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O pioneirismo de Robert E.

Park
na pesquisa em Jornalismo

Elias Machado

Resumo Abstract
Jornalista profissional antes de empreender uma A professional journalist before developing his brilliant
brilhante carreira como sociólogo, o norte-americano career as a North American sociologist, Robert Ezra
Robert Ezra Park sempre teve o jornalismo como ques- Park always put journalism at the center of his work
tão central em suas pesquisas. Como objeto de estudo as a researcher. He wrote two books about it: Crowd 23
específico, o jornalismo mereceu a atenção de Park and Public, based on his doctoral dissertation presen-
em dois livros - Crowd and Public, tese de doutorado, ted in Germany, in 1903, and translated to English
defendida na Alemanha em 1903 e somente traduzida only in 1972, and The Immigrant Press and its Proble-
para o inglês em 1972, e The Immigrant Press and its ms, published in 1921, besides dozens of articles that
problems, de 1921 - e em dezenas de artigos em revis- appeared in specialized magazines. His wide-ranging
tas científicas especializadas. A extensa obra publica- work published during his career as a university pro-
da durante a carreira de docente de Park apresenta fessor offers several fundamental contributions to the
muitas contribuições fundamentais aos estudos do journalism study. In this article I focus on two of them:
jornalismo. Neste artigo destaco duas delas: 1) define his definition of journalism as a form of knowledge and
o jornalismo como uma forma de conhecimento; 2) pro- his suggestion to study journalism as a social institu-
põe que o jornalismo seja estudado como uma institui- tion.
ção social.

Palavras-chave Keywords
Robert Park, jornalismo, sociologia, conhecimento, instituição Robert Park, journalism, knowledge, social institution
social
Depois de 11 anos de trabalho como Tuskegee, de formação para os membros
jornalista em Minneapolis, Denver, De- da comunidade negra no Alabama, assu-
troit, Nova Iorque e Chicago, como conta mindo as funções de secretário privado,
em nota autobiográfica escrita em 1903 analista de pesquisa e amanuense do líder
(PARK:1972,3), Robert Park, tendo claro negro. Desta experiência, de 7 anos, em
que o jornalismo era o seu objeto de pes- que avalia aprendeu “mais sobre a natu-
quisa, decidiu matricular-se na Universi- reza humana e o funcionamento da socie-
dade de Harvard em 1898 “na esperança dade que em todos os estudos prévios que
de compreender a natureza e a função de fizera na Universidade” (PARK:1950,VII),
um tipo de conhecimento que chamamos Park extrai um lição que cremos crucial
notícia”1 (PARK:1950,VI). Um ano mais como modelo metodológico para a pesqui-
tarde, aconselhado pelo filósofo John sa em jornalismo: “o conhecimento empíri-
Dewey de quem fora aluno na graduação co em vez de substituir serve de base para
em Michigan, Park viajou para a Alema- uma pesquisa mais formal e sistemática”
nha, então o país com a mais larga tradi- (PARK:1950,VII).
ção em pesquisa no campo do jornalismo, Convidado por W. I. Thomas em 1912,
considerando que a primeira tese de dou- Robert Park ingressa como professor da
torado fora defendida na Universidade de Universidade de Chicago, fundada em
Leipzig em 1690 por Tobias Peucer. 1898, tendo oferecido o primeiro curso no
Na Alemanha permaneceu por quatro outono-inverno de 1913-1914. Neste mes-
anos, sendo aluno de Georg Simmel em mo ano entra para a Sociedade Americana
24 Berlim, com quem confessa “recebi minha de Sociologia, que viria a presidir em 1924.
única formação em sociologia” (PARK: Pelas próximas duas décadas, Park que,
1950,VI) e de Wilhelm Windelband, que mesmo tendo completado a titulação for-
dirigiu sua tese de doutorado, primeiro mal desde os 39, chegara a Chicago com 49
em Strasburg e mais tarde em Heidelberg. anos, assumiu a liderança dos estudantes
Quando retorna aos Estados Unidos em de doutorado do recém criado departamen-
1903, Park trabalha por um ano como as- to de sociologia.
sistente de William James, em Harvard, Aposentado em Chicago em 1936,
até que, “cansado da vida acadêmica, com Park vai para a Universidade Fisk, em
vontade de voltar ao mundo dos homens” Nashville, criada em 1866, e uma das
(PARK:1950,VI) resolve participar do mo- primeiras destinadas a educar os negros
vimento de protesto contra a situação de recém libertos da escravidão, lugar em
exploração dos nativos africanos pelas tro- que permanece orientando trabalhos de
pas belgas de Leopoldo II no Congo, como doutorado e publicando artigos na im-
secretário da Associação para a Reforma prensa especializada até a sua morte em
do Congo. 7 de fevereiro de 1944. Lamentavelmen-
Entre 1904 e 1907 escreve quatro arti- te, somente um artigo da extensa obra de
gos sobre o Congo que são publicados em Park sobre o jornalismo está traduzido
The World To-Day e Everybody’s Magazi- para o português, justo o mais o conhe-
ne com a assinatura do líder negro Booker cido deles: A notícia como uma forma de 1
Todas as traduções dos artigos,
T. Washington. A convite de Washington, conhecimento. Neste artigo destacare- feitas dos originais em inglês, são do
em 1905, aceita colaborar com o projeto mos o que consideramos as contribuições próprio autor deste trabalho.

