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Entrevista Reinaldo

Valério: Pois bem! A idéia, Reinaldo, dessa entrevista na realidade é pra fornecer subsídio pra esse caderno
técnico 1, dentro daquela discussão do plano diretor. Esse primeiro caderno técnico 1, ele tem o
objetivo fundamental de apresentar aquilo que a Câmara já desenvolveu e pode ser entendido como
etapa prévia de um plano diretor, o que significa, primeiro: definir o que é plano diretor; verificar a
questão dos processos que já lidaram com questão de espaço; e uma questão que nos pareceu
fundamental, seria ter a percepção das pessoas que comandaram, que participaram desses processos
relacionados ao espaço, ao longo do tempo, pra captar, portanto, esses depoimentos, que seriam
uma maneira de tentar ilustrar que o plano diretor não nasce agora, ele vem como uma etapa de um
processo que já vem desde, a gente pode considerar desde a criação do congresso nacional, de
alguma maneira. Então, esse primeiro caderno, um dos capítulos corresponde, exatamente, a essas
entrevistas com os diretores do departamento técnico e com diretor da coordenação de projetos, é...
o atual e os anteriores de forma a ter, portanto, essa visão do que teriam sido essas preocupações do
espaço físico. A gente elaborou aqui nove questões que são todas relacionadas a isso, de espaço,
então, portanto, a gente vai conversar sobre esses pontos, tá certo?
Reinaldo: Vamos lá!
Valério: Então são alguns blocos, o primeiro deles seria mais no sentido do perfil pessoal. Aí seria: a quanto
tempo que vc trabalha com questões de espaço aqui na Câmara?
Reinaldo: 42...
Valério: 42 anos?
Reinaldo: Não... mais. É... em 65 eu entrei na Câmara. Eu estava na arquitetura. Dois anos depois, ainda
fazendo o curso de arquitetura, eu fui contrato federal pra ajudar na fiscalização do acréscimo do
edifício principal.
Valério: Aqueles 15m que foram acrescentados.
Reinaldo: Foi uma obra que já vinha do Senado e ao passar pra Câmara tinha que ser fiscalizado pela Câmara.
Na verdade ela era fiscalizada pela NOVACAP. Naquela época, a NOVACAP cuidava de todas as
obras do governo... do Brasil. E eles eram fiscais. Mas o Dr. Luciano, de uma forma sábia, não
entregou o dinheiro pra NOVACAP.
Valério: Certo.
Reinaldo: Ficou com isso, com o dinheiro e o poder. E aí, partindo do Dr. Luciano pagar, era necessário que
os funcionários da Câmara acertassem a fatura... reacertassem a fatura em até então. Por isso,
xxxxxx o Eraldo estava praticamente sozinho, ele me convidou para vir e eu vim
Valério: Eraldo era exatamente...
Reinaldo: Eraldo Soares Paixão.
Valério: era responsável...
Reinaldo: Era o arquiteto que existia na Câmara.
(Pausa)
Reinaldo: Vamos lá!
Valério: Pronto, então... 42 anos, então, esse momento inicial foi como fiscalização, né?
Reinaldo: É.
Valério: 42 anos trabalhando com espaço deve ter visto aí muitas variações, muitos processos e projetos
diferentes. Como é que você avaliaria, portanto, ao longo desse tempo todo, essa questão das
demandas por espaços físicos aqui na Câmara?
Reinaldo: Isso começou com... eu acho, com o programa... é... mal feito, ao se transferir o Congresso para
Brasília. Como a coisa era toda... muito rápido, muito xxxx, muito pra ontem, o Oscar disse que
pegou o espaço que tinha, na Câmara, e multiplicou por 2 e achou que aquilo era suficiente para a
construção. E então, ele fez o projeto da Câmara que pela sua arquitetura ficou muito maior que
duas vezes o palácio Tiradentes.
Valério: Certo.
Reinaldo: Só que o palácio Tiradentes tinha uma característica própria que se perdeu com a vinda pra
Brasília. O palácio Tiradentes era enc(r)ostado com a cidade já consolidada, o Rio de Janeiro, com
uma variação muito grande de locais pra aluguel, no centro... no centro do Rio de Janeiro e os
deputados tinham seus escritórios fora do prédio. Então, eles não ocupavam o prédio em si.
Valério: o prédio era só a assembléia propriamente dita, né?
Reinaldo: É... e aí, e aí era a parte do governo mesmo, sabe? Do legislativo propriamente dito. Todo resto era
fora. Então, quando veio pra Brasília, Brasília tinha uma característica totalmente diferente. Não
havia, em Brasília, nada. Então o parlamentar não tinha como alugar uma sala, não tinha como...
tudo era muito distante. É... ele vinha pra cá e ficava aqui todo o tempo. Geralmente, a família não
veio, não vinha e eles ficavam aqui... pra ficar o dia todo, ia pro hotel voltava, ia pro Rio, ia pra
cidade... pra terra deles e isso, então, no primeiro momento o espaço foi altamente suficiente, até
sobrou espaço, porque o deputado não tinha o hábito de ter um espaço. Então, os espaços eram
coletivos dos deputados... os deputados tinham, por exemplo, a correspondência. Como eu não
tinha um lugar pra receber a correspondência, a correspondência era colocada nos escaninhos, num
lugar ali do plenário tinham, onde hoje é aquele espaço da votação eletrônica, tinha uma grande
mesa e os escaninhos e um funcionário contínuo que entregava ao deputado a correspondência dele
ou então, o deputado abria o escaninho de lá e pegava a correspondência, lia sobre aquela mesa e
fazia as anotações que queria e havia um grupo de funcionários que faziam as respostas dos
deputados ou o deputado redigia a mão...
Valério: e entregava.
Reinaldo: ... e o pessoal datilografava ou então, eles criavam certo vínculo com os funcionários e cada
funcionário atendiam alguns dos deputados já sabiam a resposta. Eles criavam esse vinculo que
levava a pessoa a conhecer o deputado a ponto de fazer a correspondência dele. Então funcionou,
isso funcionava.
Valério: Era um núcleo de atendimento, então, que prestava...
Reinaldo: É... tinha um nome, não me lembro mais qual é. O Hamilton, inclusive, trabalhou nessa área. O
Hamilton Balão Cordeiro trabalhou nessa área lá dos deputados. Tinha uma cabine telefônica que
permitia fazer interurbanos, também, ali perto do salão verde. Tinha os correios ali, também, perto
do salão verde. O restaurante ali no salão verde, também. Então, tudo do deputado gerava em torno
do salão verde. E aí... embaixo do plenário, funcionava as comissões. Então, o edifício principal,
ele era... ele era parte política toda. E a parte administrativa...
Valério: no Anexo I
Reinaldo: ... é no Anexo I. Também, tinha muito espaço vago... muito espaço vago. O décimo quarto,
também, era um restaurante enorme, uma cozinha enorme... daqui de lá era restaurante, era do
Senado, tinha aquela ligação. Isso ficou fechado anos, até a gente desmanchar na reforma. Então,
esse era o panorama que os parlamentares tiveram quando chegaram aqui e isso ficou por vários
anos.
Valério: Isso seria a década de setenta, quase? Ou o começo da década de setenta?
