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Resumo
Palavras-chave
Corpo do trabalho
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Trabalho apresentado ao Intercom Junior.
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Bacharel em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina. E-mail: wachelke@yahoo.com.
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Acadêmica do curso de graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina. E-mail:
mariana_segala@yahoo.com.br.
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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XXVIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Uerj – 5 a 9 de setembro de 2005
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outro lado, a própria atuação nas atividades profissionais da comunicação foi realizada,
durante muito tempo, por indivíduos com formação em outras áreas.
Analisando a questão da interdisciplinaridade sob uma ótica diferente,
Bougnoux (1999) afirma que o campo profissional da comunicação se infiltra em
muitos outros. Para o autor, “as demandas e as vizinhanças surgirão dos lugares mais
inesperados, mas nossa própria disciplina interessa a muitos campos para ter
verdadeiramente lugar. E sua autonomização recente é mais institucional do que
teórica” (p. 19). Bougnoux, que chama a comunicação de interdisciplina, defende que os
programas de ensino ou de pesquisa em comunicação poderiam ser espaços ativos de
confrontação e de diálogo com seus inúmeros vizinhos.
A interdisciplinaridade no ensino da comunicação social é defendida também
por Rodrigues (1996), que propõe que se relacione o domínio da comunicação com os
outros domínios do saber. “Não se trata de uma simples afirmação ideológica da
interdisciplinaridade, mas de uma prática efetiva da interdisciplinaridade, a partir de um
trabalho que consiste em repensar criticamente a circulação dos conceitos, dos
paradigmas, dos modelos e dos procedimentos de análise, através das diferentes
disciplinas modernas”.
No que tange à pesquisa em comunicação, a característica interdisciplinar do
objeto parece ainda mais evidente. As possibilidades de utilização de teorias e métodos
de outras ciências na análise dos fenômenos comunicacionais são muitas e os resultados
práticos dessa interação podem ser interessantes. Conceituando a pesquisa em
comunicação como o estudo científico dos elementos que integram o processo
comunicativo e a análise de todos os fenômenos relacionados ou gerados pela
transmissão de informações – sejam dirigidas a uma pessoa, a um grupo ou a um vasto
público –, Melo (1978) afirma que ela assume a natureza de campo interdisciplinar de
estudos que envolve investigações lingüísticas, educacionais, jornalísticas e
cibernéticas, bem como iniciativas de outras áreas das ciências humanas – sociológicas,
psicológicas, históricas, antropológicas, entre outras.
Entendemos que a disciplina de comunicação social, portanto, é uma área de
conhecimento tecnológico que se faz valer de conhecimentos e métodos de uma
variedade de ciências e áreas tecnológicas, organizando-as em virtude das necessidades
de pesquisa e intervenção junto a seu objeto – os processos que compartilham com a
disciplina o nome “comunicação social”. Não obstante, o fato de servir-se de corpos de
conhecimento diversificados e a demanda de produção de conhecimento orientada por
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surge do reconhecimento que nem uma abordagem psicologista nem sociologista dão
conta de explicar a sociedade e sua relação com as pessoas.
Em decorrência dessa problemática de delimitação do campo psicossociológico,
há autores que pensam que a psicologia social deve constituir-se como ciência
autônoma, distinta tanto da psicologia como da sociologia. Maisonneuve (1993b) pensa
de forma diferente: para o autor, ser uma “ciência fronteira”, nos limites das duas
disciplinas, é a natureza mesma da psicologia social, ou psicossociologia. Também este
autor apresenta uma definição da área com destaque para a noção de interação. Segundo
Maisonneuve, a psicologia social é a ciência que se ocupa do estudo da interação entre
os processos sociais e psicológicos, incluindo todas suas acepções, visando assim
explicar o comportamento das pessoas e dos grupos (1993a).
Adotamos como referência neste trabalho a definição de Maisonneuve, pelo fato
de que, em nosso entender, enfoca o que julgamos central na disciplina ao mesmo
tempo em que não apresenta a psicossociologia de maneira restritiva, evitando concebê-
la como uma das formas mais específicas, seja psicologista ou sociologista, dessa
ciência; ambas são compatíveis com essa conceituação de psicologia social, embora
lidem com níveis de análise distintos em grande parte dos casos.
Além da delimitação do objeto de estudo, importante contribuição para a
definição de psicologia social é fornecida por Moscovici (1985), segundo a qual o que
possui primeira importância para o entendimento do que seja a psicossociologia não é
tanto seu objeto de estudo, mas sim o modo com que essa ciência lida com seu objeto.
Em oposição à psicologia e sociologia, que propõem uma relação binária entre sujeito
(individual ou social, respectivamente) e objeto, a psicologia social integra os elementos
numa grade ternária para chegar às suas teorias. É esse olhar distinto e integrativo
buscando entender os fenômenos num nível intermediário de diálogo entre o individual
e o macrossocial que define a atividade do pesquisador em psicologia social.
No terreno metodológico, pode-se dizer que a psicologia social é uma ciência
social rigorosa. Embora existam muitos pesquisadores que utilizem métodos de
observação direta e indireta, como ocorre em grande parte dos estudos de representação
social, e em estudos de interações de pequenos grupos, é inegável que o núcleo das
descobertas de teorias como a identidade social e as atitudes, ou de estudos nas áreas de
influência social, foram produzidos por meio da utilização do método experimental,
freqüentemente empregando delineamentos fatoriais complexos.
