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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA – INPA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE ÁREAS


PROTEGIDAS NA AMAZÔNIA – MPGAP

ANÁLISE DA GESTÃO DO USO PÚBLICO: TURISMO E LAZER EM DUAS


UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO MOSAICO DE ÁREAS PROTEGIDAS DO
BAIXO RIO NEGRO/AM

RUTH MARIA DE SOUZA NEVES

Manaus, Amazonas
Agosto de 2018
ii

RUTH MARIA DE SOUZA NEVES

ANÁLISE DA GESTÃO DO USO PÚBLICO: TURISMO E LAZER EM DUAS


UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO MOSAICO DE ÁREAS PROTEGIDAS DO
BAIXO RIO NEGRO/AM

Orientadora: Dra. SUSY RODRIGUES SIMONETTI


Coorientador: Dr. SÉRGIO HENRIQUE BORGES

Dissertação apresentada ao Instituto


Nacional de Pesquisas da Amazônia
como parte dos requisitos para obtenção
do título de Mestre em Gestão de Áreas
Protegidas na Amazônia.

Manaus, Amazonas
Agosto, 2018
iii
Catalogação na Fonte
Serviço Documentação e Acervo Bibliográfico – SEDAB
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA

F676 Neves, Ruth Maria de Souza

Análise da gestão do uso público: turismo e lazer em duas unidades


de conservação pertencentes ao mosaico de áreas protegidas do baixo Rio
Negro-Am / Ruth Maria de Souza Neves. ---Manaus:[sem editor], 2018.
xiii, 71 f.: il.

Dissertação (Mestrado) --- INPA, Manaus, 2018.


Orientador: Susy Rodrigues Simonetti.
Coorientador: Sergio Henrique Borges.
Programa : Gestão de Áreas Protegidas da Amazônia.

1. Unidades de Conservação. 2. Comunidade Ribeirinhas. 3.Turismo


– Rio Negro-Am.

CDD 333.72
v

AGRADECIMENTOS

Acima de tudo, agradeço a Deus misericordioso por me permitir participar deste processo de
aprendizado. Sou grata também a várias pessoas pela realização desta Dissertação, seja na
espontânea ajuda com as leituras, materiais disponibilizados, apontando melhorias no
encadeamento das ideias, ou nas sutis facilitações no trâmite necessário à materialização
formal deste trabalho.

Agradeço a minha orientadora, Dra. Susy Simonetti, pelo contínuo incentivo e paciência.

Agradeço imensamente ao meu coorientador, Dr. Sérgio Borges, pelas maravilhosas dicas,
críticas e apoio, e também as minhas queridas amigas, Regina e Eliana, por colaborarem com
a organização do texto.

Naturalmente, aos meus entrevistados da pesquisa de campo pela extrema paciência e tempo
de dedicação às entrevistas e ao preenchimento dos questionários em uma fase crucial do
estudo.

Aos gestores das RDSs do Tupé e do Rio Negro pelo material disponibilizado, o qual foi
essencial para o andamento da pesquisa, bem como por estarem sempre disponíveis a
responder minhas solicitações.

Em suma, devo agradecimentos àqueles que, em conversas informais, contribuíram para que o
problema central desta pesquisa fosse delineado por um caminho seguro a ser percorrido.

Agradeço ao Programa de Pós-Graduação em Gestão de Áreas Protegidas da Amazônia


(MPGA) por incorporar, como uma de suas propostas, os aspectos globais da conservação
como estratégias para a gestão dos recursos naturais adaptadas aos novos paradigmas, e que
possamos contribuir para o alcance destes objetivos.

E, finalmente, agradeço aos meus pais, a quem devo minha educação, todo meu respeito e
amor por todos os beijos, carinhos e orações para que eu seguisse minha jornada confiante.
Agradeço especialmente a minha família pela serena compreensão do meu distanciamento nos
longos dias de pesquisa, análise e digitação, aceitando com paciência minhas ausências, na
certeza de que o trabalho chegaria um dia a bom termo e que representaria a batalha vencida.

Obrigada!
vi

O saber a gente aprende com os mestres e os livros.


A sabedoria se aprende é com a vida e com os humildes.
Cora Coralina
vii

RESUMO

O uso público em áreas protegidas pode ser compreendido como atividades de


educação, recreação, turismo e de interpretação ambiental, que proporcionem ao visitante o
privilégio de conhecer, valorizar e entender a importância dos recursos naturais e culturais
desses locais. Estudos sobre como ocorre a gestão do uso público pelas Unidades de
Conservação (UCs), principalmente em Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDSs)
ainda é incipiente. O objetivo deste estudo foi analisar comparativamente a gestão do uso
público das atividades de turismo e lazer em duas RDSs: i) do Rio Negro, sob a gestão do
Estado do Amazonas; e ii) do Tupé, sob a gestão do Município de Manaus. Tais UCs
pertencem ao Mosaico de Áreas Protegidas do Baixo Rio Negro (MBRN), localizado no
Estado do Amazonas, e concentram grande parte das atividades de turismo e lazer nesta
região há décadas. A partir dos objetivos específicos, foram caracterizadas as atividades de
turismo e lazer realizadas em cada uma das UCs, avaliado o status de implementação das
atividades previstas nos instrumentos de gestão para uso público e a realidade atual das UCs,
bem como identificados os desafios e oportunidades para a gestão do turismo e lazer nas UCs,
a partir de seus instrumentos de gestão. Para tanto, pesquisa bibliográfica e documental foram
realizadas, além de pesquisa de campo com entrevistas semiestruturadas, observações e
análise dos instrumentos de gestão das UCs. Os resultados demostraram que o turismo e lazer
ocorrem de forma independente e intensa nas duas UCs, abrangendo um conjunto diverso de
atividades com vários atores envolvidos, tais como agências de viagens e operadores,
iniciativas locais, donos de embarcações particulares, cooperativas de barqueiros,
Organizações Não-Governamentais (ONGs), entre outros. Esta dinâmica turística não ocorre
em função da gestão dessas unidades, mas a partir de outros contextos, sem a promoção das
UCs. Foi identificado insuficiente capacidade técnico-financeira para o planejamento
adequado dessas atividades nas unidades. Vale destacar ainda que existe sensível
desigualdade na obtenção de apoio externo entre as esferas administrativas das UCs.
Enquanto relevantes e efetivos apoios ao desenvolvimento do turismo por parte de ONGs e
programas governamentais no âmbito municipal são inexistente, no ambiente estadual há
nítido suporte de tais organizações, tornando-se brutal a diferença na concretização das ações
previstas nos Programas de Gestão das UCs.

Palavras-chave: Uso Público. Unidades de Conservação. Instrumentos de Gestão. Turismo.


Lazer.
viii

SUMMARY

The public use in protected areas can be understood as education, recreation, tourism
and environmental interpretation activities, which provides the visitor with the privilege of
knowing, valuing and understanding the importance of the natural and cultural resources of
these places. Studies about how management of public use by Conservation Units (UCs),
mainly in Sustainable Development Reserves (RDSs), is still in its infancy. The goal of this
study was to comparatively analyze the management of public use of tourism and leisure
activities in two RDSs: i) Rio Negro, under the management of the State of Amazonas; and ii)
Tupé, under the management of the Municipality of Manaus. These CUs belong to the Mosaic
of Protected Areas of the Lower Rio Negro (MBRN), located in the State of Amazonas, and
have concentrated a great part of tourism and leisure activities in this region for decades.
Based on the specific goals, the tourism and leisure activities carried out in each of the UCs
were characterized, the status of implementation of the activities foreseen in the management
tools for public use and the current reality of the PAs were characterized, as well as the
challenges and opportunities identified for the management of tourism and leisure in the UCs,
from their management instruments. For this purpose, bibliographic and documentary
research were carried out, as well as field research with semi-structured interviews,
observations and analysis of management instruments of UCs. The results showed that
tourism and leisure activities occur independently and intensely in the two UCs, covering a
diverse set of activities with various actors involved, such as travel agents and operators, local
initiatives, private boat owners, boaters' cooperatives, Organizations Non-governmental
organizations (ONGs), among others. This tourism dynamic does not occur due to the
management of these units, but from other contexts, without the promotion of PAs.
Insufficient technical and financial capacity was identified for the adequate planning of these
activities in the units. It is also worth mentioning that there is a significant inequality in
obtaining external support among the administrative spheres of PAs. While relevant and
effective support to the development of tourism by ONGs and governmental programs at the
municipal level are non-existent, in the state environment there is clear support from such
organizations, making the difference in the implementation of the actions foreseen in the
Management Programs of the PAs is brutal.

Keywords: Public Use. Conservation units. Management Tools. Tourism. Recreation.


ix

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 14
1.1 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO COMO ESTRATÉGIA DE MANUTENÇÃO DO
RECURSO NATURAL: PLANEJAMENTO E GESTÃO DO USO PÚBLICO .................... 16
2 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 21
2.1 ÁREAS DE ESTUDO ........................................................................................................ 21
2.1.1 Reservas de Desenvolvimento Sustentável do Tupé e do Rio Negro......................... 23
2.2 COLETA E ANÁLISE DOS DADOS ............................................................................... 28
3 RESULTADOS .................................................................................................................... 30
3.1 REPRESENTANTES DAS INICIATIVAS LOCAIS ....................................................... 30
3.2 EMPRESAS PRESTADORAS DE SERVIÇOS TURÍSTICOS E DE LAZER ................ 31
3.3 GESTORES DAS UCs ....................................................................................................... 32
3.4 REPRESENTANTES DE ÓRGÃOS OFICIAIS DO TURISMO ..................................... 33
3.5 INSTITUIÇÕES PARCEIRAS DAS RDSs DO TUPÉ E DO RIO NEGRO .................... 33
3.6 ATIVIDADES TURÍSTICAS DESENVOLVIDAS NAS UCSs ...................................... 35
3.7 INSTRUMENTOS DE GESTÃO DAS UCs E O USO PÚBLICO................................... 41
3.8 DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA A GESTÃO DO USO PÚBLICO ................. 46
3.8.1 Uso público das UCs a partir da perspectiva das iniciativas e dos atores locais ..... 47
3.8.2 Uso público das UCs a partir da perspectiva dos prestadores de serviços
turísticos/operadores externos ............................................................................................... 49
3.8.3 Uso público das UCs a partir da perspectiva dos gestores ........................................ 51
4 DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 53
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 60
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 63
APÊNDICES ........................................................................................................................... 69
ANEXOS ................................................................................................................................. 79
x

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Grupos e categorias de UCs, conforme o Sistema Nacional de Unidades de


Conservação (SNUC) ............................................................................................................... 18
Tabela 2: Grupos e categorias de UCs, conforme o Sistema Estadual de Unidades de
Conservação (SEUC)................................................................................................................ 19
Tabela 3: Número de famílias residentes na RDS do Rio Negro ............................................ 26
Tabela 4: População da RDS do Tupé distribuídas por comunidade ....................................... 27
Tabela 5: Atores entrevistados na pesquisa e número de entrevistas realizadas nos respectivos
locais ..... ................................................................................................................................... 28
Tabela 6: Atividades turísticas realizadas na RDS do Tupé e do Rio Negro ........................... 36
Tabela 7: Ações previstas nos instrumentos de Gestão das UCs ............................................. 41
Tabela 8: Status das atividades previstas nos instrumentos de gestão das UCs ....................... 44
Tabela 9: Desafios e oportunidades para a gestão do uso público em ambas UCs. ................. 46
xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Mapa do Mosaico do Baixo Rio Negro (MBRN) ..................................................... 22


Figura 2: Mapa de localização das Unidades de Conservação, RDS do Tupé e do Rio
Negro..... ................................................................................................................................... 24
Figura 3: Número de visitantes na Praia do Tupé (RDS do Tupé) em dois anos de
monitoramento. ........................................................................................................................ 38
xii

LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS

- AMAZONASTUR Empresa Estadual de Turismo do Amazonas


- APA Área de Proteção Ambiental
- ARPA Programa Áreas Protegidas da Amazônia
- ATUNA Associação de Operadores de Turismo de Novo Airão
- CADASTUR Sistema de Cadastro de Pessoas Físicas e Jurídicas
- CADS Centro de Apoio ao Desenvolvimento Sustentável Professor
Roberto Vieira
- CCA Corredor Central da Amazônia
- Comdema Conselho Municipal de Desenvolvimento e Meio Ambiente
- Coop-Acamdaf Cooperativa dos Profissionais de Transporte Fluvial da
Marina do Davi
- DEAPR Departamento de Áreas Protegidas
- DEMUC Departamento de Mudanças Climáticas e Gestão de Unidades
de Conservação
- EMBRATUR Instituto Brasileiro do Turismo
- EUA Estados Unidos da América
- FAPEAM Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas
- FAS Fundação Amazonas Sustentável
- Fopec Formação de Professores e Ensino de Ciências
- FTBC Fórum de Turismo de Base Comunitária
- GTZ Agência de Cooperação Alemã (do alemão: Gesellschaft für
Technische Zusammenarbeit)
-h hora
- ha hectare
- IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
- ICMBio Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
- IN Instrução Normativa
- IPA Instituto Agronômico de Pernambuco
- INPA Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
- IPAAM Instituto de Proteção Ambiental do Estado do Amazonas
- IPÊ Instituto de Pesquisas Ecológicas
- IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
- km quilômetro
- MANAUSCULT Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos
- MANAUSTUR Fundação Municipal de Turismo de Manaus
- MBRN Mosaico de Áreas Protegidas do Baixo Rio Negro
- MDA Ministério do Desenvolvimento Agrário
- min Minuto
- MMA Ministério do Meio Ambiente
- MTUR Ministério do Turismo
- OMT Organização Mundial do Turismo
- ONG Organização Não-Governamental
- PAREST Parque Estadual
- PARNA Parque Nacional de Anavilhanas
- PBF Programa Bolsa Floresta
xiii

- PDITS Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável


- PG Plano de Gestão
- PIB Produto Interno Bruto
- PM Plano de Manejo
- PN Plano de Negócios
- PUP Plano de Uso Público
- RDS Reserva de Desenvolvimento Sustentável
- Redes TAPIS Rede Turismo, Áreas Protegidas e Inclusão Social
- REMAP Rede de Mosaicos de Áreas Protegidas
- SBF Secretaria da Biodiversidade e Florestas
- SEMA Secretaria de Estado do Meio Ambiente
- SEMED Secretaria Municipal de Educação
- SEMMAS Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade
- SEUC Sistema Estadual de Unidades de Conservação
- Sipam Sistema de Proteção da Amazônia
- SNUC Sistema Nacional de Unidade de Conservação
- TBC Turismo de Base Comunitária
- TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
- TUCORIN Roteiro de Turismo Comunitário no Baixo Rio Negro
- UC Unidade de Conservação
- UEA Universidade do Estado do Amazonas
- UFAM Universidade Federal do Amazonas
- UNINORTE Centro Universitário do Norte
- WWF-Brasil Fundo Mundial para a Natureza (do inglês: World Wide Fund
for Nature
14

INTRODUÇÃO

O Brasil possui um dos maiores e mais importantes sistemas de áreas protegidas do


mundo, tendo a Amazônia como o bioma com maior cobertura de Unidades de Conservação
(UCs) (BRASIL, 2006), e o Estado do Amazonas considerado uma das maiores unidades
geopolíticas de florestas tropicais do mundo, com seus ecossistemas ainda preservados
(ALMEIDA, 2014). Nesse cenário, situa-se a região do Baixo Rio Negro, abrangendo grande
diversidade de espécies da fauna e flora, algumas ameaçadas de extinção. Está inserida no
Corredor Central da Amazônia (CCA), como parte da Reserva da Biosfera, sendo Patrimônio
Natural da Humanidade1 e Complexo de Conservação da Amazônia Central (IPA, REMAP e
WWF-Brasil, 2017).
Estudos realizados nessa região apresentam algumas experiências de turismo em UCs,
em sua maioria, associadas ao Turismo de Base Comunitária (TBC) e especialmente ao
turismo convencional de forma embarcada2. Ao estudar o turismo em comunidades na região
metropolitana de Manaus, Costa Novo (2011) concluiu que as atividades percebidas nos
relatos dos investigados estavam principalmente ligadas ao turismo convencional, praticado
por visitantes dos hotéis de selva dos arredores. Esse tipo de visitação se caracterizava pela
pouca valorização do meio ambiente e desrespeito à legislação vigente. A autora notou que,
das dez comunidades estudadas e envolvidas com algum roteiro turístico, apenas duas
apresentaram experiências recentes com gestão do turismo.
Outro estudo realizado por Porto (2014) em duas UCs pertencentes ao Mosaico de
Áreas Protegidas do Baixo Rio Negro (MBRN) revelou que, mesmo com apoio recebido dos
projetos de Organizações Não-Governamentais (ONGs), não houve garantia de um programa
de monitoramento e avaliação da atividade turística eficaz nessas áreas protegidas, o que
destaca a importância de pesquisas sobre a atividade nesta região, tanto para a proteção das
áreas quanto para o melhor desenvolvimento da prática.
Em estudo que abordou as representações sociais de turismo e lazer dos moradores da

1
Patrimônio Natural Mundial da UNESCO são áreas naturais reconhecidas internacionalmente como as mais
importantes do mundo.
Disponível em:
<https://cmsdata.iucn.org/downloads/brief___iucn_conservation_outlook_assessments__0812.pdf>. Acesso em:
20 abril 2017.
2
Na região do Amazonas, o turismo convencional de forma embarcada é uma prática de turismo realizada em
barcos com vários padrões de serviços; desde embarcações denominadas lanchas ou voadeiras, onde os turistas
fazem passeios de no máximo um dia inteiro, a navios com toda estrutura tecnológica, alimentação e
entretenimento. Os visitantes fazem trajetos de passeios pelos rios, no intuito de contemplar a natureza, e
também interagir com as comunidades residentes nestas áreas.
15

Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro, Área de Proteção Ambiental


(APA) Margem Direita do Rio Negro e APA Encontro das Águas foi concluído que essas
áreas sofrem intensa pressão da atividade turística, além do desrespeito e falta de cuidado para
com o patrimônio histórico-cultural existente. De acordo com Simonetti (2015), é
comprovada ainda a falta de investimentos para fortalecimento do desenvolvimento
sustentável do turismo que vem ocorrendo nas comunidades locais.
A atividade turística tem sido empregada como incentivo econômico junto às
comunidades tradicionais do MBRN, que utilizam os recursos naturais das áreas
especialmente protegidas. Contudo, pouco se tem feito para verificar que impactos essas
atividades causam sobre as próprias comunidades e aos ambientes naturais (PEARCE, 1992;
GIONGO et al., 1994; BADIALLI e RIBEIRO, 2003).
Diante desse contexto, o turismo e o lazer vêm ocorrendo de maneira intensa em
várias UCs do Baixo Rio Negro. Embora se reconheça uma preocupação ambiental entre os
grupos locais envolvidos com estas atividades, esta atenção não se traduze em práticas
suficientemente sustentáveis para com o ambiente natural local (PEIXOTO, 2013). O
desenvolvimento de atividades sem planejamento adequado é motivo de preocupação. Assim,
ao se pensar de que maneira é possível aproveitar os benefícios gerados por meio da atividade
turística para as áreas protegidas, é necessário compreender também: como está sendo
realizado o planejamento das atividades de turismo e lazer pela gestão das UCs do Baixo Rio
Negro?
Neste sentido, o estudo em tela teve como objetivo geral analisar a gestão do uso
público do turismo e lazer nas RDSs do Tupé e do Rio Negro, por meio de um estudo
comparativo. Para aprofundar esta análise, foram definidos os seguintes objetivos específicos:
i) caracterizar as atividades de turismo e lazer que ocorrem em cada uma das UCs; ii) avaliar
o status de implementação previsto nos instrumentos de gestão para uso público e a realidade
atual das UC; e iii) identificar os desafios e oportunidades para a gestão do turismo e do lazer
pelas UCs, a partir de seus instrumentos de gestão.
As duas UCs, locus do estudo, integram o MBRN, sendo este um complexo com 12
UCs provido de muitas características, tais como: esferas de gestão, categorias distintas, apelo
turístico e lógicas territoriais diversas. Adiciona-se a isso o fato de que essas UCs estão muito
próximas ao centro urbano de Manaus, onde esta apresenta estrutura de portos e aeroportos,
bem como conectividade com turistas.
16

