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Alguns tipos de força:

atrito, centrı́peta, “centrı́fuga”

Força de Atrito
A força de atrito é uma força empı́rica no sentido de que as leis de Kepler
são empı́ricas. A teoria microscópica da força de atrito é excessivamente
complicada e não é relevante para entender a dinâmica dos corpos. O assunto
desta aula é o atrito. Ele será estudado qualitativa e quantitativamente a
seguir.

Atrito
As superfı́cies dos corpos, por mais polidas que pareçam do ponto de vista ma-
croscópico, apresentam rugosidades quando analisadas microscopicamente.
Em consequência, se duas superfı́cies em contato, que se comprimem, apre-
sentarem tendência a moverem-se uma em relação à outra, surge a força de
atrito (F~at ).

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Exagerando-se as dimensões, é como se duas superfı́cies de lixas fossem
postas em contato. As rugosidades de cada uma das superfı́cies criam difi-
culdades para que deslizem uma na outra.
Enquanto as superfı́cies não entram em movimento relativo, o atrito é
estático. Quando deixam o estado de repouso relativo, o atrito passa a ser
dinâmico (ou cinético).

Atrito Dinâmico de Escorregamento


As leis que regem as forças de atrito são empı́ricas, isto é, obtidas experimen-
talmente. Já no século XV, Leonardo da Vinci (1452-1519) havia descoberto
tais leis, que seriam reformuladas aproximadamente dois séculos depois.

As principais leis empı́ricas do atrito são:


1a ) “A intensidade da força de atrito (Fat ) é proporcional à intensidade
da força normal (N) entre as superfı́cies (secas) em contato.”

Fat = µ.N (1)


onde µ, coeficiente de atrito, é uma grandeza adimensional, não
possuindo unidade de medida.
2a ) “A força de atrito é independente da área de contato das superfı́cies,
dentro de amplos limites.”

No caso especı́fico do atrito dinâmico, ressalta-se que a velocidade rela-


tiva entre as superfı́cies em contato, dentro de certos limites, não influi na
intensidade da força de atrito.

Com relação ao coeficiente de atrito (µ), deve-se conhecer que o seu valor
depende da natureza e do estado de polimento das superfı́cies em contato.
Exemplos de valores médios de coeficientes de atrito dinâmico (µd ) de
escorregamento:

Materiais Coef. de atr. dinâmico (µd )


gelo e aço 0,01
teflon e aço 0,04
madeira e madeira 0,30
cobre e aço 0,36
vidro e vidro 0,53
aço e aço 0,57

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Atenção: A força de atrito é uma força tangencial à trajetória e tem
sempre o sentido oposto ao do movimento (ou à tendência de movimento).

Atrito Estático
Quando há tendência ao movimento relativo entre duas superfı́cies, mas com
o repouso mantido, existe a ação da força de atrito estático. Essa força
tem intensidade variável, de acordo com a força solicitadora F~ aplicada num
corpo, conforme a sequência esquematizada:

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Transpondo a sequência anterior num diagrama Fat × F :

Constata-se empiricamente que:

Fat ≤ Fatmax (2)


Define-se então, o coeficiente de atrito estático (µe ), tomando-se o
Fatmax
Fatmax
Fatmax = µe .N ⇒ µe = (3)
N
Potanto, sendo Fat ≤ Fatmax , vem:

µd .N ≤ µe .N ⇒ µd ≤ µe (4)
para um mesmo par de materiais.

Resistência do Ar
Os lı́quidos e os gases opõem forças contra os corpos em movimento em seu
interior. São forças que têm papel análogo ao do atrito entre sólidos.
Analisando-se especificamente a força de resistência do ar (R ~ ar oferecida
contra os corpos em movimento, conclui-se experimentalmente que sua in-
tensidade é proporcional, na maioria dos casos, ao quadrado da velocidade
do corpo:

Rar = C.v 2 (5)


onde C = constante de proporcionalidade, que depende do formato e do
tamanho do corpo. Sua unidade de medida, no SI, é N.s2 /m2 ou kg/m.

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Força Centrı́peta e “Força Centrı́fuga”
Intuitivamente, sabe-se que para um móvel alterar sua direção de movimento
é preciso que atue sobre ele uma força perpendicular ao movimento.
Em outras palavras, quando um móvel descreve uma curva, há necessa-
riamente uma força responsável pela mudança de direção.
A propósito, é interessante que se reforcem os significados das seguintes
palavras:

CENTRÍPETO: indica algo que se dirige para o centro; que procura


aproximar-se do centro.
CENTRÍFUGO: indica algo se afastando ou se procurando afastar-se
do centro.