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centrais de Park como um dos pioneiros cendo” (PARK:1950, IX). Anos antes de
na pesquisa em jornalismo no mundo. retornar à vida acadêmica, este tipo de
preocupação levara Park, em 1894, na
1. A notícia como forma de companhia de John Dewey e de Franklin
conhecimento Ford, a tentar lançar sem sucesso o jor-
Quem conhece a obra deste sociólogo nal Thought News, que teria como fun-
sabe que muito antes de escrever este ar- ção antecipar as tendências sociais
tigo seminal News as form of Knowlodge (LYMAN:1992,VXI).
em 1940 no American Journal of Sociolo- Numa época como a de Park, em que ha-
gy, quando avança para definir de modo via muito menos divisão do trabalho que,
mais claro o tipo de conhecimento dado nas complexas sociedades contemporâne-
pelo jornalismo, Park fizera todo um per- as, era comum salientar as semelhanças
curso acadêmico em busca da compreen- entre as atividades dos repórteres e dos
são da natureza e da função desta moda- sociólogos, com mais razão em casos como
lidade de conhecimento chamada notícia. o de Robert Park, que chegara à sociologia
Como o objetivo, revelado na nota biográ- com o objetivo de definir conceitualmente
fica, era empreender este esforço “baixo a a natureza e a função das notícias e a sua
precisa e universal linguagem da ciência” influência no comportamento das pessoas.
(PARK: 1950,VI), Park submeteu-se à for- Mesmo muito tempo depois, nos anos 70
mação com alguns dos mais renomados do século passado, em trabalhos de reco-
pensadores norte-americanos e alemães nhecido valor no campo dos estudos sobre
de seu tempo.2 Uma formação que o pró- o jornalismo como o de Jeremy Tunstall 25
prio Park reconheceu permitiu-lhe des- (1970:277) ou Ribeiro (1993) continua se
cobrir muito cedo, desde a época em que defendendo que existe um contínuo entre
era editor de cidades em Detroit, “que o as atividades do repórter, como função pa-
repórter que compreendia os fatos era um radigmática do jornalismo e o sociólogo.
reformador muito mais efetivo que um Na verdade, este tipo de definição descon-
editorialista que meramente prega de seu sidera as funções e as particularidades
púlpito, não importa com que eloqüência” do conhecimento produzido por cada um
(PARK:1950,VIII). destes profissionais. Enquanto tanto o
Neste período, em que contribuiu para jornalismo quanto o sociólogo necessitam
a consolidação da sociologia como disci- do domínio de conceitos elementares so-
2
Em Michigan estudou com John
plina acadêmica nos Estados Unidos, bre a natureza das práticas sociais para
Dewey; em Harvard com Hugo como professor em Chicago, Park defi- atuar adequadamente, deveria ficar claro
Münsterburg, George Santayana, nia o sociólogo “como um tipo de super que existe um diferença essencial no tipo
Josiah Royce e William James e repórter como os profissionais da Fortu- de conhecimento elaborado. No caso do
na Alemanha com Georg Simmel ne, que escrevem mais exata e distan- jornalista um conhecimento singular, con-
e Friedrerich Paulsen em Berlim ciadamente que a média, tendo a capa- textualizado, mas de natureza não concei-
em Strasburg com Wilhelm
cidade de interpretar as longas tendên- tual, que permita a compreensão ao nível
Wildemband, orientador de sua
tese de doutorado, Georg Gerland e
cias sobre o que estava acontecendo na do senso comum, enquanto que no caso do
Theobald Ziegler e em Heidelberg sociedade ao invés de permanecerem na sociólogo, de natureza conceitual e siste-
com Alfred Hettner e Karl Rathgen. superfície dos fenômenos, satisfeitos em mático, destinado a públicos especializa-
observarem o que parece estar aconte- dos, com formação específica.
