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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI

Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas


Amanda Escobar Teixeira

DIETA DE CAFETERIA DESDE A LACTAÇÃO PROMOVE SÍNDROME


METABÓLICA E ALTERAÇÃO NA AÇÃO DA RISPERIDONA SOBRE A
ANSIEDADE, LOCOMOÇÃO, MEMÓRIA E INTERAÇÃO SOCIAL DE RATOS
WISTAR

Diamantina
2018
Amanda Escobar Teixeira

DIETA DE CAFETERIA DESDE A LACTAÇÃO PROMOVE SÍNDROME


METABÓLICA E ALTERAÇÃO NA AÇÃO DA RISPERIDONA SOBRE A
ANSIEDADE, LOCOMOÇÃO, MEMÓRIA E INTERAÇÃO SOCIAL DE RATOS
WISTAR

Dissertação apresentada ao programa de Pós-


Graduação em Ciências Farmacêuticas da
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e
Mucuri, como requisito para obtenção do título de
Mestre.

Orientador: Prof. Dr. Sérgio Ricardo Stuckert Seixas


Coorientadora: Prof.a Dr.a Tania Regina Riul

Diamantina
2018
Amanda Escobar Teixeira

DIETA DE CAFETERIA DESDE A LACTAÇÃO PROMOVE SÍNDROME


METABÓLICA E ALTERAÇÃO NA AÇÃO DA RISPERIDONA SOBRE A
ANSIEDADE, LOCOMOÇÃO, MEMÓRIA E INTERAÇÃO SOCIAL DE RATOS
WISTAR

Dissertação apresentada ao programa de Pós-


Graduação em Ciências Farmacêuticas da
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e
Mucuri, como requisito parcial para obtenção do
título de Mestre.

Orientador: Prof. Dr. Sérgio Ricardo Stuckert Seixas

Data de aprovação 23/05/2018.

Profa. Dra. Tania Regina Riul


Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde - UFVJM

Prof. Dr. Antonio Sousa Santos


Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde - UFVJM

Prof. Dra Daniele Ferreira da Silva


Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde - UFVJM

Diamantina
2018
AGRADECIMENTOS

Não poderia deixar de agradecer primeiramente a Deus, fonte inesgotável de amor.


Aos meus pais, Elzina e Juarez por sempre apoiarem minhas decisões. Vocês serão sempre
meus verdadeiros mestres e amor maior.
Ao meu irmão, Lucas, por sempre exigir que eu desse o melhor de mim em qualquer situação.
A minha família por todo o apoio e compreensão quando os “Aês” eram festejados por
telefone. Às mães postiças, Su e Ly. Sempre serei grata aos ensinamentos e conselhos.
Fá, sou grata por nossa cumplicidade e amor de irmãs. Obrigada por sempre me acalmar em
períodos de desespero e me lembrar que sempre pode piorar. (risos).
A Lena e Sr Fernando pela hospedagem de sempre e se tornarem uma segunda família.
A Benjamin, um serzinho de luz que veio para alegrar minha vida.
A Alexandre e às colegas de profissão que se tornaram amigas: Tati, Bianca, Luziane, Letícia,
Sibelle e Jéssica. Obrigada por compartilharem sábados chuvosos e dias ensolarados para que
nosso trabalho fosse realizado da melhor forma possível.
Aos professores, em especial, aos orientadores Tânia e Arthur, vocês foram mais que
parceiros e orientadores neste trabalho, foram colo e luz em todos os momentos.
À Professora Nísia, Andrea e Fernando por cederem os laboratórios e o ensinamento de vocês
para nossas análises.
Aos amigos, em especial, Clarisse, Taíssa, Zeca, Vitória e Jéssica por serem meus confidentes
e ombro amigo. Obrigada entenderem minha ausência nos últimos anos.
A UFVJM e a CAPES pelo apoio financeiro
E, em especial, agradeço Gis e vó Lali, sei que, estão torcendo orgulhosas de mim em
qualquer lugar que estejam.

“Se cheguei até aqui, foi porque me apoiei no ombro de gigantes”


Isaac Newton
“Primeiro eles te ignoram, depois riem de
você, depois brigam, e então você vence”.
Mahatma Gandhi
RESUMO

O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos da dieta de cafeteria desde a lactação nos
parâmetros nutricionais e na ação da risperidona nos comportamentos de ansiedade,
locomoção, memória e interação social. Foram utilizadas 14 ninhadas de ratos da linhagem
Wistar (Rattus novergicus) alojados em gaiolas individuais, sob condições padrão. Os ratos
machos de cada ninhada formaram, da lactação até a fase adulta, os grupos: Controle (CTRL)
– receberam ração padrão e água ad libitum (n = 42); Cafeteria (CAF) – receberam dieta de
cafeteria e água ad libitum (n = 42). Entre o 114º e o 119º dia de vida, os animais foram
subdividos (n = 21) para receberem o tratamento com salina (CTRL-S e CAF-S) ou
risperidona (CTRL-R e CAF-R). Nesse período foram realizados os testes comportamentais
do labirinto em cruz elevado, campo aberto, teste de reconhecimento de objetos e interação
social. No 119º os animais foram colocados em jejum, para que, no 120º dia fossem
anestesiados e eutanasiados por exsanguinação. Foram avaliados: consumo de ração, ingestão
calórica, peso corporal, ganho de peso, coeficiente de eficiência alimentar (CEA),
comprimento naso-anal e índice de massa corporal (IMC); peso dos órgãos e do tecido
adiposo abdominal; teores de colesterol total e frações, triacilglicerol e glicemia do soro; teor
de lipídios, colesterol total e triacilglicerol do fígado e das fezes; estado redox do fígado e de
diferentes porções do encéfalo (córtex pré-frontal e hipocampo). Foi utilizada análide de
variância (ANOVA) seguida de Newman Keuls quando necessário (P<0,05). O grupo CAF
demonstrou menor ingestão alimentar e maior ingestão calórica, devido à densidade
energética da dieta. O maior consumo calórico se configurou em maior ganho de peso, CEA,
IMC e acúmulo de tecido adiposo abdominal. O grupo CAF também obteve elevação dos
níveis de triacilglicerol plasmáticoa, além de lipídios e triacilglicerol hepático, que foram
classificados em esteatose hepática. Ao mesmo tempo, houve uma relação ruim entre as
frações do colesterol plasmático (HDL-c, LDL-c e VLDL-c), com aumento do risco de
doenças aterogênicas. Portanto, a dieta de cafeteria foi capaz de reproduzir um modelo de
obesidade humana e de síndrome metabólica. Os animais do grupo de cafeteria apresentaram
características de estresse oxidativo no hipocampo, o que pode comprometer a função dessa
estrutura e promover alterações comportamentais. O grupo CAF - S obteve efeito ansiolítico
devido ao maior número de entradas e tempo gasto no centro do campo aberto, além de maior
locomoção através do maior número de quadrantes percorridos. CAF - S ainda demonstrou
prejuízos na memória avaliados através do teste de reconhecimento de objetos e diminuição
da interação social. Tais efeitos podem estar associados a alterações no sistema
serotoninérgico desses animais. CAF - R demonstrou efeito ansiogênico e diminuição na
locomoção no campo aberto. No teste de reconhecimento de objetos, houve diminuição na
interação com os objetos, sem, no entanto, melhorar o índice de discriminação em relação a
CAF - S. No teste de interação social, CAF - R obteve maior sociabilidade. Os resultados da
administração da risperidona indicam que esta droga possui um efeito diferente quando
aplicada em animais que foram tratados com dieta de cafeteria desde a lactação.
Palavras chave: Avaliação Nutricional; bioquímica; comportamento; estado redox
ABSTRACT

The objective of this work was to evaluate the effects of the cafeteria diet from lactation on
the nutritional parameters and the action of risperidone on the behaviors of anxiety,
locomotion, memory and social interaction. Fourteen litters of Wistar rats (Rattus novergicus)
housed in individual cages were used under standard conditions. The male rats from each
litter formed from the lactation to the adult phase, the groups: Control (CTRL) - received
standard chow and water ad libitum (n = 42); Cafeteria (CAF) - received cafeteria diet and
water ad libitum (n = 42). Between days 114 and 119, animals were subdivided (n = 21) to
receive treatment with saline (CTRL-S, CAF-S) or risperidone (CTRL-R and CAF-R). During
this period, the behavioral tests of the plus maze size, open field, test of object recognition and
social interaction were performed. At 119º the animals were fasted, so that on the 120º day
they were anesthetized and euthanized by exsanguination. The following were evaluated: feed
intake, caloric intake, body weight, weight gain, food efficiency coefficient (FEC), naso-anal
length and body mass index (BMI); weight of organs and abdominal adipose tissue; levels of
total cholesterol and fractions, triacylglycerol and serum glycemia; lipid content, total
cholesterol, and triacylglycerol of liver and faeces; redox status of the liver and different
portions of the encephalon (prefrontal cortex and hippocampus). Variance analysis (ANOVA)
was used followed by Newman Keuls when necessary (p<0,05). The CAF group
demonstrated lower dietary intake and higher caloric intake, due to the energy density of the
diet. The highest caloric intake was in greater weight gain, FEC, BMI and abdominal adipose
tissue accumulation. The CAF group also achieved elevations in plasma triglyceride levels,
besides lipids and hepatic triacylglycerol, which were classified as hepatic steatosis. At the
same time, there was a poor relationship between fractions of plasma cholesterol (HDL-c,
LDL-c and VLDL-c), with increased risk of atherogenic diseases. Therefore, the cafeteria diet
was able to reproduce a model of human obesity and metabolic syndrome. The animals in the
cafeteria group presented oxidative stress characteristics in the hippocampus, which may
compromise the function of this structure and promote behavioral changes. The CAF - S
group had an anxiolytic effect due to the greater number of entrances and time spent in the
center of the open field, besides greater locomotion through the greater number of quadrants
traveled. CAF - S also demonstrated memory impairments assessed through the object
recognition test and decreased social interaction. Such effects may be associated with changes
in the serotonergic system of these animals. CAF - R demonstrated an anxiogenic effect and
decreased locomotion in the open field. In the object recognition test, there was a decrease in
the interaction with the objects, without, however, improving the discrimination index in
relation to CAF - S. In the social interaction test, CAF - R obtained greater sociability. The
results of the administration of risperidone indicate that this drug has a different effect when
applied in animals that have been treated with cafeteria diet since lactation.
Keywords: Nutricional evaluation; biochemistry; behavior; redox status.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
CAPÍTULO 1

Figura 1 – Ninhada composta pela rata-mãe e 8 filhotes........................................................92


Figura 2 – Desenho experimental proposto para as fases de lactação, vida adulta e eutanásia
dos animais...............................................................................................................................41
Figura 3 – Animal ingerindo a ração disponibilizada na tampa da gaiola..............................41
Figura 4 – Pesagem semanal do animal em balança semianalítica.......................................42
Figura 5 – Animal dentro da gaiola metabólica para coleta de fezes....................................45
Gráfico 1- Média de consumo de ração dos animais durante as 14 semanas de tratamento pós-
lactação......................................................................................................................................47
Gráfico 2 – Ingestão total alimentar (ITA) dos animais após as 14 semanas de tratamento pós-
lactação......................................................................................................................................48
Gráfico 3A – Ingestão calórica dos animais durante as 14 semanas de tratamento pós-
lactação.....................................................................................................................................49
Gráfico 3B – Ingestão calórica total (ICT) dos animais após as 14 semanas de tratamento pós-
lactação.....................................................................................................................................50
Gráfico 4 – Peso corporal (A) e ganho de peso (B) dos animais durante as 14 semanas de
tratamento pós
lactação......................................................................................................................................52
Gráfico 5 – Tecido adiposo abdominal e índice de adiposidade dos animais após as 14
semanas de tratamento pós-lactação.........................................................................................55
Gráfico 6 – Glicose sanguínea dos animais após as 14 semanas de tratamento pós-
lactação.....................................................................................................................................57
Gráfico 7 – Colesterol total, HDL-c e LDL-c dos animais após as 14 semanas de tratamento
pós-lactação...........................................................................................................................59
Gráfico 8 – VLDL-c dos animais após quatorze semanas de tratamento pós-
lactação..................................................................................................................................60
Gráfico 9 – Triacilglicerol dos animais após quatorze semanas de tratamento pós-
lactação..................................................................................................................................60
Gráfico 10 – Lipídios hepáticos (A) e colesterol hepático dos animais após quatorze semanas
de tratamento pós-lactação....................................................................................................... 62
Figura 6 – Aspecto macroscópico do fígado dos animais CTRL e dos animais
CAF.......................................................................................................................................64
Figura 7 – Aspecto microscópico do fígado dos animais CTRL e dos animais
CAF.......................................................................................................................................64
Gráfico 11 – Expressão da SOD (A), GPx (B), proteína carbonilada (C) e malondialdeído (D)
dos animais após as 14 semanas de tratamento pós-
lactação........................................................................................................... 65

CAPÍTULO 2

Figura 1 – Teste do LCE com os animais. Cada animal foi colocado no centro do aparato e
filmado durante 300 segundos................................................................................................92
Figura 2 – Teste de interação social. Dois animais de mesmo peso, sexo, tratamento dietético e
de tratamento (droga/salina) foram colocados em caixa de polipropileno por 600
segundos...................................................................................................................................93
Figura 3 – Teste do Campo Aberto com os animais. Cada animal foi colocado no centro do
aparato e filmado durante 600 segundos..................................................................................95
Figura 4 – Ilustração do teste de reconhecimento de objetos com os animais. Cada animal foi
colocado no centro do aparato e filmado durante 600 segundos.............................................96
Figura 5 – Animal durante a realização do teste de reconhecimento de objetos (etapa de
“familiarização”).....................................................................................................................96
Figura 6 – Eutanasia e coleta de encéfalo dos animais............................................................97
Figura 7 – Encéfalo retirado e depositado sobre placa de Petri contendo gelo.........................97
Gráfico 1– Número de entradas nos braços fechados (A) e braços abertos (B); relação de
entradas nos braços fechados (C) e braços abertos do LCE...................................................102
Gráfico 2 – Tempo nos braços fechados (A) e braços abertos (B); relação de tempo nos braços
fechados (C) e braços abertos do LCE...........................................................................104
Gráfico 3 – Número de entradas (A) tempo gasto (B) e relação de tempo gasto (C) na zona
central do campo aberto..........................................................................................................105
Gráfico 4 – Número de quadrantes percorridos no campo aberto..........................................108
Gráfico 5 – Número (A) e tempo (B) de interações com o objeto A. Número (C) e tempo (D)
de interações com o objeto C...............................................................................................111
Gráfico 6 – Índice de discriminação de objetos..................................................................112
Gráfico 7 – Interação social total (A) e tempo de interação social total
(B)...................................................................................................................................115
LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO 1

Tabela 1- Composição química e densidade energética da ração comercial (Nuvilab ®) e da


dieta de cafeteria.................................................................................................40
Tabela 2 – Ganho de peso final (GPF), Coeficiente de eficiência alimentar (CEA),
Comprimento naso-anal (CNA) e índice de massa corporal (IMC) após 14 semanas de
tratamento....................................................................................................................52
Tabela 3 – Peso absoluto do baço, coração, fígado, rins, suprarrenais e testículos após
quatorze semanas de tratamento..............................................................................56
Tabela 4 – Teor de lipídios, colesterol e tracilglicerídeos fecais.........................................66

CAPÍTULO 2

Tabela 1 – Estado redox dos animais....................................................................................99


Tabela 2 – Quantidade de Rearing e grooming no campo aberto.......................................108
Tabela 3 – Quantidade e tempo de interação......................................................................113
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

5HIAA 5-Hidroxiindolacético
5HT Serotonina
5-HTP 5-Hidroxitriptofano
5-HTT 5-Hidroxitriptofano
ANOVA Análise de variância
CAF Animais que receberam dieta de cafeteria
CAF-R Animais que receberam dieta de cafeteria e injeção de Risperidona
CAF-S Animais que receberam dieta de cafeteria e injeção de Salina
CTRL Animais que receberam dieta padrão
CTRL-R Animais que receberam dieta padrão e injeção de Risperidona
CTRL-S Animais que receberam dieta padrão e injeção de salina
CEA Coeficiente de eficiência alimentar
CEUA Comissão de Ética no Uso de Animais
CH Colesterol total hepático
CNA Comprimento naso-anal
CT Colesterol total sanguíneo
CTR Consumo total de ração
DCNT Doenças crônicas não transmissíveis
DHGNA Doença hepática gordurosa não alcóolica
DNA Ácido desoxirribonucleico
DNP 2,4-dinitrofenila
DNPH 2,4-dinitrofenilhidrazina
ERO’s Espécies reativas de oxigênio
GPF Ganho de peso final
GST Glutationa S-transferase
HCL Ácido clorídrico
HDL-c High Density Lipoprotein
IA Índice aterogênico
IAD Índice de adiposidade
ICT Ingestão calórica total
IMC Índice de Massa Corporal
IL-6 Interleucina- 6
ITA Ingestão total alimentar
LabNutrex Laboratório de Nutrição Experimental
LCE Labirinto em Cruz Elevado
LDL-c Low Density Lipoprotein
MDA Malondialdeído
MAO Monoamina oxidase
OMS Organização Mundial da Saúde
SNC Sistema Nervoso Central
SOD Superoxido dismutase
TG Triacilglicerol sanguíneo
TGH Triacilglicerol hepático
TNF Tumoral necrose fator
TNF α Fator de necrose tumoral alfa
UFVJM Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha
VLDL Very Low Density Lipoprotein
® Marca registrada
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO GERAL5

CAPÍTULO 1
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................29

2 OBJETIVOS........................................................................................................................31
2.1 Objetivo geral.......................................................................................................31
2.2 Objetivos específicos.............................................................................................31

3 REVISÃO DE LITERATURA...........................................................................................33
3.1 Obesidade..............................................................................................................33
3.2 Modelo animal de obesidade: dieta de cafeteria................................................34
3.3 Lactação e obesidade............................................................................................35

4 METODOLOGIA...............................................................................................................39
4.1 Aspectos éticos e condições experimentais.........................................................39
4.2 Animais e desenho experimental.........................................................................39
4.3 Avaliações nutricionais.........................................................................................41
4.3.1 Ingestão alimentar e desenvolvimento corporal..........................................41
4.3.2 Avaliação dos órgãos....................................................................................43
4.3.2.1 Histologia....................................................................................43
4.3.3 Bioquímica do sangue..................................................................................44
4.3.4 Bioquímica do dígado e das fezes.......................................................................44
4.3.5 Estado redox do fígado.................................................................................45
4.4 Análise estatística..................................................................................................46

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO.........................................................................................47

6 CONCLUSÕES...................................................................................................................67

REFERÊNCIAS.....................................................................................................................69
CAPÍTULO 2
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................80

2 OBJETIVOS........................................................................................................................82
2.1 Objetivo geral.......................................................................................................82
2.2 Objetivos específicos.............................................................................................82

3 REVISÃO DE LITERATURA...........................................................................................84
3.1 Neurogênese e agressões nutricionais.................................................................84
3.2 Serotonina.............................................................................................................85
3.3 Risperidona...........................................................................................................86

4 METODOLOGIA...............................................................................................................89
4.1 Aspectos éticos e condições experimentais.........................................................89
4.2 Animais e desenho experimental.........................................................................89
4.3 Avaliação comportamental..................................................................................90
4.3.1 Testes de ansiedade e interação social.........................................................90
4.3.1.1 Labirinto em cruz elevado...........................................................90
4.3.1.2 Teste de interação social..............................................................92
4.3.2 Teste de locomoção e memória.....................................................................93
4.3.1.1 Campo aberto..............................................................................93
4.3.1.2 Teste de reconhecimento de objetos............................................94
4.4 Eutanásia e coleta de amostras biológicas..........................................................96
4.3.1 Estado redox do encéfalo (córtex pré-frontal e hipocampo)........................97
4.5 Análise estatística..................................................................................................97

