Você está na página 1de 6

ISSN 2236-4420

Eficiência de duas técnicas de aplicação de fungicidas para o controle da Sigatoka


amarela da bananeira na região sul de Minas Gerais

Lair Victor Pereira1; Sebastião de Oliveira e Silva2; José Clélio de Andrade3;


Marcelo Ribeiro Malta1

1
Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, Rodovia Lavras / Ijaci, km 02, campus da Universidade Federal de
Lavras, CP: 176, Lavras, Minas Gerais, Brasil, CEP: 37.200-000. E-mail: lair@epamig.br; marcelomalta@epamig.ufla.br
2
Embrapa Mandioca e Fruticultura, Rua Embrapa, s/nº, Cruz das Almas, Bahia, Brasil, CEP 44.380-000. E-mail:
ssilva@cnpmf.embrapa.br
3
Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais,
Rodovia Lavras / Ijaci, km 02, campus da Universidade Federal de Lavras, CP: 176, Lavras, Minas Gerais, Brasil, CEP: 37.200-
000. E-mail: jclelio@epamig.br

Resumo: A Sigatoka amarela pode causar danos superior a 50% na produção de banana. As técnicas de controle
dessa doença tem sido através do uso de fungicidas aplicados em pulverizações, que muitas vezes são
inacessíveis para pequenos produtores e plantios em terrenos acidentados. O objetivo desse trabalho foi testar a
eficiência técnica e econômica da aplicação de fungicidas via pseudocaule através de injeção e de espeto de
madeira embebido no produto visando o controle da Sigatoka amarela. Foram testados os fungicidas flutriafol,
difeconazol, piraclostrobin e piraclostrobin + epoxiconazol na concentração de 25 % aplicados de dois em dois
meses até as vésperas da floração, totalizando oito aplicações. Nos tratamentos com espeto e injeção foram
aplicados, respectivamente, 1,0 e 4,0 mL de fungicidas por planta. As avaliações foram realizadas mensalmente,
até um mês após emissão do cacho analisando-se as variáveis: número de folhas sem sintomas, folhas atacadas,
folhas funcionais e relação de folhas funcionais/folhas totais. Os resultados obtidos mostram que todos os
fungicidas aplicados por meio das duas técnicas promoveram controle da Sigatoka amarela significativamente
superior à testemunha (sem aplicação). O flutriafol mostrou-se mais eficiente no controle da doença que os
demais fungicidas. A aplicação por meio de espeto só foi mais eficiênte que a injeção quando utilizou o flutriafol.
Verifica-se que a aplicação por meio de espeto foi mais econômica que através de injeção, pois um operador trata
quatro vezes mais o número de planta com apenas um quarto da quantidade do produto.

Palavras chave: Musa sp, doenças, Mycospharella musicola, métodos de controle

Efficiency of two techniques of fungicide applications for control of yellow Sigatoka in banana
crop in the southern Minas Gerais region

Abstract: The yellow Sigatoka can cause damage up to 50% in the banana yield. The method using fungicides
applied by spraying, in most of times is not accessible to small producers and steep lands plantations. This study
was conducted to evaluate the efficiency of fungicides applied in to pseudostem through injection and sharp wood
stick embebed in the product. Fungicides flutriafol, difeconazol, piraclostrobin and piraclostrobin plus epoxiconazol
in the concentration of 25% were applied at every two months until flowering, totalizing eight applications. In wood
stick and injection treatments, respectively. 1,0 and 4,0 mL per plant were applied,. The evaluations were made
monthly, until one month before flowering counting the number of functional leaves, leaves with and without
disease symptoms. The relation between functional and total leaves was determined. All the fungicides applied by
the two methods promoted the yellow Sigatoka control significantly higher than plants without fungicides. Flutriafol
showed to be the most efficient. Application by wood stick was more efficient than injection when flutriafol was
used. The wood stick application is more economic than the injection due to the fact that hand labor used in
application being four times more efficient reduced the product amount to one fourth.