O estudo nesta região se justifica pelas UCs constituírem o foco de grande parte das
atividades turísticas realizadas do MBRN, sendo recorrentes e de maneira desordenada,
concentrando maiores pressões oriundas desta atividade. Além disso, os ecossistemas
existentes nessa região apresentam importância ecológica e social, abrangendo grande
diversidade biológica importante à conservação.
Contudo, vale ressaltar que o turismo e o lazer são atividades capazes de contribuir
significativamente para a conservação da natureza por fortalecer as UCs por meio de suas
funções sociais, ambientais e econômicas, o que possibilita movimentar toda uma cadeia
produtiva, que contribui para oportunizar emprego e renda, estimular o empreendedorismo,
fortalecer a cultura local e, assim, auxiliar a sustentabilidade dessas áreas e das sociedades
que as habitam.
Dessa forma, esta pesquisa sistematizou dados que podem contribuir no
estabelecimento de estratégias para a gestão das práticas do turismo e lazer que ocorrem
nestas Ucs, pois se acredita que trará melhor entendimento conceitual e instrumental para o
campo de investigação das interfaces e desafios que o tema propõe para a gestão das UCs.
Sendo assim, os dados coletados ocorreram por meio de levantamento de trabalhos
científicos, documentos técnicos, assim como por meio de entrevistas com lideranças e
iniciativas locais, gestores, operadores de turismo e instituições parceiras atuantes nas UCs.
Apresentamos este trabalho estruturado em quatro partes: i) discussão teórica que
envolve os instrumentos de planejamento e a gestão de Unidades de Conservação e o uso
público; ii) caracterização do local de pesquisa e todas as decisões metodológicas que
nortearam o estudo, as estratégias selecionadas e as especificações dos procedimentos
adotados na realização das análises; iii) resultados abordados no estudo, comparando-os as
informações dos instrumentos de gestão existentes nas UCs estudadas, com a realidade trazida
pelo estudo in loco, como também as dificuldades e oportunidades das atividades advindas do
turismo e do lazer para as UCs, a partir dos instrumentos de gestão; e iv) discussões. Por fim,
as considerações finais e sugestões são apresentadas a partir dos resultados da pesquisa.

1.1 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO COMO ESTRATÉGIA DE MANUTENÇÃO DO


RECURSO NATURAL: PLANEJAMENTO E GESTÃO DO USO PÚBLICO

A abundante disponibilidade de recursos naturais no Brasil encontrados no solo, água,


reservas minerais e florestais é considerada por Medeiros e colaboradores (2011) como uma
17

das principais responsáveis pelo crescimento da economia do País, figurando com a oitava
economia do mundo em 2010. Os autores afirmam que uma boa gestão desses recursos é
fundamental para garantir a capacidade de produção de riquezas a longo prazo, visto a
disponibilidade ao longo do tempo que depende do manejo adequado. A principal estratégia
para garantir os espaços de manejo são as áreas criadas pelo poder público, sendo
especialmente protegidas para esta finalidade.
Os bens naturais protegidos, no âmbito das Unidades de Conservação, são provedores
de serviços ambientais ou ecossistêmicos entendidos como todos os benefícios gerados pelos
recursos ambientais. Podem ser tanto aos produtos gerados diretamente a partir das paisagens
naturais, fauna e flora quanto aos serviços intangíveis, como o lazer por meio do turismo, por
exemplo (MEDEIROS et al., 2011).
A contribuição do turismo, como vetor de desenvolvimento econômico para o Brasil, é
amplamente evidenciada por meio de pesquisas realizadas em todo território nacional.
Conforme dados publicados pelo Instituto Brasileiro do Turismo (EMBRATUR, 2015)3, o
turismo é uma atividade importante para a economia do país, apesar das incertezas do cenário
econômico mundial. Ainda de acordo com a Embratur (2015), o turismo mundial movimentou
mais de um trilhão de dólares em 2014, e que atualmente representa cerca de 3,6% do Produto
Interno Bruto (PIB) no Brasil.
Uma parte relevante das atividades de turismo vem se desenvolvendo em áreas
especialmente protegidas por atrair visitantes nacionais e internacionais. A crescente procura
para sua visitação ocorre em razão da diversidade de belezas naturais que o país oferece, de
tal forma que surgem variadas motivações para a prática da atividade turística, bem como para
o lazer. A atividade turística em ambiente natural pode funcionar como um instrumento de
sensibilização da sociedade, no que se refere à importância da preservação e conservação da
biodiversidade local, além de ser um instrumento que contribui para o desenvolvimento
nacional (BRASIL, 2006).
Em balanço apresentado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMBio), a visitação nas UCs federais contabilizou 10,7 milhões de
visitantes em 2017, o que representa um acréscimo de 20% em relação ao ano de 20164. O

3
BRASIL. Ministério do Turismo (MTUR). EMBRATUR. 2015. Disponível em:
<http://www.dadosefatos.turismo.gov.br/>. Acesso em: março 2017.
4
ICMBio. Disponível em: < http://www.icmbio.gov.br >. Acesso em: abril 2018.
18

aumento é o maior em dez anos de criação do órgão, demonstrando o relevante crescimento


do tursimo em áreas protegidas no Brasil.
Souza (2016) afirma que a promoção do turismo em áreas protegidas aumenta a
conscientização social, promove apoio à conservação da biodiversidade e cria empregos
alternativos, gerando renda para as populações locais. O autor, no estudo intitulado
‘‘Avaliação da oferta, demanda e impactos econômicos do turismo em unidades de
conservação federais do Brasil’’ enfatiza a potencialidade do turismo em parques federais,
promovendo a movimentação de receitas consideráveis.
Estudos voltados para avaliação das estratégias de gestão e o efeito do uso público em
parques no Brasil e nos Estados Unidos da América (EUA) indicaram que, em 92% dos
parques, a biodiversidade e os recursos naturais estão sendo mantidos por meio de fundos
advindos das atividades turísticas praticadas. De acordo com os 75% dos gestores
entrevistados nas pesquisas, o turismo é um elemento importante para a operação e
manutenção dos parques nacionais. A visitação dos espaços contribuiu para a diminuição de
atividades ilegais dentro das Ucs, tais como caça, desmatamento e incêndios (SEMEIA,
2015).
No Brasil, dentre as várias categorias de áreas especialmente protegidas, as UCs têm
sido a principal estratégia para a proteção e conservação dos ambientes naturais e todos os
seus elementos. O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), instituído pela Lei
nº. 9.985/2000, é constituído pelo conjunto das UCs federais, estaduais e municipais e
estabelece dois grupos de Unidades de Conservação: i) as de proteção integral com cinco
categorias; e ii) as de uso sustentável, com sete (Tabela 1).

Tabela 1: Grupos e categorias de UCs, conforme o Sistema Nacional de Unidades de Conservação


(SNUC).

CATEGORIAS
USO SUSTENTÁVEL PROTEÇÃO INTEGRAL
Reserva Extrativista INTEGRAL
Área de Relevante Interesse Ecológico Estação Ecológica
Reserva de Desenvolvimento Sustentável Refúgio da Vida Silvestre
Reserva de Fauna Parques Nacional
Área de Preservação Ambiental Reserva Biológica
Floresta Nacional Monumento Natural
Reserva Particular do Patrimônio Natural

Fonte: Lei nº. 9.985/2000, Arts. 8º e 14


19

O Sistema Estadual de Unidades de Conservação (SEUC) do Amazonas, no Art. 8º da Lei


Complementar nº. 53/2007, estabelece a Reserva Particular do Patrimônio Natural como
Unidade de Conservação pertencente ao grupo de proteção integral, enquanto acrescenta no
grupo de uso sustentável, as Unidades de Conservação Rio Cênico, Estrada Parque e Reserva
Particular de Desenvolvimento Sustentável (Tabela 2). Assim, as Unidades de Conservação
de uso sustentável totalizam nove categorias, e aquelas de proteção integral somam seis
categorias.

Tabela 2: Grupos e categorias de UCs, conforme o Sistema Estadual de Unidades de Conservação


(SEUC).

CATEGORIAS
USO SUSTENTÁVEL PROTEÇÃO INTEGRAL
Reserva Extrativista
Área de Relevante Interesse Ecológico Estação Ecológica
Reserva de Desenvolvimento Sustentável Refúgio da Vida Silvestre
Reserva de Fauna Parques Nacional
Área de Preservação Ambiental Reserva Biológica
Floresta Estadual Monumento Natural
Rio Cênico Reserva Particular do Patrimônio Natural
Estrada Parque
Reserva Particular de Desenvolvimento
Sustentável
Fonte: Lei Complementar nº. 53/2007, Arts. 8º e 15 (SEUC)

Para o ordenamento territorial dessas áreas protegidas, é necessário o aprofundamento


do conhecimento biológico e social, o que é feito por meio da elaboração dos documentos que
definam o zoneamento das unidades. No Estado do Amazonas, o documento técnico
norteador da gestão das unidades de conservação na esfera estadual é denominado Plano de
Gestão, conforme Art. 33 da Lei Complementar nº. 53, de 04 de junho de 2007, que cria o
Sistema Estadual de Unidades de Conservação (SEUC). Esse termo corresponde ao Plano de
Manejo, especificado pelo SNUC, na Lei nº. 9.985/2000.
Assim como no SNUC, o SEUC prevê o prazo de cinco anos, a partir da criação da
UC, para a elaboração do Plano de Gestão. As atividades a serem desenvolvidas deverão
seguir as determinações contidas neste Plano e, na ausência deste, as Unidades de Uso
Sustentável “devem se limitar àquelas destinadas a assegurar às comunidades tradicionais e
população usuária as condições e os meios necessários para a satisfação de suas necessidades
econômicas, sociais e culturais” (§ 2º, II do Art. 33).
20

O Plano de Gestão (PG) ou Plano de Manejo (PM) deverá ser elaborado por equipe
técnica multidisciplinar. Durante suas formulações, as comunidades devem ser consultadas
acerca dos programas a serem desenvolvidos na Unidade, considerando-se as características
socioeconômicas e culturais locais, integrando o conhecimento das comunidades.
O instrumento de planejamento direcionado para a visitação pública é o Plano de Uso
Público (PUP). Este instrumento estabelece as diretrizes para garantir maior eficiência na
administração e manejo das áreas naturais protegidas, a fim de minimizar os possíveis danos
associados à visitação, por meio da definição das formas sustentáveis de utilização das UCs e
a otimização de atividades (LEUZINGER, 2010). As diretrizes estabelecidas no PUP devem
porporcionar ao usuário a oportunidade de interagir da melhor forma possível com a natureza
e sociedades nela existentes. Assim, os instrumentos de gestão, em síntese, são os pilares para
o planejamento da gestão das UCs, nos quais a visitação pública deve ser fundamentada
dentro dos objetivos de criação dessas áreas.
Nesse sentido, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e a Secretaria da
Biodiversidade e Florestas (SBF) editaram diretrizes que instituem os princípios a serem
observados no planejamento e gestão do turismo em Unidade de Conservação. Dentre eles,
destacam-se a concordância entre os princípios contidos no PG e as diretrizes estabelecidas no
PUP; a sensibilização do visitante quanto a importância da conservação dos ambientes e
processos naturais, independentemente da atividade em prática na UC; e a contribuição da
visitação para a promoção do desenvolvimento econômico e social das comunidades locais
(BRASIL, 2006).
As UCs possuem regras e normas próprias quanto à visitação, conforme indicado no
PG e PM. Porém, seu planejamento deve estar alinhado às políticas nacionais, estaduais e
municipais de turismo, para que as metas não sejam traçadas em desacordo com os contextos
local, regional e nacional. Desse modo, é possível avançar em direção a uma nova perspectiva
em planejamento para o turismo em áreas protegidas.
Considerando a gestão participativa do Conselho Gestor da Unidade de Conservação e
as consultas diretas às comunidades, o planejamento das atividades é realizado a partir do
levantamento de informações que subsidiam os programas estabelecidos no Plano de Gestão,
por meio de oficinas de planejamento participativo e aprovação do Conselho Gestor. No
âmbito do Art. 2º, do Decreto Estadual nº. 30.873/2010, o uso público de uma UC deve ser
desenvolvido com finalidade recreativa, turística, esportiva, histórico-cultural, educacional e
21

de interpretação, e conscientização ambiental. Tais finalidades buscam integrar as atividades


turísticas desenvolvidas atualmente nas UCs, situadas no Mosaico do Baixo Rio Negro.

2 MATERIAL E MÉTODOS

Os métodos e os materiais aplicados para a realização da pesquisa, bem como a


contextualização das RDSs do Tupé e do Rio Negro são abordados a seguir. A caracterização
das áreas de estudo seguiu como referência as informações contidas nos instrumentos de
gestão: os Planos de Gestão das duas UCs, e o Plano de Uso Público da RDS do Tupé.

2.1 ÁREAS DE ESTUDO

Considerando as UCs dispostas na região do Baixo Rio Negro, e em obediência ao


Art. 26 do SNUC, foi criado o Mosaico do Baixo Rio Negro (MBRN) por meio da Portaria nº.
483, de 14 de dezembro de 2010, do MMA, cujo objetivo é promover a gestão integrada e
participativa dentro dos diferentes objetivos de conservação das diferentes unidades que o
compõem (HERRERA, 2010). O MBRN é constituído por 12 UCs5, sendo oito unidades de
uso sustentável e quatro de proteção integral (Figura 1).
Em contribuição às reflexões e propostas no âmbito da cooperação franco-brasileira
para a gestão de mosaicos de unidades de conservação, tem destaque o potencial de cada uma
das diferentes UCs que compõem o Mosaico do Baixo Rio Negro para o desenvolvimento do
ecoturismo. O planejamento de atividades voltadas para esta prática deve ser sistemático e de
forma integrada entre os gestores, comunidades e empresas operadoras de turismo, visando
proporcionar a interação entre a sociedade e a natureza. Sobretudo, valorizando o patrimônio
ambiental e promovendo o bem-estar da população local (JESUS e TINTO, 2010).

5
Em 2010, após a criação do Mosaico do Baixo Rio Negro (MBRN) com 11 UCs, foi criada a Reserva de
Desenvolvimento Sustentável Puranga Conquista pelo governo do Estado do Amazonas (Lei Estadual nº. 4.015
de 24 março de 2014), totalizando 12 UCs a partir 2014.
22

Figura 1: Mapa do Mosaico do Baixo Rio Negro (MBRN).


Fonte: SIPAM (2018); IBGE (2018)
23

2.1.1 Reservas de Desenvolvimento Sustentável do Tupé e do Rio Negro

As duas UCs aqui estudadas estão dentro da região metropolitana de Manaus, sendo
que a RDS do Tupé se localiza na margem esquerda do Rio Negro, e a RDS do Rio Negro se
situa na margem direita (Figura 2).
A RDS do Tupé é uma UC municipal gerida pela Secretaria Municipal de Meio
Ambiente e Sustentabilidade (SEMMAS), cuja principal atribuição é formular e executar a
política municipal de meio ambiente da cidade de Manaus, de acordo com as diretrizes
estabelecidas pela política nacional de desenvolvimento econômico, científico, tecnológico e
de meio ambiente. A UC foi criada por meio do Decreto nº. 8.044, de 25 de agosto de 20056,
regulamentada e aprovada por meio da Resolução nº. 040 do Conselho Municipal de
Desenvolvimento e Meio Ambiente (COMDEMA), de 18 de abril de 2006. É constituída por
um Conselho Deliberativo, instituído no ano de sua criação, com representantes de
instituições governamentais, da sociedade civil e moradores da UC.
A RDS do Rio Negro é uma UC estadual gerida pela Secretaria de Estado do Meio
Ambiente (SEMA) por meio do Departamento de Mudanças Climáticas e Gestão de Unidades
de Conservação (DEMUC). A UC é constituída por Conselho Deliberativo, sendo presidido
pelo órgão responsável por sua administração, e conta com representantes de órgãos públicos,
organizações da sociedade civil e das populações tradicionais residentes na UC e no seu
entorno.

6
MANAUS. Prefeitura Municipal de Manaus. Decreto nº. 8.044 de 25 de agosto de 2005. Cria a Reserva de
Desenvolvimento Sustentável do Tupé (REDES do Tupé), localizada na Bacia do Rio Negro e dá outras
providências. In: Diário Oficial do Município, Manaus, n.1390, 24 dez. 2005.
24

Figura 2: Mapa de localização das Unidades de Conservação, RDS do Tupé e do Rio Negro.
Fonte: SIPAM (2018); IBGE (2018)
25

Com área total de 11.973 ha, a RDS do Tupé está localizada a 25 km a oeste da cidade
de Manaus, podendo ser acessada somente por via fluvial, com percurso aproximado de 20 a
30 minutos em lancha rápida. Esse espaço territorial abriga 18 distritos distribuídos em seis
comunidades, a saber: Agrovila Amazonino Mendes, Colônia Central, Julião, Nossa Senhora
do Livramento, São João e Tatu. Essas localidades são ocupadas por populações tradicionais,
incluindo indígenas (CHATEAUBRIAND et al., 2009).
A RDS do Rio Negro foi criada pela Lei Estadual nº. 3.355, em 26 de dezembro de
2008. Possui 102.978,83 ha distribuídos entre os municípios de Manacapuru (correspondendo
a 4% da área total), Iranduba (80%) e Novo Airão (16%). A UC faz limites com a APA
Margem Direita do Rio Negro (Setor Puduari-Solimões), da qual foi desmembrada, PAREST
do Rio Negro Setor Norte e PARNA Anavilhanas. A RDS do Rio Negro apresenta um
importante cenário biológico, abrigando ecossistemas florestais tais como florestas de igapó,
de terra firme, campinas e campinaranas, sendo considerada uma complexa matriz
paisagística que oferta à região grande biodiversidade em vários níveis ecossistêmicos.
Essa UC é composta por 19 comunidades organizadas geograficamente em três polos,
onde aproximadamente 622 famílias vivem: i) Polo I – Tiririca, Santo Antônio, Marajá e
Nova Esperança; ii) Polo II – Terra Preta, Camará, Carão, Nossa Senhora do Perpétuo
Socorro do Tumbira, São Sebastião do Saracá, Santa Helena do Inglês; e iii) Polo III – Terra
Santa, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, São Francisco do Bujaru, São Tomé, Santo
Antônio do Acajatuba, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora de Fátima, Nova Aliança
e XV de Setembro. O acesso ocorre principalmente por via fluvial e, em alguns trechos, por
via terrestre, partindo pela estrada AM-070 (trecho Manaus – Manacapuru) e AM-352 (trecho
Manacapuru – Novo Airão). O tempo previsto para chegar nas comunidades da região Norte
da UC, que estão mais afastadas de Manaus, é de 6 horas via barco de linha, e 3 horas de
voadeira (motor 40 hp) ou 1h:30 min (motor 115 hp).
O número de habitantes da RDS do Rio Negro não está definido em seu Plano de
Gestão. Assim, a Tabela 3 apresenta a divisão por famílias que residem em todas as
comunidades da Reserva.
26

Tabela 3: Número de famílias residentes na RDS do Rio Negro.

