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Todos os dias, o mercado apresenta as cotações de milhares de ações.

Esses
preços sobem e descem continuamente. E você olha para uma empresa que
parece ser promissora e pergunta:

“Essa ação está cara ou está barata?”

A resposta para essa pergunta é mais complexa do que parece.


Como avaliar se a empresa está sendo negociada muito acima do que vale,
ou se é uma barganha em que pouca gente prestou atenção?
A resposta está em encontrar o valor justo dessa empresa.
Fazer essa avaliação para encontrar o valor justo não é privilégio dos magos
do mercado, que passam seus dias olhando dezenas de telas de computador
ao mesmo tempo. É possível definir o valor “justo” de uma empresa e
compará-lo com seu preço do mercado usando as operações matemáticas
básicas e um pouco de análise de balanço.
Essa técnica é conhecida como “valuation”. É a capacidade de avaliar o valor
de uma empresa a partir de seus números financeiros. É a partir do valuation
que os analistas definem quais ações comprar e quais vender.
Mas fazer um valuation não é apenas aplicar uma receita de bolo. Existem
pelo menos 7 métodos diferentes para fazer o valuation de uma empresa.
Saber qual deles usar, quando usar, e para que usar faz toda a diferença.
Digo isso com convicção. Nos quase 20 anos em que venho acompanhando a
Bolsa de Valores já produzi mais de 3.000 relatórios e analisei mais de 1.500
balanços. Sei bem como analisar uma empresa.
Entre tudo que aprendi, 10 mandamentos são necessários para todo
investidor que quer analisar com qualidade e precisão:
1) Saiba diferenciar o preço justo do preço de mercado
A cotação de uma ação é o resultado de uma queda de braço entre oferta e
demanda. Quem quer comprar faz o preço subir, quem quer vender faz o
preço cair. Esse movimento ocorre independentemente do preço justo
daquela ação. Assim, cotação e preço justo não são a mesma coisa. Saber
diferenciá-los é algo que muda o jogo para o investidor. No fim da jornada,
vai ganhar quem comprar algo que tem um valor alto por um preço baixo.

2) Métodos de análise são como instrumentos para pousar um avião.


Se usar apenas um, você aumenta seus riscos
É possível avaliar uma empresa através de três múltiplos mais conhecidos: i)
pelo que ela já lucrou ou pelo que ela promete lucrar no futuro; ii) valor da
empresa (EV) dividido pela geração de caixa (EBITDA) ou; iii)pela relação
entre o preço de mercado e o valor contábil das ações. Qual o melhor
método? Muitas vezes a resposta é: todos juntos. Utilizar análise por
múltiplos, desconto de dividendos e Fluxo de Caixa Descontado de forma
coordenada é de grande importância na precisão de uma análise

3) Planilha aceita tudo: não seja otimista com o que você gosta e
pessimista com o que você não gosta
Nosso cérebro é uma ferramenta maravilhosa, mas tem seus defeitos. Um
deles é que tendemos a “torcer” para que os fatos caminhem ao encontro
das nossas convicções. Por isso, tendemos a desconsiderar os fatos
negativos das empresas que gostamos, e a minimizar os fatos positivos das
empresas de que não gostamos. As finanças comportamentais são
desconsideradas por 90% dos investidores

4) Em uma negociação sempre alguém mentindo. Se não é você o


mentiroso, alguém está tentando te enganar
Warren Buffett, o maior investidor de todos os tempos, tem uma frase mais
direta. “Quando se sentar em uma mesa de pôquer, descubra quem é o
pato. Se não descobrir, vá embora, porque o pato é você.”
5) Uma empresa cara hoje pode estar barata amanhã
Muitas vezes, o potencial de valorização de uma empresa passa
desapercebido da maioria do mercado. Até o momento em que as pessoas
refazem as contas e percebem que há uma oportunidade a aproveitar e isso
pode ser tarde demais

6) Diversificar é bom. Diversificar demais leva você para a média


Uma minoria das empresas listadas são vencedoras. Na prática, quanto mais
empresas você investir, você vai estar mais longe de acertar as vencedoras e
vai ficar mais perto da média do mercado. Ou seja, toda expertise, trabalho,
estudo, custos de transação, te levaram para um resultado semelhante ao de
quem comprou o índice Ibovespa. Investir em poucas empresas aumenta seu
risco, investir em muitas te leva para a média.

7) Ser simples e não simplista, o resultado está nos grandes


números
Se não for possível explicar por que uma empresa está cara ou barata com
algumas contas básicas, ou há algo fundamental no raciocínio que está
sendo deixado de lado, ou é um alerta para fugir.

8) Rentabilidade passada não é rentabilidade futura


As pessoas mudam, as situações mudam e as empresas mudam. O gestor
que sempre foi brilhante pode cometer um erro estratégico e colocar a
empresa em risco.

9) Coisa boas custam caro, e ficam ainda mais caras com o tempo
Não se engane. Há poucas empresas que foram boas no passado,
permanecem boas hoje e deverão manter essa qualidade no futuro.
Qualidade tem preço e, aqui, o velho ditado de que “o barato sai caro” vale
mais do que em qualquer lugar.
10) O dinheirão está fora do consenso
Nelson Rodrigues escreveu que a unanimidade é burra e que só os profetas
enxergam o óbvio. As maiores oportunidades de ganho estão justamente nos
papéis que o mercado não está olhando como deveria.

Ao longo dos próximos dias enviarei artigos onde aprofundarei alguns temas
que considero de suma importância para todo investidor fundamentalista.

Até breve,
Eduardo Guimarães
Especialista de ações da Levante

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