Reinaldo: Não. Isso... quando eu entrei, tava um pouco modificado. Estava numa tendência de se modificar,
porque as lideranças partidárias tinham espaços aqui, no Anexo I. E aqui, no Anexo I, tinha uma
área de bancadas, bancadas do Rio Grande do Sul, bancadas de Minas, bancadas... então, algumas
bancadas que tinham mais parlamentares, tinham o espaço aqui no Anexo I, mas era coletivo.
Então, o parlamentar vinha pra aquele espaço quando queria. Mas daí as lideranças começaram a
sentir a necessidade de ficarem próximas ao plenário. E o começou, então, a favelização do salão
verde, que não era salão verde... era área preta, não era salão verde. É o hall do plenário, ali... que o
salão preto, o salão negro hoje, era o parlatório onde recebiam as pessoas pra falar para o
parlamentar. E a pessoa... então, uma vez que o parlamentar sempre ficava no plenário (11:25)
xxxxxx vinha ao plenário...
Valério: chamava o deputado
Reinaldo: falava ao deputado que tinha aquela pessoa, o deputado via se queria receber ou não. Se quisesse
receber, o deputado saia onde hoje é o salão verde, era aquele salão grande mesmo e entrava xxx
pra falar com o deputado.
Valério: Ali era o momento das conversas.
Reinaldo: Mas essa conversa, quase com o eleitor, com umas pessoas que vinham... tinha muita gente de todo
lado, então, tinha eleitor de todos os deputados, todos os estados. É... mas aí começou a favelização
do... desse salão porque começou-se a fazer tabicos de... aqueles tabicos bem feitinhos, sabe? de
alumínio com vidro e umas cortinas por dentro
Valério: xxxxx
Reinaldo: é... os gabinetes das lideranças. Então aquilo foi dissiminando. É... nessa época tinha na verdade
dois partidos, né? Era bipartidarismo: o MDB e ARENA. Era na época da revolução... então eram
esses dois partidos, basicamente. Mas aí começou a fazer liderança do governo e outros, outros
pequenos gabinetes. Então, ficou realmente uma coisa muito ruim.
Valério: então, a gente pode entender que isso aconteceu porque o salão verde era o local já de receber
pessoas?
Reinaldo: Não, eu acho que aconteceu porque o salão verde era próximo ao plenário e as lideranças queriam
ficar próximas ao plenário. E é realmente uma necessidade, o líder tem... a função de líder tem que
intervir no plenário, rapidamente e, também, tem que despachar junto aos liderados deles né? Os
conchavos, os acordos, tudo isso é feito no gabinete fechado, né? E sempre aqui na Câmara, pelo
confessionário, que era um gabinetizinho, pequenininho, hermético, dentro do próprio gabinete.
Então, quando chegava, tinha uma conversa que ficava cheio de deputado... quando o cara queria
uma conversa particular...
Valério: ai ia para o...
Reinaldo: ele ia para o confessionário, que era xxxxx José Bonifácio de Andrade de Souza, que era um
mineiro, né? De coligações, esperto. É, então, eu acho que essa colonização do espaço do salão
verde foi em função de tá junto, né? E as comissões eram embaixo do plenário, aonde hoje é a TV
ali, eram as comissões. Então, ficava tudo interligado ali, todo movimento da casa era ali. Quando
eu cheguei na Câmara, em 66, o Anexo II estava xxxx a inaugurar e as comissões saíram dali da...
Valério: do edifício principal...
Reinaldo: ... e foram para o Anexo II. Aí realmente ficou já delineado um plano diretor de ocupação por
funções.
Valério: Então o primeiro momento, talvez, dessa...
Reinaldo: É porque era edifício principal e anexo I.
Valério: que funcionava como uma coisa só, quase.
Reinaldo: É... era mais misturado. Quando as comissões foram para o anexo II, o anexo II passou a ser
comissões.
Valério: xxxxx e comissões.
Reinaldo: e o CEDI, a biblioteca. Na verdade era uma biblioteca só. A biblioteca da Câmara era uma
belíssima biblioteca, era realmente um cartão de visita de Brasília, do Congresso
Valério: Ah! Você diz no sentido de chegar e visitar as estantes? (15:29)
Reinaldo: visitar e ver o acervo e tal... as estantes não porque sempre foi assim, ela sempre foi... nunca teve
acesso, só as obras raras, as obras que ficavam expostas. As outras ficavam guardadas, você tinha
que pedir e tinha um salão de leitura belo, enorme, quase que é o que é hoje, o CEDI todo. (15:51)
Era metade daquilo ali e era tudo aberto, não tinha nenhuma divisória, sabe? Era um negócio
espetacular, você chegava assim...
Valério: aquele ambiente...
Reinaldo: é... super limpo, silencioso, era um lugar da gente, realmente, refletir, sabe? ler, estudar. Tinha
umas cabinizinhas pra você, quando você precisava estudar, você sentava ali. Então, isso
caracterizou, realmente, uma divisão de espaços por função. Aí a taquigrafia foi pra debaixo do
plenário, porque a taquigrafia era ligado diretamente ao plenário, né? E aí, sentiu-se a necessidade
de acrescer e aí o Oscar Niemeyer fez a coisa que eu reclamo até hoje, que é ampliar e perder o
contato do palácio do congresso com a parte dos três poderes. A parte do congresso é virada ao
contrário à praça dos três poderes...
Valério: olha pra esplanada
Reinaldo: olha pra esplanada e a visão dentro da praça dos três poderes era exatamente essa fachada de cá,
que era toda aberta para... quando você chegava ao salão verde, você via a praça dos três poderes e
tinha uma visão do Supremo ali... quando você passava do lado de lá, o salão era um só, Câmara e
Senado. Então, o salão verde que emendava com o salão do Senado que não era nem verde, nem
azul.
Valério: era uniforme, então, dos dois lados, né?
Reinaldo: era uniforme... então, criaram aquele gabinete do presidente do Senado, ali, que foi uma coisa que
nos chocou, inclusive... a gente não gostaria de ter aquilo ali.
Valério: é de quando, aproximadamente, aquele gabinete do presidente lá?
Reinaldo: olha, eu não sei datas... eu acho que tenho uma certa dificuldade, mas deve ter sido em torno de
setenta...
Valério: ah! Então, quase que coincide com a ampliação
Reinaldo: é porque foi feita a ampliação, o gabinete do presidente ficou ali.
Valério: Certo.
(Barulho – pausa) 17:52
Reinaldo: então era uma coisa muito bonita... muito bonita
Valério: aquela ideia moderna, do plano livre de se enxergar tudo.
Reinaldo: é e o congresso, o Oscar pensou sempre no congresso. Tanto que teria uma biblioteca, teria um
restaurante. Tudo era uno, Câmara e Senado, só que ao chegar aqui, como lá eram dois... dois
palácios separados, Monroe e o nosso, foi possível você juntar.
Valério: que eles já vinham separados.
Reinaldo: desde daquela época já houve uma certa rejeição de qualquer coisa coletiva. Então, os espaços
públicos eram coletivos, os espaços gerais, né? O salão negro... eram coletivos. Mas já começava a
delinear a linha imaginária que dividia a Câmara do Senado. Então, essas áreas comuns tinha uma
linha imaginária que o pessoal de limpeza chegava até um determinado ponto, da Câmara e do
Senado... é assim até hoje.