Comunidades da RDS do Rio Negro Número de residências


Santa Helena dos Inglês 20
Nossa Senhora da Conceição 37
Terra Preta 58
Nossa Senhora de Fátima 51
Carão 09
Camará 34
Nova Aliança 16
XV de Setembro 42
Terra Santa 32
Nova Esperança 47
Marajá 18
Nossa Senhora do Perpétuo Socorro 73
São Francisco do Bujaru 26
São Tomé 34
Tiririca 13
Santo Antônio do Acajatuba 34
Nossa Senhora do Perpétuo Socorro do Tumbira 32
São Sebastião do Saracá 36
Santo Antônio 10
TOTAL 622
Fonte: Plano de Gestão da RDS do Rio Negro (AMAZONAS, 2016).

A RDS do Tupé possui importância estratégica dentro do mosaico (MBRN) por estar
próxima ao chamado Estreito, área importante para controle da região, proteção e fiscalização
efetiva da navegação (subida e baixada) do Rio Negro, como também por abrigar em seu
interior uma rica diversidade biológica. Dentre as espécies de primatas encontradas, destaca-
se o Sauim-de-coleira ou Sauim-de-manaus (Saguinus bicolor). Sua existência foi registrada
apenas nos municípios de Manaus, Rio Preto da Eva e Itacoatiara, e encontra-se em condição
de risco de extinção7, sendo este o principal motivo para o reconhecimento dessa área
protegida do município de Manaus, por efeito do Art. 32, da Lei nº. 605/2001. (MANAUS,
2008).

7
Sauim-de-colera (Saguinus bicolor) é uma espécie de macaco criticamente em perigo de extinção, restrita à área
compreendida entre os municípios de Manaus, Rio Preto da Eva e Itacoatiara. Alguns dos fatores de risco a sua
existência são os incêndios, assentamentos rurais, expansão urbana, predação por espécie doméstica,
desmatamento, desconexão e redução de habitat, poluição de ambientes e caça. Disponível em:
<http://www.icmbio.gov.br/portal/faunabrasileira/estado-de-conservacao/7232-mamiferos-saguinus-bicolor-
sauim-de-coleira. 399>. Acesso em: maio 2018.
27

Das UCs que compõem o MBRN, a RDS do Tupé é a mais próxima de Manaus.
Diante disso, apresenta uma característica particular em relação às demais: a pressão exercida
pela especulação imobiliária e pelas populações que migram de Manaus, gerando um fluxo
intenso de ocupação (ARAÚJO, 2008). Essa ocupação é intensificada por visitantes movidos
para o turismo de lazer, desenvolvido principalmente na comunidade de São João, onde está
localizada a Praia do Tupé. Visitada constantemente por turistas brasileiros e estrangeiros,
esse local é apreciado especialmente para observação de rituais indígenas que ocorrem nesta
comunidade e proximidades. Além disso, os moradores da área urbana de Manaus, também
utilizam essa praia para o lazer em feriados e finais de semana (MANAUS, 2011).
As atividades econômicas das comunidades da RDS do Tupé incluem agricultura,
exploração de madeira, criação de pequenos animais, pesca, programas governamentais de
transferência de renda por meio de bolsas, venda de alimentos preparados, comércio,
funcionalismo público e turismo. A população da RDS do Tupé é estimada em um pouco
mais de dois mil habitantes distribuídos nas seis comunidades (Tabela 4).

Tabela 4: População da RDS do Tupé distribuídas por comunidade.

Comunidades da RDS do Tupé nº. de habitantes fixos e eventuais


Agrovila Amazonino Mendes 218
Julião Fixos/Eventuais 771
Nossa Senhora do Livramento/Permanentes 568
Nossa Senhora do Livramento/Eventuais 76
São João 208
Tatu 120
Colônia Central 72
TOTAL 2.033
Fonte: Plano de Gestão RDS do Tupé (MANAUS, 2017).

As atividades socioeconômicas existentes da RDS do Rio Negro são principalmente


agricultura, criação de animais, pesca, extrativismo madeireiro por meio de Manejo Florestal
Sustentável, extrativismo não madeireiro, artesanato e turismo. Este último ocorre
principalmente em nove das dezenove comunidades da Reserva. A região conta com diversos
atrativos naturais que favorecem as dezenove comunidades, dentre eles: praias, trilhas
ecológicas, lagos, igapós, igarapés e cachoeiras, além de fauna e flora abundantes. A
potencialidade dos recursos naturais, culturais e a infraestrutura existentes possibilita o
desenvolvimento da atividade turística nas comunidades da UC.
28

2.2 COLETA E ANÁLISE DOS DADOS

A pesquisa de campo para a realização das entrevistas semiestruturadas e observações


ocorreu no período de agosto de 2017 a janeiro de 2018. Foram realizadas oito (08) visitas na
RDS do Tupé, com duração aproximada de dois (02) dias para cada visita; seis (06) visitas na
RDS do Rio Negro, com duração aproximada de três (03) dias por visita; uma (01) viagem
para o município de Novo Airão, com o objetivo de entrevistar os representantes das empresas
prestadoras de serviços turísticos e o gestor da RDS do Rio Negro, compreendendo três (03)
dias. O tempo de duração das entrevistas foi de aproximadamente 40 minutos. A Tabela 5
mostra o número de entrevistas e os atores da pesquisa.

Tabela 5: Atores entrevistados na pesquisa e número de entrevistas realizadas nos respectivos locais.

Atores entrevistados nº. de Local das entrevistas


entrevistas
Gestores da RDS do Tupé 04 Manaus
Gestores da RDS do Rio Negro 02 Manaus e Novo Airão
Empresas de serviços turísticos (RDS do Tupé) 04 Manaus
Empresas de serviços turísticos (RDS do Rio 05 Novo Airão, Manaus e
Negro) RDS do Rio Negro
Iniciativas locais RDS do Tupé 06 RDS do Tupé
Iniciativas locais RDS do Rio Negro 11 RDS do Rio Negro
Representantes de órgãos oficiais de turismo 02 Manaus
municipais e estadual
Instituições parceiras das RDS do Tupé e do Rio 03 Manaus
Negro

A pesquisa teve caráter exploratório por meio do método qualitativo, e buscou


compreender as particularidades de cada processo em que ocorreram os fenômenos do estudo
(GIL, 1999). A triangulação metodológica para apresentar e discutir os resultados foi
utilizada, por se fundamentar na utilização de distintas fontes de coleta de dados, além de
permitir uma melhor análise das evidências (GÜNTHER et al., 2011). Essa proposta
metodológica tem sido usada em estudos da pessoa-ambiente, devido à complexidade para
compreensão da relação entre ambos, a qual consiste em diversidades metodológicas.
Sobre as atividades de turismo e lazer que ocorrem nas UCs aqui estudadas, as
questões foram analisadas comparativamente entre os grupos das iniciativas locais, gestores e
empresas operadoras. Os dados levantados foram cruzados para averiguar o maior número de
concordância e divergência entre as respostas, e até onde os gestores tinham conhecimento
das atividades turísticas realizadas dentro das UCs.
29

Para avaliar o status de implementação das atividades de turismo e lazer propostas nos
instrumentos de gestão (PG e PUP) das UCs, que foram estabelecidas nos planos e programas
para uso público, foi considerada a análise dos documentos, bem como as respostas dos
gestores, dos representantes dos departamentos ligados à gestão do uso público das UCs e dos
representantes dos órgãos oficiais de turismo nas distintas esferas acerca de suas participações
na consolidação das ações propostas nos planos e programas de gestão, além das evidências
encontradas em campo. Esses dados permitiram compreender as relações entre o que acontece
na prática e o que consta nos instrumentos de gestão, a fim de compreender os fatores
relevantes para comparar o cenário atual das UCs, na perspectiva da gestão do turismo e lazer.
Para identificar os desafios e oportunidades do turismo e lazer na gestão das UCs, a
partir dos seus instrumentos de gestão, foram analisadas as respostas dos representantes dos
órgãos gestores das UCs. Assim, as técnicas de abordagem e seus objetivos para o
levantamento dos dados primários em campo foram assim divididos:

i. Observação direta e conversas informais possibilitaram o registro de elementos


significativos nas UCs do estudo, sendo utilizadas em todo o processo de campo como
subsídio para o levantamento de informações adicionais, tais como: circulação de
embarcações, chegada de grupos guiados ou visitantes sem guiamento, os banhistas dos finais
de semana que realizam visitas nas UCs, e locais mais visitados. Vale ressaltar que alguns
comportamentos e condições ambientais ajudam a obter características mais fiéis dos
pesquisados e dos cenários da pesquisa (MARCONI e LAKATOS, 2006; YIN, 2010). As
conversas informais ocorreram em reuniões do Conselho das UCs, com líderes, comunitários
e donos de embarcações regionais e comunitários. Todas as observações foram registradas em
diário de campo.
ii. Mapeamento de atores-chave: os atores-chave desta pesquisa foram identificados
como aqueles que estão associados ao turismo dentro das UCs, tais como gestores das UCs,
representantes das iniciativas locais, representantes das empresas prestadoras de serviços
turísticos e de lazer/operadores externos atuantes nas UCs, representantes de órgãos oficiais
do turismo na escala municipal e estadual, e instituições parceiras das RDS Tupé e do Rio
Negro. Para manter a integridade dos gestores, optou-se por identificá-los numericamente.
Assim, para a UC municipal, foram denominados quatro representantes (1, 2, 3, 4) e, para a
UC estadual, dois (1, 2).
30

iii. Entrevistas semiestruturadas: um roteiro semiestruturado (Apêndices A, B, C, D e


E) foi aplicado junto aos atores-chave da pesquisa, conforme indicados na Tabela 5. A
pesquisa foi aprovada junto à Plataforma Brasil e ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) (nº. processo 2.189.035, Anexo A). O
Estado também concedeu autorização por meio do DEMUC (nº. processo 65/2017, Anexo B).
A autorização do município ocorreu por meio do Programa de Conhecimento sob o nº
processo 06/2017 da SEMMAS (Anexo C).

Todos os indivíduos envolvidos na pesquisa proposta preencheram o Termo de


Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), no qual estão detalhados justificativas, objetivos,
procedimentos e demais informações relacionadas à pesquisa (Anexo D). Os subsídios e
recursos para a pesquisa de campo e acesso às UCs foram obtidos por meio da Fundação de
Amparo à Pesquisa do Amazonas (FAPEAM), com colaboração da Fundação Amazonas
Sustentável (FAS).

3 RESULTADOS

Os atores associados ao turismo nas UCs foram identificados a partir do mapeamento


dos atores-chave, considerados como fundamentais para o levantamento dos dados. Somente a
partir desta identificação é que foi possível atender os objetivos propostos no estudo e avaliar
os resultados do mesmo.

3.1 REPRESENTANTES DAS INICIATIVAS LOCAIS

As iniciativas locais correspondem aos serviços de turismo ofertados dentro das UCs.
Normalmente, são moradores das comunidades que trabalham com atividades turisticas antes
mesmo do reconhecimento destas UCs como áreas protegidas. Para a RDS do Tupé, o contato
ocorreu com seis (06) representantes, distribuídos em cinco (05) comunidades, e 11
representantes da RDS do Rio Negro, distribuídos em nove (09) comunidades.
Na RDS do Tupé, as comunidades envolvidas foram as de São João, com
representante de pousada e de iniciativa indígena que oferta apresentação de danças e rituais;
Julião, cuja iniciativa oferta pernoites em casa e venda de doces e geleias para visitantes;
Colônia Central conta um condutor de trilha local; Nossa Senhora do Livramento possui um
grupo de artesanato; e Agrovila, com entrevista direcionada a um professor que gerencia um
31

museu de arqueologia8 na antiga Escola Municipal Paulo Freire, da Secretaria Municipal de


Educação (SEMED).
Na RDS do Rio Negro, as iniciativas envolvidas foram de representantes de grupos de
artesanatos das comunidades de Tiririca e Santo Antônio (Polo I); grupos de artesanato,
representantes de pousadas e representantes de atividade de interação com botos da espécie
Inia geoffrensis, nas comunidades de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, São Tomé, Santo
Antônio do Acajatuba e XV de Setembro (Polo II); e representantes de pousadas e
restaurantes nas comunidades Nossa Senhora do Perpétuo Socorro do Tumbira, Santa Helena
do Inglês e São Sebastião do Saracá (Polo III).

3.2 EMPRESAS PRESTADORAS DE SERVIÇOS TURÍSTICOS E DE LAZER

Pessoas físicas ou jurídicas que atuam na prestação de serviços voltados para as


atividades turísticas e de lazer. Na RDS do Rio Negro, foram mapeados dois (02) hotéis e
uma (01) pousada instalados no município de Novo Airão; uma (01) pousada instalada dentro
da UC e uma (01) Associação de Operadores de Turismo de Novo Airão (ATUNA). As
empresas hoteleiras atuam na região da UC entre oito e 15 anos, e ofertam seus pacotes
turísticos nas modalidades: lazer, aventura e experiência. Visitantes estrangeiros fazem parte
da grande demanda atendida por estes atores.
Vale ressaltar que a ATUNA atua há 12 anos na região e não trabalha com pacotes de
turismo, como os hotéis e as pousadas pesquisadas. Os passeios são realizados em lanchas
rápidas, com abordagem ao visitante no dia do passeio. Algumas vezes são contatados
previamente, realizando atividades nas comunidades residentes na UC, principalmente as
mais próximas de Novo Airão, e recebem mais turistas brasileiros.
Na região do Tupé, foram mapeadas: uma (01) agência de viagens e turismo que atua
na região da UC há quatro anos e trabalha com público nacional com oferta de turismo na
natureza e interação com comunidades; uma (01) embarcação regional que oferta passeios
para as praias e trabalha com público local há 27 anos; uma (01) lancha de passeio, tipo
Expresso, que oferece principalmente passeios de um dia pelo Rio Negro há 31 anos e
trabalha mais com demandas nacionais; e uma (01) Cooperativa dos Profissionais de

8
Trata-se de um importante acervo arqueológico que está, desde 2004, sob a guarda da Escola Municipal Paulo
Freire, localizada na sede da comunidade Agrovila, REDES do Tupé, sendo do conhecimento do IPHAN
(Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
32

Transporte Fluvial da Marina do Davi (Coop-Acamdaf) que presta serviços para as demandas
turísticas e realiza rotas regulares para o transporte de passageiros entre as comunidades da
UC.

3.3 GESTORES DAS UCs

Na RDS do Tupé, o contato ocorreu primeiramente com o gestor da UC. Por sugestão
do gestor, contatamos também dois (02) gestores que antecederam a gestão atual e
representante da direção de áreas protegidas da SEMMAS. Na RDS do Rio Negro, o gestor e
representante da assessoria técnica do DEMUC foram contatados.
Atualmente a RDS do Tupé possui um (01) gestor, um (01) piloteiro/agente de defesa
ambiental, um (01) guarda municipal lotado em uma base de apoio dentro da reserva e seis
(06) vigilantes que ficam na base flutuante da SEMMAS. A RDS do Rio Negro conta com um
(01) gestor apoiado pelo corpo técnico do DEMUC para ações estratégicas, como oficina,
monitoramentos, entre outros.
A RDS do Tupé está diretamente ligada ao Departamento de Áreas Protegidas
(DEAPR), que administra as atividades nas UCs do município de Manaus, dentro da estrutura
operacional da SEMMAS, fazendo parte da Diretoria Técnico-Operacional. Um departamento
de uso público para as UCs do município é inexistente. Porém, há um Programa de
Conhecimento responsável pelas autorizações para a realização de pesquisas. Na RDS do
Tupé, os instrumentos existentes para uso público são o Plano de Uso Público e o
regulamento de Uso Público da Praia do Tupé, que estabelece regras gerais de utilização dos
espaços da praia e das instalações ali existentes. Ambos instrumentos foram elaborados e
aprovados em 2008. Um Acordo de Visitação nos Núcleos Indígenas está em processo de
elaboração e visa estabelecer as diretrizes e procedimentos que deverão ser observados na
visitação aos grupos indígenas em UCs municipal e estadual (Puranga Conquista).
A RDS do Rio Negro está diretamente ligada ao DEMUC, que estabelece as políticas
e programas de gestão das UCs do Estado. Sua principal função é administrá-las direta ou
indiretamente, tendo como órgão fiscalizador o Instituto de Proteção Ambiental do Estado do
Amazonas (IPAAM), cuja função é licenciar atividades potencial ou efetivamente poluidoras
ou degradadoras. Na UC, existem como instrumentos de gestão para uso público, o Decreto
nº. 30.873, de 28 de dezembro de 2010, que estabelece diretrizes para visitação nas UCs
estaduais. Outros documentos em destaque são os procedimentos e trâmites necessários para a
33

realização de pesquisa e visitação nas UCs do Estado que resultaram no Termo de


Responsabilidade e Atestado de Ciência voltado para os visitantes. O mais recente
instrumento que trata da visitação pública na UC estadual é o Procedimentos para
Autorização de Visitas às Unidades de Conservação Estaduais para Fins Comerciais. Vale
ressaltar que uma Instrução Normativa (IN) está sendo elaborada para regulamentar o uso de
imagens das UCs estaduais.
Aos gestores das duas UCs, juntamente com o conselho gestor, ambos deliberativo,
compete principalmente acompanhar a elaboração, implementação e revisão dos instrumentos
de gestão da UC; buscar a integração da UC com os demais espaços territoriais protegidos e
com o seu entorno; buscar a compatibilização dos segmentos sociais relacionados com a
unidade; promover articulação com os diferentes atores do poder público local, instituições de
ensino e pesquisa e demais entidades da sociedade civil organizada para articular interesses e
assegurar a participação dos diversos segmentos nas decisões e estabelecimento de diretrizes
das UCs, bem como avaliar o orçamento da unidade e o relatório financeiro anual elaborado
pelo órgão executor em relação aos objetivos da UC.

3.4 REPRESENTANTES DE ÓRGÃOS OFICIAIS DO TURISMO

A Empresa Estadual de Turismo do Amazonas (Amazonastur) oferece assessoria


técnica e apoio à capacitação, sensibilização, promoção e marketing da atividade turística,
além do cadastramento das empresas prestadoras de serviços turísticos e ordenamento da
atividade no âmbito do Estado. A Amazonastur participa também da gestão do uso público do
turismo e lazer na UC estadual, relacionada às parcerias com a gestão, atuação no conselho
gestor do Mosaico, articulação e parcerias com órgão governamentais do Estado, municípios e
ONGs.
A representante do município, Manauscult (Fundação Municipal de Cultura, Turismo
e Eventos), atua no Conselho Gestor da RDS do Tupé, desde 2015, e oferece apoio técnico em
capacitações, bem como divulgação e marketing.

