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Palmas, TO
2018
9
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________
Prof.ª [nome e titulação do Professor (a)
Centro Universitário Luterano de Palmas
_________________________________________________
Prof.ª. [nome e titulação do Professor (a)
Centro Universitário Luterano de Palmas
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Prof.ª. [nome e titulação do Professor(a)]
Centro Universitário Luterano de Palmas
Palmas, TO
2018
10
RESUMO
LISTA DE ABREVEATURAS
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
Neste primeiro capítulo, o intuito do presente estudo tem como principal finalidade
expor à sociedade os principais pontos sobre o Tráfico de Pessoas, como sua evolução histórica,
definição aceita atualmente acerca do delito, como a legislação brasileira se refere a respeito
desse crime, e a correlação entre o tráfico de pessoas e o trabalho em condições análogas a de
escravo.
O tráfico de pessoas é uma das espécies delituosas mais velhas do mundo, e ainda
assim, umas das práticas mais comuns na atualidade, não falando só em território nacional, mas
também a nível internacional. É um problema que todos os governos tentam há muito tempo
combater, contudo, umas das grandes barreiras encontradas são o baixo risco e um dos
procedimentos mais vantajosos, seja com a finalidade de exploração sexual, remoção de órgãos,
trabalho análogo a de escravo, adoção ilegal entre outros.
Visualiza-se a conduta do tráfico de seres humanos desde primórdios da humanidade,
passando pelas sociedades dos sumérios, egípcios, gregos, romanos até os dias atuais. Deste
modo, pode-se afirmar que, infelizmente a conduta da prática do tráfico de pessoas está na
natureza do ser humano desde a antiguidade, após vários anos, presencia-se essas práticas.
Como citado anteriormente, Rogério Greco (2017 p. 498) constata o mesmo problema,
quando ele cita que o tráfico de pessoas não é uma atividade criada pela sociedade
contemporânea, mas sim pelas antigas sociedades que se usufruíam da conduta para se
beneficiar principalmente da mão de obra barata para trabalhos laborais no campo.
Ainda de acordo com o Rogerio Greco (2017, p. 500), o tráfico de pessoas, seja para
qualquer dos meios existentes, exploração sexual, trabalho forçado, servidão (...), é uma das
atividades mais lucrativas do mundo, a 3º melhor dizendo, ficando atrás somente para o tráfico
de drogas e de armas.
Seguindo o mesmo entendimento de acima supracitado, Guillermo Julio Fierro (2007,
P 17, apud, GRECO, 2017 p.499) explica como o tráfico de pessoas virou de fato um negócio
comercial:
(...)O tráfico de seres humanos e a sua introdução e saída ilegal em diferentes países
do mundo se converteu em um negócio infame que gera enormes benefícios a quem
explora, aproveitando-se dos altos níveis de pobreza, desemprego, fatores sociais e
culturais adversos, como a violência contra a mulher e as crianças, os migrantes
carentes de recursos, de tal sore que eles são vítimas de vendas, exploração sexual
17
na abrangência da proteção à vítima do tráfico de pessoas, pois antes de sua criação, apenas às
vítimas de exploração sexual eram juridicamente protegidas. Por outro lado, com a nova
redação, qualquer meio de exploração (seja trabalho em condições análogas a de escravo,
remoção de órgãos, servidão, exploração sexual), são juridicamente amparados pela legislação
brasileira (SANTOS, 2016, 15).
Os países de terceiro mundo, também conhecidos como “em desenvolvimento”, em
razão da busca necessária de sobrevivência, ficam vulneráveis às práticas abusivas e criminosas
do tráfico de pessoas.
Como o crime de tráfico de pessoas é uma modalidade datada de muito tempo atrás, e
estando presente até os dias atuais, percebe-se ser uma prática de difícil combate. Por isso,
internacionalmente há uma grande preocupação em reprimir essa conduta delituosa, em virtude
disso, o Brasil, acompanhado por vários outros países membros do Protocolo de Palermo
ratificaram ao longo das décadas diversas convenções e tratados, com a finalidade de tentativa
de erradicação desta prática.
Diante de tais fatos, concluiu-se importância de todos os Estados membros do
Protocolo de Palermo possuírem lei específica de repressão, combate e responsabilização ao
tráfico de pessoas, em todas as modalidades previstas. O Brasil, não se esquivando destas
responsabilidades, adotou o conceito de tráfico de pessoas expressa no Protocolo, como a
demonstrará a seguir. Inclusive, criou norma penal específica tipificando a conduta como
prática criminosa.
De acordo com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC), o
Tráfico de Pessoas está caracterizada em 3 elementares específicos, quais sejam: O ato, que se
estabelece pelo recrutamento, transporte, transferência, alojamento ou o acolhimento de
pessoas; os meios, que se define pela ameaça ou uso da força, coerção, abdução, fraude, engano,
abuso de poder ou de vulnerabilidade, ou pagamentos ou benefícios em troca do controle da
vida da vítima; e o objetivo, seja Para fins de exploração, que inclui prostituição, exploração
sexual, trabalhos forçados, escravidão, remoção de órgãos e práticas semelhantes.
Ainda de acordo com o UNODC, “para verificar se uma circunstância particular
constitui tráfico de pessoas, considere a definição de tráfico no protocolo sobre tráfico de
pessoas e os elementos constitutivos do delito, conforme definido pela legislação nacional
pertinente”.
Em outras palavras, o tráfico de pessoas, com base no disposto no art. 3º do Protocolo
de Palermo, incide em:
Comercializar, escravizar, explorar e privar vidas, caracterizando-se como uma forma
de violação dos direitos humanos por ter impacto diretamente na vida dos
indivíduos. Se houver transporte, exploração ou cassação de direitos, o crime pode ser
classificado como tráfico de pessoas, não importa se há supostamente um
consentimento por parte da vítima. (IGNACIO, 2018).