Valério: continua do mesmo jeito, né?
Reinaldo: só que hoje eles puseram uns... ficou pior, eles puseram uns negócio de separar, umas...
xxxxx(19:28) não tinha, era só imaginária mesmo. E era gozadíssimo porque lavar o salão branco,
né?
Valério: é, lávar a metade do salão branco.
Reinaldo: Ou combinava com o Senado, pro Senado lavar junto ou então lavava o lado da Câmara e tinha que
ficar cercando para água não ir para o lado do Senado.
Valério: já tinha uma preocupação diplomática.
Reinaldo: é diplomática... mas aí fez-se...
Valério: a ampliação
Reinaldo: chamava bloco das lideranças. Ali era o gabinete do presidente que era naquela área de lá, assim...
não era de cá, mais pra lá assim... aquela curva ali toda. E as lideranças que eram poucas, duas...
PMDB.... MDB e ARENA, então, eram duas lideranças imensas... uma área imensa, uma área
confortável que dava pra... era embaixo, em cima. Embaixo eram vice-lideranças... essa figura nem
sei se ainda existe (20:28) se existe liderança. Então, tinha liderança e vice-liderança. E os vice-
líderes ficavam embaixo e os líderes ficavam em cima. E a necessidade de área foi, tranquilamente,
coberta, né? Cê vê que eu conto é 1331 e... acho que tinha 900, era 900... 800... funcionários da
Câmara toda. Serventes, seguranças, tudo, tudo, tudo... era, mais ou menos, 900. E começou a
necessidade de aumentar o número do pessoal porque com a expansão do Anexo IV, né? Com a
expansão do BLP foi preciso montar mais...
Valério: mais pessoas
Reinaldo: pra atender
Valério: aquele espaços
Reinaldo: e foi criando... criando essas necessidades. É e... em setenta...
Valério: 73 o do Anexo III?
Reinaldo: 73 né? Que foi... 71... 70 nós terminamos a ampliação do edifício principal, fizemos a reforma do
plenário. O plenário tinha sido feito todo xxxxx (21:48), então, tinha sido acabado, né? Tinha feito
uma maquiagem provisória
Valério: o plenário de qual? Do Anexo...
Reinaldo: o plenário principal
Valério: ah! o plenário principal
Reinaldo: é... e aí o Oscar... é, pediu pra fazer...
Valério: pra terminar
Reinaldo: é... o plenário definitivo, que esse quase igual a esse que tá aí
Valério: ah! então em 70? no começo do ano 70?
Reinaldo: xxxx... foi na posse do Geisel, eu não sei... foi não na posse do Geisel, não sei... a posse do Geisel
foi depois, foi outra coisa. Então, em 70... 69, 70 houve a reforma do plenário e o deputado Pereira
Lopes, que era um cara de visão criou a idéia de... achou que o deputado precisava ter um gabinete
e tinha que ter um lugar pra ficar pra... era muito desagradavel pro deputado ficar quase que
pedindo... porque aí as lideranças tinham telefone, tinham telefone... falavam interurbano, né?
Interurbano era um negócio complicado, né? Ficava o dia inteiro, punha lá a chamada pra...
Valério: ah! tinha a lista de...
Reinaldo: é... e o cara ia tentando, quando conseguia chamava o deputado... deputado seu interurbano saiu
aqui e tal. Era muito rudimentar.
Valério: rudimentar
Reinaldo: Então, é... aí, inclusive eu me lembro bem que o dr. Luciano, que era o diretor geral, argumentou
com Pereira Lopes, o presidente Pereira Lopes, que isso poderia esvaziar o plenário. Se o deputado
tivesse um local para ficar, ele não ficaria no plenário. Isso traria o esvaziamento do plenário, seria
ruim pra Câmara, pra imagem do Congresso. Mas Pereira Lopes não abriu mãos, aí fizemos o
Anexo III. O Anexo III que eram 300 gabinetes, mais ou menos. E o argumento pra se fazer 300 era
que o número de deputados não era fixo, ele crescia de acordo com a população. Então não tinha
como fazer gabinete pra todo mundo. E tinha os presidentes de comissão, os líderes, os vice-líderes
já tinham gabinete. Então a ideia é que só fosse para o Anexo III aqueles parlamentares que não
tinham nenhuma função com gabinete. Então, é... o Anexo III não teria, assim, gabinetes fixos.
Quando o parlamentar fosse eleito presidente da comissão...
Valério: ele liberaria o gabinete
Reinaldo: ou vice-presidente, ele liberaria um gabinete e vinha pro gabinete da comissão. Essa idéia... então,
criou-se... continou ainda a... o projeto de organização de espaços por função. O Anexo III passou a
ser o anexo dos deputados.
Valério: e era todo o Anexo III?
Reinaldo: Todo Anexo III...
Valério: ou já existia o DEMED?
Reinaldo: Exceto o pedacinho do DEMED.
Valério: DEMED já foi... aquele trecho já era o departamento médico
Reinaldo: é... e não tinha restaurante. Não tinha nada, só gabinete... tudo gabinete e embaixo serviços, né?
Embaixo sempre tem um serviço. Só. Então, foi se mantendo essa distribuição dos espaços por
função. Posteriormente, a constituição... uma das constituições, que não me lembro mais
exatamente qual foi, foi na época do Geisel, estabeleceu que teríamos 420 parlamentares. E já havia
um curto-circuito desse negócio de trocar gabinetes. O parlamentar era eleito, não largava o
gabinete dele. Então, o presidente saia ficava sem gabinete. Isso já começou uma dificuldade
imensa, para a administração manter isso. Então, com o argumento que havia fixado o númedo de
parlamentares em 420, a Câmara entedeu que deveria agora, ter sim, 420 gabinetes...
Valério: pra atender a todos os deputados
Reinaldo: pra atender todos os deputados e aí, fez-se o Anexo IV. A intenção era que todos os parlamentares
passassem para o Anexo IV e o Anexo III seria redistribuído, com funções pra xxxxx... assessoria
parlamentar e tal, restaurante, essas coisas que vingaram... algumas coisas vingaram. Terminamos o
Anexo IV, ele foi ocupado mas, concomitantemente, houve de novo uma modificação
constituicional...
Valério: que aumentou...
Reinaldo: que acabou com esse limite, mudou o limite novamente. E aí, tivemos que ocupar o Anexo III.
Continuar com a ocupação no Anexo III. O Anexo III nunca foi desocupado totalmente pelos
parlamentares.
Valério: No momento da transição, então, houve...
Reinaldo: Foi desocupado uma parte, né? Então, nós fizemos o restaurante
Valério: consultorias ali embaixo
Reinaldo: é, consultorias. Eu acho que nós aumentamos o DEMED, eu não tenho certeza... aí eu não tenho
bem certeza não... se o DEMED é original ou se nós aumentamos ou se era só embaixo, não tenho
certeza. Mas é... o DEMED funcionava num andar desse aqui, segundo andar. O DEMED todo era
segundo pavimento. E aí, foi pra lá e... aí foi ampliando, né? Essa, essa... esse inchamento dos
orgãos que obriga a gente inchar, também, o espaço. XXXX... agora vc está por dentro disso, vc
está mexendo exatamente com isso, né? É permanente. Só que nós tinhamos espaço. A briga era
pegar mais espaço.