3.5 INSTITUIÇÕES PARCEIRAS DAS RDSs DO TUPÉ E DO RIO NEGRO

Na RDS do Rio Negro, foi mapeada a Fundação Amazonas Sustentável (FAS),


organização brasileira não-governamental, que atua na UC, desde 2008, com apoio e
incentivo ao desenvolvimento de atividades econômicas de baixo impacto ambiental, por
34

meio do Programa Bolsa Floresta (PBF) que realiza o pagamento por serviços ambientais às
comunidades tradicionais dentro da UC.
O apoio ao turismo ocorre por meio da promoção de cursos e capacitação de
comunitários, com foco principalmente no empreendedorismo, incentivo ao artesanato, à
implementação de pousadas e restaurantes e na criação de roteiros turísticos, com destaque
para o Roteiro de TBC RDS do Rio Negro. Esse roteiro foi criado com apoio do Fórum de
Turismo de Base Comunitária (FTBC) do Rio Negro9, como parte do Programa Passaporte
Verde10, visando atender as possíveis demandas turísticas da Copa do Mundo de Futebol de
2014, tendo o Amazonas como cidade-sede. As comunidades que fazem parte desse roteiro
são: Tumbira, Santa Helena, Saracá, São Tomé, Santo Antônio do Lago do Acajatuba e Nossa
Senhora do Perpétuo Socorro. Ainda ocorre apoio com demandas de visitantes para a UC,
onde a instituição, por meio do núcleo de capacitação instalado na comunidade de Tumbira,
promove vários encontros e cursos de intercâmbios com escolas e projetos de outros estados e
países.
Na RDS do Tupé, foi mapeada a Universidade Federal do Amazonas (UFAM) que
atua na UC desde 1997, com projeto de extensão universitária por meio do Programa
Tupé/UFAM e desde 2006, a instituição faz parte conselho gestor. Colaborou na elaboração
de instrumentos de regulamentos para uso público na Praia do Tupé, na criação de
infraestrutura física de apoio ao uso público (banheiros públicos, sinalização e barracas de
serviço ao público) e articulador do Roteiro de Turismo Comunitário no Baixo Rio Negro
(Tucorin).
Iniciado em 2010, o Roteiro Tucorin é uma iniciativa de TBC subsidiado pelo projeto
Talentos do Brasil Rural, uma parceria entre o Ministério do Turismo (MTUR), Ministério do
Desenvolvimento Agrário (MDA), Ministério do Meio Ambiente (MMA), Sebrae e Agência
de Cooperação Alemã (GTZ). Contou com apoio das ONGs, Nymuendaju11 e IPÊ (Instituto
de Pesquisas Ecológicas), e envolveu as comunidades das RDS Tupé e Puranga Conquista.
Na RDS do Tupé, envolve as comunidades de São João, Julião e Colônia Central. O Roteiro

9
Representa um espaço para discursão da temática em diferentes níveis de governança, bem como para
influenciar políticas públicas voltadas para o turismo em UCs, buscar apoio para capacitações, intercâmbios e
consolidação da atividade turística em base comunitária no Rio Negro.
10
O Programa Passaporte Verde teve como objetivo qualificar o produto turístico para a Copa do Mundo de
Futebol de 2014 nas localidades receptoras, além da implantação de infraestrutura básica, ações de educação
ambiental com apoio do MMA. O intuito era incentivar os visitantes a reduzir os impactos negativos das
atividades nos ambientes visitados.
11
Organização não-governamental que atua no Amazonas por meio de projetos sociais.
35

Tucorin objetivou integrar as comunidades rurais e indígenas, que tinham ojeriza pelo turismo
convencional e nada inclusivo, aos roteiros de visitação da cidade de Manaus, visando à
geração de trabalho e renda, e o protagonismo destas comunidades na gestão da atividade.
Realizado pelo IPÊ e parceiros, o Plano de Negócios (PN) para o Roteiro Tucorin foi
apresentado em 2014. O plano tinha o objetivo principal de acesso ao mercado, em vista do
seu fortalecimento e viabilidade econômica, buscando parcerias para a sua comercialização.
Atualmente, esse roteiro continua acontecendo nas comunidades da RDS do Tupé, mas de
forma incipiente e sem apoio dessas instituições. Sua articulação vem sendo realizada de
forma voluntária por um profissional do turismo que colaborou na implementação de
atividades para o desenvolvimento do roteiro na RDS do Tupé.

3.6 ATIVIDADES TURÍSTICAS DESENVOLVIDAS NAS UCSs

Um rol de atividades foi identificado nas duas UCs, conforme mostrado na Tabela 6.
Dentre as atividades, 15% ocorrem somente na RDS do Tupé, 30% somente na RDS do Rio
Negro, e 55% são comuns nas duas unidades. Porém, alguns atrativos, como rituais indígenas
e interação com botos, são exclusivos de uma ou de outra. Na RDS do Tupé, as atividades que
contam com frequência significativa de visitantes é o lazer na Praia do Tupé, localizada na
comunidade de São João, e apreciação de rituais indígenas, próxima à comunidade do Tatu.
Na RDS do Rio Negro, as atividades mais expressivas representam a visitação à comunidades
e “casa de caboclo”, interação com botos e venda de artesanato. Vale ressaltar que a visitação
às comunidades envolve o passeio para conhecer a comunidade, e muita das vezes, a compra
de artesanatos. Por outro lado, a visita à casa de caboclo é um atrativo ofertado pelas
empresas operadoras que consiste na apresentação da casa de farinha com oferta de culinária
regional, como tapioca, café ou suco, e demonstração do processo artesanal de preparo da
farinha, mas sem fazer a farinha. A Tabela 6 lista as atividades turísticas realizadas nas duas
UCs.
36

Tabela 6: Atividades turísticas realizadas na RDS do Tupé e do Rio Negro.


Atividades RDS do Rio Negro RDS do Tupé
Freq. Ocor. Oper.* Freq. Ocor. Oper.*
1) Apreciação da produção da farinhada M E 3,4,5 M E 1,7,9
2) Demonstração de plantas medicinais M L 3,4,5 (**) (**) —
3) Floresta Cultural (**) (**) (**) M L 2,7,8
4) Focagem de jacaré M E 3,4 (**) (**) —
5) Interação com botos A L 2,3,4, (**) (**) —
6) Lazer na praia A L 1,2,3 A L 1,7,10
7) Observação de animais M E 2,3,4, M L 1,7
8) Observação de animais noturno M L 2,4,6 (**) (**) —
9) Observação de aves M L 2,3,4, (**) (**) —
10) Passeio de canoa nos igapós A E 2,3 M L 1,2,8
11) Passeio na comunidade A E 3,4,5,6 M E 1,7,9
12) Pernoite na selva M L 3,4 M L 1,8,11
13) Pescaria artesanal M E 2,3 M L 1,7,8
14) Ritual indígena (**) (**) (**) A L 1,7,8,11
15) Trilhas interpretativas M E 2,3,4,6 M L 1,7,8,11
16) Venda de artesanato A E 2,3,4,6 M L 1,7,8,11
17) Visita à cachoeira M L 2 B L 1,7
18) Visita à casa de caboclo A L 2,3,4 (**) (**) —
19) Visita à Museu (**) (**) (**) B L 1,7
20) Vivência em casa de comunitário M L 2,4,6 M L 1,7,9
(**) significam as atividades não realizadas UC; Freq.= Frequência; Ocor.= Ocorrência; Oper.=
Operadores/articuladores; M= Moderada; A= Alta; B= Baixa; E= Espalhada; L= Localizada.
*1) Embarcações particulares; 2) Iniciativas locais; 3) Pousadas instaladas na UC; 4) Hotéis e agências
de Manaus e Novo Airão; 5) ATUNA; 6) FAS; 7) Coop-Acamdaf; 8) Agências e hotéis de Manaus; 9)
Roteiro Tucorin; 10) Embarcações regionais; e 11) Lanchas de passeios.

É importante salientar que a frequência das atividades de turismo e lazer nas duas UCs
se refere ao número de vezes que o fenômeno ocorre. Portanto, alta frequência das atividades
é a forma bastante frequente, ou seja, ocorrem todos os dias da semana ou de forma mais
intensa nos finais de semana. Por outro lado, a moderada está relacionada à forma bem menos
expressiva destas atividades, com pelo menos uma ou duas frequências por mês, enquanto a
baixa ocorre poucas vezes ao ano.
Da mesma forma, a ocorrência das atividades se refere ao local ou locais onde o
fenômeno ocorre. Neste caso, quando se faz referência à ocorrência localizada ou espalhada,
descrevemos os locais ou comunidades situadas dentro de cada UC. Por exemplo, a interação
com botos ocorre de forma bem localizada na região do Acajatuba, especificamente na
comunidade de Santo Antônio do Lago do Acajatuba, já a apreciação da farinhada ocorre de
forma espalhada, ou seja, dentro de várias comunidades nas duas UCs.
37

O levantamento das atividades turísticas nas duas UCs identificou que as visitações
ocorrem o ano todo, sendo mais expressivas nos meses de julho a setembro, períodos de
formação de praias exuberantes. Na RDS do Rio Negro, as atividades realizadas totalizam 17,
enquanto na RDS do Tupé, 14. As que são exclusivas da RDS do Rio Negro somam seis (06),
e as exclusivas da RDS do Tupé são apenas três (03). As atividades comumente realizadas
entre as duas somam 11. No total, 13 operadores/articuladores frequentes nas UCs foram
contatados.
Os rituais indígenas são apreciados por 80% do público visitante, na sua maioria,
turistas dos estados do Sul e Sudeste, mas também visitantes europeus (italianos, franceses,
alemães) e americanos (20%). As visitas ocorrem praticamente todos os dias por meio de
embarcações particulares, Coop-Acamdaf, agências e hotéis de Manaus e lanchas rápidas
(Expressos), atracadas no centro de Manaus. O gasto médio para esta visita varia entre R$
30,00 a R$ 50,00/pessoa, principalmente, para a compra de artesanatos (não ocorrendo
sempre). Além disso, o valor para apreciação dos rituais não é pago diretamente para os
grupos indígenas pelo visitante, pois já está incluso no pacote negociado com os agentes e
operadores. O tempo das visitas ocorrem aproximadamente em até 50 minutos.
Outra atividade que merece destaque na RDS do Tupé é a Floresta Cultural Herisãrõ,
que ocorre na comunidade São João. É um projeto idealizado pelos indígenas da etnia
Dessana que visa à valorização e conservação da cultura indígena local. Consiste em uma
emersão na floresta amazônica para conhecer os modos de vida, tradições, costumes e crenças
indígenas. O projeto iniciou em 2015, mas, somente em 2018, conseguiu autorização da
gestão da UC para sua realização. Atualmente, está em avaliação, tendo como público,
especialmente europeus. Embora o fluxo de visitas seja considerado baixo, há potencial para
seu desenvolvimento, pois existe forte investimento em marketing por parte dos idealizadores
(Anexo G).
Conforme mencionado anteriormente, as atividades de lazer que ocorrem na RDS do
Tupé são realizadas principalmente na Praia do Tupé, de maneira mais intensa nos finais de
semana (público maior aos domingos). A maior demanda corresponde aos moradores da
cidade de Manaus (95%) que acessam a UC por meio de embarcações regionais (recreios),
embarcações particulares e por meio da Coop-Acamdaf.
Pelo fato de a Praia do Tupé ser um local de intensa visitação, foi criado, em 2008, o
Regulamento de Uso da Praia do Tupé que estabelece regras gerais de utilização desse espaço
e de seu entorno, bem como das instalações de uso público ali existentes. Por meio desse
38

instrumento, pretendíamos analisar o cenário das visitas ocorridas nos anos de 2008 a 2017.
Porém, para esta pesquisa, só foi possível acessar os dados dos anos de 2016 e 2017. Em
2016, 10.559 pessoas visitaram a Praia do Tupé. Em 2017, esse público cresceu, totalizando
18.828 visitantes. A Figura 3 abaixo indica que ocorreu um aumento médio mensal de 967
visitantes, em 2016, para uma média mensal de mais de 1.600 visitantes em 2017.

Figura 3: Número de visitantes na Praia do Tupé (RDS do Tupé) em dois anos de monitoramento.
Fonte: Prefeitura de Manaus/ SEMMAS (2017)

Segundo informações da SEMMAS obtidas nos relatórios mensais de campo, a


variação ocorrida no mês de abril de 2017, época considerada chuvosa na região, ocorreu de
forma espontânea. Houve um grande número de lanchas (81) e barcos regionais (16) com
elevado fluxo de visitantes, sendo considerado um mês atípico dos demais anos.
O tempo de permanência dos visitantes na praia é de aproximadamente 5 horas, e o
gasto médio é de no máximo R$ 50,00/pessoa. As atividades de trilhas interpretativas,
farinhada, observação de animais, venda de artesanato, passeio na comunidade, passeio de
canoa por igapós, visita à cachoeira, pernoite em casa de comunitário e visita a museu
ocorrem de forma pouco expressivas dentro da UC municipal. Outras visitas (à comunidade e
ao museu, venda de artesanato) são viabilizadas por meio de articulação com representantes
de Universidades em visitas técnicas. As atividades de pernoite em casa de comunitários,
visita a cachoeiras e passeios por igapós ocorrem poucas vezes no ano, sendo articuladas por
meio do Roteiro Tucorin. Quando realizadas, são praticadas por visitantes europeus e
39

americanos (80%) e brasileiros do Sudeste (20%). Os custos variam entre R$ 500,00


1.000,00, pois normalmente os visitantes permanecem em média de dois a três dias nas
comunidades.
Enquanto algumas atividades são pouco frequentes na RDS do Tupé, na RDS do Rio
Negro ocorrem de forma expressiva, tais como as visitas às comunidades, venda de
artesanatos e passeio de canoa por igapós. Tais atividades são viabilizadas por meio das
iniciativas locais, pousadas instaladas na UC, hotéis e agências de Manaus e Novo Airão,
ATUNA e FAS. As visitas têm duração média entre 1 hora a um dia, e o gasto médio é de
aproximadamente entre R$ 50,00 a R$ 200,00 por pessoa. O apoio da FAS para as visitas está
ligado ao Roteiro RDS do Rio Negro, com o TBC e por grupos de intercâmbio de escolas de
outros estados do Brasil. Esses visitantes permanecem entre dois a cinco dias na comunidade,
e gastam diariamente entre R$ 50,00 a 180,00/pessoa.
A interação com botos é realizada na região do lago do Acajatuba (RDS do Rio
Negro), sendo acessada por meio de barcos particulares, agências e hotéis de Manaus,
iniciativas locais e pousadas instaladas na UC. Os visitantes são, em sua maioria, 85% dos
estados do Sul e Sudeste, e 15% se distribuem entre visitantes europeus e americanos.
Embora não ocorra de forma intensa e regular na RDS do Rio Negro, a pesca esportiva
ganhou destaque por ser citada em várias entrevistas, principalmente, por representantes de
hotéis e das iniciativas locais. É uma atividade que ocorre no lago do Acajatuba e
proximidades, sendo realizada por intermédio de representantes de hotéis e algumas
iniciativas locais, com duração média de um dia. Não foi citado ou observado a ocorrência
desta atividade na RDS do Tupé.
A visitação nas praias localizadas nos limites da RDS do Rio Negro ocorre
expressivamente, a exemplo das praias Grande e praia da Ponta. São frequentadas
principalmente por moradores de Manaus e visitantes hospedados em pousadas dentro da UC,
tendo como meio de acesso as embarcações particulares, de iniciativas locais e de pousadas
instaladas na UC. A duração média destas visitas está entre 3 a 5 horas, e, em alguns casos,
pernoite nas praias. Não foi possível mensurar os gastos dos visitantes nestas praias, pois não
existem serviços para atendimento aos visitantes. Os que acessam às praias, por meio de
embarcações particulares, trazem sua alimentação e bebidas, e os que as visitam, por meio das
iniciativas locais e pousadas, utilizam os serviços oferecidos pelas mesmas. Ainda, foi
impossível identificar o número de visitantes que acessam as praias desta UC, uma vez que
não há mecanismos de verificação de fluxo de visitantes, como foi identificado na UC
40

municipal. Embora seja exigido emissão de autorização pela Assessoria de Pesquisa e


Monitoramento para as UCs estaduais para pesquisa/visita, tal procedimento não mensura de
forma eficiente o número de visitantes na UC, pois muitos barcos particulares, que fazem uso
das praias, desconhecem qualquer procedimento para visitação.
As atividades de visitação nas praias ocorrem de forma intensa nas duas UCs. Porém,
na RDS do Tupé, ocorrem com maior volume e regularidade, devido à proximidade com a
área urbana de Manaus, o que favorece o maior número de pessoas com a possibilidade de
acesso por vários meios de transportes embarcados (recreios e Coop-Acamdaf). Por outro
lado, o público que frequenta as praias da RDS do Rio Negro não conta com esta facilidade,
pois a logística para a região é considerada mais complicada, em termos de distância e
valores, de acordo com os prestadores de serviços turísticos e embarcações regionais
(recreios).
O tempo de duração das visitas nas comunidades da RDS do Rio Negro leva em média
entre 1 hora a cinco dias, considerando-se as várias atividades. Para a RDS do Tupé, o tempo
ocorre entre 30 minutos a 6 horas. Os locais mais acessados na RDS do Rio Negro são as
nove comunidades distribuídas nos três Polos da UC, a saber: Santo Antônio, Tiririca, Nossa
Senhora do Perpétuo Socorro, XV de Setembro, São Tomé, Santo Antônio do Lago do
Acajatuba, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro do Tumbira, São Sebastião do Saracá, Santa
Helena do Inglês. As atividades que movimentam maior fluxo de visitantes nesta UC são a
venda de artesanato, interação com botos, visita às comunidades, passeios pelos rios e igapós,
e o lazer nas praias.
As características das atividades de turismo e lazer distintamente encontradas nas UCs
estão relacionadas à forma, tempo, locais de visitação e atividades realizadas. Na RDS do Rio
Negro, as visitas ocorrem em locais diversos, onde há possibilidade de maior interação,
envolvimento e oportunidades para as comunidades. A RDS do Tupé concentra a visitação em
região definida na comunidade de São João, em virtude da praia e grupos de índios com oferta
de rituais, o que movimenta grande número de visitantes. Outras comunidades não se
envolvem com tais atividades.
Na RDS do Rio Negro, o fluxo de visitantes no polo III foi superior as demais regiões
da UC, a partir de demandas de barcos e prestadores de serviços turísticos que atuam na
região há décadas. A proximidade com Manaus facilita o acesso de visitantes que chegam em
suas próprias embarcações (voadeiras ou lanchas). O fácil acesso dificulta o controle e
41

monitoramento de entrada de turistas e visitantes na UC. Diante disso, os moradores das


comunidades reclamaram de resíduos sólidos deixados nas praias e rios visitados na UC.

