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Área Tecnológica de Plásticos

CIÊNCIA E
TECNOLOGIA DE
POLÍMEROS
Estrutura e Propriedades
Área Tecnológica de Plásticos

CIÊNCIA E
TECNOLOGIA DE
POLÍMEROS
Estrutura e Propriedades

SALVADOR
2002
Copyright 2002 por SENAI CIMATEC. Todos os direitos reservados.

Área Tecnológica de Plásticos

Elaboração: Manuel Alpire Chaves – Engº

Revisão Técnica: Alan Costa de Oliveira – MSc.

Revisão Pedagógica:

Normalização: Maria do Carmo Oliveira Ribeiro

Catalogação na fonte (Núcleo de Informação Tecnológica – NIT)


________________________________________________________

SENAI CIMATEC – Centro Integrado de Manufatura


e Tecnologia. Ciência e tecnologia dos polímeros:
estrutura e propriedades. Salvador, 2002. 40p. il.
(Rev.00)

I. Polímeros I. Título

CDD 668.4
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O SENAI CIMATEC visa desenvolver um programa avançado de suporte tecnológico


para suprir as necessidades de formação de recursos humanos qualificados,
prestação de serviços especializados e promoção de pesquisa aplicada nas
tecnologias computacionais integradas da manufatura.

Com uma moderna estrutura laboratorial e um corpo técnico especializado, o


CIMATEC desenvolve programas de intercâmbio tecnológico com instituições de
ensino e pesquisa, locais e internacionais.

Tudo isso sem desviar a atenção das necessidades da comunidade, atendendo suas
expectativas de formação profissional, suporte tecnológico e desenvolvimento,
contribuindo para uma constante atualização da indústria baiana de manufatura e
para a alavancagem do potencial das empresas existentes ou emergentes no
estado.
ESTRUTURA E PROPRIEDADES DOS POLÍMEROS

1.- INTRODUÇÃO
2.- FORÇAS MOLECULARES E LIGAÇÕES Q UÍMICAS EM P OLÍMEROS
2.1.- Ligações Primárias
2.1.1.- Ligação Iônica
2.1.2.- Ligação Covalente
2.1.3.- Ligação Coordenada ou Dativa
2.1.4.-Ligação Metálica:
2.2.- Ligações Secundárias
2.2.1.- Forças de Dipolo:
2.2.2.- Forças de Indução:
2.2.3.- Ligações de Hidrogênio
3.- FATORES QUE AFETAM AS PROPRIEDADES DOS POLÍMEROS
3.1.- Natureza química do monômero, peso molecular e estrutura
3.1.1.- Grupamentos funcionais e monômeros mais importantes.
4.- ESTADO DE AGREGAÇÃO NOS POLÍMEROS
4.1.- Polímeros amorfos lineares
4.1.1.- estados físicos dos polímeros amorfos lineares
4.1.2.- Orientação dos polímeros amorfos lineares:
4.2.- Polímeros cristalinos
4.2.1.- Fatores que afetam a capacidade de cristalização
5.- ESTRUTURA E PROPRIEDADES MECÂNICAS E TÉRMICAS
5.1.- Introdução
5.2.- Fatores que afetam a temperatura de transição vítrea
6.- PROPRIEDADES Q UÍMICAS DOS POLÍMEROS
6.1.- Características de Solubilidade
6.1.1.- Parâmetros de solubilidade de diversos polímeros
6.1.2.- Parâmetros de solubilidade de alguns dissolventes
6.2.- Plastificantes
6.2.1.- Principais características de um plastificante:
6.3.- Lubrificantes
6.4.- Estabilidade ao Calor
6.5.- Estabilidade aos Raios Ultravioletas
6.5.1.- Absorvedores de ultravioleta mais usados
6.5.3.- Comportamento dos polímeros sujeitos a radiações de alta energia
6.6.- Envelhecimento e comportamento frente aos agentes atmosféricos
6.7.- Retardantes de Chama
6.8.- Antiestátic
1.- INTRODUÇÃO
As propriedades físicas dos polímeros são uma função da sua estrutura molecular. Esta
estrutura depende, por sua vez, da composição química e da sua arquitetura molecular.
A composição química de uma substancia nos informa os tipos de elementos que estão
presentes na sua molécula e o número destes elementos. Assim por exemplo: o aldeído
propanal e a cetona propanona têm moléculas compostas de 3 átomos de carbono, 1 átomo de
oxigênio e 6 átomos de Hidrogênio. Ambas substâncias, propanal e propanona, têm a mesma
formula empírica.
A constituição de uma substancia diz a maneira como os átomos estão ligados entre si,
definindo a estrutura do composto. Assim, a propanona e o propanal têm uma mesma
composição, mas tem uma estrutura diferente.

CH3 – C – CH3 CH3 –C H2 – C =O


|| |
O H
Propanona propanal

A relação que existe entre a estrutura molecular e suas propriedades está muito influenciada
pela “flexibilidade da cadeia”.
Os principais fatores que deteminam a flexibilidade da cadeia são:
1.- Energia Potencial das Barreiras Rotacionais .- No exemplo de uma molecular de etano,
seria a energia necessária para que os átomos de Hidrogênio, ligados aos Carbonos, possam
girar ao longo da ligação sigma, que une os dois átomos de Carbono.

H
H
H
H
H

Antes de considerar o caso especial de rotação ao redor das ligações simples no polímero, será
interessante observar as rotações nas moléculas simples.

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No caso hidrocarbonetos simples, tal como o etano, necessita de 2 kcal/mol para
promover a rotação livre envolta da ligação sigma que une os dois átomos de carbonos.
A rotação de uma parte da molécula ao redor de outra depende da proximidade existente entre
certos grupos específicos.
Quando estes grupos ou átomos específicos se encontram muito próximo a outros grupos
existentes no carbono adjacente, aparece freqüentemente um efeito de repulsão, devido à
presença de dipolos, ou impedimento estérico ou devido a sua estrutura eletrônica.
Em alguns casos, as ligações entre cadeias tipo ponte de hidrogênio, podem dar lugar a uma
atração em lugar de repulsão, de tal forma que a energia requerida para lograr uma rotação à
partir desta posição onde ocorre a ligação indicada alcança um valor consideravelmente alto.
Exemplos:
H
H H Me
Me
H
H H Me
H
(a) Metilacetileno Me (b) Neopentano
∼ 0,5 kcal/mol H H 4,2 kcal/mol

H CO2H

CO2H
(c) Ácido metilsucínico
∼ 15 kcal/mol

Daremos a seguir um exemplo usando o ácido metilsucínico de como varia a energia


rotacional frente à rotação da ligação simples entre carbono.
Pode-se apreciar claramente o efeito de repulsão que aparece quando os átomos ou grupos se
encontram muito próximos. Este efeito é particularmente maior quando são os grupos
carboxílicos (polares) os que se encontram próximos. Nestas posições nos encontramos com a
menor estabilidade e também com o maior impedimento à rotação.

CO2H Me
H H
Me H Me H CO2H
H
CO2H H H
H
CO2H CO2H CO2H

8
Energia Potencial

0º 60º 120º 180º 240º 300º


360º
I Alternante II Eclipsada III Alternante IV V Alternante VI
Eclipsada Eclipsada
Trans Esquerda Cis Esquerda

Assim, se considera em geral que as cadeias formadas à base de ligações C–C e C–O são
completamente flexíveis.

2. - A presença de duplas ligações, quando alternada com ligações saturadas, tornam a cadeia
mais flexível porque facilita a rotação de segmentos inteiros (polibutadieno). Porém,
sucessivas ligações duplas na cadeia principal, enrijecem a estrutura.

3.- A introdução de anéis, tal como grupos p-fenil na cadeia principal tem um efeito marcante
sobre a flexibilidade. A presença de anéis benzênicos enrijece a cadeia.
O tamanho do grupo unido ao átomo de carbono na cadeia principal pode influenciar a
flexibilidade da cadeia. Assim o politetrafluoretileno (Teflon), por exemplo, o qual difere do
polietileno no que possui flúor unido à cadeia principal no lugar do hidrogênio. O tamanho
dos átomos de flúor requer que a molécula tome uma configuração torsionada em zig-zag,
com os átomos de flúor, empilhados estreitamente ao redor da cadeia, afetando assim a
flexibilidade inerente da cadeia principal.

4.- Também a Polaridade dos grupos constituintes e da molécula, e da molécula, provocam


um aumento da rigidez da cadeia. A ligação tipo “Ponte de Hidrogênio” tem um efeito
similar à dos grupos polares. Este fator será analisado mais detalhadamente.

5) Temperatura: A energia cinética da molécula aumenta com a elevação da temperatura. A


temperaturas mais elevadas, o polímero possui uma maior energia que permite vencer as
barreiras rotacionais. Estas rotações que ocorrem nas diversas regiões das moléculas do
polímero mostrando um comportamento mais flexível.
8) Crosslinking. O crosslinking ou reticulação ou ligações cruzadas amarram as cadeias do
polímero dificultando sua movimentação. Desta forma o polímero fica muito mais rígido,
menos flexível.

9
Um maior número de ligações cruzadas menor a flexibilidade da cadeia

9) Plastificantes.- Os plastificantes são moléculas relativamente pequenas que se introduzem


entras as moléculas dos polímeros, afastando-as e reduzindo sensivelmente as ligações
secundarias e tornando o polímero mais flexível.