Tendo em mente os significados dessas palavras, a compreensão dos con-


ceitos estudados nesta aula ficará mais fácil.
De resto, basta concentrar-se na identificação de forças que fazem surgir
a força componente centrı́peta nos movimentos curvilı́neos.

Força Centrı́peta (F~cp )


Já foi visto que a aceleração centrı́peta (~acp ) é a grandeza fı́sica que indica
a variação de direção da velocidade vetorial (~v ). Sua intensidade é determi-
nada por:

v2
acp = ou acp = ω 2 .R (6)
R
A força centrı́peta (Fcp ) é aquela que altera a direção de ~v . A expressão
algébrica que permite o cálculo de sua intensidade é:

Fcp = m.acp (7)


Lembre-se de que, num movimento circular, a aceleração centrı́peta (~acp )
tem direção que passa pelo centro C, sendo perpendicular à do vetor-velocidade
(~v ), e tem sentido orientado para C, como mostra a figura abaixo. Portanto,
a força centrı́peta (F~cp ) também é perpendicular a ~v e orientada para C, pois
vetorialmente: F~cp = m.~acp .
Quando um corpo descreve uma trajetória curvilı́nea, deve sempre exis-
tir uma força centrı́peta.No caso de existirem duas ou mais forças, a força
resultante(F~r ) deve possuir a força componente centrı́peta (ou normal à tra-
jetória).

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Lembrete: A força tangencial (F~t ) é a componente de F~r que acelera ou
retarda o movimento, variando a intensidade da velocidade (~v ).
A força centrı́peta não é uma força especı́fica que atua sobre um corpo.
Ela é um componente da força resultante ou, então, é a própria resultante
caso a força tangencial seja nula.

“Força Centrı́fuga” (F~cf )


Os ocupantes de um automóvel, ao contornarem uma curva, em MU, têm a
impressão de que estão sendo atirados para o lado oposto ao do centro da
curvatura, em relação ao veı́culo.
Um observador fixo na Terra (referencial inercial) diria que aqueles oci-
pantes estão sujeitos a uma resultante centrı́peta, pois constata a mudança
de direção do movimento.

Mas os ocupantes do automóvel, num referencial não-inercial (pois o au-


tomóvel possui aceleração em relação à Terra), acabam considerando uma
força inercial ou fictı́cia denominada força centrı́fuga (F~cf ).

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A razão do nome “Força Centrı́fuga” e das aspas deve-se ao fato de que
essa “força” NÃO é uma força no sentido da 2a lei de Newton, que se refere
apenas a referenciais inerciais. Essa denominação, portanto, é muito infeliz.
A “Força Centrı́fuga” resulta como vimos de movimentos de um referencial
NÃO INERCIAL.
Atenção: (a) num referêncial inercial, não existe força centrı́fuga. (b) a
força centrı́fuga não é a reação da força centrı́peta.

Pêndulo Cônico
Um pêndulo simples, quando posto em movimento circular uniforme num
plano horizontal, constitui um pêndulo cônico, como mostra a figura abaixo.

L = comprimento do fio ideal;


θ = ângulo entre as direções vertical e do fio;
m = massa do corpo suspenso;
R = raio da circunferência horizontal;
g = aceleração da gravidade.

O ângulo varia de acordo com a velocidade escalar (v) do corpo e o raio


(R) da trajetória:

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Desprezando os efeitos do ar, atuam no corpo suspenso apenas duas
forças: T~ e P~ .

Fr = Fcp (Ft = 0) (8)


Do triângulo retângulo formado:
2
Fr m. vR
tg(θ) = = (9)
P m.g
v2
∴ tg(θ) = (10)
R.g
Como o movimento, em estudo, é circular e uniforme, ele é periódico.
A seguir, está a dedução da expressão do perı́odo (T) de movimento de
pêndulo cônico, válida para ângulos (θ) pequenos, cujo cosseno tende ao
valor 1 (cosθ ∼
= 1):

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R
Do triângulo retângulo: senθ = L
ou R = L.senθ e

senθ v2 (ω.R)2 ω 2 .R ω.L.senθ


tgθ = = = = = (11)
cosθ R.g R.g g g
Logo:
senθ ω 2 .L.senθ
= , (12)
cosθ g
com cosθ ∼
=1, tem-se:

∼ ω 2 .L g
1= ou ω 2 ∼
= (13)
g L
p
Como ω = 2π : ( 2π g
)2 = L ou 2π ∼ g
T T T = L

Finalmente r
g
T ∼
= 2π . (14)
L
O perı́odo é independente da massa (m) do corpo suspenso.

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