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LIPIDOS

Caracterização
Lípidos são todas os metabolitos, substancias sintetizadas pelos seres vivos, que são
lipossuluveis. Geralmente esta característica define-os como apolares

Triacilgliceróis – São constituídos por Glicerol esterificado por 3 ácidos gordos


constituídos de cadeias carbonadas. Se a cadeia for de um
alcano, diz-se que o ácido gordo é saturado, caso contrário será
insaturado. A sua nomenclatura depende também deste factor
e do número de átomos de carbono presentes. Um ácido gordo
saturado terá terminação “anoico” ex: ácido octanóico para 8
carbonos, hexaenóico para 6 carbonos, tetradecanoico para 14
carbonos. Para um ácido Gordo insaturado teremos de defenir o
numero das ligações insaturadas, a sua posição na cadeia
carbonada e ainda da isomeria cis ou trans ex: ácido cis-9-
octadecenóico, ácido cis,cis-octadeca-9,12-diénóico.
Caracteristicas fisicas dos ácidos gordos variam
quanto ao tamanho da sua cadeia e ao seu grau de
insaturação da mesma maneira como acontece
com os alcanos. Quanto maior for a cadeia, maior
o seu ponto de fusão e menor a sua solubilidade,
contudo o grau de insaturação irá reduzir o ponto
de fusão e aumentar a solubilidade.
Um triacilglicerol pode ser simples ou misto, caso
os ácidos gordos que o constituem sejam todos
iguais, ou diferentes. Também chamados de
“gorduras” para os mais insaturados e portanto
lipidos á temperatura ambiente, um processo
industrial consiste em lhes ser adicionado H2 para
saturar a cadeia, aumentando o ponto de fusão e
solidificando a gordura em questão.

Fosfolipidos – São lipidos que incluem


grupos Fosfato. Habitualmente são constituentes
das membranas plasmáticas por serem anfipáticos.
Fosfoglicéridos – Correspondem a fosfolipidos em
que fosfato esterificao glicerol numa das três
posições. Podem ser fosfatidatos, se o fosfato não
estiver ligado a mais nada. Estas moléculas são
raras, e geralmente percursoras de outras que
estão presentes nas membranas e tomam
designações consoante a molécula que está também associada ao grupo fosfato. A sua
presença nas membranas explica-se com facilidade considerando que o fosfato é polar e os
ácidos gordos não o são. Isso torna o fosfato (e os grupos a ele ligados) em elementos
hidrossolúceis, e por isso a molécula na totalidade denomina-se de anfipática, possuindo uma
região polar e outra apolar. A bicamada lipida explica-se considerando esta disposição: dois
fosfoacilgliceróis têm as suas regiões hidrofóbicas viradas uma para a outra de maneira a gerar
um espaço onde a água não penetra, enquanto que as areas hidrofilicas estão submersas em
direcções opostas e em contacto com a água. Assim se gera a camada que isola a célula,
rodeada em ambos os lados de água.
Ceramidas– Um Fosfolipido em que o esqueleto não é consti

tuído de glicerol mas sim de esfingosina e um ácido gordo. Podem também possuir um grupo
fosfato e um grupo colina ou serina associado ao grupo fosfato como acontece com a
esfingomielina (acima descrita).
Glicoesfingolipidos – são derivados das ceramidas quando associados a hexoses.
Participam no reconhecimento ou adesão celular, na regulação do crescimento de
diferenciação de tecidos. Estão também associados á oncogenese, aparecimento de tumores
malignos. Se vários glicoesfongilipidos se associam através das suas terminaçõex hexose,
formaram gangliosidos ou globosidos.

Esteróides – Resultam são derivados do


2,15-metilTetracicloheptadecano. Funcionam
como hormonas, ácidos biliares, componentes
membranares e percursores quimicos

Metabolismo
Lipólise – Tambem conhecida por emulsão, consiste na separação entre glicerol e ácidos
gordos. É fundamental para o posterior metabolismo dos lipidos. Ocorre naturalmente durante
a digestão por acção das lipases intestinais ou pode ocorrer também no organismo aquando da
degradação dos lipidos presentes em tecido adiposo. Nessa situação, um aumento de AMPc vai
aumentar um cinase que conduzirá á activação do triacil Glicerol lipase sensível, uma hormona
que activa o processo e hidrólise do Triacilglicerol para Diacilglicerol, MonoacilGlicerol e por
fim apenas Glicerol (e respectivos ácidos gordos).

