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Títulos representativos:

Os títulos representativos são aqueles que não expressam


necessariamente uma operação de crédito, mas possuem finalidade distinta,
visando a representação de que mercadorias ou bens fundamentam a sua
existência. Desse modo, os títulos representativos são, como o próprio nome
diz,representações de bens ou mercadorias, ficando o possuidor do título apto
a realizar negócios, sem necessidade de demonstrar a existência física dos
bens, bastando apresentar o documento que representa a propriedade, a fim
de negociá-lo diretamente com terceiros.

Os terceiros não têm necessidade de analisar os bens e mercadorias,


anteriormente, para o fechamento dos negócios, pois a existência física dos
bens e mercadorias está caracterizada pelo documento que se encontra na
mão do legítimo proprietário.

Tais títulos representativos já existiam há algum tempo, mas foram


definidos legalmente com o Código Civil da Itália de 1942, levando Adriano
Fiorentino a asseverar que os mesmos são “títulos de tradição”, pois a
incorporação de todos os direitos sobre a coisa depositada ou transportada se
resumia na posse do título. No Brasil, tais títulos de crédito representativos são
chamados de conhecimento de depósito, conhecimento de transporte e
o warrant.

Conhecimento de depósito e warrant:

Conceito:

São dois tipos de títulos de crédito especiais, que podem ser emitidos
por empresas de armazéns gerais, que são empresas que tem por objeto
comercial a guarda e conservação de mercadorias, cabendo-lhes a emissão de
títulos especiais que as representem sempre que lhes for pedido por aquele
que utiliza de seus serviços, representando as mercadorias que ali foram
depositadas, nos moldes do Decreto nº 1.102/1903.

Eles nascem juntos, preenchidos no mesmo momento, isto é, são


emitidos em conjunto, não podendo ser preenchido apenas um lado
(conhecimento de depósito) e não preenchido o outro lado (warrant), sob pena
de nulidade absoluta e não conhecimento do título de crédito impróprio, eis que
representativo do depósito. São considerados títulos xifópagos, pois são
ligados no nascimento, mas podem ser separados ao longo de sua existência.

Em realidade, não obstante tenham nascido juntos, o conhecimento de


depósito e o warrant têm finalidades distintas. O conhecimento de depósito
atesta que a mercadoria existe e foi depositada em uma empresa de armazém
geral, ao passo que o warrant serve para a finalidade de constituir penhor
sobre tal mercadoria. Dito de outra forma, quem detém o conhecimento de
depósito é considerado o proprietário das mercadorias, ao passo que o
detentor do warrant é considerado credor de um determinado valor, sendo que
as mercadorias representam a garantia. Importante asseverar que esse penhor
é considerado especial, eis que não há a tradição da coisa para o credor.

O Conhecimento de Depósito é a prova do contrato de depósito


mercantil, sendo o documento probatório da guarda e conservação da
mercadoria, assim representando as mercadorias depositadas, quer esteja
unido ou separado do “Warrant”. Quando unido ao “Warrant” atribui, ao
portador, a livre disposição dos bens depositados, não ocorrendo o mesmo
quando se apresentar destacado, em virtude do penhor que sempre
acompanha o “Warrant”.

Requisitos:

O art. 15 do Decreto nº 1.102, de 21 de novembro de 1.903, dispõe


sobre os requisitos necessários para a constituição do título. Dentre eles estão
que os armazéns gerais emitirão, quando lhes for pedido pelo depositante, dois
títulos unidos, mas separáveis à vontade, denominados - "conhecimento de
depósito" e "warrant" e cada um destes títulos deve ser à ordem e conter, além
de sua designação particular a denominação da empresa do armazém geral e
sua sede, o nome, profissão e domicílio do depositante ou de terceiro por este
indicado, o lugar e o prazo do depósito. Sendo facultado aos interessados
acordarem, entre si, na transferência posterior das mesmas mercadorias de um
para outro armazém da emitente ainda que se encontrem em localidade
diversa da em que foi feito o depósito inicial.

Também deverá conter o local para onde se transferirá a mercadoria em


depósito, às despesas decorrentes da transferência, inclusive as de seguro por
todos os riscos. A natureza e quantidade das mercadorias em depósito,
designadas pelos nomes mais usados no comércio, seu peso, o estado dos
envoltórios e todas as marcas e indicações próprias para estabelecerem a sua
identidade. A qualidade da mercadoria tratando-se daquelas de mesma
natureza e qualidade, pertencentes a diversos donos.

Deve ser expressa a indicação do segurador da mercadoria e o valor do


seguro, a declaração dos impostos e direitos fiscais, dos encargos e despesas
a que a mercadoria está sujeita, e do dia em que começaram a correr as
armazenagem, a data da emissão dos títulos e assinatura do empresário ou
pessoa devidamente habilitada por este. Os referidos serão extraídos de um
livro de talão, o qual conterá todas as declarações acima mencionadas, e
número de ordem correspondente.

No verso do respectivo talão, o depositante, ou terceiro, por este


autorizado, passará recibo dos títulos. Se a empresa, a pedido do depositante,
os expedir pelo correio, mencionará esta circunstância e o número e data do
certificado do registro postal. Anotar-se-ão também no verso do talão as
ocorrências que se derem com os títulos dele extraídos, como substituição,
restituição, perda, roubo, etc.

Os armazéns gerais são responsáveis para com terceiros pelas


irregularidades e inexatidões encontradas nos títulos que emitirem
relativamente à quantidade, natureza e peso da mercadoria.

Adimplemento

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