Isto é, o tráfico de imigrantes prevê como prática delituosa o fato de adentrar alguém
em território estrangeiro de maneira irregular, buscando uma lucratividade. Enquanto o tráfico
de pessoas prevê o recrutamento de pessoas com o intuito de serem oprimidos de alguma forma,
restringido sua liberdade individual a determinado local.
O crime dos arts. 231 e 231-A tinham como bem jurídico a moral pública sexual, e
num sentindo mais amplo, a dignidade sexual (GRECO, 2016 p. 180). Enquanto que
o bem juridicamente protegido do art. 149-A é a liberdade individual, haja vista
encontrar-se inserido no Capítulo intitulado Dos Crimes Contra a liberdade Individual
(SOUZA. 2017 p. 21).
edição ao Código de 1940, pela Lei nº 13.344/16, o Brasil regulamentou uma tipificação correta,
englobando todas aquelas modalidades de exploração prevista no art. 3º do Protocolo de
Palermo, acrescidas então pelo art. 149-A Código Repressor. Assim explica o Procurador do
Trabalho Renan Bernardi Kalil.
Destarte, nas palavras de Bruno José Saúgo (2018, 18) configura o tráfico de pessoas
quando ao:
Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa,
mediante grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso. Trata-se de tipo misto
alternativo, crime de ação múltipla que pode ser praticado mediante a prática de
qualquer das condutas. Há atos que denotam permanência, tais como transportar e
alojar, casos em que a consumação se prolonga no tempo. É um crime bi comum, não
existindo condição especial do agente ou da vítima.
Desta forma, para José Cláudio Monteiro de Brito Filho (2006, p. 11), o trabalho
análogo a de escravo é a ideia da reprimenda a liberdade individual do ser humano, vejamos:
Trata-se de crime comum (pode ser praticado por qualquer pessoa), plurissubsistente
(em , regra, é praticado por meio de vários atos), comissivo (decorre de uma atividade
positiva do agente: reduzir), de forma vinculada (somente pode ser cometido pelos
meios de execução descritos no tipo penal), material (só se consuma com a produção
do resultado naturalístico, consistente na imposição do trabalho excessivo ou em
condições degradantes como também na privação da liberdade de locomoção da
vítima em razão de dívida contraída com seu empregador, etc. MAGGIO (2015, p.
218-219).
Nos dias atuais não há mais o que se falar em “escravo”, uma vez que essa prática foi
abolida pelo Brasil há muito tempo, pelo menos na teoria, sua definição mais apropriada como
crime, é referida ao trabalho em condições análogas a de escravo, assim de acordo com
(FILGUERA; PRADO; GALVÃO, 2013), “uma coisa é o escravo sobre o qual se exercia o
direito de propriedade, outra, é o trabalho dele, exercido em condições similares àquelas de
tempos idos”.
25
O tipo penal era excessivamente aberto, impreciso e vago, e reclamava o uso rotineiro
da analogia, procedimento inadequado no Direito Penal... A situação foi alterada coma
edição da Lei 10.803/2003, quando a figura típica agora descreve minuciosamente os
modos de execução do delito, que era de forma livre e passou a ser de forma vinculada
(MASSON, 2013 p. 252).
É importante compreender que o tráfico de pessoas possui uma estreita relação com o
trabalho forçado. Com efeito, a principal finalidade do tráfico de pessoas é fornecer
mão-de-obra para o trabalho forçado, seja para a exploração sexual comercial, seja
para a exploração econômica, ou para ambas as finalidades (OIT, 2009 p. 16).
Uma vez que traz novos obstáculos a serem transpostos para que a prática reste
configurada, tendo em vista que, a partir de agora, não basta que sejam observadas as
condições absolutamente precárias nas quais o trabalho é desenvolvido, mas torna-se
imprescindível o isolamento geográfico ou a coação através de vigilância ostensiva
que impeçam o trabalhador de ir e vir. (CALEGARI, 2017).
28
de vítimas entre os anos de 2009 e 2013 conforme o Relatório Nacional Sobre Tráficos de
Pessoas disponibilizou”.
Graças a estes dados, o Ministério da Justiça elaborou um banco de dados onde se
estabeleceu as características das vítimas do tráfico de pessoas. Estes dados e tanta importância,
que provavelmente eles vão servir de base para o próximo Plano Nacional de Enfrentamento ao
Tráfico de Pessoas, assim, destaca-se para as seguintes características: Sexo, faixa etária,
cor/raça, nível de escolaridade entre outros dados referentes às vítimas do tráfico de pessoas,
como será abordado a seguir.
1
BRASIL, Secretária Nacional de Justiça. Relatório Nacional Sobre o Tráfico de Pessoas: Dados de 2013.
Brasília: Ministério da Justiça, 2014, p. 34.
2
BRASIL. Secretária Nacional de Justiça. Tráfico de Pessoas: Uma Abordagem para os Direitos Humanos.
Organização de Fernanda Alves dos Anjos... [ET al.]. – 1. Ed. Brasília: Ministério da Justiça, 2013, p. 26.
3
BRASIL, Secretária Nacional de Justiça. Relatório Nacional Sobre o Tráfico de Pessoas: Dados de 2013.
Brasília: Ministério da Justiça, 2014, p. 41
31
Quanto à faixa etária das vítimas, ficou corroborada que entre os anos de 2011 a 2013,
a grande maioria das vítimas possuía idade entre alguns meses (recém-nascidos) a 17
(dezessete) anos de idade. Por exemplo, no ano de 2013, dos 177 (cento e dezessete) casos
registrados pela Secretaria de Direito Humanos (SDH), 162 (cento e sessenta e duas) vítimas
se enquadravam neste quesito, em porcentagem, estes dados representam cerca de 91,5%
(noventa e um, cinco por cento) dos casos. Ademais, constou a presença de 15 (quinze) adultos
entre os casos registrados, com idade aproximadamente entre 18 (dezoito) e 55 (cinquenta e
cinco) anos de idade4.
