, regularmente, nos contratos de seguro, e não
permite a resolução do vínculo contratual se houver o cumprimento significativo da obrigação
assumida. Conforme as peculiaridades do caso, a teoria do adimplemento substancial atua como um
instrumento de equidade diante da situação fático-jurídica, permitindo soluções razoáveis e
sensatas.
Gabarito: Letra E.
Comentários:
Afirmativa I - errada.
De acordo com o Código Civil:
Art. 483. A compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura. Neste caso, ficará sem efeito o
contrato se esta não vier a existir, salvo se a intenção das partes era de concluir contrato aleatório.
Afirmativa II - errada.
De acordo com o Código Civil:
Art. 486. Também se poderá deixar a fixação do preço à taxa de mercado ou de bolsa, em certo e
determinado dia e lugar.
Art. 487. É lícito às partes fixar o preço em função de índices ou parâmetros, desde que suscetíveis
de objetiva determinação.
Afirmativa IV - correta.
De acordo com o Código Civil:
Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o
cônjuge do alienante expressamente houverem consentido.
Afirmativa V - correta.
De acordo com o Código Civil:
Art. 491. Não sendo a venda a crédito, o vendedor não é obrigado a entregar a coisa antes de receber
o preço.
Gabarito: Letra E.
(A) Pode ser contratada somente para trabalhos lícitos de natureza material, pois serviços imateriais
são regidos somente pelas normas de direito autoral.
(B) Pode ser estipulada por prazo indeterminado, a não ser que se destine à execução de obra certa
e determinada, caso em que a convenção deverá ser o tempo de sua execução.
(C) Sua retribuição será paga sempre antecipadamente, salvo se ajustada em parcelas sucessivas.
(D) Não havendo prazo estipulado, nem se podendo inferir da natureza do contrato, ou do costume
do lugar, qualquer das partes, a seu arbítrio, mediante prévio aviso, pode resolver o contrato.
(E) Se o serviço for prestado por quem não possua título de habilitação, ou não satisfaça requisitos
estabelecidos em lei, não poderá quem os prestou cobrar qualquer quantia a título de retribuição.
Comentários:
á à à- errada.
De acordo com o Código Civil:
Art. 594. Toda a espécie de serviço ou trabalho lícito, material ou imaterial, pode ser contratada
mediante retribuição.
á à à- errada.
De acordo com o Código Civil:
Art. 598. A prestação de serviço não se poderá convencionar por mais de quatro anos, embora o
contrato tenha por causa o pagamento de dívida de quem o presta, ou se destine à execução de certa
e determinada obra. Neste caso, decorridos quatro anos, dar-se-á por findo o contrato, ainda que
não concluída a obra.
á à à- errada.
De acordo com o Código Civil:
Art. 597. A retribuição pagar-se-á depois de prestado o serviço, se, por convenção, ou costume, não
houver de ser adiantada, ou paga em prestações.
á à à- correta.
De acordo com o Código Civil:
Art. 599. Não havendo prazo estipulado, nem se podendo inferir da natureza do contrato, ou do
costume do lugar, qualquer das partes, a seu arbítrio, mediante prévio aviso, pode resolver o
contrato.
á à à- errada.
De acordo com o Código Civil:
Art. 606. Se o serviço for prestado por quem não possua título de habilitação, ou não satisfaça
requisitos outros estabelecidos em lei, não poderá quem os prestou cobrar a retribuição
normalmente correspondente ao trabalho executado. Mas se deste resultar benefício para a outra
parte, o juiz atribuirá a quem o prestou uma compensação razoável, desde que tenha agido com boa-
fé.
Gabarito: Letra D.
Comentários:
A à à- correta.
De acordo com o Código Civil:
Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.
Art. 168. As nulidades dos artigos antecedentes podem ser alegadas por qualquer interessado, ou
pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir.
Parágrafo único. As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do negócio jurídico
ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, não lhe sendo permitido supri-las, ainda que a
requerimento das partes.
Gabarito: Letra A.
Comentários:
á à à errada.
Art. 599. Não havendo prazo estipulado, nem se podendo inferir da natureza do contrato, ou do
costume do lugar, qualquer das partes, a seu arbítrio, mediante prévio aviso, pode resolver o
contrato.
Alternativa à errada.