Key words: Musa sp, diseases, Mycospharella musicola, control methods.


Pereira et al. 84
Introdução al. (2002) revelaram que o fungicida F20, o qual
contém como principio ativo os antibióticos
A banana é a principal fruta do comércio Estreptomicina B e F foi mais eficiente no controle da
mundial e a mais consumida no mundo, com 98% da Sigatoka negra que o Propiconazole.
produção ocorrendo em países em desenvolvimento Balbin e Zapata (2001) trabalhando com
(Vawdrey e Grice, 2005). Segundo dados da FAO manejo integrado das Sigatokas amarela e negra
(2006) Guatemala com 55,5 t/ha, Costa Rica com relatam que a fertilização ótima associada com a
55,1 t/ha e Honduras com 43,3 t/ha são os países eliminação de folhas doentes, mais a aplicação de
com maiores produtividades, enquanto no Brasil, a fungicidas protetores alternados com sistêmicos
produtividade é de apenas 14,1 t/ha. reduziram a severidade das doenças além de
No Brasil, São Paulo é o maior produtor de proporcionarem a produção de cachos maiores.
banana e apresenta maior produtividade com 22 t/ha, Martinez e Yamashiro (1989) comparando
seguido de Santa Catarina com 21 t/ha, Minas Gerais várias técnicas de aplicação de fungicidas para o
com 15 t/ha da Bahia com 14 t/ha (Rodriguez, et al., controle da Sigatoka amarela, relatam que o
2002). triadimenol CE 250 e o propiconazole 250 CE
Essa discrepância na produtividade da aplicados, via pseudocaule, seja por esborrifamento
bananicultura tanto entre países como entre os das bainhas ou injetados através de seringa ou palito
estados brasileiros se deve a vários fatores, como: embebido no produto, podem ser recomendados para
variedade cultivada e nível tecnológico, manejo o controle da doença, com vantagem em eficiência e
inadequado da cultura, falta de irrigação e de controle economia, em relação à pulverização, principalmente
de doenças são as principais causas desses baixos nos plantios em terrenos acidentados e cultivares de
rendimentos. porte alto.
A incidência generalizada da Sigatoka amarela Oliveira Cezar et al. (2002) relatam que a
e, mais recentemente da Sigatoka negra em algumas aplicação de benomil a 15 ou 30 g/14 litros de água
regiões do Brasil, aliada a inexistência de controle e ou propiconazole a 15 mL/14 litros de água via
uso de variedades suscetíveis, são as principais injeção, correspondendo a 0,0135g/planta e 0,0270
causas do baixo rendimento da bananicultura mL/planta de cada princípio ativo, respectivamente,
brasileira. apresentaram eficiência semelhante a pulverização
Vários trabalhos de pesquisa têm sido no controle da Sigatoka amarela, com os mesmos
desenvolvidos no Brasil e no mundo, visando o produtos a 150, 300 e 600 g ou mL/6 litros de óleo
controle dessas duas doenças. Diferentes fungicidas, mineral/14 litros de água, controlando em 95% o
formulações, técnicas de aplicação destes e práticas aparecimento de sintomas por até 70 dias.
de manejo cultural têm sido testadas para o controle Nogueira et al. (2009) relatam que o fungicida
com o intuito de aumentar o rendimento, reduzir flutriafol a 0,250 g do princípio ativo/planta em uma
custos além da praticidade de aplicação em função única aplicação na axila da folha número 2 da
do porte da cultivar, topografia do terreno e tamanho bananeira foi mais eficiente no controle da Sigatoka
da lavoura. negra que esse mesmo produto a 125 ou 250 g do
O uso de variedades resistentes é uma técnica princípio ativo/ha ou difeconazole a 100 g/ha e
eficiente e econômica, entretanto ela esbarra na epoxiconazole + pyraclostrobin na dose de 25,0 +
aceitação pelos consumidores que são muito 66,5 g do ia/ha em quatro pulverizações de 14 em 14
exigentes quanto ao paladar com relação às dias. Segundo os autores, essa eficiência foi medida
variedades tradicionais. Restam então, o uso de através do número de folhas viáveis (funcionais) e por
práticas culturais e controle químico, que combinadas ter reduzido a severidade da doença
resultam no manejo integrado. Segundo Pereira e Gasparotto (2005), a
Dentre as práticas culturais, além das Sigatoka negra pode causar perdas na produção de
recomendações tradicionais de densidade adequada, banana de até 100% se medidas eficazes de controle
controle de plantas daninhas, manejo dos restos não forem adotadas. Entretanto, o controle químico
culturais, eliminação de folhas ou partes destas pode elevar significativamente os custos de produção,
atacadas e adubação balanceada, vários trabalhos principalmente nas regiões úmidas, onde são
tem sido realizados visando o controle das Sigatokas necessárias de 40 a 52 pulverizações/ano com
amarela e negra. Assim, Ngongo (2002) relata que fungicidas protetores e de 20 a 28 com fungicidas
plátano que recebeu aplicação de resíduos vegetais, sistêmicos.
serragem de madeira e principalmente casca de arroz Trabalhos realizados pela EMBRAPA
foi menos afetado pela Sigatoka negra e aumentou a Amazônia Ocidental mostram que os fungicidas
produtividade. Pesquisas realizadas por Rodriguez et flutriafol a 2,0 mL/planta e azoxystrobin a 1,0