Além do mais, o relatório elaborado pelo Ministério da Justiça em parceria com
Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), apurou-se que, dos 130 (cento e
trinta) casos identificados no ano de 2012, 104 (cento e quatro) vítimas eram mulheres, destas,
85 (oitenta e cinco) vítimas tinham idade de até 29 (vinte e nove) anos (65%), e o restante era
composto por 26 homens. (STOCHERO, 2014).
Destarte, o Sistema de Informação de Agravos de Notificações – VIVA/SINAN, do
Ministério da Saúde publicados no ano de 2013, nos traz dados semelhantes aqueles
demonstrados pela SDH quanto à faixa etária das vítimas. Para este sistema, a coleta de dados
demonstrou que as vítimas do tráfico de pessoas possuíam idade entre 0 (zero) a 29 (vinte e
nove) anos, representando um total 71,9% (setenta e um, nove por cento) dos casos.
Destacando-se para a alta concentração de vítimas entre 0 (zero) e 19 (dezenove) anos de idade5.
Ainda quanto a faixa etária das vítimas, o sistema do VIVA/SINAN, apurou-se que
cerca de 40,7% (quarenta, sete por cento) das vítimas do tráfico de pessoas possuíam idade
entre 0 (zero) e 19 (dezenove) anos. As vítimas do sexo masculino representavam cerca de
66,7% (sessenta e seis, sete por cento) dos casos. Neste último dado, chamou bastante à atenção
dos órgãos de combate ao crime justamente pelo motivo do grande aumento de vítimas do
tráfico de pessoas do sexo masculino nesta faixa etária6.
Com base nos dados obtidos pela Secretária de Inspeção do Trabalho e do Ministério
do Trabalho e Emprego (SIT/MTE), quanto aos trabalhos em condições análogas a de escravo,
a faixa etária dos trabalhadores resgatados fica entre 18 (dezoito) e os 39 (trinta e nove) anos
4
Ibidem, p. 35
5
Ibidem, p. 37
6
Ibidem, p. 37
32
de idade, não podendo descartar os dados em relação à faixa etária entre 40 (quarenta) e 64
(sessenta e quatro) anos de idade, e entre os 15 (quinze) e 17 (dezessete) anos de idade7.
7
Ibidem, p. 40
8
Ibidem, p. 36
9
Ibidem, p. 37.
33
de 30.358 (trinta mil, trezentos e cinquenta e oito) trabalhadores resgatados durantes esses anos era
do sexo masculino, cerca de 90,5% (noventa, cinco por cento) do total10.
Quanto ao estado civil das vítimas, aos dados informados nesta etapa, no ano de 2013,
verificou que aproximadamente 59% (cinquenta e nove por cento) das vítimas se declararam
como solteiras, e 34,2% (trina e quatro, dois por cento) como casadas ou em união estável, e
ainda, foi notado que duas das vítimas, ao momento que foram atendidas no sistema de saúde,
eram gestantes12.
Ademais, o Relatório Nacional Sobre o Tráfico de Pessoas no Brasil do ano de 2013
também relatou onde essas vítimas moravam anteriormente, e cerca de 91,7% (noventa e um,
sete por cento) declaram que moravam na zona urbana habitacional, quase a totalidade, e apenas
cerca de 8,3% (oito, três por cento) declaram morar em zonas rurais13
10
Ibidem, p. 41
11
Ibidem, p. 38
12
Ibidem, p. 39
13
Ibidem p. 39
34
14
BRASIL, Ministério da Justiça e Segurança Pública. Relatório consolidado a partir do levantamento e
sistematização de dados sobre o tráfico de pessoas no Brasil sobre o período de 2014 a 2016. Brasília. 2017. p.
51.
15
Ibidem, p. 51.
16
Ibidem, p. 51
35
órgãos dentre outras finalidades não expressa no art. 3 do Protocolo de Palermo, visto que é um
rol meramente exemplificativo17.
Para um melhor entendimento, a figura do “gato” nada mais é que aquele indivíduo
que recruta uma pessoa para a posição de vítima, seja por meio de força, conduta fraudulenta,
ameaça, ou seja, de acordo com Conselho Nacional de Justiça (CNJ, 2014), “ gatos geralmente
fazem propostas de trabalho para pessoas desenvolverem atividades laborais na agricultura ou
pecuária, na construção civil ou em oficinas de costura”.
De acordo com dados disponibilizados pela Secretária de Direitos Humanos (SDH), o
número de mulheres envolvidas entre os anos de 2011 a 2013 é aproximadamente de 174 (cento
e setenta e quatro) mulheres e 131 (cento e trinta e um) homens. Entretanto, em relação apenas
a 2013, último ano de estudos, o aumento das mulheres foi considerável baixo, quando chegou
a uma pequena diferença de 99 (noventa e nove) mulheres para 91 (noventa e um) homens18.
Contudo, ao contrário dos dados apresentados pela SDH, os dados obtidos pelo
Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes do Sistema de Informação de Agravos de
Notificações do Ministério da Saúde (VIVA/SINAN), em relação ao sexo dos traficantes, ou
também denominado no relatório como “autores das agressões”, solidificou que, em 80%
(oitenta por cento) dos casos, os agressores eram provenientes do sexo masculino19.
No tocante a faixa etária dos traficantes, os dados obtidos pela Secretária de Direitos
Humanos (SDH) são bastante inconclusivos, mas pode-se afirmar que a concentração maior
fica aproximadamente entre os 18 (dezoito) e 50 (cinquenta) anos de idade, representados por
maioria, em relação à raça/cor por “brancos”, seguidos de “pretos” e “pardos” 20.