Valério: era pelo espaço que existia
Reinaldo: existia e não tinha problema. Você, você podia dar os espaços, né? Não tinha dificuldades. Então,
é... criou-se, então, o Anexo IV, consolidando, definitivamente, o bloco dos parlamentares. O
edificio dos gabinetes dos parlamentares. E o Anexo III ficou como um coadjuvante, uma
complementação porque não havia mais gabinetes. Então, nós criamos o gabinete... o gabinete do
Anexo III, dois gabinetes fizemos um, pra ter um espaço melhor. É... Mais ou menos do mesmo
tamanho do Anexo IV. Só que o Anexo IV tinha infraestrutura própria. Já feito mesmo... duas salas,
sanitários privativos. Anexo III era tudo coletivo. Então melhorou muito. Daí criou um outro
problema que é a divisão
Valério: a hierarquia...
Reinaldo: a divisão de primeiro time e segundo time de gabinete. Interessante que o PT... ah bom, aí houve
um grande problema. Os partidos, o bipartidarismo acabou.
Valério: começou a fragmentação.
Reinaldo: e aí, fragmentou-se em... ARENA virou opção de partidos... o PFL e o PMDB... E o MDB, mudou
de nome, PMDB. Mas do MDB saíram PT... saíram todos esses partidos da esquerda. E o espaço
do PMDB não foi repartido, nessa ocasião, proporcionalmente, aos parlamentares que sairam. E aí,
o PMDB ficou com uma área imensa e os outros partidos, que saíram do PMDB, ficaram com
espaços pequenos. Nós ainda não conseguimos resolver isso até hoje. Até hoje o MDB tem mais
espaço... não sei se hoje, se já... como é que tá? Mas acho que ainda tem mais espaço. Você vê que
tem tesouraria...
Valério: ... tem no Anexo I, edifício principal
Reinaldo: ... tem opção de coisas, presidência do partido. Então, o PMDB não devol... não distribuiu a área
com xxxx (30:24) e a ARENA ficou basicamente como PL, PFL e outros partidos pequenos. Então,
ARENA ficou muito bem de serviço, partidos que de... da ARENA, ficaram bem de espaço e...
Valério: MDB, PMDB não?
Reinaldo: ficaram menos xxxx (30:48) o PT tinha uma salinha, só. Mas o PT praticamente não existia. Era um
pessoal... como o pessoal hoje. São radicais de esquerda mesmo. Então é... aí se configurou essa
estrutura, esse mapa que a Câmara tem hoje.
Valério: foi, então, o último grande momento de ampliação... 1981
Reinaldo: foi... não... aí nós sempre tentamos fazer uma arrumação no Anexo I. O Anexo I é... que era um
orgão... administração, eram gabinetes administrativos tinham uma distribuição que a gente não
gostava. Era uma distribuição meio aleatória com os orgãos mais ligados à diretoria geral, embaixo,
que era pessoal de contabilidade... mais a contabilidade, pessoal das finanças ficavam mais
próximos do diretor geral porque tinham uma ligação maior com o diretor geral que era xxxxx
despesa e vinha, vinha... houve uma reforma que criou a resolução 20 que dissiminou a
administração da Câmara e aí nós não conseguimos organizar a administração da Câmara do jeito
que a gente queria, que era colocar mais embaixo os orgãos mais solicitados.
Valério: por conta do fluxo, né?
Reinaldo: é, por conta do fluxo. A gente não conseguia fazer isso. Os orgãos eram sempre criados e a gente ia
criando espaço, correndo atrás e criou problema. O 17, por exemplo... 16, 17... tinha o CETEC, né?
Valério: o CEFOR
Reinaldo: o CEFOR, criou um fluxo imenso. Xxxxx secretariado parlamentar (32:45). Então o fluxo no
Anexo I cresceu vertiginosamente. De elevadores... os elevadores já eram poucos, mas satisfaziam
tornamvam, realmente, insuficiente. Apesar de serem elevadores, extremamente, rápidos, né? É...
não sei se eu tô avançando nas suas perguntas?
Valério: não... tá avançando mas a gente quando chegar xxxx, pára xxxxx pq xxxx pode ficar a vontade
Reinaldo: porque eu tô contando uma história, fica mais fácil... é mais fácil pra eu lembrar a história, né?
Valério: fica à vontade
Reinaldo: então, foi isso. Acho que foi, realmente, o último grande rearranjo nós fizemos foi edificio
principal... o Anexo I reorganizamos, refizemos todo o Anexo I, acabamos com aqueles espaços
vazios que era 14º andar e...
Valério: que era o restaurante
Reinaldo: era o restaurante, acabamos com tudo isso. Então fomos reorganizando o Anexo I.
Valério: Isso foi imediatamente após o... a finalização do Anexo IV?
Reinaldo: não, não. Isso foi um pouco mais...
Valério: alguns anos depois
Reinaldo: um pouco mais recente, nós fizemos essa reforma. E depois, reformamos o Anexo II porque o
Anexo II, ele tinha uma perda de espaço muito grande. O espaço do Congresso foi ficando
extremamente valorizado porque só tinha esse espaço, a Câmara só tinha esse espaço. Tinha
necessidade de espaços internos maiores, nós tinhamos que começar já a fazer os milagres pra
gente acomodar todo mundo. Então, o Anexo II... a comissão tinha um pé direto duplo. O plenário
da comissão tinha um pé direito duplo e a parte de cima da comissão era só a beirada que era
aproveitada. O espaço do meio, aonde tinham as comissões...
Valério: era vazio
Reinaldo: era vazio.
Valério: era como se fossem galerias né?
Reinaldo: É. Tinham galeriazinhas de público, mesmo, galerias. E ficava vazio a parte do meio dos plenários.
Só das extremidades, em cima, é que havia gabinetes das comissões. Cada comissão tinha o seu
plenário, então. E as comissões foram aumentando, também... e aí começou a não dar mais. Então,
nós fizemos a grande reforma do Anexo II que foi uma reforma de aproveitamento de espaço
mesmo. Nós mudamos o pé direito, dentro das comissões. Criamos aquele...
Valério: pavimento superior do Anexo II.
Reinaldo: pavimento superior ali, que era um pavimento só.
Valério: isso foi nos anos 80, também?
Reinaldo: é isso é 80... aí já foi, também, um pouco mais... esqueci a data, cronologia... não... não tem. É
precisa pegar depois.
Valério: depois a gente coleta a informação.
Reinaldo: É porque já tem uns 20 anos, mais de 20 anos que nós terminamos a obra do Anexo II.
Valério: então seria mais pro final da década de 80.
Reinaldo: é, já era mais 90... por aí. Então, ficou estabelecido os grandes espaços que a Câmara tem hoje. A
coordenação de transportes era lá embaixo mesmo, só a coordenação de transportes. Lá era uma
área de garagens e aí depois nós fizemos o CEFOR, que foi a última expansão do prédio. E fomos a
gráfica... foi lá pra baixo e agora estamos fazendo o CETEC, lá embaixo também. Então, aquela
área deixou de ser coordenação de transportes, passou a ser uma área de garagem, porque lá aquela
região toda é garagem né? E passou a ser mais um espaço da Câmara que a Câmara...