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO.........................................................................................99

6 CONCLUSÕES.................................................................................................................117

REFERÊNCIAS...................................................................................................................119
25
25

1 INTRODUÇÃO GERAL

O consumo balanceado e a absorção de diversos nutrientes são elementos


fundamentais para o desenvolvimento de um indivíduo e realização das suas funções vitais.
Dessa forma, uma alimentação equilibrada é necessária para a obtenção de um estado
nutricional adequado e também para a evolução do Sistema Nervoso Central (SNC)
(MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2005; MORGANE et al., 1993).
Os índices de sobrepeso e obesidade vêm aumentando ao redor do mundo. Estima-se
que aproximadamente 2,1 bilhões de pessoas estejam acima do peso, sendo que, essas taxas
de obesidade não estão aumentando somente entre os adultos, mas também entre as crianças e
adolescentes (NG et al., 2014).
O estudo da obesidade em animais pode ser realizado através da administração da
dieta de cafeteria, modelo que inclui alimentos altamente palatáveis e ricos em açúcares e
gorduras. Sua utilização promove em roedores hiperfagia, maior ganho de peso, acúmulo de
tecido adiposo e indução de dislipidemias (ESTADELLA et al., 2011; NOVELLI et al., 2007;
ZEENI et al., 2013).
Devido ao período de vulnerabilidade a agressões nutricionais que o encéfalo possui
nas fases iniciais da vida, vários estudos com animais vêm demonstrando que dietas
obesogênicas durante a fase de lactação podem promover: aumento da ansiedade (LALANZA
et al., 2014), diminuição da locomoção (SIVANATHAN et al., 2015; WARNEKE et al.,
2014), prejuízos na memória (WRIGHT et al., 2014) e na memória e aprendizado (PAGE;
JONES; ANDAY, 2013).
Existe uma relação direta entre a dieta e a formação de espécies reativas de oxigênio
(ERO’s). Quando produzidas em grandes quantidades, estas promovem o estresse oxidativo
dos tecidos, podendo gerar a nível dos órgãos periféricos e do encéfalo disfunções teciduais e
morte celular (CATALÁ, 2013; SVERDLOV et al., 2014; TREVIÑO et al., 2015).
A nível central, o aumento na expressão de ERO’s pode comprometer o
desenvolvimento e a função dos circuitos de neurotransmissores. Dentre estes circuitos,
destaca-se o serotoninérgico, que possui influência direta nas funções cognitivas, emocionais,
motoras e também no comportamento alimentar (CAPURON; CASTANON, 2016; RIVERA
et al., 2015).
Apesar dessas recentes evidências, a maior parte dos trabalhos na literatura que
envolvem a exposição a dietas obesogênicas somente durante a fase de amamentação ou
26

apenas no período pós-lactação perdurando até a vida adulta. Estudos que combinam a
administração nestas duas fases são raros e necessitam ser realizados para melhor
compreensão dos efeitos nutricionais, metabólicos e comportamentais.
O presente trabalho foi dividido em dois capítulos. O primeiro trata dos efeitos
nutricionais, bioquímicos e fisiológicos de uma dieta obesogênica (dieta de cafeteria) desde a
lactação até a vida adulta. No segundo capítulo é discutido sobre os efeitos comportamentais
provocados por essa dieta, e, adicionalmente, sobre a ação de uma droga serotoninérgica
(risperidona) na ansiedade, locomoção, memória e interação social dos animais tratados com a
dieta de cafeteria.
27

CAPÍTULO 1
28
29

1 INTRODUÇÃO

A obesidade é caracterizada como uma doença multifatorial, possuindo causas


genéticas e/ou ambientais. Independente do seu fator de origem, esta pode ser definida como
um excesso de tecido adiposo em relação à massa magra tecidual do indivíduo (ROMIEU et
al., 2017).
O excesso de tecido adiposo é atingido normalmente quando há um consumo
exagerado de alimentos, provendo um aumento da energia diária ingerida em relação ao gasto
energético. É fato que, para prover um estado de obesidade, esse balanço energético positivo
necessita ter um caráter cumulativo, isto é, a pessoa deve ingerir maior quantidade de energia
do que consome durante muito tempo (MORGEN; SORENSEN, 2014; ROMIEU et al.,
2017).
Ng et al. (2014) avaliaram os índices de sobrepeso e obesidade na população de 188
países ao redor do mundo. Foi verificado que, de 1980 a 2013, as taxas aumentaram de 28,8
% para 36,9 % para os homens, e 29,8% para 38,0 % para as mulheres. Quando avaliado
somente crianças e adolescentes (2 a 19 anos), esses valores subiram de 16,9 % para 23,8%
para o sexo masculino e 16,2 % para 22,6 % no sexo feminino.
Existe também uma relação entre o sobrepeso e a obesidade com vários tipos de
doenças metabólicas, endócrinas e funcionais. A Organização Mundial da Saúde (2013) alerta
que um indivíduo obeso tem maior propensão ao desenvolvimento de doenças
cardiovasculares (hipertensão arterial, doença arterial coronariana, infarto agudo do miocárdio
e aterosclerose), diabetes mellitus, disfunções renais e alguns tipos de câncer.
A amamentação, além de possuir papel fundamental na alimentação, pode ajudar a
prevenir um estado de obesidade na prole quando instituída de forma correta (FIELDS;
SCHNEIDER; PAVELA, 2016). No entanto, segundo Panagos et al. (2016), a qualidade e a
composição do leite materno são fundamentais, podendo, caso a mãe não tenha uma boa
alimentação, ter efeitos negativos para a criança.
Mães que possuem uma má-alimentação podem promover alterações no apetite, no
metabolismo energético e nas funções endócrinas da prole, pré-dispondo o indivíduo em
formação à obesidade na vida adulta. Esse efeito é causado possivelmente pela interferência
nos níveis de compostos bioativos, como: glicose, lipídios, insulina, leptina, e citocinas pró-
inflamatórias no leite da mãe (FIELDS; SCHNEIDER; PAVELA, 2016; GORAN et al.,
2017).
30

Tais compostos podem promover alterações epigenéticas na prole capazes de


modificarem a forma de atuação dos genes sem alterar a sequência do ácido
desoxirribonucleico (DNA). Geralmente ocorrem em regiões promotoras, gerando
programações metabólicas que podem se refletir no decorrer da vida do filhote (FIELDS;
SCHNEIDER; PAVELA, 2016).
Dietas de cafeteria são utilizadas em modelos animais com o objetivo de induzir à
obesidade, sendo ricas principalmente em gorduraras e açúacres e de alta palatabilidade
(LALANZA et al., 2014). Embora estudos que utilizem a dieta de cafeteria em animais sejam
vastos na literatura, não se sabe qual o efeito desse modelo de dieta quando instituída desde a
lactação e permanecendo até a vida adulta dos animais.
31

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Avaliar os efeitos nutricionais e fisiológicos da dieta de cafeteria em ratos Wistar


tratados desde o período de lactação.

2.2 Objetivos específicos

- Avaliar a ingestão alimentar dos animais;

- Analisar o desenvolvimento corporal em relação ao peso e ao tamanho;

- Determinar o peso e a histopatologia dos órgãos e do tecido adiposo abdominal;

- Avaliar a bioquímica do sangue, do fígado e das fezes;

- Analisar o estado redox do fígado.


32
33

3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Obesidade

A ocorrência de obesidade pode estar relacionada a fatores de ordem genética, como


mutações de genes ou susceptibilidade genética, ou a fatores ambientais e comportamentais,
relacionados, sobretudo, aos hábitos alimentares das pessoas (SOUBRY et al., 2015).
Diferentemente do sobrepeso, que possui como característica somente o aumento do
peso, a obesidade é integrante das Doenças Crônicas Não-Transmissíveis (DCNT’s) por se
apresentar após um período de excessos alimentares. Por sua vez, esta má-alimentação
excessiva promove um acúmulo de gordura corporal, levando a uma perda na qualidade de
vida do indivíduo (CORSO; PINHEIRO; FREITAS, 2004).
A obesidade tem se configurado como uma das DCNT’s mais presentes e de maior
repercussão no mundo, aumentando de 857 milhões em 1980 para 2,1 bilhões de pessoas em
2013. Aproximadamente 50% dos indivíduos obesos do mundo vivem em dez países (dentre
eles o Brasil), demonstrando que há uma forte relação entre o desenvolvimento desse estado
com os fatores alimentares e culturais dos países (INSTITUTO BRASILEIRO DE
GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2012; NG et al., 2014).
No Brasil existem aproximadamente 48,5% de pessoas acima do peso, sendo que
destes 15,8% estão classificados dentro da faixa de obesidade. Com relação às crianças (5 a 9
anos de idade), 33% possuem excesso de peso sendo a maioria do sexo masculino
(INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2012).
Trata-se também de uma doença de caráter complexo, gerando alterações em
processos metabólicos importantes, que podem culminar no desenvolvimento de
comorbidades como o diabetes mellitus do tipo 2, dislipidemias, hipertensão arterial, doença
arterial coronária, acidente vascular encefálico e esteatose hepática (ORGANIZAÇÃO
MUNDIAL DA SAÚDE, 2013).
Embora possua também uma natureza genética, o fator primordial que leva a
obesidade é o excesso de calorias consumidas em longo prazo. Segundo os autores Romieu et
al. (2017), Morgen e Sorensen (2014), existe um balanço energético entre as calorias que são
ingeridas e as que são gastas. Quando há um desequilíbrio positivo nessa equação por muito
tempo, ou seja, há maior ingestão energética do que gasta, um estado de obesidade se instaura.
34

A ingestão exagerada de alimentos se torna mais preocupante quando estão


envolvidos na dieta elevadas quantidades de açúcares simples, gorduras saturadas e/ou do tipo
trans, visto que essas podem promover ainda mais o ganho de peso e acúmulo de gordura
(HALL et al., 2012).
Em geral, a obesidade é acompanhada por um alto acúmulo de tecido adiposo. Este é
formado por pequenas células chamadas adipócitos, que são responsáveis pelo
armazenamento de triacilglicerol; pela reserva de gordura para regular a temperatura corporal;
além de funções endócrinas e hormonais, como a secreção de leptina e de adipocinas que
possuem papel na homeostase metabólica (CAO, 2014; SHUSTER et al., 2012; STEPHENS,
2012).
A forma mais comum de classificação da obesidade é através do Índice de Massa
Corporal (IMC), que relaciona o peso corporal com a estatura da pessoa, sendo o método mais
utilizado no mundo (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2013). Porém, a obesidade
também pode ser classificada por outros parâmetros, como pela fisiologia e distribuição do
tecido adiposo (SUN et al., 2011).
Fisiologicamente, o aumento expressivo do tecido adiposo gera a hipertrofia e
hiperplasia dos adipócitos, devido ao grande armazenamento de lipídios nos mesmos. A
contagem e a verificação do tamanho dessas células através de uma análise histopatológica
podem ser usadas como parâmetro. Já com relação a distribuição do tecido adiposo, as regiões
superiores do corpo como o abdômen e o tronco pode ser utilizados como critério para
diagnóstico da obesidade (SUN et al., 2011).
Ademais, é importante ressaltar que a obesidade pode evoluir para uma série de
distúrbios bioquímicos, clínicos, metabólicos e fisiológicos que podem ser denominados
como Síndrome Metabólica (RODRÍGUEZ-MONFORTE et al., 2016). Para seu diagnóstico,
a classificação mais utilizada no mundo é a da National Cholesterol Education Program’s
Adult Treatment Panel III (2002), que descreve que ao menos três de cinco parâmetros devem
estar presentes: pressão arterial elevada, hiperglicemia, valores plasmáticos altos de
triacilglicerol e baixos de High Density Lipoprotein (HDL-c), além do acúmulo de tecido
adiposo abdominal acima do normal.

3.2 Modelo animal de obesidade: dieta de cafeteria


35

A grande prevalência da obesidade em humanos no mundo inteiro perpassa pelos


hábitos de vida das pessoas. Em geral, a população tem consumido em maior quantidade
alimentos ultraprocessados com alto teor calórico; diminuído a ingestão de alimentos
saudáveis como frutas, verduras, legumes e fibras; além de elevado o sedentarismo
(VILCHIS-GIL et al., 2015).
Quando se trata da alimentação, são buscados para consumo aqueles alimentos que
sejam de fácil preparo ou que já venham prontos, além de proporcionarem prazer pela sua
palatabilidade. Esse tipo de alimentação é conhecido como dieta ocidental, por ser oriunda
dos países situados no oeste do globo terrestre, e é comumente reproduzida em estudos com
animais, sendo chamada nesses casos de dieta de cafeteria (MACEDO et al., 2012; NOVELLI
et al., 2007).
A dieta de cafeteria é comumente utilizadas em roedores e é rica em açúcares,
gorduras saturadas ou do tipo trans, e pobre em vitaminas, minerais e fibras. Os alimentos
variam nesse tipo de dieta, sendo utilizadas desde combinações mais simples, como por
exemplo a de chocolate, amendoim e biscoitos, até as mais elaboradas, com inclusão de
bacon, salsicha, batatas fritas e marshmallows (NOVELLI et al., 2007; PINI et al., 2017;
SHAFAT et al., 2009).
Em geral, os resultados encontrados quando empregado esse modelo são bem
consistentes para indução de obesidade nos animais. Estudos demonstram que os animais
tornam-se propensos a desenvolver hiperfagia, ganhare mais peso, acumular maior quantidade
de tecido adiposo, além de apresentarem maiores Índices de Massa Corporal (IMC) e de Lee
(ESTADELLA et al., 2011; NOVELLI et al., 2007; WARNEKE et al., 2014).
São verificadas também alterações no perfil lipídico, no metabolismo da glicose e na
pressão arterial de animais tratados com dieta de cafeteria, fatos que estão relacionados com a
indução de dislipidemias, diabetes mellitus e doenças cardiovasculares, respectivamente
(MACEDO et al., 2010; PANCHAL et al., 2011; ZEENI et al., 2013).
Outros aspectos importantes que já foram observados na literatura sobre as dietas de
cafeteria são as alterações metabólicas, endócrinas e inflamatórias. Esse tipo de alimentação
nos animais pode promover resistência a hormônios importantes como a insulina e a leptina,
levando a distúrbios importantes como o aumento do consumo alimentar e da lipogênese
(SAMPEY et al., 2011).

3.3 Lactação e obesidade


36

A amamentação é fundamental para prole do ponto de vista nutricional, visto que


fornece os nutrientes necessários para desenvolvimento corporal, ósseo, fisiológico, e também
de estruturas neurológicas do ser em desenvolvimento (ANTUNES et al., 2008).
Este fato é devido à composição do leite rico em proteínas, carboidratos, lipídios,
vitaminas, minerais e água, que são fundamentais no processo de crescimento. É necessário
destacar ainda que a fase de lactação é uma das mais exigentes nutricionalmente durante o
período de desenvolvimento (LIMA; DIMENSTEIN; RIBEIRO, 2014; PASSANHA;
CERVATO-MANCUSO; SILVA, 2010).
Uma alimentação adequada é fundamental nas fases iniciais da vida para que o
organismo se desenvolva adequadamente. É neste momento também que este se encontra
mais susceptível a agressões ambientais, como as de cunho nutricional (BARKER, 2004;
MOURA; PASSOS, 2005).
Uma agressão nutricional pode ser estabelecida através de um aumento ou de
diminuição abrupta da ingestão alimentar. Durante o período de amamentação, podendo gerar
modificações fenotípicas capazes de alterar funções endócrino-metabólicas importantes, tanto
a curto, quanto a longo prazo (MOURA; PASSOS, 2007).
O fenômeno citado pode ser chamado de “programação metabólica”. Modificações
epigenéticas ocorrem na estrutura da cromatina, primordialmente em regiões promotoras.
Essas modificações não alteram o código genético, mas sim a atividade de determinados
genes, e, geralmente, estão ligadas a exposição a determinados componentes bioativos
presentes no leite materno (FIELDS; SCHNEIDER; PAVELA, 2016; PINNEY; SIMONS,
2012).
Dentre esses fatores bioativos, pode-se citar a glicose e a insulina, sendo a primeira
fonte primária de energia no corpo e a segunda estando envolvida nos processos de
homeostase da concentração de glicose celular (FIELDS; SCHNEIDER; PAVELA, 2016).
Estudo realizado por Fields e Demerath (2012) demonstrou que há uma associação
negativa entre altas concentrações de insulina no leite materno e o aumento de peso, IMC e
baixa massa magra na prole com um mês de vida. O aumento de glicose estaria também
relacionado, pois, o lactante necessitaria aumentar a produção de insulina caso a mãe
fornecesse um leite mais rico em açúcares (FIELDS; SCHNEIDER; PAVELA, 2016).
37

Leptina e grelina são dois hormônios que atuam no controle do balanço energético,
estando diretamente ligados com a ingestão alimentar e consequentemente com o ganho de
peso (FIELDS; SCHNEIDER; PAVELA, 2016).
A adiponectina é um hormônio produzido no tecido adiposo branco. Possui diversas
funções no corpo, dentre elas destacam-se a de estimulação da absorção da glicose para o
meio intracelular, oxidação de ácidos graxos, inibição da gliconeogênese hepática e de
promoção da insensibilidade à insulina (FIELDS; SCHNEIDER; PAVELA, 2016). A presença
de maiores quantidades desse hormônio geralmente está associada a mães que possuem
grande acúmulo de tecido adiposo no corpo. Brunner et al. (2015) avaliaram a presença de
adiponectina no leite materno e identificaram que, quando em maior quantidade, esse
hormônio levou ao aumento de peso nas crianças.
Uma maior concentração de ácidos graxos saturados no leite está diretamente
relacionada com o aumento de secreção de citocinas pró-inflamatórias na prole. Estas por sua
vez podem promover alterações cardiometabólicas e/ou neurológicas na prole (PANAGOS et
al., 2016).
Fields e Demerath (2012) encontraram que, quando TNF-α e IL-6 estavam em
proporções inadequadas na corrente sanguínea dos lactantes, havia uma diminuição da massa
magra e aumento da massa gorda nesses indivíduos.
Dessa forma, a principal hipótese desse capítulo é a de animais que consumiram
dieta de cafeteria desde a lactação podem sofrer alterações no metaboslimo energético,
podendo levar a um estado de obesidade na idade adulta.
38
39

4 METODOLOGIA

4.1 Aspectos éticos e condições experimentais

Esse experimento ocorreu de acordo com os princípios éticos para uso de animais de
laboratório (CONSELHO NACIONAL DE CONTROLE DE EXPERIMENTAÇÃO
ANIMAL, 2016). Seu início se deu após a aprovação pela Comissão de Ética no uso de
Animais (CEUA/UFVJM) através do protocolo 041/16.
O desenvolvimento ocorreu no laboratório de Nutrição Experimental (LabNutrex) da
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha (UFVJM). O biotério local conta com
estantes ventiladas (ALESCO®) nas quais os animais foram alojados em caixas de
polipropileno (41 x 34 x 16 cm) contendo maravalha autoclavada, permitindo acomodação e
espaço suficiente para a espécie. Todas as gaiolas foram limpas uma vez por semana, por
ocasião da pesagem dos animais.
O biotério conta também com regulação de temperatura (22 ± 2 °C) por ar-
condicionado, e luminosidade (ciclos claro/escuro de 12 horas, com início do claro às 6:00
horas a.m.) através de timer de luz, além de um exaustor para renovação do ar ambiente.

