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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

EM GESTÃO DE PESSOAS
NEUROPSICOLOGIA: O QUE É?
Hiran PINEL

Paulo Roque COLODETE

1. INTRODUÇÃO

A professora primária Maria Luiza está desesperada. Ela descreve um aluno seu. “o
Felipe, filho do Seu Augusto e da Dona Margarida”, que é um “mosquitinho elétrico”. Ela diz:
“Ele fica agitado, como se estivesse ligado ao um fio elétrico 24 horas... [ele exagera, é claro,
pois não fica 24 horas com o garoto]”. Ela nabega na internete procurando pelos termos:
agitação escolar, agotação psicomotora, impulsividade do escolar, hiperatividade etc. Mas ela –
sabida feito ela só – não se limita à internete, e conversa com colegas e especialistas, e
compra ou pede emprestados livros que abordam o assunto.

Maria Luiza encontrou-se comigo e eu perguntei se ela já tinha ouvido falar em

Neuropsicologia. Ela me disse que um termo tão difícil só psicólogos e médicos –

especialmente os neurologistas – seriam capazes de apreender um conteúdo “tão chique


assim” – complentou ela com seu modo de ser gozadora e brincalhona.

Não! Nós professores não podemos nos impressionar com terminologias “tão chques” e

nem devemos fugir da “clínica” que clama a escola. Uma clínica exige que a professora passe

a sensivelemente escutar os sofrimentos dos seus alunos e procurar – na maioria das vezes,
ela mesma – ajudar, produzindo e inventando modos alternativos de intervenção, ou como
descreveu a primeira vez Colodete (2004), “INTER(IN)VENÇÃO”.

2. METODOLOGIA

O objetivo desse artigo é o de mostrar alguns conteúdos neuropsicológicos, e a


importância da sua apropriação pela professora e pelo professor do ensino infantil e do ensino
Fundamental (1 a a 4 a série) do Ensino Fundamental.

Para alcançar esse objetivo realizamos uma pesquisa bibliográfica – livros, artigos em
revistas científicas e populares e na internete etc. - e contruímos um texto didático.
Depois inventamos um título paraq cada tópico abordado, procurando descrever o
conteúdo todo – nesses títulos.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

HISTÓRIA E JUSTIFICATIVA PARA O ESTUDO DA NEUROPSICOLOGIA PARA


PROFESSORES/EDUCADORES/PEDAGOGOS

Os limites apresentados pelos atuais métodos de investigação cerebral destacam a

importância da Neuropsicologia, como meio de estudo prático do cérebro humano, para a

efetivação de um diagnóstico tópico precoce e preciso das patologias cerebrais e de alterações


das funções cerebrais superiores.

Ao lado dos avanços conquistados pela neurocirurgia, neurofisiologia e pelas técnicas de

diagnóstico por neuroimagem, a Neuropsicologia vem clarificar a enigmática relação existente

entre funcionamento cerebral e atividades psicológicas superiores (como percepção, memória,

linguagem, atenção, entre outras), considerando tanto as variáveis biológicas quanto as


sociocultural e psicoemocional como constituintes do ser humano.

O aumento mundial da expectativa de vida, diretamente ligado ao desenvolvimento de


doenças neurodegenerativas e a significativas alterações cognitivas, é apenas um dos fatores

que justificam a urgência e importância de uma intervenção neuropsicológica. Some-se a isto a


alarmante cifra de acidentes automobilísticos e, consequentemente, o aumento de seqüelas

pós-traumáticas; o alto índice de problemas de aprendizagem; o surgimento e evolução de


desordens psiquiátricas e neurológicas.

NEUROPSICOLOGIA: O QUE É

A Neuropsicologia é uma ciência do século XX, que se desenvolveu inicialmente a partir


da convergência da Neurologia com a Psicologia, no objetivo comum de estudar as
modificações comportamentais resultantes de lesão cerebral.
Atualmente, podemos situá-la numa área de interface entre as Neurociências - neste

caso, ela também pode ser chamada de Neurociência Cognitiva - e as Ciências do

Comportamento - Psicologia do Desenvolvimento, Psicolingüística etc. entendendo que o seu

enfoque central é o estudo da relação Sistema Nervoso, Comportamento e Cognição: o

estudo das capacidades mentais mais complexas, como a linguagem, a memória e a

autoconsciência.

Entre os profissionais interessados pela Neuropsicologia ressalta-se os educadores, que


têm no processo ensino-aprendizagem o seu objeto de investigação.

Sujeitos com perturbações na aprendizagem sempre existiram e por isso estudos sobre
os fatores determinantes destas perturbações existem há séculos.

Na área escolar, a crença de que o aprendizado ocorre na mente e esta não tem nada a

ver com o corpo levou muitos educadores a acreditar que o estudo do corpo cabia apenas aos
profissionais da área da saúde ou quiçá ao professor de educação física.

Atualmente, a maioria dos educadores/ professores/ pedagogos deixam de considerar

tanto os fatores biológicos quanto os ambientais no desenvolvimento/ aprendizagem humanos


e comportamento do indivíduo.

A maioria dos educadores compreendem que tudo que é psicológico é também biológico
– ambos indissociáveis.

Assim, tenha o aprendiz dificuldades ou distúrbios de aprendizagem, o conhecimento

dos métodos neuropsicológicos pelos educadores permite não apenas uma avaliação/

diagnóstico mais precoces e exatos, mas também o estabelecimento de programas de


ação terapêutica e re-educativa para o aprendiz.

Assim a Neuropsicologia produz estudos acerca da relação Sistema Nervoso-


Comportamento - Cognição humana.
Um cientista da Neuropsicologia estuda temáticas como: História da Psicologia e da

Neurologia; Historia da Neuropsicologia; Fundamentos da Educação A: Psicologia e Biologia;

Fundamentos da Educação B: Filosofia, História e Sociologia da Educação; desenvolvimento

do sistema nervoso; Neuropsicologia da formação social da mente; Pensamento e Linguagem;

desenvolvimento cognitivo e aprendizagem; memória e inteligência; dislexias; transtorno do

déficit de atenção, hiperatividade e impulsividade; avaliação e diagnóstico neuropsicológico;

Neuropsicologia e educação; Metodologia da pesquisa científica – focando estudos

experimentais; estudos quanti-qualitativos; estudos desenvolvimentais – transversais e

longitudinais; Prática de pesquisa em Neuropsicologia; Técnicas de modificação de

comportamento; Construtivismo e Interacionismo; Técnicas de Alfabetização: Leitura/Escrita,


Matemática e Artes etc.

UM SERVIÇO DE NEUROPSICOLOGIA CLÍNICA

A Neuropsicologia é uma especialidade da Psicologia que aborda as relações entre


disfunções cerebrais e comportamento. Uma lesão cerebral, em geral, ocasiona alterações da
linguagem, do pensamento, da memória, das emoções, etc.

A Neuropsicologia se dedica a compreender e a tratar uma grande variedade de


alterações que podem resultar de lesões cerebrais de diferentes tipos.

Profissionais

O neuropsicólogo é um profissional graduado em Psicologia com treinamento especial


envolvendo conhecimentos de fisiologia, anatomia e patologia do Sistema Nervoso. Alguns
neuropsicólogos se dedicam a somente à pesquisa, enquanto que outros se dedicam à
aplicação clínica da neuropsicologia, avaliando e tratando pessoas que apresentam alterações
de comportamento e/ou cognitivas atribuídas a comprometimentos do Sistema Nervoso.

O que um Serviço de Neuropsicologia Clínica pode oferecer?

Ela pode oferecer uma avaliação das funções mentais superiores.

A avaliação das funções mentais superiores tem por objetivo discriminar as operações
comprometidas e preservadas.
Esta avaliação serve como base para:

(a) predizer como os déficits existentes devem afetar a vida do pacientes no dia a dia em
casa, no trabalho ou na escola;

(b) elaborar um plano de tratamento para reabilitação do paciente.

Esta avaliação é feita através de investigação clínica e testes neuropsicológicos.

Em média a avaliação é feita em duas ou três sessões de aproximadamente duas horas

de duração. Se o paciente tem dificuldade acentuada de comunicação ou de memória, é


desejável que se faça acompanhar na primeira entrevista.

A Neuropsicologia pode oferecer também a “Reabilitação Cognitiva”.

Com base na avaliação das funções mentais superiores, são planejados e


executados programas individualizados de reabilitação.

A terapia de reabilitação cognitiva é um tratamento onde o paciente é treinado para


maximizar o funcionamento cognitivo após uma lesão cerebral.

Este tipo de tratamento enfoca habilidades como: atenção, velocidade de pensamento,

memória, habilidades de resolução de problemas, habilidades linguísticas e auto-


monitoramento através da utilização de tarefas terapêuticas desenhadas especificamente
para melhorar estas áreas de funcionamento.

O paciente aprende como a lesão cerebral alterou seu funcionamento cognitivo de


modo que pode antecipar e se desviar de problemas no seu dia a dia.

Finalmente a terapia cognitiva aumenta a capacidade de compensar décits no


funcionamento cognitivo mais resistentes à terapia.
A duração do tratamento e a freqüência das sessões de reabilitação dependem da

natureza e intensidade dos déficits apresentados pelo paciente, mas em média o tratamento
dura de 4-6 meses, com sessões individuais (2-3 horas) duas a três vezes por semana.

De acordo com a necessidade um número dessas sessões é feito na residência do


paciente.

