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RESUMO
ABSTRACT
INTRODUÇÃO
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abandono afetivo pelo afastamento de um dos genitores. Esta omissão de um dos
pais é prejudicial ao desenvolvimento emocional e psicológico do indivíduo e
contrária ao direito à convivência familiar, assegurado às crianças e adolescentes
pelo artigo 19 do Estatuto da Criança e do Adolescente. No anseio de se assegurar
tal convivência, nos dedicamos à análise do instituto da guarda compartilhada como
medida direcionada à garantir a convivência entre pais e filhos e a preservação do
afeto.
A relação familiar entre os casais vem sofrendo grandes mudanças com o
aumento dos casos de divórcio. Nos casos em que o casal possui filhos, são
frequentes os abalos mentais e psicológicos decorrentes da separação dos pais,
haja vista que, em tais momentos, crianças e adolescentes ficam mais fragilizados.
O trabalho relata o resultado de pesquisa bibliográfica e documental a
formação de banco de dados e adoção do procedimento de análise de conteúdo.
É de grande valor ressaltar que o poder familiar sofreu grande mudança ao
longo deste último século no Brasil, a principal delas ocorreu com mudança de um
direito patrimonial para um direito pessoal, instituindo direitos e deveres aos pais,
mas também garantias aos filhos, sendo focado a partir de então a pessoa humana
e o seu desenvolvimento.
Como se verifica, o objeto da investigação envolve muito mais do que a
simples presença física dos pais junto a seus filhos, aproximando-se do anseio de
que estes vivenciem de modo responsável sua participação na formação do caráter
e da personalidade dos mesmos.
1 O ABANDONO AFETIVO
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filhos. Entretanto, certos pais acabam por pensar que apenas o pagamento de
determinada quantia em dinheiro é o suficiente por sua parte na formação dos filhos,
se abstendo do direito de visita, alegando falta de tempo dentre outras alegações
diversas.
Neste ponto, deve-se destacar o direito dos filhos à afetividade dos pais.
Segundo Marcia Elena de Oliveira Cunha (2011), pode-se entender o afeto como
sendo um aspecto subjetivo e interior do ser humano que atribui significado a sua
existência, imprescindível no convívio com os demais seres em sociedade.
O distanciamento entre pais e filhos decorrente, muitas vezes, do fim das
relações conjugais, pode configurar o chamado abandono afetivo. O presente
problema vem ganhando força com o aumento exponencial dos casos de divórcio, e
é ainda maior sua incidência em casos de fixação da guarda unilateral, até mesmo
pelo fato do genitor não detentor da guarda só ter contato com o filho nos dias
pactuados para a visita. Trata-se de tema de difícil enfrentamento, vez que se
relaciona diretamente com a expressão dos valores e sentimentos que as pessoas
possuem diante de suas famílias. (PEDROSO, 2015, p. 8)
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homem. A ausência de prestação de uma assistência material seria até
compreensível, caso se tratasse de um pai desprovido de recursos. O amor,
o afeto, a convivência não são “itens opcionais de uma engrenagem”. São
deveres atrelados à paternidade que foram violados frontalmente,
configurando-se em atos ilícitos.
É de grande valor enfatizar que em casos de divórcio dos pais não interfere
na relação entre pais e filhos, de forma que mesmo separados os genitores a
criança ainda é fruto do relacionamento entre eles e tem o direito de conviver e
receber afeto de ambos os pais. Afinal, “viver em família é conviver com ambos os
pais. [...] É necessário assegurar a formação da identidade e a construção da sua
personalidade de forma plena”. (ALVES, apud DIAS, 2015, p. 52).
Resta patente que, em regra, a opção pela guarda compartilhada deve ser
privilegiada. Não somente ao que tange aos interesses dos filhos, mas também no
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que se refere aos pais, esta modalidade disponibiliza aos pais a consolidação de um
contexto em que ambos exerçam igualitariamente e simultaneamente todos os
direitos e deveres inerentes à criação de seus filhos, mediante uma dinâmica
colaborativa em que a vida familiar transcende o fim da vida conjugal.
CONCLUSÃO
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de uma pensão de cunho alimentício e passa a visualizar neste pagamento, seu
único dever parental.
Analisou-se também dois meios para assegurar o não rompimento dos laços
afetivos nos casos de desfazimento da entidade familiar, o direito de visita e a
aplicação da guarda compartilhada para manter o contato entre pais e filhos.
Sempre que possível, a utilização da guarda compartilhada deve ser privilegiada.
Sua aplicação tem a finalidade de manter o convívio com ambos os genitores
viabilizando o convívio familiar mesmo após o fim do casamento dos pais. Convívio
este de suma importância para o pleno desenvolvimento dos filhos.
Desta forma pode-se concluir que o melhor meio para ser assegurado o
direito de convivência do filho, de modo que este possa crescer com o carinho e
afeto de ambos os genitores, sem ser privado deste contato, é a fixação da guarda
compartilhada.
Finalmente, vale frisa que este artigo, longe de se identificar com a pretensão
de esgotar o debate sobre o tema, limita-se a fornecer subsídios para pesquisas
futuras e novas discussões direcionadas à efetivação dos direitos da criança e do
adolescente, em especial no que concerne ao convívio familiar.
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