Peroxidação – A peroxidação dos lipidos é um processo involuntário que ocorre quando


um lipido é submetido a um intenso stress oxidativo pela elevada concentração de peroxido de
hidrogénio (sobretudo de oxigénio). A reacção entre o radical livre e o ácido gordo (sobretudo
se for insaturado) dará origem a um hidroperóxido, que como podemos observar possui um
grupo eletronicamente carregado na cadeia supostamenta apolar. Esta destabilizaçao levará em
ultimo caso á destruição da membrana e á morte da célula

β – Oxidação – Este processo é o principal meio de transformação de ácidos gordos em


grandes quantidades de moléculas de Acetil-CoA ou Sucinyl-CoA prontas a entrar no ciclo dos
ácidos Tri-Carboxilicos. O primeiro passo deste metabolismo dá-se quando o Ácido Gordo
associado ao Coenzima-A (sob a forma de Acil-CoA portanto) quebra esta ligação para se juntar
á L-Carnitina. Este péptido existe na membrana mitocondrial e permite a passagem do grupo
Acilo para dentro do mitocondrio visto que o acil-CoA não consegue penetrar no espaço
intermembranar

Do outro lado da membrana, e auxiliado por alguns enzimas esta ligação desfaz-se. A Carnitina
livre voltará para o invólcuro externo da membrana de seguida e o grupo acil retoma a sua
ligação com uma nova molécula de coenzima A dando origem de novo ao Acil-CoA.

Agora dentro do mitocondrio a oxidação do Acil-CoA dar-se-á em 4 passos. Primeiro, com o


auxilio do FAD a ligação que junta o 2º e o 3º carbono a partir do grupo carbonilo passará a
dupla.

Numa segunda etapa esta ligação dupla voltará a ser simples através da adição de um grupo
Alcool. Obtemos assim um grupo álcool no carbono 3

Num terceiro passo o carbono 3 é oxidado com o auxílio do NAD+ de maneira a formar um
segundo grupo cetona

Agora com a intervenção de uma nova molécula de CoA-SH dar-se-á a clivagem entre o
carbono 2 e 3, restando assim uma molécula de Acil-CoA (com menos dois carbonos) e outra
de Acetil-CoA

1. O acetil CoA está pronto a entrar no ciclo dos ácidos tricarboxilicos, enquanto o Acil-
CoA irá ser sujeito ao mesmo processo até que restem apenas duas moléculas de
Acetil-CoA. Podemos desde já constatar que a partir de um ácido gordo podemos obter
muitas mais moléculas de Acetil-CoA do que provenientes de uma hexose. Ainda que
durante o seu metabolismo(glicolise) se formem moléculas de ATP, contrariamente ao
metabolismo dos ácidos gordos, esta diferença no numero de moléculas de Acetil-CoA
formadas explica porque motivo os Lipidos são considerados nutrientes mais
energéticos do que os glucidos.
No caso de o ácido gordo ser insaturado e essa ligação ser numa ligação que algures
durante o processo seria formada no primeiro passo da β – oxidação (e for cis, quando
nessessita de ser trans) então será convertida por um isomerase, o cis-δ3-Enoyl CoA
isomerase. No caso de a ligação dupla ser numa posição par haverá um momento em

que se formará um 2,4-dienoil. Aí,


a sua ligação dupla deverá ser reduzida com o auxilio de NADP2+

2. No caso de a cadeia ser impar, significa que o ultimo acil-CoA é o propionato. A esta
molécula, caso retirássemos dois carbonos, obteríamos ácido metanóico que não pode
ser metabolizado. Por isso e com o consumo de ATP o propionil-CoA é carboxilado
formando metilmalonil-CoA que é depois convertido em sucinil-CoA, também
metabolito do ciclo dos TCAs.

β – Oxidação Peroxisomal – A β – Oxidação pode também ocorrer nos


peróxissomas. O primeiro passo é diferente pois em vez de se utilizar o FAD como receptor dos
dois Hidrogénios que se soltam para formar a ligação dupla, utiliza-se o oxigénio molecular. Isso
é prático pois a concequente formação de peróxido de hidrogénio está controlada visto
existirem nos peroxissomas enzimas que permitem o metabolismo desta substancia nociva
transformando-a em água e Oxigénio. Trata-se de um meio de metabolizar a gordura, quanto
esta está na célula em concentrações demasiado altas.

Metabolismo do Glicerol – O glicerol também é constituinte dos lipidos. Através do


consumo de ATP este pode ser metabolizado Apenas no fígado onde formará fosfato de
glicerol que é oxidado para fosfato de dihidroxiacetona, metabolito intermediário da glicolise

Metabolismo do Colesterol – O colesterol é oxidado em vários pontos do seu


esqueleto sendo convertido em ácidos biliares (vários)que
são libertados para o sistema digestivo. Aí desempenham a
sua função como emulsionadores naturais e são expulsos do
organismo, sem desempenharem uma função energética
neste.