2.- FORÇAS MOLECULARES E LIGAÇÕES QUÍMICAS EM POLÍMEROS


A natureza das ligações, a qual mantém os átomos ligados nas moléculas é explicado em
termos de um átomo constituído por um pequeno núcleo, no qual está concentrada a massa do
átomo, com cargas positivas, envolvidas por uma nuvem ou camada de elétrons relativamente
distantes e com carga negativa.
Assim a formação de uma ligação simples que mantém dois átomos de uma molécula unidos,
tem lugar através da inteiração de elétrons pertencentes a camada mais externa de dois átomos
(elétrons de valência) originando assim um estado mais estável.
Os três tipos básicos de uma ligação simples são: o iônico, o covalente e o coordenado
(Dativa).

2.1.- LIGAÇÕES PRIMÁRIAS

2.1.1.- LIGAÇÃO IÔNICA

O enlace iônico se forma por doação de um elétron de um átomo a outro, de tal modo que em
cada átomo permanece um mínimo estável de elétrons na capa mais externa (Regra do octeto).
.. ..
+ -
Exemplo típico: Na* + . Cl : Na + *. Cl :
.. ..
Assim, o ion estável do Sódio tem uma carga positiva devido a deficiência de um elétron e o
átomo do Cloro está carregado negativamente pela razão inversa.
Este tipo de ligação química não se encontra corretamente nos polímeros de interesse
comercial.

2.1.2.- LIGAÇÃO COVALENTE

É o tipo de ligação mais importante entre os polímeros em geral nas substâncias orgânicas, o
qual se forma por compartilhamento de um ou mais pares de elétrons de valência resultando
assim uma camada eletrônica estável.
H
Exemplo: Cl * + 4 *H H– C – H
H

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Para o carbono, o número estável de elétrons em sua camada externa é oito e para o
hidrogênio é de dois elétrons. Desta forma, todos os átomos possuem ou compartilham os
elétrons necessários para sua estabilização. Quando são dois elétrons compartilhados entre
dois átomos nós teremos uma ligação simples. Se são dois pares compartilhados teremos
ligação dupla.

2.1.3.- LIGAÇÃO COORDENADA OU DATIVA


Esta ligação é semelhante à covalente em que os elétrons também são cedidos para formar o
octeto estável. Entretanto, a principal e única diferença é que apenas um dos átomos doa ou
fornece os elétrons para o outro completar seu octeto. Este átomo doador consequentemente
por ter cedido elétrons de valência (carga negativa) ficará em relação ao outro átomo que
recebeu os elétrons, ligeiramente positivo.
..
:Cl: Cl
.. .. .. /
Exemplo típico: : Cl . . B + :O R Cl – B – O – R
.. .. : | |
:Cl . R Cl R
.. ..

Oxigênio (O) é o doador ficará + positivo Boro (B) é o receptor ficará - negativo
Assim, a ligação coordenada ou semipolar tem propriedades entre as iônicas e cavalentes.
Para se estimar a polaridade de uma ligação entre dois átomos pode-se obter em função da
escala de electronegatividade. Assim quanto mais alto é o valor na tabela, mais eletronegativo
é o elemento. Também quanto maior for a diferença de eletronegatividade entre os dois
átomos formadores da ligação, tanto maior será a polaridade da ligação em questão.
Outra regra importante de se conhecer é quando a diferença em eletronegatividade for maior
que dois (2) se formará uma ligação iônica entre os átomos. Para ligações covalentes esta
diferença é menor que dois, isto é, os elementos envolvidos possuem eletronegatividades
semelhantes. A diferença de eletronegatividade é aproximadamente, igual a raiz quadrada da
energia de ressonância iônica dada em volts.

Tabela: Valores de eletronegatividade de alguns elementos.


Elemento Eletronegatividade Elemento Eletronegatividade
Césio 0,7 Carbono 2,5
Potássio 0,8 Enxofre 2,5
Sódio 0,9 Bromo 2,8
Alumínio 1,5 Nitrogênio 3,0
Silício 1,8 Cloro 3,0
Hidrogênio 2,1 Oxigênio 3,5
Fósforo 2,1 Flúor 4,0

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2.1.4.-LIGAÇÃO METÁLICA:

Este tipo de ligação não ocorre nos polímeros. Não há neste tipo de ligação formação de
camada eletrônica estável. Os elétrons livres dos elementos envolvidos são livres para se
movimentar e com isto formam uma nuvem eletrônica responsável pela excelente
condutividade elétrica. A ligação metálica é talvez a menos compreensível das ligações
primárias.

2.2.- LIGAÇÕES SECUNDÁRIAS


Experiências já mostraram que, mesmo depois de completamente usadas as valências
primárias e com tanto com moléculas covalentes e saturadas, há ainda forças que atuam entre
as moléculas. São estas forças conhecidas como Forças Secundárias ou Forças
Intermoleculares. Os primeiros estudos e condições obtidas com referências a estas forças
foram feitos por Wan der Waals e por este motivo elas são também frequentemente
conhecidas por Forças de Wan der Waals.

2.2.1.- FORÇAS DE DIPOLO:

Quando diferentes átomos em uma molécula possuem cargas iguais e opostas, a molécula é
dita polar ou tem um momento dipolar. A molécula é neutra como um todo, mas as distâncias
moleculares funcionam como um pequeno magneto capaz de atrair ou modificar por indução
outras moléculas.
Como o momentum polar depende da distância polar e da carga envolvida, quanto mais
assimétrica for à molécula maior possibilidade terá a mesma de atrair outras moléculas.
H H
Exemplo: H–C–H H–C–O–H
H H
Não Polar Simétrica Polar Assimétrica

Também é bom citar que o alinhamento dipolar se opõe ao movimento térmico das moléculas.
As forças dipolares, portanto dependem da temperatura.

2.2.2.- FORÇAS DE INDUÇÃO:

Uma molécula polar pode influenciar as moléculas vizinhas mesmo não tendo dipolos
permantentes. Um campo elétrico associado com um dipolo causa pequenos deslocamentos
de elétrons de suas posições ou orbitais originais, provocando assim a formação de dipolos
induzidos.
A força intermolecular entre o dipolo permanente e o induzido é chamada de força de
indução. A energia da força de indução é normalmente pequena e é independente da
temperatura.

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2.2.3.- LIGAÇÕES DE HIDROGÊNIO

O átomo de Hidrogênio funciona como uma ponte positiva entre 2 átomos muito
eletronegativos, estando unido o H
• a um átomo por ligação covalente
• ao outro átomo por forças eletrostáticas
O H serve como uma ponte porque devido à carga positiva + estar localizada num átomo
muito pequeno, a carga negativa - pode aproximar-se suficientemente para conseguir uma
interação.

..............
F H–O F - - - H–O

A ligação na qual um átomo de hidrogênio é associado com dois outros átomos é


particularmente importante em muitos polímeros.
Desde que os conceitos clássicos das ligações químicas permitem ao hidrogênio formar
apenas uma ligação covalente, a ligação de hidrogênio pode ser considerada eletrostática ou
de caráter iônico. Entretanto este modelo não explica outras propriedades da ligação de
hidrogênio.
A ligação de hidrogênio ocorre entre dois grupos funcionais em uma mesma ou diferentes
moléculas. O hidrogênio está usualmente ligado a um grupo ácido (como um próton doador),
tipicamente um hidroxil, um carboxil, amina, ou grupo amida.
Os outros grupos podem ser básicos, usualmente Oxigênio em éteres ou hidroxilas,
Nitrogênio como aminas e amidas, e ocasionalmente halogenios.
Algumas típicas ligações de Hidrogênio, seus comprimentos em Aº e energia de dissociação
em kcal/mol são dadas na tabela nº 3.

Comprimento da Energia de Dissociação


Ligação
Ligação – Aº kcal/mol
C – H ......... N - 3
O – H ......... N 2,8 -
O – H ......... O 2,6 – 2,8 3–6
O – H ......... CI 3,1 -
N – H ......... N 3,1 3–5
N – H ......... O 2,9 – 3,0 4
N – H ......... CI 3,2 -
N – H ......... F 2,8 -
F – H ......... F 2,4 7

As forças intermoleculares são geralmente inferiores a 10 kcal/mol. Em materiais poliméricos,


onde não existem pontes de hidrogênio, a força intermolecular de maior magnitude
corresponde aos efeitos de dispersão.

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3.- FATORES QUE AFETAM AS PROPRIEDADES DOS POLÍMEROS

As propriedades dos polímeros dependem principalmente de 3 fatores: a natureza química dos


monômeros, e suas implicações na estrutura molecular formada, tanto no que se refere à
constituição quanto à configuração, ao peso molecular e à conformação; o processo de
preparação empregado, devido ao mecanismo envolvido e, portanto, suas repercussões na
estrutura molecular; e a técnica escolhida para essa preparação, com a consequente adequação
maior ou menor do polímero formado para um determinado processo.

3.1.- NATUREZA QUÍMICA DO MONÔMERO, PESO MOLECULAR E


ESTRUTURA
No domínio das moléculas orgânicas comuns – isto é, micromoléculas – as propriedades da
substância dependem da natureza e do número dos átomos que a compõem (isto é, sua
composição química), da maneira pela qual se distribuem e se ligam uns em relação aos
outros (isto é, sua constituição), da estrutura espacial do composto formado (istoé, sua
configuração) e também da forma assumida por esses átomos interligados (isto é sua
conformação).

3.1.1.- GRUPAMENTOS FUNCIONAIS E MONÔMEROS MAIS IMPORTANTES.

