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Resumo: Em um planeta que a cada dia se torna mais descartável, surge à escola para mudar
esse cenário, através do cuidado, do diálogo e da integridade. É nesse ambiente escolar que
precisa ser debatido as mudanças de valores e de atitudes para a construção de sociedades
sustentáveis pois, a responsabilidade é individual mas, a preservação do planeta precisa ser
coletiva. Este artigo tem como tema educar para a sustentabilidade e como objetivo definir quais
os princípios de uma escola sustentável e que práticas sustentáveis são desenvolvidas em uma
escola estadual rural da região Metropolitana do Rio de Janeiro. Indicam a gestão democrática,
professores, funcionários e alunos como agentes do processo de transformação, que envolve
nova maneira de ver o mundo e novos métodos de ações sustentáveis no ambiente escolar.
1. INTRODUÇÃO
Em um mundo onde o ato de consumir se tornou uma obsessão, fica difícil apontar caminhos que
contribuam para a conscientização do ser humano nas questões que envolvem a sustentabilidade.
Mas, entra em cena a escola, ambiente propício para essa conscientização.
A escola está presente na vida de todo cidadão. É nela que se recebe o ensinamento para se viver
em sociedade. É lugar onde ocorrem mudanças de comportamento e atitudes, lugar em que o
estudante busca se aprimorar e desenvolver suas habilidades individuais. A escola tem um papel
importante nesse contexto, pois precisa mostrar às gerações futuras a importância de cada
individuo no planeta e como esses indivíduos devem ter consciência de seus atos e quais os seus
deveres perante o meio ambiente, a natureza e a sociedade (JACOBI, 2005). Por isso, é necessário
dar condições aos alunos de se integrar ao mundo, pois como afirma Legan (2008), “a educação
melhora a condição humana”. E ao orientar o estudante para a vida em um planeta que a cada dia
se torna mais descartável, está dando meios de mudar esse cenário, “fazendo com que seja
responsável e produtivo membro da sociedade” (LEGAN, 2009). Sendo assim, é importante a
escola junto com a família, educar para um consumo racional e para a redução dos resíduos e do
desperdício, afinal a responsabilidade é individual, mas a preservação do planeta precisa ser
coletiva. É nesse ambiente escolar que precisa ser debatido as, mudanças de valores e de atitudes
para a construção de sociedades sustentáveis, justas, equitativas e felizes (MMA,1992).
2-OBJETIVOS
Através da revisão de literatura sobre o tema exposto, traz à tona a discussão dos principais
aspectos relacionados à sustentabilidade, quais os princípios de uma escola sustentável e no
estudo de caso que práticas sustentáveis são desenvolvidas em uma escola rural da região
metropolitana do Rio de Janeiro,
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“Defender e melhorar o meio ambiente para as atuais e futuras gerações se tornou uma meta
fundamental para a humanidade.” (DECLARAÇÃO DA CONFERÊNCIA DA ONU SOBRE O
MEIO AMBIENTE, 1972)
Em 1982, observou que o modelo de desenvolvimento sustentável deveria adotar ações que
favorecesse as próximas gerações, pois no ritmo de agressão que o planeta vinha sofrendo pouco
restaria para se ter o que preservar no futuro. No Relatório Comissão Mundial sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento (1991), afirma:
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Nogueira,M. G; Souza,G.O; Rosário, L. A. S. Política Pública de saúde e sustentabilidade socioambiental: gestão
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Para que haja desenvolvimento sustentável é preciso que as aspirações humanas sejam atendidas,
pois não adianta a população não ter as necessidades básicas supridas e propor a eles um consumo
consciente ou preservação do ambiente. “Brundtland, afirma que satisfazer as necessidades e as
aspirações humanas, é o principal objetivo do desenvolvimento.”. (RELATÓRIO COMISSÃO
MUNDIAL SOBRE O MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO, 1991)
Segundo o MMA (2002), a mobilização dos governantes de países do primeiro mundo gerou um
acordo em que cada localidade deveria ter sua própria agenda, identificando e criando ações que
gerem a participação da sociedade civil, municípios, bairros e associações.
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“A Agenda 21 Escolar, foi inspirada na Agenda 21 Local para ser utilizada como instrumento de
transformação, que inclui tanto o ambiente escolar em si como o meio familiar e social”. A
mudança não só envolve as questões ambientais, mais também a segurança, inclusão e promoção
de valores e direitos humanos.
“A Agenda 21 Escolar começou a ser colocada em prática no Brasil em 2003, quando aconteceu
a 1ª Conferência Nacional Infanto-juvenil pelo Meio Ambiente, através da divulgação e incentivo
do Ministério da Educação (MEC).”
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Segundo Gadotti (2008), a Carta da Terra tem um grande potencial educativo ainda não
suficientemente explorado. Vivemos uma crise de civilizações. A educação poderá ajudar a
superá-la. A escola é o ambiente ideal para fomentar atitudes responsáveis e de sustentabilidade
ambiental. Propicia aos cidadãos ações educativas e desenvolve condutas coletivas e individuais.