Clientes mais comuns dos tratamentos neuropsicológicos: pacientes/clientes

adolescentes ou adultos com comprometimentos neurológicos de etiologias variadas: acidentes

vasculares, tumores, epilepsia, traumatismo craniano, comprometimentos de origem


metabólica ou tóxica.

Avaliação neuropsicológica

O exame neuropsicológico consiste então na avaliação das diferentes funções mentais: a

concentração, a memória visual, a memória verbal, a capacidade de cálculo, o

planejamento, a capacidade de abstração, as habilidades viso-motoras, as funções de

linguagem - compreensão oral e leitura; expressão oral e escrita, etc. - a inteligência, e várias
outras.

Situação atual das avaliações

Atualmente a avaliação neuropsicológica é utilizada para identificar déficts, sua gravidade

e extensão, estabelecer inter-relações entre estes déficts, determinar como eles afetam o
funcionamento geral do indivíduo, correlacionar déficts específicos e neuropatologia.

Permite, assim, estabelecer a existência e avaliar a magnitude de alterações cognitivas


secundárias à lesão cerebral, proporcionando uma análise quantitativa e qualitativa do

funcionamento cerebral e possibilitando a comparação com indivíduos da mesma idade, sexo,


escolaridade.
O conjunto de testes pretende cobrir os diferentes domínios cognitivos como: atenção

(verba e visual); linguagem (compreensão oral e leitura, expressão oral e escrita); memória

(verbal, visual, recente, remota); a capacidade de planejamento; de raciocínio lógico; de


abstração, de destreza visuo-motora; de cálculo; percepção visual;entre outros.

Atualmente é freqüente a prática de solicitação de exame neuropsicológico para avaliar

as lesões e disfunções cerebrais, que podem ser congênitas; adquiridas (TCE); localizadas

(tumores e epilepsia); difusas (Doença de Alzheimer); permanentes; temporárias e diminutas


(seqüelas resultantes do abuso de drogas e álcool).

É possível utilizar a avaliação neuropsicológica na Formulação de diagnóstico;


Reabilitação cognitiva; Pesquisa clínica; Acompanhamento e documentação do estado do
paciente em tratamento; Confecção de documentos legais; entre outros.

Situação atual das reabilitações neuropsicológicas

A reabilitação cognitiva é uma área de pesquisa e atuação clínica dedicada a desenvolver


e aplicar recursos objetivando melhorar a capacidade de pacientes cérebro-lesado em
processar e usar informação de modo a ter uma vida mais autônoma e satisfatória.

Busca o tratamento , melhora e alívio das deficiências cognitivas adquiridas; assim como
o tratamento de deficiências emocionais, comportamentais, de personalidade e motricidade.

Enfatizando a melhora da deficiência e/ou estratégias compensatórias, a estimulação e o

exercício de habilidades cognitivas alteradas com o passar do tempo podem ocorrer através
de:

A) Adaptação funcional ou procura de outros meios de atingir um objetivo;

B) Contorno ou "fuga" de áreas problemáticas (alteração ou reestruturação ambiental); e

C) Uso mais eficaz de habilidades residuais.


A eficácia da reabilitação cognitiva deve ser avaliada contra o pano de fundo de variações

individuais, que envolvem fatores como diferenças na organização cerebral, natureza,

localização e magnitude da lesão, tempo desde a lesão, idade, saúde geral e nível de
funcionamento anterior à lesão.

NEUROPSICOLOGIA E OS AVANÇOS TECNOLÓGICOS

A sofisticação dos métodos de neuroimagem nas últimas décadas possibilitou o avanço

dos conhecimentos sobre as estruturas e as lesões cerebrais in vivo, sua relação com as
síndromes neuropsicológicas e o seguimento prospectivo-evolutivo dos distúrbios cognitivos.

Essa correlação clínico-anátomo-funcional outrora somente podia ser obtida através de

estudos de necrópsias ou de achados neurocirúrgicos, métodos pouco satisfatórios para o


entendimento da complexidade dos sistemas neuropsicológicos.

A introdução da Tomografia Computadorizada (TC) na década de 70 permitiu a


identificação e diferenciação de várias entidades clínicas que cursam com distúrbios cognitivos.

A utilização da Ressonância Magnética (RM) a partir do final da década de 80 ampliou as

possibilidades de obtenção de imagens através da análise estrutural multiplanar do encéfalo,


da formação de imagens tridimensionais, e de métodos de volumétrica.

A Espectroscopia por RM permite a detecção da atividade metabólica cerebral através do

espectro de atividade de substâncias como N-acetil-aspartato (NAA), considerado um

marcador da atividade neuronal normal. A Ressonância Magnética Funcional (RMF) permite o

mapeamento do fluxo sangüíneo cerebral regional durante o repouso e durante ativação, com
alta resolução de imagens que esse método proporciona.

Duas outras modalidades de estudo de imagem permitem a avaliação funcional cerebral:

Tomografia por Emissão de Fóton Único (SPECT) - permitem a quantificação indireta do

metabolismo cerebral através da mensuração do fluxo sangüíneo regional, possibilitando a

realização de estudos seriados, importantes na monitorização evolutiva da doença; e

Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET) - detecta a utilização metabólica cerebral regional
da glicose e do oxigênio através da captação da atividade de radiofármacos (Carbono,

Nitrogênio, flúor e Oxigênio).Sua aplicação prática, no entanto, é ainda restrita por seu alto
custo operacional.

É importante lembrar que os aspectos das diferentes modalidades de imagem devem

sempre se associar aos dados fornecidos pela avaliação clínica, neuropsicológica e laboratorial

para garantir a sensibilidade e especificidade na detecção das alterações dos processos


mentais superiores.

DESCOBERTAS RECENTES EM NEUROPSICOLOGIA

Até pouco tempo atrás acreditava-se na fragilidade dos neurônios, em sua incapacidade
de regeneração e na impossibilidade de produção de novos neurônios.

Entretanto, novas pesquisas têm demonstrado a existência de uma flexibilidade ou

plasticidade neuronal, que permitem que neurônios lesados possam se regenerar,


reestabelecendo as conexões sinápticas anterirmente perdidas.

Mais promissora ainda que esta constatação é a descoberta da possibilidade de

nascimento de novos neurônios em indivíduos adultos, principalmente na região do hipocampo,


especializada na capacidade de aprendizagem e memória.

Assim, o prognóstico antes sombrio e desfavorável de doenças caracterizadas por perdas

neuronais – como AVC ou o mal de Alzheimer –recebem agora mais atenção e

otimismo.Novas terapias, como drogas estimuladoras da multiplicação celular, poderiam


provocar a produção de células cerebrais para substituir as danificadas.

Essa flexibilidade cerebral recém-descoberta ainda permite outras abordagens


terapêuticas, como, por exemplo, o transplante de células nervosas.

Grande parte das descobertas e conquistas colhidas agora, no início do século XXI,

devem-se ao investimento das entidades governamentais em pesquisas científicas,

principalmente nos Estados unidos, que fez com que os anos noventa ficassem conhecidos
como a "Década do Cérebro".
Atualmente, as perspectivas são bastante promissoras.

Com a união de esforços de profissionais da smais diversas áreas, novas técnicas têm

permitido compreender o funcionamento das células cerebrais e as substâncias químicas nelas


produzidas.

Além da neuropsicologia, vê-se a formação de novas ciências como a neuroquímica, a


psiconeuroimunologia, a neurociência computacional, e inúmeras outras.

FATORES QUE CONTRIBUÍRAM PARA O CRESCIMENTO DA NEUROPSICOLOGIA

* Integração progressiva entre neurociências e ciências da conduta; concordância de


resultados

* Técnicas mais ou menos diretas de observação do cérebro

* Avanços da neurocirurgia e da psicometria

* Aperfeiçoamento das técnicas de avaliação neuropsicológicas

* Desenvolvimento de métodos de reabilitação

* Crescente demanda por parte da sociedade

NECESSIDADES ATUAIS NA ÁREA DA NEUROPSICOLOGIA

Atualização do material disponível sobre a área (revisão e confecção de novas testagens,


produção teórica);

Adaptação dos testes neuropsicológicos para a língua portuguesa;

Adaptação e padronização dos testes neuropsicológicos para realidade sócio-cultural brasileira;

Desenvolvimento de material de reabilitação apropriado e


específico;
Os resultados do exame neuropsicológico permitem:
· Diagnosticar um determinado problema.

É possível ter o desempenho prejudicado na escola, por exemplo, devido a vários fatores:

problemas de concentração, problemas de memória, problemas de leitura ("dislexia")

dificuldades com a matemática ("discalculia"), etc. O exame neuropsicológico permite

determinar que problemas estão causando as dificuldades e sugerir um tratamento. Da mesma

forma, um adulto pode ter problemas de memória a ser preciso investigar as causas possíveis.

Pode se tratar da primeira manifestação de um envelhecimento cerebral precoce


("arterosclerose"), de uma manifestação de depressão, de um problema neurológico, etc.

· Esclarecer com mais detalhes os sintomas de um problema já diagnosticado


anteriormente.

Nos casos onde já se tem um diagnóstico (por exemplo, transtorno do Déficit de Atenção
com Hiperatividade) pode ser necessário determinar qual o grau do comprometimento da
atenção. Da mesma forma, idosos que estão apresentando problemas de "esquecimento"
podem ser submetidos ao exame neuropsicológico para se determinar o quanto sua memória
está diferente do esperado para sua idade.