Bióssintesse
Biósintese de ácidos gordos – A bióssintese de ácidos gordos parece-se um pouco
com o seu metabolismo investido. Ocorre maioritariamente no fígado, no citosol e parte da
junção de uma molécula de Acetil-CoA com uma molécula de Ácido Carbónico. Com o apoio de
uma proteína de transferência de biotina (BCP) e também da própria biotina que transporta o
Ácido
Carbónico é
possível
alongar o
Acetil-CoA
formando
propionil-
CoA. Este
vai-se quebrar a sua ligação com o Coenzima-A e formar uma nova ligação com o ACP (Proteína
transportadora de acil). Consideremos agora uma segunda molécula de acetil-CoA que reage
com esta proteína formando acetil-ACP. Estas duas moléculas (acetil-ACP e Propinil-ACP) vão
condensar libertando uma molécula de Dióxido de Carbono, formando 3-Cetoacil-ACP.

Esta molécula vai ser reduzida passo a passo da mesma maneira como no metabolismo da
mesma ocorre sua oxidação, isto é, o grupo cetona passa a álcool com o auxilio de NADPH

, depois a partida de
uma molécula de água permite a formação de uma ligação dupla
que por fim, de novo com o
NADPH, passará a ligação simples

Este processo repetir-se-á várias vezes adicionando grupos acetil-ACP prolongando a cadeia de
2 em 2.No fim, o ACP vai abandonar o ácido gordo com uma tioesterase. A utilização de outros
percursores poderá resultar em ultimo caso em ácidos gordos ramificados, ou a combinação de
grupos propinil-ACP e Acetil-ACP irá ditar se o numero de carbonos na cadeia é par ou impar,
etc.

Triacilgliceróis – A combinação de Fosfato de glicerol com dois grupos Acil-CoA dará


origem a um Fosfolípido. Caso a origem seja o Fosfato de hidroxiacetona então este terá de ser
reduzido a fosfato de glicerol e só depois esterificado pelos ácidos gordos. Esta redução dar-se-
á com o auxilio de NADPH. Um fosfatidato por hidrolise liberta fosfato para o meio, e o
diacilglicerol pode ser esterificado uma terceira vez formando um triacilglicerol.

Fosfolipidos – Quando um grupo colina, serina etc, e aproxima da membrana


plasmática, é automaticamente fosforilado com a ajuda do ATP. Transportado por uma
CTP(Citidinil transferase de fosfo…) vai conduzir este metabolito até a um diacilglicerol, no
reticulo endoplasmático, onde se dará a conjugação e formação do fosfolipido.
Corpos
cetónicos - éo
termo utilizado para
designar os
metabolitos “acetona”,
“acetoacetato” e “β-
hidroxibutirato”. Estes
três metabolitos
formam-se no fígado
através da junção de
acetil-CoA aquando do
aumento de glucagina.
O conjunto de
reacções ao lado
exemplificado
demonstra a maneira
como eles são os três
gerados. A acetona
não tem papel no
organismo, por isso é
excretado através da
urina. O β-
hidroxibutirato é
convertido em
acetoacetato no
cérebro e no coração
em situações em que
a quantidade de
glucose no sangue é
muito baixa.
Seguidamente este
metabolito formará
aceto-acetil-CoA um
metabolito do ciclo
TCA’s ou é convertido em Acetil-CoA no citosol e posteriormente utilizado no mesmo ciclo.
Trata-se de uma fonte de energia de emergência, embora o seu excesso diminua
perigrosamente o pH do oranismo e cause mau hálito. No fígado e no cérebro o acetoacetato
origina acetoacetil-CoA que irá ser percursor da síntese dos esteróides.

Esteróides – No mitocondrio uma molécula de acetoacetil-CoA e uma molécula de Acetil-


CoA condensarseão formando 3-hidroxi3-metilglutarato-CoA (HMG-CoA) . Passando para o
citoplasma será reduzido a mevalonato

Onde é fosforilado duas vezes com o auxilio do ATP formando pirofosfato de mevalonato. Uma
descarboxilação e a redução do 2º carbono (a contar do fim) formará o pirofosfato de
dimetilalil. Este
isomerisa para
pirofosfato de
isopentenilo, e
ambos se
combinam de
forma a originar o
pirofosfato de
geranilo, ou
monoterpeno. Este
poderá surgir em
várias combinações formando diterpenos, triterpenos que originam substancias como a
borracha natural ou carotenóides em
plantas. Nos animais, Três combinações
deste composto e a posterior
dêsfosforilação, levará á obtenção de um
Alcepenteno, o esqualeno. A
epóxidação, e o fechar dos anéis, forma o lanosterol

Este isomeriza para Colesterol . O Colesterol é a base dos ácidos biliares, das lipoproteínas, das
hormonas esteróides e de muitas vitaminas. Após ser formado, pode seguir para o sistema
digestivo onde forma ácidos biliares ou formar lipoproteínas que são transmitidas á corrente
sanguínea que as conduzirá para as gónadas(onde forma testosterona ou estradiol) ou para os
adrenais(onde forma aldesterona e progesterona).