Valério: mais uma área administrativa
Reinaldo: que agora é o complexo avançado que já não é mais coordenação de transportes. Então a história
mais ou menos dos espaços na Câmara foi essa. O planejamento sempre houve, um planejamento
que a gente tentou distribuir por funções, né?
Valério: esse é o critério fundamental.
Reinaldo: esse grande critério, a gente quase que nasceu com a Câmara aqui. E a área legislativa toda, edifício
principal; área administrativa, no Anexo I, foi mantendo essa subdivisão... com subdivisões:
comissões, depois os gabinetes parlamentares e tal. E esse prédio permaneceu sempre, sempre
administrativo. Posteriormente, foi invadido por orgãos...
Valério: legislativos
Reinaldo: legislativos
Valério: Agora curioso, que em dado momento você comenta que antes existiram orgãos legislativos aqui.
Reinaldo: aqui era vazio
Valério: por essa razão que...
Reinaldo: eram só... eram os andares superiores que não tinham ninguem. Eram vazios. Criou-se uns espaços
para as bancadas, as bancadas estaduais... as bancadas por estado, né? Não eram bancadas
estaduais. Eram bacadas de deputados federais por estado.
Valério: ainda mais como o espaço era disponível, então, eles usavam-se aqui?
Reinaldo: É... ficavam ali, alguns faziam gabinetizinhos quase particular. O pessoal do Rio Grande do Sul
ocupavam muito as salas, essa área aí. E a Câmara funcionava na verdade terça, quarta e quinta,
né? Isso era quase que oficial. Isso talvez tenha criado esse...
Valério: essa visão que as pessoas tem
Reinaldo: tem de hoje... porque... passagens, também, é criação daquela época. O parlamentar recebia uma
passagem para ir pra...
Valério: seu estado de origem
Reinaldo: ... pro seu estado de origem. Mas ele tinha também, muitas coisas pra resolver no Rio de Janeiro.
Então, acho que eram quatro passagens pro estado de origem e uma delas para o Rio de Janeiro.
Isso ficou até agora. Porque os ministérios ficaram no Rio de Janeiro. Os interesses dos
parlamentares de resolver problemas ministeriais...
Valério: acabaram passando...
Reinaldo: ... passando pelo Rio. Orgãos públicos ficaram...
Valério: xxxxx
Reinaldo: Ainda hoje...E para o estado. Então, ele não tinha família aqui, ele ficava doidinho pra... Então,
terça-feira era chegada de todo mundo. Os deputados vinham pra cá de mala. Ali no Anexo...
edificio principal na... ali, onde hoje é o que? É, ali atrás do salão... perto da TV, ali... aquela
linguicinha, ali.
Valério: perto da TV?
Reinaldo: É, ali aonde tem o Chinaglia. Atrás ali, tinha um... chamava de... chapelaria. Era aonde o deputado
deixava o chapeu e as malas. E a mala...
Valério: ... ficavam guardadas ali
Reinaldo: é, ficava ali guardada. Então, a arma o cara deixava ali, também, porque muitos andavam armados,
né? E não podia ficar armado aqui dentro. É, vários ficavam armados. Muitos que queriam,
deixavam a arma ali, também. Então, chamava chapelaria. Na verdade era uma balaria.
Izabela: um guarda-volumes.
Reinaldo: Revolveres. É isso aí.
Valério: esse tipo que você coloca, a gente acaba entrando no segundo bloco de questões. Falando isso só
pra deixar marcado, porque a gente tá gravando, que seria a terceira pergunta sobre as ações e
iniciativas que é todo esse histórico dos edifícios, dos espaços consolidados. Como seria a
avaliação dessas ações, então, fundamentalmente, a questão do planejamento em cima das funções
dos espaços? E aí, a gente chegaria a quinta questão que é pergunta se essa visão por funções, por
exemplo, sempre foi fundamentada em dados ou era mais do tipo de percepção?
Reinaldo: não... era só percepção.
Valério: isso era o que o grupo tinha
Reinaldo: não havia muita necessidade de dados. Os dados que a gente... foram básicos para se tormar as
decisões, por exemplo, os 420 parlamentares, né?
Valério: eram os dados de balizamento.
Reinaldo: eram quantitativos, né? As lideranças. Eram duas lideranças. Então, os dados que eram facilmente
coletados, a gente realmente já fazia a estrutura que ia se criar para aquela ocupação. Então, é as
lideranças, por exemplo, eram duas. Elas tinham um espaço generoso, com cada vice-líder com
gabinete e tal. Depois, não. Depois, realmente, o planejamento ficou correndo atrás. Então, não
havia um estudo prévio, quantas pessoas, tal, porque ia aumentando o número de pessoas e tinha
que criar os espaços... e foram adensando, também
Valério: xxxx
Reinaldo: adensando os espaços até chegar... é... alguns espaços no limite e outros ainda bem
Valério: dá pra dividir
Reinaldo: é tem uma certa folga.
Valério: Então disso daí, a gente poderia passar pra sexta que seria uma observação da situação atual, ou
seja, a todo esse histórico considerando a expansão às demandas, como é que você avaliaria a
situação hoje dos espaços físicos na Câmara?
Reinaldo: Hoje, realmente, os espaços físicos são insuficientes para o crescimento da Câmara. Eu acho que,
hoje, nós não estamos conseguindo correr atrás da necessidade de espaço. Aumentou muito a
necessidade do parlamentar. É interessante, porque no momento que aumenta a necessidade do
parlamentar, se supre a necessidade do parlamentar, criam-se outras necessidades dos próprios
supridores. A própria administração começa a ter que crescer para atender ela mesmo, né? Então,
vai ficando... Essa área de informática, por exemplo, é uma área que cresce numa velocidade
espantosa. Quer dizer que nós estamos sempre correndo atrás. CETEC agora, por exemplo, xxx
como um negócio imenso pra colocar lá o...
Valério: CPD
Reinaldo: o CPD, já disseram que não adianta nada, não dá nem pra funcionar, que não tem espaço, quer
dizer, a coisa realmente é muito dinâmica. Então, a gente tá correndo atrás e com a terceirização,
facilitou muito a contratação de pessoas terceirizadas e foi crescendo muito o quadro. Então, essa
expansão rápida e violenta do número de funcionários criou, realmente, um problema de saturação
dos espaços que não permite você xxxxx nada, os espaços perderam a sua identidade hoje. Depois
nós temos o BLP mesmo, ali, o bloquinho das lideranças que é ideia interessante. Ali, era pra ter a
liderança... o partido administrativo das lideranças. Os líderes ficariam nos gabinetes aqui, junto ao
plenário, xxxxxx e os gabinetes... e a parte administrativa dos gabinetes iriam para o bloquinho das
lideranças e a taquigrafia, também, ia pra lá. Então, é... não funcionou, não funcionou porque o
deputado não abre mão de ter o espaço dele, ali, junto...
Valério: próximo
Reinaldo: É... então, isso foi... eu esqueci esse pedacinho, aí. Foi na reforma do Anexo II, também.