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pessoa possui frente a esse objeto. Há uma grande diversidade de modos de mensurar as
atitudes para fins de pesquisa, dependendo-se do componente que se deseja estudar.
Certamente, a maneira mais difundida de fazê-lo são as escalas de atitudes, instrumentos
psicométricos auto-aplicados formados por um conjunto de itens avaliativos sobre um
objeto social específico (por exemplo, o casamento, a política, cotas para
afrodescencentes, ou algum grupo social).
O progresso nas pesquisas sobre atitudes ocorreu principalmente por meio de
estudos experimentais voltadas para a explicitação das condições em que as pessoas
mudam de atitudes em relação aos objetos sociais. Em outras palavras, foram estudadas
as influências de variáveis que tornavam os indivíduos mais ou menos favoráveis a
objetos. Como de modo geral a maior parte das pesquisas sobre mudanças de atitudes
centra-se em alterações de modalidades de variáveis cognitivas, muitos estudos
consistiram em manipulação de fatores referentes ao processo comunicacional, isto é,
características de destinatário da comunicação, da mensagem, do emissor, e assim por
diante. Assim, pesquisas em mudança de atitudes podem compreender, por exemplo,
verificar se um texto escrito em registro formal é mais persuasivo que um texto
equivalente redigido informalmente, e se o efeito é equivalente em públicos-alvo com
escolaridades diferenciadas; ou então estudar se o fornecimento de uma informação por
uma fonte com maior credibilidade gera maior mudança de atitudes que quando a
informação parte de uma fonte menos confiável, da perspectiva dos destinatários.
A relevância dos achados das pesquisas em atitudes para os estudos em
comunicação social é evidente. Conhecer e investigar atitudes permitiria a um jornalista
avaliar com maior precisão o efeito dos tipos de notícias na população e do modo como
é efetuado o trabalho jornalístico, uma vez que esse profissional sempre trabalha com a
divulgação de informações na esfera pública. Se uma das metas freqüentes do jornalista
é a objetividade e imparcialidade na descrição dos fatos, torna-se pertinente saber em
que extensão uma matéria pode influenciar o público numa ou noutra direção, ou
simplesmente comunicar eventos com carga afetiva reduzida.
Para os profissionais da área de relações públicas e publicitários, a importância
da teoria das atitudes é ainda maior, uma vez que o objeto de trabalho das duas
categorias profissionais, a grosso modo, está ligado às atitudes que as pessoas têm sobre
organizações, num caso, e produtos ou campanhas, no outro. Trabalhar a imagem de
organizações, marcas e produtos é certamente uma intervenção no contexto das atitudes
do público sobre esses objetos. De certo modo, uma parcela significativa da teoria de
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publicidade e propaganda pode ser considerada uma aplicação dos estudos de atitudes
em psicologia social.
As representações sociais, por sua vez, constituem um paradigma integrativo em
psicologia social originado de uma escola psicossociológica francesa, tendo em
Moscovici (1978) seu fundador. Essa perspectiva propõe que seja feito o estudo
científico do senso comum como forma de conhecimento, tanto de sua estrutura, como
de seu funcionamento e conteúdo; trata-se das representações sociais, teorias mantidas
por grupos sociais que servem de referência para as pessoas no que diz respeito a
tomadas de posição e práticas. Uma representação social é uma teoria do senso comum
específica a um grupo (tomado no sentido amplo de categoria ou segmento social) sobre
um aspecto da realidade. Em certo sentido, a noção de representação social engloba o
conceito de atitudes; estas são concebidas assim como uma dimensão das
representações, como o são a informação e o campo de representação ou imagem.
As representações sociais adquirem importância a partir do Século XX devido à
forte influência dos meios de comunicação de massa, fazendo do senso comum uma
forma de conhecimento passível de mudança relativamente veloz e específica a grupos.
Isso é diferente do que ocorria em épocas passadas, quando as representações coletivas
possuíam um caráter marcado de estabilidade à mudança.
As áreas da comunicação social a que nos referimos neste texto – jornalismo,
publicidade e propaganda, e relações públicas –, por lidarem com a divulgação de
informações, têm um papel essencial, portanto, para a dinâmica das representações
sociais. De acordo com Jodelet (2001), a comunicação de massa possibilita e determina
as representações sociais; isso significa dizer possuem capacidade de influenciar o senso
comum em grande extensão. As pesquisas em representação social reconhecem
prontamente isso, recorrendo freqüentemente a mapeamentos da mídia, analisando o
conteúdo da imprensa para chegar às representações difundidas. Estudos de
representações difundidas por peças publicitárias também permitem acesso às teorias de
pensamento veiculadas pelos meios de comunicação.
Adotar o paradigma teórico das representações sociais na comunicação social
significa assumir que a mídia é um veículo poderoso de comunicação de pontos de vista
para a população, talvez a responsável maior pela constituição do senso comum.
Entender como se comportam e se influenciam as representações nos meios de
comunicação possibilita aos profissionais e estudiosos de comunicação social uma
espécie de diagnóstico da maneira como um fenômeno é tratado pela mídia e suas
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Conclusão
Referências bibliográficas
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LEYENS, J.-P. & YZERBIT, V. Psicologia social. 2. ed. Lisboa: Edições 70, 1999.
MELO, J. M. de. Comunicação social: teoria e pesquisa. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 1978.
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RODRIGUES, A.; ASSMAR, E. M. L.; JABLONSKI, B. Psicologia social. 21. ed. Petrópolis:
Vozes, 2002.
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