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Sem mais,
Opotun Vinicius – 05/04/2011
No entanto, os nomes eram diferentes ou simplesmente, não correspondiam
aos toques executados em Salvador, com àquela mesma denominação. Isso
me deixava um tanto quanto confuso. Em verdade, fui assimilar bem essas
diferenças já em idade adulta.
Para alguém que aprendeu com baianos, certamente soará no mínimo exótico,
ouvir: “toque Agabi para Yewa”! Isso ocorre, pelo fato de em Salvador, todas as
grandes escolas de atabaque (Iya Naso, Òsùmárè e Gantois) denominar
“Agabi” o ritmo, frenético, cujo três atabaques são executados com as mãos,
em alguns casos, o Hunpi e Lé com Agidavi. Já em São Paulo, o chamado
“Agabi” é executado com Agidavis (os três atabaques), daí o motivo de pedirem
“Agabi para Yewa”.
O Adahun está quase que extinto, sendo que poucos sabem executar,
tampouco o que cantar quando do término do toque. Bom, mas ante a narrativa
que Adahun, nunca foi o toque de Ògún, qual seria então o nome deste: Num
primeiro momento, depende de qual toque estamos nos referindo, pois
somente de guerra, há mais de um toque para Ògún. No entanto, nesse
momento ater-me-ei ao mais conhecido: Para ilustrar, vou mencionar a cantiga
da faixa de Ogun, do disco de Vadinho (Djalma Correa): “De Awa De Lode Koro
Mbele”. No Ilé Asè Òsùmàrè e Gantois, o nome do toque dessa cantiga, seria
“VASSI”. Por outro lado, no Ilé Ìyá Naso Oka – Casa Branca do Engenho Velho,
o mesmo toque recebe o nome de Adereja. Bom, face ao exposto, ratifico uma
vez mais, a importância do Tocador, conhecer bem a sua escola de atabaques.
OGAN DANÇA?
Obviamente, que quando digo que Ogan Dança, não refiro-me àqueles que
com alma de ekeji, deixam de executar suas funções para dançar no Hun aos
Òrìsàs. Não refiro-me àqueles que na Hamunya derradeira, almejam ser o
palco das atenções e aventam arriscar dançar algumas das 17 passagens de
Iroko. Não refiro-me àqueles que, por saberem duas ou três passagens de
atabaque, vão à sala dançar, para posicionar-se frente aos tocadores, com
olhar de indagação, solicitando passagens e buscando constrangê-los. Assim
realmente Ogan não dança, pelo menos não os que considero e respeito!
Bom, todos sabem que o Tradicional Candomblé Baiano, que tanto admiro e
respeito, apregoa ao mundo que a roda dos Òrìsàs é destinada às mulheres
(concordo pela estética e também prego isso). Mas, mesmo nos mais
tradicionais Candomblés da Bahia, há momentos que algum Ogan é chamado
à dançar. Abaixo, exemplifico alguns desses momentos:
“Vinicius, se existir quatro tocadores, você vai usar os três atabaques (Hun,
Hunpi e Hunlé) e o Agogo, se tiver somente três trocadores, serão usados o
Agogo, o Hunpi e o Hunlé. Se for somente dois tocadores, o Agogo e o Hunlé
e, havendo apenas uma pessoa para tocar, somente o Agogo vai ser usado...”
Acho que isso ilustra bem, a importância desses instrumentos que, infelizmente
hoje, estão sendo desprezados em razão da incessante busca pelo Hun. Bom,
espero que uma vez mais, ter contribuindo um pouco para o entendimento e
esclarecimento sobre os Tradicionais Toques do Candomblé Kétu-Nàgó.