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DESAFIOS E POSSIBILIDADES
Abstract: This paper reflects through analysis and bibliographic of research and scientific
articles, is established to understand how, even with the limitations of the autistic child's
interaction with the same classmates however small they seem to be. Consider how important
is of the school in the process of overcoming the difficulties founded for these children in
1
Graduada em Pedagogia. Pós- graduanda em AEE pela UNESP – Marilia. Supervisora de Ensino da Rede Municipal
de Registro/SP. E-mail educacaosupervisaolas@gmail.com
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Psicóloga. Pós Doutora. Docente UNESP - Campus Marília. Departamento de Educação Especial. E-mail
rossanaseabra@gmail.com
everyday whether in family life and / or social. Initially contextualize the theme
through an historical report about the concept from autism and first diagnostic the
features presents in individuals with the so called autistic spectrum disorder the impacts of
diagnosis of autism for parents and other family members and the need to multidisciplinary
interventions to integration these children in family and social especially in the context of regular
schools. Discusses the importance the school inclusion in a better structured
and planned process aimed at socializing and learning the same school and the possibility
of becoming a real integration environment among peers. The conclusion is so the establishment
of partnership relations and solidarity present in benefiting everyone with or without special
needs.
INTRODUÇÃO
A partir do direito ao acesso, garantido por lei, conforme exprime a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação em seu capítulo V, e de experiências que estão acontecendo no Brasil, é
possível perceber em crianças, adolescentes e jovens com autismo uma melhora em seus
sintomas e quadros característicos quando elas frequentam classes comuns do ensino regular.
Estudiosos como Belizário e Bosa atentam para o fato de que a convivência com pares, ou seja, o
chamado relacionamento horizontal é benéfico para que as crianças consigam estabelecer
relações com o outro, de solidariedade, parceria e interação social independentemente de possuir
comportamento típico ou não.
1 BASES HISTÓRICAS
As primeiras pesquisas foram realizadas, pelos médicos Leo Kanner e Hans Asperger na
primeira metade do século XX. “Em 1942, Kanner, médico austríaco radicado nos Estados
Unidos descreveu sob o nome ‘distúrbios autísticos do contacto afetivo’ um quadro caracterizado
por autismo extremo, obsessividade, estereotipias e ecolalia. Esse conjunto de sinais foi por ele
visualizado como uma doença específica relacionada a fenômenos da linha esquizofrênica”.
(ASSUMPÇÃO, PIMENTEL, 2000, p. 37).
O médico vienense Hans Asperger, publicou seus estudos, no idioma alemão em 1944
como título “A psicopatia autista na infância”, ele não conhecia o trabalho de Kanner e seu
trabalho, devido provavelmente ao fato de não ter sido traduzido para o idioma inglês, foi pouco
divulgado até a década de 1980. “Asperger acreditava que a síndrome por ele descrita diferia da
de Kanner, embora reconhecesse similaridades, como as dificuldades no relacionamento
interpessoal e comunicação como as características mais intrigantes do quadro”. (BOSA, 2002,
p. 25).
Também é necessário afirmar que entre as semelhanças das observações dos dois médicos
uma característica marcante dos indivíduos estudados é a dificuldade ou mesmo impossibilidade
de estabelecer contato afetivo de modo espontâneo:
Tanto Kanner quanto Asperger empregaram o termo autismo para chamar a atenção
sobre a qualidade do comportamento social que perpassa a simples questão de
isolamento físico, timidez ou rejeição do contato humano, mas caracteriza-se,
sobretudo, pela dificuldade em manter contato afetivo com os outros de modo
espontâneo e recíproco. (BOSA, 2002, p. 26).
Convém destacar que até a década de 60 os transtornos autistas eram considerados uma
consequência de dificuldades emocionais das mães destas crianças, incapazes de demonstrar
afeto por seus filhos, sendo conhecidas como “mães geladeiras”, causando assim a dificuldade de
interação social e comunicativa dos mesmos, o que posteriormente foi refutado pelos estudiosos
devido à falta de comprovação científica do fenômeno. “Posteriormente, estudos mostraram que
não havia diferença significativa entre os laços afetivos de pais de crianças autistas e outras
crianças, pois novas pesquisas evidenciavam a presença de distúrbios neurobiológicos”.