Outro fator importante também para compreendermos melhor as características dos traficantes,
são os dados disponibilizados referentes à relação pessoal entre vítimas e aliciadores. Segundo
apurou-se por meio de relatos das próprias vítimas, a maioria dos traficantes são pessoas
desconhecidas, no qual, no ano de 2013, este dado em específico chegou a ser de 72% (setenta
e dois por cento) dos casos registrados. Entretanto, averiguou-se também, que a relação de
parentesco é bastante apreciável, no mesmo ano, 21% (vinte e um por cento) dos casos que
17
Ibidem, p. 45
18
Ibidem, p. 45
19
Ibidem, p. 47
20
Ibidem, p. 45-46
36
chegou ao conhecimento do SDH, eram representados por parente das vítimas, em especial aos
pais e mães que chegavam a 16% (dezesseis por cento) dos casos somados21.
Ao final, a Organização Internacional do Trabalho - OIT lançou um traço do perfil dos
traficantes, levando em conta todos os dados obtidos por meio de estudos em campo, relatórios
e pesquisas disponíveis, para no cenário atual. Consolidou-se que são pessoas com um perfil
socioeconômico completamente distinto das vítimas, geralmente com um alto poder financeiro,
normalmente brancos, com idade média de 41 anos, com grau de escolaridade superior, e que,
em boa parte das vezes, já possuem seus nomes ligados à famosa “Lista Suja”.
Para efeito de compreensão, a lista suja integra aqueles empregadores que outras
oportunidades já foram flagradas empregando trabalhadores a condições análogas a de escravo
etc.
21
Ibidem, p. 46-47
37
foram enganadas muitas vezes por falsas promessas e que muitas das vezes acabam em
prostíbulos da região ou para trabalho em condições análogas a de escravo.
O Ministério do Trabalho destacou em seu site oficial, que entre janeiro e a primeira
quinzena de outubro de 2018, foram resgatados cerca de 1.246 (mil duzentos e quarente e seis)
pessoas em situações análogas a de escravo no Brasil. Estatística essa que já superou os dados de
todo o ano de 2017, quando cerca de 6445 (seiscentos e quarenta e cinco) pessoas foram
resgatadas22.
Os Estados que impulsionaram estas estatísticas foram o de Minas Gerais, com 754
(setecentos e cinquenta e quatro) trabalhadores resgatados, seguidos por Pará (129) e Mato
Grosso (128) respectivamente.
22
BRASIL, Ministério do Trabalho. Ministério encontra 1.246 trabalhadores em condições análogas às de escravo.
Brasília. 2018.
38
O delito de tráfico de pessoas não diz respeito à remoção de órgãos, tecidos ou partes
do corpo de pessoa morta, somente sendo aplicado o art. 149-A do Código Penal
quando a vítima, ainda viva, é submetida ao tráfico mediante grave ameaça, violência,
coação, fraude ou abuso.
Considerada por muitos dos Órgãos Internacionais de proteção aos direitos humanos,
à modalidade mais praticada e lucrativa do tráfico de Seres Humanos, e a primeira prevista em
nosso Ordenamento Jurídico, no qual era prevista no já revogado art. 231 do Código Penal
Brasileiro.
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho – OIT (2009, apud,
OLIVEIRA, 2014) a exploração sexual ocorre quando se estabelece uma relação de
mercantilização e abuso do corpo de uma pessoa com o objetivo de obter dela serviços
sexuais. No caso de pessoas adultas, a prática da prostituição é considerada exploração sexual
comercial ou prostituição forçada quando aparecem as características de trabalho forçado,
como: cerceamento da liberdade, servidão por dívida, retenção de documentos, ameaça, etc.
23
- BRASIL, Secretária Nacional de Justiça. Relatório Nacional Sobre o Tráfico de Pessoas: Dados de 2013.
Brasília: Ministério da Justiça, 2014, p. 20
39
24
- Agencia Brasil. Mulheres são a maioria das vítimas do tráfico de pessoas, aponta relatório. Alana Granda.
Rio de janeiro. 2017.
25
BRASIL, Secretária Nacional de Justiça. Relatório Nacional Sobre o Tráfico de Pessoas: Dados de 2013.
Brasília: Ministério da Justiça, 2014, p. 17
40
escravo” urbano, como Serventes de Obras, Soldador, Pedreiro etc., no geral serviços que integram
a construção civil 26.
Por exemplo, entre janeiro e a primeira quinzena de 2018, 869 (oitocentos e sessenta e
nove) trabalhadores foram resgatados no meio urbano por integrantes do Ministério do Trabalho.
Enquanto na zona rural, esta estatística ficou entorno dos 377 (trezentos e setenta e sete) casos
registrados27.
Mais recentemente, uma matéria publicada no blog “Agência Patrícia Galvão” no ano de
2017, sobre as vítimas do tráfico de pessoas, informou que o número de vítimas teve um leve
aumento nos dois últimos anos (2015-2016). Baseado em um levantamento organizado pelo “O
Globo”28, nos 16 Núcleos de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas no Brasil (NETP), constatou-se
que houve um acréscimo de cerca de 8% (oito por cento) no número de vítimas, passando de um
total de 740 (sete e centos e quarenta) pessoas em 2015 para 797 (sete e centos e noventa e sete) no
ano de 2016.
Estados como o de Minas Gerais, foi um dos principais responsáveis por este aumento, de
112 (cento e doze) casos para 432 (quatrocentos e trinta e dois) casos registrados no ano seguinte.
Mas também houve registros de quedas no número vítimas, estados como de São Paulo e Goiás
houve uma diminuição relevante. (COUTO, 2017).
Quanto a zona urbana, de acordo com dados obtidos pelo Ministério do Trabalho e
Emprego (MTE) em 2013, o trabalho em condições análogas a de escravo cresce cada vez mais
no cenário nacional, ficando neste ano, pela primeira vez na história, desde quando começou a
coleta de dados sobre o assunto, a frente do trabalho em condições análogas a de escravo rural29.