R R”
C = C
R’ R”’

–R – R’ – R” – R’” MONÔMERO

–H –H –H –H Etileno

– CH3 –H –H –H Propileno

– C 6 H5 –H –H –H Estireno

– C1 –H –H –H Cloreto de vinila

– CN –H –H –H Acrilonitrila

– OOC-CH3 –H –H –H Acetato de vinila

– COO-CH3 – CH3 –H –H Metacrilato de metila

–F –F –F –F Tetrafluor-etileno

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HO – R – OH
–R– MONÔMERO
H H
– C – C – Glicol etilênico
H H
H H
– C – C – Glicol propilênico
H CH3
CH3
– C – 2,2 – Di (p-fenilol) propano ou
CH3 “Bisfenol A”

H2N – R – NH2
–R– MONÔMERO

H
– C – Hexametilenodiamina
H 6

Melamina
N N
NH2

O O
C – R – C
R’ R’
–R– – R’ MONÔMERO

H
– C – – OH Ácido adípico
H 4

– OH Ácido tereftálico

Quando a micromolécula é um monômero (isto é, tem funcionalidade igual ou maior que 2),
para que se forme um polímero são evidentemente necessárias condições adequadas, tal como
ocorrem em qualquer reação química.

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Qualquer que seja o método de preparação de um determinado composto químico – por
exemplo, o etileno – uma vez purificado, suas propriedades físicas e químicas são as mesmas.
Entretanto, conforme o processo de preparação adotado, o polietileno resultante muda de
características físicas e, mesmo químicas, passando, de material flexível e macio, a rígido e
resistente, de aplicações bastante diferentes. Isto é devido à diferença de regularidade
estrutural e de peso molecular, em cada caso. Em função dos mecanismos das reações
envolvidas, resulta uma cadeia linear, porém, com ramificações e insaturações de espaço a
espaço, ou então um encadeamento de átomos de carbono metilênico, altamente regular.
Essa variação estrutural influi decisivamente nas propriedades do material: as ramificações
dificultam a aproximação dos segmentos de cadeia e diminuem as interações desses
segmentos, reduzindo a energia total envolvida nessas interações e a energia necessária para
destruí-las, e do mesmo modo, a temperatura e a força necessárias a essa destruição. Em
consequência, amaciam e flexibilizam o produto formado.
Portanto, as ramificações funcionam como plastificantes internos do polímero regular, sendo
esse um caráter intrínseco, permanente, do material, em contraposição a igual efeito obtido
através da adição de plastificantes externos, que são removíveis por meio físicos e assim vão
modificando progressivamente as qualidades do produto.
O peso molecular dos polímeros depende das condições de polimerização, para cada
monômero. Para uma mesma estrutura macromolecular, as propriedades dos polímeros
variam progressivamente com o peso molecular; essa variação torna-se pouco expressiva
quando esses pesos atingem ou excedem ordem de grandeza de 105. Paralelamente a esse
aumento, podem ser esperados aumentos na viscosidade de suas soluções, na capacidade de
formação de filmes, no ponto do amolecimento, na resistência à tração, na resistência ao
impacto, etc., bem como diminuição de solubilidade.
Verifica-se que os produtos de poliadição têm pesos moleculares sempre mais elevados que os
de policondensação, e que os produtos naturais têm pesos moleculares muito altos, sendo
reduzidos por tratamentos físicos ou químicos necessários à sua processabilidade.
Como os polímeros não são
substâncias “puras”, no Peso Molecular do Poliestireno Cristal
sentido usual de Química
Orgânica, porém misturas de 12%
moléculas de diferentes pesos
moleculares e mesmo 10% Mn= 105.000 molec.grama
Mw= 297.000
diferentes estruturas, embora 8% Mz= 703.000
possam ter praticamente a Mw/Mn= 2.83
% Peso

mesma composição 6%

centesimal, é importante 4%
conhecer a curva de
distribuição desses pesos e o 2%

peso molecular médio do 0%


produto. A figura abaixo 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4

apresenta distribuição de Peso molecular x 10^6 molec.grama


pesos moleculares de
amostras de poliestireno obtidas em cromatógrafo de permeação de gel (GPC).

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4.- ESTADO DE AGREGAÇÃO NOS POLÍMEROS

Sabemos que as moléculas simples, tais como a água, etanol, cloreto de sódio, podem existir
nos três estados físicos, isto é, sólido, líquido e gasoso, de acordo com as condições
ambientais. A uma pressão determinada, um material tal como a água pura possui uma
temperatura definida para o ponto de fusão, e outra para o ponto de ebulição.
Já com os polímeros, as mudanças de estado físico são menos definidas e geralmente ocorrem
em um intervalo de temperatura.
Estudaremos a seguir o comportamento dos polímeros amorfos e cristalinos, como também os
materiais entrecruzados ou reticulados.
Um polímero pode ser
1. Amorfo
2. Cristalizável

Definimos Cristal ou substância cristalina aquele material cujos átomos ou moléculas:


• estão localizados em posições relativamente definidas e ordenados,
• que se repetem em 3 dimensões
• e que formam uma figura geométrica.
Um material amorfo é aquele cujos átomos não tem um ordenamento espacial, não seguem
nenhum ordenamento geométrico.
As substâncias que tem moléculas pequenas (ex: água) são:
• totalmente cristalinas (quando sólidos)
• ou totalmente amorfas (quando líquidos).

Polímeros cristalinos são aqueles que apresentam na sua estrutura uma percentagem elevada
de regiões cristalinas. As moléculas dos polímeros são apenas parcialmente cristalinas (ou
semicristalinas), devido ao tamanho e complexidade das moléculas, possuindo regiões
cristalinas dispersas no interior do material amorfo ou então são totalmente amorfas.
Seria melhor chamar os polímeros cristalinos de polímeros cristalizáveis. Isso porque um
polímero que se apresenta na forma cristalina pode também se apresentar com uma estrutura
amorfa. Qualquer polímero cristalizável se for fundido e depois resfriado rapidamente a uma
temperatura menor que a Tv, ele fica amorfo.

4.1.- POLÍMEROS AMORFOS LINEARES


Um polímero amorfo linear, como por exemplo, o Poliestireno ou o polimetacrilato de metila,
podem existir em diferentes estados físicos, de acordo com a temperatura e consequentemente
o peso molecular do polímero, conforme a figura abaixo.
Uma substância de baixo peso molecular tem uma certa temperatura abaixo da qual se
apresenta como um sólido rígido e acima dela a substancia será líquida. Assim, o ponto de
fusão desta substancia será essa temperatura na qual as moléculas adquirem suficiente energia
para moverem-se independentemente uma das outras, sendo capazes de fluir.

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Zona de Transição Difusa
T
E
M Líquido Viscoso
P
E
Polímeros
R Tipo Borracha amorfos
A
T Transição Vítrea
U
R Vítreo -sólido
A
M1 M2
PESO MOLECULAR

O comportamento seguido pelos polímeros ou substancias de alto peso molecular é diferente


do comentado anteriormente. Assim, para pesos moleculares altos (como por exemplo M2),
não mais teremos o ponto de fusão definido a que referimos anteriormente. Observa-se uma
zona intermediária onde os materiais adquirem propriedades de borracha.
Nestes casos se aprecia duas temperaturas de transição, uma temperatura de transição sólida
rígido-borracha (conhecida como temperatura de transição vítrea) e uma segunda temperatura
de transição borracha – líquida, pouco definida a qual se denomina temperatura de intervalo
de fluxo ou faixa de temperatura de fusão.

4.1.1.- ESTADOS FÍSICOS DOS POLÍMEROS AMORFOS LINEARES

No estado sólido os polímeros são duros e rígidos. Os polímeros amorfos são transparentes,
similares em certos aspectos ao vidro, porque este estado é conhecido comumente como
“estado vítreo”. Neste estado não existem praticamente outros movimentos moleculares a não
ser o de rotação dos enlaces e os de vibração.
Acima da temperatura de transição vítrea (estado tipo borracha) a molécula tem mais energia,
chegando a ser possível o movimento dos segmentos moleculares (ou partes da cadeia
molecular).
Abaixo desta temperatura, as moléculas não têm suficiente energia para movimentar-se,
comportando-se como um sólido rígido.
O fluxo do material plástico terá lugar quando existir suficiente energia para promover uma
uma movimentação completa dos segmentos moleculares. No estado tipo borracha o
movimento que pode permitir que flua está limitado ou freado pelo emaranhamento das
cadeias e pelo entrecruzamento originado pelas forças secundárias (em alguns casos, de tipo
primário).
Neste estado com maior energia, as moléculas se dispõem ao acaso, tem conformações
diversas tipo embobinadas, enoveladas, que resultam da rotação livre ao redor dos enlaces
covalentes simples da cadeia principal ( – C – C – ).