(BELIZÁRIO FILHO, CUNHA, 2010, p.11).
Outra característica aceita na época é de que havia uma prevalência de casos de autismo
em membros de família de classe alta, em parte pelo fato de que as famílias que procuravam o
atendimento médico, especialmente em se tratando de profissionais de renome como Kanner, por
exemplo, tinham uma condição financeira privilegiada.
Verifica-se na história uma grande controvérsia com relação à distinção entre autismo,
psicose e esquizofrenia. As primeiras edições da CID não fazem qualquer menção ao
autismo. A oitava edição o traz como uma forma de esquizofrenia; e a nona agrupa-o
como psicose infantil. A partir da década de 80, assiste-se a uma verdadeira revolução
paradigmática no conceito, sendo o autismo retirado da categoria de psicose no DSM-
III e no DSM-III-R, bem como na CID-10, passando a fazer parte dos Transtornos
Síndrome ou Características
transtorno
Ainda sobre o autismo clássico, vale salientar que este ainda é um conceito em
construção, nem sempre a totalidade dos autistas apresentam todos os sintomas descritos em
estudos científicos mas alguns são observáveis na maioria dos casos: alterações na comunicação
e linguagem, na qualidade da relação social, falta de flexibilidade mental e comportamental
devido a distúrbios no neurodesenvolvimento e no chamado cérebro social, ou seja, nos
mecanismos que o cérebro utiliza para observar o comportamento e prever as ações dos outros
com o intuito de estabelecer a interação social adequada a cada situação do cotidiano.
Mesmo nos dias atuais, para a grande maioria das famílias o impacto do diagnostico de
que um de seus membros é portador de um transtorno autista é imenso, variando desde a não
aceitação da realidade até a busca por curas milagrosas.
Em alguns casos o médico receita medicamentos para que a criança conviva melhor com
as suas dificuldades como a ansiedade, ou caso ela apresente um quadro de hiperatividade.
Segundo estudos recentes, em cerca de setenta por cento dos casos diagnosticados como autismo,
os mesmos apresentam deficiência intelectual em maior ou menor grau, o que pode dificultar,
contudo não impossibilitar o sucesso nas intervenções educacionais e no processo de inclusão
escolar.
O início da escolarização da criança com autismo pode ser um momento difícil para
pais e professores que não estejam habituados e familiarizados com as características específicas
que estas crianças apresentam, contudo é importante ressaltar que a convivência com seus pares
é imprescindível para o desenvolvimento de qualquer criança, tenha ela algum transtorno de
desenvolvimento ou não, pois o relacionamento horizontal pode proporcionar momentos
insubstituíveis de interação e aprendizagem social:
A convivência com outras crianças desde a mais tenra infância é importante e essencial
para que as crianças autistas consigam desenvolver seu potencial, principalmente de interação
social. Como na maioria dos casos o autismo é percebido por volta dos três anos de idade,
período em que normalmente as crianças frequentam a creche, o desenvolvimento de ações
educativas deve ser iniciado nesse período, quanto mais cedo a criança entrar em contato com
um ambiente de interação com outras de mesma faixa etária, em uma unidade de ensino regular,
mais eficazes serão os resultados.
A experiência escolar desde o período da educação infantil pode colaborar para que o
aluno autista supere, mesmo que parcialmente a falta de flexibilidade mental, ou seja, a
capacidade de antecipar o que vai acontecer e saber se adaptar as situações inesperadas. Essa
capacidade é a chamada função executiva do cérebro. Assim como superar as falhas da chamada
Teoria da Mente, ou seja, a capacidade de perceber os estados mentais dos outros indivíduos num
contexto de interação social e flexibilizar sua conduta de acordo com essa percepção; habilidades
essas fundamentais para a vida em sociedade.