A escola deve incentivar a participação da comunidade escolar e a população do entorno, nas
estratégias de desenvolvimento sustentável onde cada indivíduo terá sua contribuição, quando
reavalia seus hábitos de consumo.
Por que sem a preservação do planeta, não há luta por melhores condições de vida, não
haverá justiça na distribuição de rendas, pois perdem sentido. De nada adiantarão estas
conquistas se não tiverem um planeta saudável para viver (GADOTTI, 2008).
Segundo Boff (1999), “para cuidar do planeta precisamos passar por uma alfabetização ecológica
e rever nossos hábitos de consumo. O que importa é desenvolver uma ética do cuidado.” Para isso
cada pessoa precisa descobrir-se como parte do ecossistema local e da comunidade biótica, seja no
aspecto natureza, seja em sua dimensão de cultura.
Precisamos fazer um espaço de formação crítica, e educar para viver em rede, ser capaz
de comunicar e de agir em comum, é educar para produzir formas cooperativas de
produção e reprodução da existência humana, educar para a autodeterminação.
Mesmo assim, é comum nas escolas ocorrer o mau uso dos recursos naturais como a água, um
bem tão escasso. A iluminação não é bem aproveitada, assim como os alimentos e os materiais são
desperdiçados. Nos tempos atuais com a quantidade de gastos e a verba cada vez mais limitada
fica mais difícil gerir os recursos até o fim do mês com a grande quantidade de desperdício que
ocorre em nossas escolas, sem falar na depredação do espaço escolar onde mesas e cadeiras são
quebradas e não ocorre a reciclagem das mesmas. As paredes são pichadas e portas arrancadas.
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Nas construções antigas é fácil perceber que não há a preocupação com a economia de energia e
de água, conforto térmico e acústico, a acessibilidade muitas das vezes não é garantida, falta
gestão eficiente da água e da energia, saneamento e destinação adequada dos resíduos. Mesmo nas
escolas que foram construídas recentemente não há o cuidado em fazer edificações sustentáveis.
“Qualquer empreendimento humano para ser sustentável deve atender de modo equilibrado, a
quatro requisitos básicos: Adequação ambiental; viabilidade econômica; justiça social e aceitação
cultural” (CORRÊA, 2009).
Uma escola sustentável não está ligada apenas a questão ambiental, ela abrange também as
questões sociais, econômicas, cultural e espiritual. Para ser sustentável a escola precisa ser segura,
ser inclusiva e permitir acessibilidade e mobilidade para todos, respeitar as os direitos humanos,
precisa ter qualidade de vida, promovendo a saúde das pessoas e do ambiente e a diversidade
biológica, social, cultural, etnorracial e de gênero. E também:
• Favorecer o exercício de participação e o compartilhamento de responsabilidades.
• Promover uma educação integral. (MEC, 2012)
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Toda escola tem sua meta, os objetivos que se deseja alcançar e como fazer para alcançá-los. O
conjunto dessa obra é que vai definir o PPP- Projeto Político Pedagógico. Numa escola sustentável
o currículo- conhecimento, saberes e práticas- é orientado pelo PPP, onde as diferenças, a cultura e
o saber de cada comunidade são respeitados. Através do PPP, que a gestão cuida e educa de
maneira democrática incentivando o diálogo e a coletividade. Mas, para se tornar realmente
sustentável precisa agregar o PPP, gestão democrática com o espaço físico que também cuida e
educa. (MEC, 2012)
Assim trabalhando de forma integrada entre currículo, gestão democrática e espaço físico, temos
os princípios de uma escola sustentável.
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4.3. Oficinas
Segundo os professores, as oficinas desenvolvem nos estudantes o senso crítico, a reflexão, a
responsabilidade e a criatividade. Ao construir e reconstruir transformando o que seria descartado
no ambiente em algo novo, o aluno percebe a importância de reutilizar e qual o seu papel perante a
preservação do planeta, começando pelo próprio ambiente escolar, como por exemplo:
Compostagem: a transformação do lixo orgânico do jardim, do pomar ou da cozinha em
adubo;
Aproveitamento de cascas de fruta e legumes: transforma as cascas de fruta em geleira,
bolos, pães ou em saladas;
Reciclagem de papel: montagem de blocos e cadernos de anotação com papel reciclado;
O cultivo de plantas medicinais;
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4.4. Horta
Com o objetivo de ensinar educação nutricional e segurança alimentar a escola fez uma horta nos
fundos da escola. A montagem da horta segundo relato dos professores e funcionários,
proporcionou um ambiente de convivência e aproximação com a natureza, fornecendo sensação de
bem estar e promovendo a saúde e o espírito de cooperação, servindo como um símbolo de ações
de sustentabilidade ambiental. Utilizam o material da compostagem que foram produzidos na
oficina. Usam também o adubo do minhocário. Há uma escala entre as turmas para cuidar da horta
e os professores aproveitam para trabalhar as disciplinas de matemática, ciências, geografia e
outros. Os alunos são favorecidos com alimentos sem agrotóxicos, aprendem a comer melhor e
ainda leva para casa o excedente, beneficiando também a família. As técnicas são ensinadas
através das oficinas levando os alunos a serem multiplicadores de ideias saudáveis e sustentáveis,
incentivando o desenvolvimento da agricultura familiar.