4.2 Animais e desenho experimental

Foram utilizadas 14 ninhadas de ratos da linhagem Wistar (Rattus novergicus),


provenientes do LabNutrex/UFVJM. As ninhadas (FIG. 1) eram compostas por uma rata-mãe
e 8 filhotes (6 machos e 2 fêmeas) recém-nascidos que formaram, durante o período de
lactação, os grupos:

 Controle (CTRL) – os animais receberam ração padrão (ração comercial Nuvilab®) e


água ad libitum (n = 7 ninhadas);
 Cafeteria (CAF) – os animais receberam dieta de cafeteria e água ad libitum (n = 7
ninhadas).
40

Figura 1 – Ninhada composta pela rata-mãe e 8 filhotes (6 machos e 2 fêmeas). Diamantina,


2018.

A composição química e a densidade energética das dietas (ração padrão e dieta de


cafeteria) utilizadas durante o experimento estão demonstradas na Tabela 1.

Tabela 1 – Composição química e densidade energética da ração comercial (Nuvilab ®) e da


dieta de cafeteria.
Dieta Dieta de cafeteria*
padrão
Ração Chocolate Amendoim Biscoito Total
Proteínas (%) 20,73 7,05 0,80 6,67 1,04 15,56
Carboidratos (%) 54,68 9,08 15,00 4,17 8,75 37,00
Gorduras totais (%) 7,17 16,81 7,00 13,33 1,75 38,89
Energia proteica (kcal.100-1) 82,92 28,20 3,20 26,68 4,16 62,24
Energia carboidratos
218,72 36,32 60,00 16,68 35,00 148,00
(kcal.100-1)
Energia lipídica (kcal.100-1) 64,53 151,29 63,00 119,97 15,75 350,01
Energia total (kcal.100-1) 366,20 215,81 126,20 163,33 54,91 560,25
*A dieta de cafeteria era composta por: 3 partes de ração comercial (dieta padrão); 2 partes de
chocolate ao leite (Bel®); 2 partes de amendoim torrado e moído (Pachá®); e uma parte de
biscoito maizena (Aymoré®).

As dietas citadas eram disponibilizadas para as mães em forma de pellets nas tampas
das caixas todos os dias. A partir do 21º dia de vida, apenas os fihotes machos permaneceram
no estudo, foram colocados em caixas individuais, recebendo o mesmo tratamento
inicialmente ofertado para suas mães: Controle (CTRL) n = 42 e Cafeteria (CAF) n = 42;
até atingirem a vida adulta (119 dias).
No 119º dia os animais foram colocados em jejum, para no 120º serem anestesiados e
eutanasiados por exsanguinação. Nesse momento, amostras biológicos (sangue, baço,
coração, fígado, rins, suprarrenais e testículos) foram coletadas para análises subsequentes. O
desenho experimental proposto pode ser verificado na Figura 2.
41

Figura 2 – Desenho experimental proposto para as fases de lactação, vida adulta e eutanásia
dos animais. Diamantina, 2018.

4.3 Avaliação nutricionais

4.3.1 Ingestão alimentar e desenvolvimento corporal

A ração destinada aos animais foi contabilizada a partir da fase de pós lactação (21º -
119º dia), sendo pesada diariamente (08:00 às 10:00h) subtraindo-se a oferta do dia anterior
com o que sobrou na tampa da gaiola (FIG. 3). A partir dessa avaliação, foi calculado a média
de consumo alimentar dos animais

Figura 3 – Animal ingerindo a ração disponibilizada na tampa da gaiola. Diamantina, 2018.

Através do somatório da ingestão diária foi calculada a ingestão total alimentar (ITA):

ITA ( g )=∑ do consumo de ração ao longodo experimento( g) (1)


42

A ingestão calórica total (ICT) foi estimada por meio da multiplicação das
quantidades totais ingeridas de carboidratos, lipídios e proteína pelos fatores 4, 9 e 4,
respectivamente (BUCHHOLZ; SCHOELLER, 2004).
A pesagem dos animais após a lactação foi realizada individualmente (FIG. 4) uma
vez por semana em balança semianalítica (BEL®).

Figura 4 – Pesagem semanal do animal em balança semianalítica. Diamantina, 2018.

Calculou-se o ganho de peso final (GPF), obtido a partir da pesagem do 119º e do 21ª
dia de vida:

GPF ( g )=Peso corporal final ( g )−Peso corporal inicial(g) (2)

O coeficiente de ganho de peso por caloria consumida (CEA) foi obtido segundo a
equação:

CEA ( g )=[ Ganho de peso final ( g ) /Ingestão total alimentar ( g ) ] (3)


43

O comprimento nasoanal (CNA) foi obtido ao final do experimento, medindo-se,


com auxílio de fita métrica, a distância da ponta do focinho do animal até a base da cauda.
Com esses dados, foi estimado também o índice de massa corporal (IMC):

Peso corporal final (g) (4)


IMC=
Comprimento nasoanal(cm2)

4.3.2 Avaliação dos órgãos

Os órgãos (baço, coração, fígado, rins, suprarrenais e testículos) foram retirados,


imersos em solução salina, secados em papel de filtro e pesados em balança analítica
(SHIMADZU®).
Após a retirada do tecido adiposo abdominal (visceral, epididimal e retroperitoneal),
o mesmo foi seco e pesado. O índice de adiposidade (IAD) foi calculado segundo Boustany et
al. (2004):

Tecido adiposo visceral+epididimal+ retroperitoneal(g) (5)


IAD( )= x 100
Peso corporal final ( g )−∑ gorduras

4.3.2.1 Histologia

Foi retirado um segmento do fígado (lobo direito) de cada animal para análise
histológica. Estes foram fixados em formol tamponado (4%), sendo posteriormente
desidratados em diferentes concentrações de alcool (70-95%), seguidas de duas baterias de
álcool etílico absoluto. Posteriormente foram adicionadas séries de xilol para promover o
processo de diafanização.
Para cada amostra de fígado foram impregnados com adição de parafina fundida em
estufa a 60ºC em cassetes histológicos. Após o resfriamento, foram realizados cortes
transversais de 5 μm em micrótomo semiautomático (Lupetec MRP09). Para cada amostra de
tecido foram confeccionadas aproximadamente 5 lâminas, sendo em seguidas coradas com
hematoxilina-eosina. Por fim, as lâminas foram fotografadas utilizando-se uma câmera digital
acoplada microscópio (objetiva de 10x).

4.3.3 Bioquímica do sangue


44

Foram coletados cerca de 2 mL de sangue, através de punção cardíaca. A partir daí


foi realizada a determinação da Glicose, Colesterol Total (CT), High Density Lipoprotein
(HDL-c) e Triacilglicerol (TG) do soro seguindo a padronização do fabricante dos kits
(LABTEST®). Os valores da Low Density Lipoprotein (LDL-c) e da Very Low Density
Lipoprotein (VLDL-c) foram calculados segundo Friedewald, Levy e Fredrickson (1972):

LDL (mg /dL)=Colesterol total−(HDL+Triacilglicerol) (6)

(7)
Triacilglicerol
VLDL ( mg/dL )=
5

4.3.4 Bioquímica do fígado e das fezes

No 117º dia, parte dos animais de cada grupo (n = 6) foi colocada em gaiolas
metabólicas (FIG. 5). Durante os dois primeiros dias (117-118º) não houve restrição alimentar
e hídrica, para aclimatação. Durante o 119º esses animais foram colocados em jejum, para
que, no 120º pudessem ser recolhidas as fezes.

Figura 5 – Animal dentro da gaiola metabólica para coleta de fezes. Diamantina, 2018.
45

O fígado e as fezes foram analisados no laboratório de Café e frutos do cerrado, da


UFVJM, secados em estufa a 105°C por aproximadamente 4 horas. Este material foi utilizado
para determinação de lipídios hepáticos e fecais (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 2008)
através da extração com a utilização de aparelho Soxhlet tradicional e de solvente orgânico
(éter dietílico), por um período de extração de seis horas.
Para a determinação do colesterol hepático e fecal, além do triacilglicerol fecal foi
utilizada a técnica de Folch, Less e Stanley (1957) com adaptações.

4.3.5 Estado redox do fígado

Uma amostra do tecido hepático dos animais também foi retirada para avaliação do
estado redox (n = 6). Para análise dos níveis de malondialdeído (MDA), um produto final da
perodixação lipídica, 100 mg do tecido foram triturados e homogenizados em tampão fosfato
salina (pH 7,0) através da centrifugação a 10000 rpm durante10 minutos.
Ao homogenato obtido foi adicionada uma solução ácida (ácido, tricloroacético 15%;
ácido tiobarbitúrico 0.375%; e HCL a 0,25N) por 15 minutos. A formação de substâncias
reativas ao ácido tiobarbitúrico foi monitorada com uso de espectrofotômetro (535 nm) como
descrito por Buege e Aust (1978).
O nível total de proteínas no fígado foi determinado segundo o método proposto por
Bradford (1976). A proteína carbonilada foi determinada pela adição de 0,5 ml de 2,4-
dinitrofenilhidrazina (DNPH) (SOHAL, 1993). A reação envolveu a derivatização do grupo
carbonila com o DNPH, levando à formação de um produto hidrazona (2,4-dinitrofenila -
DNP) estável. A avaliação final foi feita em espectrofotômetro a 370 nm (LEVINE, 1990).
A atividade das enzimas antioxidantes também foram avaliadas. Inicialmente, 100
mg do tecido hepático foi macerado e homogenizado em tampão fosfato salina (pH 7,0)
através da centrifugação a 3500 rpm (5 ºC) por 15 minutos.
O sobrenadante foi utilizado para as análises das glutationa S-transferase (GST) e
superóxido dismutase. A SOD foi estimada pelo método baseado na produção de H 2O2 e sua
redução em tetrazólio nitroblue (SARBAN et al., 2005). A atividade das enzimas GST foi
avaliada em espectofotômetro (340 nm) como descrito por Habig et al. (1974) e calculada
pela média da oxidação do NADPH.

4.4 Análise estatística


46

Todos os resultados estão demonstrados como média ± desvio padrão. Para análise
dos dados foi utilizado o software Statistica® versão 10.0 (Statsoft, 2010) e para construção
dos gráficos o GraphPad Prism® versão 5.0 (2007). Foi utilizada a análise de variância
(ANOVA) de uma via para avaliar as diferenças entre os tratamentos, e medidas repetidas
quando analisadas as variáveis tratamento e tempo. O teste de Newman Keuls foi usado
quando necessário, sendo adotado nível de significância p < 0,05.
47

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O consumo de ração apontou efeito de tratamento pela ANOVA (F (1760,70) = 55,16, p ≤


0,0001), exibindo menor ingestão média para o grupo CAF em relação ao grupo CTRL.
Também foi apontado efeito no tempo para o consumo de ração, descrito em
quatorze semanas (F(543,80) = 219,73, p ≤ 0,0001). A ingestão dos animais foi aumentando
gradativamente a partir da primeira semana pós-lactação, estabilizando da semana 6 até a
semana 13. Na semana 14 houve uma ligeira diminuição no consumo.
Com relação à interação tratamento e tempo, os resultados foram significativos
segundo a ANOVA (F(35,80) = 14,85, p ≤ 0,0001). Nas semanas 11 e 14 o grupo CAF consumiu
quantidades semelhantes ao grupo CRTL (GRÁF. 1).

30
* * * *
* * * *
Consumo de ração (g)

*
*
20 CTRL
*

*
CAF
10

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Tempo (semanas)
GRÁFICO 1 – Média de consumo de ração dos animais durante as 14 semanas de tratamento pós-lactação.
Diamantina, 2018. Legenda: Controle (CTRL) e Cafeteria (CAF). O símbolo * indica diferença estatísticamente
significativa pelo teste de Newman Keuls (p < 0,05) entre os grupos.

A ingestão total alimentar exibiu efeito de tratamento pela ANOVA (F(2527905,00) =


39,49, p ≤ 0,0001). O grupo CAF ingeriu menor quantidade de alimento somadas as 14
semanas pós-lactação em relação ao grupo CTRL, tal como demonstrado no Gráfico 2.
48

2500 a

Ingestão total alimentar (g)


2000 b
CTRL
1500
CAF
1000

500

Grupos

GRÁFICO 2 – Ingestão total alimentar (ITA) dos animais após as 14 semanas de tratamento pós-lactação.
Diamantina, 2018. Legenda: Controle (CTRL) e Cafeteria (CAF). Letras diferentes entre as colunas indicam
diferença estatísticamente sifnificativa pelo teste de Newman Keuls (p < 0,05) entre os grupos.

Ratos da linhagem Wistar adultos tratados durante oito semanas com dieta de
cafeteria (ração, chocolate, amendoim e biscoito) também demonstraram menor ingestão
alimentar que o grupo controle que consumiu apenas ração comercial (BURNEIKO et al.,
2006).
No trabalho de Lazzarino et al. (2017), ratas Wistar fêmeas tratadas por vinte
semanas com dieta de cafeteria (batata frita, queijo parmesão, biscoitos doces e salgados,
manteiga de amendoim e chocolate) desde o desmame, foi verificado uma menor média de
ingestão diária em relação ao grupo de ração padrão.
Lagisz et al. (2015) realizaram uma meta-análise incluindo estudos com ratos
tratados com dietas obesogênicas em diferentes fases da vida (períodos: gestacional,
lactacional e pós-lactação). A análise dos 53 trabalhos selecionados pelos autores indicou que
não havia hiperfagia na maioria estudos analisados por parte dos grupos tratados com dieta de
cafeteria ou hiperlipídica.
Embora possua alimentos de alta palatabilidade em sua constituição, a dieta de
cafeteria se mostra incapaz de induzir a uma maior ingestão alimentar durante o período do
tratamento, o que se confirma ao ser verificado a ITA. Tal fato pode estar relacionado tanto à
baixa variabilidade e rotatividade dos alimentos disponibilizados, como também a alta
densidade calórica que os mesmos apresentavam.
Segundo Oliva et al. (2017) A palatabilidade dos alimentos ofertados na dieta é o
elemento mais importante para indução de hiperfagia, sendo mais efetivo que somente a
adição de gordura. No entanto, South et al. (2014) discutem que o aumento de disponibilidade
49

de diferentes tipos de alimentos, com texturas e sabores distintos é necessário para promover
um substancial aumento na ingestão alimentar dos animais.
Além disso, é possível também que animais tratados cronicamente com uma dieta de
cafeteria monótona possam ter um distúrbio no sistema de recompensa encefálico. A contínua
estimulação da região do núcleo accumbens, com liberação de dopamina, pode promover uma
perda de sensibilidade para o estímulo prazeroso provocado pelos alimentos da dieta,
culminando com a baixa sensibilidade do animal e à diminuição da ingestão (FERRO
CAVALCANTE et al., 2014).
Em relação a ingestão calórica semanal, a ANOVA demonstrou efeito de tratamento
(F(45367,00) = 61,91, p ≤ 0,0001). Em média, o grupo CAF ingeriu uma maior quantidade
calórica que CTRL.
Quando avaliado o tempo, foi observado efeito pela ANOVA (F (10319,00) = 182,58, p ≤
0,0001). Houve um aumento da ingestão calórica desde a primeira até a quinta semana,
ocorrendo depois uma estabilização a partir da sexta até a décima quarta semana.
A interação tratamento-tempo demonstrou efeito pela ANOVA (F(1172,00) = 20,73, p ≤
0,0001). Os animais CAF só não obtiveram maior ingestão calórica nas semanas 4 e 5, como
visto no Gráfico 3A. Quando analisada a ingestão calórica total entre os grupos, CAF foi
maior (F(1,82) = 35,86 p ≤ 0,0001) (GRÁF. 3B).

A
150
* * *
Ingestão calórica (kcal)

* * *
* *
*
100 * CTRL
*
CAF
*
50

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Tempo (semanas)
GRÁFICO 3A – Ingestão calórica dos animais durante as 14 semanas de tratamento pós-lactação. Diamantina,
2018. Legenda: Controle (CTRL) e Cafeteria (CAF). O símbolo * indica diferença estatísticamente significativa
entre os grupos.
50

Ingestão calórica total (kcal)


15000

a
10000 b CTRL
CAF

5000

0
L

F
TR

A
C
C

Grupos

GRÁFICO 3B – Ingestão calórica total (ICT) dos animais após as 14 semanas de tratamento pós-lactação.
Diamantina, 2018. Legenda: Controle (CTRL) e Cafeteria (CAF). Letras diferentes entre as colunas indicam
diferença estatísticamente significativa pelo teste de Newman Keuls (p < 0,05) entre os grupos.

Resultados antagônicos sobre a ingestão calórica de ratos alimentados com dietas de


cafeteria são apresentados na literatura. Souza et al. (2017) e Estadella et al. (2011),
trabalhando com dieta de cafeteria idêntica à que foi proposta no presente trabalho,
encontraram ingestão calórica menor no grupo cafeteria em detrimento ao grupo controle. A
justificativa encontrada por esses autores é a de que ratos Wistar têm uma tendência natural a
ingerir alimentos de acordo com as suas necessidades energéticas.
Alguns trabalhos, no entanto, demonstram maior ingestão calórica nos animais que
receberam dietas hipercalóricas (AKYOL; McMULLEN; LANGLEY-EVANS, 2012;
GUGUSHEFF; ONG; MUHLHAUSLER, 2014; MARTIRE; WESTBROOK; MORRIS,
2015).
Foi notado que o grupo CAF ingeriu maior quantidade de calorias durante a quase
todo o experimento. Essa avaliação reflete o que foi observado no trabalho de Gomes (2016),
que também utilizou dieta de cafeteria desde a lactação.
Souza et al. (2017) relata que a maior parte dos trabalhos que têm como propósito
induzir a obesidade com adição de dietas de cafeteria realiza protocolos curtos (até 8
semanas) e a partir do animal na sua fase adulta. Novelli et al. (2007) discutem que há uma
modificação normal na ingestão de alimentos em função da idade, e consequentemente,
também na ingestão calórica. Esses mesmos autores encontraram aumento no início da vida
com posterior estabilização da ingestão alimentar na fase adulta.
Com relação a ingestão calórica em função do tempo, pode-se dizer que os animais
CAF aumentaram seu consumo energético durante as fases iniciais da vida, com estabilização
51

na fase adulta. A diferença observada a partir da 6ª semana pode estar relacionada com a
oferta desse tipo de dieta durante a lactação dos animais.
Embora não esteja ainda claro o mecanismo fisiológico de como a dieta da mãe pode
provocar alterações no metabolismo energético da prole na vida adulta, sabe-se que animais
que tenham passado por agressões nutricionais no início da vida podem alterar o apetite,
culminando no desenvolvimento de obesidade (FIELDS; SCHNEIDER; PAVELA, 2016;
GORAN et al., 2017).
Assim, no presente trabalho, os animais CAF não consumiram de acordo com suas
necessidades energéticas, como citado por Novelli et al. (2007), apresentando uma ingestão
calórica acima do padrão, o que pode estar relacionado a uma alteração no metabolismo
energético desses animais.
O peso corporal semanal apresentou efeito de tratamento (F (148396,00) = 16,73, p ≤
0,001). Os animais CAF exibiram menor média de peso em detrimento aos CTRL.
O tempo também foi um fator significativo pela ANOVA (F (466665,00) = 1611,46, p ≤
0,0001), com relação ao peso corporal. O aumento do peso foi progressivo, com os dois
grupos apresentando pesos maiores nas semanas finais do experimento em relação ao início.
Houve também para o peso corporal semanal interação entre os fatores tratamento e
tempo (F(4305,00) = 14,87, p ≤ 0,0001). O grupo CAF foi menor que o grupo CTRL da semana 1
até a semana 10 de tratamento pós-lactação. Os dados referentes ao peso corporal podem ser
verificados no Gráfico 4A.
O ganho de peso semanal apresentou efeito de tempo pela ANOVA (F (148396,00) =
16,73, p ≤ 0,001). Houve aumento do ganho de peso nas três primeiras semanas com
diminuição na quarta. Os animais voltaram a ganhar mais peso na quinta semana em relação à
quarta, e passaram a ganhar cada vez menos peso da sexta semana em diante.
Houve também para o ganho peso corporal semanal interação entre os fatores
tratamento e tempo (F(4305,00) = 24,12, p ≤ 0,0001). O grupo CAF foi menor que o grupo CTRL
nas primeiras quatro semanas pós-lactação. A partir da nona semana, o grupo CAF ganhou
mais peso que o CTRL até o final do tratamento. Esses dados estão demonstrados no Gráfico
4B.
52

500

400 * *
Peso Corporal (g)

*
*
* CTRL
300 *
*
* CAF
200
*
*
100

Tempo (semanas)

GRÁFICO 4 – Peso corporal (A) e Ganho de peso (B) dos animais durante as 14 semanas de tratamento pós-
lactação. Diamantina, 2018. Legenda: Controle (CTRL) e Cafeteria (CAF). O símbolo * indica diferença
estatísticamente significativa pelo teste de Newman Keuls (p < 0,05) entre os grupos.

