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ORGANISMO-AMBIENTE E O SENSÍVÉL

Alexandre da Conceição Rodrigues1; Luana Souza Barbosa1; Mateus Maroto dos


Santos1; Emerson Machado de Carvalho2.

UFSB (Universidade Federal do Sul da Bahia) – CEP 45613-204 – Rodovia de Acesso para Itabuna, km 39 -
Ferradas – Itabuna – BA, Graduando do curso de Licenciatura Interdiscplinar em Ciências Humanas e
Sociais e Suas Tecnologias da UFSB1; Graduanda do curso de Licenciatura Interdisciplinar em Ciências da
Natureza e Suas Tecnologias da UFSB1; Graduando do curso de Licenciatura Interdisciplinar em Ciências
Humanas e Sociais e Suas Tecnologias da UFSB1; Orientador: Professor M. Sc. da UFSB – Itabuna – BA2,
Email:alexandrerodrigues.evangelista@gmail.com;1luanabarbasos40@gmail.com;1mateus_maroclaro13@hot
mail.com;1carvalho.em@gmail.com;2.

Resumo

O presente artigo tem por objetivo compreender a importância da percepção dos sentidos,
através do tato, olfato e audição. O trabalho introduz com uma discussão sobre o
levantamento das sensações e percepções, seguida da discussão da concepção do organismo
e ambiente. No prosseguimento é feita uma pesquisa sobre o aplicamento do termo em
artigos publicados. O que se pode constatar é que na maioria das vezes o termo percepção
não é utilizada em seu significado exato, mas sim como modo de atribuir particularmente à
opinião e até mesmo atitudes. Pretende-se por fim, reconhecer a relevância dos sentidos
enquanto valor primordial.

Palavras-chave: Sentidos; Sensações; Discussão; Percepção.

Abstract

This article aims to understand the importance of sense perception through touch, smell and
hearing. The paper introduces with a discussion about the raising of sensations and
perceptions, followed by the discussion of the conception of the organism and environment.
In the following is made a research on the application of the term in published articles. What

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can be seen is that most of the time the term perception is not used in its exact meaning, but
rather as a way of attributing particularly to opinion and even attitudes. Finally, it is intended
to recognize the relevance of the senses as a primordial value.

Keywords: Senses; Sensations; Discussion; Perception.

INTRODUÇÃO

O ser humano, na sua urgência deixa de viver, experimentar e perceber sensações ao


seu redor. A rotina do cotidiano fulgaz acaba por furtar o viver na experiência do sensível, o
viver regado de cores, sabores, textura e sons.

A percepção é uma atividade, estender-se para o mundo. Os órgãos dos sentidos são
pouco eficazes quando não são ativamente usados. Nosso sentido tátil é muito delicado, mas
para diferenciar a textura ou dureza das superfícies não é suficiente colocar um dedo sobre
elas; o dedo tem que se movimentar sobre elas. É possível ter olhos e não ver; ouvidos e não
ouvir. (TUAN, 1980, p. 14).

A experiência se difere de um mero conglomerado de percepções (GRIMM JACOB


WILHELM, 1864, v.03).

A concepção pragmática das emoções consiste em apreender a emoção no campo da


experiência (na sua realização ou na sua práxis) e mais precisamente como fator de integração
da experiência que se realiza (ou em vias de se organizar).Essa experiência ou realização é
concebida como uma transação entre um organismo e seu ambiente (QUÉRÉ, 2013, p. 01).

Ter um corpo (organismo) é possuir uma montagem universal, uma típica de todos os
desenvolvimentos perceptivos e de todas as correspondências intersensoriais para além do
segmento do mundo que efetivamente percebemos. De acordo com MERLEAU-PONTY, ter
um corpo é ter uma ciência implícita, sedimentada, do mundo em geral, e de que uma coisa é

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apenas “uma das concreções possíveis”.(MERLEAU-PONTY. Phénoménologie..., p. 378;
438-439).

