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FidelidadESPÍRITA | Junho 2006

ESTUDO

O PASSE: Conceito e Função


por Wellington Santiago - Campinas/SP

O
passe é uma transfusão tar os fluidos, emití-los e fazê-los
de fluidos de um ser convergir para o assistido;
para outro, encarnado 2) Que haja um clima de con-
ou não. Emmanuel o define como fiança entre o socorrista e o neces-
uma transfusão de energias sitado, a fim de se formar um elo
“fisiopsíquicas”. Beneficia quem o de força entre eles, pelo qual “ver-
recebe, porque oferece novo con- te o auxílio da Esfera Superior, na
tingente de fluidos bons e modifi- medida dos créditos de um ou de
ca para melhor os fluidos já exis- outro”;
tentes, saneando-os e fortalecendo- 3) Que o paciente esteja recep-
os. tivo, para que sua mente adquira
Emmanuel o considera idéia de trabalho restaurativo e
“equilibrante ideal da mente, comece a sugerí-lo em todas as cé-
apoio eficaz de todos os tratamen- lulas do corpo físico; então, irá
tos” e compara a sua ação a do an- assimilando os recursos vitais que
tibiótico e à da assepsia, que ser- estiver recebendo e, pelas várias
vem ao corpo, frustrando instala- funções do sangue, o reterá na pró-
ções de doenças. pria constituição fisiopssicos-
somática.

SEU MECANISMO
O PASSE AO LONGO DA
Constantemente, estamos irra- HISTÓRIA
diando e recebendo fluidos do am-
biente que habitamos e dos seres O passe não surgiu com o Es-
(encarnados ou não) com que con- piritismo, não é uma criação da
vivemos, numa transmissão natu- Doutrina Espírita.
ral e automática. Esse meio de socorrer os enfer-
O passe, porém, é uma transfu- mos do corpo e da alma já era co-
são feita com intenção e propósi- nhecido e empregado na Antigüi-
to. Quem o aplica atua dade.
deliberadamente. Jesus o utilizou, “impondo as
Para que o passe alcance seu me- mãos” sobre os enfermos e os per-
lhor resultado, é necessário: turbados espiritualmente, para
1) Que o passista use o pensa- beneficiá-los. E ensinou essa prá-
mento e a vontade, a fim de cap- tica aos seus discípulos e apósto-

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ESTUDO

los, que também a empregaram, TIPOS DE PASSES


largamente, como vemos em
“Atos dos Apóstolos”. Em relação ao seu agente, o pas-
Ao longo dos tempos, o pas- se pode ser classificado em:
se continuou a ser usado, sob
várias denominações e formas, 1) MAGNÉTICO
em todo mundo, ligado ou não Quando ministrado somente
a práticas religiosas. com os recursos fluídicos do pró-
No século anterior a Kardec, prio passista (magnetismo humano).
tudo o que então se conhecia
sobre fluidos e como empregá- 2) ESPIRITUAL
los estava consubstanciado no Quando ministrado pelos Espí-
Magnetismo, de que o médico ritos unicamente com seus própri-
austríaco Mesmer foi o grande os fluidos (magnetismo espiritual),
expoente, beneficiando muitos sem o concurso de médium passis-
enfermos. Mas havia, ainda, ta.
muita ignorância sobre o que Os Espíritos agem com obser-
fossem os fluidos e a forma de vância da sintonia e considerando
sua transmissão. os méritos ou necessidade do paci-
A codificação da Doutri- ente (que, às vezes, nem percebe ter
na dos Espíritos, pos Allan sido beneficiado).
Kardec, permitiu enterdermos
melhor o processo pelo qual o
ser humano influencia e é influ-
enciado fluidicamente, tanto no
Ao longo dos tempos, o passe
plano material como no espiri- continuou a ser usado sob várias
tual.
Na atualidade, o passe con- denominações e formas
tinua a ser empregado por ou-
tras religiões, que o apresentam
sob nomes e aparências diversas 3) HUMANO-ESPIRITUAL
(bênção, unção, benzedura, Quando os Espíritos combinam
etc.). seus fluidos com os do passista, dan-
É no meio espírita, porém, do-lhes características especiais (tam-
que o passe se encontra melhor bém chamado de magnetismo mis-
compreendido e mais largamen- to).
te difundido e utilizado. Nele, O concurso dos espíritos pode-
o passe que Jesus ensinou e rá ser espontâneo ou provocado
exemplificou veio a se tornar pelo passista, com uma prece ou sim-
uma das principais práticas de plesmente num propósito (que equi-
ação fluídica. Nada mais natu- vale a apelo íntimo). Essa influên-
ral, pois o Espiritismo é a cia é sempre desejável pois: “O flui-
revivescência do puro cristianis- do humano está sempre mais ou me-
mo. nos impregnado de impurezas físi-