Art. 607. O contrato de prestação de serviço acaba com a morte de qualquer das partes. Termina,
ainda, pelo escoamento do prazo, pela conclusão da obra, pela rescisão do contrato mediante aviso
prévio, por inadimplemento de qualquer das partes ou pela impossibilidade da continuação do
contrato, motivada por força maior.
á à à errada.
Art. 598. A prestação de serviço não se poderá convencionar por mais de quatro anos, embora o
contrato tenha por causa o pagamento de dívida de quem o presta, ou se destine à execução de certa
e determinada obra. Neste caso, decorridos quatro anos, dar-se-á por findo o contrato, ainda que
não concluída a obra.
á à à errada.
Art. 597. A retribuição pagar-se-á depois de prestado o serviço, se, por convenção, ou costume, não
houver de ser adiantada, ou paga em prestações.
á à à correta.
Art. 596. Não se tendo estipulado, nem chegado a acordo as partes, fixar-se-á por arbitramento a
retribuição, segundo o costume do lugar, o tempo de serviço e sua qualidade.
Gabarito: Letra E.
Comentários:
á à à
Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda
que a aquisição se tenha realizado em hasta pública.
á à à
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou
defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor.
á à à
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se
tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de
á à à
Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação
judicial.
á à à
Art. 471. Se a pessoa a nomear era incapaz ou insolvente no momento da nomeação, o contrato
produzirá seus efeitos entre os contratantes originários.
Gabarito: Letra C.
Comentários:
Nos contratos de execução continuada, ou de trato sucessivo, (em que a obrigação é renovada
periodicamente) ou, então, nos contratos de execução diferida (em que a prestação da obrigação
ocorrerá em um termo futuro) poderá ocorrer, devido a onerosidade excessiva, tanto a revisão do
contrato (art. 317) como a sua resolução (art. 478). E, pela teoria da imprevisão, não basta que
ocorra um evento extraordinário ele precisa também ser imprevisível.
Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da
prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de
modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação.
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se
tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos
Comentários:
Abuso de direito - Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo,
excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos
bons costumes.
Não são apenas os contratos tipificados 46 que poderão ser utilizados, a lista de contratos do CC não
é taxativa.
Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste
Código.
Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do
aderente a direito resultante da natureza do negócio.
Gabarito: Letra C.
46
T à à à à à à à àC à à à à à
Comentários:
Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se
tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de
acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os
efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.
Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar equitativamente as
condições do contrato.
Gabarito: Letra C.
Comentários:
Sempre que você vir uma questão envolvendo prazo DECADENCIAL dos vícios redibitórios lembre-
se do exemplo do carro e do apartamento. ☺ Para coisa móvel o prazo é de 30 dias, para coisa imóvel
o prazo é de 1 ano, prazos contados da efetiva entrega da coisa.
Além disso, os prazos contam pela metade (e a partir da data da alienação) se a coisa já estava na
posse do adquirente.
Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de
trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava
na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade.
Gabarito: Letra E.
Comentários:
Contratos inominados são contratos atípicos.
Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste
Código.
Gabarito: Letra D.
III. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar
a interpretação mais favorável ao aderente.
IV. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.
V. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulam a renúncia antecipada do aderente
a direito resultante da natureza do negócio.
Está correto o que se afirma APENAS em
(A) I, III e IV.
(B) II, III e IV.
(C) I, IV e V.
(D) I, III e V.
(E) III, IV e V.
Comentários:
Afirmação I errada.
Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.
Afirmação II errada.
Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste
Código.
Afirmação IV correta.
Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.
Afirmação V correta.
Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do
aderente a direito resultante da natureza do negócio.
Gabarito: Letra E.
Comentários:
Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste
Código.
Vimos em aula que as pessoas podem criar contratos que não estejam previstos na legislação.
Contratos atípicos serão válidos, desde que respeitem normas gerais do código, para a validade dos
negócios jurídicos (como um contrato) é preciso respeitar os requisitos do art. 104:
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.
Gabarito: Letra C.
(D) O alienante sabendo do vício ou defeito da coisa, deverá devolver ao comprador o dobro do que
recebeu e o dobro das perdas e danos.
(E) O alienante desconhecendo o vício ou defeito da coisa, deverá devolver ao comprador o valor
recebido, as despesas do contrato, além de perdas e danos.
Comentários:
Primeiramente identifique que a questão diz respeito aos vícios redibitórios.
Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de
trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava
na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade.
D à à à à à à
Agora vamos ver o porquê das outras alternativas estarem erradas:
áà à à à à à à à à à
A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder do alienatário, se
perecer por vício oculto, já existente ao tempo da tradição.
áà à à à à à à à à à à
O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta dias se
a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o
prazo conta-se da alienação, reduzido à metade.
áà à à à à à à à à 43:
Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e danos;
se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato.
áà à à à à à à à à à 43:
Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e danos; se
o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato.
Gabarito: Letra A.
Comentários:
Item I correto.
Art. 490. Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de escritura e registro a cargo do
comprador, e a cargo do vendedor as da tradição.
Item II correto.
Art. 499. É lícita a compra e venda entre cônjuges, com relação a bens excluídos da comunhão.
Item IV errado.
Art. 487. É lícito às partes fixar o preço em função de índices ou parâmetros, desde que suscetíveis
de objetiva determinação.
Gabarito: Letra A.
(D) as partes podem, por cláusula expressa, reforçar ou diminuir a responsabilidade pela evicção,
mas jamais exclui-la.
(E) a proposta feita sem prazo por telefone deixa de ser obrigatória se não foi imediatamente aceita.
(E) Válido, pois a lei apenas exige o consentimento nos contratos de compra e venda entre pai e
filhos, não se estendendo às hipóteses de contratos entre avôs e netos; ainda, o consentimento de
Roberto não é necessário para que Lauro faça doação em favor de Renato.
(B) Favorável a Anita, pois os defeitos nos móveis os tornaram imprestáveis para o efeito decorativo
a que se destinavam.
(C) Favorável a Anita, pois o prazo para ajuizamento de tal demanda é de 1 ano, pois se tratam de
bens móveis.
(D) Parcialmente favorável a Anita, pois, já que o bem contém defeitos ocultos, não descobertos em
um simples e rápido exame exterior, o adquirente apenas pode requerer diminuição do preço pago.
(E) Desfavorável a Anita, pois o prazo para ajuizamento de tal demanda é de 30 dias, e também
porque os defeitos não são ocultos.
(D) Não obstante o prazo ajustado para o pagamento, se antes da tradição o vendedor cair em
insolvência, poderá o comprador sobrestar o pagamento da coisa, até que o vendedor garanta a
entrega do bem.
(E) A fixação do preço não pode ser deixada ao arbítrio de terceiro.
(A) É existente, porque se aperfeiçoa com o mero consenso sobre o objeto e o preço, porém nulo,
tendo em vista que, embora o preço possa ser fixado por uma das partes, por seu exclusivo arbítrio,
se esta faculdade houver sido expressamente acordada, a validade de tal contrato depende da
entrega da coisa.
(B) É existente e válido, porque se aperfeiçoa com o mero consenso sobre o objeto e o preço e este
pode ser fixado por uma das partes, por seu exclusivo arbítrio, haja ou não previsão expressa nesse
sentido.
(C) É inexistente, porque o bem não foi entregue.
(D) É existente, porque se aperfeiçoa com o mero consenso sobre o objeto e o preço, porém nulo,
pois não se pode deixar ao arbítrio exclusivo de uma das partes a fixação do preço.
(E) É existente e válido, porque se aperfeiçoa com o mero consenso sobre o objeto e o preço, e este
pode ser fixado por uma das partes, por seu exclusivo arbítrio, se esta faculdade houver sido
expressamente acordada.
(A) Apenas os que se referem a alienação de coisas existentes, mas expostas a risco assumido pelo
adquirente e, por isso, poderá ser anulado como doloso pelo prejudicado, se provar que o outro
contratante não ignorava a consumação do risco a que se considerava exposta a coisa.
(B) Os que dizem respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não virem a existir um dos
contratantes assuma, os cujo objeto sejam coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de virem
a existir em qualquer quantidade e os que se referirem a coisas existentes, mas expostas a risco
assumido pelo adquirente.
(C) Somente os que envolvam jogo ou aposta, e o de seguro.
(D) Os que dizem respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não virem a existir um dos
contratantes assuma, entretanto, não se consideram aleatórios se o risco for de virem a existir em
qualquer quantidade.
(E) Aqueles em que o risco assumido é de virem existir coisas em qualquer quantidade, mas não os
de nada virem a existir, porque, neste caso, o negócio é nulo por acarretar o enriquecimento sem
causa e, portanto, ilícito o objeto.