Também é o caso de crianças ou adultos que sofreram um traumatismo craniano e

ficaram "diferentes" (acidentes automobilísticos, quedas, traumatismos de parto), pessoas que

sofreram acidentes vasculares cerebrais ("derrames") ou que sofreram neurocirurgias, casos


de intoxicações graves ou alcoolismo, afogamentos e muitos outros exemplos. Nestes casos o
exame neuropsicológico dará um perfil de todas as funções mentais, comprometidas ou não.

· Laudos para fins legais

O Exame Neuropsicológico também é freqüentemente utilizado em algumas situações

legais. A primeira delas é a necessidade de se documentar o estado mental alterado de um

indivíduo com vistas à sua interdição (por senilidade, por retardo mental, por seqüelas de
traumatismos de crânio, etc).

A segunda é a necessidade de se documentar o estado mental preservado, para que se

possa assegurar a validade de um testamento ou qualquer outro documento legal, por


exemplo.
Por último, o exame serve para documentar problemas adquiridos no trabalho, com vistas

a sustentar processos trabalhistas (em geral intoxicações em indústrias e traumatismos de


crânio.

· Laudos para fins pedagógicos

Alunos e alunas com problemas de aprendizagem muitas vezes assim se (des)velam

para pontuar um sintoma que não é seu mas da escola enquanto instituição que se alimenta

desses “problemas”, bem como para mostrar as dificuldades do professor e da professora em

lidar com as diferenças - e suas demandas – na sala de aula regular, mais conhecida hoje em
dia como inclusiva.

Entretanto se a experiência com o fracasso escolar é social e históricamente produzida,

não há como negar, que enquanto não houver uma revolução social, a resolução do “problema

de aprendizagem” daquela pessoa que sofre por não-saber, dá-se através da intervenção do

professor ou da professora inclusivista – aquele e/ ou aquela que consegue lidar com as

demandas sempre diferenciadas de cada uma das crianças, adolescentes, adultos e até idosos

na escola, criando modos ou alternativas de intervenção, inventando outras e reformulando


outras mais.

Pinel e Colodete (2004) denominam inter(in)venção, isto é, uma intervenção (inter e vir:
um olhar sentido que é penetrado no mais íntimo do ser do aluno e da aluna que sofre por não
saber) que é construída cotidianamente.

É óbvio que nem toda criança precisa de passar por exames neuropsicológicos clássicos,

mas o pedagogo deve conhecer esse rama do saber/ fazer para inventar e (re)fletir sobre o
desempenhio acadêmico do discípulo e produzir mudanças.

E DEPOIS DA AVALIAÇÃO?

O laudo clínico é realizado por uma equipe, geralmente composta por: um professor

alfabetizador; um pedagogo escolar; um pedagogogo com especialização em Psicopedagogia


Clínico-Institcuicional; psicólogos: clínicos; psicamalista; comportamentalistas; cognitivistas;
psicomotricista etc.; médico: clínico geral; neurologista; neuropediatra etc.; fonoaudiólogo;

Eles planejarão o tratamento mais adequado.

Em alguns casos, o tratamento poderá ser medicamentoso. Outros pedagógico. Outros


só psicológico – ou uma terapia armada.

Em alguns casos o perfil cognitivo obtido com o exame vai possibilitar planejar várias

estratégicas para melhorar a vida do paciente e diminuir as conseqüências negativas de seu


problema no dia-a-dia; isto é feito, por exemplo, com os traumatizados de crânio.

Em alguns casos o perfil cognitivo obtido com o exame vai possibilitar planejar várias

estratégicas para melhorar a vida do paciente e diminuir as conseqüências negativas de seu


problema no dia-a-dia; isto é feito, por exemplo, com os traumatizados de crânio.

TEMAS MAIS DISCUTIDOS EM NEUROPSICOLOGIA

Afasias; Análise Transacional; Apraxias; Arte-terapia; Atenção e seus distúrbios;

Avaliação Neuropsicológica; Biodança; Bobath – Técnica de reeducação psicomotora,


geralmente realizada por um fisioterapeuta ou um psicólogo especialista em Psicomotricidade e

nesse método; Deficiência Visual Cortical; Deficiência Auditiva – é muito importante que se
conheça e que se sinta o Movimento de Cultura Surda e não ficar propondo reeducar “surdos”

como se eles fossem simplesmente deficientes. É vital que se compreenda que eles são de

fato minorias, a a partir daí rotulá-los de deficientes é outra coisa. Hoje há um movimento para

que os ouvintes aprendam a Língua Brasileira de Sinais, que é o primeiro idioma dos surdos

totais. Também é vital que se ofereça um serviço para as pessoas surdas que podem falar ou

assim desejam, e trabalhar quando do mau prognóstico, que o desejo é construído na

sociedade e na história; Dislexia; Distúrbios da Linguagem oral e escrita; Distúrbios do Sono na

infância; Educação Especial e Inclusão; Educação Infantil; Equoterapia; Espondilolistese e

Hérnia de disco; Intervenção nos Transtornos de Aprendizagem; Neuroplasticidade;

Neuropsicologia do desenvolvimento (cognição e afeto – dois aspectos indissociáveis);


Neuropsicologia das epilepsias; Neuropsicologia e o paciente idoso; Neuropsicologia e o pré-

natal; Paralisia Cerebral; Prevenção em Saúde Mental; Processamento auditivo X distúrbios de

aprendizagem; Qualidade de ensino nos novos tempos; Reabilitação da Memória; Reabilitação

Neuropsicológica; RPG em patologias da coluna; Sono normal e sono patológico; Terapia de

família; Terapia Holística; Transtornos de Ansiedade; Transtornos de escolaridade; Transtornos


Invasivos do desenvolvimento – Autismo etc.

Bibliografia

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Tempo de Semear. http://www.unicef.org/brazil/sib2001/cap1.htm - Revisão, edição e


versão para a Internet: B&C Revisão de Textos, SP Fotos do relatório: Mila Petrillo Texto
dos destaques: Patú Antunes

Mente e corpo: integração multidisciplinar em


Neuropsicologia.