Faz-se necessário ao organismo pleno relacionamento com o ambiente. O choque copernicano


demostrou que não percebemos o mundo como é, mas que precisamos imaginar a sua
realidade pela reflexão, contrariando a impressão dos sentidos para compreender como ela é
(SLOTERDIJK, 1992, p. 56).

Desta forma, é importante ressaltar que o indivíduo e o ambiente estão em ação recíproca, e
através de uma rede de transformações o estímulo percebido conduz à emoção até formar
impressões que darão origens as ideias.

O objetivo deste artigo é expor a percepção dos nossos sentidos a esta ação recíproca entre o
indivíduo (organismo) e o ambiente visando apresentar e avaliar as diferentes teorias sobre o
processo perceptivo, a fim de defender que a percepção é um processo objetivo, categórico e
não conceitual.

MATERIAL E MÉTODOS

O presente estudo é um estudo do tipo exploratório-descritivo no campo da percepção e da


experiência com o ambiente. O estudo foi desenvolvido com base na experiência dos
discentes da Universidade Federal do Sul da Bahia – UFSB_(CJA-Campus Jorge Amado),
visando estabelecer o relacionamento classificado por “organismo- ambiente” e, apontando de
forma individual e coletiva a percepção e respostas a este método utilizado.

Os estudantes foram vendados para privá-los da visão e direcionados ao campus da


Universidade que apresenta uma série de ambientes naturais e construídos. Cada grupo de três
alunos continha um orientador – que conduzia o observador; um observador do ambiente com
os olhos vendados, e um amostrador que fez o registro áudio-visual da experiência.

Feito isso percebemos o despertar para cosmo visão que faz mergulhar em experiências
e o vínculo cotidiano ao sensível, tornando homogêneo o cognitivo e o empírico
possibilitando uma vivência ainda que subjetiva mais real e percebida pelo Organismo e o
Ambiente. O retorno ao ambiente familiar, o medo, a insegurança, a determinação, o choro, o

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canto dos pássaros, a terra molhada, o ser conduzido, a confiança são apenas algumas destas
ideais dos antecedentes e subsequentes à experiência do sensível.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com relação à atividade externa, o resultado foi bastante positivo. Proporcionando


uma resposta dos organismos que conseguiram perceber e compreender que é possível
estabelecer uma relação recíproca e plausível junto ao ambiente. Além disso, os organismos
externaram importantes percepções nesta atividade: (barulho, temperatura, percepção de
odor/fragrância), resgastes de memórias afetivas/familiares.

De pronto e ao longo da vida aprenderemos sempre com o “mundo vivido”, através de


nossa sensibilidade e nossa percepção, que permitem nos alimentemos dessas espantosas
qualidades do real que nos cerca: sons, cores, sabores, texturas e odores, numa miríade de
impressões que o corpo ordena, na construção do sentido primeiro. O mundo, antes de ser
tomado como matéria inteligível, surge a nós como objeto sensível (DUARTE JR. J. F. O
sentido dos sentidos: a educação (do) sensível. 200. Tese (Doutorado) – Faculdade de
Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, São Paulo, 2000).

Contudo, procuramos compreender nesta primeira abordagem de discussão os aspectos


qualitativos da entrega das respostas do organismo. Já que foi estabelecida a relação
organismo-ambiente.

Aspecto importante na definição de comportamento é a abrangência do termo eventos


ambientais, que tanto podem ser constituídos de elementos físicos quanto sociais. Como
afirma Anderey, Sério e Micheletto:

“Os eventos ambientais são compostos por estímulos físicos e estímulos sociais. Estímulos
físicos são eventos cujas propriedades e dimensões fundamentais têm sido descritas pelas
ciências ditas naturais; por exemplo, os diversos objetos ao nosso redor. Estímulos sociais são
eventos cujas propriedades e dimensões básicas são derivadas do fato de serem produzidas
por outro organismo; no caso de seres humanos, são produtos culturais”...