Magistra, Cruz das Almas-BA, v. 24, n. 2, p. 83-88, abr./jun. 2012.


Pereira et al. 85
mL/planta em duas aplicações na axila da segunda pyraclostrobin SE (50 + 133). Esses fungicidas foram
folha aberta, por ciclo da cultura da bananeira foram testados na concentração de 25 % de seus produtos
mais eficientes e econômicos no controle da Sigatoka comerciais, diluídos em água. As aplicações foram
negra que o tratamento convencional através de feitas de dois em dois meses e as avaliações
pulverizações foliares. (Martinez e Yamashiro., 1989). mensalmente.
Vawdrey e Grice (2005) também relatam que para o Para cada tratamento foram selecionadas 15
controle da Sigatoka amarela utilizando fungicidas plantas no estádio ou tipo “chifrão”, já apresentando
protetores como Mancozeb ou sistêmicos do grupo sintomas da Sigatoka amarela (manchas ou estrias
dos triazóis como propiconazol ou tebuconazol marrom escura). Essas 15 plantas foram subdivididas
misturados com óleo mineral são necessárias 20 a 25 em três parcelas de 5 plantas cada, constituindo-se
pulverizações/ano. três repetições por tratamento. Como testemunha,
A maioria dos plantios de bananas do estado também foram selecionadas três parcelas de 5
de Minas Gerais, principalmente, na região sul de plantas cada, no mesmo estádio, as quais não
Minas, é realizada por pequenos produtores em receberam nenhum tratamento.
terrenos de topografia acidentada e, muito deles, Considerando-se os quatro fungicidas e as
ainda usam a cultivar ‘Prata’ que é de porte alto. Isso duas técnicas de aplicação mais a testemunha
dificulta o uso de métodos convencionais de controle resultou num fatorial 4x2+1 com nove tratamentos
químico como pulverização e até mesmo aplicação de repetidos 3 vezes cada, em delineamento
fungicida na axila das folhas. inteiramente casualizado. Os dados foram
Com base nas informações acima, esse submetidos a análise de variância utilizando-se o
trabalho objetiva avaliar a eficiência técnica e programa computacional Sisvar 4.0 (3), sendo as
econômica da aplicação de diferentes fungicidas por médias comparadas pelo teste de Tukey ao nível de
meio de injeção e espeto embebido no fungicida e 5% de significância.
introduzido no pseudocaule da bananeira para o As aplicações bem como as avaliações tiveram
controle da Sigatoka amarela. início em 15 de março de 2007. As aplicações se
estenderam até 15 de maio de 2008, totalizando 8
aplicações. Por outro lado, as avaliações foram