Foi observada diferença no ganho de peso final entre os animais segundo a ANOVA
(F(5877,00) = 5,13, p ≤ 0,05). O grupo CAF obteve maior média final em relação ao grupo CTRL
(TAB. 2).

Tabela 2 – Ganho de peso (GP), Coeficiente de eficiência alimentar (CEA), Comprimento


naso-anal (CNA) e Índice de massa corporal (IMC) após quatorze semanas de tratamento.
Diamantina, 2018.
Variáveis C CAF
GP (g) 332,56 ± 35,28b 359,27 ± 32,81a

CEA (g/g) 0,15 ± 0,01b 0,21 ± 0,01a

CNA (cm) 25,74 ± 0,82a 25,23 ± 0,39b

IMC (g/cm2) 0,55 ± 0,04b 0,61± 0,05a


Legenda: Controle (CTRL) e Cafeteria (CAF). Letras diferentes na mesma linha indicam diferença significativa
pelo teste de Newman Keuls (p < 0,05).

No trabalho de Gomes (2016), com protocolo experimental idêntico ao do presente


estudo, os animais tratados com dieta de cafeteria obtiveram menor peso até a nona semana de
tratamento, se igualando ao grupo controle na décima semana. Este resultado é semelhante ao
do presente trabalho.
Akyol et al. (2012) ofertaram uma dieta de cafeteria abrangendo 13 tipos diferentes
de alimentos a ratos Wistar. Os animais só demonstravam uma diferença de peso em relação
ao controle a partir da nona semana de vida.
Mucellini et al. (2014) empregando dieta e protocolo semelhantes a este estudo (ratas
mães tratadas desde a lactação com dieta de cafeteria; prole recebendo a mesma dieta das
mães após desmame), não encontraram diferença no peso dos grupos aos 30 dias de idade da
53

prole. No entanto, para o peso final (120 dias de idade), o grupo cafeteria era maior que o
grupo controle.
King et al. (2014) utilizando procedimento semelhante ao presente trabalho,
encontraram para camundongos C57BL/6 consumindo dieta de cafeteria ganhos de peso
maiores ao final de 90 dias de tratamento. Dietas de cafeteria contendo chocolate, biscoito e
amendoim também induziram a um maior ganho de peso ao final do experimento (6 semanas)
em ratos Sprague-Dawley adultos em outros trabalhos (ZEENI et al., 2013; ZEENI et al.,
2015).
Embora o grupo CAF tenha obtido uma maior ingestão calórica em quase todo o
período experimental, isso não se configurou em um maior peso até a décima semana. Mesmo
sem uma alteração no peso, é possível que a composição corporal desses animais tenha
sofrido alguma alteração, com perda de massa magra e aumento da massa gorda.
Dietas de cafeteria são ricas em alimentos que possuem grandes quantidades de
açúcares simples e gorduras saturadas. Esse tipo de alimento favorece o ganho de peso e o
acúmulo de tecido adiposo, principalmente na região abdominal (REICHELT et al., 2015).
Assim, uma ingestão calórica aumentada, associada aos alimentos obesogênicos ofertados,
foram os fatores responsáveis pelo ganho de peso demonstrado pelo grupo de dieta de
cafeteria ao final do experimento.
Durante a décima quarta semana de tratamento, nota-se uma tendência para que CAF
obtivesse maior peso que CTRL, visto que seu peso médio foi mais elevado. Tal fato,
associado aos pesos iguais no 21º dia de vida dos animais, explica o maior ganho de peso
final de CAF.
O coeficiente de eficiência alimentar dos animais (F(111,69) = 0,02, p ≤ 0,0001) também
apontou diferença pela ANOVA. O CEA do grupo CAF foi maior que o do grupo CTRL,
como demonstrado na Tabela 2.
Ratas Wistar tratadas durante 6 semanas com uma dieta com acréscimo de chocolate
líquido obtiveram maior eficiência alimentar em relação ao grupo controle que recebeu dieta
padrão (KREISLER et al., 2017).
O coeficiente de eficiência alimentar está diretamente relacionado com o ganho de
peso e o consumo de alimentos dos animais. Ademais, a razão entre a densidade energética
dos alimentos e a quantidade ingerida é um fator importante para o controle do peso corporal
(KREISLER et al., 2017).
54

Dessa forma, o CEA maior do grupo CAF demonstra que a dieta ofertada para este
grupo proporcionava maior ganho de peso sem necessidade de consumir uma grande
quantidade de alimentos. Este fato pode ser explicado mais uma vez pela composição da
dieta, rica em açúcares e gorduras saturadas.
O comprimento nasoanal foi apontado como estatisticamente diferente pela ANOVA
(F(0,94) = 5,67, p ≤ 0,0001). O grupo de dieta de cafeteria possuiu, ao final do experimento,
tamanho menor que o grupo de dieta padrão (TAB. 2).
Em seu trabalho, Pomar et al. (2017) trataram ratas com ninhadas de 8 filhotes
durante o período de lactação com dieta de cafeteria. Os autores encontraram que os filhotes
machos e fêmeas após o desmame possuíam tamanhos menores que os animais de dieta
controle. Após seis meses de tratamento, somente as fêmeas apresentavam tamanho menor.
A manifestação de um comprimento menor dos animais de cafeteria em relação aos
animais de dieta padrão pode ser caracterizada como um retardo no crescimento. Dietas
desbalanceadas podem promover esse tipo de resultado, principalmente quando instituídas
durante a fase de lactação (POMAR et al., 2017).
Em relação ao IMC dos animais, a ANOVA identificou diferença (F(0,01) = 5,45, p ≤
0,05). Os animais CAF obtiveram um maior índice que os animais do grupo CTRL (TAB. 2).
Ratos Wistar adultos tratados com dieta de cafeteria (chocolate, amendoim e
biscoito) durante quatro semanas apresentaram IMC’s maiores que o grupo controle
(NOVELLI et al., 2007). Outros trabalhos com diferentes tempos de exposição já
demonstraram que a utilização de dieta de cafeteria pode levar a maiores valores de IMC
(GOMEZ-SMITH et al., 2016; MARTÍNEZ-CARRILO et al., 2015; DE SOUZA et al., 2017).
Novelli et al. (2007) afirmam que o IMC dos animais está diretamente
correlacionado com outros parâmetros como o estado oxidativo dos tecidos e a quantidade de
gordura abdominal presente. Segundo estes autores, o IMC pode ser usado para predizer um
estado de obesidade em animais.
Para outros autores embora o IMC possa ser considerado parâmetro para definição de
obesidade, este não deve ser usado isoladamente para este fim, sendo muito utilizado também
a quantidade de tecido adiposo do animal (KADIR; RAHMAT; JAAFAR, 2015; SOUZA et
al., 2017). O grupo CAF possui um maior IMC devido a seu maior peso no final do
experimento associado ao baixo comprimento medido.
A ANOVA realizada para os valores de tecido adiposo abdominal (F(1324,77) = 23,31, p
≤ 0,0001) identificou que o grupo CAF ganhou mais gordura nessa região que o grupo CTRL.
55

De forma parecida, a ANOVA feita para verificação do índice de adiposidade (F(81,15) = 17,47,
p ≤ 0,001) encontrou a mesma diferença entre os grupos. Os dados citados podem ser vistos
nos Gráficos 5A e 5B.

A B

50 a 15

Índice de adiposidade (%)


a
Tecido adiposo (g)

40
10 CTRL
30 b b
CAF
20
5
10

0 0
L F
L

TR A
TR

C
C

C
C

Grupos Grupos

GRÁFICO 5 – Tecido adiposo abdominal (A) e índice de adiposidade (B) dos animais após as 14 semanas de
tratamento pós-lactação. Diamantina, 2018. Legenda: Controle (CTRL) e Cafeteria (CAF). Letras diferentes
entre as colunas indicam diferença estatísticamente significativa pelo teste de Newman Keuls (p < 0,05) entre os
grupos

Após um tratamento de seis meses com dieta acrescida de açúcar e banha de porco,
ratos Wistar evidenciaram um acúmulo de tecido adiposo abdominal (gorduras: epididimal,
perirrenal, mesentérica e subcutânea) três vezes maior que o grupo controle (GRACIA et al.,
2014).
No estudo de Wright et al. (2011) foi ofertado dieta de cafeteria para as mães durante
a fase de lactação. Ao final de sete semanas pós-lactação, a prole de ambos os sexos
apresentava maior quantidade de tecido adiposo gonadal. Já Akyol et al. (2012), com
protocolo semelhante ao anterior, identificaram aumento na gordura perirrenal nos filhotes
machos e fêmeas, ao final dos 21 dias da lactação.
O acúmulo de tecido adiposo, principalmente na região do abdômen é um dos
principais fatores para definir um indivíduo como obeso. Além do mais, uma grande
quantidade de gordura abdominal é fator de risco para alterações metabólicas como a diabetes
mellitus do tipo 2, doenças cardiovasculares como a aterosclerose e o infarto agudo do
miocárdio (ANDERSSON et al., 2017; HWANG et al., 2015; ROLFE et al., 2015).
A maior quantidade de tecido adiposo e do índice de adiposidade do grupo CAF
demonstra que esses animais foram induzidos a obesidade. Este fato está relacionado com os
resultados anteriormente citados de ganho de peso, IMC e ingestão calórica.
56

A alta ingestão calórica do grupo CAF, com consumo elevado de gorduras do tipo
saturadas e de açúcares simples promoveu tanto um ganho de peso maior, como também um
aumento do tecido adiposo situado na região abdominal.
Não foi encontrada diferença estatisticamente significativa segundo a ANOVA para o
peso dos seguintes órgãos: baço, coração, fígado, suprarrenais e testículos. Para os rins (F(0,28)
= 11,88, p ≤ 0,05), CAF possuiu menor peso que o grupo CTRL (TAB. 3).

Tabela 3 – Peso absoluto do baço, coração, fígado, rins, suprarrenais e testículos após
quatorze semanas de tratamento. Diamantina, 2018.
Variáveis C CAF
Baço (g) 0,75 ± 0,18a 0,78 ± 0,11a

Coração (g) 1,00 ± 0,06a 1,00 ± 0,05a

Fígado (g) 10,59 ± 1,70a 9,92 ± 1,46a

Rins (g) 1,09 ± 0,22a 0,92 ± 0,05b

Suprarrenais (mg) 25,87 ± 6,17a 23,49 ± 5,16a

Testículos (g) 1,53 ± 0,30a 1,36 ± 0,27a

Legenda: Controle (CTRL) e Cafeteria (CAF). Letras diferentes na mesma linha indicam diferença
estatisticamente significativa pelo teste de Newman Keuls (p < 0,05).
.
Zeeni et al. (2015) identificaram na análise histopatológica dos rins de animais
tratados com dieta de cafeteria (chocolate, biscoito e amendoim), regiões com processos
fibróticos e atrofia tubular.
Estes achados microscópicos confirmam o que já foi exposto por Kanasaki et al.
(2013) e González et al. (2005) que afirmam que a obesidade pode ter interferência direta na
função renal e no peso deste órgão. No entanto, não há um claro mecanismo para este
processo, sendo muitas vezes correlacionado com o aumento dos processos inflamatórios e de
estresse oxidativo no órgão.
Praga e Morales (2016) descrevem que a perda de massa renal pode ter uma origem
congênita. Este processo pode advir de má-formação do órgão durante o período de
desenvolvimento no início da vida.
Portanto, os animais CAF podem ter apresentado uma diminuição da massa renal
devido ao estado de obesidade em que se encontravam, ou mesmo por um mau
desenvolvimento do órgão já que as suas mães tinham a disposição durante a lactação uma
dieta não balanceada.
57

Não foram encontradas diferenças na glicose sanguínea entre os grupos segundo a


ANOVA. Os dados referentes a essa análise estão no Gráfico 6.

250

200
Glicose (mg/dL)
CTRL
150
CAF
100

50

0
L

F
A
TR

C
C

Grupos

GRÁFICO 6 – Glicose sanguínea dos animais após as 14 semanas de tratamento pós-lactação. Diamantina,
2018. Legenda: Controle (CTRL) e Cafeteria (CAF). Letras diferentes entre as colunas indicam diferença
estatísticamente significativa pelo teste de Newman Keuls (p < 0,05) entre os grupos.

Embora não tenha ocorrido no presente trabalho elevações na glicose sérica, no


trabalho de Lozano et al. (2016) utilizando dieta de cafeteria houve aumento desse índice.
No estudo de Gomez-Smith et al. (2016) foram utilizados ratos da linhagem Sprague-
Dawley recebendo dieta de cafeteria variada durante três meses. Não foi encontrada diferença
na glicose sérica após os 90 dias de experimento, porém, os animais do grupo experimental
apresentaram maiores índices de insulina e maior reatividade ao teste de intolerância à
glicose.
Mesmo que não haja alteração na glicose plasmática, os animais tratados com dieta
de cafeteria podem desenvolver um estado pré-diabético, com elevação dos valores de
insulina (GOMEZ-SMITH et al., 2016).
A elevação do consumo de açúcar faz com que as células β pancreáticas produzam e
liberam maior quantidade de insulina. Esta, por sua vez, tem a função de armazenar a glicose
primordialmente nas células do fígado e músculos na forma de glicogênio, porém, com o
aumento do consumo passa a estocá-la na forma de gordura, principalmente na região
abdominal (GOMEZ-SMITH et al., 2016).
Castell-Auví et al. (2012) trataram ratos Wistar durante dezessete semanas com dieta
de cafeteria. Estes animais também não apresentaram glicose sérica elevada em relação ao
grupo controle, apesar de possuírem maiores índices de insulina. Foi detectada também maior
58

quantidade de deposição de gordura no pâncreas, com maior expressão dos genes


relacionados à produção de insulina.
O acúmulo de gordura na região central acarreta também em aumento da produção
de citocinas pró-inflamatórias. Isso porque as células do tecido adiposo, os adipócitos, são
capazes de secretar em larga escala interleucina-6 (IL-6) e o fator de necrose tumoral alfa
(TNF-α) em um estado de obesidade, gerando o estado inflamatório crônico e a interferência
na sinalização da insulina no meio intracelular (resistência à insulina).
Com relação ao teor de colesterol total e ao HDL-c, não foram identificadas
diferenças entre os grupos (GRÁF. 7A e 7B). Para os valores de LDL-c foi obtida diferença
pela ANOVA (F(800,37) = 10,20, p < 0,01). O grupo CAF foi maior que o grupo CTRL (GRÁF.
7C).

A B

200 80
Colesterol total (mg/dL)

150 60
HDL-c (mg/dL)

100 40

50 20

0 0
L

F
F
L

TR

A
A
TR

C
C

CGrupos
C
C

Grupos

60 a
LDL-c (mg/dL)

40 b CTRL
CAF

20

0
L

F
TR

A
C
C

Grupos

GRÁFICO 7A – Colesterol total, HDL-c e LDL-c dos animais após as 14 semanas de tratamento pós-lactação.
Diamantina, 2018. Legenda: Controle (CTRL) e Cafeteria (CAF). Letras diferentes entre as colunas indicam
diferença estatísticamente significativa pelo teste de Newman Keuls (p < 0,05) entre os grupos.

A avaliação do colesterol total e frações do grupo CAF indica que esses animais
Possuiam um perfil lipídico alterado. Outros autores, utilizando dieta de cafeteria semelhante
59

à deste estudo (ZEENI et al., 2013), ou mais variada (SAGAE et al., 2013), encontraram
indução de dislipidemia nos animais.
O LDL-c é produzido no fígado e é responsável por carrear moléculas de gordura do
tecido hepático para a corrente sanguínea. O HDL-c têm a função de transportar a gordura em
excesso no sangue de volta para o fígado para ser metabolizada. Uma elevação dos índices de
LDL-c pode promover a deposição de lipídios nos vasos sanguíneos, aumentando o risco para
o desenvolvimento de doenças cardiovasculares relacionadas, como aterosclerose, hipertensão
e doença arterial coronariana (KORUKANTI et al., 2013).
Mesmo que não tenha sido observada uma alteração nos níveis de HDL-c e colesterol
total no grupo CAF, pode-se dizer que esses animais possuem um risco alto de
desenvolvimento de doenças cardiovasculares devido aos seus altos níveis de LDL-c. Zeeni et
al. (2013) discutem ainda que esse tipo de alteração no perfil lipídico é proporcionado por
uma dieta rica em gorduras saturadas e açúcares simples, como é o caso da dieta de cafeteria.
A ANOVA apontou diferença nos índices de VLDL-c (F(207,65) = 4,93, p < 0,01) e de
triglicerídeos (F(6531,60) = 6,61, p < 0,01). Em ambos, o grupo CAF foi maior que o grupo
CTRL (GRÁF. 8 e 9).

25 a

20
VLDL-c (mg/dL)

b
CTRL
15
CAF
10

0
L F
TR C
A
C
Grupos
GRÁFICO 8 – VLDL-c dos animais após as 14 semanas de tratamento pós-lactação. Diamantina, 2018.
Legenda: Controle (CTRL) e Cafeteria (CAF). Letras diferentes entre as colunas indicam diferença
estatísticamente significativa pelo teste de Newman Keuls (p < 0,05) entre os grupos.
60

150
a

Triacilglicerol (mg/dL)
100 CTRL
b
CAF

50

0
L F
TR C
A
C
Grupos
GRÁFICO 9 – Triacilglicerol dos animais após as 14 semanas de tratamento pós-lactação. Diamantina, 2018.
Legenda: Controle (CTRL) e Cafeteria (CAF). Letras diferentes entre as colunas indicam diferença
estatísticamente significativa pelo teste de Newman Keuls (p < 0,05) entre os grupos.

