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UNISANTOS

Universidade Católica de Santos

Nome: Natasha P. A. Moura e Daiene Z. G. Dias


Curso: Comunicação Social – Jornalismo Período: Noturno Semestre: 3°
Disciplina: Mídias Digitais I Orientador: Eduardo Rubi Cavalcanti

Filhos da internet
Ausência de acompanhamento dos pais nas atividades virtuais prejudica a formação
das crianças e abre portas para abusos

Julio Cesar Fernandes de Souza,9 anos, jogando em sua conta no Facebook.

Por Daiene Dias e Natasha Moura

O fenômeno das redes sociais, tal qual da conexão digital como um todo, tem
contado com uma adesão significativa da massa jovem, à mercê de mais riscos no que diz
respeito ao contato com abordagens capazes de comprometer o caráter, com violência de
vários gêneros, dada a dinâmica e liberalidade contidas nas correntes de mensagem.
Conforme pesquisa mais recente publicada no segundo semestre de 2016 pelo Cetic
(Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação), 87%
dos menores entrevistados possuem conta em sites de relacionamento, estando 63% na
faixa dos 9 aos 10 anos e 79% dos 11 aos 12. 40% do total interagiram com pessoas
desconhecidas na vida real, além de 20% terem visto imagens sexuais. Somente 48% dos
tutores declararam monitorar as atividades online, coisa que abre espaço para discussão
sobre a necessidade da supervisão durante a infância e métodos de prevenção a
problemas que possam partir do ambiente virtual.
A psicóloga Andrea Vaz Mercki, doutora pela PUC-SP e Texas A&M University,
realça a falta do discernimento entre correto ou errado, causa e resultado, na etapa vital de
construção primária da identidade e dos valores éticos, como fator para despertar atenção
ao que os pequenos fazem quando conectados. Não adianta apostar numa maturidade ou
esperteza. Ela indica por melhor cuidado o compartilhamento das próprias experiências
(dentro e fora da rede) numa conversa espontânea, livre das condenações, capaz de
incentivar crianças e adolescentes a confiar de volta, mas principalmente cita a adoção de
si mesmo no papel exemplar. “Como não podemos ignorar a existência da internet e as
redes sociais, o melhor a fazer é abrir o jogo e informar. Os pais ou responsáveis precisam
aproximar a criança de suas atividades cotidianas, mostrar, conversar e explicar o que
estão fazendo quando olham para seus celulares. Assim, a criança tenderá a ter uma
experiência positiva e sem aquela sensação de que há algo misterioso e proibido no
acesso à internet”, fala adicionando o fato de o comportamento em determinados níveis
etários ser movido pela imitação aliada à curiosidade digna de quem está começando a
descobrir o mundo — potencializada quando algo é reservado, em alguns casos levando as
crianças por caminhos inconvenientes. Além disso, os filhos também tendem a disputar
aquilo que vem a ser foco da atenção parental, buscando um sentimento de valorização
semelhante.
Desde o fortalecimento dos vínculos familiares via demonstração de interesse,
modelo de atitude e acolhimento, orientações mais contundentes podem ser incorporadas.
Segundo Andrea, vale estipular períodos pequenos para o uso, conversas somente com
pessoas próximas, pedido de opinião para postagem de fotos/vídeos/textos. Também é
válido explorar o controle de conteúdo oferecido no sistema dos sites, ao passo que os
acessos não devem ocorrer afastados, pois a companhia gera a reflexão que vai balancear
as situações virtuais com as situações exteriores Muito além do perigo ao deparar com
indivíduos mal intencionados, a internet facilita bolhas conceituais, isto quer dizer, que os
jovens não encarem o oposto, o diferente, a ponto para questionar os modos, os
pensamentos, acabando eles impedidos de evoluir a autonomia. “Na internet, tendemos a
buscar conteúdos que reafirmam nossas próprias ideias ao invés de desafiá-las. Acabamos
ficando cada vez mais encerrados em nós mesmos, o que dificulta encontrar soluções para
os problemas da vida e também para os problemas emocionais”, aponta a especialista.
Paralelamente ao emprego das normas, é essencial atribuir prazer aos assuntos
estimulantes do raciocínio lógico, da sabedoria de convívio/ sabedoria emotiva e que até
mesmo integrem o aprendizado escolar, dito formal, norteando para um rumo saudável.
Assim faz Priscila Fernandes da Silva, mãe do garoto Julio Cesar Fernandes de Souza,
hoje com 9 anos.
Priscila conta que tem loja virtual e adora jogos, o que alimentou a curiosidade do
seu filho por tecnologia. Aos 6 anos ele conquistou sua conta no Facebook. No entanto,
consome apenas páginas de curiosidades, jogos, vídeos de gameplay no Youtube, bem
como sites culinários, jamais deixando esquecidas brincadeiras concretas. Tudo o mais foi
previamente bloqueado. “Se era para colocar uma criança na maior vitrine que existe, fiz o
máximo possível para não ser visível usando os recursos das próprias redes sociais. Ele
aceita as regras e ainda me conta o que tem no perfil dele; eu costumo olhar o registro de
atividades para garantir que não passou nada. Tem hora certa para o uso da internet e não
pode fazer nada sem eu saber”, garante.
Já referente aos sinais exibidos pelo menor quando este sofre transtorno, a
psicóloga Ana Vaz descreve agressividade fora do normal ou retraimento como sintomas
mais comuns, ainda apelando: “Caso os pais percebam que o filho está passando por
situações de superexposição, discriminação, abuso ou constrangimento na rede, precisam
interferir. Devem identificar a pessoa que causa o constrangimento e impedir que isso
tenha continuidade, seja conversando diretamente com a pessoa ou em alguns casos,
registrando boletim de ocorrência.”
Mecanismos práticos

O técnico de segurança em redes da CEFSA (Centro educacional fundação


Salvador Arena) com pós graduação em cybersegurança na FIAP, Renan Amaral, discorre
sobre alguns mecanismos que podem auxiliar os pais a monitorar o que seus filhos
acessam, bloqueando conteúdos impróprios. Existe uma ferramenta no próprio navegador
web, google.com onde clicando em configurações é possível filtrar páginas da internet que
não devem ser visitadas; o SEAFE SEARCH quando ativado permite que qualquer
conteúdo adulto ou violento seja bloqueado.
Há também outros meios como antivírus, que além de proteger o computador de
Ameaças, oferece serviços de bloqueio a sites indesejáveis. Um exemplo é o Eset Smart
Security 9, que possui esse mecanismo e é de fácil manuseio, porém esses programas que
destinados a proteção do computador com mecanismos extra como controle de conteúdo
são pagos.
Renan afirma ser mais eficaz bloquear essas páginas da internet pelo próprio
roteador. Feito pelo aparelho impossibilita qualquer plataforma de acesso ao wifi,
computador, notebook ou smartphone, de acessar as páginas em questão. Para fazer o
bloqueio pelo roteador é necessário o auxílio de um técnico de TI, pois exige certos dados
como IP do computador, login e senha de administrador, e pode variar de acordo com o
modelo do aparelho.
O site cert.br (Centro de Estudos, Resposta e Tratamento de Incidentes de
Segurança no Brasil) disponibiliza cartilhas gratuitas de incentivo aos pais, crianças e
adolescentes a acessar esse mundo virtual de forma segura, e igualmente caso seja
necessário relatar alguma denúncia.
Mesmo que existam hoje muitos recursos que ajudem os responsáveis a
supervisionar o conteúdo que seus filhos acessam, não exclui a necessidade de um
acompanhamento familiar junto às crianças.

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