Material e Métodos realizadas até julho de 2008 (17 avaliações). Na
análise estatística, considerou-se apenas a média das
Esse trabalho foi conduzido num bananal da três últimas avaliações, as quais coincidiram com a
cultivar ‘Prata anã’, com oito anos de idade, a uma época da emissão dos cachos.
altitude de 1.300 m em terreno de encosta íngreme, As variáveis utilizadas para avaliar a eficiência
localizado no km 12, às margens da rodovia dos tratamentos foram: números de folhas atacadas,
Piranguçu (MG) – Campos do Jordão (SP), no número de folhas sem sintomas, número de folhas
município de Piranguçu. funcionais e a porcentagem do número de folhas
O solo onde está implantado o bananal é funcionais em relação ao número total de folhas
classificado como Argilo-arenoso e com bom nível de (folhas atacadas + folhas sem sintomas). Como
fertilidade, com base nas análises realizadas pelo folhas funcionais consideraram-se aquelas que no
laboratório de fertilidade de solos da Universidade momento de cada avaliação apresentavam pelo
Federal de Lavras – UFLA, Lavras – MG. menos 50% de área foliar completamente verde.
Durante o período de realização da pesquisa Para aplicação via espeto embebido,
(março de 2007 a julho de 2008), a precipitação anual utilizaram-se espetos de Pinus (espetos para
foi de 1.480 mm, a umidade relativa do ar variou de churrascos) medindo 25,0 cm de comprimento por 0,4
60% a 85% e as temperaturas médias, mínima e cm de diâmetro, os quais foram introduzidos
máxima foram de 22°C, 13°C e 26,5°C, obliquamente no pseudocaule da bananeira, até 3/5
respectivamente. No período de junho a agosto do seu comprimento. Para saber a quantidade da
ocorreram as menores temperaturas chegando até calda fúngica embebida por espeto, foi realizado em
4,0 ºC e precipitação inferior a 20 mm, conforme laboratório, um teste de embebição máxima, na calda
dados da estação climatológica da Universidade fúngica a 25,0%. Os resultados mostraram que tal
Federal de Itajubá – UFEI, Itajubá – MG. tempo foi de 30 minutos, sendo que cada espeto
Foram testadas as técnicas de aplicação de embebeu em média 1,0 mL.
fungicidas no pseudocaule a 50 cm do solo, via No caso da aplicação via injeção, foram
injeção e espetos embebidos, usando os seguintes injetados 4,0 mL/planta da calda fúngica, através de
fungicidas: flutriafol 125 SC, pyraclostrobin 250 CE, uma seringa descartável de 20,0 mL.
difeconazole 250 CE e epoxiconazole +

Magistra, Cruz das Almas-BA, v. 24, n. 2, p. 83-88, abr./jun. 2012.