1.1 Tipos de conhecimento tuitivamente.” (PARK:1969,34)
especializado3 O conhecimento sintético, que se ins-
No ensaio News as form of knowledge – creve em hábitos e costumes, difere do co-
a chapter of sociology of knowledge4, Ro- nhecimento analítico e formal porque sua
bert Park parte da distinção entre o que finalidade, defende Park, não é ser comu-
considera como conhecimento familiariza- nicado. Se o é, por alguma extensão, comu-
do com ou adquirido e conhecimento sobre nicado aos demais indivíduos, será mais
ou acerca de para fundamentar o conceito através de máximas práticas que na forma
de notícia como uma manifestação da so- de hipóteses. Quando estabelece esta dis-
ciologia do conhecimento. O conhecimento tinção, Park toma o cuidado de ressalvar
familiarizado com ou adquirido seria uma que dizer que o conhecimento adquirido
espécie de conhecimento que o indivíduo não se transmite por meio de proposições
inevitavelmente adquire no curso de en- formais não é o mesmo que dizer que o co-
contros pessoais e de primeira mão ao nhecimento analítico possa ou deva des-
longo da vida. considerar o saber acumulado pelo senso
comum:
“Tal conhecimento pode ser concebido como
uma forma de ajuste organizado ou adap- “Um amplo e íntimo conhecimento adquiri-
tação ao entorno social, representando uma do dos homens e das coisas são essenciais
acumulação e se apresentando como uma para a grande maioria dos nossos juízos,
mistura de experiências.” (PARK:1969,34) tanto em matérias práticas como também 3
Neste tópico transcrevemos parte
26 em aquelas instituições em que os especia- do capítulo 1 da tese de doutorado
Como este tipo de conhecimento orien- listas dependem em circunstâncias difíceis e La estructura de la noticia en las
ta os indivíduos na vida diária, poderia se em aqueles conhecimentos repentinos, que, redes digitales – las consecuencias
considerar que se trata do conhecimento na evolução da ciência, estão freqüentemen- de las metamorfosis tecnológicas
te na ante-sala de importantes descobrimen- en el periodismo, defendida pelo
por excelência que sustenta o senso co- autor na Universidade Autônoma de
mum na sociedade. Apesar de que são ca- tos.” (PARK: 1969,36)
Barcelona, em 2000. Uma versão on-
racterísticas que os indivíduos adquirem line em castelhano da tese encontra-
de modo inconsciente como resultado de Em contraste com o conhecimento ad- se disponível na página do Grupo
suas experiências, a partir do momento quirido pela experiência empírica, estaria de Pesquisa em Jornalismo On-line
em que são adquiridas, como afirma Park, o conhecimento acerca de ou sobre algo do Programa de Pós Graduação
tendem a se tornar atributos individuais e que seria formal, racional, sistemático e em Comunicação da Universidade
resultaria da observação sistemática dos Federal da Bahia no endereço: http:/
pessoais: www.facom. ufba.br/jol/pdf/2000_
eventos, mas observação de fatos postos
goncalves_ tese_doutorado.zip
“Se poderia descrevê-las como traços de per- à prova e classificados em conformidade
sonalidade – alguma coisa que, em alguma com os objetivos e pontos de vista de uma 4
PARK, Robert. News a form of
medida não pode ser apresentada de um determinada metodologia científica: knowledge. A Chapter of knowledge
indivíduo ao outro por declarações formais In On control and collective behavior.
“O conhecimento acerca de é formal porque Selected Papers. TURNER, Ralph H.
(...) Nosso conhecimento das outras pessoas
é o conhecimento logrado com algum grau (Ed.), Chicago: Phoenix Books and
e da natureza humana, sustenta Park, pa- University of Chicago Press, 2a ed.
rece ser desta espécie, devido a que nós co- de extensão e precisão por substituição da
1969.
nhecemos as mentes dos outros da mesma realidade concreta pelas idéias e de palavras
maneira que nós conhecemos as nossas, in- pelas coisas... Os três tipos fundamentais de
conhecimento analítico são: 1) filosófico e ló-
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gico, que estão preocupados primeiramente
com idéias; 2) as ciências históricas, que es-
tão primeiramente preocupadas por eventos 1.2 Implicações para a definição de
e 3) as ciências naturais, que estão primei- notícia
ramente preocupadas por coisas...” (PARK: O principal problema de tal distinção,
1969,36-7). por mais que seja inegável o pioneirismo
dela, consiste nas conseqüências de sua
No modelo esboçado por Park, o que aplicação para a definição de notícia. Ao
caracterizaria de forma única o conhe- tentar distinguir o conhecimento típico
cimento científico, uma vez contrasta- das ciências, do conhecimento inerente às
do com outras formas de conhecimento, notícias, Park acentua as diferenças entre
seria sua capacidade de ser comunicá- ambos tomando como parâmetro o conhe-
vel por extensão, enquanto que tanto o cimento científico e, ao final, deixa de ca-
conhecimento do senso comum, quanto racterizar a especificidade do conhecimen-
aquele baseado nas experiências prá- to jornalístico, ao considerá-lo similar ao
ticas ou clínicas não o seria. O conheci- conhecimento do senso comum:
mento científico seria comunicável, ar-
gumenta Park, porque seus problemas “...as notícias se referem a acontecimentos
e soluções não são expostos apenas em isolados e não buscam relacioná-los uns aos
termos lógicos e inteligíveis, mas porque outros em forma causal ou em forma de se-
estas formas podem ser provadas por ex- qüências teleológicas. Enquanto a História,
perimentos ou por referência à realidade mais que descrever eventos, busca situá-los 27
empírica descrita nos conceitos (PARK: em seu próprio lugar dentro de uma suces-
1969,38). são no tempo, descobrindo as tendências
O conhecimento adquirido que, para fundamentais e forças expressas nos fatos,
Park, está baseado na acumulação len- um repórter busca meramente registrar
ta da experiência e da acomodação do cada evento singular e está preocupado com
indivíduo a seu mundo pessoal, torna- o passado e o futuro somente na medida que
se cada vez mais meramente idêntico “...a notícia, como
possam lançar luzes sobre o que seja atual e
ao instinto e a intuição, enquanto que o uma forma de presente.” (PARK:1969, 39-40)
conhecimento sobre ou acerca de não se conhecimento
trata simplesmente da experiência acu- É certo que a notícia, como uma forma
mulada, mas do resultado de pesquisa
que se diferencia
de conhecimento que se diferencia do co-
sistemática: do conhecimento nhecimento histórico, está primariamen-
histórico, está te preocupada com o presente, como disse
“É conhecimento perseguido metodicamen- Park, mas como o passado e o futuro são
primariamente
te com todos os aparatos formais e lógicos essenciais uma vez que lançam luzes sobre
criados pelos cientistas, ainda que generi- preocupada com o o que seja atual e presente, parece mais
camente falando, não exista nenhum méto- presente, como disse adequado dizer que mais que a utilização
do que em seu conjunto seja independente de um dos estágios do tempo ou o caráter
Park, mas como o
da intuição e de conhecimentos repentinos, contextual dos eventos, o que diferencia
advindos do conhecimento adquirido das passado e o futuro
o jornalismo das Ciências Sociais é o mé-
coisas e dos eventos.” (PARK:1969,38-39) são essenciais...” todo com que analisam os fenômenos e a
forma em que os produtos destas práticas ticas apresentadas – fazer com que as pes-
são apresentados. Dado que compara o soas conversem e circulação pública – não
conhecimento jornalístico ao do senso co- são uma particularidade das notícias. Um
mum, Park conclui que a notícia “por não capítulo de uma telenovela, por exemplo,
impor qualquer esforço ao repórter para cumpre com estes dois requisitos sem ser
interpretá-la, cumpre, em algum modo, a um produto de natureza jornalística.