Nossas ações no mundo da pesquisa, do ensino e do estudo de temas focados em


aprendizagem voltam-se, constantemente, para a busca de novos referenciais que auxiliam
nossas intervenções e nossos modos de agir e fazer. No campo terapêutico, com os avanços
das Biociências, da Neuropsicologia e da própria Psicopedagogia, por exemplo, somos
convocados ao movimento do sempre aprender. Visto as diferentes demandas presentes em
nossos cotidianos, este é o nosso maior desafio no século XXI: estarmos abertos e receptivos
ao novo e desejar construir campos semânticos que nos levem a interdisciplinaridade e a
transdisciplinaridade.
Este livro, organizado por Luiza Elena Ribeiro do Valle e por Kátia Osternack Pinto, é um
convite neste sentido, pois a gama diferenciada de linguagens, de autores e de linhas teóricas
e de interpretação distintas, fomenta nossa aprendizagem por uma ampliação de saberes. São
quatro seções integradas de textos, com um elenco de pesquisadores atentos aos dilemas de
nosso tempo, que com suas buscas, pesquisas e competências em seus campos de
conhecimento, compartilham suas idéias e, com isso, nos ensinam um pouco mais.
Na primeira parte “Mente e corpo: integrando fronteiras”, temos sete relevantes estudos.
Francisco Assumpção, com o seu artigo “A questão mente corpo” mergulha na complexidade
do desenvolvimento humana, construindo um claro movimento de compreensão sobre as
interações entre o corpo e a mente, a partir da percepção de um continuum sempre presente
neste processo. Com “A descoberta do cérebro, a inteligência e a memória humana”, Celso
Antunes nos fala de certezas e crenças, das ciências da cognição e, com o domínio que lhe é
peculiar, trata das múltiplas inteligências, do cérebro, da educação, das emoções e dos
sentimentos, alertando para o necessário uso da memória no cotidiano escolar. Júlia
Gonçalves nos brinda com “Inteligência e Aprendizagem, enfoques paradigmáticos”, um texto
denso sobre a importância de estarmos atentos as diferentes concepções presentes na
produção de conhecimento em nossa contemporaneidade, pela necessidade de
compreendermos claramente quais são as teorias que embasam nosso acionar cotidiano em
campos de ação, intervenções e estudos.
Carla Adda, em “Memória Prospectiva”, demonstra os avanços no processo de
compreender a memória, percebendo-a como um conjunto complexo de habilidades que
desenvolvemos em nosso cotidiano. Vera Oliveira, com “O lúdico e a dinâmica corpo mente
no ciclo vital”, alerta para a importância dos jogos e das brincadeiras para as relações
humanas, independente de faixa etária e nível sócio-econômico. Zelia Chiarottino, com
aprofundamento filosófico/epistemológico, nos trás “Razão e sentimento, aspectos orgânicos e
simbólicos,” onde trata da importância das imagens mentais nas relações entre razão e
sentimento. Kátia Pinto trata da responsabilidade presente na elaboração de um diagnóstico
neuropsicológico. Em seu artigo “Avaliação neuropsicológica método e técnica” alerta para a
necessidade de compor um diagnóstico pensado, refletido e trabalhado com afinco, visando
melhores alternativas para a indicação de possíveis tratamentos.
A segunda parte deste livro “Neuropsicologia: subsídios para a atuação clínica”
encontram nove textos que realmente apontam caminhos neste sentido. Em “Diagnóstico e
intervenção psicopedagógica nos transtornos de aprendizagem” Maria Irene Maluf alerta para a
importância do trabalho multidisciplinar, visto a complexidade presente nos diferentes
transtornos e, ainda, as possíveis comorbidades que podem estar presentes, além de chamar
nossa atenção para a importância do diálogo entre todos os envolvidos nos processos de
tratamento das dificuldades e transtornos da aprendizagem. “Dislexia e leitura uma
convivência possível”, de Clélia Estill, é um interessante estudo sobre a dislexia, distúrbio
específico de leitura, apontando diferenças entre os disléxicos e ressaltando que o diagnóstico
é clinico e o tratamento é educacional e terapêutico. Desmistifica questões sobre a dislexia
recorrendo à compreensão da consciência fonológica, da neurociência e da leitura. Um relato
de caso, ao final do seu texto, mostra a experiência da autora com o seu trabalho com a
dislexia no Brasil.
Maria Abigail de Souza em “Agressividade infantil pode ser um precursor da adicção a
drogas no futuro?” apresenta sua experiência com drogadependentes e faz um interessante
estudo sobre agressividade e limites, mostrando resultados de pesquisas longitudinais e de
intervenção psicoterapêutica corroborativas. “TDAH Transtorno do Déficit de Atenção e
Hiperatividade: abordagem sinóptica para o não-especialista”é uma interessante proposta para
pensarmos sobre o tema elaborada por Marco Antonio Arruda, por utilizar uma linguagem
acessível que esclarece pontos sobre este transtorno mental de origem biológica. A forma
didática de comparar o TDAH com uma peça de teatro foi um excelente recurso metafórico
facilitador do entendimento do texto, para o não-especialista, como o autor propõe.
Sebastião Moreira faz uma análise teórica conceitual bastante rica sobre a criança
epilética e em seu artigo “Aspectos emocionais, comportamentais, intelectuais e sociais da
criança epilética”, e pontua a importância da família e da escola na superação do estigma
depreciativo ainda presente em nosso tempo, destacando como tais estigmas criam
preconceitos que prejudicam o desenvolvimento emocional e cognitivo da criança epilética.
Silvia Orrú, com o seu texto “Síndrome de Asperger: memória, inteligência e comportamento”,
esclarece pontos importante sobre esta síndrome, trabalhando com questões voltadas a
memória, a inteligência e ao comportamento, elaborando um interessante quadro sobre as
principais dificuldades de seus portadores e as possíveis ações do professor. Destaca, ainda,
a importância da escuta e dos vínculos. Solange Góis e Lívia Elkis, num artigo bastante
específico, tratam de “Distúrbios visuais e lesão cerebral na criança”, destaca o quanto o
diagnóstico precoce pode auxiliar na instituição de tratamentos adequados.
“Problema de desempenho escolar: pode ser conseqüência da respiração?” é o trabalho
de Renata Di Francesco que mostra o quanto o desconforto respiratório do sono da criança
pode contribuir para o surgimento de dificuldades no aprender. Sueli Rossini e Rubens Reimão
em “Sono e comportamento: a abordagem dos distúrbios na população” chama a atenção para
o aumento do interesse pelo estudo do sono e o desenvolvimento dos estudos neurocientíficos,
alertando para a importância da desmistificação de idéias e preconceitos na área psicológica.
Na terceira parte, “Aprendizagem e reabilitação: experiências eficazes”, temos sete
artigos que demonstram exatamente a eficácia de intervenções diversas no sentido de auxiliar
no desenvolvimento potencial e cognitivo humano. Kátia Chedid nos trás “Criança difícil”,
conceituando o termo e ampliando as perspectivas desta expressão, mostrando o quanto
estratégias de disciplinas são importantes para a saída do egocentrismo e a entrada numa vida
social cooperativa e equilibrada.
Paula Catunda, em “Reabilitação das dificuldades escolares” chama nossa atenção
sobre a importância do estudo do desenvolvimento da percepção para que seja possível
compreender as diferentes funções cognitivas necessárias à aprendizagem, tais como a
linguagem, atenção, memória, percepção, viso-construção e a função executiva. Destaca ainda
o quanto à aprendizagem é tema e processo complexo no âmbito da Neuropsicologia.
Rita Thompson escreve sobre “A prática de relaxamento visando a uma maior
consciência corporal e aumento da capacidade atentiva em crianças com TDA/H”,
demonstrando o quanto o contato com o corpo, e suas sensações, por meio de técnicas de
relaxamento podem ampliar a capacidade atentiva de crianças com TDA/H.
Maria Cristina Anauate em seu artigo “Reabilitação neuropsicológica dentro da visão da
terapia ocupacional: um estudo de caso com intervenção em arte-habilitação” ressalta a
importância da pesquisa e do estudo neuropsicológicos para os terapeutas ocupacionais, visto
que a Terapia ocupacional é uma área basicamente de intervenção e reabilitação. Constrói
elos bastante significativos entre a terapia ocupacional e a arte, enfatizando o quanto a arte
proporciona uma maior significação em nossas vidas.
Maria Cristina Urrutigaray elabora “A Arte-terapia como intervenção psicopedagógica”
demonstrando quanto à introdução de abordagens arte-terapêuticas na prática
psicopedagógica pode trazer de ganhos significativos em processos de intervenção e de
tratamento. Enfatiza o quanto os estudos interdisciplinares e transdisciplinares são essenciais
à constituição de um olhar mais integrativo, a meu ver fundamental às ações psicopedagógicas
e arte-terapêuticas.
“Biodanza®, uma linguagem do afeto” é o texto produzido por Maria Angelina Pereira e
Maria Luiza Appy. Com um interessante aspecto didático, as autoras apresentam com clareza
o histórico deste sistema vivencial desenvolvido pelo chileno Rolando Toro Araneda, além de
demonstraram como pode ser este sistema um instrumento favorecedor as mudanças
paradigmáticas de nosso tempo. Em “Relações familiares: desafios de lidar com a mente e o
corpo em desenvolvimento” Luiza Elena Ribeiro do Valle explicita o quanto a compreensão da
questão da mediação é necessária ao desenvolvimento dos processos psicológicos superiores.
Retrata, com a maestria que é peculiar aos seus textos, o quanto é preciso de sensibilidade e
comprometimento humano aos que cuidam das crianças e de suas famílias.
Na quarta e última parte deste livro, temos o “Educar e Tratar: ampliando conceitos e
estratégias” temos seis textos que, de fato, assumem a proposta expressa neste título. Ronny
Campos, ao escrever o seu texto “De perto somos todos horríveis (tributo a J.P. Sartre)” nos
propõe uma reflexão ética e criteriosa de nossas ações e práticas cotidianas, lembrando a
emergência da nossa retomada ao sentimento e a humana ação da solidariedade.
“Psicopatologia e Aprendizagem a subjetividade e seu entorno cultural” é o artigo de Nádia
Bossa, que aborda com clareza conceitual questões vinculadas a Psicopatologia e
Aprendizagem, recorrendo a Bleger, Winnicot e Freud para desenvolver suas idéias. Ana
Sadalla e Patrícia Cruz, no trabalho “O que pensa as escolas sobre a formação dos alunos?”
apresenta um estudo bastante significativo sobre o percurso de uma escola, no que diz
respeito a sua percepção sobre o seu próprio papel e sentido, a importância do PPP: projeto
político pedagógico próprio e da proposta de formação do professor reflexivo. Psicoconstrução:
o educador construindo caminhos de autoria, tecendo saberes com amor. É um belo texto de
Maria Dolores Fortes Alves que aborda a necessária questão da autoria de pensamento do
ensinante da atualidade, construtor de novos caminhos como sujeito interativo e construtivo.
Com o texto “Estratégias formativas em Educação: as contribuições possíveis da
Psicopedagogia,” destaquei a importância da inserção das temáticas psicopedagógicas com o
intuito de favorecer os processos de inclusão, demonstrando alguns aspectos da MOP
Metodologia de Oficinas Psicopedagógicas, uma estratégia de formação de minha autoria em
Educação e Psicopedagogia. Para concluir este livro, temos o artigo de Maria José Mattos e
Claudia Parente “O curso de Psicopedagogia: alguns aspectos de sua trajetória” que relata
sobre a experiência das autoras frente ao curso de pós-graduação lato sensu em
Psicopedagogia da PUC-MG, Campus Poços de Caldas, uma contribuição ao histórico do
curso de psicopedagogia em nosso país.
Pelas importantes contribuições multidisciplinares, este é um livro de grande valia para
nossas reflexões e ações em Psicopedagogia, Educação e Saúde. A editora WAK Editora e as
organizadoras Luiza Elena Ribeiro do Valle Kátia Ostenack Pinto, meus parabéns por este
importante empreendimento. Aos possíveis leitores, proveitosa e profícuas leituras e
pesquisas.

Prof. João Beauclair, setembro de 2007.

Aprendizagem
O processo de aprendizagem pode ser definido de forma sintética como o modo como os seres adquirem
novos conhecimentos, desenvolvem competências e mudam o comportamento. Contudo, a complexidade
desse processo dificilmente pode ser explicada apenas através de recortes do todo. Por outro lado,
qualquer definição está, invariavelmente, impregnada de pressupostos politico-ideológicos, relacionados
com a visão de homem, sociedade e saber.