Pereira et al. 86
Para facilitar a aplicação dos fungicidas pelas O fungicida flutriafol aplicado via espeto
duas técnicas, antes de cada aplicação, um espeto proporcionou maior número de FSS, FF, relação
metálico de 25,0 cm de comprimento por 0,5 cm de FF/FT e menor número de FA que os demais
diâmetro foi introduzido no pseudocaule, também fungicidas. Além disso, o número de FF e a relação
obliquamente. FF/FT onde foi aplicado o flutriafol, também foram
Durante as aplicações foram feitos testes de significativamente maiores que para os demais
rendimento ou rapidez de cada uma das técnicas. fungicidas, independente da técnica de aplicação
Quanto ao consumo do produto/ha, pela (Tabela 2).
técnica da injeção (4,0 mL/planta) na concentração de No caso da aplicação do fungicida flutriafol via
25,0%, com um litro do produto é possível tratar 1000 espeto que foi mais eficiente que via injeção,
plantas. Considerando-se duas plantas por touceira, verificando-se um aumento de 1,50 de FSS e 1,08 de
no espaçamento 3,0x3,0 m (1.111 covas/ha), um litro FF e 3,83% na relação FF/FT, ao passo que o
do produto permite tratar 0,45 ha. Por outro lado, pela número de FA reduziu de 3,72 para 3,00.
técnica do espeto (1,0 mL/planta) dará para tratar A maior eficiência com a aplicação dos
4.000 plantas, ou seja, 1,8 ha. fungicidas via pseudocaule por meio de espeto
embebido no produto obtido nesse trabalho em
relação aos resultados obtidos por Martinez &
Resultados e Discussão Yamashiro (1989), pode ser atribuído a diversos
fatores. Dentre eles, o tempo de embebição, o tipo de
De acordo com os dados da Tabela 1, as palito ou espeto e a quantidade absorvida que são
plantas tratadas com os fungicidas, bastante diferentes. Nesse trabalho usou-se espeto
independentemente da técnica de aplicação de pinus que tem maior capacidade de embebição
apresentaram um número significativamente maior de que os de bambu. O tempo de embebição utilizado foi
folhas sem sintomas (FSS), folhas funcionais (FF) e de 30 minutos contra apenas 1 minuto no trabalho de
relação folhas funcionais/folhas totais (FF/FT) e Martinez e Yamashiro (1989). Há de ressaltar ainda,
menor número de folhas atacadas (FA) que a que os fungicidas, concentrações, intervalos e
testemunha, mostrando que as técnicas de aplicação número de aplicações são diferentes nos dois
e fungicidas testados foram eficientes no controle da trabalhos, o que dificulta a comparação dos
Sigatoka amarela. resultados.
Os tratamentos com fungicidas
proporcionaram, em média, 4,00 FSS, 3,91 FF e uma
relação FF/FT de 27,95 a mais e 3,47 FA a menos
que a testemunha.

Tabela 1 - Valores médios do número de folhas sem sintomas (FSS), folhas atacadas (FA) e folhas funcionais (FF)
e relação FF/FT em função dos fungicidas aplicados via espeto e injeção para o controle da Sigatoka
amarela em comparação com a testemunha, Lavras – MG, 2010.
Tratamentos FSS FA FF Relação
FF/FT(%)
Flutriafol espeto 11,00a 3,00e 13,75a 98,23ª
Flutriafol injeção 9,50b 3,72d 12,67b 94,40ª
Piraclostobin espeto 9,42b 3,75d 11,25c 85,48b
Piraclostobin injeção 9,42b 4,33d 11,83bc 86,05b
Epoxiconazol + Piraclostrobin espeto 9,67b 4,00d 11,83bc 86,55b
Epoxiconazol + Piraclostrobin injeção 8,92bc 5,33c 11,92bc 83,62c
Difeconazol espeto 8,33c 5,83bc 18,16b 84,12c
Difeconazol injeção 8,42c 6,08b 11,91bc 83,90c
Testemunha 5,33d 8,00a 8,25d 59,84d
Médias seguidas pelas mesmas letras minúsculas na vertical não diferem entre si, pelo teste de Tuckey a 5% de
probalidade.

Magistra, Cruz das Almas-BA, v. 24, n. 2, p. 83-88, abr./jun. 2012.