mesma função para o público que a per- O mais curioso nas notícias, pontua
cepção individualmente para os homens.” Park, é que, ainda que a matéria bruta
(PARK:1969,41-42) com que as façamos contenha um compo-
A tese de Park desconsidera que a natu- nente inesperado, não é o totalmente ines-
reza da representação da realidade produ- perado o que aparece como notícia. O que
zida pelas organizações jornalísticas mais tem interesse como notícia são os eventos
que basear-se nos princípios da percepção de atualidade, que apesar de serem espe-
individual cria uma realidade distinta: rados, não são de todo previsíveis. A espe-
cificidade da notícia, portanto, não consiste
“...não somente porque nos mostram aconte- em suas temáticas, comuns a outros tipos
cimentos em que não poderíamos participar, de relatos, mas ao tratamento que recebe o
mas porque, nos que temos participado, nos tema e as funções sociais que cumpre.
aproximam aos fatos de uma forma nova,
mais ‘real’. Além do que os acontecimentos, “Como trata de matérias simples, de nas-
que por si são evanescentes, se convertem cimentos e mortes, condições de colheita,
28 em sua representação nos meios, em mani- negócios ou guerras, a notícia tem para as
festações perduráveis, em documentos. Por pessoas um interesse mais pragmático que
último, estabelece-se no público a sensação apreciativo e, em geral, quando não sem-
da participação afetiva no acontecimento, pre, registra eventos que irrompem repen-
ainda que, de fato, seja uma participação tinamente e servem a mudanças decisivas.”
alienada, alheia ao acontecimento em si.” (PARK: 1969,45-46)
(ALSINA: 1993, 90-91)
Mesmo que reconheça que muitas das
A caracterização que Park faz da notí- formas de conhecimento que lograram dig- 5
E, como veremos adiante, porque
cia é sempre em termos genéricos5. Como nidade de serem aceitas como ciência são estava adaptada a um tipo de
exemplo podemos citar quando sustenta o muito recentes e que a notícia representa jornalismo praticado em uma
que é que faz com que as pessoas conver- uma das formas mais novas de conheci- sociedade e em organizações menos
complexas, exclui formas atuais de
sem ou o que distingue a notícia de outros mento, Park, ao mesmo tempo, afirma que jornalismo como o de investigação e
tipos de conhecimento menos autênticos a notícia, considerada como uma das for- as formas chamadas interpretativas,
como a conversa ou o rumor é o seu caráter mas mais elementais de conhecimento, é para não falarmos do jornalismo
público. Para Park a qualidade de notícia tão velha como a humanidade; talvez mais digital. Ver BERGANZA, Rosa. O
do relato de um evento depende dos canais velha (PARK:1969,45-46). Se a função da contributo da escola de Chicago
em que circula. A autenticidade do relato notícia é orientar as pessoas e a sociedade para o jornalismo contemporâneo. In
TRAQUINA, Nelson. (Org.) Revista
de uma notícia sempre está vinculada a dentro de um mundo atual e complexo, en-
Comunicação e Linguagens. Lisboa:
sua exposição a crítica e ao juízo do públi- tão parece um equívoco afirmar, como o faz Universidade Nova de Lisba. 27,
co a que está dirigida e de cujos interesses Park, que a notícia existia em um mundo 2000, p.361.
se ocupa. Nestes dois casos, as caracterís- onde não havia nem história, mas apenas

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mito, legenda e magia. intuições lúcidas e de extrema atualidade
Diferente do diálogo, que funciona como contidas em seus pequenos ensaios.