Histórico

Antiguidade

A aprendizagem vem sendo estudada e sistematizada desde os povos da antiguidade oriental. Já no


Egito, na China e na Índia a finalidade era transmitir as tradições e os costumes.
Já na antiguidade clássica, na Grécia e em Roma, a aprendizagem passou a seguir duas linhas opostas
porém complementares:
A pedagogia da personalidade visava a formação individual.
A pedagogia humanista desenvolvia os indivíduos numa linha onde o Sistema de ensino|sistema
educacional era representativo da realidade social e dava ênfase à aprendizagem universal.

Idade Média
Durante a Idade Média, a aprendizagem e consequentemente o ensino (Aqui ambos seguem o mesmo
rumo) passaram a ser determinados pela religião e seus dogmas. Por exemplo, uma criança aprendia a
não ser canhota, ou sinistra, embora neurologicamente o fosse.
No final daquele período, iniciou-se a separação entre as teorias da aprendizagem e do ensino com a
independência em relação ao clero. Devido as modificações que ocorreram com o advento do humanismo
e da Reforma, no século XVI, e sua ampliação a partir da revolução francesa, as teorias do ensino-
aprendizagem continuaram a seguir seu rumo natural.

Século XVII ao início do SéculoXX

Do século XVII até o início do século XX, a doutrina central sobre a aprendizagem era demonstrar
cientificamente que determinados processos universais regiam os princípios da aprendizagem tentando
explicar as causas e formas de seu funcionamento, forçando uma metodologia que visava enquadrar o
comportamento de todos os organismos num sistema unificado de leis, à exemplo da sistematização
efetuada pelos cientistas para a explicação dos demais fenômenos das ciências naturais.
Muitos acreditavam que a aprendizagem estava intimamente ligada somente ao condicionamento. Um
exemplo de experiência sobre o condicionamento foi realizada pelo fisiólogo russo, Ivan Pavlov, que
condicionou cães para salivarem ao som de campainhas.

A partir de 1930

Na década de 30 os cientistas Edwin R. Guthrie, Clark L. Hull e Edward C. Tolman pesquisaram sobre as
leis que regem a aprendizagem.
Guthrie acreditava que as respostas, ao invés das percepção|percepções ou os estados mentais, poderiam
formar as componentes da aprendizagem.
Hull afirmava que a força do hábito, além dos estímulos originados pelas recompensas, constituía um dos
principais aspectos da aprendizagem, a qual se dava num processo gradual.
Tolman seguia a linha de raciocínio de que o princípio objetivo visado pelo sujeito era a base
comportamental para a aprendizagem.percebendo o ser humano na sociedade em que esta inserido, se faz
necessario uma maior observação de seu estado emocional.

As definições de aprendizagem
Segundo alguns estudiosos, a aprendizagem é o processo de alteração de conduta de um indivíduo, seja
por Condicionamento operante, experiência ou ambos,de uma forma razoavelmente permanente. As
informações podem ser absorvidas através de técnicas de ensino ou até pela simples aquisição de hábitos.
O ato ou vontade de aprender é uma característica essencial do psiquismo humano, pois somente este
possui o caráter intencional, ou a intenção de aprender; dinâmico, por estar sempre em mutação e
procurar informações para o aprendizagem; criador, por buscar novos métodos visando a melhora da
própria aprendizagem, por exemplo, pela tentativa e erro. Um outro conceito de aprendizagem é uma
mudança relativamente durável do comportamento, de uma forma mais ou menos sistemática, ou
não,adquirida pela experiência, pela observação e pela prática motivada. Na verdade a motivação tem um
papel fundamental na aprendizagem. Ninguém aprende se não estiver motivado, se não desejar aprender.
Na verdade o ser humano nasce potencialmente inclinado a aprender, necessitando de estímulos externos
e internos (motivação, necessidade) para o aprendizado. Há aprendizados que podem ser considerados
natos, como o ato de aprender a falar, a andar, necessitando que ele passe pelo processo de maturação
física, psicológica e social. Mas a maioria dos aprendizagem se dá no meio social e temporal em que o
indivíduo convive; sua conduta muda, normalmente, por esses fatores, e naturalmente, pela herança
genética dos seus antepassados.
O processo de aprendizagem na abordagem de Vygotsky

Lev Semyonovich Vygotsky (1896-1934)


O ponto de partida desta análise é a concepção vygotskyana de que o pensamento verbal não é uma forma
de comportamento natural e inata, mas é determinado por um processo histórico-cultural e tem
propriedades e leis específicas que não podem ser encontradas nas formas naturais de pensamento e fala.
Uma vez admitido o caráter histórico do pensamento verbal, devemos considerá-lo sujeito a todas as
premissas do materialismo histórico, que são válidas para qualquer fenômeno histórico na sociedade
humana (Vygotsky, 1993 p.44). Sendo o pensamento sujeito às interferências históricas às quais está o
indivíduo submetido, entende-se que, o processo de aquisição da ortografia, a alfabetização e o uso
autônomo da linguagem escrita são resultantes não apenas do processo pedagógico de ensino-
aprendizagem propriamente dito, mas das relações subjacentes a isto. Vygotsky diz ainda que o
pensamento propriamente dito é gerado pela motivação, isto é, por nossos desejos e necessidades, nossos
interesses e emoções. Por trás de cada pensamento há uma tendência afetivo-volitiva. Uma compreensão
plena e verdadeira do pensamento de outrem só é possível quando entendemos sua base afetivo-volutiva
(Vygotsky, 1991 p. 101). Desta forma não seria válido estudar as dificuldades de aprendizagem sem
considerar os aspectos afetivos. Avaliar o estágio de desenvolvimento, ou realizar testes psicométricos
não supre de respostas as questões levantadas. É necessário fazer uma análise do contexto emocional, das
relações afetivas, do modo como a criança está situada historicamente no mundo. Na abordagem de
Vygotsky a linguagem tem um papel de construtor e de propulsor do pensamento, afirma que aprendizado
não é desenvolvimento, o aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e
põe em movimento vários processos de desenvolvimento que, de outra forma, seriam impossíveis de
acontecer (Vygotsky, 1991 p. 101). A linguagem seria então o motor do pensamento, contrariando assim
a concepção desenvolvimentista que considera o desenvolvimento a base para a aquisição da linguagem.
Vygotsky defende que os processos de desenvolvimento não coincidem com os processos de
aprendizagem, uma vez que o desenvolvimento progride de forma mais lenta, indo atrás do processo de
aprendizagem. Isto ocorre de forma seqüencial. (Vygotsky, 1991 p. 102)

O processo de aprendizagem na abordagem de Piaget

O papel da equilibração

Nos estudos de Piaget, a teoria da equilibração, de uma maneira geral, trata de um ponto de equilíbrio
entre a assimilação e a acomodação, e assim, é considerada como um mecanismo auto-regulador,
necessária para assegurar à criança uma interação eficiente dela com o meio-ambiente. (Wadsworth,
1996) Piaget postula que todo esquema de assimilação tende a alimentar-se, isto é, a incorporar elementos
que lhe são exteriores e compatíveis com a sua natureza. E postula também que todo esquema de
assimilação é obrigado a se acomodar aos elementos que assimila, isto é, a se modificar em função de
suas particularidades, mas, sem com isso, perder sua continuidade (portanto, seu fechamento enquanto
ciclo de processos interdependentes), nem seus poderes anteriores de assimilação. (Piaget,1975, p.14)
Em outras palavras, Piaget (1975) define que o equilíbrio cognitivo implica em afirmar a presença
necessária de acomodações nas estruturas; bem como a conservação de tais estruturas em caso de
acomodações bem sucedidas. Esta equilibração é necessária porque se uma pessoa só assimilasse,
desenvolveria apenas alguns esquemas cognitivos, esses muito amplos, comprometendo sua capacidade
de diferenciação; em contrapartida, se uma pessoa só acomodasse, desenvolveria uma grande quantidade
de esquemas cognitivos, porém muito pequenos, comprometendo seu esquema de generalização de tal
forma que a maioria das coisas seriam vistas sempre como diferentes, mesmo pertencendo à mesma
classe. Essa noção de equilibração foi a base para o conceito, desenvolvido por Paín, sobre as
modalidades de aprendizagem, que se servem dos conceitos de assimilação e acomodação, na descrição
de sua estrutura processual. Segundo Wadsworth, se a criança não consegue assimilar o estímulo, ela
tenta, então, fazer uma acomodação, modificando um esquema ou criando um esquema novo. Quando
isso é feito, ocorre a assimilação do estímulo e, nesse momento, o equilíbrio é alcançado. (Wadsworth,
1996) Segundo a teoria da equilibração, a integração pode ser vista como uma tarefa de assimilação,
enquanto que a diferenciação seria uma tarefa de acomodação, contudo, há conservação mútua do todo e
das partes.
É de Piaget o postulado de que o pleno desenvolvimento da personalidade sob seus aspectos mais
intelectuais é indissociável do conjunto das relações afetivas, sociais e morais que constituem a vida da
instituição educacional. À primeira vista, o desabrochamento da personalidade parece depender sobretudo
dos fatores afetivos; na realidade, a educação forma um todo indissociável e não é possível formar
personalidades autônomas no domínio moral se o indivíduo estiver submetido a uma coerção intelectual
tal que o limite a aprender passivamente, sem tentar descobrir por si mesmo a verdade: se ele é passivo
intelectualmente não será livre moralmente. Mas reciprocamente, se sua moral consiste exclusivamente
numa submissão à vontade adulta e se as únicas relações sociais que constituem as relações de
aprendizagem são as que ligam cada estudante individualmente a um professor que detém todos os
poderes, ele não pode tampouco ser ativo intelectualmente. (Piaget, 1982) Piaget afirma que "adquirida a
linguagem, a socialização do pensamento manifesta-se pela elaboração de conceitos e relações e pela
constituição de regras. É justamente na medida, até, que o pensamento verbo-conceptual é transformado
pela sua natureza coletiva que ele se torna capaz de comprovar e investigar a verdade, em contraste com
os atos práticos dos atos da inteligência sensório-motora e à sua busca de êxito ou satisfação" (Piaget,
1975 p.115).