Vários estudos usando dietas de cafeteria apontaram alterações tanto na dosagem de


triacilglicerol dos animais (LALANZA al., 2014), como também em conjunto com aumento
do VLDL-c (PEKTAS; SADI; AKAR, 2015; SHIVAPRASAD et al., 2014).
A função fisiológica do VDLD-c é fazer o transporte do triacilglicerol que está
armazenado no fígado para a circulação. Por sua vez, o triacilglicerol é uma molécula de
gordura utilizada como uma das principais reservas de energia do corpo. Seus índices
elevados estão fortemente ligados a uma ingestão alimentar desequilibrada e a presença de um
processo dislipidêmico (ARNER, 2002; BRIAND et al.,2012; SUBRAMANIAN; CHAIT,
2012).
Além disso, quando em excesso na corrente sanguínea, as moléculas de triacilglicerol
são comumente armazenadas em outros tecidos com a intenção de se tornarem reservas
energéticas do corpo. O mais comum é que sejam alojados dentro dos adipócitos no tecido
adiposo, porém, dependendo dos níveis encontrados, podem também se depositarem em
vísceras importantes como os rins, coração e fígado, comprometendo a estrutura e função
desses órgãos (MUOIO; NEWGARD, 2006).
Ramírez-López et al. (2016) discutem que há uma programação metabólica quando
os animais são expostos desde o início da vida a dietas hipercalóricas. Os autores utilizaram
ratas Wistar ainda no período gestacional tratadas com dieta com acréscimo de chocolate.
Após o período gestacional e lactacional, os seus filhotes permaneceram com a mesma dieta
até os cinco meses de idade. Foram encontradas para os filhotes machos os seguintes
resultados: maior ingestão calórica durante a adolescência; sem diferença no peso corporal ao
61

final da 19ª semana em relação ao grupo controle; elevações na leptina, LDL-c, VLDL-c e
triacilglicerol plasmáticos; além de aumento expressivo no tecido adiposo abdominal.
Ramírez-López et al. (2016) obtiveram resultados semelhantes ao do presente
trabalho utilizando uma metodologia parecida. Segundo estes autores, o desenvolvimento de
síndrome metabólica ocorre quando há uma combinação de: hiperglicemia, elevação da
pressão arterial, do triacilglicerol plasmático, do tecido adiposo abdominal, bem como uma
relação ruim entre as frações HDL-c/LDL-c. Dessa forma, sugere-se que os animais do grupo
CAF neste trabalho tenham desenvolvido esta síndrome, visto suas alterações metabólicas.
O valor de lipídios hepáticos (F(274,05) = 13,00, p < 0,01) apresentaram diferença
segundo a ANOVA, com o grupo CAF demonstrando maiores índices que o CTRL (GRÁF.
10A). Para o colesterol hepático a ANOVA também apresentou diferença significativa entre os
grupos (F(22,79) = 26,42, p < 0,001). CAF foi maior que CTRL para essa avaliação (GRÁF.
10B).

A B

30 10
Colesterol hepático (mg/g)

a a
Lipídios hepáticos (%)

8
20 CTRL
b 6 b
CAF
4
10
2

0 0
L

F
TR

CA

TR

A
C
C

Grupos Grupos

GRÁFICO 10 – Lipídios hepáticos (A) e colesterol hepático (B) dos animais após as 14 semanas de tratamento
pós-lactação. Diamantina, 2018. Legenda: Controle (CTRL) e Cafeteria (CAF). Letras diferentes entre as
colunas indicam diferença estatísticamente significativa pelo teste de Newman Keuls (p < 0,05) entre os grupos.

Reichelt et al. (2015) trataram ratos Sprague Dawley machos durante 8 semanas com
dieta de cafeteria que incluía torta de carne, bolos e biscoitos variados. Foi encontrada uma
porcentagem de gordura no fígado três vezes maior no grupo de cafeteria em relação ao grupo
controle.
A dieta de cafeteria proporcionou também o acúmulo de colesterol no fígado. Outros
autores já identificaram uma piora no perfil lipídico hepático proveniente de dietas
hiperlipídicas (DÍAZ-RÚA et al., 2015; TEIXEIRA et al., 2013).
62

Perona et al. (2000) sugerem que a composição de ácidos graxos livres da dieta pode
proporcionar o acúmulo de gorduras no fígado, especialmente quando se trata de ácidos
graxos saturados, o que apoia os resultados demonstrados no presente trabalho para CAF.
Outro fator que pode estar relacionado ao acúmulo de lipídios no fígado seria o alto
nível de insulina circulante. Quando há um consumo exacerbado de açúcares simples (como
no caso da dieta de cafeteria), a quantidade de glicose circulante aumenta, com consequente
elevação da insulina plasmática. Nessas situações onde há excesso de energia no meio
intracelular, a glicose é convertida em ácidos graxos, que são prontamente levados para o
tecido hepático e convertidos na forma de triacilglicerol (ASRIH; JORNAYVAZ, 2015).
O acúmulo de tecido adiposo na região abdominal e a resistência à insulina também
podem estar envolvidos no acúmulo de gorduras no fígado. A partir do momento em que há
um excesso de gordura abdominal no indivíduo, há uma predisposição para a resistência
insulínica. Nos adipócitos, essa resistência promove o aumento da atividade da lipase
hormônio sensível (LHS), responsável pelo processo de lipólise nesse tecido, com formação
de triglicerídeos, e maior fluxo de ácidos graxos em direção ao tecido hepático (ASRIH;
JORNAYVAZ, 2015).
Todas essas situações podem evoluir para o desenvolvimento de esteatose hepática,
ou, em casos mais graves para a Doença Hepática Gordurosa Não-Alcoólica (DHGNA). A
primeira se caracteriza apenas por um acúmulo de lipídios fora do normal no fígado, enquanto
que a DHGNA trata-se de uma deposição maior de gorduras associada com a presença de
estados inflamatórios no tecido. É comum observar durante a progressão da DHGNA a
presença de: esteatose macrovesicular, inflamação dos lóbulos e fibrose tecidual (ASRIH;
JORNAYVAZ, 2015).
A Figura 7 demonstra o aspecto macroscópico do fígado dos animais do grupo CTRL
(A) e do grupo CAF (B). É possível notar uma coloração mais amarelada no grupo CAF, em
virtude do acúmulo de gordura no órgão.

A B
63

Figura 6 – Aspecto macroscópico do fígado dos animais CTRL (A) e dos animais CAF (B).
Diamantina, 2018.

A Figura 8 demonstra o aspecto microscópico do fígado dos animais CTRL (A e


B) e CAF (C e D).

A B

C D

Figura 7 – Aspecto microscópico do fígado dos animais CTRL (A e B) e dos animais CAF (C
e D). A e C aumento de 100x; B e D aumento de 200x. Diamantina, 2018.

Zeeni et al. (2015) trabalhou com camundongos (BALB/c) durante 15 semanas com
dieta de cafeteria (chocolate, biscoito e amendoim). A partir da análise histológica do fígado,
foi confirmada a indução de esteatose hepática, com algumas regiões onde haviam processos
de fibrose e apoptose.
64

A análise microscópica do fígado dos animais CAF demonstra acúmulo de gordura


no tecido hepático. Podem ser visualizadas pontos onde há o acúmulo microvesicular e
macrovesicular de lipídios, enquanto que o tecido dos animais CTRL permanece inalterado.
Analisadas juntas, as fotografias macro e microscópicas indicam que o grupo CAF
foi induzido a um processo de esteatose hepática. Esse acúmulo de gorduras em excesso é
proveniente da dieta rica em gorduras que recebiam os animais CAF e pode evoluir para um
processo cirrótico através de várias lesões, culminando com a perda de função tecidual.
A ANOVA realizada para as enzimas antioxidantes do fígado SOD (F(10,19) = 22,22, p
≤ 0,01) e GPx (F(107,10) = 7,42, p ≤ 0,05) identificaram diferenças entre os grupos. Em ambas
CAF foi maior que o grupo CTRL. Com relação aos marcadores de estresse oxidativo no
tecido hepático não houve diferença significativa para a proteína carbonilada e para o
malondialdeído. Os dados citados podem ser vistos nos Gráficos 11A, 11B, 11C e 11D,
respectivamente.

A B

a
250 a 60
b
SOD (U/mg proteína)

GPx (U/mg proteína)

200

b 40 CTRL
150
CAF
100
20
50

0 0
L F
F

TR A
L

A
TR

C
C

C
C

Grupos Grupos

C D
Malondialdeído (nmol/mg proteína)
Proteína carbonilada (nmol/ml)

40 15

30
10 CTRL
CAF
20

5
10

0 0
L F
L

TR A
TR

C
C

C
C

Grupos Grupos
GRÁFICO 11 – Expressão da SOD (A), GPx (B), proteína carbonilada (C) e malondialdeído (D) dos animais
após as 14 semanas de tratamento pós-lactação. Diamantina, 2018. Legenda: Controle (CTRL) e Cafeteria
65

(CAF). Letras diferentes entre as colunas indicam diferença estatísticamente significativa pelo teste de Newman
Keuls (p < 0,05) entre os grupos.

Satapati et al. (2012) trabalharam com uma dieta hiperlipídica (60% de kcal
provenientes de gordura) em camundongos C57Bl/6 durante 16 ou 32 semanas. Quando
avaliado a presença de enzimas antioxidantes no fígado (SOD e GPx), foi encontrado um
aumento da expressão. Da mesma forma, após 16 semanas de tratamento, houve um aumento
de proteína carbonilada nesse órgão.
Os sistemas antioxidantes endógenos possuem um papel de neutralização dos
radicais livres formados espontaneamente no organismo. Como exemplos, pode-se citar as
enzimas catalase (CAT), superóxido dismutase (SOD) e glutationa peroxidase (GPx)
(CAMPOS et al., 2013).
A SOD possui o papel de catalisar a reação responsável pela conversão do radical
superóxido (•O2) em peróxido de hidrogênio (H 2O2). A formação de superóxido deve ser
controlada, visto que essa molécula é uma das formas mais deletérias de espécies reativas de
oxigênio (ERO’s) ao organismo (CODOÑER-FRANCH et al., 2011). Já o H2O2 formado é
neutralizado no fígado principalmente por meio da GPx, reduzindo a quantidade de
hidroperóxidos nas membranas, evitando a sua oxidação (RIBAS et al., 2014).
O aumento das enzimas antioxidantes no fígado trata-se de um mecanismo de
compensação para manutenção da homeostase redox. Quando há um aumento no consumo de
ácidos graxos através da dieta, estes se acumulam no tecido hepático, favorecendo a geração
de ERO’s através da β-oxidação e o consequente vazamento de elétrons da cadeia
transportadora mitocondrial, fato que também é acompanhado pelo aumento da síntese e
atividade das enzimas antioxidantes (DROGE, 2002; ZAMBO et al., 2013).
No entanto, a dieta ocidental é capaz proporcionar a formação de ERO’s além da
capacidade antioxidante endógena. Isso promoveria um desbalanço no estado redox, afetando
diversas biomoléculas, dentre elas, os fosfolipídeos de membranas (CATALÁ, 2013;
SVERDLOV et al., 2014). O estresse oxidativo formado, com consequente alteração nos
fosfolipídios de membrana podem ser mensurados através das análises de concentrações de
malondialdeído e proteína carbonilada (FRANÇA et al., 2013; JAMEL et al., 2010).
A ação dos ERO’s nos fosfolipídeos de membrana pode gerar um evento chamado de
peroxidação lipídica, que por sua vez, pode gerar alteração nas propriedades físico-químicas
das bicamadas lipídicas, levando a uma disfunção celular, facilitando lesões intracelulares e
alterações no DNA (CATALA, 2013).
66

Assim, pode-se inferir que os animais CAF obtiveram um aumento nas enzimas
antioxidantes devido a elevação de ERO’s proporcionados por sua dieta. No entanto, os
radicais livres formados não foram suficientes para modificar a homeostase redox, não
promovendo dessa forma a peroxidação lipídica no tecido hepático.
Com relação aos lipídios, o colesterol e triglicerídeos fecais não houve diferença
significativa. Esses resultados estão demonstrados na Tabela 4.

Tabela 4 – Teor de lipídios, colesterol e tracilglicerídeos fecais. Diamantina, 2018.


Variáveis CTRL CAF
Lipídios (%) 1,77 ± 0,93a 1,84 ± 1,42a

Colesterol (mg/g) 1,16 ± 0,40a 0,89 ± 0,11a

Triacilglicerídeos (mg/g) 2,07 ± 0,37a 2,40 ± 0,29a

Legenda: Controle (CTRL) e Cafeteria (CAF). Letras diferentes na mesma linha indicam diferença significativa
pelo teste de Newman Keuls (p < 0,05).

Animais tratados com acréscimo de 10% de banha de porco na ração durante quatro
semanas também não apresentaram maior excreção fecal de lipídios (TEIXEIRA et al., 2013).
O mesmo ocorreu com ratos Sprague-Dawley tratados com dieta hiperlipídica durante 15
semanas (MOPURI et al., 2015).
O fato dos animais CAF não apresentarem uma maior excreção lipídica fecal indica
que a gordura ingerida a partir da dieta estava sendo toda absorvida e alojada em forma de
tecido adiposo.
67

6 CONCLUSÕES

A dieta de cafeteria proporcionou uma menor ingestão alimentar e maior ingestão


calórica. Tais fatos foram os responsáveis pelo maior ganho de peso, coeficiente de eficiência
alimentar e índice de massa corporal nos animais.
A grande ingestão de gorduras e açúcares também proporcionou um acúmulo de
tecido adiposo e alterações no perfil lipídico sanguíneo e hepático do grupo CAF, com
indução de esteatose e estresse oxidativo neste tecido.
A dieta de cafeteria desde a lactação foi capaz de promover distúrbios nos animais
característicos da síndrome metabólica.
68
69

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77
78

CAPÍTULO 2
79
80

1 INTRODUÇÃO

Os períodos de lactação e início da infância são considerados cruciais na formação


do encéfalo, sendo a base do desenvolvimento cognitivo, motor, social e emocional. Uma
nutrição adequada durante essas fases é primordial para o desenvolvimento encefálico
(PRADO; DEWEY, 2014).
Para que isso ocorra, é necessário que a mãe possua uma alimentação equilibrada,
com consumo de todos nutrientes nas quantidades corretas. Uma agressão nutricional materna
pode culminar com alterações significativas a nível celular, estrutural, metabólico e
comportamental na prole (MORGANE et al., 1993).
O tipo de agente agressor, o tempo de exposição, período de vulnerabilidade de
determinado sistema ou alvo e a disposição dos metabólitos de atingirem estruturas
específicas são fatores determinantes para uma agressão nutricional (MORGANE et al., 1993;
PRADO; DEWEY, 2014).
Segundo Rivera et al. (2015) uma dieta rica em alimentos com alto teor de gorduras
e/ou açúcares pode ser entendida como uma agressão nutricional, gerando impactos no
comportamento e na saúde mental da prole em desenvolvimento.
Em estudos com roedores, dietas obesogênicas nos períodos de gestação,
amamentação e pós-lactação já induziram a alterações no aprendizado e memória, ansiedade,
depressão, interação social e locomoção (LALANZA et al., 2014; PINI et al., 2016;
SULLIVAN et al., 2015).
Trevizol et al. (2013) apontam uma relação entre a dieta materna e a formação de
espécies reativas de oxigênio em regiões encefálicas da prole relacionadas ao comportamento.
Segundo esses autores, os ácidos graxos da dieta podem ser passados da mãe para a prole
através da placenta ou amamentação, atingindo o encéfalo em formação, incorporando-se nas
membranas celulares de regiões como o hipocampo, córtex e corpo estriado.
Liu et al., (2014) avaliaram o estado redox dos tecidos no córtex frontal e hipocampo
de camundongos tratados com dieta hiperlipídica. Os animais apresentaram aumento nos
marcadores de estresse oxidativo e diminuição nas enzimas antioxidantes. Essas alterações
foram ainda relacionadas com diminuição do aprendizado e memória.
O estresse oxidativo causado pela dieta pode promover diminuição da plasticidade
sináptica, morte neuronal, além de contribuir para a diminuição da expressão de neurotrofinas.
81

Estas últimas, por sua vez, regulam a diferenciação neuronal e estão diretamente relacionadas
aos processos de sinapse (LIU et al., 2014).
Ademais, o aumento da produção de espécies reativas de oxigênio a nível central,
também pode comprometer o desenvolvimento e a função dos circuitos de
neurotransmissores. Um dos sistemas envolvidos é o serotoninérgico, que possui influência
direta no comportamento e nas emoções (CAPURON; CASTANON, 2016; RIVERA et al.,
2015).
A prole de ratas expostas a dieta hiperlipídica durante as fases de gestação e lactação
demonstrou aumento na expressão de receptores 5-hidroxitriptamina (5-HT) no hipocampo
(PELEG-RAIBSTEIN; LUCA; WOLFRUM, 2012) e no córtex (RINCEL et al., 2016). Esta
elevação foi ainda relacionada com alterações no comportamento de ansiedade frente ao teste
de labirinto em cruz elevado (PELEG-RAIBSTEIN; LUCA; WOLFRUM, 2012).
Wright et al. (2011) trataram ratas no período de lactação com dieta de cafeteria,
encontrando na prole (machos e fêmeas) aumento de serotonina (5-HT) na região do
hipotálamo. Esses mesmos animais demonstraram também alterações no comportamento
alimentar e nos mecanismos envolvidos na saciedade.
A risperidona possui ação antagonista nos receptores serotoninérgico 5HT2A e
dopaminérgico D2, possuindo maior afinidade para o primeiro receptor, sendo utilizada
principalmente para tratamento da esquizofrenia ou distúrbios psicóticos. Em baixas doses, é
também utilizada para redução da ansiedade, ataques de pânico, desordens obsessivas-
compulsivas, e no tratamento do autismo (KENT et al., 2013; KOLASA et al., 2018;
SCHATZBERG; NEMEROFF, 2009).
Dentro desse contexto, não se sabe qual o efeito de uma droga com ação
serotoninérgica como a risperidona em ratos tratados desde a lactação com dieta obesogênica.
A principal hipótese desse trabalho é que, por possuírem alterações no sistema
serotoninérgico, animais tratados desde o início da vida com dieta de cafeteria poderão
apresentar respostas diferentes à risperidona frente aos testes comportamentais de ansiedade,
locomoção/exploração, memória e interação social.
82

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Avaliar o efeito da risperidona no comportamento de ratos Wistar adultos tratados


desde a lactação com dieta de cafeteria.