Ceramidas – a conjunção da serina e do palmitato (ácido hexadecanóico) forma a


esfingosina. Esta é acilada por um ácido gordo no grupo amina originando a ceramida.

Importancia Celular dos Lipidos


Após a ingestão de lipidos, estes serão emulsionados para ácidos gordos e glicerol. Após
absorvidos podem ser reajustados em triaglicerois e transferidos para a linfa (para ácidos
gordos que não são de cadeia média) ou absorvidos sob a forma de chylomicrons por proteínas
que existem na mucosa instestinal e criam uma vesícula em volta destes triacilgliceróis e
também algum colesterol. No fígado estes são transformados em VLDL’s(Very Low Density
Lipoproteíns) que também podem ter origem em HDL(High density Lipoproteíns, são
reconvertidos também no figado) com a junção de albumina aos ácidos gordos. O VLDL é
transmitido então na corrente sanguínea até ao tecido adiposo ou cardíaco onde liberta os
triacilgliceróis que posteriormente são metabolizados.

Há que salientar que nem todos os lipidos são absorvidos. Uma grande parte do colesterol
ingerido, forma esteres de colesterol com o auxilio de um enzima pancreático chamado
colesterol esterease, e formarão micelas, lipossomas de dimensões muito reduzidas (podemos
imaginar uma pequena esfera de lipidos, dispostos em bicamada como em torno de uma
célula, mas sem qualquer conteúdo). A estes somam-se-lhes os ácidos biliares e são todos
excretados nas feses ou absorvidos sob a forma de chilomicrons para a linfa.

O transporte entre os vários sistemas do colesterol, por sua vez, é dado sob a forma de HDL ou
LDL. Diferentes apoproteínas originarão diferentes partículas lipídicas, ainda que a sua
estruturação seja semelhante, no exterior estão armações de proteínas e fosfolipidos (com a
parte solúvel para fora obviamente) na zona intermédia encontramos as zonas apolares dos
fosfolipidos e algum colesterol não esterificado, e no centro os triacilgliceróis e esteres de
colesterilo. Quando uma célula nessessita de colesterol, porque a sua membrana não é
suficientemente fluida, produz uma proteína receptora de LDL que é enviada para a superfície
da célula. Ao aproximar-se a estrutura do LDL será reconhecida pela proteína e forma-se uma
vesícula em seu torno, permitindo a sua entrada na célula. Esta visicula será digerida e assim a
célula obteve o colesterol nessessitado.

As conversões entre partículas lipídicas no fígado são simples de explicar. Se adicionarmos a


uma partícula de VLDL ou Chilomicrons maior quantidade de fosfolipidos ou triacilgliceróis,
obteremos HDL. Mas se lhe aumentarmos a quantidade de esteres de colesterol, teremos
então LDL. Ou por outro lado, e no fígado, se aumentarem as quantidades de colesterol,
produzir-se-á maior quantidades de ACAT e LCAT (estereases) e assim obteremos mais esteres
de colesterol e consequentemente a célula libertará LDL. Existem ainda proteínas que
transportam esteres de colesterol entre HDL e LDL, as CEPT e PLTP.

Os lipidos presentes no LDL podem ser oxidados. Se isso acontecer, serão captados por
macrofagos e digeridos formando um pequeno poro inflamatório. Os macrofagos, enquanto
digerem os LDL oxidados, transformam-se em “foam cells” que irão cobrir o vaso sanguíneo,
provocando uma doença chamada arterioesclerose. Isto ocorre também numa situação em
que a concentração de HDL é muito reduzida, pelo que estas partículas não podem atrair para
si os ácidos gordos oxidados, o que evitaria o processo inflamatório (motivo pelo qual as HDL
são chamadas de “bom colesterol”. Na realidade são lipoproteínas muito pesadas e muito
pequenas, pois têm muito maior quantidade de apoproteína que por si é mais densa). Esta
síndrome é espandido pois libertam-se substancias que encorajam a proliferação de células do
tecido muscular liso, substituindo-as por colagénio que engrossará por sua vez o vaso
sanguíneo em questão. Este tipo de situação aumenta a pressão sanguínea e promove um
aneurisma, isto é, a ruptura do vaso.
Está provado que o tabaco aumenta a concentração de LDL e VLDL e diminui a concentração de
HLDL o que é explicado pois algumas das suas substancias aumentam a actividade das
proteínas transportadoras de esteres de colesterilo (CETP e PLTP). O Alcool, por outro lado,
amenta a concentração de HDL e o aumento do fornecimento de lipidos ás células e incentiva o
metabolismo lipídico. Evita também a transformação de HDL em VLDL, ou LDL pelo que reduz a
concentração de LDL no organismo.
Fica o concelho, não fumem mas bebam muito.

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