O processo de aprendizagem pós-piagetiano


Paín (1989) descreve as modalidades de aprendizagem sintomática tomando por base o postulado
piagetiano. Descreve como a assimilação e a acomodação atuam no modo como o sujeito aprende e
como isso pode ser sintomatizado, tendo assim características de um excesso ou escassez de um desses
movimentos, afetando o resultado final. Na bordagem de Piaget, o sujeito está em constante equilibração.
Paín parte desse pressuposto e afirma que as dificuldades de aprendizagem podem estar relacionadas a
uma hiperatuação de uma dessas formas, somada a uma hipo-atuação da outra gerando as modalidades
de aprendizagem sintomática a seguir:

Hiperassimilação

Sendo a assimilação o movimento do processo de adaptação pelo qual os elementos do meio são alterados
para serem incorporados pelo sujeito, numa aprendizagem sintomatizada pode ocorrer uma exacerbação
desse movimento, de modo que o aprendiz não resigna-se ao aprender. Há o predomínio dos aspectos
subjetivos sobre os objetivos. Esta sintomatização vem acompanhada da hipoacomodação.

Hipoacomodação
A acomodação consiste em adaptar-se para que ocorra a internalização. A sintomatização da acomodação
pode dar-se pela resistência em acomodar, ou seja, numa dificuldade de internalizar os objetos
(Fernández, 1991 p.110).

Hiperacomodação

Acomodar-se é abrir-se para a internalização, o exagero disto pode levar a uma pobreza de contato com a
subjetividade, levando à submissão e à obediência acrítica. Essa sintomatização está associada a
hipoassimilação.

Hipoassimilação

Nesta sintomatização ocorre uma assimilação pobre, o que resulta na pobreza no contato com o objeto, de
modo a não transformá-lo, não assimilá-lo de todo, apenas acomodá-lo. A aprendizagem normal
pressupõe que os movimentos de assimilação e acomodação estão em equilíbrio. O que caracteriza a
sintomatização no aprender é predomínio de um movimento sobre o outro. Quando há o predomínio da
assimilação, as dificuldades de aprendizagem são da ordem da não resignação, o que leva o sujeito a
interpretar os objetos de modo subjetivo, não internalizando as características próprias do objeto. Quando
a acomodação predomina, o sujeito não empresta sentido subjetivo aos objetos, antes, resigna-se sem
criticidade. O sistema educativo pode produzir sujeito muito acomodativos se a reprodução dos padrões
for mais valorizada que o desenvolvimento da autonomia e da criatividade. Um sujeito que apresente uma
sintomatização na modalidade hiperacomodativa/ hipoassimilativa pode não ser visto como tendo
“problemas de aprendizagem”, pois consegue reproduzir os modelos com precisão.

O processo de aprendizagem em outras concepções

Burrhus Frederic Skinner


Na concepção behaviorista o processo de aprendizagem se dá pelo condicionamento, baseado na relação
estímulo-resposta.

'O papel da memória na aprendizagem'

Independente da escola de pensamento seguida, sabe-se que o indivíduo desde o nascimento, utilizando
seu Percepção|campo perceptual, vai ampliando seu repertório e construindo conceitos, em função do
meio que o cerca. Estes conceitos são regidos por mecanismos de memória onde as imagens dos sentidos
são fixadas e relembradas por associação a cada nova experiência. Os efeitos da aprendizagem são retidos
na memória, onde este processo é reversível até um certo tempo, pois depende do estímulo ou
necessidade de fixação, podendo depois ser sucedido por uma mudança neural duradoura.

Memória de curto prazo


A memória de curto prazo é reversível e temporária, acredita-se decorra de um mecanismo
fisiologia|fisiológico, por exemplo um impulso eletro-químico gerando um impulso sinapse|sináptico, que
pode manter vivo um traço da memória por um período de tempo limitado, isto é, depois de passado certo
período, acredita-se que esta informação desvanesce-se. Logo a memória de curto prazo pouco importa
para a aprendizagem.

Memória de longo prazo


A memória permanente, ou memória de longo prazo, depende de transformações na estrutura química ou
física dos neurônios. Aparentemente as mudanças sinápticas têm uma importância primordial nos
estímulos que levam aos mecanismos de lembranças como imagens, odores, som|sons, etc, que, avulsos
parecem ter uma localização definida, parecendo ser de certa forma blocos desconexos, que ao serem
ativados montam a lembrança do evento que é novamente sentida pelo indivíduo, como por exemplo, a
lembrança da confecção de um bolo pela avó pela associassão da lembrança de um determinado odor.

As influências e os processos
A aprendizagem é influenciada pela inteligência, motivação, e, segundo alguns teóricos, pela
hereditariedade (existem controvérsias), onde o estímulo, o impulso, o reforço e a resposta são os
elementos básicos para o processo de fixação das novas informações absorvidas e processadas pelo
indivíduo.
O processo de aprendizagem é de suma importância para o estudo do comportamento. Alguns autores
afirmam que certos processos neuróticos, ou neuroses, nada mais são que uma aprendizagem distorcida, e
que a ação recomendada para algumas psicopatologias são um redirecionamento para a absorção da nova
aprendizagem que substituirá a antiga, de forma a minimizar as sintomatizações que perturbam o
indivíduo. Isto é, através da reaprendizagem (re-educação) ou da intervenção profissional através da
Psicopedagogia.

Estilos de aprendizagem
Cada indivíduo apresenta um conjunto de estratégias cognitivas que mobilizam o processo de
aprendizagem. Em outras palavras, cada pessoa aprende a seu modo, estilo e ritmo. Embora haja
discordâncias entre os estudiosos, estes são quatro categorias representativas dos estilos de aprendizagem:

• visual: aprendizagem centrada na visualização


• auditiva: centrada na audição
• leitur/escrita: aprendizagem através de textos
• ativa: aprendizagem através do fazer

Bibliografia
• PAÍN, Sara. Diagnóstico e Tratamento dos Problemas de Aprendizagem. 3ª edição

Porto Alegre, Artes Médicas, 1989

• PIAGET, Jean. Seis Estudos de Psicologia; tradução Maria Alice Magalhães D’Amorim e Paulo
Sérgio Lima Silva.23ª edição, Rio de Janeiro: Forence Universitária,1998.
• PIAGET, Jean. O Juízo Moral na Criança. São Paulo, Summus, 1994
• PIAGET, Jean e INHELDER, Bärbel. A psicologia da criança. São Paulo : DIFEL, 1982.
• PIAGET, Jean. Como se desarolla la mente del niño. In : PIAGET, Jean et allii. Los años
postergados: la primera infancia. Paris : UNICEF, 1975.
• PIAGET, Jean. Biologia e Conhecimento. 2ª Ed. Vozes : Petrópolis, 1996.
• PIAGET, Jean. A equilibração das estruturas cognitivas. Rio de Janeiro : Zahar, 1975.
• VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. São Paulo, Martins Fontes, 1991
• VYGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. São Paulo, Martins Fontes, 1993

WADSWORTH, Barry. Inteligência e Afetividade da Criança. 4ª Ed. São Paulo, Enio Matheus Guazzelli, 1996.

TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM

INTRODUÇÃO

A aprendizagem vem sendo estudada cientificamente desde o século passado, embora tenha
tomado maior espaço e relevância no meio acadêmico entre as décadas de 1950 e 1970. Junto
com os avanços obtidos com as pesquisas, diversos conceitos foram apresentados como uma
tentativa de melhor explicar a aprendizagem e como se dá o seu processo. Apesar de existir
diferentes conceitos, todos eles concordam que a aprendizagem implica numa relação bilateral,
tanto da pessoa que ensina como da que aprende. Dessa forma, a aprendizagem é melhor
definida como um processo evolutivo e constante, que envolve um conjunto de modificações no
comportamento do indivíduo, tanto a nível físico como biológico, e do ambiente no qual está
inserido, onde todo esse processo emergirá sob a forma de novos comportamentos. 1

Sendo a aprendizagem um processo constituído por diversos fatores, é importante ressaltar


que além do aspecto fisiológico referente ao aprender, como os processos neurais ocorridos no
sistema nervoso, as funções psicodinâmicas do indivíduo necessitam apresentar um certo
equilíbrio, sob a forma de controle e integridade emocional para que ocorra a aprendizagem.
Entretanto, "o desenvolvimento harmonioso da aprendizagem representa um ideal, uma norma
utópica, mais do que uma realidade. Dessa forma, o normal e o patológico na aprendizagem
escolar, assim como no equilíbrio psicoafetivo, não podem ser considerados como dois estados
distintos um do outro, separados com rigor por uma fronteira ou um grande fosso"(Ajuriaguerra
e Marcelli in Möojen, 2001). 2

Apesar disso, é importante estabelecer uma diferenciação entre o que é uma dificuldade de
aprendizagem e o que é um quadro de Transtorno de Aprendizagem. Muitas crianças em fase
escolar apresentam certas dificuldades em realizar uma tarefa, que podem surgir por diversos
motivos, como problemas na proposta pedagógica, capacitação do professor, problemas
familiares ou déficits cognitivos, entre outros. A presença de uma dificuldade de aprendizagem
não implica necessariamente em um transtorno, que se traduz por um conjunto de sinais
sintomatológicos que provocam uma série de perturbações no aprender da criança, interferindo
no processo de aquisição e manutenção de informações de uma forma acentuada. 1

O QUE SÃO OS TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM?