um mecanismo para a interação inter-
pessoal e que até o desenvolvimento das 2. O jornalismo como instituição
comunidades virtuais estava restrita a social
pequenos grupos locais, nas sociedades Em um artigo muito menos conhecido,
complexas da produção da notícia depen- escrito para o American Journal of Sociolo-
de da intervenção de canais institucio- gy em 1923, Natural History of the News-
nais. A imediata relevância das notícias paper, Robert Park apresenta um conjunto
para as ações das pessoas transformou as de comentários sobre a natureza do jornal,
empresas jornalísticas em fontes essen- vários deles com um nítido viés evolucio-
ciais e isso, sustentava Park, as obriga a nista como, por exemplo, “a história natu-
definir procedimentos para a busca, pro- ral do jornal é a história da sobrevivência
cessamento e disseminação dos eventos. O das espécies” (PARK:1955, 89). Quando
caráter institucional não exclui o conteúdo para intelectuais do porte de Upton Sin-
das notícias de erros nem autoriza a em- clair, de um lado, o jornal era um crime,
presa jornalística ao monopólio na confir- um símbolo de prostituição e para os áu-
mação da realidade circundante. Bem ao licos de plantão, de outro, representava a
contrário, as formas de conhecimento são tribuna do povo, Park teve a sagacidade de
complementares e, na contramão do que sociólogo para perceber que o que mais in-
defende Shibutani, parece mais adequado teressava naquele momento era identificar
conceber o rumor como um substituto da o jornal como uma instituição social, nas- 29
notícia do que o rumor como uma modali- cida para atender as demandas comunica-
dade de notícia (SHI-BUTANI:1966,17). tivas de uma sociedade moderna cada vez
Ao chegarmos ao fim dos comentários mais complexa.
deste primeiro tópico parece essencial re- Como instituição social contraditória
afirmar que Park foi o primeiro que ousou Park, para mal-estar dos moralistas, afir-
definir a natureza do conhecimento pro- mava neste artigo que “a imprensa, de
duzido pelo jornalismo. Como vimos, até verdade existente, não é como nossos mo-
pelo caráter muito menos sistemático dos ralistas algumas vezes parecem assumir
estudos daquele período, muitas vezes, o plenamente pensado produto de um pe-
Park apresentava caracterizações con- queno grupo de homens inteligentes. Ao
“...para intelectuais
traditórias, quando não excessivamente contrário, a imprensa resulta de um pro-
genéricas, sem uma fundamentação mais do porte de Upton cesso histórico que conta com a participa-
sistemática. Para quem lê a obra ensaísti- Sinclair, de um lado, ção de muitos indivíduos que não têm a
ca de Park, fica uma certa sensação de in- capacidade de antever os produtos de suas
o jornal era um
completude porque cada texto funcionava ações”...(PARK:1955,89). O jornal, como a
como uma espécie de balão de ensaio com crime, um símbolo de cidade moderna, não era um produto total-
intuições provisórias a serem testadas em prostituição e para os mente racional. E, no melhor estilo darwi-
estudos de campo pelos doutorandos de áulicos de plantão, de nista, arrematava: “o tipo de imprensa que
Chicago ou mesmo refinadas pelo autor existe é o tipo que sobreviveu às condições
em trabalhos futuros. Um aspecto menor, outro, representava a da vida moderna” (PARK: 1955,89).
certamente, quando comparamos com as tribuna do povo...” Naquela época como agora ficava evi-
dente que a divergência de pontos de vista caso, o que importa aqui, mais que frisar
revelava que o jornal sequer fora incorpo- a necessidade de uma atualização destas
rado como uma instituição social assimila- contribuições ao cenário contemporâneo,
da como essencial por todos os setores da uma evidência inevitável do caráter pere-
comunidade e, como conseqüência, longe cível de qualquer teoria, é chamar a aten-
estava de poder merecer a atenção dos es- ção para a atualidade do modelo operativo
tudiosos de então porque não conseguira desenvolvido pelo sociólogo norte-ameri-
impor-se como objeto digno de pesquisa. cano. Ao definir o jornal como instituição
Resultado: pouco ou nada se sabia sobre a Park o caracteriza como um componente
natureza do jornal. Em primeiro lugar por- estrutural da sociedade e, por isso mes-
que, como uma instituição social moderna, mo, consegue ir além do julgamento moral,
o jornal tinha muito pouco tempo de vida ao compreender que mais importante do
e o processo de transformações havia sido que saber se o jornal era bom ou ruim, o
muito mais rápido que a capacidade dos que todos necessitavam então era saber o
estudiosos de compreender a verdadeira que era, conceitualmente falando, o jornal
natureza destas organizações. Uma natu- como instituição. Este tipo de procedimen-
reza que para ser compreendida em sua
to possibilitou a Park em vez de condenar
plenitude exigia uma análise histórica
as mudanças vividas pelas organizações
desta instituição.
jornalísticas concretas, incluindo o pro-
Em vez de repelir as mudanças drás-
cesso de incorporação da publicidade como
ticas que cada organização apresentava
fonte de financiamento, as identificar como
como um sintoma de transformações pro-
30 sintomas de transformações sociais mais
fundas que passava a sociedade, Park bus-
cava estabelecer um eixo de continuidades amplas decorrentes da institucionalização
que permitiria demonstrar que, para além do jornalismo.
das alterações momentâneas, permanecia
a instituição jornal. Como de praxe Park, 2.1 Atualidade do modelo conceitual
dono de uma aguda percepção dos pro- Como vimos antes, feitas as ressalvas de
cessos sociais, indicava possibilidades de que o ecossistema comunicativo no campo
pesquisa, mais que sistematizava teorias. jornalístico supera em muito a imprensa
Uma certa limitação que pode ter provo- e que enquanto organização o jornalismo
cado um sub-aproveitamento destas intui- somente engatinhava naquele período, no
ções. Muitas delas somente muitos anos plano da institucionalização, o modelo ope-
depois retomadas em trabalhos recentes rativo de Park continua, em parte, atual.