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Sob a ação de uma tensão aplicada sobre elas, as moléculas tendem a desenrolar, e na
ausência de cristalização ou ruptura prematura, o material pode estirar-se até que as moléculas
adotem a conformação completamente estirada.
Com alguns tipos de borracha se conseguem alongações de 1.200%. Ao eliminar a tensão
exercida, a molécula voltará a se enrolar como resultado da livre rotação ao redor dos enlaces.
Em materiais comerciais tipo “borracha”, os processos de desenrolar e enrolar tem lugar em
frações de segundos. Assim, existem muitas propriedades que mudam de valor
consideravelmente ao passar do estado tipo borracha para o vítreo, como conseqüência das
variações na mobilidade molecular entre as quais podemos citar:
• Volume específico;
• Calor específico;
• Características de tensão – deformação;

4.1.2.- ORIENTAÇÃO DOS POLÍMEROS AMORFOS LINEARES:

Se esquentarmos um polímero amorfo linear a uma temperatura acima da transição vítrea e


posteriormente o submetermos a uma tração, as moléculas terão de se alinhar na direção da
tensão aplicada.
Se a seguir esfria-se este polímero abaixo da temperatura de transição vítrea, mantendo a
amostra sob tensão, as moléculas ficarão como congeladas neste estado orientado. Este tipo
de orientação pode ter efeito importante sobre as propriedades do polímero. Se submetermos
um filamento de Poliestireno as operações indicadas de aquecimento, estiramento e
refrigeração, embora se encontre tensionado obteremos um filamento mais delgado, com suas
moléculas alinhadas e com uma resistência à tração que pode ser de cerca de cinco vezes
maior que a do filamento não submetido às operações indicadas.
Entretanto a resistência à tração do filamento em sua direção transversal é muito mais baixa
do que na direção longitudinal. Isso é conhecida como Anisotropia do material. Neste caso,
dizemos que um polímero tensionado numa direção, mostrando diferencia nos valores das
propriedades em função do sentido de orientação, é um polímero anisótropo.
O comportamento anisótropo pode ser comprovado também nas propriedades óticas e os
efeitos de orientação podem observar-se e medir-se em um certo grau por método de
birrefrigência.
As moléculas dos materiais assim orientados se encontram em um estado instável, tendendo a
tomar uma forma mais enrolada, devido à rotação ao redor dos enlaces simples. Se a amostra
orientada é esquentada, suas moléculas começam a se desenrolar logo que adquirem energia
suficiente para vencer o estado congelado dando lugar a que a amostra sofra encolimento.
Devido a este fato, os materiais orientados têm normalmente uma temperatura de distorção
mais baixa que os materiais não orientados.
Além da orientação monoaxial, é possível também nos polímeros amorfos a orientação
biaxial. Por exemplo, esquenta-se acima da temperatura vítrea uma placa de polimetacrilato
de metila e se estira nas duas direções simultaneamente, se conseguirá uma disposição planar
das moléculas.

19
4.2.- POLÍMEROS CRISTALINOS

Se uma molécula polimérica possui uma estrutura regular pode chegar a ordenar-se e alcançar
um certo grau de cristalinidade. Podemos mencionar que os fatores que afetam a
cristalinidade são: a) a linearidade do polímero b) a ausência de ramificações laterais na
cadeia poliméricas e c) um alto grau regularidade estrutural. Exemplos bem conhecidos de
polímeros cristalinos são: polietileno, polipropileno, resinas acetálicas, poliamidas,
politetrafluoretileno, etc.
Existem diferenças fundamentais entre cristalização das moléculas simples, tais como a água,
sulfato de cobre e dos polímeros assinalados. A falta de rigidez, por exemplo, no polietileno
indica um grau de cristalinidade muito menor do que as moléculas simples, tipo NaCl.
Apesar disto, a presenças de regiões cristalinas em um polímero dá origem a mudanças
importantes em propriedades tais como: densidade, rigidez e transparência.
Para se explicar o fenômeno de cristalinidade dos polímeros podemos lançar mão de uma
teoria que diz da existência de pequenos cristais presentes em certos polímeros, cristais estes
da ordem de poucos angstrons (Aº) de comprimento. Os cristalitos consistem pois em
pequenas pilhas de segmentos pertencentes a diferentes moléculas, as quais se empilham
dentro de uma alta ordem de regularidade. O processo de empilhamento é altamente
específico e pode ser visto a partir de ensaios de difração de Raios X.

Teoria da Micela Franjada. Uma das Teorias mais antigas sobre a cristalinidade dos
polímeros, e aceita durante muitos anos, foi o modelo da Micela Franjada. Segundo esse
modelo um polímero semicristalino está composto por pequenas regiões cristalinas
(cristalitos, ou micélas), envolvidas por uma matriz amorfa, composta por moléculas
orientadas aleatoriamente.
Dessa forma, uma única molécula da cadeia poderia passar através de vários cristalitos, bem
como das regiões amorfas intermediárias. Se pensava que as moléculas poliméricas passavam
através de zonas cristalizadas e zonas amorfas, em disposição molecular ao acaso. Assim,
poderíamos dizer que os “cristalitos” se encontravam embebidos em uma matriz amorfa.

Diagrama ilustrada a estrutura proposta da “micela em franja” de polímeros semicristalinos.

Esta teoria permitiu explicar muita das propriedades dos polímeros cristalinos, no entanto, não
explicava a formação de certas estruturas cristalinas, de maior tamanho, tais como as
“esferolitas” as quais podiam alcançar diâmetros de até 0,1mm.

20
Teoria Lamelar . Como resultado dos trabalhos realizados sobre monocristais
poliméricos a partir de soluções, nasceu uma nova escola, a qual considera que a “teoria
micelar” é incorreta. Em seu lugar estabeleceu-se atualmente novo conceito que se crê que as
moléculas poliméricas se grudam umas sobre as outras mesmo a intervalos ao redor de 100
Aº, formando lâminas, as quais constituem a estrutura fundamental de um polímero cristalino.
Esses cristais obtidos a partir de soluções de polímeros nas quais o solvente vai sendo retirado
lentamente, formam “lamelas” cristalinas que tem as seguintes características:
• são placas delgadas ou lamelas com formato regular,
• de aproximadamente 10 a 20 nm de espessura
• e com um comprimento da ordem de 10 a 100 µm.
• essas placas tem estruturas c/ múltiplas camadas.
• cada placa é composta por muitas moléculas
• o comprimento médio da cadeia é maior do que a espessura da plaqueta
• as cadeias moleculares dentro de cada placa se dobram para frente e para trás sobre
elas mesmas, com as dobras ocorrendo nas faces; por isso essa estrutura é chamada
apropriadamente de modelo da cadeia dobrada.

Estrutura de cadeia dobrada para cristais de polietileno. Um feixe em forma de leque abrindo-se de
fibrilas, no nylon 6. Micrografia eletrônica.

Esferulitas.- Quando alguns polímeros fundidos são resfriados lentamente é possível


observar um novo tipo de cristais diferentes daqueles em forma de lamelas obtidos a partir de
soluções poliméricas. Neste novo tipo de cristal a cristalização se estende pelo crescimento de
lâminas, tipo lamelas, a partir de um ponto central. Por diversas causas, tais como pequenas
ramificações ou outro tipo de irregularidade na estrutura da molécula, o crescimento ocorre
em todas as direções dando lugar à formação de esferas (esferulitas).
Estas estruturas cristalinas, quando observadas através de um microscópio de luz polarizada,
mostram formas semelhantes a uma cruz de malta.

21
Esferulitas em forma de arbusto em polipropileno. Micrografia óptica com polarizadores cruzados.
Esferulitas crescendo em polipropileno isotático. Micrografia óptica com polarizadores cruzados.

O empilhamento das moléculas poliméricas dá lugar a um aumento da densidade do polímero.


Por outro lado, a diminuição das distâncias intermoleculares que ocorre nos cristais dá origem
a um aumento das forças secundárias que mantém as moléculas mais unidase incrementando o
valor de muitas das propriedades do material tais como a resistência à tração, rigidez e ponto
de amolecimento. Se não fora pela cristalização, o polietileno seria um material tipo borracha
à temperatura ambiente.
A probabilidade de formação de núcleos cristalinos é maior imediatamente acima da
temperatura de transição vítrea, dado que neste ponto a velocidade de movimento segmental é
baixa e quando por considerações de energia rotacional as moléculas tendem a tomar uma
conformação estendida. Acima da temperatura de fusão os núcleos não se formam
desaparecendo qualquer tipo de cristalinidade existente.
A cristalização ocorre entre a temperatura de transição vítrea e o ponto de fusão, encontrando-
se a velocidade máxima de cristalização a uma temperatura aproximadamente metade entre os
dois pontos de transição indicados. Esta temperatura onde ocorre a maior velocidade de
cristalizacao é conhecida como Temperatura de Cristalização Tc.

Tempo em horas
-60 -40 -20 0 20

Existem certas diferenças entre as propriedades de um polímero cristalizado a uma


temperatura imediatamente acima da temperatura de transição vítrea comparado com a

22
cristalização imediatamente abaixo da temperatura de fusão. No último caso, se obterá
cristalitos de grande tamanho, os quais interferem com as ondas luminosas causando
opacidade e sendo às vezes frágil. No primeiro caso, o material formado por estruturas
cristalinas menores geralmente mais transparentes.
As propriedades do polímero dependerão também do tempo de permanência do material entre
as duas temperaturas de transição. Por outro lado, os polímeros com uma temperatura de
transição vítrea abaixo da temperatura ambiente terão tempo de sobra para cristalizar e
alcançar o equilíbrio correspondente.
Em muitos materiais resulta intensamente e desejável obter um alto grau de cristalinidade
constituído por pequenos cristalitos.
Uma alta e homogênea velocidade de nucleação requerem, entretanto, manter o polímero a
uma temperatura acima da temperatura de transição vítrea. Entretanto, na prática, as
operações de moldeio e desmoldeio, se realizam a altas velocidades, contrariando o que seria
de desejar ou seja obter a cristalinidade ótima.
É comum hoje, alcançar altas velocidades de nucleação, junto com alto crescimento, por meio
da “nucleação heterogênea”, fazendo uso de germens de nucleação com pequenas partículas
estranhas (partículas de outros polímeros que tenha um ponto de fusão mais alto).

4.2.1.- FATORES QUE AFETAM A CAPACIDADE DE CRISTALIZAÇÃO

No caso de um polímero amorfo, a temperatura de transição vítrea definirá se um polímero é


do tipo borracha, ou plástico vítreo a uma temperatura dada.
Se o polímero cristaliza, praticamente a possibilidade de comportar-se como uma borracha
desaparece devido aos baixos valores de mobilidade segmentar, como conseqüência do
empacotamento (empilhamento) das cadeias na cristalização. Nestas circunstâncias, pois, a
temperatura de transição vítrea tem menor efeito sobre as propriedades físicas do polímero.
A capacidade ou facilidade com que um material se cristaliza vem determinada pela
regularidade de sua estrutura molecular. Uma estrutura regular é potencialmente capaz de
cristalizar, embora que uma estrutura irregular dá sempre polímeros amorfos.