Caso o aluno frequente somente uma classe especial em que ele só tenha contato com
outros autistas, o seu processo de aprendizagem certamente será prejudicado. A criança com
dificuldades encontra modelos mais avançados de comportamento para seguir e para interagir em
escolas regulares do que em escolas especiais (FIAIS, BICHARA, 2009, p.12)
Contudo estudos recentes apontam que a capacidade de brincar e interagir dessas crianças
podem ser ampliadas com a convivência com outras da mesma idade, é fato que as
características autistas são muito individuais, essa capacidade de aprender a brincar, através da
convivência e intervenções pedagógicas, irá variar, convém ressaltar, entretanto, que num
processo dialógico bem planejado e direcionado os resultados, apesar de demorados, podem ser
compensadores.
As crianças menores são mais receptivas a aceitar com naturalidade as diferenças entre
elas. Consequentemente as dificuldades de socialização e comunicação são mais bem
compreendidas.
Entretanto é perfeitamente possível que ela consiga adquirir autonomia, amplie seu
potencial cognitivo, de aprendizagem social e principalmente lhe seja proporcionada uma maior
qualidade de vida para si e sua família, através do processo de inclusão. Quanto mais cedo ela
entra em contato com outras crianças de mesma idade, em um ambiente escolar receptivo e
adaptado as suas necessidades maior será a chance de sucesso, inicialmente do convívio em
grupos sociais e posteriormente da aquisição da leitura e escrita.
É fato que em virtude das particularidades apresentadas pelo aluno com autismo, algumas
adaptações curriculares necessitam ser colocadas em prática com o objetivo de favorecer o
processo de ensino-aprendizagem e de socialização dos mesmos, é preciso ainda ressaltar que
conforme as características apresentadas pela criança, como o não desenvolvimento de
linguagem oral, por exemplo, outros recursos devem ser colocados em ação para facilitar o dia a
dia dela na unidade escolar, como por exemplo, o uso de pranchas de comunicação alternativa. O
aluno tem direito a uma educação de qualidade, que respeite suas limitações e amplie suas
potencialidades.
Assim, conforme atesta Alves (2002 apud CUNHA,FARIAS e MARANHÃO, 2008 p.3) :
Uma educação inclusiva pressupõe a educação para todos, não só do ponto de vista da
quantidade, mas também da qualidade. O que significa que os alunos devem se
apropriar tanto dos conhecimentos disponíveis no mundo quanto das formas e das
possibilidades de novas produções para uma inserção criativa no mundo.
O que não significa, no entanto, que sua aprendizagem se dará da mesma forma e com as
mesmas técnicas de ensino ministradas a todos os alunos, algumas adaptações ao currículo
podem ser necessárias. Segundo o Parâmetro Curricular Nacional- Adaptações curriculares,
algumas sugestões podem facilitar o acesso ao currículo:
Para que a inclusão de crianças autistas em salas regulares represente cada vez mais uma
realidade nas escolas de todo o país, é necessário mais do que atender as normas legais e de
direito, é preciso investir na formação inicial e continuada de professores e demais profissionais
da educação, na adaptação de rotinas, materiais e metodologias e principalmente reconhecer que
elas possuem como todas as crianças o direito a uma educação de qualidade que respeite suas
diferenças. E o melhor momento para que esse processo inicie é sem dúvida na educação
infantil.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº. 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB). Disponível em:<http://www.mec.gov.br/home/legislacao/default.shtm>.
Acesso em: 25 nov. 2011.
BRASIL. Diretrizes Nacionais para Educação Especial na Educação Básica. Ministério da
Educação: Secretaria da Educação Especial. Brasília: MEC/SEESP, 2001.
CÉZAR, P. K.; SMEHA, L.N. A vivência da maternidade de mães de crianças com autismo.
Psicol. estud. vol.16 no.1 Maringá março 2011 Disponível em <http://search.scielo.org/?
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CUNHA,A.C.B.,FARIAS,M.F.MARANHÃO,R.V.A. Interação professor-aluno com autismo
no contexto da educação inclusiva: análise do padrão de mediação do professor com base
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Rev. Bras. Ed. Esp., Marília, Set.-Dez. 2008, v.14, n.3, p.365-384.Disponível em <
http://www.scielo.br/pdf/rbee/v14n3/v14n3a04.pdf>. Acesso em 30 set.2011.
MANUAL diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM IV). Porto Alegre: Artes
Médicas (Artmed), 2002.