O Sistema de aquecimento solar instalado em 2013 é inovador e faz parte do Projeto Piloto de
Energia Renovável , com total de 105 placas de painéis solares, com sensores que fazem se
movimentar de acordo com a posição do sol. A ideia é aumentar a quantidade de painéis e se
tornar auto-suficiente em energia, mas precisa de parceiros para investir. Com a promoção de
auto-suficiência e redução de consumo de recursos naturais, a escola entrou no ano de 2014 com
grandes avanços na questão de eficiência energética. É um sistema instalado, que segundo Osis
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4. 6. Emissões de gases
Segundo Konrad et al (2012), o rejeito de dejetos e subprodutos de animais é altamente poluidor
do ambiente. Pensando nisso professores da área de Matemática e Ciências resolveram inovar e
construir um biodigestor de batelada junto com os alunos. O projeto não dá para suprir a demanda
de gás utilizado na cozinha, mas mostra que é possível produzir gás metano apartir de esterco de
frango. A escola possui um galinheiro com 15 frangos e 06 patos.
Segundo Afanah (2011), biodigestor é uma tecnologia utilizada para a produção de
biogás através da decomposição da matéria orgânica. A importância da produção de
biogás para a natureza se refere a queima de gás metano, que é produzido e é mais
nocivo que o gás carbônico para o fenômeno do efeito estufa.
O projeto do biodigestor pode utilizar esterco de frango, de boi e ou de suíno. Segundo Konrad et
al (2012), “a geração de biogás pode ser considerada uma atraente alternativa em busca de novas
fontes energéticas, tendo em vista que sua matéria-prima é constituída de dejetos e subprodutos.”
É um projeto que ainda está no início, mas segundo o professor tem tudo para envolver os alunos e
a comunidade local.
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Mas, nessa escola a água tem sido tratada de forma especial. Através da instalação de coletores de
água da chuva no telhado e no reaproveitamento da água (águas servidas/cinzas) dos bebedouros
que são separados para descarga e lavagem das salas e para o jardim. A escola mostra como fazer
uma boa gestão da água. A água usada no preparo dos alimentos sai de um poço artesiano próximo
ao refeitório, é levada até a caixa d’água através de canos por uma bomba de sucção. Nas pias dos
banheiros das alunas foram instaladas torneiras com dispositivos de uso rápido. Dos meninos ficou
para o próximo ano. Segundo relatos do gestor, ocorreu uma economia de 60% no uso da água do
banheiro. Nas palestras há um trabalho de conscientização sobre o uso racional da água, como
preservar a mata ciliar, a importância de preservar os rios, principalmente o rio que passa ao lado
da escola e abastece a cidade.
5-CONCLUSÃO
O processo de educar para sustentabilidade contribui de forma positiva para a melhoria da
qualidade de vida não só da escola e do bairro, mas de todo o planeta. Poucas escolas se
preocupam com as práticas voltadas para a sustentabilidade, tendo em vista a falta de estrutura,
falta da gestão democrática, do diálogo e do envolvimento da comunidade escolar e do entorno.
Existe um esforço muito grande por parte da gestão e da comunidade escolar em educar para a
sustentabilidade, mesmo obtendo êxito na participação da comunidade existe um grande trabalho
ainda a ser feito, como foi relatado na entrevista com o gestor, “é um trabalho em longo prazo e os
frutos desse trabalho só serão colhidos mais adiante”. Ao concluir a pesquisa, foi observado que
toda essa prática mostra componentes essenciais para sustentar a vida. A escola não só usa a teoria
para educar para a sustentabilidade, mas usa práticas para envolver toda a comunidade interna e
externa. Nesse contexto a comunidade escolar representa um papel fundamental, pois são eles os
responsáveis pela transformação do ambiente escolar. Uma escola que aplica os conceitos de
sustentabilidade é compreendida pela comunidade local como agregadora de valores, que
transmite informação, cultura e permite a troca do saberes. Sendo assim, a sustentabilidade por si
só não trará resultados sem que a comunidade escolar visualize como oportunidade de
crescimento. E é perceptível nos estudantes, como a autoestima e atitudes mudam em relação à
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6-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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abordagem para o ensino médio. Trabalho de conclusão de curso (Graduação do Ensino de
Química). Universidade de Brasília. 2011.
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