Uma investigação feita pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), entre
os anos de 2000 e 2012, evidenciou que no país havia 1.758 (mil setecentos e cinquenta e oito)
processos judiciais e extrajudiciais referente ao tráfico de pessoas30.
Ademais, outro dado relevante a respeito do trabalho em condições análogas a de
escravo e do tráfico de pessoas, de acordo com o Procurador do Trabalho Renan Bernardi Kalil
(2015, p. 03), foi um levantado feito pelo “Disque-Denúncia de Direitos Humanos da
Presidência da República”, no qual se averiguou que no Brasil, no período relacionado ao ano
26
Ibidem, p.42
27
BRASIL, Ministério do Trabalho. Ministério encontra 1.246 trabalhadores em condições análogas às de escravo.
Brasília. 2018
28
O GLOBO. Vítimas do Tráfico Humano Aumenta nos Dois Últimos Anos: Entidades Protestam Contra a Falta
de Políticas de Combate. Luiza Souto. 16.04.2017.
29
BRASIL, Secretária Nacional de Justiça. Relatório Nacional Sobre o Tráfico de Pessoas: Dados de 2013.
Brasília: Ministério da Justiça, 2014, p. 28
30
BRASIL. Levantamento Sobre o Tráfico de Pessoas CNMP. Conselho Nacional do Ministério Público. 2014,
p. 4-5.
41
de 2012, houve 266 (duzentos e sessenta e seis) registros de trabalho em condições análogas a
de escravo e 28 (vinte e oito) de tráfico de pessoas foram identificados.
Além de outros dados pertinentes, o diagnóstico elaborado pelo Conselho Nacional
do Ministério Público (CNMP), completa dizendo que é suma importância à participação das
Procuradorias Regionais do Trabalho no combate ao tráfico de pessoas com a finalidade do
trabalho em condições análogas a de escravo, que em algum futuro próximo, o conjunto de
esforços poderá de fato, minimizar essa prática delituosa do cenário nacional. 31
Baseando-se em análises de campo, em dados apresentados até o presente
momento, a OIT lançou um traço do perfil dos trabalhadores que se encontram em condições
análogas a de escravo no Brasil hoje, no qual este trabalhador é negro, possui idade
aproximadamente de 31,4 anos, analfabeto ou com baixo nível de escolaridade e uma renda
mensal entorno de 1,3 salários mínimo.
Com embasamento no artigo publicado pela OIT, e sobre dados relativos à
SIT/MTE, entre os anos de 1995 a 2005, cerca de 17.983 (dezessete mil nove e centos e oitenta
e três) pessoas foram resgatadas do trabalho em condições análogas a de escravo, por operações
elaboradas por grupos de fiscalizações em conjunto com órgãos federais. No total, foram pouco
mais de 1.400 (mil e quatro centos) propriedades fiscalizadas em todo o país. Vale destacar,
que os donos dessas propriedades não eram pessoas desinformadas da ilicitude do “trabalho
escravo”, mas sim grandes empresários que se aproveitavam da mão-de-obra barata para
inflamar seus lucros.
De acordo com o artigo publicado pela Secretária Nacional de Justiça no ano de
2013, denominado de “Tráfico de Pessoas: Uma Abordagem para os Direitos Humanos”, o
Brasil é o principal exportador de mulheres, adolescentes e crianças para a exploração sexual
do Continente, enviadas a países desenvolvidos com intuito de exploração sexual, entretanto,
também é um dos principais importadores de mão-de-obra escrava, principalmente para as
atividades agrícolas na região norte e centro-oeste do país e para indústrias têxteis localizadas
na região sudeste32.
Destarte, a real atualidade que vive o Brasil em relação à crise migratória, até em
razão por possuir uma enorme fronteira com quase todos os países da América do Sul, embora
não se possa confundir o crime de tráfico de pessoas com o de tráfico migratório, afeta e muito
para o aumento dos dados dos trabalhos em condições análogas a de escravo no Brasil.
31
Ibidem, p. 7
32
Brasil. Secretária Nacional de Justiça. Tráfico de Pessoas: Uma Abordagem para os Direitos Humanos.
Organização de Fernanda Alves dos Anjos ... [et al.]. – 1.ed. Brasília: Ministério da Justiça, 2013, p. 28.
42
Além da privação da liberdade de ir e vir do ser humano, uma das principais causas
que caracteriza o trabalho em condições análogas a de escravo, são as condições degradantes
de trabalho e quanto ao valor da remuneração, que são consideradas de suma importância
também para a caracterização da prática delituosa. Diante disso, o Ministério do Trabalho e
Emprego (MTE), por meio da Secretaria de Inspeção do Trabalho, coletou dados importantes
referentes ao valor das remunerações fornecidas aos trabalhadores, de acordo com o colhido
pelo requerimento dos trabalhadores resgatados do Seguro-Desemprego.
Conforme o site global da Organização Internacional do Trabalho, estima-se que no ano
de 2016, cerca de 40,3 milhões de pessoas em todo o mundo estão na escravidão moderna, uma
estimativa de 5.4 vítimas para cada 1.000 pessoas no mundo. Essa escravidão moderna nada mais
é que o trabalho forçado, “um fenômeno global e dinâmico que pode assumir diversas formas,
incluindo a servidão por dívidas, o tráfico de pessoas e outras formas de escravidão moderna”. (OIT,
2017).
43
Sabe-se que não basta criminalizar o tráfico de pessoas ou aderir a tratados e acordos
internacionais que se comprometem a combater o tráfico de pessoas. No dia 26 de outubro de
2006, o Brasil publicou o Decreto 5.948/06, dispõe sobre as Políticas Públicas de
Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas. Marco inicial para elaboração dos futuros Planos
Nacionais de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas.