3.7 INSTRUMENTOS DE GESTÃO DAS UCs E O USO PÚBLICO

A RDS do Tupé publicou seu Plano de Gestão no dia 04 de setembro de 2017, e a


RDS do Rio Negro, em 05 de maio de 2017. Mesmo com a aprovação recente desses
instrumentos, é importante fazer uma avaliação preliminar do grau de implementação das
atividades propostas nos programas. Diferentemente da RDS do Rio Negro, a RDS do Tupé
possui um Plano de Uso Público (PUP) aprovado e publicado em 2008, e que também foi
analisado.
Devido à Praia do Tupé ser considerada local de grande concentração de visitantes na
UC, foi elaborado, em 2005, um Plano de Turismo que visou à estruturação das atividades de
visitação na comunidade São João do Tupé, onde está localizada a referida praia. As ações
deste plano foram incorporadas ao PUP da UC e, portanto, também analisadas. Vale destacar
que, durante o levantamento de informações para a elaboração do PUP, houve um refinado
detalhamento sobre as atividades de turismo e lazer que ocorriam na UC, bem como as
potencialidades ali existentes.
Para a elaboração do PG, as informações sobre o turismo e o lazer na UC municipal
fazem referência ao PUP. Entretanto, existem informações acerca de TBC que ocorre na UC e
que não consta no PUP. Para a RDS do Rio Negro, dentro dos programas estabelecidos a
serem desenvolvidos na UC no que se refere ao uso público, foram considerados para a
análise os subprogramas com ações específicas voltadas para o desenvolvimento das
atividades de turismo e lazer.
A Tabela 7 mostra sinteticamente as ações previstas nos instrumentos de gestão para o
Uso Público relacionadas ao turismo nas duas UCs.

Tabela 7: Ações previstas nos instrumentos de Gestão das UCs.

RDS do Tupé - Plano de Turismo (2005)


Temas e ação previstas
Mobilização, Educação e Cultura
Criar Fórum de Discussão para o turismo;
Elaborar programa de informação sobre o turismo;
Desenvolver atividade do turismo nas escolas;
Fomentar políticas de Educação Patrimonial e Ambiental.
Infraestrutura
42

Implantar a coleta seletiva do lixo na Praia do Tupé; (****)


Fazer cumprir as Leis do regulamento de uso para a coleta do lixo na praia; (****)
Viabilizar balsas para o transporte do lixo da praia;
Elaborar projeto para um píer ecológico;
Viabilizar embarcação para o transporte de comunitários diariamente;
Implantar projeto de sinalização turística para praia e comunidade;
Aprovar o regulamento de usos e ocupação de espaços da praia; (*)
Recuperar áreas degradadas;
Criar infraestrutura para visitação;
Implantar um posto policial e de saúde;
Instalar um posto do Corpo de Bombeiros;
Implantar a coleta seletiva na Praia do Tupé.
Desenvolvimento de Novos Produtos Turísticos
Implantar um entreposto de produtos de base artesanal;
Elaborar pacote de Turismo de Natureza;
Criar um calendário de eventos culturais;
Promover atividades para o Turismo de Natureza;
Implantar um playground temático de lazer;
Construir um mirante;
Elaborar um plano e roteiro de Turismo de Natureza;
Elaborar projeto de implantação de sítio arqueológico.
Marketing e Venda do Produto Turístico
Realizar pesquisas de demanda turística;
Elaborar o plano de marketing e vendas;
Definir os produtos turísticos;
Definir estratégia mercadológica;
Definir parceiros nos produtos atuais; (****)
Desenvolver com os hotéis a divulgação do turismo;
RDS do Tupé - Plano de Uso Público (2008)
Estudo sobre o uso das trilhas para implementação de atividades turísticas;
Levantamento dos cursos realizados;
Estudo para viabilizar cobrança de ingressos para a UC;
Estudo para viabilidade econômica das atividades turísticas;
Projeto de manejo ecoturístico;
Estudo arqueológico da área;
Estudo para implementação do labirinto para recreação;
Estudo para a terceirização das atividades por meio da concessão dos serviços;
Estudo de interpretação ambiental;
Estudo para concessão dos serviços;
Projetos para comunicação visual; (**)
Estudo sobre o material para oficina de réplicas das cerâmicas.
RDS do Tupé - Plano de Gestão (2017)
Turismo e Lazer
Identificar vocação e potencialidades turísticas nas comunidades da UC;
Criar e implementar cadastro de operadores de turismo, turistas e visitantes;
Implementar o PUP;
Fomentar e fortalecer o TBC;
Estimular a parcerias e investimentos para o TBC;
Funcionar efetivamente da Câmara de Uso Público da UC. (*)
Infraestrutura
Planejar e recuperar ramais, trilhas, ancoradouros, igarapés entre outros;
Planejar a execução e manter o sistema de sinalização da RDS;
43

Planejar e executar manutenção da infraestrutura pÚblica para o TBC;


Reformar e manter as barracas da praia e Centro de Apoio à Gestão; (**)
Planejar, executar e manter os sistemas de saneamento da UC;
Planejar e controlar a qualidade da energia elétrica gerada e distribuída na UC;
Planejar e construir pousadas e similares para hospedagem de turistas;
Estimular parcerias e investimentos para ampliação e manutenção do TBC.
Comunicação
Adquirir e instalar de equipamentos de rádio comunicação VHF na UC;
Viabilizar canal para operação de radiocomunicação VHF para e UC;
Ampliar o sistema de telefonia celular GSM na UC;
Instalação de antena de Wifi.
Transporte
Criar sistema de transporte aquaviário operado por comunitários;
Firmar parcerias com associações ou cooperativas de transporte aquaviário;
Criar cadastro das embarcações que desenvolvem atividades turísticas na UC.
RDS do Rio Negro - Plano de Gestão (2017)
Recreação e Turismo
Realizar ordenamento e monitoramento das atividades de visitação na UC e
viabilizar cobrança de taxa para acesso a UC; (***)
Elaborar o PUP;
Realizar oficina de planejamento para o turismo; (*)
Atualizar e divulgar os produtos e serviços turísticos;
Realizar oficinas com comunitários para novos produtos turísticos; (*)
Melhorar, aprimorar os serviços existentes e criar roteiros integrados; (***)
Ampliar o desenvolvimento do TBC; (***)
Promover intercâmbios entre as comunidades do mosaico para troca de
experiência;
Criar e distribuir cartilhas com informações sobre código de conduta;
Definir os sítios arqueológicos para atividade turística;
Realizar capacitação sobre educação patrimonial para moradores da RDS;
Geração de Renda
Promover cursos de capacitação envolvendo cadeia produtiva do turismo; (*)
Divulgar os pacotes turísticos às agências de turismo; (***)
Promover o diálogo entre iniciativas locais e empresas de turismo;
Elaborar Plano de Negócios (PN) para a UC;
Realizar o levantamento do artesanato existente e potencial; (*)
Promover cursos de capacitação para aprimoramento de técnicas de artesanatos; (*)
Viabilizar a comercialização dos artesanatos produzidos;
Promover e estimular o turismo do “tipo circuito”; (**)
Fazer capacitação para artesãos e extrativistas; (*)
Realizar capacitação para beneficiamento e comercialização de produtos da cadeia
alimentar.
(*) destaca as atividades que foram implementadas; (**) implementadas parcialmente; (***) em
andamento; e (****) descontinuadas.

Na RDS do Tupé, 42 ações apresentadas em seu PUP, juntamente com as do Plano de


Turismo da Praia do Tupé, deveriam ser implementadas. Constam no seu PG 22 ações a
serem implementadas durante a vigência deste documento. Nos programas voltados para
Recreação e Turismo na RDS do Rio Negro, foram estabelecidas 11 ações a serem
44

implementadas, e para a Geração e Renda voltada para o turismo, 10 ações. No total, 21 ações
foram estabelecidas para o desenvolvimento das atividades de turismo e lazer na UC.
A Tabela 8 apresenta o status atual de implementação das atividades previstas para o
desenvolvimento do turismo, presentes nos instrumentos de gestão de ambas as UCs.

Tabela 8: Status das atividades previstas nos instrumentos de gestão das UCs.

UC Instrumentos de gestão Situação das atividades Número de


atividades
RDS do Tupé Plano de Turismo (2005) Implementada 1
/PUP (2008)
Não implementada 38
Parcialmente implementada 0
Ação descontinuada 3
TOTAL 42
RDS do Tupé PG (2017) Implementada 1

Não implementada 20
Parcialmente implementada 0
Em andamento 1
TOTAL 22
RDS do Rio PG (2017) Implementada 6
Negro
Não implementada 9
Parcialmente implementada 1
Em andamento 5
TOTAL 21
Fontes: PUP (2008); PG RDS do Tupé (2017); PG RDS do Rio Negro (2017)

Dentre as ações estabelecidas nos Plano da RDS do Tupé, das 42 definidas no Plano
de Turismo, uma (01) foi implementada e três (03) foram descontinuadas; no PUP, das 12
ações, uma (01) está em andamento; no PG, das 22 ações, uma (01) foi implementada e uma
(01) está em andamento. Vale ressaltar que a ação proposta no Plano de Turismo da Praia do
Tupé, no âmbito da Mobilização, Educação e Cultura, sobre Criar Fórum de Discussão para o
turismo, não ocorreu na UC. Contudo, suas discussões acontecem no FTBC do Rio Negro. Na
RDS do Rio Negro, das 21 ações previstas, seis (06) já foram implementadas, cinco (05) estão
em andamento, e uma (01) está parcialmente implementada.
No Plano de Gestão da RDS do Tupé, não foram incorporadas as propostas
estabelecidas no Plano de Turismo da Praia do Tupé, tampouco as que foram propostas no
PUP. Das sete (07) ações previstas, especificamente para o turismo e lazer na UC por meio do
PG, constam como prioridade a reforma das barracas da praia, a implementação do PUP e a
45

reativação da Câmara de Uso Público do Conselho Deliberativo, atualmente já implementada.


Uma atualização das informações ou levantamento consistente sobre as atividades e
potencialidades para o turismo na UC, bem como as mudanças decorridas ao longo desses dez
anos não foram realizadas no PG. Por outro lado, mesmo a RDS do Rio Negro não dispor de
PUP, durante o levantamento de informações para a elaboração do PG, foi realizado estudo
detalhado sobre as atividades de turismo e lazer que ocorrem na UC, atores envolvidos, bem
como a infraestrutura existente.
O status de implementação das ações previstas em ambos os instrumentos de gestão da
RDS do Tupé foi considerado pouco implementado. Dentre os desafios enfrentados que
impossibilitam a implantação, assim como a continuidade das ações, estão a dificuldade para
consolidação de parcerias, a falta de recursos humanos e financeiros, a incapacidade técnica
do órgão gestor para a gestão do turismo e lazer. Além disso, mudanças de governantes e da
gestão também inviabilizam sua implantação, pois, desde a sua criação, a UC foi gerenciada
por sete gestores. Já a RDS do Rio Negro, desde a sua criação, foi gerenciada somente por
dois gestores, o que reflete melhor continuidade nas ações em andamento.
Na RDS do Rio Negro, o status de implementação das ações propostas no PG para as
atividades de turismo e lazer foi considerado melhor implementado. Embora seu plano tenha
menos de um ano de vigência, muitas das ações propostas já foram concretizadas ou estão em
andamento. Vale destacar, contudo, que a implementação de várias ações só foi possível
graças a parcerias importantes, como a FAS e o ARPA12 (Programa Áreas Protegidas da
Amazônia). Os resultados deste processo ficaram evidentes a partir das capacitações que
envolveram as comunidades, bem como as infraestruturas construídas para apoio à demanda
turística por meio do PBF.
Para a implementação do Plano de Turismo da Comunidade São João do Tupé, existia
certa dependência de apoio de órgãos públicos, a exemplo da Fundação Municipal de Turismo
de Manaus (Manaustur), agora identificada como Manauscult. De acordo o com representante
desta instituição, a Manauscult atua no Conselho Gestor da RDS do Tupé desde 2015, não
tendo responsabilidade com ações previstas anteriormente à administração atual. Informa

12
Criado em 2002, por meio de um alinhamento inovador entre governo federal, órgãos estaduais e instituições
privadas e a sociedade civil, o ARPA representa atualmente a principal estratégia de conservação da
biodiversidade para o bioma amazônico. Por meio da criação, da expansão e do fortalecimento de Unidades de
Conservação (UCs), o programa assegura recursos financeiros para a gestão e manutenção das UCs e a
promoção do desenvolvimento sustentável da Amazônia. Disponível em: <https://www.wwf.org.br>. Acesso
em: 04/2018.
46

ainda não ter nenhum registro das ações realizadas pela Manaustur. Na UC, atua
pontualmente com apoio técnico em capacitações (estruturações para novos produtos
turísticos, voltados para trilhas, inglês básico), bem como divulgação e marketing.
Atualmente, um site com informações sobre a UC, regulamento e normas de uso, turismo e
lazer, acesso a unidade, entre outras informações está em desenvolvimento pela Manauscult.
Embora tenha ações prioritárias a serem implementadas para o uso público, a maior
prioridade estabelecida no Plano de Gestão é a regularização fundiária da reserva, sendo
considerada de situação de extrema importância neste momento; um desafio complexo que
está relacionado principalmente à ocupação ilegal dentro da UC.

3.8 DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA A GESTÃO DO USO PÚBLICO

No que se refere à gestão do uso público de turismo e o lazer nas duas UCs, a partir
dos instrumentos de gestão, a Tabela 9 destaca os principais desafios e oportunidades que
foram evidenciados pelos seus gestores.

Tabela 9: Desafios e oportunidades para a gestão do uso público em ambas UCs.

UCs Desafios Oportunidades


RDS do Rio Negro Equipe técnica especializada em uso Diretrizes do Plano de Gestão;
público; Planos e programas de gestão
Recursos financeiros. para o uso público.

RDS do Tupé Equipe técnica especializada em uso Diretrizes do Plano de Gestão;


público; Plano de Uso Público.
Recursos financeiros,
Equipamentos;
Burocracias.

Para os gestores da RDS do Tupé, a aprovação do Plano de Gestão representa novas


oportunidades, pois é considerado instrumento regulador que contém as diretrizes para o
desenvolvimento das ações propostas. Os gestores destacaram que o Plano de Gestão fortalece
o papel da gestão sobre o território, no sentido de ordenar, licenciar, capacitar, autorizar,
controlar e possibilitar o desenvolvimento de parcerias com instituições governamentais e
não-governamentais, bem como a participação em projetos que viabilizem ações para o
desenvolvimento de atividades prioritárias dentro da UC, dentre elas, o turismo e o lazer.
São considerados como desafios na UC, a saber: a incapacidade do órgão gestor em
organizar e gerenciar as atividades de visitação, a inexistência de equipe técnica adequada, a
falta de recursos financeiros para as ações de estruturação necessárias para desenvolver as
47

atividades, assim como a ausência de equipamentos e burocracias para o andamento de ações


urgentes.
Para os gestores da RDS do Rio Negro, a oportunidade para a gestão das atividades é
o próprio Plano de Gestão, onde estão as ações e os programas pensados para serem
desenvolvidos e realizados pela gestão para o turismo, como observado:

Seguir o plano não vai ser difícil, precisa de recurso humano [...].
Enquanto não se pensar em ter recursos humanos e financeiro para tocar esta
agenda, eu acho que a gestor não consegue sozinho [...]. Não tem uma equipe para
pensar o turismo coletivo na UC. (Membro 1 da equipe gestora da UC estadual,
2017).

Os desafios estão relacionados principalmente à falta de ordenamento para as


atividades, pois não existe uma regulação específica para cada atividade turística dentro da
UCs, sendo necessário uma Instrução Normativa (IN) que oriente as práticas a serem
desenvolvidas. Além disso, é destacada a necessidade de equipe técnica para desenvolver as
ações do uso público, bem como recursos financeiros para consolidar o turismo dentro da
unidade. A ausência de recursos humano e financeiro foi considerada como entraves que
inviabilizam ações necessárias para o desenvolvimento efetivo das atividades de turismo e
lazer pela gestão da UC, mesmo com apoio de parcerias importantes como a FAS e o ARPA.

3.8.1 Uso público das UCs a partir da perspectiva das iniciativas e dos atores locais

Segundo as iniciativas locais e os atores sociais, com os quais tivemos contato em


reuniões de conselhos e em conversas informais nas duas UCs, o uso público para o turismo e
lazer é visto como alternativa de geração de renda, interação cultural, educação ambiental,
desenvolvimento das comunidades e das UCs, promovendo maior consciência ambiental. Em
ambas as UCs, o tráfico de espécies animais e vegetais, turismo massivo e desordenado nas
praias, alta concentração de resíduos sólidos nos rios e praias são considerados aspectos
negativos que envolvem as atividades turísticas. Também foi negativamente relatada a
exploração de algumas comunidades por agências e operadoras de turismo na RDS do Rio
Negro.
As maiores dificuldades enfrentadas para o desenvolvimento do turismo na RDS do
Tupé são as faltas de organização e planejamento da atividade, de divulgação acerca dos
atrativos da UC, de comunicação e articulação entre as comunidades e de infraestrutura
48

adequada de apoio ao turismo. Ainda, a ocorrência do turismo na UC concentrada somente na


Praia do Tupé, não inclui as demais comunidades que desejam empreender na atividade,
apesar das muitas possibilidades de desenvolver atrativos potenciais existentes nesses locais.
Para a RDS do Rio Negro, as faltas de políticas públicas (energia elétrica, logística,
comunicação) e de divulgação da unidade foram apontadas como dificuldades para o
desenvolvimento do turismo.
Na RDS do Tupé, ações concretas sobre a gestão para o desenvolvimento das
atividades turísticas são desconhecidas. Embora as iniciativas e os atores tenham participado
efetivamente da revisão do Plano de Gestão da UC, os mesmos desconhecem se as atividades
turísticas estão incorporadas aos programas de ação para uso público. Destacam o turismo
predatório e insustentável realizado principalmente na Praia do Tupé, e nas iniciativas
indígenas, como agências clandestinas, por exemplo; além da baixa ocorrência de turismo em
outras comunidades da UC.
Para a RDS do Rio Negro, existe maior informação sobre as ações da gestão para o
turismo. Destacam que as atividades turísticas estão incorporadas no Plano de Gestão, no qual
foi evidenciado a partir do levantamento das iniciativas locais e dos atrativos existentes na UC
para a elaboração deste documento. Em relação ao papel da gestão para o desenvolvimento
das atividades para o turismo, foram citadas a promoção de políticas públicas eficientes e
efetivas, com projetos que sejam viáveis para as comunidades; divulgação da UC,
apresentando o potencial e estrutura das comunidades; e articulação de parcerias com
agências, operadoras de turismo e órgão de turismo estadual. Citam como apoiadores
importantes no processo de desenvolvimento das atividades turísticas nas comunidades, a
FAS e seus parceiros (Coca-Cola, Rede Asta e Banco Bradesco), operadores de Novo Airão e
operadoras de outros estados.
Na RDS do Tupé, ganham destaque, como papel da gestão, o planejamento e
organização das atividades de turismo e lazer; o estabelecimento de parceria com os órgãos
oficiais de turismo do estado e município, ONGs e agências de viagens, bem como apoio aos
empreendedores e iniciativas locais e aos projetos para o turismo sustentável (citado o TBC).
Citam também, como parceiros para o desenvolvimento do turismo na UC, algumas
universidades, mas não se sentem apoiados pela gestão em tal processo. Mesmo tendo
conhecimento que a Manauscult faz parte do conselho gestor da UC, não percebem o efetivo
apoio para o desenvolvimento do turismo no local; apenas há apoio com algumas capacitações
até o momento. Destacam que a visitação à Praia do Tupé precisa de estruturação adequada
49

para recepção dos visitantes, pois, mesmo tendo um CADS13 e barracas de alimentação, estas
não conseguem atender as demandas principalmente em épocas de maior fluxo. Algumas
barracas já se encontram em processo de reestruturação, conforme observações pessoais in
loco, e finalização prevista até o final do segundo semestre de 2018. O CADS oferece
estrutura de banheiros e centro de reuniões e capacitações, mas é pouco utilizado pelos
visitantes como apoio a visitação turística.