2.2 Objetivos específicos

- Analisar o comportamento dos animais após aplicação da droga frente aos testes de
ansiedade, locomoção/exploração, memória e interação social;
- Avaliar o estado redox do córtex frontal e hipocampo.
83
84

3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Neurogênese e agressões nutricionais

O encéfalo dos mamíferos possui uma série de etapas de desenvolvimento, que vão
desde o período pré-natal até a primeira infância. Compreendem-se durante estas fases os
estágios de neurogênese, migração, proliferação, diferenciação e maturação celular,
sinaptogênese e mielinização das fibras nervosas (KOLB; GIBB, 2011; PRADO; DEWEY,
2014).
Estes períodos são também tratados como críticos, pois possuem uma
vulnerabilidade maior a agressões ambientais, como as nutricionais. Uma nutrição adequada
durante essas fases é crucial para o desenvolvimento padrão das estruturas, bem como para o
aperfeiçoamento de habilidades cognitivas, motoras e emocionais (MORGANE et al., 1993;
PRADO; DEWEY, 2014).
Segundo Morgane, et al (1993) durante o pré-natal ocorre o primeiro momento
crucial para o desenvolvimento do Sistema Nervoso Central (SNC) com aumento da
multiplicação e organização dos neuroblastos e um pico de neurogênese. Já o
desenvolvimento do córtex e do hipocampo ocorre ao final do período de lactação em
roedores, entre os dias 18 e 20 (CLANCY et al., 2001).
A fase de lactação no rato é indício de um rápido crescimento do encéfalo, onde há
intensa migração e diferenciação neuronal, sinaptogênese, multiplicação glial e mielinização
(RICE; BARONE, 2000). Destaca-se o processo de sinaptogênese, que é considerado outro
marco do desenvolvimento do SNC, pois trata-se da formação das conexões entre o tecido
alvo e as células pré-sinápticas (WHITE; FITZPATRICK, 2007).
O SNC ainda passa por um período de maturação na primeira infância. Durante essa
fase ocorre o crescimento axonal e um pico de crescimento dentrítico (MORGANE et al.,
1993; PRADO; DEWEY, 2014).
Quando administradas precocemente, dietas obesogênicas podem alterar o
desenvolvimento encefálico, comprometendo a plasticidade cerebral, a neurogênese, e
promovendo alterações epigenéticas em diversos sistemas (MARISSAL-ARVY et al., 2014).
Um dos sistemas que pode sofrer alterações nessa fase é o serotoninérgico, que tem papel
importante no comportamento, aspectos cognitivos e nas emoções (CAPURON;
CASTANON, 2016; RIVERA et al., 2015).
85

3.2 Serotonina

A serotonina ou 5-hidroxitriptamina (5-HT) é uma indolamina produzida nos núcleos


da rafe, na altura do tronco encefálico. Trata-se de um neurotransmissor que promove a
condução de sinais através da transmissão de um neurônio para outro, podendo agir em
neurônios pós e pré-sinápticos (RIBEIRO, 2009).
Estudos indicam que em roedores a diferenciação do circuito serotoninérgico é
observada em etapas precoces do desenvolvimento, por volta do décimo segundo dia
gestacional e sua completa maturação em um período que se estende do décimo nono dia
gestacional até o final do período crítico, 2 a 3 semanas após o nascimento
(LAUTENSCHLAGER et al., 2000).
Busnikov e Lauder (2001) discutem que a modulação do sistema serotoninérgico
durante as fases de desenvolvimento do SNC podem desempenhar um papel na formação de
outros circuitos neurais, agindo inclusive como fator trófico, como na regulação da
embriogênese e morfogênese. No encéfalo ainda imaturo, os níveis de serotonina apresentam-
se altos, assim como dos seus respectivos receptores de alta afinidade (WHITAKER-
AZMITIA, 1997).
A 5-HT tem sua origem através da utilização do aminoácido L-triptofano, obtido pela
dieta (ROSSI; TIRAPEGUI, 2004). Este é um aminoácido essencial com cadeia aromática,
que está presente em grande parte no arroz integral, produtos lácteos, carnes, amendoim,
proteína de soja, ovos, peixe, legumes, chocolate, bananas, amêndoas e levedura de cerveja
(COWEN, 2008).
Os núcleos da rafe mediana, localizados no mesencéfalo, são a fonte da maior parte
da síntese de serotonina no encéfalo. Sua síntese se inicia a partir da captação ativa no plasma
sanguíneo do triptofano obtido na dieta através de carreadores de aminoácidos neutros,
localizados na barreira hematoencefálica. No neurônio, o triptofano é convertido em 5-
hidroxitriptofano (5-HTP) através da ação da enzima triptofano hidroxilase, e, posteriormente,
o 5-HTP é descarboxilado pela ação da ácido-amino-aromático descarboxilase, dando origem
à molécula de 5-HT (GOLAN, 2014; WHITAKER-AZMITIA, 1997).
Após ser sintetizada no neurônio, a serotonina produzida é captada e armazenada em
densas vesículas, localizadas próximas à região de sinapse. Quando um sinal é deflagrado e o
neurônio serotoninérgico é despolarizado, ocorre a liberação da 5-HT na fenda sináptica. Uma
vez nessa região, a serotonina pode se ligar a receptores pós-sinápticos, pré-sinápticos
86

(promovendo um processo de feedback negativo na sua síntese), ser metabolizado pela enzima
mono amina oxidase (MAO) ou ser recaptado através de recaptores seletivos de serotonina no
neurônio pré-sináptico (GOLAN, 2014).
Durante a metabolização da serotonina é gerado o seu principal metabólito, o 5-
indoxi-indolacético (5-HIAA). A MAO, enzima responsável por esse processo é encontrada
em duas subformas: a monoamina oxidase-A (MAO-A), que é responsável por metabolizar a
serotonina encefálica e a monoamina oxidase-B (MAO-B) que age principalmente
metabolizando a 5-HT periférica (GOLAN, 2014).
A recaptação da serotonina pelos neurônios pré-sinápticos tem a função de “reciclar”
a 5-HT presente na zona sináptica. Os recaptadores exibem alta seletividade, afinidade e baixa
capacidade para a serotonina, agindo através da ação de bombas de sódio. Após ser recaptada,
a 5-HT é de novo alojada nas vesículas para ser liberada após estímulo ou degrada pela MAO
intracelular (GOLAN, 2014).
A serotonina possui à nível central, diversos receptores já descobertos, definidos em
classes de 5-HT1 a 5-HT7, possuindo ainda dentro dessas classes, vários subtipos de receptores
que possuem, cada qual, a sua importância (GOLAN 2014).
O receptor do tipo 5-HT1A é encontrado nos neurônios serotoninérgicos presentes
principalmente nos núcleos da rafe e também em neurônios pós-sinápticos no hipocampo. Os
receptores da subclasse 5-HT1D possuem como característica a localização nas zonas pré-
sinápticas, possuindo efeitos auto-inibitórios na neurotransmissão serotoninérgica. Por sua
vez, os neurônios 5-HT2C têm função excitatória e diminuem o limiar de descarga neuronal
(GOLAN, 2014).
Destaca-se ainda os receptores serotoninérgicos 5-HT2A, que estão amplamente
distribuídos no SNC, sendo relacionados a diversos aspectos comportamentais, como a
ansiedade, depressão, esquizofrenia e dependência química. Esses receptores são alvos de
diversos fármacos, dentre estes, a risperidona (GOLAN, 2014; JAGGAR et al., 2017).

3.3 Risperidona

O surgimento da risperidona data do ano de 1994, sendo um derivado de


benzisoxazólico. Trata-se de um antipsicótico atípico, possuindo uma ação antagonista
principalmente nos receptores serotoninérgico 5HT2A e dopaminérgico D2. Possui, uma
afinidade de 10 a 20 vezes maior para o receptor 5HT 2A (KI 5HT2A = 0,2 nM) em relação ao
87

receptor dopaminérgico (KI D2 = 3,2 nM) (KENT et al., 2013; KOLASA et al., 2018;
SCHATZBERG; NEMEROFF, 2009). Possui ainda, baixa afinidade por receptores α1 e α1,
H-1 histaminérgicos, sendo destituída de efeitos anticolinérgicos (OLIVEIRA, 2000; PRADO,
2003).
É utilizada primordialmente no tratamento e controle da esquizofrenia e em alguns
distúrbios psicóticos. Porém, em determinados casos, quando utilizada em baixas doses,
promove redução da ansiedade, ataques de pânico, desordens obsessivas-compulsivas, e
autismo (KENT et al., 2013; KOLASA et al., 2018; SCHATZBERG; NEMEROFF, 2009).
Em humanos, a dose utilizada varia de 1 a 6mg/dia, sendo que, em alguns pacientes
com intensa atividade psicótica, pode chegar até a 16mg/dia. Em geral, a risperdiona
apresenta efeitos tanto nos sintomas positivos como negativos da esquizofrenia, possuindo
efeitos extrapiramidais mais brandos que os antipsicóticos típicos (OLIVEIRA, 2000;
PRADO, 2003).
88
89

4 METODOLOGIA

4.1 Aspectos éticos e condições experimentais

O trabalho ocorreu de acordo com os princípios éticos para uso de animais de


laboratório (CONSELHO NACIONAL DE CONTROLE DE EXPERIMENTAÇÃO
ANIMAL, 2016), sendo aprovado pela Comissão de Ética no uso de Animais (protocolo
043/15).
O desenvolvimento ocorreu no laboratório de Nutrição Experimental (LabNutrex) da
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha (UFVJM). Os animais foram alojados sob
condições padrões (temperatura controlada por ar condicionado 22 ± 2°C; estantes ventiladas
para renovação do ar; ciclos claro/escuro de 12 horas, com início do claro às 6:00 horas a.m.).

4.2 Animais e desenho experimental

Foram utilizadas 14 ninhadas de ratos da linhagem Wistar (Rattus novergicus),


provenientes do LabNutrex/UFVJM. As ninhadas eram compostas por uma rata-mãe e 8
filhotes (6 machos e 2 fêmeas) recém-nascidos que formaram, durante o período de lactação,
os grupos:

 Controle (CTRL) – os animais receberam ração padrão (ração comercial Nuvilab®) e


água ad libitum (n = 7 ninhadas);
 Cafeteria (CAF) – os animais receberam dieta de cafeteria e água ad libitum (n = 7
ninhadas).

A dieta de cafeteria era composta por: 3 partes de ração (NUVILAB ®); 2 partes de
chocolate ao leite (Bel ®); 2 partes de amendoim torrado e moído (Pachá ®); e uma parte de
biscoito do tipo maizena (Aymoré ®).
No 21º dia de vida ocorreu o desmame dos filhotes machos que foram colocados em
caixas individuais, recebendo o mesmo tratamento inicialmente ofertado para suas mães:
Controle (CTRL) n = 42 e Cafeteria (CAF) n = 42; até atingirem a vida adulta.
90

Entre o 114º e o 119º dia de vida, os animais foram destinados a realizarem os testes
comportamentais. Foram distribuídos aleatoriamente dentro de cada grupo (CTRL ou CAF)
animais que receberam salina ou risperidona, sendo subdivididos em:

 Controle (CTRL - S) – dieta controle + aplicação de salina (n = 21);


 Controle + Risperidona (CTRL - R) – dieta controle + aplicação de risperidona (n =
21);
 Cafeteria (CAF - S) – dieta de cafeteria + aplicação de salina (n = 21);
 Cafeteria + Risperidona (CAF - R) – dieta de cafeteria + aplicação de risperidona (n
= 21);

Os tratamentos (salina; risperidona 0,1 mg.kg -1) foram aplicados por via
intraperitoneal, ambos em volume de 1 ml.kg-1 antes de cada um dos testes
No 119º dia os animais foram colocados em jejum, para no 120º serem anestesiados e
eutanasiados por decaptação. Nesse momento, estruturas encefálicas (córtex frontal e
hipocampo) foram coletados para análises subsequentes (descritas a seguir).

4.3 Avaliação Comportamental

Metade dos animais (n = 10-11) de cada um dos grupos (CTRL - S; CTRL - R; CAF
- S; e CAF - R) realizou os testes de ansiedade (114º) e interação social (118º); enquanto a
outra metade (n = 11) realizou os testes de locomoção (115º) e memória (115º-117º).
Todos os testes foram realizados em sala destinada para avaliação comportamental de
animais no LabNutrex, em procedimento duplo cego, na presença de luz (150 lux), no período
de 08:00h às 12:00h.

4.3.1 Testes de ansiedade e interação social

4.3.1.1 Labirinto em Cruz Elevado

O Labirinto em Cruz Elevado (LCE) consiste em um modelo animal clássico para


avaliação da ansiedade, sendo baseado na aversão característica dos roedores a espaços
91

abertos e/ou altos. Ao serem testados, há um conflito entre a tendência natural da espécie em
explorar o espaço novo e o seu medo de ambientes abertos e/ou altos (PELOW et al., 1985).
O LCE é um aparado de madeira, possuindo dois braços fechados (50 x 10 x 40 cm)
perpendiculares a dois braços abertos (50 x 10 cm) e uma área central (10 x 10 cm). Os braços
do LCE estão elevados a 50 cm de altura do piso da sala. Possui também em cada lateral dos
braços abertos apoios de acrílico (1 cm) para evitar quedas dos animais.
Cada rato foi colocado individualmente na área central do LCE com a cabeça voltada
para um dos braços fechado. O animal permaneceu na sala de comportamento do LabNutrex e
seus movimentos no aparato foram filmados por 300 segundos (PELOW et al., 1985). Ao
término de cada teste, o LCE era limpo com álcool 70° para evitar a presença de sinais
olfativos.
Foram avaliadas as entradas (caracterizada quando o animal entrava com as quatro
patas) em cada braço (fechado ou aberto) e o tempo de permanência neles. A Figura 1 é uma
ilustração do teste de LCE.

Figura 1 – Teste do LCE com os animais. Cada animal foi colocado no centro do aparato e filmado
durante 300 segundos.

Foram calculadas também as relações de entradas em cada braço, e do tempo gasto em


cada um deles:
92

Entradasbraços fechados
Entradas braços fechados ( )= x 100 (1)
Entradasbraços abertos+ fechados

Entradas braços abertos


Entradas braços abertos ( )= x 100 (2)
Entradasbraços fechados+ abertos

Tempo nos braços fechados (s)


Tempobraços fechados ( )= x 100 (3)
Temponos braços abertos+ fechados

Tempo nos braços abertos(s )


Tempobraços abertos ( )= x 100 (4)
Tempo nos braços fechados+ abertos

4.3.1.2 Teste de interação social

O teste de interação social é um método para avaliar a interação ativa de um animal


em contato com outro animal. É um teste utilizado para avaliar comportamentos relacionados
ao autismo (SATO; MIZUGUCHI; IKEDA, 2017).
Foram selecionadas duplas de animais do mesmo sexo, com pesos semelhantes, com
mesmo tratamento dietético (controle ou cafeteria) e tratamento (salina ou ripseridona). Cada
animal foi marcado na altura proximal do rabo com uma cor de caneta diferente (vermelha ou
preta) cerca de 1 hora antes do início do experimento.
O teste foi realizado em caixa de prolipropileno, contendo maravalha limpa, onde
foram colocados dois animais que não tiveram contatos prévios por 600 segundos. A Figura 2
demonstra dois animais em teste.

Figura 2 – Teste de interação social. Dois animais de mesmo peso, sexo, tratamento dietético e de
tratamento (droga/salina) colocados em caixa de polipropileno por 600 segundos.
93

Foi avaliada a quantidade de vezes que um dos animais demonstrava os seguintes


comportamentos de interação social ativa: cheirar/lamber/tocar a região anogenital do outro
animal; cheirar/lamber/tocar o focinho do outro animal; cheirar/lamber/tocar com o focinho
no corpo do outro animal; montar/rolar sobre o outro animal. Era contabilizado também o
tempo de cada um desses comportamentos. Por fim, foram avaliadas a quantidade e o tempo
total de interação social ativa.

4.3.2 Testes de locomoção e memória

4.3.2.1 Campo Aberto

O teste do Campo Aberto é realizado com o objetivo principal de estimar a atividade


locomotora/exploratória dos animais. O teste também pode avaliar a ansiedade dos animais,
visto que estes estão sendo expostos a um ambiente aberto e novo (MONTGOMERY, 1955).
O teste de Campo Aberto foi realizado em uma caixa de madeira com as seguintes
dimensões: 70 cm de comprimento x 70 cm de largura x 50 cm de altura. As paredes
possuíam cor cinza claro, assim como o assoalho, que ainda continham a marcação de 16
quadrados, cada qual com 17,5 cm de comprimento x 17,5 cm de largura.
O procedimento foi realizado de acordo com o que foi proposto por Montgomery
(1955). O animal foi colocado no centro da arena do Campo Aberto e seu comportamento
filmado durante 600 segundos. Ao término de cada teste, a arena foi limpa com álcool 70%.
Foram observados o número de entradas e tempo de permanência no centro do
campo aberto (definido quando o animal inseria as quatro patas na zona central); o número
total de quadrantes atravessados (MONTGOMERY, 1955); e a quantidade de vezes que os
animais executaram rearing e grooming. A Figura 3 ilustra o teste do Campo Aberto.
94

Figura 3 – Teste do Campo Aberto com os animais. Cada animal foi colocado no centro do aparato e
filmado durante 600 segundos.

4.3.2.2 Teste de reconhecimento de objetos

O teste de reconhecimento de objetos é comumente utilizado para avaliação de


alterações na memória dos animais. Este foi realizado logo após a avaliação do campo aberto,
utilizando a mesma arena.
Vinte e quatro horas após a seção no Campo Aberto, momento utilizado para a
habituação dos animais, os mesmos animais foram reexpostos à arena, contendo, dessa vez,
®
uma bola (de borracha; cor verde) e uma peça de Lego (de plástico; cor vermelha; formato
retangular) no assoalho. Esses objetos foram chamados de “A” e “B”, respectivamente.
O tempo de permanência na arena foi de 600 segundos. Essa etapa é caracterizada
como “familiarização”, onde os animais conheceram os novos objetos colocados na arena.
Terminado o tempo de exposição, os animais voltaram para suas caixas.
Depois de mais vinte e quatro horas, os animais foram colocados novamente na
arena, dessa vez contendo em seu assoalho um objeto familiar (a bola – objeto A) e um objeto
novo, uma pirâmide (de cristal; cor branca) chamada de objeto “C”. Essa é a “etapa de teste”
onde foi verificada a interação do animal com o novo objeto. Os três objetos possuíam altura e
peso semelhantes e eram colocados em lados opostos, a uma distância de 17,5 cm das
paredes.
Foram avaliadas a interação ativa (quantidade de vezes e tempo de interação) do
animal com cada um dos objetos (A ou C na etapa de teste), considerando-se os atos de:
95

cheirar, lamber, morder e tocar com o focinho ou com a pata como exploração do objeto. Por
fim, foi calculado o índice de discriminação através da fórmula:

tempo no objeto novo


Índice de discriminação= x100 (5)
tempo no objeto novo+ objeto familiar

A Figura 4 é uma ilustração desse teste, enquanto que a Figura 5 demonstra um


animal realizando o teste de reconhecimento de objetos.

Figura 4 – Ilustração do teste de reconhecimento de objetos com os animais. Cada animal foi
colocado no centro do aparato e filmado durante 600 segundos.

Figura 5 – Animal durante a realização do teste de reconhecimento de objetos (etapa de


“familiarização”).

4.4 Eutanásia e coleta de amostras biológicas


96

No 119º dia os animais foram colocados em jejum, para no 120º serem anestesiados e
eutanasiados por decaptação. Nesse momento, o encéfalo foi rapidamente retirado (< 3
minutos) e mergulhado em tampão fosfato salina (50mM, pH 7.0) à 4º C. Após, foram
dissecadas as estruturas do córtex pré-frontal e hipocampo para as análises subsequentes (FIG.
6 e 7).

Figura 6 – Eutanásia e coleta do encéfalo dos animais.

Figura 7 – Encéfalo retirado e depositado sobre placa de Petri contendo gelo.

4.4.1 Estado redox do encéfalo (córtex pré-frontal e hipocampo)


97

Após a retirada do córtex pré-frontal e do hipocampo (n = 6), marcadores do estresse


oxidativo foram avaliados nesses tecidos. A análise dos níveis de malondialdeído (MDA) foi
realizada segundo Buege e Aust (1978). A determinação de proteína carbonilada seguiu a
metodologia de Sohal (1993) e Levine (1990). O nível total de proteínas foi determinado
segundo o método proposto por Bradford (1976).
A atividade das enzimas antioxidantes superóxido dismutase (SOD) e glutationa S-
transferase (GST) também foram avaliadas. A SOD foi estimada pelo método baseado na
produção de H2O2 e sua redução em tetrazólio nitroblue (SARBAN et al., 2005). A atividade
da GST foi avaliada como descrito por Habig et al. (1974) e calculado pela média da oxidação
do NADPH.

4.5 Análise estatística

Todos os resultados estão demonstrados como média ± desvio padrão. Para análise
dos dados foi utilizado o software Statistica® versão 10.0 (Statsoft, 2010) e para construção
dos gráficos o GraphPad Prism® versão 5.0 (2007). Foi utilizada a análise de variância
(ANOVA) de uma via para avaliar as diferenças entre os tratamentos. O teste de Newman
Keuls foi usado quando necessário, sendo adotado nível de significância p < 0,05.
98
99

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

No córtex pré-frontal, foi encontrada diferença entre os grupos (F(8,91) = 10,37, p <
0,05) para a enzima GST, sendo CAF maior que CTRL.
A ANOVA apontou diferenças para a quantidade de malondialdeído (F(29,88) = 7,08
p < 0,05) e SOD (F(895,73) = 5,32, p < 0,05) no hipocampo. Para ambas as avaliações, CAF foi
maior que CTRL.
Todas as análises referentes ao estado redox dos tecidos encefálicos dos animais
(córtex pré-frontal e hipocampo) podem ser visualizadas na Tabela 1.

