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2017­5­17 O Poema ­ William Butler Yeats

William  Butler  Yeats  nasceu  em  13  de  junho  de  1865,  
em  Dublin,  Irlanda,  onde  se  desenvolveu  em  um  meio
culto  e  criativo.  Poeta  e  autor  teatral,  Prêmio  Nobel
(1923)  de  Literatura.  Foi  o  representante  máximo  do
Renascimento  irlandês  e  um  dos  escritores  mais
destacados do século XX."

saber mais a torre

 
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LEDA E O CISNE

Súbito golpe: as grandes asas a bater 
Sobre a virgem que oscila, a coxa acariciada 
Por negros pés, a nuca, um bico a vem reter; 
O peito inane sobre o peito, ei­la apresada.
The Wanderings of Oissin and
others Poems, 1889
Dedos incertos de terror, como empurrar 
The Countess Kathleen and Das coxas bambas o emplumado resplendor? 
Various Legends and Lytics, 1892 Pode o corpo, sob esse impulso de brancor, 
O coração estranho não sentir pulsar?
The Secret Rose, 1897
Um tremor nos quadris engendra incontinenti 
The Wind Among the Reeds, A muralha destruída, o teto, a torre a arder 
1899 E Agamêmnon, o morto. 

The Green Helmet aond others Capturada assim, 
Poems, 1910 E pelo bruto sangue do ar sujeita, enfim 
Ela assumiu­lhe a ciência junto com o poder, 
Responsibilities, 1914 Antes que a abandonasse o bico indiferente?
A Vision, 1925 (tradução: Péricles Eugênio da Silva Ramos) 
The Tower, 1928 .

The Winding Stair and others RUMO A BIZÂNCIO
Poems, 1933
I
Words for Music Perhars , 1931
Este país não é para velhos. Jovens
A Woman Young and Old Abraçados, pássaros que nas árvores cantam
­ essas gerações moribundas ­
Cascatas de salmões, mares de cavalas,
Peixe, carne, ave, celebrando ao longo do Verão 
Tudo quanto se engendra, nasce e morre. 
Prisioneiros de tão sensual música todos abandonam 
Os monumentos de intemporal saber.

II
Um velho é coisa sem valor,
Um andrajo apoiado num bordão, a não ser que 
A alma aplauda e cante, e cante mais alto
Cada farrapo da sua mortal veste.
Nem há escola de canto somente o estudo 
Dos monumentos de seu próprio esplendor; 
Por isso cruzei os mares e cheguei
À sagrada cidade de Bizâncio.

III

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2017­5­17 O Poema ­ William Butler Yeats
Arte Pau Brasil Oh, sábios que estais no sagrado fogo de Deus 
Qual dourado mosaico sobre um muro, 
Livraria Cultura Vinde desse fogo sagrado, roda que gira,
E sede os mestres do meu canto, da minha alma. 
Livraria Saraiva Devorai este meu coração; doente de desejo
E atado a um animal agonizante 
Livraria Siciliano Ele não sabe o que é; juntai­me 
Ao artifício da eternidade.
Submarino

  IV
Da natureza liberto jamais de natural coisa 
Retomarei minha forma, meu corpo,
Mas formas outras como as que o ourives grego 
Amazon.com Em ouro forja e esmalta em ouro
Para que o sonolento Imperador não adormeça; 
Barnes and Noble Ou em dourado ramo pousado, cantarei
Para damas e senhores de Bizâncio
A1Books Cantarei o que passou, o que passa, ou o que virá

Bookstacks (tradução: José Agostinho Baptista)

QUANDO FORES VELHA

Quando fores velha, grisalha, vencida pelo sono,
Dormitando junto à lareira, toma este livro,
Lê­o devagar, e sonha com o doce olhar
Que outrora tiveram teus olhos, e com as suas sombras profundas;

Muitos amaram os momentos de teu alegre encanto,
Muitos amaram essa beleza com falso ou sincero amor,
Mas apenas um homem amou tua alma peregrina,
E amou as mágoas do teu rosto que mudava;

Inclinada sobre o ferro incandescente,
Murmura, com alguma tristeza, como o Amor te abandonou
E em largos passos galgou as montanhas
Escondendo o rosto numa imensidão de estrelas.
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A CANÇÃO DO DELIRANTE AENGUS (1899)

Eu fui para uma floresta de nogueiras, 
Porque minha mente estava inquieta, 
Eu colhi e limpei algumas nozes,
E apanhei uma cereja, curvando o seu fino ramo;
E, quando as claras mariposas estavam voando,
Parecendo pequenas estrelas, flutuando erráticas,
Eu lancei framboesas, como gotas, em um riacho
E capturei uma pequena truta prateada.
Quando eu a coloquei no chão
E fui soprar para reativar as chamas,
Alguma coisa moveu­se e eu pude ouvir,
E, alguém me chamou pelo meu nome:
Apareceu­me uma jovem, brilhando suavemente
Com flores de maçãs nos cabelos
Ela me chamou pelo meu nome e correu
E desapareceu no ar, como um brilho mais forte.
Talvez eu esteja cansado de vagar em meus caminhos 
Por tantas terras cheias de cavernas e colinas,
Eu vou encontrar o lugar para onde ela se foi,
E beijar seus lábios e segurar suas mãos;
Caminharemos entre coloridas folhagens,
E ficaremos juntos até o tempo do fim do tempo, colhendo
As prateadas maçãs da lua,
As douradas maçãs do sol.