3.8.2 Uso público das UCs a partir da perspectiva dos prestadores de serviços
turísticos/operadores externos

Os operadores atuantes em ambas as UCs concordam com o potencial das atividades


de turismo e lazer na região do Rio Negro e o de desenvolvimento das atividades nas UCs,
pois a demanda para o turismo em contato com a natureza e comunidades é considerado
crescente.
Para as empresas que atuam na região da RDS do Tupé, como uma agência de viagens
e a lancha rápida (Expresso), o turismo ofertado é o ecoturismo. Os representantes afirmam
que roteiro está disponível todos os dias da semana (salvo na segunda-feira) para a visitação
aos indígenas, sendo que 90% dos visitantes são de brasileiros das regiões Sul e Sudeste. O
gasto médio por visitante para ter acesso a esses atrativos varia entre R$ 130,00 a R$ 150,00,
via lancha e, para a agência de viagens, o custo varia entre R$ 190,00 a R$ 200,00. 97% dos
usuários de embarcação regional e Coop-Acamdaf são de Manaus, e gastam entre R$ 15,00 a
R$ 25,00 para acesso às praias.
Na região da RDS do Rio Negro, os representantes de hotéis e pousadas que
desenvolvem atividades na UC ofertam, em seus pacotes turísticos, as categorias de turismo
de aventura, de natureza e de experiência. Os visitantes são europeus (30%), americanos
(20%), indianos (5%), chineses (5%) e brasileiros (50%). O gasto médio é de
aproximadamente R$ 500,00 por dia incluindo hospedagem e alimentação, mas pode ter um
custo maior, dependendo do hotel. Das empresas que atuam na região da RDS do Tupé, todos
os representantes têm conhecimento que atuam em áreas protegidas, mas somente um (01)
sabe sobre as regras para uso público nas UCs, possuindo material de divulgação voltado ao
esclarecimento dos clientes sobre estes aspectos. Destacam não haver diálogo com a gestão

13
CADS: Centro de Apoio ao Desenvolvimento Sustentável Professor Roberto Vieira.
50

sobre as atividades realizadas por estas empresas na UC. Por outro lado, os representantes das
empresas que atuam na RDS do Rio Negro têm ciência que atuam em áreas protegidas e
conhecem as diretrizes e regras para a sua visitação. Destacam ainda que existe diálogo com
os representantes do órgão gestor, e observam que a comunicação entre órgão gestor e
empresas ainda é incipiente, mas poderá contribuir para uma boa relação no planejamento das
ações, visando o desenvolvimento das atividades na UC.
Os prestadores de serviços turísticos concordam com aspectos positivos das atividades
de turismo e lazer para as UCs. Destacam a geração de renda para as comunidades e para o
setor de turismo, o conhecimento e troca de experiências, conscientização e sustentabilidade
ambiental. Em relação aos fatores negativos, concordam sobre a ocorrência de poluição em
áreas muito visitadas, a exemplo das praias existentes nas duas UCs, com necessidade de
melhor fiscalização nestas áreas.
Ressaltam que o papel da gestão para o desenvolvimento do turismo nas UCs, dentre
outras coisas, é viabilizar e realizar parceria com os órgãos de turismo e com o setor turístico
de forma geral, organizar e planejar as atividades, implementar sinalização turística nas UCs,
bem como a divulgação. Observam que estes fatores são preponderantes para a melhoria da
qualidade dos serviços e produtos turísticos nas UCs.
Sob o ponto de vista dos operadores que atuam na RDS do Rio Negro, há falta de
visão dos gestores públicos sobre a importância do turismo e lazer para as áreas protegidas,
além da necessidade de profissional técnico capacitado para o gerenciamento das atividades
de uso público nas unidades. Os operadores destacam o enorme potencial para
desenvolvimento de novos atrativos na UC, como exemplo, a pesca esportiva. Concordam
que já houve algum avanço em termos de capacitação e melhoria dos serviços das iniciativas
locais da UC, por meio da FAS, e destacam o Plano de Gestão recentemente aprovado como
um instrumento que poderá contribuir para a estruturação das atividades de turismo na UC,
caso as ações sejam desenvolvidas.
Na RDS do Tupé, os operadores desconhecem qualquer ação ou propostas
estabelecidas nos instrumentos de gestão da UC, pois não houve participação destes atores
com informações para a elaboração dos planos existentes. Os representantes de embarcação
regional e Coop-Acamdaf informam sobre a tentativa do órgão gestor, de ordenamento para
utilização da Praia do Tupé pelas embarcações, iniciada em 2008, mas durou até 2012.
Demonstram desacreditar na organização e estruturação deste espaço por meio do órgão
gestor, pois enfatizam que atuam na reserva há muitos anos e não conseguem verificar
51

mudanças efetivas para a melhoria do turismo no local. As operadoras que visitam os


indígenas reclamam da falta de estrutura para recepção dos visitantes, bem como dos resíduos
sólidos encontrados no local, deixando os visitantes bastante incomodados.

3.8.3 Uso público das UCs a partir da perspectiva dos gestores

A atividade turística é considerada parte importante no contexto ambiental para os


gestores das UCs aqui estudadas, mas reconhecem que sua recorrência nas unidades é muito
antes de se transformarem em áreas protegidas. Esta problemática se torna um dos grandes
problemas para o ordenamento da atividade, uma vez que não há controle do número de
empresas que circulam na região com oferta de atrativos e atividades turísticas. A
proximidade com o centro urbano de Manaus garante logística de acesso rápido e fácil para as
UCs, o que gera oportunidade de emprego e renda, mas, ao mesmo tempo, uma ameaça
constante.
As principais ameaças advindas das atividades de turismo e lazer estão relacionadas ao
desrespeito às leis ambientais, dificuldades de fiscalização, falta de ordenamento, especulação
imobiliária, pesca predatória, alta concentração de resíduos sólidos nos rios e praias, entre
outros. Ainda, é recorrente na RDS do Rio Negro captura de quelônios, avanço de ramais,
descaracterização dos locais de visitação, tais como trilhas, casas das famílias na comunidade,
como é observado:

Fomentar a atividade turística nas UCs tem seu lado positivo, mas pode
trazer junto uma série de problemas (prostituição infantil, tráfico de animais e
drogas, entre outros), sendo necessário um trade muito bem organizado e
capacitado, como também uma população local que entenda a importância da
preservação destas áreas. (Membro 1 da equipe gestora da UC estadual, 2017).

Existe um consenso geral sobre as oportunidades advindas da atividade da visitação


entre os gestores duas UCs, como educação e consciência ambiental, geração de renda local e
valorização das comunidades tradicionais, preservação e fiscalização por parte dos moradores,
fatores que contribuem para a conservação. Contudo, o turismo, enquanto atividade geradora
de renda e valorização cultural às comunidades, tem contribuído pouco para a RDS do Tupé,
pois não atinge de modo positivo todas as comunidades. Como já mencionado anteriormente,
a intensa visitação à Praia do Tupé vem causando pressões sobre este ambiente, concentrando
grande fluxo de banhistas que provocam significativos impactos negativos ao local, como
52

poluição sonora, acúmulo de resíduos sólidos, depredação do espaço, desrespeito à população


local, dentre outros. Um controle adequado da atividade no local é inexistente.
Para os gestores da RDS do Rio Negro, o papel da gestão se relaciona com todas as
questões que envolvem a reserva, não somente no âmbito do uso público. O turismo é uma
parte da gestão que precisa de ordenamento e monitoramento, assim como as outras situações
que ocorrem na reserva, pois o órgão tem o papel regulador, fiscalizador, apoiador técnico e
mediador nas parcerias que desenvolvem atividades em seu interior. Para os gestores da RDS
do Tupé, a atuação da gestão, no que se refere ao uso público, está voltada para ações de
fiscalização, aporte técnico (capacitação, sensibilização), estabelecimento de normas e
diretrizes, bem como articulação de parcerias para o desenvolvimento da atividade turística,
igualmente citada pelos gestores da RDS do Rio Negro. Ressaltam ainda que muitas
capacitações voltadas ao empreendedorismo e à geração de renda por meio da atividade já
foram realizadas nas comunidades, visando o desenvolvimento local. Concordam que o
turismo é uma importante atividade econômica, sendo capaz de contribuir não somente para
as comunidades, mas para as áreas protegidas que desenvolvem a atividade.
Os gestores das duas UCs desconhecem a existência de projetos federais, estaduais ou
municipais em andamento que contemplem as unidades ao uso público para o turismo e o
lazer. No caso da RDS do Tupé, a falta de recursos financeiros e humanos para trabalhar o
desenvolvimento das atividades turísticas na UC merece destaque. No caso da RDS do Rio
Negro, embora haja apoio financeiro por meio do ARPA, não há recurso específico do
programa para as atividades de uso público. É sabido que as UCs estaduais são apoiadas pelo
programa ARPA, tendo aporte financeiro para aquisição de bens, obras e contratação de
serviços necessários para a realização de atividades de integração com as comunidades,
formação de conselhos, planos de manejo, levantamentos fundiários, fiscalização e outras
ações necessárias ao bom funcionamento das UCs. Este apoio é essencial para o andamento
de ações propostas na RDS do Rio Negro, não ocorrendo na RDS do Tupé.
Dentre as questões internas que facilitam ou dificultam o avanço do desenvolvimento
das atividades de turismo e lazer nas UCs, as parcerias das entidades atuantes no Conselho
Gestor são citadas como facilitadores e, como empecilho, a falta de recursos humanos e
financeiros, organização do órgão gestor e falta de comunicação. Na RDS do Rio Negro, é
destacada ainda a lentidão para análise dos processos para os pedidos de entrada na UC,
devido à burocracia e pouca comunicação, como é observado:
53

[...] a comunicação é o maior gargalo das unidades de conservação. As


UCs não se comunicam, ou se comunicam muito pouco. Não tem como uma
Unidade de Conservação, que tem um funcionário, pensar em tudo. Teria que ter
uma equipe de comunicação só para mexer com marketing na unidade. (Membro da
equipe gestora da UC, setembro de 2017).

Não foram encontrados, no site oficial de divulgação das UCs, meios de contatos com
a unidade nem informações para os visitantes, tais como horário de visitação, formas de
acesso, tipos de atividades desenvolvidas, meses mais propícios para visitação, além de
informações básicas sobre a unidade como clima, relevo, vegetação e fauna que ali ocorrem.
Segundo os gestores, a contribuição das atividades de turismo e lazer aliada as demais
estratégias da gestão das duas UCs poderá ocorrer a partir do ordenamento e aproximação
com trade turístico, da sensibilização das comunidades e dos visitantes, assim como o apoio
efetivo das entidades governamentais e não-governamentais.
Embora a RDS do Tupé apresente uma identidade visual (Anexo E), esta não transmite
de forma eficaz o motivo pelo qual a UC foi criada, sendo vista pelos usuários, iniciativas
locais e prestadores de serviços turísticos como identidade da Praia do Tupé, e não da reserva.
Por outro lado, a RDS do Rio Negro não possui identidade visual, mas está sendo articulada,
junto às comunidades, a elaboração da logomarca como uma das estratégias da gestão para o
turismo e lazer. Outra estratégia é o mapeamento dos prestadores de serviços turísticos
(iniciativas locais e operadores externos) que atuam dentro da UC, onde já foram pesquisados
em Novo Airão (Iranduba) e as que estão localizadas dentro da UC. Já os operadores de
Manaus estão sendo mapeados com o apoio da Amazonastur.
A RDS do Tupé tem adotado como estratégia de gestão para o turismo e lazer na UC o
retorno do funcionamento da Câmara Técnica de Uso Público, local de diálogo sobre a
reativação do TBC, bem como a implementação do PUP.

4 DISCUSSÃO

Apesar dos avanços no planejamento para o uso público em Unidade de Conservação,


por meio da implementação dos planos e dos programas, os gestores das duas UCs aqui
analisadas ainda encontram muitas dificuldades em controlar e ordenar a visitação. Assim,
cabem aos gestores o planejamento, o ordenamento e desenvolvimento de ações públicas que
promovam a interação do indivíduo ao meio ambiente, sendo necessárias estruturas
administrativas com normas que sejam aplicadas, além dos instrumentos de gestão. Os
54

empecilhos para a aplicação dos instrumentos de gestão fragilizam o arcabouço institucional,


bem como a falta de base sólida de dados ambientais, de recursos financeiros e de recursos
humanos imprescindíveis à prática da gestão ambiental (BURSZTYN e BURSZTYN, 2006).
As duas UCs do estudo apresentam problemas muito semelhantes em relação às
dificuldades a serem enfrentadas para a concretização das ações necessárias para o
desenvolvimento do turismo e lazer. Seus gestores ressaltam a incapacidade técnica e
financeira para o gerenciamento dessas atividades de forma eficaz, apesar do turismo ocorrer
de forma intensa nas duas UCs, com um conjunto diverso de atividades. Esta dinâmica
turística não é efetiva em razão da gestão destas UCs, mas em função de outros contextos.
Sem a promoção das UCs, a gestão não desenvolve ou gerencia o turismo. Entretanto, as
atividades não dependem estritamente da gestão (recurso técnico), elas estão acontecendo de
maneira independente e com vários atores envolvidos, tais como: agências de viagens e
operadores, iniciativas locais, donos de embarcações particulares, cooperativas de barqueiros,
ONGs, entre outros.
A RDS do Tupé concentra sua visitação na Praia do Tupé (Comunidade de São João),
onde são necessários procedimentos efetivos para o controle e monitoramento destas visitas,
com a necessidade de dimensionar de forma eficaz o fluxo de visitação, para assim controlar
os impactos sobre a estrutura ambiental e também social dessa região da Unidade. De tal
forma que, se um determinado local recebe número de visitantes acima do número de
habitantes, isso pode contribuir para fomentar ações inapropriadas de consumo e agudizar as
desigualdades sociais locais (ACERENZA, 2002).
De acordo com Carvalho (2012), na RDS do Tupé, especialmente na praia do Tupé,
são inexistentes instrumentos de avaliação de capacidade de carga, embora seja um local
muito pressionado por grandes demandas de visitantes. Inexiste também um levantamento
atualizado das atividades e potencialidades turísticas que possa considerar novos elementos
para a diversificação da oferta na UC. Dessa forma, é necessário a elaboração de inventário
dos atrativos existentes, pois é imprescindível conhecer os elementos que constituem a
paisagem e sua importância para o uso turístico (BENI, 2001). A realização de um
levantamento cuidadoso das atividades turísticas que ocorrem dentro de Unidades pode servir
para diversificar a oferta das mesmas, podendo proporcionar a redução dos impactos nas áreas
mais pressionadas (LIMBERGER e PIRES, 2014); como é o caso das praias nas respectivas
reservas, mas de modo particular na RDS do Tupé.
55

A diversificação das atividades ofertadas dentro da RDS do Tupé pode impulsionar


uma melhor distribuição de renda, promovendo assim a inclusão social e possibilitando a
participação no planejamento para o melhor desenvolvimento das atividades. A inclusão das
comunidades que não apresentaram atividades sendo desenvolvidas em seu interior, mas tem
potencial relevante para o turismo, poderá fazer com que eles busquem sua agregação no
processo de desenvolvimento para a atividade, por meio de suas potencialidades,
peculiaridades e capacidades produtivas, como é o caso da comunidade do Tatu.
Dessa forma, o processo de diversificação pode contribuir para o aumento do número
de turistas que visitam à UC, bem como o tempo médio de permanência nos locais,
estimulando, como já mencionado, a participação das demais comunidades da UC. A
visitação deve favorecer a promoção do desenvolvimento socioeconômico da UC, de tal
forma que o planejamento da gestão possa desenvolver variados métodos de organizar as
visitações. Assim, o crescimento desmedido da atividade é controlado a fim de proteger a
originalidade das atratividades para o uso futuro (RUSCHMANN, 2001; DIAS, 2003;
IRVING, 2015). Portanto, a partir destes elementos será possível favorecer o equilíbrio entre
as estratégias e os impactos socioambientais.
Para o planejamento efetivo do turismo, são considerados todos os componentes
necessários para a atividade em determinada localidade (OMT, 2001), visando o equilíbrio
necessário entre os fatores sociais, econômicos e ambientais, além da valorização da opinião
dos atores sociais locais. Os órgãos gestores das UCs devem considerar os anseios, as
necessidades e as perspectivas dos atores locais no processo de decisão e planejamento para
as atividades turísticas (DAIBERT et al., 2006; WEARING e NEIL, 2009; IRVING et al.,
2015). Esse processo foi menos evidente na RDS do Tupé, pois há forte anseio das iniciativas
comunitárias no envolvimento e participação nas atividades de turismo na UC.
Os instrumentos de gestão de ambas as UCs estabeleceram metas e ações a serem
desenvolvidas para as atividades turísticas que, a priori, devem refletir a realidade local.
Contudo, na RDS do Tupé, os instrumentos de gestão para o uso público disponíveis não
refletem esta realidade, pois, apesar dos dados que foram levantados para a elaboração do
PUP (2008) terem sido robustos, suas propostas não foram executadas. Para a elaboração do
PG, os dados levantados, no tocante ao uso público, fazem referência às informações
constantes no PUP, mesmo passado dez anos da aprovação deste documento. Isso significa
que não houve um levantamento atualizado das atividades e potencialidades para o
desenvolvimento do turismo na UC que refletisse a dinâmica atual local, e que subsidiasse um
56

instrumento robusto de gestão para o futuro. Por outro lado, a RDS do Rio Negro apresenta
um plano com informações coletadas refinadas que ajudaram a subsidiar um planejamento
que reflete um pouco melhor a dinâmica local e, portanto, mais eficácia em trazer para o
planejamento metas e ações mais factíveis que provavelmente terão melhores desdobramentos
no futuro.
O fato de o PG da RDS do Tupé, em seu programa de uso público, apresentar como
uma de suas metas a execução de um plano com dez anos de existência, não reflete
consonância com a realidade existente. A atualização deste documento é urgente e o torna
mais interessante, pois os instrumentos precisam refletir a realidade local (BRASIL, 2006), no
sentido de viabilizar ações que possam ser mais factíveis para a gestão. Os principais entraves
no processo de gestão dessa UC são as dificuldades para implementação das ações para
geração dos resultados, cujos programas se propõem, mas que não foi possível em dez anos
com o PUP.
Apesar do PG da RDS do Rio Negro ter sido aprovado tão somente em 2017, isso não
impossibilitou o andamento das ações para o desenvolvimento de atividades voltadas para o
uso público, mesmo antes de tal marco. É importante salientar que a implementação de muitas
das ações propostas no PG da RDS do Rio Negro só foi possível graças às contribuições da
FAS e do ARPA, aspectos que tornam brutal a diferença entre as duas UCs, no tocante ao
desenvolvimento das atividades de turismo e lazer. Estas circunstâncias revelam que a
consolidação das parcerias é fundamental para o alcance dos objetivos e desenvolvimento um
pouco mais equitativo das áreas protegidas (DRUMM e MOORE, 2002). A atuação da FAS
na RDS do Rio Negro possibilitou maior envolvimento das comunidades no processo de
organização para o turismo. Os resultados deste processo ficaram evidentes com as
capacitações que envolveram as comunidades, bem como a infraestrutura construída para
apoio à demanda turística. Embora algumas dessas infraestruturas tenham dificuldade de
serem acessadas de forma frequente pelos visitantes.
A RDS do Tupé conta com instrumentos reguladores próprios, como o regulamento de
uso da Praia do Tupé e de uso das barracas. Contudo, existe dificuldade para cumprimento das
normas pelos usuários, devido ao seu total desconhecimento. Assim, é necessário desenvolver
trabalhos informativos que mostrem as sinalizações no local e aspectos de educação
ambiental, além da intensificação da fiscalização da área. Ainda, é urgente que o órgão gestor
municipal supervisione a aplicação devida dos instrumentos de planejamento, a eficácia do
instrumento de controle de visitação, já existente, assim como defina regras e metas para fazer
57