Os Transtornos de Aprendizagem compreendem uma inabilidade específica, como leitura,


escrita ou matemática, em indivíduos que apresentam resultados significativamente abaixo do
esperado para o seu nível de desenvolvimento, escolaridade e capacidade intelectual.3,4,5

Em 1988, o National Joint Comittee on Learning Disabilities apresentou uma conceituação


muito bem aceita e aplicada sobre os problemas de aprendizagem 6 :
"Dificuldade de aprendizagem é um termo geral que se refere a um grupo heterogêneo
de transtornos manifestados por dificuldades significativas na aquisição e uso da escuta,
fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas. Estes transtornos são
intrínsecos ao indivíduo, supondo-se que são devido à disfunção do sistema nervoso
central, e podem ocorrer ao longo do ciclo vital. Podem existir junto com as dificuldades
de aprendizagem, problemas nas condutas de auto-regulação, percepção social e
interação social, mas não constituem por si próprias, uma dificuldade de aprendizado.
Ainda que as dificuldades de aprendizado possam ocorrer concomitantemente com
outras condições incapacitantes como, por exemplo, transtornos emocionais graves ou
com influências extrínsecas (tais como as diferenças culturais, instrução inapropriada ou
insuficiente), não são o resultado dessas condições ou influências".

Atualmente, a descrição dos Transtornos de Aprendizagem é encontrada em manuais


internacionais de diagnóstico, tanto no CID-10, elaborado pela Organização Mundial de Saúde
(1992), como no DSM-IV, organizado pela Associação Psiquiátrica Americana (1995). Ambos
os manuais reconhecem a falta de exatidão do termo "transtorno", justificando seu emprego
para evitar problemas ainda maiores, inerentes ao uso das expressões "doença" ou
"enfermidade"2.

QUAIS SÃO AS CAUSAS?

A real etiologia dos Transtornos de Aprendizagem ainda não foi esclarecida pelos cientistas,
embora existam algumas hipóteses sobre suas causas. Sabe-se que sua etiologia é
multifatorial, 6 porém ainda são necessárias pesquisas para melhor identificar e elucidar essa
questão. 4

O CID-10 esclarece que a etiologia dos Transtornos de Aprendizagem não é conhecida, mas
que há "uma suposição de primazia de fatores biológicos, os quais interagem com fatores não-
biológicos". Ambos os manuais informam que os transtornos não podem ser conseqüência de:

*falta de oportunidade de aprender;

*descontinuidades educacionais resultantes de mudanças de escola;

*traumatismos ou doença cerebral adquirida;

*comprometimento na inteligência global;

*comprometimentos visuais ou auditivos não corrigidos;

Atualmente, acredita-se na origem dos Transtornos de Aprendizagem a partir de distúrbios na


interligação de informações em várias regiões do cérebro, os quais podem ter surgido durante
o período de gestação. 4

O desenvolvimento cerebral do feto é um fator importante que contribui para o processo de


aquisição, conexão e atribuição de significado às informações, ou seja, da aprendizagem.
Dessa foram, qualquer fator que possa alterar o desenvolvimento cerebral do feto facilita o
surgimento de um quadro de Transtorno de Aprendizagem, 4 que possivelmente só será
identificado quando a criança necessitar expressar suas habilidades intelectuais na fase
escolar.
Existem fatores sociais que também são determinantes na manutenção dos problemas de
aprendizagem, e entre eles o ambiente escolar e contexto familiar são os principais
componentes desses fatores. 6 Quanto ao ambiente escolar, é necessário verificar a motivação
e a capacitação da equipe de educadores, a qualidade da relação professor-aluno-família, a
proposta pedagógica, e o grau de exigência da escola, que, muitas vezes, está preocupada
com a competitividade e põe de lado a criatividade de seus alunos. Em relação ao ambiente
familiar, famílias com alto nível sociocultural podem negar a existência de dificuldades
escolares da criança. Há também casos em que a família apresenta um nível de exigência
muito alto, com a visão voltada para os resultados obtidos, podendo desenvolver na criança um
grau de ansiedade que não permite um processo de aprendizagem adequado.

QUAIS SÃO OS TIPOS DE TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM?

Tanto o CID-10, como o DSM-IV apresentam basicamente três tipos de transtornos


específicos: o Transtorno da Leitura, o Transtorno da Matemática, e o Transtorno da Expressão
Escrita. A caracterização geral destes transtornos não difere muito entre os dois manuais. 2

Transtorno da Leitura

O Transtorno da Leitura, também conhecido como dislexia, é um transtorno caracterizado por


uma dificuldade específica em compreender palavras escritas. Dessa forma, pode-se afirmar
que se trata de um transtorno específico das habilidades de leitura, que sob nenhuma hipótese
está relacionado à idade mental, problemas de acuidade visual ou baixo nível de escolaridade.
6

O DSM-IV classifica como critérios diagnósticos para o Transtorno da Leitura:

• Rendimento da capacidade de leitura, como correção, velocidade ou compreensão da


leitura, significativamente inferior à media para a idade cronológica, capacidade
intelectual e nível de escolaridade do indivíduo.

• A dificuldade de leitura apresentada pelo indivíduo interfere de modo significativo nas


atividades cotidianas que requeiram habilidades de leitura.

• Sob a presença de algum déficit sensorial, as dificuldades de leitura excedem aquelas


habitualmente a este associadas.

• A leitura oral se caracteriza por distorções, substituições ou omissões, e junto com a
leitura silenciosa vem acompanhada por lentidão e erros na compreensão do texto.

Transtorno da Matemática

O Transtorno da Matemática, também conhecido como discalculia, não é relacionado à


ausência de habilidades matemáticas básicas, como contagem, e sim, na forma com que a
criança associa essas habilidades com o mundo que a cerca. 1

A aquisição de conceitos matemáticos e outras atividades que exigem raciocínio são afetadas
neste transtorno, cuja baixa capacidade para manejar números e conceitos matemáticos não é
originada por uma lesão ou outra causa orgânica.7 Em geral, o Transtorno da Matemática é
encontrado em combinação com o Transtorno da Leitura ou Transtorno da Expressão Escrita.

O Transtorno da Matemática, segundo o DSM-IV, é caracterizado por:


• A capacidade matemática para a realização de operações aritméticas, cálculo e
raciocínio matemático, encontra-se substancialmente inferior à média esperada para a
idade cronológica, capacidade intelectual e nível de escolaridade do indivíduo.

• As dificuldades da capacidade matemática apresentadas pelo indivíduo trazem prejuízos


significativos em tarefas da vida diária que exigem tal habilidade.

• Em caso de presença de algum déficit sensorial, as dificuldades matemáticas excedem


aquelas geralmente a este associadas.

• Diversas habilidades podem estar prejudicadas nesse Transtorno, como as habilidades
lingüisticas (compreensão e nomeação de termos, operações ou conceitos matemáticos,
e transposição de problemas escritos em símbolos matemáticos), perceptuais
(reconhecimento de símbolos numéricos ou aritméticos, ou agrupamento de objetos em
conjuntos), de atenção (copiar números ou cifras, observar sinais de operação), e
matemáticas (dar seqüência a etapas matemáticas, contar objetos e aprender tabuadas
de multiplicação).

Transtorno da Expressão Escrita

Um transtorno apenas de ortografia ou caligrafia, na ausência de outras dificuldades da


expressão escrita, em geral, não se presta a um diagnóstico de Transtorno da Expressão
Escrita. Neste transtorno geralmente existe uma combinação de dificuldades na capacidade de
compor textos escritos, evidenciada por erros de gramática e pontuação dentro das frases, má
organização dos parágrafos, múltiplos erros ortográficos ou fraca caligrafia, na ausência de
outros prejuízos na expressão escrita.

Em comparação com outros Transtornos de Aprendizagem, sabe-se relativamente menos


acerca do Transtorno da Expressão Escrita e sobre o seu tratamento, particularmente quando
ocorre na ausência de Transtorno de Leitura. Existem algumas evidências de que déficits de
linguagem e percepto-motores podem acompanhar este transtorno.

O Transtorno da Expressão Escrita, de acordo com os critérios diagnósticos do DSM-IV, são:

• A capacidade das habilidades de expressão escrita encontram-se significativamente


inferior à media para a idade cronológica, capacidade intelectual e nível de escolaridade
do indivíduo.

• A dificuldade na expressão escrita apresentada pelo indivíduo interfere de modo


significativo nas atividades cotidianas que requeiram habilidades de escrita, como
escrever frases gramaticamente corretas e parágrafos organizados.

• Na presença de algum déficit sensorial, as dificuldades de escrita excedem aquelas


habitualmente a este associadas.

• O problema se caracteriza por dificuldades na composição de textos, erros de gramática
e pontuação, má organização dos parágrafos, erros freqüentes de ortografia e caligrafia
precária.