As irregularidades em um polímero se devem a uma das seguintes causas:

1- Copolimerização;
2- Introdução de grupos de forma irregular;
3- Ramificações;
4- Falta de estereoregularidade;
5- Diferenças em isomerismo geométrico.

A copolimerização é um método efetivo de reduzir a regularidade e, por conseguinte, reduzir


a capacidade de cristalização. O polietileno é um material cristalino o qual perde sua
facilidade de cristalização ao introduzir em sua cadeia unidades de Propileno ao acaso,
transformando-se em um copolímero com características elásticas.

23
A inclusão de grupos de forma não regular dá origem a um efeito similar ao anterior.
Assim o polietileno parcialmente clorado dá lugar, ao reduzir sua regularidade a um material
tipo borracha. Outro exemplo o Hypalon que é um polietileno clorado com pequena
percentagem de grupos sulfônicos.

Os polietilenos ramificados obtidos com altas pressões (tipo Polietileno de Baixa Densidade)
são menos cristalinos e de mais baixa densidade que os polietilenos com menos ramificações
(Polietileno de Alta Densidade).

O conceito de estereoregularidade alcançou nos últimos anos uma apreciação e um interesse


excepcional.
Da forma convencional em que se apresenta, por exemplo, o polipropileno linear sobre o
papel, se tem uma idéia de conformação.

H H H H H H
| | | | | |
– C – C – C – C – C – C –
| | | | | |
H CH3 H CH3 H CH3

No entanto, a dita molécula ainda que em sua forma completamente estendida, não é planar.
Isto nos dá idéia das diferentes formas ou conformações que pode adquirir a molécula de
polipropileno no espaço, ou outro polímero qualquer.

Formas:

a) Isotáctica

b) Sindiotática

c) Atáctica

24
Na estrutura tipo isotáctica, em que todos os grupos R – (metila) se encontram a um mesmo
lado da cadeia principal.

A estrutura denominada sindiotáctica, com posições alternantes dos grupos metilos e


finalmente uma estrutura não regular a estrutura atáctica, onde os grupos metilos se dispõem
ao azar sem ordem determinada.

Não é possível passar de uma forma a outra por simples rotação da molécula ao redor das
ligações – C – C – .
Assim, as estruturas apresentadas são diferentes da estrutura planar e não intercambiáveis,
devendo esperar das mesmas propriedades também diferentes para ditos polímeros no estado
sólido.
Na prática é difícil preparar estruturas isotácticas ou sindiotácticas perfeitas. Uma molécula de
polímero estará formada, pois, por partes atácticas e partes sindiotácticas, influindo a
percentagem de uma estrutura ou outra nas propriedades dos polímeros.
As moléculas de polipropileno isotático no estado cristalino tem forma helicoidal, com giro
bem no sentido dos ponteiros do relógio (esquerda p/ direita) ou ao contrário.
As estruturas regulares, sindiotácticas ou isotácticas podem cristalizar-se embora as atácticas
se encontrem normalmente no estado amorfo.
No caso do polipropileno, a estrutura isotáctica dá lugar a um material cristalino, formador de
fibras, sendo também um termoplástico de interessantes propriedades (resiste a ebulição da
água, usado tubos de polipropileno para águas quentes).
O Poliestireno comercial é atático e amorfo (estado vítreo) mas o polímero isotático preparado
em laboratório é cristalino.

25
5.- ESTRUTURA E PROPRIEDADES MECÂNICAS E TÉRMICAS

5.1.- INTRODUÇÃO

Os fatores determinam que um polímero seja VÍTREO, tipo borracha, ou formador de


FIBRAS são os seguintes: Flexibilidade da cadeia polimérica, Intensidade de atração
intermolecular e finalmente o grau de regularidade do polímero.
A relação entre estes três parâmetros foi esquematizada graficamente por Swallow. A
importância destes fatores procede da influência dos mesmos, sobre a temperatura de
transição vítrea a capacidade de cristalização do material, e quando existe, o ponto de fusão
do cristalino.

Amorfo, tipo vítreo Cristalino, formador de fibras

Poliacrilato de metila Politetrafluoretileno


Poliestireno Nylon
Polimetacrilato de metila Poliacrilonitrila
Poliacetato de vinila
Policloreto de vinilideno
Polietileno clorado
Poliacrilato de n-Butila PVC Polietileno
Poliésteres Alifáticos
Metoxi Guta-percha
PVC Metil Nylon
Plást.

Irregular SBR Neoprene Regular


Borracha Butílica
Borracha Natural
Aumento da Atração Poliisobutileno
Intermolecular e ou
Rigidez Molecular.

Tipo Borracha: Aumento de regularidade da estrutura molecular

Nos polímeros, a temperatura que limita o estado sólido, de alta rigidez, do estado sólido
borrachoso é chamada de Temperatura de Transição Vítrea. Ela não envolve nenhuma
mudança de fase, como a Temperatura de Fusão, por isso é considerada uma Temperatura de
Transição de segunda ordem.

26
Nos polímeros cristalinos temos
a) Um liquido fundido, com regiões amorfas, quando a temperatura está acima da
Temperatura de Fusão.
b) Um sólido borrachoso, com regiões amorfas e cristalinas, quando a temperatura situa-se
abaixo da Temperatura de Fusão e acima da temperatura de Transição Vítrea.
c) Um sólido cristalino, com regiões amorfas e cristalinas, quando a temperatura está
abaixo da Temperatura de Transição Vítrea.
Nos polímeros amorfos temos:
a) Um líquido fundido, com regiões amorfas, quando a temperatura está acima da
Temperatura de Fusão.
b) Um sólido borrachoso, com regiões apenas amorfas, quando a temperatura situa-se
abaixo da Temperatura de Fusão e acima da temperatura de Transição Vítrea.
c) Um sólido vítreo, com regiões amorfas, quando a temperatura está abaixo da
Temperatura de transição vítrea. Este sólido vítreo é considerado apenas um “liquido
super-resfriado”, com uma viscosidade da ordem de 1013 poise, o que corresponde à
consistência de um sólido.

5.2.- FATORES QUE AFETAM A TEMPERATURA DE TRANSIÇÃO VÍTREA


São aqueles fatores que afetam a mobilidade inerente ou intrínseca de uma cadeia polimérica
ligada por ligações simples. Aqueles cuja influência procede da proximidade e interação de
muitas cadeias poliméricas.
• Assim, se considera em geral que as cadeias formadas à base de ligações C–C e C–O são
completamente flexíveis.
• De outro lado, a introdução de anéis, tal como grupos p-fenil na cadeia principal tem um
efeito marcante sobre a flexibilidade.
• O tamanho do grupo unido ao átomo de carbono na cadeia principal pode influenciar a
temperatura de transição vítrea. Assim o politetrafluoretileno (Teflon), por exemplo, o qual
difere do polietileno no que possui flúor unido a cadeia principal no lugar do hidrogênio.
O tamanho dos átomos de flúor requer que a molécula tome uma configuração torsionada
em zig-zag, com os átomos de flúor, empilhados estreitamente ao redor da cadeia, afetando
assim a flexibilidade inerente da cadeia principal.
O polipropileno e outros polímeros obtidos à partir de olefinas ramificadas tem uma
temperatura de transição vítrea mais alta que a do polietileno. Isto devido a substituição de
um hidrogênio na cadeia por grupos metila.
• Também a presença de grupos ou átomos polares, tal como o cloro, origina um aumento
no ponto de transição vítrea, como no caso do PVC que possui uma temperatura de
transição vítrea muito mais alta que o P.E.
• A ligação tipo “Ponte de Hidrogênio” tem um efeito similar a dos grupos polares. Assim,
por exemplo o Nylon 6, que difere do polietileno pela existência dos grupos – CONH –,
tem um ponto de transição vítrea mais alta que o polietileno, devido a sua capacidade de
formação de ponte de hidrogênio.

27
• O peso molecular de um polímero afeta também a temperatura de transição vítrea.
Assim, um polímero de baixo peso molecular tem um maior número de “finais de cadeia”,
para um volume dado de polímero de alto peso molecular. Dado que os “finais de cadeia”
têm uma maior mobilidade que os segmentos inferiores, as moléculas de menor peso
molecular retêm a capacidade de mobilidade rotacional à temperaturas mais baixas que as
de alto peso molecular.
• Também é bom mencionarmos que quanto maior é o grau de intercruzamento, um material
termofixo, mais alto é o ponto de transição vítrea.
• Por outro lado, a adição de líquidos a um polímero da origem a uma separação entre as
cadeias e um incremento de sua mobilidade geral, caso por exemplo da plastificação, onde
se observa uma redução marcante na temperatura de transição vítrea. A adição de uns 40
phr de DOP ao PVC rígido reduz de 100% sua temperatura de transição.

Resumindo, os fatores que afetam a transição vítrea são os seguintes:

1- Grupos unidos à cadeia principal, os quais origina maior dificuldade (maior energia) para
a livre rotação;
2- Estruturas rígidas, por exemplo, grupos fenilos incorporados à cadeia principal da
molécula;
3- O empacotamento (empilhamento) de substituintes ao redor da cadeia principal (por
exemplo: Teflon);
4- Ligações secundárias entre cadeias – por exemplo – ligações de hidrogênio;
5- Ligações primárias entre cadeias – por exemplo – ligações cruzadas;
6- Comprimento das cadeias laterais;
7- Copolimerização;
8- Peso molecular;
9- Plastificação.