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cas ou morais do encarnado enquan- bom e mesmo necessário o passis-


to o dos bons espíritos é necessaria- ta atuar inteiramente mediu- CONCLUSÃO
mente mais puro e, por isto mes- nizado.
mo, tem propriedades mais ativas Mas, nos serviços comuns de O passe não é o momento
que acarretam uma cura mais pron- passe num Centro, isso não é adequado para as manifesta-
ta.” (Revista Espírita set. / 1865 “Da aconselhável, porque: ções mediúnicas. Quem é
Mediunidade Curadora”). a) Nem sempre o assistido está médium, além de passista,
preparado para presenciar manifes- tem as reuniões apropriadas
4) MEDIÚNICO tações mediúnicas e poderá se im- para dar passividade aos espí-
pressionar mal (mesmo que o ritos comunicantes: “Discipli-
comunicante chegue a falar qual- na é a alma da eficiência.”
quer palavra). (André Luiz, Conduta Espíri-
b) Poderá causar (aos olhos dos ta, Cap. 28 – Perante o Passe)
assistidos) uma diferenciação entre
os passistas, o que não é deseja- O passe deve ser um mo-
do, porque é desnecessária e pre- mento de paz, tanto para
judicial. quem recebe como para
c) Poderá se estabelecer diálo- quem doa as energias restau-
go entre espírito e assistido e: radoras.
· Não haverá o dirigente para A eficiência do passe esta-
Quando os Espíritos atuam controlar e orientar o intercâmbio
rá na razão direta do amor
através de um médium. e analisar a comunicação;
O fluido dos bons Espíritos sincero que formos capaz de
· Há tendência de se atribuir
“passando através do encarnado, sentir pela pessoa beneficia-
ao espírito comunicante uma su-
pode alterar-se um pouco” (como da.
perioridade que ele pode não pos-
Movimentemos as
energias em favor dos neces-
Nem sempre o assistido está preparado sitados, conscientes de que,
nesse exercício de doação fra-
para presenciar manifestações ternal estaremos benefician-
mediúnicas do a nós próprios.

água límpida passando por um suir (um espírito pode ser bom
vaso impuro) “Daí, para todo ver- transmissor de energia mas não ser
BIBLIOGRAFIA:

dadeiro médium curador, a neces- um instrutor ou orientador);


sidade absoluta de trabalhar a sua · O assistido pode acostumar- OLIVEIRA, THEREZINHA, FLUIDOS E

depuração”. (Revista Espírita set. se mal e querer sempre comunica-


PASSES, ED. EME, CAPIVARI-SP, 1ª ED.,
1995.
/ 1865 “Da Mediunidade ção verbal durante o passe, mas os EMMANUEL, OPINIÃO ESPÍRITA, CAP.
Curadora”). espíritos, como sabemos, nem sem- O PASSE.
pre querem ou podem compare- ______, SEGUE-ME, CAP. O PASSE.
Haverá ocasiões em que seja cer e se comunicar.

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