Ao longo dos anos, após implementar o Protocolo de Palermo em seu Ordenamento
Jurídico, o Brasil iniciou algumas tratativas internas para elaborar algumas ações, políticas
públicas, com metas pré-fixadas com o intuito da prevenção, repressão, responsabilização dos
seus autores e atenção às vítimas do Tráfico de Pessoas. Dentre estes, o PNETP (Plano Nacional
de Enfretamento ao Tráfico de Pessoas), subdivido em três fases até a presente data.
33
BRASIL. Secretaria Nacional de Justiça. Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas Brasília:
Ministério da Justiça, 2008, p. 08.
44
34
Ibidem, p. 11.
35
Ibidem, p. 13-14.
36
Ibidem, p. 15.
37
Ibidem, 16-17.
45
O I PNETP sem dúvidas nenhuma foi um marco histórico para o Brasil no que diz
respeito ao combate ao tráfico de seres humanos. Contudo, os órgãos responsáveis por este tipo
de fiscalização não poderiam se satisfazer ali. O tráfico de pessoas é um crime complexo,
silencioso, flexível e moldável, a qual veio se aperfeiçoando às novas realidades desde 2006.
Neste sentido, o Ministério da Justiça, no decorrer dos anos, começou a elaborar internamente
já alguns estudos para uma futura elaboração do II PNETP, com uma esfera de abrangência
maior de proteção à vítima e no combate e prevenção do crime em si em maior escala.
Após a aprovação do I Plano Nacional de Enfretamento ao Tráfico de Pessoas em
2006, o Ministério da Justiça provou o Decreto nº 7.901, de 04 de fevereiro de 2013, sancionada
pela então Presidente da República Federativa do Brasil, Dilma Rousseff. A vigência do II
Plano Nacional de Enfretamento ao Tráfico de Pessoas ocorreu entre os anos de 2013 a 2016.
No ano de 2016, último ano de vigência do II PNETP, o Ministério da Justiça elaborou
um relatório de avaliação de resultados, se as metas previstas foram alcançadas, quantas
parcialmente foram atingidas e quantas precisa de aperfeiçoamentos, já que não atingiram os
resultados minimamente esperados. Por fim recomendações para o III PNETP.
O II Plano Nacional de Enfretamento ao Tráfico de Pessoas (PNETP), previsto em 115
(cento e quinze) metas a serem cumpridas e 14 (quatorze) atividades em 05 linhas operativas
distintas. Entre os anos de 2013 a 2016, período de vigência do plano, foi elaborado 09 (nove)
relatórios de avaliação parcial do II PNETP. Neste sentido, ficou demonstrado que das 115
(cento e quinze) metas prevista, alcançou-se 66 (sessenta e seis) delas, com resultados dentro
do previsto.
Entre as metas parcialmente alcançadas e as que não atingiram os resultados
minimamente esperados, estão entre 29 (vinte e nove) e 20 (vinte) metas respectivamente. Isso
em porcentagem significa dizer que cerca de 58% (cinquenta e oito por cento) das metas
prevista no II PNETP obtiveram resultados dentro do previsto. Destas metas, 25% (vinte e cinco
38
BRASIL. Defensoria Pública da União. Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas: cartilha de orientação. Brasília:
DPU, 2015, p. 20.
46
por cento) atingiram resultados parcialmente e apenas 17% (dezessete por cento) obtiveram
resultados negativos, ou seja, não atingiram as metas previstas39.
A linha operativa 1 é composta de 09 (nove) metas. No total, apenas 03 destas
obtiveram resultados satisfatórios, no entanto são consideradas a de maior peso na linha
operativa 1. Os itens 1.A.1 que dispõe sobre a estratégia desenvolvida para viabilizar a
aprovação do Projeto de Lei nº 5.655, de 20 de julho 2009, de autoria do Poder Executivo, que
visa reformular o Estatuto do Estrangeiro; Item 1.A.2 prevê sobre estratégia desenvolvida para
viabilizar a elaboração e aprovação de projeto de lei específico sobre tráfico de pessoas; e o
item 1.A.3 é referente ao anteprojeto de lei elaborado para estabelecer punição mais rigorosa
dos autores do crime de tráfico de pessoas, inclusive na aplicação da lei de execuções penais
para tais casos40.
Uma das principais dificuldades para o combate ao Tráfico de Pessoas na época do II
PNETP era a legislação que tipificava inadequadamente o delito no Código Penal Brasileiro.
Deste modo, uma das principiais metas prevista, está disposto justamente na linha operativa 01,
item 1.A.2 e 1.A.3 e uma das principais conquistas. Trata-se da produção de propostas
normativas para o enfrentamento ao tráfico de pessoas.
Meta foi alcançada em graças a Lei nº 13.344/16 que aumentou o rol de modalidades
do tráfico de pessoas tipificado Código Penal Brasileiro. De acordo com o Relatório de
avaliação do II PNETP, este primeiro item do plano, chegou alcançar 34% (trinta e quatro por
cento) de aprovação, muito em favor da aprovação da lei supracitada, já que as metas
parcialmente alcançadas e não alcançadas neste item ficou entorno de 33% (trinta e três por
cento) para ambos os quesitos41.
39
BRASIL. Ministério da Justiça. II Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (2013-2016):
Relatório de avaliação de Resultados. Brasília: 2017, p. 24-25.
40
Ibidem, p. 27
41
Ibidem, p. 26.
47
por cento) dessas metas e cerca de 11% (onze por cento) infelizmente não chegaram a ser
atingidas42.
A linha operativa 2 sem dúvidas é a mais extensa, e por isso entre as 05 linhas
operativas de combate ao tráfico de pessoas pode-se considerar a que resultou em dados
positivos, considerando a etapa de metas atingidas ou parcialmente atingidas. Resultados estes
que na totalidade gira entorno de 89% (oitenta e nove por cento) das metas criadas pelo II Plano
Nacional de Enfretamento ao Tráfico de Pessoas.