Tabela 1 – Estado redox dos animais. Diamantina, 2018.


Variáveis CTRL CAF
Córtex pré-frontal

Malondialdeído (nmol/mg proteína) 11,72 ± 3,29a 10,75 ± 1,00a

Proteína carbonilada (nmol/ml) 24,81 ± 15,38a 29,06 ± 16,62a


Superóxido Dismutase (U SOD/mg
83,36 ± 16,32a 100,93 ± 29,57a
proteína)

Glutationa S-Transferase (GST 5,88 ± 1,03b 7,81 ± 0,71a


μmol/min/mg proteína)
Hipocampo

Malondialdeído (nmol/mg proteína) 8,06 ± 1,71b 11,52 ± 2,34a

Proteína carbonilada (nmol/ml) 29,47 ± 16,75a 34,00 ± 20,31a


Superóxido Dismutase (U SOD/mg
74,05 ± 6,80b 92,17 ± 17,91a
proteína)

Glutationa S-Transferase (GST 6,42 ± 2,43a 4,96 ± 1,77a


μmol/min/mg proteína)
Legenda: Controle (CTRL) e Cafeteria (CAF). Letras diferentes na mesma linha indicam diferença significativa
pelo teste de Newman Keuls (p < 0,05).

O estado redox dos tecidos encefálicos vem sendo associado a prejuízos cognitivos e
doenças neuropsiquiátricas. Esta relação acontece quando há um desbalanço entre a
quantidade de espécies reativas de oxigênio (ERO’s) produzidas e as defesas antioxidantes a
nível celular (ALZOUBI et al., 2013).
Dietas ocidentais, principalmente quando ricas em gorduras, são promotoras da
formação de ERO’s. Sua ingestão crônica favorece também o estresse oxidativo dos tecidos
100

encefálico, promovendo prejuízos nas sinapses, disfunções mitocondriais e até mesmo morte
neuronal (CATALÁ, 2013; SVERDLOV et al., 2014; TREVIÑO et al., 2015).
Quando há a indução de estresse oxidativo em algum tecido, este pode ser
mensurado através das dosagens dos níveis de malondialdeído e proteína carbonilada
formados (FRANÇA et al., 2013; JAMEL et al., 2010).
Camundongos (Swiss) tratados com dieta de cafeteria por 13 semanas demonstraram
alterações no estado redox do hipocampo. Os níveis de malondialdeído também estavam
elevados, assim como no presente trabalho (LEFFA et al., 2015). Em outro trabalho,
camundongos (CB57BL/6j) foram tratados por 16 semanas com dieta hiperlipídica, os níveis
de malondialdeído no hipocampo e córtex estavam elevados (LIU et al., 2014).
O malondialdeído é um sub-produto da peroxidação lipídica, evento que ocorre
quando as ERO’s agem lesando os fosfolipídeos de membrana. Sua concentração elevada no
hipocampo indica interferência nas funções celulares e, consequentemente, na neurogênese e
funções primordiais desse órgão, como as habilidades de memória e aprendizado (XIA et al.,
2015).
As elevações de GST e SOD no córtex e hipocampo, respectivamente, podem indicar
um mecanismo de compensação para prevenção do estresse oxidativo nesses tecidos. Quando
há uma intensa produção de EROS’s no corpo, esse passa a produzir maiores concentrações
de enzimas antioxidantes, de modo a tentar evitar que haja um desbalanço do estado redox
(DROGE, 2002; ZAMBO et al., 2013).
Os resultados da avaliação do estado redox dos tecidos encefálicos indicam que os
animais CAF desenvolveram, principalmente no hipocampo, um estado de estresse oxidativo.
Por ser uma região relacionada a diversos comportamentos, era esperado que fossem vistas
alterações nos testes comportamentais realizados.
Não houve diferença significativa para o número de entradas nos braços fechados e
nos braços abertos do LCE, em relação aos quatro grupos testados (GRÁF. 1A e 1B). Quando
calculada as relações de entrada em cada braço, de forma análoga, também não foi
identificada diferença entre os grupos (GRÁF. 1C e 1D).
101

Entrada nos braços fechados A B

Entradas nos braços abertos


8 3 a
CTRL - S
a a
CTRL - R
6 a
a 2 a CAF - S
a a CAF - R
4

1
2

0 0
-S -R -S -R -S -R -S -R
L L F F L L F F
TR TR A A TR TR A A
C C C C C C C C
Grupos Grupos

C D
Entrada nos braços fechados (%)

Entradas nos braços abertos (%)


150 40
a CTRL - S
CTRL - R
a 30
100 a a a CAF - S
a
a
CAF - R
20
a
50
10

0 0
-S -R -S -R -S -R -S -R
L L F F L L F F
TR TR C
A
C
A
TR TR C
A
C
A
C C C C
Grupos Grupos
GRÁFICO 1 – Número de entradas nos braços fechados (A) e braços abertos (B); relação de entradas nos
braços fechados (C) e braços abertos do LCE. Diamantina, 2018.
Legenda: Controle salina (CTRL - S); Controle risperidona (CTRL - R); Cafeteria salina (CAF - S); Cafeteria
risperidona (CAF - R). Letras diferentes entre as colunas indicam diferença estatisticamente significativa pelo
teste de Newman Keuls (p < 0,05) entre os grupos. CONTROLE SALINA¿ CONTROLE RISPERIDONA

Pawlak et al. (2012) trazem em seu trabalho uma revisão sobre o LCE. Segundo eles,
trata-se de um teste clássico para avaliar o grau de ansiedade em roedores. As zonas dos
braços fechados tendem a ser mais frequentadas, visto a característica de tigmotaxia da
espécie, que é a procura por lugares próximos a paredes e/ou recobertos, no entanto, o
aumento de entradas nos braços fechados também pode indicar alta ansiedade. Ainda de
acordo com esses autores, o comportamento contrário, ou seja, um maior número de entradas
nos braços abertos indicaria baixa ansiedade.
Ganella e Kim (2014) discutem que o desenvolvimento dos sistemas relacionados ao
medo e a ansiedade se iniciam pouco antes do desmame em roedores, através da formação de
estruturas importantes como a amígdala, o córtex pré-frontal e o hipocampo.
Rabasa et al. (2016) trabalharam com ratos Sprague-Dawley tratados desde os 22
dias de idade até a fase adulta com dieta rica em gorduras saturadas e sacarose. Esses animais
102

também não apresentaram nenhuma alteração no teste do labirinto em cruz elevado quando
comparados com o grupo controle.
Speight et al. (2017) trataram fêmeas durante a fase de lactação com dieta de
cafeteria e avaliaram o comportamento da prole adulta. Nenhuma alteração no número de
entradas em braços fechados ou abertos (e também na relação de entradas em cada braço) foi
verificada.
No presente trabalho, apesar de não ter sido notada diferença nas entradas em ambos
os braços, foi possível perceber uma tendência maior do grupo CAF - S, quando comparadas
as médias, em frequentar os braços abertos do LCE.
Alguns trabalhos já evidenciaram que dietas palatáveis podem atenuar estados
ansiogênicos originados a partir de estressores nas fases pré e pós-natal em roedores
(MacKAY et al., 2017; MANIAN et al., 2016). Macedo et al. (2012) sugerem que a ingestão
de alimentos palatáveis, também chamados de confort foods, podem estimular a produção de
serotonina, levando ao aumento do prazer e efeitos ansiolíticos.
Macedo et al. (2012) ainda discutem em seu trabalho que esse efeito da dieta está
diretamente relacionado com os níveis de triptofano no organismo. Alimentos como o
chocolate e o amendoim são fontes ricas neste aminoácido, que possui ação fundamental na
cascata de eventos da síntese de serotonina.
Assim, embora no presente trabalho não tenha sido demonstrado que a dieta de
cafeteria induz a um maior número de entradas nos braços abertos, existe uma tendência da
mesma em produzir um efeito ansiolítico no LCE, provavelmente devido à maior ingestão de
triptofano e síntese serotoninérgica.
O tempo de permanência nos braços fechados (GRÁF. 2A) não demonstrou diferença
entre os grupos. Já para o tempo nos braços abertos foi detectada diferença significativa pela
ANOVA (F(8413,27) = 3,08, p < 0,05). O grupo CTRL - R ficou mais tempo nos braços abertos
(GRÁF. 2B).
Quando analisada a relação de tempo em cada braço, novamente não houve diferença
para os braços fechados (GRÁF. 2C), mas houve diferença significativa para os braços abertos
(F(934,81) = 3,08, p < 0,05). CTRL - R obteve a maior porcentagem de tempo entre os quatro
grupos (GRÁF. 2D).
103

A B
Tempo nos braços fechados (s)

Tempo nos braços abertos (s)


300 300
a a a CTRL - S
a
CTRL - R
200 200 CAF - S
CAF - R
a

100 100

b b
b

0 0

-S -R -S -R -S -R -S -R
L L F F L L F F
R TR A TR TR CA CA
CT C C CA C C
Grupos Grupos

C D
Tempo nos braços fechados (%)

Tempo nos braços abertos (%)


100 100
a a a CTRL - S
a
80 80 CTRL - R
CAF - S
60 60 CAF - R
a
40 40

20 20 b
b b

0 0

-S -R -S -R -S -R -S -R
L L F F L L F F
TR R CA CA TR TR C
A
C
A
C CT C C
Grupos Grupos

GRÁFICO 2 – Tempo nos braços fechados (A) e braços abertos (B); relação de tempo nos braços fechados (C)
e braços abertos do LCE. Diamantina, 2018.
Legenda: Controle salina (CTRL - S); Controle risperidona (CTRL - R); Cafeteria salina (CAF - S); Cafeteria
risperidona (CAF - R). Letras diferentes entre as colunas indicam diferença estatisticamente significativa pelo
teste de Newman Keuls (p < 0,05) entre os grupos.

No estudo de Kaminska e Rogoz (2016), foi avaliado o grau de ansiedade de ratos


Wistar machos adultos que receberam diferentes doses de risperidona. Os animais que
receberam doses de 0,05 mg.kg-1 não demonstraram nenhuma alteração no teste. No entanto,
aqueles animais com dose iguais a do presente trabalho (0,1 mg.kg -1) aumentaram a
porcentagem de tempo nos braços abertos.
A risperidona também foi capaz de aumentar o tempo nos braços abertos do LCE
quando administrada em ratos que previamente passaram por protocolo para aumento de
estresse (nado forçado durante 20 minutos) (GARABADU; AHMAD; KRISHNAMURTHY,
2015).
Kaminska e Rogoz (2016) sugerem que o efeito ansiolítico provocado pela
risperidona é proporcionado pelo seu antagonismo a receptores 5-HT 2A localizados em
104

neurônios glutamatérgicos piramidais e interneurônios GABAérgicos, nas regiões do córtex e


do hipotálamo. No entanto, esse possível mecanismo ainda precisa ser melhor avaliado.
O grupo CAF - R não demonstrou efeito ansiolítico como o CTRL - R. Esses
resultados levam à hipótese de que os animais tratados com dieta de cafeteria possuem
alguma alteração no sistema serotoninérgico que não favorece o efeito ansiolítico no teste do
LCE quando aplicada a risperidona.
O número de entradas na zona central do campo aberto obteve efeito pela ANOVA
(F(49,02) = 14,45, p < 0,001). O grupo CAF - S foi maior que os outros para essa avaliação,
como demonstrado no Gráfico 3A. Para o tempo total gasto (F(1317,87) = 20,09, p < 0,001) e
para a relação de tempo gasto na zona central (F(36,61) = 20,09, p < 0,001) também foi
identificada diferença significativa, CAF - S foi maior nos dois itens, seguido de CTRL - S e
CTRL - R, e, por fim, de CAF - R (GRÁF. 3B e 3C).
A B
8 a 40
a CTRL - S
Tempo no centro (s)
Entradas no centro

CTRL - R
6 30
CAF - S
b
b CAF - R
4 b 20
bc
b
2 10
c

0 0

-S -R -S -R
-R
-R
-S

-S

L L F F
L

F
L

TR TR A A
TR

A
TR

C C
C

C C
C

Grupos Grupos
C

6 a
Tempo no centro (%)

4
b

bc
2

-S -R -S -R
L L F F
TR TR A A
C C C C
Grupos

GRÁFICO 3 – Número de entradas (A) tempo gasto (B) e relação de tempo gasto (C) na zona central do campo
aberto. Diamantina, 2018.
Legenda: Controle salina (CTRL - S); Controle risperidona (CTRL - R); Cafeteria salina (CAF - S); Cafeteria
risperidona (CAF - R). Letras diferentes entre as colunas indicam diferença estatisticamente significativa pelo
teste de Newman Keuls (p < 0,05) entre os grupos.
105

Apesar de ser um teste clássico para avaliação de locomoção/exploração, o campo


aberto também pode ser utilizado para averiguar o grau de ansiedade de roedores. Um maior
número de entradas e/ou de tempo gasto no centro do campo aberto é caracterizado como
baixa ansiedade (COSTA ESTRELA et al., 2015; LECORPS; RÖDEL; FÉRON, 2016).
Ratos machos tratados individualmente durante 10 semanas com dieta acrescida de
banha de porco e dextrose foram avaliados frente ao teste de campo aberto. Os resultados
indicaram maior número de entradas no centro do aparato, bem como maior tempo gasto na
zona central (MARWITZ; WOODIE; BLYTHE, 2015).
Lalanza et al. (2014) trataram ratos desde os 21 dias de idade com dieta de cafeteria
composta por diferentes tipos de alimentos. Após oito semanas de tratamento, os animais
machos realizaram o teste de campo aberto, sendo encontrado maior tempo na zona central
pelos animais do grupo experimental.
No trabalho de Pini et al. (2016), onde ratos Wistar machos foram tratados desde a
lactação até a vida adulta com dieta de cafeteria, também foi verificada baixa ansiedade no
grupo de cafeteria.
A ansiedade está diretamente relacionada com a alimentação, visto que, altos níveis
de ansiedade estimulam a compulsão alimentar. Esta geralmente é feita através da ingestão de
alimentos palatáveis e com alto teor calórico, que por sua vez, podem promover um efeito
ansiolítico (COSTA ESTRELA et al., 2015; LALANZA et al., 2014).
Os mecanismos responsáveis pela ansiedade são bem complexos e envolvem
diversos sistemas. Porém, as alterações nos circuitos de neurotransmissores vêm sendo bem
documentadas (COSTA ESTRELA et al., 2015).
Jenkins et al. (2010) demonstraram que uma dieta com ausência de triptofano pode
induzir a depleção de serotonina à nível central. Tanke et al. (2007) observaram que uma dieta
restrita desse aminoácido promove não só a diminuição na síntese de serotonina, como
também aumenta a ansiedade de roedores.
Ratos Wistar com dieta de restrição em triptofano durante 14 dias obtiveram
depleção de serotonina e do seu metabólito (5-HIAA) no córtex pré-frontal, hipocampo e
amígadala (MERCHÁN et al., 2017). Cahir et al. (2007) avaliaram que a expressão de
receptores 5-HT2A foi aumentada em ratos com uma dieta de restrição em triptofano durante
três semanas.
106

Considerando que nos estudos com utilização de dieta com depleção do aporte de
triptofano foram encontrados diminuição da síntese de serotonina e aumento dos receptores 5-
HT2A, é de se pressupor que a dieta de cafeteria, que disponibilizou uma maior quantidade de
triptofano, possua efeitos contrários. Sugere-se, portanto, que esses animais obtiveram um
aumento na concentração de triptofano plasmático, que poderia culminar com o aumento da
síntese de serotonina e, possivelmente com maior quantidade de receptores 5-HT2A.
Uma maior síntese serotoninérgica pode ser veiculada a um efeito ansiolítico
(MACEDO et al., 2012). Dessa maneira, a diminuição da ansiedade dos animais CAF - S no
campo aberto pode estar relacionada ao aumento da serotonina, em regiões como o
hipocampo.
Jenkins et al. (2010) afirma que a risperidona, ao contrário de outros antipsicóticos,
possui um efeito proeminente no comportamento/cognição através da sua ação nos receptores
5-HT2A, independentemente da sua ação dopaminérgica.
Tendo em vista que a hipótese de que a dieta de cafeteria poderia promover uma
redução dos receptores 5-HT2A, a risperidona aplicada ao grupo CAF - R proporcionou uma
maior diminuição de entradas nos braços abertos, devido ao fato de que a quantidade de
receptores a serem bloqueados era menor nesse grupo.
Não foram encontrados os mesmos resultados para a ansiedade no labirinto em cruz
elevado e campo aberto. Uma possível explicação está relacionada à natureza de cada teste,
uma vez que, o primeiro é relativo à aversão a ambientes abertos e altos, enquanto o segundo
é somente a espaços abertos (COSTA ESTRELA et al., 2015).
O número total de quadrantes percorridos no campo aberto foi avaliado, exibindo
diferença estatisticamente significativa pela ANOVA (F(110114,80) = 33,40, p < 0,0001). O grupo
CAF - S obteve maior média, seguido do grupo CTRL – S, e dos grupos CTRL - R e CAF - R,
como demonstrado no Gráfico 4.

300 a
CTRL - S
CTRL - R
CAF - S
Quadrantes

200 b
CAF - R

100 c
c

-S -R -S -R
L L F F
TR TR C
A
C
A
C C
Grupos
107

GRÁFICO 4 – Número de quadrantes percorridos no campo aberto. Diamantina, 2018.


Legenda: Controle salina (CTRL - S); Controle risperidona (CTRL - R); Cafeteria salina (CAF - S); Cafeteria
risperidona (CAF - R). Letras diferentes entre as colunas indicam diferença estatisticamente significativa pelo
teste de Newman Keuls (p < 0,05) entre os grupos.