Temperaturas de Transição Vítrea (Tg) de diversos Polímeros

Polímeros Tg (ºC) Conclusões

1- Polietileno - 120 Ligações – C – C – flexíveis


Ligações – C – C – flexíveis – CH2 –
2- Polibutadieno - 85
CH = CH CH2 –
Copolimerização (75% Butad. – 25%
3- Butadieno Estireno - 55
Estireno)
Efeito de rigidez do grupo metila – CH2
4- Polipropileno - 27
– CH (CH3) –
5- Polioximetileno - 73 Flexibilidade de C – O – CH2 – O –

28
Flexibilidade de C – O e C – C
6- Poliadipato de etileno glicol - 70
– (CH2) – OOC – (CH2)4 – COO –
7- Politereftalato de etileno Rigidez do grupo fenilo
+ 67
glicol - PET – (CH2)2 – OOC – C6 H4 COO –
Atração dipolar dos átomos de cloro
8- PVC + 80
– CH2 – CH (CI) –
Efeito de rigidez do anel benzeno
9- Poliestireno + 100
lateral – CH2 – CH ( φ ) –

6.- PROPRIEDADES QUÍMICAS DOS POLÍMEROS


Estudaremos as principais propriedades químicas e físicas dos polímeros em relação aos
seguintes tópicos:

- Características de solubilidade;
- Efeito de agentes químicos específicos sobre a estrutura molecular;
- Efeito de agentes químicos específicos e ambientais sobre as propriedades dos polímeros a
elevadas temperaturas;
- Efeito da irradiação de alta freqüência;
- Envelhecimento;
- Características sobre difusão e permeabilidade;
- Toxidez;
- Propriedades óticas.

6.1.- CARACTERÍSTICAS DE SOLUBILIDADE


Um produto químico dissolve a um outro material se as moléculas dos dois materiais são
compatíveis, isto é, se podem coexistir em escala molecular e não têm tendência a se separar.
Sabemos também que a velocidade de dissolução depende de outros fatores como tamanho
molecular do dissolvente, da temperatura, etc.
Com relação ao problema de solubilidade dos polímeros, achamos melhor estudá-lo
considerando os três casos, a saber:

1- Polímeros amorfos onde não existe interação entre polímero e dissolvente;


2- Polímeros amorfos em que existe interação entre polímero e dissolvente;
3- Polímeros cristalinos.
Sabemos que duas espécies moleculares diferentes coexistem se a força de atração entre as
moléculas diferentes não é menor que as forças de atração entre moléculas iguais da mesma
espécie.
Assim, se forças de atração entre moléculas não similares A e B é FAB, entre moléculas
iguais B é FBB, e entre as moléculas de A é FAA. Para que exista compatibilidade deve
ocorrer que FAB > FBB e FAB > FAA se FAA e FBB forem maior que FAB, as moléculas
que possuem a maior atração intermolecular tenderá a aglomerar-se ou unir-se, expulsando as
moléculas não iguais ou que por sua vez se traduz na formação de duas fases distintas.

29
A B
FAA Tipos

FBB FAB
Grande número de investigadores demonstra que não existe interação específica, por exemplo,
a ligação de hidrogênio, entre um solvente e um soluto, a atuação intermolecular entre
moléculas não similares é intermediária entre as forças das espécies iguais.

FAA < FAB < FBB

Por conseguinte se FAA e FBB foram similares então FAB também o será e os dois materiais
serão solúveis.

A densidade de energia coesiva é uma medida da atuação intermolecular de um material e


pode ser obtida pela expressão:

δ = ∆H - RT
M/D
δ = densidade de energia coesiva (cal/seg.) ½
∆H = calor latente de vaporização a TºK
R = constante dos gases (1,986) M = peso molecular médio
D = Densidade T = Temperatura específica (TºK)

Na prática, encontrou-se que a não ser que exista alguma interação específica entre moléculas
não similares, e em ausência de qualquer espécie que tenda a cristalizar, os materiais são
compatíveis quando os valores dos parâmetros de solubilidade a menos da unidade. Em geral,
um polímero amorfo se dissolve em solventes, com parâmetros de solubilidade similares a dos
polímeros (diferença menor que a unidade).

Exemplos.: a borracha natural (δ = 8,3) se dissolve no tolueno (δ = 8,9) e no tetracloreto de


carbono (δ = 8,6), mas não dissolve no etanol (δ = 12,7).
Em alguns casos, como exceção, pode existir solubilidade entre substâncias de diferentes
parâmetros de solubilidade. Isto se deve a existência de pontes de hidrogênio ou outro tipo de
interação entre as moléculas não similares.

30
6.1.1.- PARÂMETROS DE SOLUBILIDADE DE DIVERSOS POLÍMEROS
Nº Polímero δ (cal/seg.) ½
1 P.T.F.E. (Teflon) 6,2
2 Polietileno 7,9 – 8,1
3 Polipropileno 7,9
4 Poliisobutileno 7,7 – 8,0
5 SBR (25% Estireno) 8,1 – 8,5
6 Borracha Natural (Poli-Isopreno) 7,9 – 8,35
7 Poliestireno 8,5 – 9,7
8 Policloropeno 9,2 – 9,4
9 Poliacetato de Vinila 9,4
10 Polimetacrilato de Metila 9,0 – 9,5
11 PVC 9,4 – 9,7
12 Politereftalato de Etileno Glicol 10,7
13 Dinitrato de Celulose 11,35*
14 Diacetato de Celulose 11,00 (aproximadamente)
15 Resinas Epoxi 11,10
16 Nylon 66 13,60
17 Poliacrilonitrila 15,40

6.1.2.- PARÂMETROS DE SOLUBILIDADE DE ALGUNS DISSOLVENTES


Nº Dissolvente δ (cal/seg.) ½ Nº Dissolvente δ (cal/seg.) ½
1 Isobutileno 6,7 24 Carbitol 9,6
2 n – hexano 7,3 25 Cloreto de metila 9,7
3 Di – etil éter 7,4 26 Ciclo hexanona 9,9
4 n – octano 7,6 27 Celosolve 9,9
5 Di – Isopropil-cetona 8,0 28 Disulfeto de carbono 10,0
6 Amil acetato de metila 8,0 29 Acetona 10,0
7 Ciclo hexano 8,2 30 n-octanol 10,3
8 2 – 2 dicloropropano 8,2 31 Butiro nitrila 10,5
9 Acetato de amila sec 8,3 32 n - hexanol 10,7
10 Metil isobutil cetona 8,4 33 Butanol - sec 10,8
11 Acetato de amila 8,5 34 Piridina 10,9
12 Metil isopropil cetona 8,5 35 Nitroetano 11,1
13 Tetra cloreto de carbono 8,6 36 n - butanol 11,4
14 Xileno 8,8 37 Ciclo hexanol 11,4
15 Dimetil éter 8,9 38 Isopropanol 11,5
16 Tolueno 8,9 39 Dimetilformamida 12,1
17 Butil celosolve 8,9 40 Etanol 12,7
18 ½ - dicloropropano 9,0 41 Cresol 13,3
19 Acetato de Etila 9,1 42 Ácido fórmico 13,5
20 Benzeno 9,2 43 Metanol 14,5
21 Clorofôrmio 9,3 44 Fenol 14,5
22 Tricloro etileno 9,3 45 Glicerina 16,5
23 Tetra cloro etano 9,4 46 Água 23,4

31
6.2.- PLASTIFICANTES
São simples dissolventes (esteres orgânicos ou não) de alto ponto de ebulição e de peso
molecular não inferior a 300 molecula-grama.
Quando adicionados a um polímero dão um produto final sem pegajosidade e com uma
temperatura de processamento mais baixa, conferindo também maior flexibilidade e maciez
ao produto. Assim, quando adicionamos 45 a 65 partes de DOP (Di-octilftalato) ao PVC,
transformamos este polímero de um material sólido, rígido e duro à temperatura ambiente em
outro material de características similares à borracha.
À temperatura ambiente a dificuldade de penetração dos plastificantes entre as cadeias
poliméricas e sua conseqüente dissolução é extremamente baixa. Por este motivo, é necessário
levar o sistema polímero-plastificante a elevadas temperaturas com a finalidade de que a
dissolução ocorra.

6.2.1.- PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DE UM PLASTIFICANTE:

1- Deve possuir peso molecular acima de 300;


2- O parâmetro de solubilidade deve ser o da mesma ordem de grandeza ao do polímero;
3- Se o polímero tem alguma tendência a cristalizar deve ser capaz de alguma interação
específica com o polímero;
4- Deve ser de preferência líquido à temperatura ambiente.

Daremos a seguir uma tabela com os parâmetros de solubilidade de alguns plastificantes:


Plastificantes δ (cal/seg.) ½
1 – Óleos parafínicos 7,5 (aproxim.)
2 – Óleos aromáticos 8,0 (aproxim.)
3 – Adipato de di-isoctila 7,5
4 – Cânfora 7,5
5 – Sebacato de di-octila 8,7
6 – Ftalato de di-isodecila 8,8
7 – Sebacato de di-butila 8,9
8 – Ftalato de 2 etil hexila 8,9
9 – Ftalato de di-isoctila 8,9
10 – Ftalato de di-butila 9,4
11 – Fosfato de trifenila 9,8
12 – Fosfato de tritolila 9,8
13 – Éter dibutílico 10,0
14 – Fosfato dimetila 10,5
15 – Santicizer 8 10,0 (aproxim.)