funcionar tanto o PG quanto o de PUP, além de programas de ação e projetos específicos para
o turismo na UC.
Há ainda necessidade de técnicos especializados para trabalhar o uso público dentro
das UCs, uma vez que os gestores sozinhos não conseguem lidar com todas as demandas
existentes; as atividades de turismo e lazer somam apenas mais uma das demandas. Tudo isso
reflete a necessidade de planejamento efetivo para o turismo, a partir das demandas e
vocações das comunidades locais, com a real necessidade de levantamento refinado sobre os
aspectos e possibilidades identificadas por estes atores, e que devem ser geridos com sua
efetiva participação. A ausência de participação dos atores locais, no planejamento e
implementação das atividades turísticas em UCs, pode trazer desastrosas consequências,
(IRVING, 2015).
Um planejamento efetivo permite maior responsabilidade sobre a missão da
organização, bem como melhor entendimento da sua estrutura e dos instrumentos de análises
e previsões (ANDRADE, 2007). Ademais, o planejamento facilita o processo de tomada de
decisão utilizado na definição dos programas, na priorização das ações, na aplicação de
recursos, bem como na promoção, fortalecimento e aperfeiçoamento na melhoria da gestão.
Além disso, representa um ponto de partida para análises futuras e subsídios para a criação de
um sistema de monitoramento contínuo das atividades turísticas nas UCs (FARIA, 2004).
Apesar de ter sido citado pelos gestores das duas UC que os PGs aprovados
representam uma oportunidade para a gestão do uso público, ainda não é garantia que as ações
propostas sejam implementadas. Isso ficou evidenciado na RDS do Tupé com o PUP e o
Plano de Turismo da Praia do Tupé, pois, mesmo com as diretrizes propostas em ambos os
instrumentos, praticamente nenhuma ação foi implementada. Neste sentido, a gestão para a
conservação do meio ambiente depende de uma política de planejamento eficaz para o
turismo, com base orçamentária que possa conduzir racionalmente as práticas turísticas, bem
como a implementação de equipamentos necessários.
Desta forma, é fundamental o conhecimento de ações de planejamento no âmbito
técnico, financeiro, institucional e normativo que contribuam significativamente para uma
gestão mais eficaz no que se refere aos aspectos ambientais do turismo nas duas UCs. A
gestão das UCs busca, em princípio, preservar e envolver todos os usuários no uso dos
recursos ambientais, tais como: turistas, comunidades, empresários e poder público. Portanto,
a adoção de uma gestão capaz de atender às expectativas relacionadas à forma de uso do meio
ambiente e de conciliar interesses humanos e conservação ambiental é necessária
58

(MEDEIROS et al. 2004; MEDEIROS et al., 2011). A biodiversidade faunística e florística é


um dos principais componentes impulsionadores para os destinos turísticos das UCs. Apesar
dos aspectos positivos (motivação para a proteção, educação ambiental e geração de receitas),
conforme evidenciados por todos os participantes desta pesquisa, se não forem planejados e
gerenciados, os danos podem ser maiores do que os benefícios gerados pela atividade.
O turismo na região do Baixo Rio Negro ocorre muito antes da criação da RDS do Rio
Negro e do Tupé. Diante disso, os instrumentos de suporte ao planejamento e gestão devem
contribuir para a organização, ordenamento e aperfeiçoamento dos serviços turísticos dentro
das UCs. Como observado por Porto (2014), em seu estudo socioeconômico na região do
Mosaico do Baixo Rio Negro, as atividades turísticas podem contribuir para o
desenvolvimento e fortalecimento das UCs. Os gestores identificaram os tipos de atividades
que melhor contribuiriam para o desenvolvimento das UCs, sendo o turismo e a pesquisa
científica as mais evidentes. As paisagens de beleza cênica (lagos, cachoeiras, praias, trilhas e
matas de igapós) bem como de interesse histórico e cultural (sítios arqueológicos) devem ser
valorizadas, pois são aspectos motivadores de visitação às UCs.
Considerando o modelo de gestão descentralizada para o turismo no Brasil como
instituído nos Roteiros do Brasil pelo MTUR (BRASIL, 2007), no qual cada região e
município possam buscar alternativas de desenvolvimento, conforme as especificidades de
cada realidade, é possível desenvolver roteiros dentro das UCs que contemplem as várias
atividades que se apresentaram no estudo (Apêndices F e G). De modo particular, a
participação e engajamento das comunidades é importante a fim de diminuir a pressão nos
locais de maiores demandas, como acontece nas praias de ambas as UCs pesquisadas.
Existe a possibilidade de potencializar o turismo nas Unidades de Conservação do
estudo, sendo necessário trabalhar com foco no potencial existente em cada uma delas.
Existem também muitas possibilidades de acesso à região dessas UCs, principalmente por
empresas que atuam no Amazonas. Por exemplo, somente em Manaus, existem 256 agências
e operadoras de viagens, que atuam no setor do turismo, cadastradas no Sistema de Cadastro
de Pessoas Físicas e Jurídicas (CADASTUR)14, executado pelo MTUR. Muitas dessas
empresas atuam na região do Baixo Rio Negro, e os tipos de serviços ofertados ocorrem em
sua maioria nas áreas das UCs. É necessário promover ainda a integração e cooperação direta
e indiretamente entre os diversos setores envolvidos com as atividades de turismo e lazer

14
Disponível em: <https://cadastur.turismo.gov.br/.b>. Acesso em: abril 2018.
59

dentro das UCs. Vale ressaltar que o patrimônio natural tem inúmeras possibilidades de
utilização turística, todavia, isto requer um planejamento e gestão alinhados às singularidades
de cada localidade onde elas ocorrem.
60

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo se propôs a analisar comparativamente a gestão do uso público


voltada às atividades de turismo e lazer que ocorrem nas RDS do Tupé e do Rio Negro, ambas
localizadas na região do MBRN. Durante a pesquisa in loco e análise dos documentos, ficou
evidente que, independente da ação direta do órgão gestor para a implementação do uso
público, as atividades de turismo e lazer ocorrem a partir do envolvimento de muitas
iniciativas.
Tanto a RDS do Tupé quanto a do Rio Negro situam-se próximas ao centro urbano de
Manaus, o que acaba gerando uma demanda espontânea de visitação nessas áreas naturais.
Consequentemente, é necessário maior investimento para ordenamento nas atividades de lazer
e visitação, já que somente o público de Manaus gera grande demanda potencial para as UCs
devido ao acesso facilitado (vias terrestre ou fluvial). Portanto, a instalação de infraestrutura
turística em outros atrativos nas duas UCs pode incentivar a movimentação dos visitantes de
forma mais regular e ordenada, evitando, assim, a pressão em locais muito visitados, além de
danos ao meio ambiente e às comunidades receptoras.
O planejamento de ações prioritárias a serem apoiadas no PUP, especialmente na RDS
do Tupé, pois mostrou realidade contraditória à estabelecida em seu PG, sendo necessário o
levantamento das atividades, de acordo com a situação atual; a identificação do perfil de
visitantes a fim de melhorar a gestão dos empreendimentos instalados; e a implementação de
outros produtos turísticos que complementem a experiência do visitante nesta UC. Com isso,
consolida-se o que já existe, e aumenta a diversificação dos atrativos, de modo a atender a
expectativa da gestão em relação à modalidade de turismo e visitação que se almeja para as
UCs.
São necessários ainda incentivar políticas públicas e buscar concretizar as parcerias
junto aos órgãos oficiais de turismo do município e do estado, a fim de transformar as UCs
mais próximas em referências de visitação e lazer. Tal proposta está estabelecida no Programa
de Uso Público do PG da RDS do Tupé, onde consta grande oportunidade de público, mas
infelizmente não há uma prioridade para o ordenamento e diversificação da oferta.
Os planos e programas precisam efetivar o que se pretende realizar na prática, além de
observarem as carências estruturais e a pouca efetividade no planejamento e na gestão do uso
público. Carecem ainda o envolvimento e a participação de todos os setores envolvidos para
ordenamento e fomento da atividade turística, visando o fortalecimento dos instrumentos de
61

controle e fiscalização, a consolidação de base orçamentária para o setor, além do permanente


monitoramento e avaliação das ações turísticas. Para uma gestão preocupada com a proteção
da biodiversidade e comprometida em oferecer qualidade de visitação, é necessário
estabelecer critérios para amenizar impactos do uso público, principalmente por meio das
práticas turísticas sustentáveis.
Na pesquisa, ficou evidente que as atividades de turismo já implementadas na RDS do
Rio Negro estão diretamente ligadas a empreendimentos de comunitários e de iniciativas
comunitárias. A capacitação e formação continuada desses empreendedores comunitários,
bem como a aproximação com as empresas prestadoras de serviços turísticos, são
imprescindíveis para o fortalecimento e para a melhoria contínua da gestão das atividades na
UC.
O turismo é uma atividade que precisa ser urgentemente gerenciada nas duas UCs.
Contudo, seus atuais gestores têm que lidar com várias outras demandas também urgentes na
unidade, deixando o turismo em segundo plano. Mesmo com as iniciativas presentes nas
unidades, a exemplo do Projeto de TBC, implementado pelas ONGs Nymuendaju e IPÊ na
reserva municipal, e do Projeto de Incentivo ao Turismo Comunitário, desenvolvido pela FAS
no âmbito do PBF, na reserva estadual, é necessário fortalecer as parcerias com instituições e
órgãos oficiais de turismo para a implementação efetiva das atividades de turismo e lazer nas
UCs, assim como fortalecer as já existentes.
Como existe uma oferta turística abundante, é possível estimular uma demanda
turística efetiva. Porém, é necessário considerar a existência de fatores que facilitem acesso a
essa oferta. Para tanto, levantar e sistematizar informações, estudos e inventários referentes à
oferta e a demanda turística são imprescindíveis nesse processo. O gestor da UC estadual
aponta a necessidade de uma IN para cada atividade a ser desenvolvida na UC. Com isso, este
estudo poderá favorecer a construção das diretrizes a serem estabelecidas na IN, de forma que
se possa avançar em uma nova perspectiva de planejamento para o turismo em UCs do Baixo
Rio Nego. Compreender as interações entre turismo e áreas protegidas, requer uma visão
inovadora da gestão que encare os desafios sociais, ambientais e funcionais gerados pela
pressão e utilização turística do patrimônio e dos recursos naturais.
A partir das evidências trazidas no presente estudo, propomos algumas recomendações
para que as diretrizes, normas e regulamentações voltadas para as atividades de turismo e
lazer sejam melhor desenvolvidas nas UCs, a saber:
62

i. Monitorar e avaliar a qualidade da visitação nas UCs com envolvimento dos


profissionais da cadeia produtiva do turismo, ou seja, o conjunto de prestadores de serviços
que atuam direta ou indiretamente nessa atividade dentro da UC;
ii. Atualizar o Plano de Uso Público (PUP) da RDS do Tupé, apresentando um estudo
refinado sobre os atrativos existentes e potenciais;
iii. Revisar e consolidar a logomarca da UC municipal, focada no objetivo pelo qual a
UC foi criada;
iv. Criar a logomarca da RDS do Rio Negro com o envolvimento das iniciativas de
turismo local e comunidades;
v. Buscar alternativas metodológicas das Universidades que já atuam na RDS do Tupé,
com viabilidade prática para a implementação efetiva das ações propostas nos Planos e
Programas de Gestão para as atividades turísticas na UC;
vi. Fortalecer as parcerias com os órgãos oficiais de turismo do município e Estado na
elaboração de roteiros específicos, a partir das ofertas já conhecidas nas UCs.
vii. Ordenar a visitação por meio de regras e medidas que assegurem a sustentabilidade
das atividades turísticas, considerando as distintas realidades existentes nas UCs;
viii. Elaborar as diretrizes para a visitação nas duas UCs, a partir dos parâmetros e
princípios estabelecidos nas Diretrizes para Visitação em Unidades de Conservação (MMA,
2006);
ix. Fortalecer os Roteiros de Turismo de Base Comunitária, Tucorin e RDS do Rio
Negro que podem ser potencializados a partir das experiências já existentes por meio de
capacitações e intercâmbios.

Por fim, cabe ressaltar que toda atividade de visitação é complexa e em constante
mudanças, com a necessidade de atenção contínua e especializada. A responsabilidade para
com o desenvolvimento da visitação nas UCs ultrapassa o âmbito ambiental. Portanto, é
indispensável que a atividade se desenvolva com o apoio de uma equipe multidisciplinar para
acompanhamento e monitoramento efetivo dos impactos gerados pela atividade turística nos
locais visitados. Desta forma, este estudo não se esgota aqui. Novos estudos que abordem as
condições para o desenvolvimento das atividades turísticas dentro das UCs são ainda
necessários, de modo a aproveitar o potencial dos atrativos turísticos que foram aqui
identificados para o devido planejamento das atividades.
63

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69

APÊNDICES

APÊNDICE A – ROTEIRO DE ENTREVISTAS PARA O LEVANTAMENTO DE DADOS


JUNTO AOS REPRESENTANTES DAS INICIATIVAS LOCAIS DAS UCs

Pesquisa: ANÁLISE DA GESTÃO DO USO PÚBLICO: TURISMO E LAZER EM DUAS


UNIDADES DE CONSERVAÇÃO PERTENCENTES AO MOSAICO DE ÁREAS PROTEGIDAS
DO BAIXO RIO NEGRO/AM.

Questionário:
Comunidade:
UC:
Data:
Dados do informante
1.Gênero:
2. Idade: ( ) entre 19 e 35; ( ) entre 36 e 50; ( ) acima de 50; ( ) NR
3. Estado civil:
4. Solteiro ( ) Casado ( ) Viúvo ( ) Separado ( ) União estável ( )
5. Ocupação
Sobre Turismo na região
6. Como o turismo chegou até a comunidade?
7. Como se envolveu com o turismo? Quando isso ocorreu?
8. Como o (a) Senhor(a) classifica o turismo realizado na comunidade?

( ) Ecoturismo
( ) Turismo de Base Comunitária
( ) Turismo de Natureza
( ) Turismo de Aventura
( ) Outro. Qual?_______________________
9.Você sabe que está dentro de uma Unidade de Conservação (UC)? Sim ( ) não ( )
10. Quem estimulou o turismo na comunidade/UC?
11. Como os turistas chegam até a comunidade/UC?
Qual a origem da maioria dos turistas que visitam a UC? ( ) Local (AM); ( ) Região Norte; Brasil; ( )
Outros países

Favor detalhar quais regiões do Brasil ou países do exterior?


12. Quantas visitas de turistas a comunidade recebe por:

Semana ________________________________________
Mês ___________________________________________
Ano ___________________________________________
13. Qual a duração média das visitações? _____horas _______dias
14. Quais instituições são parceiras para a realização do turismo?
( ) Hotéis de Manaus
( ) Hotéis próximos da comunidade
( ) Agências de turismo de Manaus
( ) Agências de turismo de outro Estado
( ) Agências de turismo internacionais
( ) ONGs
( ) Outros
70

15. É cobrado um valor por visitante para conhecer a comunidade? Sim ( ) Não ( )
16. O que a comunidade vende aos turistas? Qual o valor do pacote de serviços?
17. Quais produtos ou serviços são oferecidos aos turistas na comunidade?
Serviço/produto Capacidade Descrição das atividades (regularidade da oferta do serviço,
capacidade de atendimento, preços dos serviços)

Hospedagem
Alimentação
Transporte
Artesanato
Trilhas
Focagem de jacaré
Fabricação da
Farinha (farinhada)
Passeio de canoa
Pescaria
Observação de
pássaros
Outros
18. Quais locais são apresentados aos turistas como atrativos da comunidade?
19. Qual o local de preferência do turista que visita a região do Rio Negro?
20. Quanto tempo o turista permanece na região: ( ) 1 dia; ( ) até 3 dias; ( ) acima de 4 dias; NR. ( )
21. Qual é o gasto médio aproximado do turista por dia na comunidade/UC
Até R$ 100; ( ) Entre R$ 100 e R$ 200; ( ) Acima de R$ 300; ( )

22. Na sua opinião, quais os principais problemas enfrentados que dificultam o desenvolvimento
turístico na comunidade/ UC?

( ) Falta de infraestrutura ( ) Falta de investimentos


( ) Falta de qualificação da mão de obra ( ) Falta de organização / planejamento para o turismo
( ) Faltam políticas públicas para o Turismo ( ) Dificuldade de divulgação da comunidade/UC
( ) Atividade conflitante com os objetivos da UC ( ) Falta de incentivo aos empreendimentos locais
( ) Outros. ____________
__________________________________________________________________
23. Destaque os pontos negativos do Turismo na comunidade/UC.
24. Quais benefícios que o Turismo traz para a comunidade/UC?
25. Que recomendações daria para a gestão das UCs, para o desenvolvimento turístico local
26. Quais destas instituições atuam na comunidade com apoio ao turismo?
( ) Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ)
( ) Departamento de Mudanças Climáticas e Gestão de Unidades de Conservação (DEMUC)
( ) ONG NYMUENDAJU
( ) Fundação Amazonas Sustentável (FAS)
( ) AmazonasTur
( ) Secretaria Municipal de Turismo
( ) Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMMAS)
( ) FOPEC
( ) UEA
( ) UNINORTE
( ) Outras especificar:
71

APÊNDICE B – ROTEIRO PARA O LEVANTAMENTO DE DADOS JUNTO AOS


REPRESENTANTES DAS EMPRESAS PRESTADORAS DE SERVIÇOS TURÍSTICOS E DE
LAZER/OPERADORES DAS UCs

Pesquisa: ANÁLISE DA GESTÃO DO USO PÚBLICO: TURISMO E LAZER EM DUAS


UNIDADES DE CONSERVAÇÃO PERTENCENTES AO MOSAICO DE ÁREAS PROTEGIDAS
DO BAIXO RIO NEGRO/AM.