Pereira et al. 87
Tabela 2 - Valores médios do número de folhas sem sintomas (FSS), folhas atacadas (FA) e folhas funcionais (FF)
e relação FF/FT em função do fungicida e da técnica de aplicação para o controle da Sigatoka amarela,
Lavras – MG, 2010.
FSS FA FF FF/FT
Fungicidas
Injeção Espeto Injeção Espeto Injeção Espeto Injeção Espeto

Flutriafol 9,50Ab 11,00Aa 3,92Ca 3,00Cb 12,67Ab 13,75Aa 94,40Ab 98,23Aa

Piraclostobin 9,42Aa 9,42Ba 4,33Ca 3,75Bb 11,83Ba 11,85Ba 86,05Ba 85,48Ba

Epoxiconazol+ 8,92Bb 9,67Ba 5,33Ba 4,00Bb 11,92Ba 11,83Ba 83,62Bb 86,55Ba


Piraclostrobin
Difeconazol 8,42Ba 8,33Ca 6,08Aa 5,83Aa 11,91Ba 12,16Ba 83,90Ba 84,12Ba

Médias seguidas pelas mesmas letras maiúsculas na vertical e maiúscula na horizontal, dentro de cada variável
analisada, não diferem entre si, pelo Teste de Tuckey a 5% de probabilidade.

Em relação à aplicação do produto através de Além dos aspectos técnicos e econômicos, a


injeção, apesar de usar fungicidas, doses, intervalos e aplicação de fungicidas por meio de espeto ou injeção
número de aplicações diferentes, a técnica mostrou apresenta menores riscos de intoxicação do
eficiência semelhante àquela obtida por Martinez e operador, do consumidor e contaminação do meio
Yamashiro (1989) e Oliveira Cézar et al. (2002). ambiente, em relação ao método tradicional por
Comparando as técnicas de aplicação de pulverização. O menor risco de intoxicação do
fungicidas para o controle da Sigatoka amarela, o consumidor é explicado pelo fato de o produto
espeto embebido parece ser mais viável e acessível aplicado somente até as vésperas da emissão do
para pequenos produtores e em plantios em terrenos cacho. Como da emissão do cacho até a sua colheita
acidentados, independente do porte da cultivar. Por leva no mínimo quatro meses, prazo este bastante
outro lado, a aplicação na axila foliar (4, 7) e injeção superior ao período de carência da maioria dos
no pseudocaule (5, 8), apesar da boa eficiência no fungicidas recomendados para o controle das
controle da doença apresenta menor rendimento na Sigatokas amarela da bananeira.
aplicação, principalmente na axila, se o bananal for No caso da aplicação via espeto ou injeção, o
de cultivar de porte alto e em terrenos acidentados. fungicida é introduzido dentro da planta evitando
A recomendação de uma técnica de aplicação assim o seu contato com o meio ambiente, como
de fungicida para o controle da doença deve levar em ocorre nas pulverizações.
consideração vários fatores como, eficiência técnica e Com base nas informações acima, a aplicação
econômica, além da preservação do meio ambiente. de fungicidas via espeto para o controle da Sigatoka
Assim, com base nos testes de rendimento de mão amarela é mais vantajoso em termos de eficiência,
de obra e quantidade de produto gasto na aplicação economia, praticidade, acessível a todos os
por meio de espeto, um operador aplica duas plantas bananicultores, independentemente, dos recursos
por minuto, enquanto que por meio de injeção são financeiros, tamanho e topografia do bananal e porte
necessários dois operadores para aplicar, em média, da cultivar, vantagens essas também citadas por
uma planta/minuto, ou seja, quatro vezes mais que a Martinez e Yamashiro (1989).
aplicação por espeto.
Quanto a quantidade de fungicida utilizado por
planta, com base nos testes de embebição, cada Conclusões
espeto embebe 1,0 mL do produto, ou seja, 1,0
mL/planta, ao passo que, via injeção foram aplicados A técnica de aplicação de fungicidas via
4,0 mL/planta. Considerando-se que nesse trabalho espeto embebido no produto é a mais recomendável
todos os fungicidas foram aplicados na mesma para o controle da Sigatoka amarela pela sua
concentração (25%), conclui-se que o consumo de eficiência, economia e praticidade;
fungicida na aplicação via injeção foi quatro vezes O fungicida flutriafol foi o mais eficiente no
maior que via espeto. controle da Sigatoka amarela, independente da
técnica de aplicação;

Magistra, Cruz das Almas-BA, v. 24, n. 2, p. 83-88, abr./jun. 2012.