Valério: ah! foi já nos anos 80?
Reinaldo: Foi... já bem no final. Ali, tinha um espaço vazio... como não havia mais espaço e lá atrás não
interessava porque era muito longe do plenário. O Anexo IV já foi uma coisa mais complicada em
termos de espaço, porque já ficava longe demais. Então criou-se o tapis roulant que o Oscar
Niemeyer estava na França, então, chamou de tapis roulant...
Valério: a esteira rolante.
Reinaldo: é... a esteira rolante. Tinha só, parece, na Inglaterra. Então, parece que essa esteira veio da
Inglaterra, né?
Valério: Foi bem contemporânea, né?
Reinaldo: Foi uma novidade no Brasil
Valério: Eu assisti a um filme certa vez, feito no começo dos anos 70, aí mostrava a pessoa, o sujeito indo
pro futuro. O ir para o futuro era uma gravação aqui, nessa esteira rolante...
Reinaldo: ah é?
Valério: pro período, isso foi de uma inovação sem...
Reinaldo: foi inovação imensa
Valério: hoje, qualquer lugar que você vai, tem... naquela época, não
Reinaldo: vinha visitante, só pra andar na esteira rolante
Valério: pra você ver...
Reinaldo: era um negócio, assim, realmente...
Valério: a representação da modernidade
Reinaldo: é... nós fomos precurssores de muitas coisas - sistema de ar condicionado do edifício principal, com
sistema de congelamento da água, o resfriamento da água durante a noite pra ser usada durante o
dia. Tudo isso foram inovações que a Câmara trouxe, né? Sistema parafuso... nós estávamos
sempre correndo atrás do que era de melhor.
Valério: vanguarda... então, oh... seguindo para o nosso último bloco de perguntas, elas dizem respeito mais
a questão de planejamento, pensando numa perspectiva de hoje e do futuro realmente. Então, a
primeira dela seria, você considera, efetivamente necessário, o processo de elaboração de um plano
diretor de espaços, aqui para a Câmara?
Reinaldo: É, eu acho na verdade que uma reorganização do plano diretor, porque um plano diretor a gente
sempre, sempre... eu acho, sempre houve porque esse plano diretor... distribuição de blocos por
função. Então, hoje eu acho que tem que haver, realmente, uma reorganização.É tem que se
atender... é... os funcionários e tem que melhorar o atendimento aos parlamentares. Eu acho que
hoje os parlamentares, os partidos, essas coisas ”tão” mal alojados, porque cresceu muito o número
de partidos e xxxx se organizar (47:34). Eu acho que agora a organização tem que ser refeita e eu
não sei se ela será, agora, tão fácil de se dividir por função. Talvez, agora, a gente tenha que
misturar um pouco as coisas, né?
Valério: a complexidade é outra
Reinaldo: é... a complexidade é outra... então, eu acho que... isso já aconteceu... já tá acontecendo, já
aconteceu. Nós temos, por exemplo, os gabinetes dos ex-presidentes no bloquinho das lideranças,
que é o BLP, lá. Nós temos gabinete do... Chinaglia, no edifício principal. Então, hoje já não tem
mais essa... a TV, é uma área administrativa, não sei bem o quê que é...
Valério: meio termo assim, pra identificar
Reinaldo: então... a mídia cresceu muito, também, em relação... essas formas mídiaticas, rádio, televisão,
jornal... o número de jornalista na Câmara sofreu uma explosão imensa. Todos esses serviços são
necessários, que servem ao parlamentar, a vida parlamentar instituicional, né? Foram crescendo
mas aí já sem como você fazer... distribuir por prédios, né? Já foi misturando e foi entrando onde
cabia. Aí, passou, realmente, a ser, a ser... áreas de serviços, por exemplo, que eram grandes,
oficinas... Anexo IV, as oficinas embaixo e no térreo... subsolo eram quase só oficinas aquela área.
Oficinas novas, ofici... e foi espremendo, espremendo, espremendo, espremendo.. hoje as oficinas
“tão” pequenininhas... “tão”... é... espaços bem reduzidos, porque os espaços que eram até então
sem glamour, né?subsolo... passaram a ser espaços nobres... a rádio tá ali na...
Valério: no subsolo.
Reinaldo: é... então, você vê quando a gente fez o Anexo IV, o espaço era tão generoso que o subsolo do
Anexo IV, não foi feito nada.
Valério: Ficou vazio.
Reinaldo: Tinha só uns cofre, porque os bancos seriam em cima, três bancos tinham na Câmara... Caixa
Econômica... Brasil...
Valério: Banco do Brasil.
Reinaldo: e o banco de crédito real, que era mineiro, né? Era do José Bonifácio. Então, criaram... criamos
cofres embaixo, embaixo das agências. Então, subsolo era praticamente esses cofres imensos pra
cada um dos três bancos. Depois, foi ideia sair, porque esses cofres nunca foram usados, né? E aí,
houve aquela ocupação nos espaços com atendimento ao parlamentar de coisas externas que
sobretudo as... Correios e a parte de passagens áreas, né? E a parte administrativa do Anexo IV, ali.
Valério: Então é interessante que a gente pode entender pelo o que você estava falando que o plano diretor,
na realidade, é a própria execução dessa reorganização dos espaços.
Reinaldo: Eu acho que é, eu acho que é... e eu acho que essa reorganização dos espaços deve, sempre que
possível, fazer a distribuição do espaço por função. Eu acho que essa coisa da função ela é
importante, porque tem funções muito ligadas à área legislativa, por exemplo, né? Tem funções,
extremamente, ligadas ao plenário; tem funções ligadas totalmente à... por exemplo, os
parlamentares que estão aqui no Anexo I, se queixam porque eles estão longe da área legislativa.
Eles estão numa área totalmente estranha pra eles, que é área administrativa. O elevador não é
privativo, eles ficam no meio da administração...
Valério: ficam deslocados porque estão no meio de outras funções.
Reinaldo: totalmente deslocados. Então, eu acho que se for possível manter essa distribuição de espaço por
função, acho que a gente deve perseguir... eu acho que a gente deve perseguir
Valério: essa função vinculada à complexidade que você xxxxx (51:51)
Reinaldo: exato. Hoje é muito mais difícil, porque o número de funções é muito maior, né? Tem função hoje
que você não sabe que faz... qual é. A xxxx já está fazendo uma coisa que eu acho boa aqueles
serviços que não precisam ficar dentro da Câmara... migrarem, né? O CEFOR foi uma ótima
experiência. Criou-se, praticamente, uma escola, lá... num espaço próprio, com características
próprias, com projeto próprio. Quer dizer... isso permite a você fazer uma ocupação muito mais
correta. Só que quando a gente termina o prédio, que vai pra ocupação, aí já é insuficiente. Porque
o... a dinâmica...
Valério: a dinâmica é tão grande que...
Reinaldo: quando você cria o prédio, eles estão criando outras funções, outros cargos, outras coisas... quando
você... o cara vai... “cabô” a sala de aula. O CETEC tem muito menos sala de aula do que deveria
porque foi muito ocupado por... pela parte administrativa. Mas de qualquer jeito eu ainda acho que
é uma boa solução. Esse prédio que nós “tamos” fazendo agora, lá, no... do lado do CETEC
Valério: CETEC...