Observando esta tabela chegamos às seguintes conclusões:

32
• O ftalato de dimetila (δ = 10,5) e os óleos parafínicos (δ = 7,5) não são plastificantes do
PVC (δ = 9,4 – 9,7).
• Normalmente, os sebacatos que gelificam mais lentamente no PVC dão produtos que são
mais flexíveis à temperaturas mais baixas.
• Comparando a tabela dos polímeros e dos plastificantes concluímos que os óleos
aromáticos são plastificantes das borrachas naturais, que o ftalato de di-butila plastifica o
polimetacrilato de metila, o fosfato de tritolita às borrachas sintéticas e o ftalato de
dimetila ao diacetato de celulose.
• Os plastificantes com alto grau de solvatação possuem pelo menos, uma das seguintes
características químicas:
- Aromaticidade
- Alta polaridade
- Cadeias pequenas ou altamente ramificadas
- Baixo peso molecular
• Plastificantes com menor grau de compatibilidade geralmente não funcionam como bom
solvatador e, por isso, requer altas temperaturas de trabalho.

Assim, quando se determina um sistema plastificante, para uma determinada formulação


de um polímero, os seguintes itens devem ser levados em conta:

• Propriedades Físico-químicas do composto


• Preço de custo
• Facilidade de trabalho
• Compatibilidade (solvatação)
• Durabilidade
• Comportamento às intempéries (UV e umidade)
• Coloração
• Toxidez
• Resistência ao fogo
• Estabilidade térmica
• Gosto – cheiro.

6.3.- L U B RIFICA N TES


Quando o termo “lubrificante” é usado referindo-se a termoplásticos ele cobre uma
infinidade de materiais que proporcionam uma maior facilidade de movimento do polímero
em relação a si próprio ou a outros materiais. A ação destes aditivos supre na realidade
dois tipos de lubrificação, classificadas como lubrificação interna e lubrificação externa.
A lubrificação interna aumenta a facilidade com que as moléculas do polímero deslizam
umas sobre as outras, resultando em menor viscosidade, melhor fluxo, e menor energia
requerida no processo. Obviamente, a lubrificação interna se aplica somente ao
termoplástico fundido, no estágio pastoso em que é processado.

33
A rigor, o efeito dos plastificantes também deve ser correlacionado, de alguma forma,
com a lubrificação interna, uma vez que esta última influi inclusive na estabilização do
material, impedindo que atritos internos elevem a temperatura a ponto de causar a
degradação do mesmo.
A lubrificação externa se aplica tanto ao termoplástico no seu estado pastoso quanto ao
mesmo quando sólido. Visa facilitar a movimentação do termoplástico, na rosca do
cilindro da máquina injetora, inclusive a movimentação interpartículas dos pellets na 1ª
região da rosca, bem como a movimentação do material já plastificado nos canais de
distribuição e na cavidade do molde, desta forma, influindo na qualidade de superfície da
peça injetada. Visa também diminuir o atrito da peça com o molde, por ocasião da
extração. Na peça pronta, acrescenta propriedades superficiais que facilitam o
deslizamento sobre outros termoplásticos ou sobre metais.
Embora alguns termoplásticos como o ABS, o poliestireno e o PVC, muito se beneficiem
com o uso de lubrificantes, outros como o polietileno e o polipropileno prescindem
totalmente dos mesmos.
Os lubrificantes mais utilizados são ésteres e álcoois graxos, ácidos graxos, amidas graxas,
estearatos metálicos, ceras de polietilenos, silicones, etc.

6.4.- ESTABILIDADE AO CALOR

Os materiais plásticos são todos, em maior ou menor grau, sensíveis ao calor, podendo
aparecer efeitos os mais variáveis tais como: entrecruzamento, cisão, modificação da estrutura
da cadeia, modificação nas cadeias laterais e finalmente a completa degradação.
Na ausência de outras substâncias ativas, por exemplo, oxigênio, a estabilidade ao calor vem
determinada pela energia da ligação química presente.
Daremos a seguir os valores típicos das energias de dissociação das ligações, e a partir delas é
possível fazer certas considerações sobre a estabilidade potencial térmica de um polímero.
Na prática, entretanto, existe normalmente algum tipo de interação entre as diversas ligações,
por isto o conhecimento dos valores da energia de dissociação só nos servirá de guia.

Degradação Térmica de Alguns Polímeros


Nº Polímero Th (ºC) K 350 (%/min)
1 P.T.F.E. 509 0,0000052
2 Poli-p-xileno 432 0,002
3 Polietileno 414 0,004
4 Polipropileno 387 0,069
5 Polimetacrilato de metila 327 5,2
6 PVC 260 170

Onde Th é a temperatura na qual um polímero perde metade de seu peso, no vácuo, em 30


minutos, precedido de um reaquecimento de 5 minutos a dita temperatura.
Já K350 é a constante de velocidade de degradação em % por minuto à temperatura constante
de 350ºC.

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O politetrafluoretileno (PTFE) possui uma estabilidade fora do comum, devido às
ligações C – C e C – F presentes no dito polímero. O Poli-p-xileno contém só estrutura do
anel benzeno (muito estável termicamente) e as ligações C – C e C – H, as quais são também
estáveis.
O polietileno, que só possui grupos – CH2 – é só ligeiramente menos estável que o poli-p-
xileno.
O polipropileno tem uma estabilidade menor que o polietileno, visto que a estabilidade da
ligação C – H terciária é menor que a do carbono secundário.

Entre os termoplásticos, o mais sensível a este tipo de degradação é o PVC. A baixa


estabilidade do PVC se explica parcialmente pela baixa energia de dissociação correspondente
à ligação C – Cl e também pela existência de ligações fracas que atuam como ponto de partida
para reações de degradação, etc. O PVC não estabilizado além de extremamente sensível ao
calor e à luz ultra violeta, também sofre com forças de cisalhamento, que causam-lhe
descolorações e perda de propriedades físico-químicas. Como o PVC tem que ser aquecido à
temperaturas relativamente altas para ser processado, obrigatoriamente tem que incluir em sua
formulação estabilizantes que o protejam contra o calor e/ou luz (UV).
Estabilizantes Primários – São os materiais que podem ser usados sozinhos nas formulações
de PVC, para conseguir o nível adequado de proteção térmica.
Estabilizantes Secundários – São compostos que não podem, por si só, garantir a proteção
desejada, porém são usados geralmente em conjunto com os estabilizantes primários, por
garantir uma estabilização do PVC a longo prazo. Os estabilizantes primários mais
frequentemente usados são sais de chumbo, sabões metálicos de cálcio e zinco, sabões
metálicos de bário e cádmio, fosfitos e organocompostos de estanho. Os estabilizantes
secundários mais comuns derivam de uma das famílias de epóxis, obtidas pela epoxidação
natural de óleos vegetais insaturados, ou pela epoxidação de ésteres sintéticos de ácidos
graxos derivados de animais ou vegetais.

A alta velocidade de degradação térmica do polimetacrilato de metila pode explicar-se de


forma semelhante.

Existe evidência de que as ligações débeis estão presentes nas cadeias da maioria dos
polímeros. Tais pontos de fraqueza se encontram às vezes nos extremos das cadeias como
resultado de um mecanismo de terminação específica e outras posições não terminais, sendo
nestes casos formados por reações que podem ocorrer em um processo de polimerização.
As ligações fracas, particularmente os terminais das cadeias, são geralmente os centros de
iniciação das reações de despolimerização ou degradação. Acontece que ao separar uma
molécula de monômero do final da cadeia se obtém outra cadeia com o extremo também
instável. A reação se repete e o polímero despolimeriza ou degrada.
Existem quatro formas para moderar os diminuir consideravelmente estas reações de
degradação, a saber:
1- Evitando a formação inicial das ligações fracas com o emprego de monômeros e outros
constituíntes do sistema de polimerização rigorosamente purificados;
2- Desativando as ligações fracas ativas. Por exemplo, no poliformaldeido os grupos finais
(principalmente hidroxilas) fracos se transformam por reação com anidrido acético em
extremos estáveis;

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3- Copolimerização com uma pequena quantidade de um segundo monômero, com o
objetivo de obstruir a reação de despolimerização. Em escala industrial. O metacrilato de
metila se copolimeriza com uma pequena quantidade de acrilato de Etila;
4- Por ação de aditivos que moderam a reação da degradação. Existe no mercado uma
grande variedade de antioxidantes e estabilizantes para tal finalidade.

6.5.- ESTABILIDADE AOS RAIOS ULTRAVIOLETAS

A energia radiante é classificada de acordo com o comprimento da onda. As radiações de


menores comprimentos de onda, são aquelas chamadas de raios cósmicos, seguidos pelos
raios gama, raios x, raios ultravioletas, raios visíveis, raios infravermelhos, ondas de rádio e
finalmente radiações provenientes de linhas de transmissão que possuem comprimento de
ondas tão grandes que são medidos em quilômetros.
De acordo com a “Teoria Quântica” a radiação é emitida descontinuamente em unidades
discretas chamadas fótons. Cada fóton contém um quantum de energia e a equação que
correlaciona energia e comprimento de onda é dada por:

∈ = h C
λ

∈ = energia do fóton (erg.)


h = constante de Planck (6,63 x 1027 erg-sec)
c = velocidade da luz (3 x 1010 cm/Seg.)
λ = comprimento de onda (cm)

Como sabemos, a maioria dos polímeros se modificam quando são expostos à luz e
particularmente à luz solar, sendo esta energia radiante luminosa parcialmente absorvida pelas
estruturas químicas que formam o polímero.
Vimos que quanto mais baixo for o comprimento de onda maior será a energia.
Felizmente, a maioria das ondas com comprimento menor que 3.000 Aº (300 m·) são
absorvidos ou destruídos antes de alcançar a superfície da terra.
Assim, são raios de comprimento de onda entre 3.000 a 4.000 Aº (300 a 400mµ) que
fundamentalmente dão origem a problemas de deterioração nos polímeros.
Daremos a seguir um gráfico da intensidade das radiações de diferentes comprimentos de
onda que alcançam a superfície da terra.
Assim, a 3.500 Aº a energia da luz tem um valor correspondente a 82 kcal/mol valor este
superior à energia de dissociação de algumas ligações (– O – O – ; – S – S – , C – N; C – C).
Também é bom ser mencionado que um determinado comprimento de onda poderá causar
maior ou menor problema de degradação dependendo da freqüência de absorção de suas
ligações.