(C) É identificada apenas em disposição do Código Civil estabelecendo que aquele que aliciar pessoas
obrigadas em contrato escrito e desde que por prazo determinado a prestar serviços agrícolas a
outrem pagará a este a importância que ao prestador de serviço, pelo ajuste desfeito, houvesse de
caber durante dois anos.
(D) É identificada apenas em disposição legal estabelecendo que aquele que aliciar pessoas
obrigadas em contrato escrito e por prazo determinado a prestar serviços de publicidade ou
artísticos a outrem pagará a este uma indenização equitativa arbitrada pelo juiz.
(E) Pode ser reconhecida em disposição do Código Civil estabelecendo que aquele que aliciar pessoas
obrigadas em contrato escrito a prestar serviço a outrem pagará a este a importância que ao
prestador de serviço, pelo ajuste desfeito, houvesse de caber durante dois anos.
(B) Trouxe disposição análoga à do Código Civil alemão, mas impondo somente ao devedor o dever
de boa-fé.
(C) Também não trouxe qualquer disposição semelhante à do Código Civil alemão estabelecendo elo
de cooperação entre credor e devedor.
(D) Trouxe disposição semelhante à do Código Civil alemão, somente na parte geral e como regra
interpretativa dos contratos.
(E) Trouxe disposição análoga à do Código civil alemão, mas impondo somente ao credor o dever de
boa-fé.
(C) Não poderão realizar o negócio enquanto Mônica for absolutamente incapaz, devendo aguardar
que ela complete dezesseis anos para ser emancipada e consentir na venda, juntamente com
Antonio.
(D) Deverão obter o consentimento de Antonio e de Mônica, sendo que, para esta, terá de ser dado
curador especial pelo juiz.
(E) Poderão fazê-lo livremente, se o valor desse imóvel não exceder o disponível, mas se o exceder
dependerão do consentimento de Antonio, que, necessariamente, figurará na escritura como
curador especial de Mônica.
peremptórias. Como quer que seja, convém assinalar, antes de tudo, que a ex. n. ad.
contractusparalisa a ação do autor ante a alegação do réu de não ter recebido a contraprestação
que lhe é devida, estando o cumprimento de sua obrigação, a seu turno, dependente do
adimplemento da prestação do demandante (inExceções Substanciais: Exceção de contrato não
cumprido (Exceptio non adimpleti contractus) -p. 135 - Livraria Freitas Bastos S/A, 1959).
Por isso, o autor pode concluir que ela só encontra e só pode encontrar clima propício,
(A) Em qualquer modalidade de contrato consensual.
(B) Onde não existir uma vinculação bilateral.
(C) Onde houver uma vinculação sinalagmática.
(D) Nos contratos unilaterais.
(E) Nos contratos reais.
(B) Válida, excluindo, em qualquer caso, o direito de Renato receber quaisquer valores em caso de
evicção.
V. Não sendo a venda a crédito, o vendedor não é obrigado a entregar a coisa antes de receber o
preço.
Está correto o que se afirma APENAS em
(A) I, II e IV.
(B) II, III, IV e V.
(C) I, II, III e V.
(D) IV e V.
(E) I, III e IV.
(D) Incorreta, porque somente o Ministério Público poderia ter a iniciativa de promover a anulação
do negócio celebrado entre Joaquim e Pedro.
(E) Incorreta, porque o negócio celebrado entre Joaquim e Pedro só era ineficaz até a morte de
Antônio, convalidando-se após.
V. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulam a renúncia antecipada do aderente
a direito resultante da natureza do negócio.
Está correto o que se afirma APENAS em
(A) I, III e IV.
(B) II, III e IV.
(C) I, IV e V.
(D) I, III e V.
(E) III, IV e V.
19.3 GABARITO
1. E 18. D 35. D
2. D 19. B 36. E
3. E 20. C 37. E
4. C 21. D 38. D
5. E 22. D 39. A
6. C 23. B 40. E
7. D 24. A 41. C
8. E 25. E 42. A
9. D 26. D 43. C
10. A 27. A 44. C
11. D 28. A 45. E
12. D 29. D 46. D
13. D 30. D 47. E
14. E 31. D 48. C
15. D 32. A 49. A
16. A 33. C 50. A
17. D 34. E