Pereira et al. 88
De modo geral, os fungicidas testados, já OLIVEIRA CÉZAR, Z. de; et al. Efeito da aplicação
recomendados para o controle da Sigatoka negra, de fungicidas via injeção no controle da Sigatoka
também foram eficientes no controle da Sigatoka amarela (Mycosphaerella musicola Leach) na
amarela. bananeira. In: Congresso Brasileiro de Fruticultura,
17., 2002, Belém. Anais. Belém: SBF, 2002, p. 1-5.
CD-ROM.
Referências
PEREIRA, J.C.R.; GASPAROTTO, L. Contribuição
BALBIN, L.A. G.; ZAPATA, J. C. Manejo integrado de para o reconhecimento das Sigatokas negra e
lãs Sigatokas negra y amarilla em la cultivariedad de amarela e das doenças vasculares da bananeira
plátano Africa. Infomusa, Montepellier, v.10, n.2, p. 3- (Musa spp). Manaus: Embrapa Amazônia Ocidental,
7, 2001. 2005, CD-ROM.

FAO: FAOSTAT – Produción: cultivos bananos. RODRIGUES, M.G.V.; LEITE, M.A.V. Aspectos
Rome, 2006b. Disponível em socioeconômicos da bananicultura. Informe
<http://faostat.fao.org/desktop Default.aspx? Pagel Agropecuário, Belo Horizonte. v.29, n.245, p. 8-13,
D=5 35 lang=esp>. Acesso em 25 mar. 2008. 2008

FERREIRA, D.F. Análise estatística por meio do RODRIGUEZ, R.S. et al. F.M. Efeito del fungicida
Sisvar para Windows versão 4.0. In: REUNIÃO natural F20 contra la enfermedad Sigatoka neghra
ANUAL DA REGIÃO BRASILEIRA DA SOCIEDADE (Mycosphaerella fijiensis Morelet) em plátano (AAB) y
INTERNACIONAL DE BIOMETRIA, 45., 2000, São banano (AAA). Infomusa, Montepellier, v.11, n.1,
Carlos, Anais... São Carlos:UFSCar, 2000, p.2555- p.14-16, 2002.
258.
UNTACD, Info Comm market Information in the
GASPAROTTO, L.; PEREIRA, J.C.R., Avanços no commodities Área. Agricultural products: banana.
controle da Sigatoka negra da bananeira. Summa 2005. Disponivel em: <http:so.unctad.org/infocomm/
Phytopathologica, v. 32, p.122-125, 2006. anglais/banana/market.htm>. Acesso em 03 out. 2007

MARTINEZ, J.A.; YAMASHIRO, T. Novas técnicas de VAWDREY, L.L.; GRICE, K. Evaluación en campo de
aplicação de defensivos utilizados no controle do las strobilurinas, triazoles e acibenzar para el control
patógeno causador da Sigatoka amarela da de la Sigatoka amarilla em Australia. Infomusa,
bananeira. In: Congresso Brasileiro de Fruticultura, n. Montepellier, v.14, n.2, p. 11-15 .2005
10, 1989, Fortaleza. Anais. Fortaleza: SBF, 1989,
p.41-47.

NGONGO, P.M.K. Estratégias para el manejo


integrado de la producion platanero y control de la
Sigatoka negra em la República Democrática de
Congo. Infomusa, Montepellier, v. 11, n.1, p.3-6,
2002.
Recebido em: 24/11/2011
NOGUEIRA, E.M. DE C. et al., Sigatoka negra – Aceito em: 26/07/2012
métodos de controle com fungicidas aplicados em
pulverizações e na axila da folha. Biológico, São
Paulo, v. 71, n.1, p. 53-57, 2009.

Magistra, Cruz das Almas-BA, v. 24, n. 2, p. 83-88, abr./jun. 2012.

Você também pode gostar