Esta importante linha operativa ao combate do tráfico de pessoas, possui 08 (oito)
atividades a serem cumpridas como dito anteriormente, estabelecidas entre os itens 2.A à 2.H.
A atividade 2.A é subdividida em 05 (cinco) metas a serem cumpridas, composta
principalmente com a finalidade de fortalecer a atuação integrada dos atores governamentais de
forma descentralizada, apoiando os Núcleos de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, os Postos
Avançados de Atendimento Humanizado ao Migrante e os Comitês de Enfrentamento ao
Tráfico de Pessoas, garantindo a articulação das ações, o intercâmbio de experiências e a
participação da sociedade civil43.
O item 2.B também é subdivido em 05 (cinco) metas a serem cumpridas, concentrando
seus esforços em construir mecanismos, processos e sistemas para monitorar e avaliar a atuação
no enfrentamento ao tráfico de pessoas e a implementação do II PNETP, com participação e
transparência44.
Ainda nesta linha operativa 02, o item 2.C possui 04 (quatro) metas a serem cumpridas,
alcançando resultados positivo em todas. Seu principal foco está relacionado a promover
relações de cooperação transfronteiriça para o enfrentamento ao tráfico de pessoas, fortalecendo
capacidades e estruturas45.
No item 2.D, apresenta um quantitativo de 19 (dezenove) metas a serem cumpridas,
no entanto, apenas 10 (dez) obtiveram resultados positivos e 17 (dezessete) apresentaram
resultados parcialmente, contudo não foram classificadas como metas totalmente atingidas.
Sua principal atividade é no que diz respeita a criação, financiamento e implementação
de estratégias de integração dos sistemas nacionais de atendimento e reintegração das vítimas
do tráfico de pessoas, fortalecendo a rede de atendimento, integrando normativas e
procedimentos, articulando as responsabilidades entre atores da rede de atendimento, definindo
42
Ibidem, p. 29.
43
Ibidem, p. 30.
44
Ibidem, p. 32
45
Ibidem, p. 34.
48
46
Ibidem, p. 36.
47
Ibidem, p. 45.
48
Ibidem, p. 50 e 51.
49
Ibidem, p. 53.
49
vítimas do tráfico de pessoas no Brasil, incluindo 04 (quatro) metas a serem atingidas, obtendo
resultados significativos em 02 (duas) destas50.
A linha operativa 3 é composta por apenas 01 (uma) atividade específica, a qual busca
capacitar, conscientizar e sensibilizar profissionais, atores e grupos sociais para o
enfrentamento ao tráfico de pessoas, com atenção para as localidades onde haja maior
incidência ou risco de ocorrência.
Destarte, esta atividade é subdivida em 25 (vinte e cinco) metas impostas, alcançando
um expressivo resultado de 64% (sessenta e quatro por cento), o que representa cerca de 16
(dezesseis) das 25 (vinte e cinco) metas atingidas. 20% (vinte por cento) das metas parcialmente
atingidas. Destas, apenas 16% (dezesseis por cento) não alcançaram resultados de modo
algum51.
Quanto à linha operativa 4, esta destaca sobre a produção, gestão e disseminação de
informação e conhecimento sobre tráfico de pessoas, onde prevê 03 (três) tipos de atividades,
subdivida em 15 (quinze) metas, onde 47% (quarenta e sete por cento) destas foram atingidas,
e ainda obteve 20% (vinte por cento) das metas parcialmente atingidas e apenas 33% (trinta e
três por cento) não chegaram de algum modo a serem positivas52.
O primeiro item da linha operativa 4, item 4.A dispõe sobre a apoiar, financiar,
desenvolver e disseminar diferentes tipos de pesquisas em parceria com organizações da
sociedade civil e Instituições de Ensino Superior (IES) sobre o tráfico de pessoas e sua relação
com situações de violações de direitos ou vulnerabilidade, com atenção às diferentes dinâmicas
nacionais e internacionais de forma a subsidiar ações e políticas públicas. Este item prevê 08
(oito) metas a serem cumpridas nos 3 anos de vigência do II PNETP. No entanto, apenas 01
(uma) das metas foi atingida53.
A atividade 4.B busca como finalidade realizar iniciativas para troca de
conhecimentos, boas práticas, experiências e aumento do conhecimento sobre o tema por parte
das populações vulneráveis, contribuindo para fortalecer e articular os atores envolvidos no
tema. Neste item, todas as 04 (quatro) metas impostas foram atingidas54.
O item 4.C possui como principal foco a criação de um sistema de dados sobre tráfico
de pessoas informatizado, integrado e multidisciplinar, atualizado permanentemente pelos
atores envolvidos para subsidiar a coordenação de ações e intercambiar informações entre as
50
Ibidem, p. 56.
51
Ibidem, p. 59-60.
52
Ibidem, p. 70.
53
Ibidem, p. 71.
54
Ibidem, p. 74.
50
55
Ibidem p. 74
56
Ibidem, p. 75
57
Ibidem, p. 77
58
Ibidem, p. 78- 79
51
debates entre os Grupos de Trabalho (GT) ocorrerão, diversas novas propostas apareceram para
aperfeiçoamento das metas, tanto na prevenção, repressão e responsabilização para os autores
do delito, incluído o de assistência às vítimas.
composto pelo item 1.11. estabelece em “Apoiar a ratificação do Protocolo à Convenção sobre
Trabalho Forçado, de 2014, da Organização Internacional do Trabalho” 59.