TRATAMENTO
A maioria das crianças necessita de intervenção psicopedagógica e/ou fonoaudiológica e
continua participando das aulas convencionais oferecidas pela escola. Porém, existem casos
em que o grau do transtorno exige que a criança passe por programas educativos individuais e
intensivos. Independentemente do caso, é importante que a criança continue a assistir e a
participar das atividades escolares normais. 7 Cabe ao profissional que acompanha a criança
ou adolescente realizar contatos com a escola a fim de estabelecer uma maior qualidade do
processo de aprendizagem, através da inter-relação dos aspectos exigidos pela escola e do
que a criança é capaz de oferecer para suprir tais necessidades. 7

Além de um melhor enquadramento da proposta educacional, outras variáveis que implicam


nos Transtornos de Aprendizagem deverão passar por um processo terapêutico. Assim, é
necessário que ao se fazer uma avaliação de um quadro de Transtorno de Aprendizagem, o
profissional esteja atento para identificar se existem fatores psicológicos que contribuem para a
manutenção do problema. Caso esta variável esteja presente, o psicólogo é o profissional
indicado para tratar dos problemas emocionais vinculados ao tipo de Transtorno. 4, 7

O tratamento farmacológico, associado ao atendimento psicopedagógico deve ser dirigido por


um psiquiatra ou neurologista, sendo indicado, por exemplo, em casos nos quais as
capacidades de atenção e concentração da criança encontram-se debilitadas. 4, 7

ALGUNS CAUSAS DE TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM


Dislexias:
A incapacidade de aprender a ler de um indivíduo que possui a capacidade intelectual
necessária. Vários são os termos dados a este transtorno como: dislexia específica, dislexia de
evolução, e no passado "cegueira verbal congênita".
Segundo L. Bender (Teoria de atraso na maturação cerebral. "Retardo de maturação", explica
Bender, "significa lenta diferenciação em relação a um padrão estabelecido, sem que se
especifique ser o déficit local, estrutural, específico ou fixo. Não implica em limitação obrigatória
quanto ao potencial; na verdade, com freqüência sobrevêm aceleramento de maturação".
A dislexia representaria um tipo especial de imaturidade cerebral, na qual se atrasaria a função
de reconhecimento visual e auditivo dos símbolos verbais.

Dislalia:
Transtorno funcional primário que corresponde ao atraso da fala, à linguagem "bebê".

Atenção:
É um evento oculto que não pode ser controlado diretamente. Dessa maneira, é muito parecido
com o processo oculto de aprendizagem, que também não apresenta referência direta e só
pode ser mensurado pela observação das alterações no desempenho. Infelizmente, a atenção
é um pré-requisito da aprendizagem. Se ambos são mensurados por uma alteração no
desempenho é devida à atenção imperfeita, à aprendizagem imperfeita ou ambas.
A atenção na aprendizagem refere-se à seleção de estímulos dentre os vários utilizados no
processo de aprendizagem, a fim de a ele associar a resposta adequada. A criança precisa
dispor da atenção seletiva para discernir dentre tantos estímulos aquele que leva a uma
resposta apropriada. A atenção deve estar centrada no conteúdo propriamente, não na forma e
recursos utilizados na aprendizagem do mesmo. Ao escutar uma explicação oral, além de
preocupar-se com a compreensão da mesma, há uma percepção de tom de voz, sotaque, etc;
que também fazem parte do estímulo. Caso a atenção não esteja centrada, ( atenção seletiva);
ela se desviará, não vingando o essencial.

Apraxias:
Incapacidade de executar os movimentos apropriados a um determinado fim, conquanto não
haja paralisias.

Disfasias/Audiomudez:
Transtornos raros da evolução da linguagem. Trata-se de crianças que apresentam um
transtorno da integração da linguagem sem insuficiência sensorial ou fonatória; que podem,
embora com dificuldade, comunicar-se verbalmente e cujo nível mental é considerado normal.

Ecolalia:
Repetição da fala do interlocutor.

Disortografia:
Escrita com os erros de que tratamos, pode ser o primeiro ou único achado de exame em caso
de dislexia leve não examinado logo no início, podendo ter havido, mas já desaparecido, as
dificuldades à leitura. Boa parte dos disléxicos melhora razoavelmente nesta matéria, enquanto
ainda cometem muitos erros à escrita.
Os disléxicos podem fazer toda a sua escrita em espelho, o que é, entretanto, raro.
Quanto aos erros de omissão, o mais freqüente é suprimirem-se letras mudas ou vogais -
BNDT (por BENEDITO), por exemplo.
É comum a tendência à união de duas ou mais palavras numa só, mas se pode também
verificar a divisão de uma palavra, que o disléxico escreve em duas partes.
Quanto a pontuação, pode haver dificuldade na colocação de vírgulas.

Afasia:
É a perda parcial ou total da capacidade de linguagem, de causa neurológica central
decorrentes de AVC (Acidente Vascular Cerebral), lesões cerebrais nas áreas da fala e
linguagem. Conforme a extensão e localização da lesão o paciente pode apresentar um ou
mais sintomas.

Sintomas:
·perda total ou parcial da articulação das palavras;
·perda total ou parcial da fluência verbal; dificuldade de expressar-se verbalmente; nomear
objetos; repetir palavras; contar; nomear por exemplo os dias da semanas, meses do ano; ou
ainda perda da noção gramatical;
·perda total ou parcial da habilidade de interpretação, não reconhece o significado das
palavras.
·ler;
·escrever;
·perda total ou parcial da capacidade de organização de gestos para comunicar o que quer.

"Adquirida" da criança é considerada como algo excepcional. Ressalta uma redução da


expressão verbal com transtornos articulares freqüentes, uma compreensão oral raramente
perturbada, uma alexia freqüente acompanhando-se de transtornos da escrita. Afasias pós-
traumáticas ou tumorais das quais poderíamos obter certas características: redução da
expressão verbal oral mas sobretudo escrita, freqüência muito maior dos transtornos da
realização da linguagem, em menos grau, da compreensão da linguagem, evolução um tanto
favorável quando a lesão não é evolutiva.
Segundo Ketchum, afasia congênita, geralmente se relaciona com lesão cerebral evidente.

Disfasia:
Transtorno da linguagem- afasia congênita. Cujos transtornos se referem a recepção e análise
do material auditivo, verbal e dificuldades com o discurso (perturbações na comunicação
verbal).
Gagueira

Memória:
A memória pode ser definida como a capacidade do indivíduo de gravar as experiências e
acontecimentos ao longo da vida.

Pode ser dividida em:


Tipos de Material: Verbal ou não verbal
Modalidade de Experiência Sensorial: Visual, Auditiva, Táctil e Gustativa
Memória de Curto Termo: aspecto de memória que envolve lembrança
imediata
Memória de Longo Termo: para informações apresentadas pelo menos há
30 minutos
Memória Remota: para informações que ocorreram há mais de 24 h.

Os transtornos de memória tem sido mais freqüentemente relatados como déficits de


habilidade associadas com algum tipo de disfunção cerebral.
problema de memória é também freqüentemente foco de intervenções de tratamento, e podem
ser classificados como Retrógrada ( dificuldade de memória para informação codificada antes
da lesão) e Anterógrada ( dificuldade de memória para informações subseqüentes à lesão).
No tratamento das disfunções da memória é importante identificar a fonte da dificuldade, se
possível, bem como a natureza e parâmetros da disfunção. Entendendo-se o mecanismo da
dificuldade pode-se conduzir ao desenvolvimento das intervenções apropriadas.
Dentro de uma abordagem psicológica, Dejours analisa o tema a partir da distinção de 03 tipos
de memória:

Psíquica: ligada aos mecanismos de esquecimento;


Cognitiva: referente ao estocar e evocar informações;
Memória do "Saber Fazer": ligada aos programas genéticos que necessitam de encontros
específicos com o ambiente, denominada Memória POTENCIAL ou LATENTE.

A intervenção psicopedagógica em indivíduos que tem problema de retenção vem no sentido


de auxiliar para que este faça um maior número de relações entre o objeto de estudo ( o que
quer ou precisa aprender) e suas estruturas mentais.

Hiperatividade:
A imagem composta da primeira infância e da meninice das crianças hiperativas é a de
crianças que têm dificuldade de alimentar-se, de dormir, estão muitas vezes em mau estado de
saúde e não aprendem a falar ou só falam adequadamente após os três anos de idade ou
mais.
Transtornos Emocionais
Deficiência Mental
Desenvolvimento psicomotor
Sexualidade

Atraso de Linguagem:
Considera-se atraso de linguagem crianças que:
Até 1 ano e ½ não falam palavras isoladas
A partir dos 2 anos não formam frases
Causas possíveis:
Quando os pais ou aqueles que cuidam da criança não esperam que a mesma exprima sua
vontade, antecipam-se fazendo aquilo que a criança quer fazendo com que a criança não sinta
necessidade de falar.
Quando não há estímulos adequados
Quando o meio socio-afetivo-cultural não é adequado
Quando há atraso psicomotor
Quando à perda auditiva parcial ou total
Quando à problema neurológico.
Tratamento: Fonoaudiológico
Será identificado o nível de linguagem, as causas do atraso, orientação da participação
familiar.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1 CIASCA, S. M. (org.) Distúrbios de aprendizagem: proposta de avaliação


interdisciplinar. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003, 220p.
2
MÖOJEN, S. M. P. Caracterizando os Transtornos de Aprendizagem. In: BASSOLS, A. M.
S. e col. Saúde mental na escola: uma abordagem multidisciplinar. Porto Alegre: Editora
Mediação, 2003.
3
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de
transtornos mentais. 4ª edição. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.

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