Reinaldo: ... será um prédio grande, né? E, basicamente, vai ser ocupado pelo... Centro de Informática...
Valério: CENIN
Reinaldo: ... CENIN. E algumas outras coisas que a gente precisa de por lá, mas já da administração daquela
área, porque aquela área passou a ser uma área que precisa ser quase que separadamente da
Câmara, né? Serviço de limpeza, serviço de segurança que hoje não tem área... hoje não tem área.
E a tendência da coordenação de transportes é cada vez ser menor, que a tendência disso é ser
terceirizado total.
Valério: de reduzir a frota.
Reinaldo: de reduzir a frota quase a zero, à um mínimo indispensável... nem sei se tem mínimo indispensável,
talvez, os carros xxxx... sei lá. É um assunto que eu nunca parei pra... mas é um assunto recorrente,
volta sempre e a terceirização “tá” cada vez mais tomando espaços na administração pública. O
posto, por exemplo, já “tá” praticamente... já vai terceirizar, né?
Valério: é uma outra filosofia
Reinaldo: é... outra filosofia. Não tem sentido você ter um posto de gasolina aqui dentro. Na época que foi
feito tinha, porque não tinha posto de gasolina em Brasília.
Valério: Mas agora já...
Reinaldo: A Câmara tinha uma foto imensa... então era tudo aquilo, não tinha em Brasília. Foi criado e ficou
consagrado, né? Depois acabar com isso é difícil. Mas a coordenação de transporte, ela “tá”
diminuindo, nós já tomamos a área da gráfica dela ali e tal, já reduziu as oficinas, já são maior parte
fora daqui. Já tá o processo de terceirização... já tá...
Valério: custo benefício já...
Reinaldo: os motoristas já não são mais funcionários. Então, ela vai diminuindo esses serviços.
Valério: Então a gente pode extrair algumas recomendações, digamos, do que você está falando. A oitava
pergunta...
Reinaldo: é... com relação porque sou seu diretor, né?
Valério: mas que é isso...
Reinaldo: é bondade sua
Valério: Mas dentro disso daí, a oitava questão compreende a observação de que em se tratando de uma
política de ordenamento dos espaços, o que é que poderia ser feito? Porque que eu falo no sentido
de recomendação, a partir da sua visão, é que de todo esse histórico que foi descrito, então, você
comentou essa antecipação das xxxxx dos contextos e, portanto, permitiram a mudança e a
alteração da Câmara como um todo, só que a Câmara é muito dinâmica e nesse dinamismo, de
alguma maneira, parece inportante ter algumas regras de ocupação para evitar que esse dinamismo,
de alguma maneira, já é situações de “bagunça” ou de crescer com organismo que foram, inclusive,
colocações que você fez, principalmente, essa de crescer como organismo de organização mais
firme. Que tipo de eixo ou de diretriz poderia ser dada pra essa política, portanto, pra tentar
controlar isso? Uma é a questão das funções, que você comentou, certo? Então, a vocação dos
edifícios. Existiriam outras que você poderia citar, que você acha importante ou é essencialmente...
Reinaldo: eu acho que vai chegar um momento em que ao se planejar qualquer acréscimo de função deverá
ser, também, planejado até xxxx ocupação dos espaços. Então, não sei se a gente vai ter assim
condição de fixar uma diretriz rígida, porque eu acho que a evolução é dinâmica, a evolução da...
dos serviços. Trinta anos atrás nunca se pensava em computador. A última vez que fui falar de
computador, o cara falou, assim, olha cuidado com o tal de analista. Esse cara é um cara que ou é
um cara no mundo da lua que faz é... “cê” pede um negocinho pra ele bem pequeninho e ele te dar
um porção de coisas que xxxx você nem pediu. Então isso há vinte anos atrás, sei lá quanto tempo,
uns 25 anos atrás. Então, é... e, hoje, informática é uma coisa pesada na administração da Câmara,
sobretudo numa xxxxx de espaços. Então, eu acho que essa divisão por função, ela é importante.
Eu acho que isso, realmente, é uma diretriz que deve ser seguida
Valério: tem que ser dinâmico pra xxxx as transformações
Reinaldo: é... tem que ser dinâmico, porque você nunca vai ter uma coisa absoluta. Isso não deve ser uma
coisa impeditiva de você, às vezes, organizar... exatamente, organizar um espaço, porque aquele... é
como fazemos hoje. O Anexo IV, hoje, já não é mais um prédio de gabinetes parlamentares, tem
uma opção de coisas lá, que não são ligadas a gabinete parlamentar. Esse aqui, já não é mais
administração pura e simples, porque a dinâmica é muito grande. Então, eu acho que você... eu
acho que importante nesse planejamento você tentar preservar essa divisão sobretudo orientando
por funções ligadas a outras. Essa interligação de funções, sobretudo, na área legislativa, ela é
importante. Eu acho que ela é muito importante. Os orgãos ligados às comissões, as assessorias
ligadas às comissões, a... os serviços administrativos, legislativos quer dizer são da administração,
mas direcionam para parte legislativa... secretaria geral da mesa é uma área legis... administrativa,
mas ela é voltada, exclusivamente, pra parte...
Valério: parte legislativa
Reinaldo: legislativa. Então, não mais grupar só por funções, mas, também, por... é... como é que é... você
entendeu o que eu quis
Valério: tem um grau na verdade
Reinaldo: de xxxx
Valério: tá nas relações das atividades
Reinaldo: exatamente, entre duas atividades. De repente essa separação por função só não seja bem a
melhor... não seja, talvez, a melhor, mas eu acho que ela deve ser mantida. No grosso, no geral ela
deve ser mantida, com as intercorrências desses orgãos que se xxxx proximidade, sobretudo, ao
atendimento ao parlamentar. Eu acho que a Câmara precisa ter muito cuidado em não transformar a
administração mais importante do que a legislativa, a área legislativa, para que o parlamentar não
seja quase que um objeto estranho dentro da... já ouvi muita frase aí, a muitos anos mesmo, desde
que entrei aqui que a Câmara seria ótima se não “tivesse” ocupada
Valério: só não existiria se não tivesse deputado
Reinaldo: mas xxxx pra deputado é pra deputado. Esse absurdo né, esse absurdo é... retrata bem é... isso que
eu estou falando. É preciso que a função do legislativo seja principal. Eu acho que partido tem que
ter prioridade sobre administração. A área por mais que ela cresça, porque pelos parlamentares vai
se criar comissões e tal, e tal e tal... agora diminuiu muito CPI, mas antigamente tem CPI pra todo
lado. Então, é... Bom! É isso aí!
Valério: que fala na realidade dessa última questão que seria o quê que você consideraria necessário para
esse cumprimento, portanto, de um plano diretor que são esses pontos que foram observados. Mas
sempre das conversas, surgem algumas questões extras que aí eu me sinto obrigado a perguntar e
colocar dentro na realidade do que você colocou. É... o primeiro ponto, fazendo todo aquele
histórico que você apresentou, você comentou algo muito importante que é isso a gente fala muito,
hoje, da separação Câmara e Senado e a nossa leitura é que parece que isso é um problema
contemporâneo, xxxx, você traz o palácio Monroe e o palácio Tiradentes eram coisas distintas e
que isso não aconteceu, parece que a situação nos anos 70 é a mesma situação de hoje.