como a distinção entre jornalismo como Em parte porque, naquele tempo, Park
instituição, que assume determinadas lutava para que a notícia fosse objeto de
funções sociais ao longo do tempo, e jornal estudo científico e o jornal fosse reconhe- 6
Uma boa discussão sobre as
como organização, que materializa as fun- cido como uma instituição social. Passados diferenças do jornalismo como
ções institucionais do jornalismo em cada mais de cem anos da defesa de sua tese de instituição e como organização
período histórico6. doutorado, em 1903, percebemos como o pode ser encontrada em GUERRA,
Josenildo. O percurso interpretativo
Como vivíamos em um tempo muito aprofundamento do modelo metodológico
da notícia. Tese de doutorado.
menos complexo, com um ecossistema co- proposto por Park acabaria por nos levar Salvador: Programa de Pós-
municativo mais simples, para Park, jor- a duas conseqüências imediatas: 1) neces- Graduação em Comunicação, 2003.
nalismo era sinônimo de jornal. Em todo sitamos reconhecer que enquanto no come-

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ço do século passado Park buscava legiti- tante para o valor-notícia interesse.
mar a sociologia, agora o próprio jornalis- Quando revela o caráter mutável dos
mo assume a condição de campo científico valores-notícia o estudo de Hughes apre-
e 2) que o estudo do jornalismo como objeto senta uma contribuição essencial para a
científico deveria considerar que enquanto compreensão dos processos de produção
discurso o jornalismo contém um diversi- ins­­­­titucionalizada de informações pelas
dade de gêneros, sendo um deles a notícia. or­­­­­ganizações jornalísticas. Uma contri-
Como a empresa jornalística padrão era buição que realça o componente vivo des-
incipiente, com limitado número de fun- tes princípios norteadores dos processos
ções na divisão interna do trabalho, Park de tomada de decisão pelos profissionais
sequer propôs uma tipologia que, indo dentro das redações. Em vez de descritos
além da convencional notícias e editorial, como regras imutáveis a que os jornalistas
desse conta a variedade de gêneros jorna- devem se adequar, o estudo de Hughes de-
lísticos, a começar pelo colunismo, consoli- monstra que ocorre o inverso, uma vez que
dado nos anos 30 do século passado. Em a institucionalização do jornalismo pressu-
artigos como Foreign Language Press, põe uma contínua mudança nestes valores
(1920), The Natural History of Newspaper como mecanismo de adequação entre as
(1923), Immigrant Community and Immi- demandas que são apresentadas pela so-
grant Press, (1925), News and the human ciedade e as funções do jornalismo como
interest History, (1940), News as form instituição e o modo como estas demandas
Knowledge, (1940) News and the Power of são materializadas pelas organizações jor-
the Press (1941), e Moral and The News nalísticas de cada lugar. 31
(1941), quando comenta as transformações Como um conjunto, a obra de Park de-
porque vem passando o jornal como insti- monstra que quanto mais complexa a so-
tuição, Park aponta uma série de indícios, ciedade mais aumenta a institucionaliza-
lamentavelmente, muito pouco explorados ção das práticas sociais. Em plena Guerra
com o falecimento dele em 1944. Mundial, preocupado com o uso das orga-
Uma das poucas exceções, em que antes nizações jornalísticas para intervir no es-
de morrer, Park conseguiu traduzir suas pírito da opinião pública, no artigo Moral
intuições no jornalismo em estudos siste- and the News (1941), Park adota uma po-
máticos ocorreu com a tese que orientou sição metodológica que deveria servir de
7
de Helen Hughes sobre as chamadas no- modelo aos pesquisadores de nossos dias,
“Eu estou em débito com ele tícias de interesse humano, publicada em que provavelmente aceitariam o apaga-
(Robert Park) em ponto de vista,
1940. Com perspicácia, neste trabalho, mento das diferenças como uma manifes-
escolha do assunto e, eu suspeito,
algumas vezes no uso das próprias muito pouco conhecido da comunidade de tação do hibridismo que caracteriza os dis-
frases. Qualquer um quem especialistas portugueses porque continua cursos da contemporaneidade: estabelece
compartilhou comigo a boa sorte inédito em nossa língua, Helen – que o uma distinção conceitual entre o que seja
em ser sua estudante reconhecerá considera como uma obra quase co-escrita notícia e propaganda.
as marcas de sua intelectual com Park7 – capta uma mudança substan-
generosidade...” HUGES, Helen.
tiva no jornalismo, com a popula­ri­­za­ção da “A qualidade essencial, ou intrínseca das
News and the Human Interest Story.