Ainda que de forma bastante sucinta existe uma complexidade intrínseca, por
exemplo, da individualidade filosófica, do temperamento, do gênero, da idade, entre outros
pontos a serem considerados na criação do mundo pessoal que de certa forma são

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condicionantes nesta construção das respostas a percepção do sensível. Evidenciando este
importante aspecto, nossa resposta analítica a resposta do Organismo, certamente será
enriquecida com um sentido amplo, como laços afetivos dos seres humanos ao meio
ambiente.

Embora esta sensação que pode não ser a mais forte das emoções do Organismo, de
fato, muitos se sentem totalmente fora do ambiente que os cercam, mas uma vez percebido
tem o poder de elevar um lugar para tornar-se um ambiente portador de percepções e
respostas emocionalmente carregado, tornando um símbolo do sensível. TUAN estabeleceu
uma exploração ampla de como os laços emotivos com o ambiente material possuem
variações de organismo para organismo e em expressão, intensidade e sutileza. “O mundo
percebido pelos olhos é mais abstrato que o conhecido por nós por meio de outros sentidos
“(TUAN, 2012,.p28)”.

[...] “A sensação é de enxergar mesmo sem ter a visão, interessante a mudança de


temperatura do ambiente fechado para o externo”;

[...] “É uma folha grande, terra molhada e tem cheiro de café”;

[...] “Terra! Sentimento de medo”;

[...] “Aqui é uma árvore! Ela tem como se fosse pêlo -, é cheiro de mofo de mato”;

[...] “É cacau! Lembrança da terra nativa”;

[...] “É um tronco seco com cheiro podre!”

Só em alguns momentos demarcados e “permitidos” é possível pô-los em ação, onde,


agora sim, pode-se dar assas a imaginação [...] precisamos voltar a sentir as texturas da vida
(SALGADO, L. C. D. Educação Física e sensibilidade: diálogos com um método sensível.
2003. Dissertação (Mestrado em Educação Física) – Faculdade de Educação Física,
Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2003).

Com a exposição aos movimentos “marcados permitidos”, presenciamos o viver do


sensível um retorno ao sentido da vida. Sendo assim, faz-se necessário um trabalho que
proporcione aos organismos experiências que renovem e fortaleçam a consciência de si em
relação ao mundo, pois é através dos sentidos que relacionamos com nós mesmos, ao mesmo
tempo em que estabelecemos contato com o mundo.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Refletindo sobre os resultados do presente trabalho, embora a visão seja considerada por
muitos o mais importante, a experiência com os estudantes mostrou a importância dos outros
sentidos e a necessidade de um relacionamento recíproco organismo-ambiente.

REFERÊNCIAS

CORONATO, V. C: FRANZONI,T.M. A Experiência sensorial e a experiência sensível


nas (PPGT-UDESC).

CISOTTO, MARIANA. Geograficidade – notas e resenhas – v, 3, n.2, Inverno


2013(IG/Unicamp).

DUARTE JR. J. F. O sentido dos sentidos: a educação (do) sensível. 200.Tese (Doutorado) –
Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, São Paulo, 2000).

GRIMM,J GRIMM W. DeutschesWörterbuch,16Bde. In 32 Teilbanden. Leipzig 1854-1961.


Quellenverzcichinis. Leipzig, 1971. Online-Versonvom 16.03.2013

MERLEAU-PONTY. Phénoménologie..., p. 378; 438-439.

QUÉRÉ,L. Note surlaconcepsionpragmatistedesemotions.Institut Marcel Muss-


CEMS,OccasionalPapers 11, février,2013.

SALGADO, L. C. D. Educação Física e sensibilidade: diálogos com um método sensível.


2003. Dissertação (Mestrado em Educação Física) – Faculdade de Educação Física,
Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2003.

SILVA, EDUARDO. D. G. Para além da forma do sensível, a experiência do sensível.


Libero - São Paulo – v.18, n.35, p.65 – 76, jan./jun. de 2015.

SLOTERDIJK,P. A Mobilização Copernicana e o Desarmamento Ptolomaíco.


Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1992.

TUAN, YI-FU. TOPOFILIA um estudo de percepção, atitudes e valores do meio ambiente.


São Paulo DIFEL 1980.

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