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Introdução
Estilística e Estilo
A estilística possui ligação tanto com a estética da palavra como também com o
efeito que se quer produzir em quem lê por meio do estilo. Por estilo pode-se entender como o
modo pessoal de expressão utilizado pelo autor em que se manifestam conjuntos de aspectos
formais e recursos expressivos podendo caracterizar também um texto como pertencente a um
determinado período histórico, escola literária, grupo social, profissional ou regional.
Para Bally, os estudos dos fenômenos expressivos contidos nas palavras provem da
necessidade de conceber a comunicação verbal como algo que transcende a transmissão de
conteúdos. Buscava-se identificar o que havia de afetivo na comunicação e foram justamente
esses os componentes afetivos que vieram a se tornar o objeto de estudo da estilística.
Não se pode confundir literatura de cordel com a poesia popular nordestina, pois o
cordel é uma ramificação da poesia popular, assim como o repente, a poesia matuta, a
embolada, etc.
O próprio grupo assume que a utilização do termo cordel em seu nome não foi com o
intuito de restringir as composições e interpretações a esta vertente da poesia popular
nordestina, mas sim como meio de alcançar maior público possível, já que o termo cordel tem
se ressignificado, de modo desregrado, durante os últimos anos como sinônimo de história em
forma de poesia.
Chover (ou Invocação para um dia líquido) foi composta por Lirinha e Clayton
Barros e sua letra trata de um tema comum a região do nordeste brasileiro: a seca que se
encerra com a chegada da chuva. Vejamos:
Chover chover
Valei-me Ciço o que posso fazer
Chover chover
Um terço pesado pra chuva descer
Chover chover
Até Maria deixou de moer
Chover chover
Banzo Batista, bagaço e banguê
Chover chover
Cego Aderaldo peleja pra ver
Chover chover
Já que meu olho cansou de chover
Chover chover
Até Maria deixou de moer
...Chover chover
Banzo Batista, bagaço e banguê
Choveu choveu
Lula Calixto virando Mateus
Choveu choveu
O bucho cheio de tudo que deu
Choveu choveu
suor e canseira depois que comeu
Choveu choveu
Zabumba zunindo no colo de Deus
Choveu choveu
Inácio e Romano meu verso e o teu
Choveu choveu
Água dos olhos que a seca bebeu
*Zé Bernardinho
**João Paraíbano
***Toque pra boiadeiro
Terço: A terça parte do rosário, ou conjunto de contas enfiadas numa linha, que se
costuma ir desfiando enquanto se recitam as orações. O conjunto dessas orações:
Rezar um t. para Santo Antônio.
Valei-me: Me ajude.
Cego Aderaldo, figura mítica do folclore sertanejo, cansou das lágrimas inúteis a
vazar dos olhos que não veem, mas choram a desgraça de seu povo.
João Paraibano, já falecido poeta repentista, também é lembrado nos versos em que
se pede para ter paciência, pois o sertão tem melhora, mesmo que esta seja uma mudança
repentina e drástica:
Na segunda fase da música, há uma mudança no tempo verbal do verbo chover que
passa do infinito para o passado, pois agora já choveu. Em seguida é mencionado Lula
Calixto, mestre do Samba de Coco Raízes de Arcoverde, já saciado da abundancia que a
chuva trouxe consigo:
A canção se encerra com o toque para boiadeiro de autoria anônima e uma alegoria
de uma forte chuva onde o sapo vomita espuma e o boi não se atola, ele nada nesta enchente,
pois esta não é de água, mas sim de representações imagéticas de situações, poetas e
personalidades da região do sertão de Arcoverde.
Bibliografia
Martins, Nilce Sant'Anna. 2000. Introdução à Estilística. 3. ed. São Paulo, T. A. Queiroz.
MONTEIRO, José Lemos. A Estilística: manual de análise e criação do estilo literário. Rio de
Janeiro: Vozes, 2005.
Dicionário Michaellis
Chover (ou Invocação para um dia líquido), Composição: Lirinha; Clayton Barros. Disponível
em: http://letras.mus.br/cordel-do-fogo-encantado/78515/
http://www.portugues.com.br/gramatica/estilistica/