New Nersey , TA, 1981, 2a ed., 1a ed,
imprensa: o conceito de noti­cia­bi­­lidade es- notícias é sempre difícil de ser definida, mas
University of Chicago Press, 1940, tava mudando, com o valor-notícia impor- notícia não é propaganda (…) Notícias e fa-
em agradecimentos. tância, perdendo terreno de forma cons- tos são sempre capazes de mais do que uma
interpretação e isto seria fatal – reflexão é Conclusões
sempre fatal – para a propaganda.” (PARK: Mais de sessenta anos após a sua mor-
1955:130) te, em 1944, a quase totalidade da obra de
Robert Park continua desconhecida dos
Neste artigo que, pelo didatismo mere- leitores de língua portuguesa. Como vimos
ceria ser traduzido e incluído em qualquer neste artigo, a riqueza das contribuições,
aula de teorias do jornalismo, Park defen- teorias e intuições elaboradas pelo autor
de o caráter contraproducente da notícia dão uma dimensão do que significa para a
para a ação política ou para a afirmação pesquisa em jornalismo o desconhecimento
moral. de uma bibliografia seminal como a deste
brilhante pioneiro. Mesmo considerado
“A tendência da notícia é dispersar e dis- marginal como estudioso do jornalismo nos
trair a atenção e então decrescer mais que Estados Unidos, que até bem pouco tempo,
aumentar a tensão. A função ordinária da preferiu adotar como modelo dominante a
notícia é manter os indivíduos e as socieda- matriz funcionalista, o legado de Robert
des orientados e em contato com o mundo Park continua servindo como um parâme-
para adaptações aos ajustes ocorridos na tro essencial, que permite uma produção
8
LYMAN, Stanford. Militarism,
realidade. Não é ordinariamente uma fun- imperialism and racial
regular de seus seguidores para os estudos
ção da notícia provocar movimentos sociais accommodation. An Análisis and
no campo do jornalismo como nos traba- interpretation of the Early Writing of
seculares, responsáveis por conseqüências lhos de Lyman8. Robert E. Park. Fayetteville, Arizona
catastróficas” (PARK:1955,140). Na Europa, desde os anos 60 do sécu- University Press. 1992.
32 lo passado, o grupo em torno de Jeremy
Antes que possa aparecer alguém que Tunstall (1970, 1972) desenvolve uma tra-
9
Um dos discípulos mais brilhantes
mal interprete o comentário de Park, que dição de pesquisa que, mesmo com padrões de Bechelloni, Carlo Sorrentino,
poderia ser acusado por um leitor apres- próprios, tem como grande mérito recupe- tem vários livros em que continua a
sado de desconsiderar a função desem- tradição dos estudos sociológicos no
rar os trabalhos pioneiros de Park. Des- estilo de Park. Ver Il percorsi della
penhada pelo jornal como instituição na de os anos 70, Giovanni Bechelloni (1975, notizia. Bologna. Baskerville. 1996,
formação da opinião pública, apresso-me 1985) tem incorporado na Itália, antes em Cambio di rotta. Napoli. Ligouri.
a esclarecer que em vez de negar a função Nápolis e agora, na Universidade de Flo- 1999 e Il Giornalismo. Que cos’è e
política do jornal, o que o autor na verdade rença9, os estudos de Park. Na Espanha, como funciona. Roma: Carocci, 2002.
quer é definir as particularidades de inter- depois de muito tempo, desde o começo 10
venção da instituição jornalismo como ator Ver MARTIN, López. Sociología
dos anos 90, um grupo de pesquisadores10,
político no processo de formação da opinião de la Opinión Publica. Beramar,
principalmente na Universidade de Navar- Madrid. 1990 e SANCHEZ DE LA
pública: ra, resolveu dar atenção mais detalhada à YNCERA, I. e LOPEZ-ESCOBAR,
“O poder da imprensa é a influência que o obra de Robert Park. E. Los barruntos de Park. Antes
jornal exerce na formação da opinião pú- No caso dos países de língua portuguesa de Chicago. Revista Española
blica e em mobilizar a comunidade para a a obra de Park continua uma ilustre des- de Investigaciones Sociológicas,
ação política. É óbvio que a imprensa tem no 74, 1996, p.345-361. E, mais
conhecida. Somente muito recentemente,
sido em todos os lugares um importante ins- recentemente, BERGANZA, Rosa.
graças ao esforço de Pissarra Esteves, tra- Comunicación, Opinión Pública
trumento na formulação da agenda política duziu-se pela primeira vez em Portugal, o y Prensa en la Sociología de
e em vários modos e estágios tem jogado artigo Notícia como forma de conhecimen- Robert E. Park. Madrid. Centro de
um importante papel no processo político.” to, em coletânea publicada pelo Centro de Investigaciones Sociológicas, 2000.
(PARK:1955,115) Investigação Media e Jornalismo, coor-

Estudos em Jornalismo e Mídia


Vol.II Nº 1 - 1º Semestre de 2005
denado por Nelson Traquina. Neste caso, Jornal, as Minas ou as Ruas de Chicago,
felizmente, desde o começo da década de funcionava como um laboratório para a
70, existia uma tradução brasileira. O produção conceitual. Muito distinto dos
desconhecimento da obra permite que, in- sociólogos funcionalistas, mais preocupa-
clusive quando se recupera a contribuição dos com estudos de casos individualizados,
de Park, ocorra uma recepção enviesada, no método desenvolvido por Robert Park,
como no caso de Genro Filho (1987), que cada estudo de caso revestia-se de relevo
numa diatribe desnecessária, acusava Ro- porque tomava a forma da manifestação
bert Park de funcionalista11. Na verdade, de um sintoma ou tendência em estágio
Park, como todo o fundador de uma Esco- de institucionalização na sociedade. Este
la, desenvolveu um método próprio de pes- modelo de pesquisa repercutiu e continua
11
GENRO FILHO, Adelmo. O quisa, original, inovador e muito compro- repercutindo de tal modo no campo do jor-
segredo da Pirâmide. Para uma metido com os princípios do pragmatismo, nalismo que, mesmo com matrizes teóricas
teoria marxista do jornalismo. Porto
Alegre. Tchê!, 1987, pp. 55-68.
que aprendera com John Dewey e William distintas, perpassa alguns dos melhores
James. estudos sobre o jornalismo ao longo dos
12
ROSTEN, Leo. Washington E, é no campo metodológico, afora as últimos 70 anos na Europa e nos Estados
Correspondents. New York. contribuições conceituais, que gostaríamos Unidos12.