A ROSA DO MUNDO

Quem sonhou que a beleza passa como um sonho?
Por estes lábios vermelhos, com todo o seu magoado orgulho,

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2017­5­17 O Poema ­ William Butler Yeats
Tão magoados que nem o prodígio os pode alcançar,
Tróia desvaneceu­se em alta chama fúnebre,
E morreram os filhos de Usna.

Nós passamos e passa o trabalho do mundo:
Entre humanas almas que se agitam e quebram
Como as pálidas águas e seu fluxo invernal,
Sob as estrelas que passam, sob a espuma do céu,
Vive este solitário rosto.

Inclinai­vos, arcanjos, em vossa incerta morada:
Antes de vós, ou de qualquer palpitante coração,
Fatigado e gentil alguém esperava junto ao seu trono;
Ele fez do mundo um caminho de erva
Para os seus errantes pés.

(tradução: José Agostinho Baptista)
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VERSOS ESCRITOS EM DESALENTO

Quando é que eu vi pela última vez 
Os olhos verdes redondos e os corpos longos vacilantes 
Dos leopardos escuros da lua? 
Todas as bruxas selvagens, aquelas senhoras muito nobres, 
Por todas as suas vassouras e as suas lágrimas, 
Suas lágrimas de raiva, fugiram. 
Os santos centauros das colinas desapareceram; 
Não tenho nada para além do amargado sol; 
Banida mãe lua heróica e desaparecida, 
E agora que cheguei aos cinquenta anos 
Tenho que aguentar o tímido sol.

( tradução: António de Campos )
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COM O TEMPO A SABEDORIA

Embora muitas sejam as folhas, a raiz é só uma;
Ao longo dos enganadores dias da mocidade,
Oscilaram ao sol minhas folhas, minhas flores;
Agora posso murchar no coração da verdade.

(tradução: José Agostinho Baptista)
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UMA CAPA

Uma capa fiz do meu canto
Debaixo a cima
Bordada
De antigas mitologias;
Mas tomaram­na os tolos
Para exibi­la ao mundo
Como se por eles fora lavrada.
Deixa, canto, que a tomem
Pois maior feito existe
Em andar nú.

(tradução: José Agostinho Baptista)
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OS CINES SELVAGENS DE COOLE

Em sua outonal beleza estão as árvores,
Secas as veredas do bosque;
No crepúsculo de Outubro as águas
Reflectem um céu tranquilo;
Nessas transbordantes águas sobre as pedras
Banham­se cinquenta e nove cisnes.

Dezenove outonos se passaram desde que
Os contei pela primeira vez;
E, enquanto o fazia, vi
Que de repente todos se erguiam
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E em largos círculos quebrados revolteavam
As clamorosas asas.

Contemplei esses seres resplandecentes,
E agora há uma ferida no meu coração.
Tudo mudou desde o dia em que ouvindo ao crepúsculo,
Pela primeira vez nesta costa,
A alta música dessas asas sobre a minha cabeça,
Com mais ligeiro passo caminhei.

Infatigáveis, amante com amante, 
Movem­se nas frias
E fraternas correntes ou elevam­se nos ares; 
Os seus corações não envelheceram; 
Paixão ou conquista solicitam ainda 
Seu incerto viajar.
Mas vagueiam agora pelas quietas águas,
Misteriosos, belos;
Entre que juncos edificarão sua morada,
Junto a que lago, junto a que charco,
Deliciarão o olhar do homem quando um dia eu despertar
E descobrir que voando se foram?

(tradução: José Agostinho Baptista)
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MORTE

Nem temor nem esperança assistem
Ao animal agonizante;
O homem que seu fim aguarda
Tudo teme e espera;
Muitas vezes morreu,
Muitas vezes de novo se ergueu.
Um grande homem em sua altivez
Ao enfrentar assassinos
Com desdém julga
A falta de alento;
Ele conhece a morte até ao fundo —
O homem criou a morte.

(tradução: José Agostinho Baptista)
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TUDO PODE TENTAR­ME

Tudo pode tentar­me a que me afaste deste ofício do verso:
Outrora foi o rosto de uma mulher, ou pior —
As aparentes exigências do meu país regido por tolos;
Agora nada melhor vem à minha mão
Do que este trabalho habitual. Quando jovem,
Não daria um centavo por uma canção
Que o poeta não cantasse de tal maneira
Que parecesse ter uma espada nos seus aposentos;
Mas hoje seria, cumprido fosse o meu desejo,
Mais frio e mudo e surdo que um peixe.

(tradução: José Agostinho Baptista)
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A ESPORA

Parece­te horrível que luxúria e ira
Cortejem a minha velhice;
Quando jovem não me flagelavam assim;
Que mais tenho eu que me esporeie até cantar?

(tradução: José Agostinho Baptista)
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