Quando expostos a um ambiente novo, roedores possuem uma tendência natural em


explorá-lo. Em geral, essa locomoção/exploração é para a coleta de informações e criação de
mapas espaciais (NADEL et al., 1991), porém, pode ser estimulada por alterações na
ansiedade/medo e impulsividade dos animais (THOMPSON; BERKOWITZ; CLARK, 2017).
Outro fator importante em relação à exploração no campo aberto envolve o
hipocampo. Tendo em vista que a exploração é um mecanismo pelo qual os roedores
adquirem informações sobre o novo ambiente, a memória espacial, comandada por essa
região encefálica, está diretamente associada ao quanto esses animais se locomovem na arena
(THOMPSON; BERKOWITZ; CLARK, 2017).
A dieta de cafeteria proporcionou aumento na distância percorrida no teste de campo
aberto. Warneke et al. (2014) avaliaram ratos Wistar machos e fêmeas de diferentes idades (6
semanas e 12 meses) com dieta de cafeteria por quatro semanas, encontrando aumento da
locomoção. Marwitz, Woodie e Blythe (2015) trataram ratos Sprague-Dawley durante dez
semanas com dieta de cafeteria, encontrando resultados semelhantes.
Em outro trabalho, ratas Wistar fêmeas foram alimentadas durante a fase de lactação
com dieta de cafeteria, sendo sua ninhada avaliada no teste de campo aberto durante a
adolescência. Os animais machos e fêmeas apresentaram maior distância percorrida depois
dos cinco minutos de teste (SPEIGHT et al., 2017).
Essa observação indica que dietas hipercalóricas e palatáveis não proporcionam,
mesmo com o aumento do peso e do tecido adiposo, a uma diminuição da locomoção em
roedores (WARNEKE et al., 2014).
Marwitz Woodie e Blythe (2015) ainda comentam que uma baixa ansiedade pode
provocar o aumento da locomoção e hiperatividade. Tendo isso em vista, o grupo CAF - S
pode ter aumentado sua locomoção no campo aberto devido a um efeito ansiolítico já
comentado.
As alterações na ansiedade e locomoção dos animais de dieta de cafeteria podem ser
explicadas devido ao estresse oxidativo gerado principalmente no hipocampo desses animais.
Além disso, a dieta imposta desde o início da vida, com formação de ERO’s em grandes
quantidades pode ter promovido alterações nos circuitos de neurotransmissores, como o da
serotonina.
108

Quando expostos a uma dose intraperitoneal de 0,4mg.kg -1 de risperidona,


camundongos diminuíram a distância percorrida no teste de campo aberto. Nesse mesmo
trabalho, ratos knockout para o receptor 5-HT2A passaram pelos mesmos procedimentos,
também com diminuição da sua locomoção (McOMISH et al., 2012).
Os resultados obtidos por McOmish et al. (2012) estão de acordo com os obtidos no
presente trabalho. Tanto os animais CTRL - R como os animais CAF – R (que se sugere que
tenham uma quantidade de receptores 5-HT2A diminuída) demonstraram baixas distâncias
percorridas.
Antipsicóticos atípicos são utilizados no contexto da esquizofrenia, com intuito de
redução dos sintomas de hiperatividade. Apesar de não ser possível classificar os animais que
receberam dieta de cafeteria como hiperativos, (visto que outras avaliações como o tempo de
imobilidade, o número de paradas e a velocidade de percurso não foram avaliadas), é fato que
houve uma intensa diminuição da deambulação ao ser aplicada a risperidona (McOMISH et
al., 2012; THOMPSON; BERKOWITZ; CLARK, 2017).
Embora os resultados estejam de acordo com a literatura, ressalta-se também que,
proporcionalmente, os animais de dieta de cafeteria quando receberam a aplicação de
risperidona (CAF - R) diminuíram mais a sua locomoção que os animais de dieta controle que
receberam a droga (CTRL - R). As alterações no estado redox do hipocampo, bem como a
hipótese da síntese de serotonina e concentração dos receptores 5-HT 2A mais uma vez podem
explicar esse efeito.
Foi verificada diferença no número de rearings dos animais no Campo Aberto
segundo a ANOVA (F(18,95) = 5970,21, p < 0,0001). Os animais CAF - S e CTRL - S
executaram mais esse movimento, sendo maiores que o restante dos grupos, tal como
observado na Tabela 2. Para o número de grooming CAF - R foi menor que os demais (F(6,52) =
4,79, p < 0,0001) (TAB. 2).

Tabela 2 – Quantidade de Rearing e grooming no campo aberto. Diamantina, 2018.


Variáveis CTRL – S CTRL – R CAF – S CAF - R
a b a
Rearing 22,33 ± 12,18 7,12 ± 4,72 24,00 ± 9,63 4,27 ± 2,97b

Grooming 2,33 ± 1,03a 1,30 ± 1,25a 1,90 ± 1,53a 0,36 ± 0,67b


Legenda: Controle salina (CTRL - S), Controle risperidona (CTRL - R), Cafeteria salina (CAF - S) e Cafeteria
risperidona (CTRL - R). Letras diferentes na mesma linha indicam diferença significativa pelo teste de Newman
Keuls (p < 0,05).
109

O rearing é classificado como a exploração vertical do animal, enquanto a sua


locomoção é avaliada como exploração horizontal. Ambas estão relacionadas como busca de
informações em um ambiente novo (ASPIDE et al., 1998; PAWLAK et al., 2012).
Os dados de exploração vertical dos animais na arena de campo aberto são
semelhantes aos que foram encontrados na locomoção/exploração horizontal. Os animais que
receberam a risperidona (grupos CTRL - R e CAF - R) diminuíram o número de rearings,
devido ao efeito da droga de redução da locomoção/exploração.
O grooming é caracterizado como um movimento típico dos roedores de “se
coçarem” ou de “auto limpeza” das regiões em volta da cabeça e/ou do corpo. Pode ser
utilizado por esses animais tanto para os cuidados com a superfície do corpo (remoção de
ectoparasitas ou sujeiras; auxílio na termoregulação), como também em determinadas
situações de novidade e/ou ansiedade (VELOSO et al., 2016).
Os animais CAF - R demonstraram uma menor frequência desse comportamento. O
número de vezes com que os animais praticam o grooming pode indicar excitação (e em
alguns casos até estereotipia), além de ansiedade/medo, dependendo do contexto utilizado e
dos tratamentos dos animais (VELOSO et al., 2016). Os resultados obtidos para essa
avaliação indicam de diminuição do número de grooming nos animais que receberam dieta de
cafeteria e risperidona.
O efeito da risperidona parece ser maior nos animais que receberam a dieta de
cafeteria. A análise do grooming mais uma vez mostra isso, visto que os animais controle não
diminuíram o ato de limpeza ao receberem a droga (CTRL - R).
Com relação ao teste de reconhecimento de objetos, na interação com o objeto A, a
ANOVA indicou diferença entre os grupos (F(185,95) = 17,37, p < 0,0001). Os grupos CAF - S e
CTRL - R foram maiores que o grupo CTRL - S, que por sua vez, interagiu mais com o objeto
A que os animais CAF - R (GRÁF. 5A). Quando avaliado o tempo de interação com esse
mesmo objeto, a ANOVA também apontou diferença estatisticamente significativa (F(376,12) =
10,84, p < 0,0001). Os animais CAF - S e CTRL - R demonstraram maior interação com A,
enquanto que CTRL - S e CAF – R interagiram menos (GRÁF. 5B).
A ANOVA demonstrou efeito na interação com o objeto C (F(130,13) = 12,71, p <
0,0001) e no tempo de interação com o mesmo (F(392,76) = 7,38, p < 0,001). No total de
interação o grupo CAF - S demonstrou maior índice juntamente com CTRL - R, enquanto que
CAF - R foi o menor dentre os quatro (GRÁF. 5C). Na avaliação do tempo de interação com o
110

objeto C, todos os grupos (CTRL - S, CTRL - R e CAF - S) foram maiores que o grupo CAF -
R (GRÁF. 5D).

A B

Tempo interação com objeto A (s)


15 20
a a CTRL - S
Interação com objeto A

a CTRL - R
a 15
10
CAF - S
b CAF - R
10
b
5
5 b
c

0 0

-R

-R
-R
-R

-S

-S
-S
-S

F
F

L
L

TR

TR

A
TR

A
TR

C
C

C
C

Grupos Grupos
C D
Tempo interação com objeto C (s)

10 a 25
ab CTRL - S
Interação com objeto C

a
8 20 CTRL - R
a
b a CAF - S
6 15 CAF - R

4 10

2 5 b
c

0 0

-S -R -S -R -S -R -S -R
L L F F L L F F
TR TR C
A
C
A TR TR C
A
C
A
C C C C
Grupos Grupos

GRÁFICO 5 – Número (A) e tempo (B) de interações com o objeto A. Número (C) e tempo (D) de interações
com o objeto C. Diamantina, 2018.
Legenda: Controle salina (CTRL - S); Controle risperidona (CTRL - R); Cafeteria salina (CAF - S); Cafeteria
risperidona (CAF - R). Letras diferentes entre as colunas indicam diferença estatisticamente significativa pelo
teste de Newman Keuls (p < 0,05) entre os grupos.

Foi observado também efeito pela ANOVA (F(0,26) = 2,26, p < 0,05) para o cálculo do
índice de discriminação. O grupo CAF - S apresentou menor índice que os demais (GRÁF. 6).
111

0.6

Interação total objetos


a
0.4

ab
0.2

b ab
0.0

-0.2

Grupos

GRÁFICO 6 – Índice de discriminação de objetos. Diamantina, 2018.


Legenda: Controle salina (CTRL - S); Controle risperidona (CTRL - R); Cafeteria salina (CAF - S); Cafeteria
risperidona (CAF - R). Letras diferentes entre as colunas indicam diferença estatisticamente significativa pelo
teste de Newman Keuls (p < 0,05) entre os grupos.

O teste de reconhecimento de objetos é um teste que não envolve recompensa,


realizado para avaliar a memória/aprendizado entre dois objetos, um familiar e outro não-
familiar/novo (RAJAGOPAL et al., 2014).
Camundongos tratados com dieta de cafeteria (ração, chocolate, amendoim e
biscoito; razão 3:2:2:1) durante 8 semanas foram avaliados frente ao teste de reconhecimento
de objetos. Os resultados encontrados vão de encontro ao presente estudo, o grupo de dieta de
cafeteria explorou em maior quantidade os dois objetos (familiar e novo) que o grupo de dieta
controle. Ademais, foi demonstrado também que o grupo de dieta controle explorava mais o
objeto novo, enquanto que os animais de cafeteria não demonstravam distinção entre o novo e
o familiar (SOARES et al., 2017).
O mesmo resultado foi exposto por Beilharz, Maniam e Morris (2014) com dieta de
cafeteria durante um período curto (15 a 20 dias). Os animais do grupo experimental
demonstraram prejuízos na memória, estado de neuroinflamação e presença de marcadores de
estresse oxidativo no hipocampo.
Segundo Beilharz, Maniam e Morris (2014) o hipocampo é uma região encefálica
que é muito susceptível a alterações dietéticas que promovam uma alta ingestão energética.
Dietas hipercalóricas podem gerar acúmulo de metabólitos capazes de promover o estresse
oxidativo e estados de neuroinflamação no hipocampo, proporcionando prejuízos na memória
(BEILHARZ; MANIAM; MORRIS, 2014; SOARES et al., 2017).
No presente trabalho, os animais CAF - S receberam dieta de cafeteria durante toda a
sua vida, com consequente produção de radicais livres em grandes quantidades. A constatação
112

do estresse oxidativo no hipocampo desses animais pode explicar o prejuízo na memória,


visto que eles não demonstraram distinção entre o objeto novo (C) e o objeto familiar (A).
Jenkins et al. (2010) demonstraram que a aplicação de risperidona (0,2 mg.kg -1)
levou ao aumento da exploração do objeto novo em ratos utilizando metodologia semelhante
para o teste de reconhecimento de objetos.
Em outro trabalho, utilizando um modelo animal (camundongos ICR) de doença de
Alzheimer (aplicação de peptídeos β-amiloide), a administração crônica de risperidona em
doses mais altas (2 e 4 mg.kg -1) foi capaz de melhorar a memória do grupo experimental.
Ademais, os grupos que receberam risperidona nas doses citadas apresentaram menores níveis
de peptídeos β-amiloide e de proteínas Tau no córtex e hipocampo, importantes marcadores da
doença de Alzheimer. A risperidona, portanto, parece desenvolver um efeito neuroprotetor,
que culmina com uma melhora na memória (WU et al., 2017).
Esse efeito não foi observado nos animais com dieta de cafeteria que receberam
risperidona. O mecanismo pelo qual a droga teve um efeito diferente nos animais CAF - R
pode estar relacionado à quantidade de receptores 5HT 2A disponíveis, principalmente no
hipocampo. Por possuírem uma menor densidade desses receptores, os animais CAF - R
obtiveram uma resposta diferente. Outra explicação seria pela administração aguda da droga
no presente trabalho.
Os comportamentos relativos ao teste de interação social estão demonstrados na
Tabela 3. Não houve diferença na quantidade de execução de nenhum dos comportamentos
avaliados (interações: anogenital, corpo, focinho, montar/rolar). No entanto, em relação ao
tempo de interação, a anogenital apresentou-se menor nos animais CAF - S e CAF - R (F(316,97)
= 4,77, p < 0,05).

Tabela 3 – Quantidade e tempo de interações sociais. Diamantina, 2018.


Variáveis CTRL – S CTRL - R CAF – S CAF – R
Quantidade

Anogenital 6,75 ± 5,38a 5,20 ± 1,79a 2,00 ± 1,00a 4,40 ± 2,70a

Corpo 13,00 ± 3,37a 10,04 ± 2,61a 8,00 ± 1,73a 12,40 ± 3,51a


113

Focinho 3,75 ± 2,06a 4,00 ± 3,53a 1,67 ± 2,08a 2,80 ± 1,79a

Montar/rolar 1,75 ± 2,87a 2,60 ± 1,81a 0,33 ± 0,57a 1,00 ± 1,00a

Tempo (s)

Anogenital 27,31 ± 4,32a 21,52 ± 10,65ab 6,81 ± 5,08b 12,16 ± 8,70b

Corpo 58,96 ± 22,40a 32,38 ± 8,71a 43,23 ± 12,48a 35,02 ± 14,55a

Focinho 10,15 ± 9,06a 9,40 ± 8,15a 5,55 ± 6,39a 5,41 ± 5,72a

Montar/rolar 4,69 ± 5,41a 9,11 ± 5,72a 1,51 ± 2,62a 1,78 ± 1,88a


Legenda: Controle salina (CTRL - S), Controle risperidona (CTRL - R), Cafeteria salina (CAF - S) e Cafeteria
risperidona (CTRL - R). Letras diferentes na mesma linha indicam diferença significativa pelo teste de Newman
Keuls (p < 0,05).

Wolfe, Mende e Brecht (2011) realizaram um estudo de observação dos


comportamentos típicos de ratos Wistar ao serem colocados em um mesmo ambiente com
outro animal da sua mesma espécie e sexo. O trabalho demonstrou que nos primeiros minutos
(3 minutos), a interação mais utilizada era a anogenital, diminuindo com o tempo em
detrimento a outros tipos de contatos, como o de focinho a focinho ou no corpo do outro
animal.
A interação anogenital, principalmente o ato de farejar, é um importante
comportamento relacionado à investigação de um novo indivíduo da mesma espécie. Trata-se
de um componente chave no reconhecimento social. As interações que ocorrem subsequentes
a anogenital, geralmente estão relacionadas ao estabelecimento de dominância ou mais
complexas, como comportamentos agressivos (DOSSAT et al., 2017; WOLFE; MENDE;
BRECHT, 2011).
Os animais de dieta de cafeteria (CAF-S e CAF-R) demonstraram um menor tempo
de permanência na interação anogenital. Isso sugere que esses animais diminuíram o interesse
pelo reconhecimento de outros indivíduos da mesma espécie, podendo, inclusive, ter
diminuído o seu interesse sexual (WOLFE; MENDE; BRECHT, 2011).
Houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos para o número de
interações sociais totais (F(107,04) = 3,84, p < 0,05). O grupo CAF - S foi menor que os outros
avaliados. Para o tempo de interação social total também houve diferença pela ANOVA
(F(1865,47) = 3,81, p < 0,05), CTRL - S foi igual a CTRL - R, e maior que os outros tratamentos
(CAF - S e CAF - R). Esses dados estão no Gráfico 6.
114

A B
30 150

Tempo interação social (s)


a CTRL - S
a a a
Interação social total

CTRL - R
100 CAF - S
20
b ab
b CAF - R
b

10 50

0 0

-S -R -S -R
-R

-R
-S

-S

L L AF AF
L

R TR
TR

TR

CT C C
C

C
C

Grupos Grupos

GRÁFICO 7 – Interação social total (A) e tempo de interação social total (B). Diamantina, 2018.
Legenda: Controle salina (CTRL - S); Controle risperidona (CTRL - R); Cafeteria salina (CAF - S); Cafeteria
risperidona (CAF - R). Letras diferentes entre as colunas indicam diferença estatisticamente significativa pelo
teste de Newman Keuls (p < 0,05) entre os grupos.

Os trabalhos que envolvem dietas obesogênicas e avaliação da interação social na


literatura são conflitantes. Lalanza et al. (2014) tratou ratos Sprague-Dawleys recém
desmamados por 8 semanas com dieta de cafeteria. Eles encontraram aumento da interação
social tanto entre os machos, como entre as fêmeas, resultado que segundo os autores foi
devido à baixa ansiedade promovida pela dieta de cafeteria, que fez com que os animais
interagissem mais entre si.
Zilkha, Kuperman e Kimchi (2017) avaliaram os efeitos de uma dieta hiperlipídica
sobre o comportamento social de uma linhagem de camundongos utilizada como modelo para
o autismo (camundongos BTBR). A dieta rica em gorduras (60% kcal em gorduras)
disponibilizada desde o desmame até a idade de 9 semanas levou a uma diminuição ainda
maior da interação dos animais, que foi classificada como alto grau de autismo.
Os resultados antagônicos da literatura podem advir das diferenças na metodologia
ou no ambiente utilizados para realização dos testes comportamentais, bem como da espécie
e/ou linhagem que foi usada. Neste estudo, os animais CAF - S demonstraram uma menor
interação social total que os outros grupos, mesmo possuindo, como avaliado em outros
testes, uma baixa ansiedade.
Não foi possível estimar ao certo o grau de comprometimento de algumas estruturas
encefálicas mediante o consumo durante tanto tempo da dieta de cafeteria. No entanto, visto
os resultados demonstrados pelo grupo CAF - S no teste de interação social é provável que
tenha havido alguma alteração também no hipotálamo, e, talvez, nos circuitos de recompensa
encefálicos (ZILKHA; KUPERMAN; KIMCHI, 2017).
115

Morais et al. (2016), utilizando um modelo animal de esquizofrenia (ratos Wistar


receberam durante a gestação uma dose de metilazoximetanol 20mg.kg -1), observaram na
prole adulta a interação social após administração intraperitoneal de risperidona (0,25mg.kg -
1
). A droga aumentou o número de interações e o tempo em que elas ocorriam.
Chadman (2011) avaliou camundongos C57BL/6J em teste de interação social após a
aplicação de doses diferentes de risperidona (0,03 e 0,3 mg.kg -1). Após a dose mais alta (0,3
mg.kg-1) os animais aumentaram a sua sociabilidade.
O grupo CAF - R apresentou um aumento da interação social total em comparação
com o grupo CAF - S. A mesma relação não ocorreu entre CTRL - R e CTRL - S. Isto
demonstra que a droga na dose citada possui efeitos diferentes mediante a dieta que foi
estabelecida para o animal.
Uma das teorias para o desenvolvimento de autismo é a desregulação
serotoninérgica, e, dentre as drogas utilizadas para tratamento dessa doença, encontra-se a
risperidona. No entanto, não se sabe com certeza quais subtipos de receptores estão
envolvidos no comportamento social. A risperidona, com ação preferencial nos receptores
5HT2A, exerce efeitos proeminentes em humanos no controle dos comportamentos repetitivos
e de auto-ferimentos em crianças (CHADMAN, 2011).
Tendo em vista a hipótese de aumento na síntese de serotonina e de diminuição dos
seus receptores no encéfalo, uma possível explicação para o aumento do comportamento
social produzido nos animais CAF - R seria a da ação da droga em outros circuitos desse
neurotransmissor, que levariam ao aumento da sociabilidade
116
117

6 CONCLUSÕES

A dieta de cafeteria desde a lactação proporcionou diminuição da ansiedade, aumento


da locomoção e prejuízos na memória e interação social. A presença de triptofano e o aumento
da síntese de serotonina podem ter sido os fatores responsáveis por essas alterações.
A administração de risperidona promoveu no grupo de cafeteria efeito ansiogênico,
maior redução na locomoção, melhora na interação social, sem conseguir proporcionar
aumento no índice de discriminação de objetos. Tais resultados indicam que a risperidona
possui uma ação diferente nesse grupo de animais, devido às suas alterações no circuito
serotoninérgico.
118
119

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