Eixo 2 – Gestão de Informação: Este item está distribuído em 09 (nove) metas a
serem alcançadas entre os anos 2018 a 2022, período de vigência do III PNETP, assim, as
atuações destaca-se mais na esfera administrativa, os chamados bastidores do enfrentamento ao
tráfico de pessoas. Sua principal atividade está relacionada a elaboração e divulgação de estudos
e diagnósticos que abordem os temas da prevenção, repressão e atenção ás vítimas. Bem como
a divulgação dos canais de disque-denúncia por meio do disque 100 e do 18060.
Eixo 3 – Capacitação dos Agentes que Trabalham em Rede Nacional para a
Prevenção, Repressão e Assistências às Vítimas do Tráfico de Pessoas: esta seção esta
subdivido em 08 (oito) metas. Deste modo, busca-se melhorar o nível dos agentes em trabalho
de campo e interno. Capacitação esta, como destaca o item 3.7, também pode-se referir na
abordagem do tema nas escolas com debates entre alunos e professores sobre o assunto tráfico
de pessoas, com disponibilização de obras literárias nas bibliotecas físicas e digitais etc.61.
Os dois três últimos eixos de atuação do III Plano Nacional de Enfrentamento ao
Tráfico de Pessoas são os mais importantes e os que de fato, apresentam resultados mais
significativos, quando da avalição das metas ao fim do período de vigência.
Eixo 4 – Responsabilização dos Autores: Esta esfera esta subdivida em 11 (onze)
metas, o eixo de número 4 envolve tanto as atuações administrativas, como as atividades de
campo, onde os agentes atendem as denúncias e suspeitas do tráfico de pessoas a fim de
combater a atividade irregular. Por exemplo, o item 4.11, do III PNETP, busca a articulação de
investigações policiais contra o tráfico de pessoas, inclusive com equipes especializadas em
uma das modalidades que nas últimas décadas vem aumentando consideravelmente, o tráfico
de pessoas mediante a rede virtual62.
Outro exemplo que merece destaque referente ao eixo 4 é quanto ao item 4.10,
que busca a realização de estudos sobre a relação entre o tráfico de pessoas e a execução de
grandes obras de infraestrutura, mineração e energia no Brasil. Estudo este que é de enorme
importância para o sucesso do eixo 4, visto que, comprovadamente, o tráfico de pessoas na zona
59
BRASIL. Decreto nº 9.440, de 03 de julho de 2018. Aprova O III Plano Nacional de Enfrentamento Ao
Tráfico de Pessoas. Brasília, Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2018/Decreto/D9440.htm>. Acesso em: 27 out. 2018.
60
Ibidem
61
Ibidem
62
Ibidem
53
63
Ibidem
64
Ibidem
65
Ibidem
54
executar ações nas esferas federal, estadual, municipal e distrital, com o apoio da
sociedade civil e organismos internacionais. (MDH, 2018).
Assim, constata-se que embora haja muitos problemas a serem resolvidos ainda, o
Brasil vem buscando os melhores meios para combater, prevenir, responsabilizar os agentes
que facilitem o tráfico de pessoas e com isso, tentar sair da lista de exportador e importador de
seres humanos, seja para exploração sexual, remoção de órgãos, servidão, trabalho em
condições análogas a de escravo etc.
55
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante de todo exposto, nota-se que embora o tráfico de pessoas seja um crime datado
de muito tempo atrás, este nunca deixou de ser um grave problema para a comunidade
internacional. Como demonstrado durante todo o corpo do presente Trabalho de Conclusão de
Curso, diversos tratados e convecções foram assinadas durante um longo período de tempo,
sempre com espeque na proteção aos Direitos Humanos, como garantia fundamentais para uma
boa qualidade de vida.
No entanto, os países que compõe este enorme planeta denominado de “Terra” vêm a
muito passando por crises humanitárias, econômicas, sociais e políticas que de uma forma ou
de outra, facilita para o grande aumento das estatísticas do crime.
A Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas adotado pelo Brasil em
2006 marcou um grande salto na história do país contra o tráfico de seres humanos. Observa-
se que os princípios elencados no I Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas
foram os eixos básicos para a criação do II e III PNETP.
Os dados obtidos mediante à avaliação do II Plano Nacional de Enfrentamento ao
Tráfico de Pessoas, e expostos no III capítulo deste presente trabalho, só fortalece o
entendimento que o Brasil está no caminho certo ao combate deste terrível mau que é o tráfico
de pessoas. Embora haja alguns pontos para melhorar, o referido plano, no geral, colheu bons
resultados.
Principal conquista do II PNETP é em razão da elaboração da lei do tráfico de pessoas,
descrita pela Lei nº 13.344 de 2016, no qual acrescentou o leque de hipóteses do tráfico de seres
humanos como já mencionava o Protocolo de Palermo. Já que o ordenamento jurídico brasileiro
tipificava apenas o tráfico internacional e interno de pessoas para exploração sexual.
Um dos grandes pontos negativos do II PNETP foi o fracasso na tentativa de instalar
delegacias especializadas ao tráfico de pessoas na Superintendência da Polícia Federal e no
corte de verbas orçamentárias dos órgãos responsáveis de execução do II PNETP.
O III PNETP, lançado em julho deste ano (2018), busca solucionar algumas metas
não atingidas pelo plano anterior, assim como, aperfeiçoar aquelas que obtiveram resultados
satisfatório. Neste plano o principal foco encontra-se respaldado na proteção à vítima e na
responsabilização dos autores, bem como, em uma melhor conscientização da sociedade.
Por fim, pode-se afirmar que o propósito deste presente estudo se encontra alcançado,
já que umas das principais finalidades era demonstrar a sociedade, ao caro leitor, estatísticas
reais quando ao delito em debate, assim, podendo futuramente identificar uma pessoa em
56
situação de trabalho escravo, de exploração sexual entre outras modalidades, por quais números
é possível denunciar uma hipótese ou suspeita do tráfico de pessoas etc.
57
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