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Energia Relativa – E –

100

75

50

25

0 500 1000 1500


Comprimento de onda (λ) em mµ

• Um grupo tipo carbonila C = O absorve os raios ultravioletas numa faixa de


comprimento de onda de 270 – 360 mµ em diferentes compostos.
• anel aromático benzeno absorve acima de 350 mµ; mas quando combinado com o grupo
carbonila cromóforo absorvem acima de 350 mµ.
• A ligação dupla C = C, isolada, absorve abaixo de 200 – 250 mµ, mas quando temos
grupos alternados e conjugados próximos a absorção será feita em comprimentos de onda
na faixa acima de 300 mµ, até atingir a faixa dos grupos cromóforos do tipo carotenoides.
• Assim a região nefasta dos raios ultravioletas de 300 – 400 mµ corresponde a um nível de
energia que vai de 70 kcal a 95 kcal, o qual pode causar danos a diversos polímeros
comercialmente disponíveis no mercado.

Daremos a seguir uma relação do comprimento de onda ultravioleta de máxima sensibilidade


em relação a diversos polímeros.

Polímeros λ - UV – Máxima Sensitividade


1 – Poliésteres 325

2 – Poliestireno 318

3 – Polietileno 300

4 – Polipropileno 310

5 – PVC 310

6 – Polimetil metacrilato 290-315

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O Teflon (politetrafluoretileno) e outros polímeros fluorados tem boa estabilidade à luz
devido às suas ligações que possuem energia de ligação superior à da luz UV.
Também o polietileno e PVC teoricamente deveriam ter boa resistência aos raios ultravioleta,
mas, entretanto, a presença de impurezas provenientes do processo de obtenção, o efeito de
certos antioxidantes (polietileno) anomalias nas cadeias (existência de duplas ligações, grupos
carbonila, carbono terciário) pode contribuir como pontos de iniciação de reações
fotoquímicas.
Para inibir ou mesmo eliminar o efeito dos raios ultravioleta, comumente lançamos mão de
absorvedores de ultravioleta, que são substâncias orgânicas mais foto sensitivas que os
polímeros, e que possuem a propriedade de se regenerarem por meio de rearranjo dos grupos
foto sensibilizados.

6.5.1.- ABSORVEDORES DE ULTRAVIOLETA MAIS USADOS

1- Benzofenonas modificadas;
2- Esteres de ácido salicílico;
3- Benzotriazol;
4- Negro de fumo (para polietileno e resinas acetálicas).

Exemplos de absorvedores de ultravioleta:

a) 2 – hidroxi – 4 metoxi benzofenona


O
| | HO
– C – – O – CH3

b) 2 – 2’ dihidroxi benzofenona
O
OH | | OH
– C – C –

c) Fenil salicilato
O
||
– C – O –
– OH

d) 4 – terciáributil fenil salicilato


O
||
– C – O –
– OH
|
CH3 – C – CH2 – CH3
|
H

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e) 2 – 2’ hidroxifenil Benzotriazol

N HO
N –
N

6.5.3.- COMPORTAMENTO DOS POLÍMEROS SUJEITOS A RADIAÇÕES DE


ALTA ENERGIA

Polímeros que se entrecruzam Polímeros que se degradam


Polietileno Poli-isobutileno
Polipropileno Polimetacrilato de metila
Poliacrilato de metila PVC
Borracha natural Cloreto de vinilideno
Policloropeno Celulose
Copolímeros estireno – acrilonitrilo P.T.F.E. (Teflon)

6.6.- ENVELHECIMENTO E COMPORTAMENTO FRENTE AOS AGENTES


ATMOSFÉRICOS

O comportamento dos materiais plásticos ao envelhecimento e aos agentes atmosféricos


depende de muitos fatores diversos, de acordo com que foi exposto anteriormente.
Daremos à seguir alguns agentes externos que podem causar mudanças apreciáveis nas
propriedades dos polímeros:
1- Agentes químicos ambientais (água, oxigênio atmosférico, ozonio, vapores, gases e
humos ácidos);
2- Calor;
3- Luz ultravioleta;
4- Radiações de alta energia.

Sabemos que em um material plástico comercial além do polímero, geralmente estão


presentes outros ingredientes que podem ser afetados pelos agentes mencionados.
Assim para cada polímero e especificamente para cada formulação poderemos ter um
comportamento distinto dos demais.
Hoje, podemos lançar mão de testes acelerados que nos dão uma idéia do comportamento de
um material plástico frente aos diversos agentes atmosféricos (Wheater-meter. Test).

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Uma razão importante do pouco êxito destes testes é que na realidade são vários agentes
que influenciam as propriedades dos polímeros e à ação total destes agentes não é igual à
soma da ação individual de cada um deles.
Assim teremos, por exemplo, que os efeitos combinados do calor e da luz, do oxigênio podem
ser realmente sérios, embora a ação individual de cada um deles isoladamente sobre o
polímero pode ser em certos casos desprezíveis.
Tão pouco é fácil conhecer como se deve acelerar uma determinada reação composta.
Muitas vezes chegaremos a resultados totalmente diferentes da realidade pois julgamos que o
melhor caminho seria apenas aumentarmos a temperatura de um teste mantendo os demais
parâmetros constantes.
Também as exposições dos materiais plásticos à diversas fontes de luz, tais como luz solar,
lâmpadas de arco de carvão e lâmpadas de xenôneo, dão resultados muito diferentes.

6.7.- RETARDANTES DE CHAMA

São aditivos incorporados aos termofixos e aos termoplásticos com o objetivo de modificar
o comportamento dos mesmos quando expostos à chama, quer impedindo-os de pegar
fogo, quer impedindo a propagação da chama, ou a formação de fumaça, ou até mesmo
impedindo-os de pingar quando queimando. Os retardantes de chama inibem ou um mais
dos mecanismos de queima.
De utilização obrigatória nos países com legislação severa a respeito de produtos passíveis
de provocar incêndio, são usados atualmente no Brasil somente em poucas aplicações onde
as características anti-chama das peças são indispensáveis no produto, ou quando se produz
peças para produtos destinados à exportação para países exigentes a este respeito. O
motivo deste uso restrito é o custo; e em alguns casos, o retardante de chama é responsável
por 50% do custo da matéria-prima.
Existe uma grande variedade de aditivos retardantes de chama, cada um com uma
aplicação específica, sendo usados com maior frequência os à base de bromo, como o
TBBA (tetrabromobisfenol), aplicável a poliésteres, poliestireno, polipropileno e
polietileno, e o TDX (tetrabromoxileno), aplicável ao ABS, poliestireno e polietileno. Em
outros países são bastante comuns os retardantes de chama à base de fósforo.

6.8.- ANTIESTÁTICOS

A maioria dos termoplásticos são bons isolantes elétricos. Esta propriedade, embora
bastante desejável para muitas aplicações, faz com que sob determinadas condições o
termoplástico adquira facilmente mas não perca com a mesma facilidade cargas de
eletricidade estática. A carga de eletricidade estática pode ser tanto um excesso quanto uma
falta de elétrons, e sua causa mais comum é a fricção que pode ocorrer em fases do
processo como extrusão, por exemplo, ou durante a vida dos artigos plásticos, no atrito
com embalagens, etc. A eletricidade estática causa três inconvenientes básicos:
1 – Atração e retenção de partículas de poeira;
2 – Problemas de manuseio, principalmente quando o artigo é embalado automaticamente
e tende a “agarrar” o filme do material utilizado para embalá-lo;

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3 – Possibilidade de causar descargas elétricas, dando choques em pessoas ou
provocando faíscas que podem dar origem a explosões ou incêndios.
Os antiestáticos são aditivos que objetivam impedir a criação ou o armazenamento de
eletricidade estática nas peças ou produtos fabricados de termoplástico.
A criação ou geração de cargas de eletricidade estática pode ser evitada por um
lubrificante, que impeça ou minimize o efeito da fricção. O lubrificante minimiza a criação
de cargas estáticas, porém dificulta a descarga, por ser, geralmente, não condutor elétrico.
O armazenamento das cargas elétricas pode ser minimizado através da criação de uma
película condutora na superfície das peças, capaz de dissipar as cargas de eletricidade na
atmosfera.
Tanto o lubrificante quanto a película condutora podem ser aplicados pela imersão da peça
pronta numa solução que os contenham, ou pela inclusão, no termoplástico, de um aditivo
que garanta a formação e manutenção da película na superfície das peças pela migração
contínua do aditivo, do interior do termoplástico para a sua superfície O aditivo ideal é
aquele que proporciona uma película condutora e ao mesmo tempo lubrificante.
O uso deste tipo de aditivo se aplica principalmente aos países de clima muito seco, ou em
ambiente onde o uso de ar condicionado tenha se tornado tradicional, e perneie uma situação
de ambientes com umidade relativa do ar muito baixa. Na maior parte do território brasileiro,
contudo, estes aditivos têm pouca aplicação, em vista do clima com ar predominantemente
úmido. A formulação dos antiestáticos é cuidadosamente protegida pelos fabricantes, e
derivam principalmente de compostos de amônia quartenária, ésteres, etc.

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