Reinaldo: É
Valério: parece que não houve muito avanço
Reinaldo: nenhum avanço.
Valério: A gente pode certamente interpretar que pensar na ocupação dos espaços, aqui, implicaria, também,
ter algum contato com o Senado, já que esse edifício é conjunto ou não valeria a pena, já que nunca
xxxx
Reinaldo: eu... nós sempre tentamos. É... a parte técnica sempre entendeu que nós poderíamos ganhar muito
espaço se juntássemos a...
Valério: xxxx
Reinaldo: serviços iguais. O Congresso podia ter uma grande biblioteca e não duas bibliotecas, a da Câmara e
do Senado, né? Isso foi uma xxxx, sem dúvida foi xxxx do Oscar, pelos espaços coletivos, espaços
usados pela duas casas, salão negro, salão branco, o salão dos plenários, que ligava os dois
plenários, né? Salão verde, salão azul. É, tudo era assim, o refeitório, a cozinha no prédio
administrativo e o refeitório no outro prédio. Então, a idéia do Oscar era, realmente...
Valério: criar uma coisa só.
Reinaldo: criar uma coisa só, uma vez que seria colocado num lugar só. No Rio, não tinha jeito, que era o
palácio Tiradentes e o palácio Monroe. Então, eram distantes e tal e funcionavam
independentemente. E quando tinha uma sessão no Congresso, eles se juntavam ali, só os
senadores, então é... Eu acho muito difícil. É uma cultura tão arraigada e há tanta diferença, né? A
administração da Câmara, forma de administração da Câmara com a forma de administração do
Senador, talvez, porque o senador fica mais tempo, 8 anos, e tal... sei lá, eu sei que é muito
diferente, né?
Valério: a lógica...
Reinaldo: é outra... tanto que o Senado tem quase a mesma área da Câmara. Muito menor, muito menos
parlamentares, né?
Valério: é o ponto chave
Reinaldo: eu acho que nesse planejamento é indispensável você ter... não trouxeram nem água, nem café pra
vocês?
Valério: Não trouxeram.
Reinaldo: Vocês estão desprestigiados demais.
Valério: pra você ver a situação.
Reinaldo: eu acho que é indispensável a criação da ampliação do Anexo IV. Qualquer planejamento que se
faça na Câmara, hoje, dos espaços tem que se considerar esse espaço, foi criado... grandes espaços
foi criado é... do Anexo IV. Complexo Anexo IV. Isso vai permitir que além da... dar uma
assistência melhor ao parlamentar, com sala de reunião, para o parlamentar receber pessoas.
Porque, hoje, não tem, o gabinete do deputado não cabe. Eu tenho um lugar pra ir, pra... né?
Reuniões, pequenas reuniões políticas e xxxx prefeitos, tal... xxxx. Então, além disso, lá terá todo o
complexo administrativo que atenderá a essas necessidades e você terá, realmente, uma coisa igual,
um gabinete igual pra todo mundo. Porque essa diferenciação é que gabinetes... entre gabinetes do
primeiro time e gabinetes do segundo time transporta para o parlamentar, para o parlamentar do
Anexo IV e para parlamentar do Anexo III
Valério: você cria um conflito entre parlamentares, né?
Reinaldo: é... você cria um conflito... desiguala os iguais, né? São, teoricamente, iguais.
Valério: Isso reforça, então, aquele ponto, porque uma preocupação que nós estamos tendo nas discussões,
inclusive, é essencialmente o seguinte ponto (barulho) para que... Câmara, o problema da variável
política, só que não é um problema...
Reinaldo: não
Valério: ... é a essência na verdade da discussão. Porque se a gente tratar a variável política como se fosse
algo imperitivo (?)xxxx, na realidade, você está...
Reinaldo: ela é muito dinâmica
Valério: a matriz de ser...
Reinaldo: ela é... ela é muito difícil de acompanhar, porque ela é muito dinâmica. A... o interesse político
partidário, o interesse político do indivíduo, o interesse político da nação, as tendências políticas de
maneira geral, levam... refletem o congresso, tem que refletir. Se não o Congresso não seria
representação da população, do povo. E esses reflexos, às vezes, atrapalham um pouco o
planejamento rígido do técnico porque a tendência foi pra outro lado. De repente, as comissões
ganham com a... acho que foi... com a constituição de 88, as comissões passaram a ser terminativas
em alguns casos. Criaram uma importância muito maior do que tinham anteriormente. Hoje, muitas
coisas resolvem, exclusivamente, nas comissões, né? Então, essas coisas que essa variações
políticas “tão” muito difícil de acompanhar na área física, porque a área física não tem essa
mobilidade... inchou pra cá, inchou pra lá, então, mas é preciso...
Valério: que esteja aberta a isso
Reinaldo: não, é preciso que coloque isso como primeiro, primeiro... é fundamental que a Câmara não perca
nunca de vista e que a administração é pra permitir que o parlamentar cumpra o seu dever
parlamentar... legislativo. Acho que isso é fundamental.
Valério: Pronto e agora por fim, realmente, a última pergunta que são duas. A nossa idéia seria saber o que é
que você deseja que a Câmara seja no futuro? E o que é que você acha que a Câmara será no
futuro? Porque são duas coisas bem distintas. Uma é nossa expectativa e outra a realidade
Reinaldo: eu sei muito bem o que a Câmara foi no passado, o quê que foi acontecendo com a Câmara ao
longo desse tempo. Eu acho a Câmara é... uma instituição muito difícil de se organizar
completamente. Ela dificilmente... nós vamos conseguir que ela seja uma coisa bem estanque, bem
certinha, bem é... organizadinha, porque a função intelectual é desorganizada e a função política é
mais desorganizada ainda. Então, eu acho que dificilmente, eu tenho impressão que dificilmente a
gente vai conseguir uma... um planejamento é... muito... com todas as peças nos seus lugares. Eu
acho que vai ser, realmente, uma coisa mais ou menos correndo atrás. Nós vamos fazer o
planejamento, estratégico, da ocupação dos espaços, mas esse planejamento estratégico se a gente
não tiver cuidado ele fica velho, rapidamente. Antes dele
Valerio:
Reinaldo: é... e muito dinâmico. Então, nós temos que realmente está sempre dinamizando isso e nós
precisamos, realmente, de um espaço um pouco maior. Agora, eu acho que a gente não adianta ficar
dimin... aumentando muito espaço, porque cada vez mais vai se criar necessidade de outros
espaços. Então, eu acho que a Câmara vai crescer, ela vai ficar crescendo sempre. Não há como
você, você limitar fisicamente o espaço porque a dinâmica política vai agregando outros trabalhos,
outros... outras necessidades e você vai agregando gente, agregando espaço. Então eu acho que a
Câmara vai ser mais ou menos como ela é hoje. Hoje não tem muita esperança que ela tenha uma
organização
Valério: muito diferente
Reinaldo: linear, não... vai ser aquela coisa limpinha, né? É... eu acho que ela vai ser... agora...
Valério: Mas isso

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