1937. HUGHES, Helen. News de frisar o aporte de Robert Park. Desde BECHELLONI, Giovanni. II mistieri Giornalismo.
and the Human Interest Story. muito cedo acostumado ao trabalho cole- Napoli: Liguori, 1985.
New Jersey: TA, 1981, 1a ed.
tivo nas redações, Park sempre pensou a BECHELLONI, Giovanni. Giornalismo e
1940 Chicago University Press. Postgiornalismo. Napoli: Liguori, 1995.
COHEN, Bernard. The Press
pesquisa como trabalho de grupo, em que
BREED, Warren. The News and News-paperman.
and Foreign Policy. Princepton: cada um exerce uma função na divisão New York: Arno Press, 1980. 33
Princepton University Press, 1963. social. De toda a extensa obra produzida, COHEN, Bernard. The Press and Foreign Policy.
NIMMO, Dan. Newsgathering in em somente dois livros, Crowd and Public Princepton: Princepton University Press, 1963.
Washington. New York: Atherton e The immigrant Press and its problem, DEWEY, John. The public its problems. Athens:
Press, 1964. SEYMOUR-URE, Park assina individualmente. No restante,
Colin. The Press Politics & the
opta pelo texto produzido em parceria, na
Public. London, Methuen, 1968.
TUNSTALL, Jeremy. Journalists maioria dos casos com colegas de Depar-
Elias Machado
at Work. Specialist correspondent, tamento. Neste contexto, pode-se compre-
theirs news organizations, news ender melhor o estilo ensaístico priorizado O autor é jornalista e Doutor em Jorna-
sources & competitor-colleagues. pelo autor desde quando chega a Chicago. lismo, e professor da Universidade Federal
London: Constable, 1970. SIGAL, Se verificarmos com mais cuidado a rela- da Bahia. É um dos líderes do Grupo de
Leon. Reporters officials. Lexington: ção existente entre as pistas apontadas Pesquisa em Jornalismo On-line do Pro-
Heath and Company, 1973.
nestes ensaios e as teses de doutorado grama de Pós-Graduação em Comunicação
BREED, Warren. The News and
Newspaperman. New York. Arno orientadas por Park, veremos que cada en- e presidente da Sociedade Brasileira de
Press. 1980. ROSCHO, Bernard. saio funcionava como uma espécie de pro- Pesquisadores em Jornalismo - http://www.
Newsmaking. Chicago. Chicago grama, que apresentava uma série de pis- sbpjor.org.br
University Press. 1975. TUCHMAN, tas a serem sistematicamente estudadas
Gaye. Making News. Glencoe. The pelos estudantes.
Free Press, 1978. GANS, Herbert.
Bibliografia
E, por fim gostaríamos de destacar, que Ohio University Press, 1a ed, 1927.
Deciding what is News. FISHMAN,
Mark. Manufacturing the News.
o mais original neste método de trabalho, FISHMAN, Mark. Manufacturing the News.
Austin: University of Texas Press. consiste em que o próprio jornal ou o local Austin: University of Texas Press, 1980.
1980. da pesquisa – fosse a Fábrica, o Gueto, o GENRO FILHO, Adelmo. O segredo da Pirâmide.
Para uma teoria marxista do jornalismo. Porto 85.
Alegre: Tchê!, 1987, pp. 55-68. RAUSHENBUSH, W. Robert E. Prk: biography
GUERRA, Josenildo. O percurso interpretativo da of a sociologist. Durham, N.C.: Duke University,
notícia. Tese de doutorado. Salvador: Programa 1979.
de Pós-Graduação em Comunicação, 2003. ROSTEN, Leo. Washington Correspondents. New
GANS, Herbert. Deciding what’s News. New York, 1937.
York: Vintage Books, 1980. 1a ed, 1979. ROSCHO, Bernard. Newsmaking. Chicago:
HUGHES, Helen. News and the Human Interest Chicago University Press, 1975.
Story. New Jersey: TA, 1981. 1a ed, Chicago SANCHEZ DE LA YNCERA, I. e LOPEZ-
University Press, 1940. ESCOBAR, E. Los barruntos de Park. Antes de
LYMAN, Stanford. Militarism, imperialism Chicago. Revista Española de Investigaciones
and racial accommodation. An Análisis and Sociológicas, no 74, 1996, pp.345-361.
interpretation of the Early Writing of Robert SCHUDSON, Michael. Descovering news. New
Park. Fayetteville: Arizona University Press, York: Basic Books, 1980.
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Estudos em Jornalismo e Mídia
Vol.II Nº 1 - 1º Semestre de 2005

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