Questionário:
Local:
UC:
Data:
Dados do informante
1.Gênero:
2. Idade: ( ) entre 19 e 35; ( ) entre 36 e 50; ( ) acima de 50; ( ) NR
3. Estado civil: Solteiro ( ) Casado ( ) Viúvo ( ) Separado ( ) União estável ( )
4. Cargo/Função:
5. Empresa:
6. Local de moradia: País_______________________Cidade_____________________________
Sobre Turismo na região
7. Há quanto tempo você trabalha com o turismo na região do baixo Rio Negro?
8. Você acredita que o município/região tem potencial turístico (para atrair mais visitantes)? ( ) Sim; ( )
Não; ( ) NR
9. Qual a principal motivação dos turistas que procuram a sua empresa para fazer turismo no Baixo Rio
Negro?
( ) Ecoturismo
( ) Turismo de Base Comunitária
( ) Turismo de Natureza
( ) Turismo de Aventura
( ) Turismo de Pesca
( ) Observação de aves em seu habitat natural – Birdwatching
( ) Outro.
Qual?_________________________
10. Quais modalidades de turismo a sua empresa oferece para aqueles que querem visitar o Amazonas e o Rio
Negro?
Elencar____________________________________________________________________
11. Quais tipos de serviços/estrutura a empresa oferece ao turista na região do Rio Negro?
a) Hospedagem
b) Alimentação
c) Transporte: ( )Fluvial; ( ) Terrestre; ( ) Outros
d) Quais: ______________________________
12. Quais tipos de atividades/atrativos são oferecidos por sua empresa para o turismo e lazer na UC?
a) Artesanato ( )
b) Gastronomia local ( )
c) Trilhas interpretativas ( )
d) Cachoeiras ( )
e) Visitação às áreas de plantio ( )
e) Conhecer tabuleiros de quelônios ( )
g) Visitação em casa de comunitários ( )
h) Ilhas
i) Praias
72

j) Interação com a fauna


Outras: ________________________________________________________________

13. Qual o local de preferência do turista que visita a região do Baixo Rio Negro:
a) Praia do Tupé e áreas próximas; ( )
b) Praias na margem direita do Rio Negro ( )
c) Região do Iranduba e praias; ( )
d) Comunidades locais da margem direita; ( )
e) Comunidades locais da margem esquerda; ( )
f) Pousadas dentro das reservas na margem esquerda ( ); direita ( )
g) Parque Nacional de Anavilhanas ( )
h).Ver os botos? Sim ( ) Não ( ) Onde costuma levar, qual o
flutuante?________________________________________
14. Qual outra região do baixo Rio Negro faz parte de sua rota para o turismo?
Parte III: Sobre o perfil e origem dos turistas nas UCs:
15. Qual a origem da maioria dos turistas que visitam a UC? ( ) Local (AM); ( ) Região Norte; ( ) Brasil; ( )
Outros estados; ( ) Outros países
Favor detalhar quais regiões do Brasil ou países do exterior?
16. Quanto tempo o turista permanece na região: ( ) 1 dia; ( ) até 3 dias; ( ) acima de 4 dias; NR.
17. Qual é o gasto médio aproximado do turista por dia na região das UCs:
( ) até R$ 100; ( ) entre R$ 200 e R$ 300; ( ) acima de R$ 500; ( )
18. Qual a duração média das viagens nestes locais? _____horas _______dias ____________
19. Quais outras empresas são parceiras ou atuam para a realização do turismo no baixo Rio Negro? _

20.Você tem conhecimento que está desenvolvendo atividade turística dentro de Áreas Protegidas15
Unidades de Conservação (UC)? Sim ( ) não ( )
20. Os turistas, que buscam atividades na região do baixo Rio Negro, têm conhecimento que estarão dentro
UCs?

21. Na sua opinião, quais os principais problemas que dificultam o desenvolvimento turístico nas UCs?
( ) Falta de infraestrutura ( ) Falta de investimentos
( ) Falta de qualificação da mão de obra ( ) Falta de organização / planejamento para o turismo
( ) Faltam políticas públicas para o Turismo ( ) Dificuldade de divulgação das UCs
( ) Atividade conflitante com os objetivos da UC ( ) Falta de incentivo aos empreendimentos locais
( ) Outros. __________________________________________________________________
22. Em sua opinião, quais são os pontos negativos que as atividades de turismo e lazer podem trazer para as
UCs?
23. Quais benefícios que o Turismo e o lazer geram ou podem gerar para a região das UCs?
24. Na sua opinião, o que deve ser feito para melhor desenvolver os serviços e produtos turísticos nas UCs
do Baixo Rio Negro?
Parte IV: Recomendações para o Turismo nas UC
25. Na sua opinião, como a gestão das UCS pode contribuir para o sucesso do desenvolvimento do turismo
na localidade?
26. Qualquer outro comentário, sugestão, crítica ou apontamento sobre o tema, você gostaria de deixar?

15
As áreas protegidas são consideradas uma estratégia-chave para a conservação de ambientes naturais e
espécies.
73

APÊNDICE C – ROTEIRO DE ENTREVISTAS PARA LEVANTAMENTO DE DADOS JUNTO


AOS REPRESENTANTES DOS ÓRGÃOS GESTORES DAS UCSs

Pesquisa: ANÁLISE DA GESTÃO DO USO PÚBLICO: TURISMO E LAZER EM DUAS


UNIDADES DE CONSERVAÇÃO PERTENCENTES AO MOSAICO DE ÁREAS PROTEGIDAS
DO BAIXO RIO NEGRO/AM.

Questionário:
Local:
UC:
Data:
Dados do informante
1.Gênero:
2. Idade: ( ) entre 19 e 35; ( ) entre 36 e 50; ( ) acima de 50; ( ) NR
3. Estado civil: Solteiro ( ) Casado ( ) Viúvo ( ) Separado ( ) União estável ( )
4. Cargo/Função:
5. Instituição Gestora:
6. Local de moradia: Cidade_____________________________

Parte I Gestão do Turismo na UC


7. Quais instrumentos de gestão ofociais/legais existem para a UC no presente momento?
8. Existem projetos (federais, estaduais e municipais) em andamento, voltados ao desenvolvimento do
turismo na UC?
Quais perspectivas futuras ?
9. Qual a forma de participação do órgão _____________ na gestão do uso público – turismo e lazer na
UC?
Parte II: Sobre potencial turístico das UCs
10. Você acredita que a região do Baixo Rio Negro e as UCs têm potencial turístico para atrair mais
visitantes?
( ) Sim; ( ) Não; ( ) NR
11. O que a UC tem de potencial atrativo para o turismo?
12. Quais as atividades de lazer existem na UC ?
13. O fluxo de turistas e/ou visitantes cresceu nos últimos anos na UC? ( ) SIM; ( ) NÃO; ( ) NR.
14. Existem locais de recepção de turistas na UC e como funcionam?
15. Como é mensurada a entrada de turistas nas UCs?
Parte III: Projeção do Turismo nas UCs:
16. Como imagina que a visitação pode contribuir e interagir com as demais estratégias de gestão daUC?
17. Em sua opinião, quais são as principais ameaças que o turismo e o lazer em UCs pode provocar nas
áreas protegidas nesta região?
18. Pensando no cenário externo atual, que envolve a atividade turística em Unidades de Conservação na
Amazônia e no Brasil, quais são as oportunidades do turismo e lazer para as UCs?
Na perspectiva do turismo de base comunitária que ocorre em UCs no Baixo Rio Negro, você considera que
a atividade tem contribuído para o desenvolvimento das UCs e sociedades locais? Como?
19. Ao pensar no potencial ecoturístico da região do Baixo Rio Negro, quais os atrativos e atividades
deveriam ser contemplados e/ou desenvolvidos na UC?
20. Que tipo de turismo seria mais interessante desenvolver na UC? Por quê?
21. Como gostaria que o turismo fosse desenvolvido na localidade?
22.Quem deveria ser envolvido? Por quê?
74

23. O que está sendo feito para vincular a marca da UC como estratégia para a visitação nestas unidades?

24. Quais questões mais dificultam o desenvolvimento do turismo na região das UCs:
( ) Financeiras; ( ) Recursos humanos; ( ) Segurança; ( ) Política; ( ) Legislação; ( ) Tecnológicas; ( )
Infraestrutura; ( ) Comercialização; ( ) Outros:
25. Qualquer outro comentário, sugestão, ideia, crítica ou apontamento sobre o tema?
26. quais são os fatores considerados facilitadores/dificultadores/fraquezas, no processo interno que
determine o avanço para desenvolvimento das atividades de uso público na UC?
75

APÊNDICE D – ROTEIRO DE ENTREVISTAS PARA LEVANTAMENTO DE DADOS JUNTO ÀS


INSTITUIÇÕES PARCEIRAS DAS UCs

Pesquisa: ANÁLISE DA GESTÃO DO USO PÚBLICO: TURISMO E LAZER EM DUAS


UNIDADES DE CONSERVAÇÃO PERTENCENTES AO MOSAICO DE ÁREAS PROTEGIDAS
DO BAIXO RIO NEGRO/AM.

Questionário:
Local:
UC:
Data:
Dados do informante
1.Gênero:
2. Idade: ( ) entre 19 e 35; ( ) entre 36 e 50; ( ) acima de 50; ( ) NR
3. Estado civil: Solteiro ( ) Casado ( ) Viúvo ( ) Separado ( ) União estável ( )
4. Cargo/Função:
5. Instituição
6. Local de moradia: Cidade_____________________________

Parte I Gestão do Turismo na UC


1.A------------------- é uma instituição que atua na RDS ---------------------desde quando?
2.Qual a forma de participação da instituição para uso público – turismo e lazer na UC?

3.Quais projetos para o truismo são desenvolvidos pela ___________________________na UC? Caso
haja, como se dá o apoio?
4.Quantas comunidades estão envolvidas com os projetos de turismo apoiados pela ------------------?

5.Pensando no cenário externo atual, que envolve a atividade turística em Unidades de Conservação na
Amazônia e no Brasil, quais são as oportunidades e ameaças do turismo na UC

6.Como imagina que a visitação pode contribuir e interagir com as demais estratégias de gestão da
UC?
7.Em sua opinião, quais são as principais ameaças que o turismo e o lazer em UCs podem provocar nas
áreas protegidas nesta região?
8.Na perspectiva do turismo de base comunitária que ocorre em UCs no Baixo Rio Negro, você
considera que a atividade tem contribuído para o desenvolvimento das UCs e sociedades locais?
Como?
9.O que, na sua opinião está sendo feito para vincular a marca da UC como estratégia para a visitação
nestas unidade?
10.Quais questões mais dificultam o desenvolvimento do turismo na região das UCs
11.Como a Instituição pode contribuir para o sucesso do desenvolvimento do turismo na
localidade?
12.Na sua opinião quais as fraquezas e fortalezas do turismo para a UC?
76

APÊNDICE E – ROTEIRO DE ENTREVISTAS PARA LEVANTAMENTO DE DADOS


JUNTO AOS REPRESENTANTES DE ÓRGÃO OFICIAIS DO TURISMO MUNICIPAL E
ESTADUAL

Pesquisa: ANÁLISE DA GESTÃO DO USO PÚBLICO: TURISMO E LAZER EM DUAS


UNIDADES DE CONSERVAÇÃO PERTENCENTES AO MOSAICO DE ÁREAS PROTEGIDAS
DO BAIXO RIO NEGRO/AM.

Questionário:
Local:
UC:
Data:
Dados do informante
1.Gênero:
2. Idade: ( ) entre 19 e 35; ( ) entre 36 e 50; ( ) acima de 50; ( ) NR
3. Estado civil: Solteiro ( ) Casado ( ) Viúvo ( ) Separado ( ) União estável ( )
4. Cargo/Função:
5. Instituição:
6. Local de moradia: Cidade_____________________________

Parte I Gestão do Turismo na UC


7. Qual a forma de participação do órgão _____________ para o desenvolvimento do uso público
– turismo e lazer na UC?
8. Quais projetos para o turismo são desenvolvidos pela ______________na UC?
Parte II: Sobre potencial turístico das UCs
9. Você acredita que a região do Baixo Rio Negro e as UCs têm potencial turístico para atrair mais
visitantes?
( ) Sim; ( ) Não; ( ) NR
10.Existem projetos federais, estaduais ou municipais em andamento voltados ao
desenvolvimento do truísmo nas UCs
11. Quais perspectivas futuras a para as UCs?
12. 16. Como imagina que a visitação pode contribuir e interagir com as demais estratégias de
gestão para a UC?
13. quais são os fatores considerados facilitadores/dificultadores/fraquezas, no processo interno
que determine o avanço para desenvolvimento das atividades de uso público nas UCs do______?
14. O órgão tem conhecimento sobre as empresas que operam nas UCs do Baixo Rio Negro?
Parte III: Projeção do Turismo nas UCs:
15. Em sua opinião, quais são as principais ameaças que o turismo e o lazer em UCs pode
provocar nas áreas protegidas nesta região?
16. Pensando no cenário externo atual, que envolve a atividade turística em Unidades de
Conservação na Amazônia e no Brasil, quais são as oportunidades do turismo e lazer para as UCs?
17. Ao pensar no potencial ecoturístico da região do Baixo Rio Negro, quais os atrativos e
atividades deveriam ser contemplados e/ou desenvolvidos nas UCs?
18. Quais questões mais dificultam o desenvolvimento do turismo na região das UCs:( )
Financeiras; ( ) Recursos humanos; ( ) Segurança; ( ) Política; ( ) Legislação; ( ) Tecnológicas; ( )
Infraestrutura; ( ) Comercialização; ( ) Outros:
77

APÊNDICE F – ATRATIVOS TURÍSTICOS IDENTIFICADOS NA RDS DO RIO NEGRO


78

APÊNDICE G – ATRATIVOS TURÍSTICOS IDENTIFICADOS NA RDS DO TUPÉ


79

ANEXOS

ANEXO A – AUTORIZAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA PARA PESQUISA DE CAMPO COM


HUMANOS
80

ANEXO B – AUTORIZAÇÃO PARA A REALIZAÇÃO DE PESQUISA EM UCs ESTADUAIS


81

ANEXO C – AUTORIZAÇÃO PARA A REALIZAÇÃO DE PESQUISA EM UC MUNICIPAL


82

ANEXO D – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)


INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA – INPA
COORDENAÇÃO DE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE ÁREAS PROTEGIDAS NA
AMAZÔNIA – MPGAP
Projeto de ANÁLISE DA GESTÃO DO USO PÚBLICO: TURISMO E LAZER EM DUAS
Pesquisa: UNIDADES DE CONSERVAÇÃO PERTENCENTES AO MOSAICO DE ÁREAS
PROTEGIDAS DO BAIXO RIO NEGRO/AM.

Pesquisador responsável: Ruth Maria de Souza Neves


Convidamos você a participar dessa pesquisa, para isso apresentamos esse TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE
E ESCLARECIDO, que é um documento que informa e esclarece sobre o assunto da pesquisa e sobre os direitos que você
possui ao participar dela. É um documento que possui 2 vias, uma ficará com você e outra com a pesquisadora responsável.
Esta pesquisa será realizada em duas Unidades de Conservação no Amazonas, sendo: Reserva de Desenvolvimento
Sustentável (RDS) do Tupé, gerida pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMMAS) e RDS do
Rio Negro, gerida pela Secretaria Estadual de Maio Ambiente (SEMA) por meio do Departamento de Mudanças Climáticas e
Gestão de Unidade de Conservação (DEMUC). O objetivo principal desta pesquisa é: Avaliar a gestão do uso público –
turismo e lazer em nas duas unidades de conservação pertencentes ao Mosaico de Áreas Protegidas do Baixo Rio Negro por
meio de um estudo comparativo.
Como qualquer outra atividade humana, o turismo gera impactos muitas vezes perversos onde ocorre, tanto sociais
quanto ambientais, porém, há que se destacar que a atividade turística também promove impactos positivos. Sendo o turismo
e a visitação pública, fenômenos complexos com várias implicações nos locais onde ocorrem, muito mais em áreas naturais
protegidas (APs). Neste sentido são necessárias diretrizes para potencializar os impactos positivos e minimizar os negativos.
No Brasil o turismo em APs, não somente é permitido como é incentivado, sendo um dos objetivos do Sistema
Nacional de Unidade de Conservação da Natureza (SNUC), que é: “promover o desenvolvimento sustentável a partir dos
recursos naturais”; “valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica”; “favorecer condições e promover a
educação e interpretação ambiental, a recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico” (BRASIL, 2006, p. 08).
Nesta perspectiva, a questão que norteará esta pesquisa será: como está ocorrendo a gestão das dinâmicas de turismo e lazer
nas duas UCs RDS do Tupé e RDS do Rio Negro, pertencentes ao Mosaico de Áreas Protegidas do Baixo Rio Negro
(MBRN)?
As informações coletadas por meio de questionários, servirão para suprir os objetivos desejados da pesquisa. Os
resultados da pesquisa serão analisados e publicados, mas sua identidade não será divulgada, sendo guardada em sigilo. Se
o(a) Senhor (a) desistir de continuar participando, tem o direito e a liberdade de retirar seu consentimento em qualquer fase
da pesquisa, seja antes ou depois da coleta dos dados, independente do motivo e sem nenhum prejuízo a sua pessoa.
A realização desta pesquisa poderá causar poucos ou nenhum risco à sua saúde ou ao seu bem-estar. Caso o (a)
Senhor (a) venha a sofrer danos em decorrência da pesquisa, terá o apoio, tanto da pesquisadora responsável quanto da
instituição à qual a pesquisa está vinculada. Você não terá nenhuma despesa e não receberá nenhuma recompensa
participando da pesquisa. Nenhuma informação obtida por este estudo será patenteada pela pesquisadora
Para maiores informações e ou esclarecimentos, você poderá consultar a pesquisadora Ruth Maria de Souza
Neves, no telefone: 99275-1517 e email: ruthsouzaneves@gmail.com. Você também pode consultar o COMITÊ DE ÉTICA
EM PESQUISA (CEP) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, “O Comitê de Ética em Pesquisa com seres
humanos do INPA (CEP-INPA) existe para analisar e acompanhar apenas os Projetos de Pesquisa que dependem do ser
humano para suas realizações, antes que sejam iniciados. Tem por objetivo proteger a integridade, dignidade e conhecimentos
das pessoas envolvidas nas pesquisas, visando tornar o estudo científico eticamente correto. Sua existência é devida a que
todo projeto de pesquisa envolvendo seres humanos deve obedecer às Resoluções do Conselho Nacional de Saúde/Ministério
da Saúde e ser analisado por um CEP na região geográfica de realização. ” O endereço do CEP é Av. André Araújo 2936,
Bairro Aleixo, Manaus-AM. Horários de atendimento: segundas e sextas-feiras de 14h30 às 17h; terças às quintas-feiras das
08h30 às 11h30, para atendimento presencial aos usuários. Telefone do CEP é (92) 3643-3287; e-mail:
cep.inpa@inpa.gov.br.
Se me fiz compreender sobre como será feita a pesquisa e está esclarecido, pedimos a gentileza de na auxiliar
participando dela. Assim, pedimos a sua assinatura e deixamos uma cópia deste documento com você.

CONSENTIMENTO PESSOAL
Eu, _________________________________, estou esclarecido (a) sobre as informações contidas neste documento e sobre a
proposta do Projeto de Pesquisa apresentado. Este documento será emitido em duas vias e todas as páginas serão assinadas
por mim e pela pesquisadora, ficando uma via com cada um de nós. Nº _________

Assinatura do participante

Pesquisadora responsável
Local e Data:___________________________de_______de

Espaço para impressão do polegar direito na


impossibilidade de escrever o nome.
83

ANEXO E – MARCA TUPÉ


84

ANEXO F – FLORESTA CULTURAL HERISÃRÕ

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